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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ÉTICA NA DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
POR: JAIME DE ALMEIDA NETO
ORIENTADOR
MÔNICA FEREIRA DE MELO
RIO DE JANEIRO
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ÉTICA NA DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
Apresentação de monografia á AVM faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção
do grau de especialista em Docência do Ensino
Superior. Por: Jaime de Almeida neto
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus
pois graças a ele mais um sonho esta prestes
a se realizar.
Agradeço a minha esposa por
Por estar sempre ao meu lado e nas horas
Mais difíceis
Agradeço a professora Mônica
Ferreira de Melo pela ajuda prestada neste
humilde trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico este humilde trabalho a minha filha
Joyce Gomes de Almeida e a minha avó
Zuleica Tavares de Almeida
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RESUMO
Na filosofia a ética é a área que procura estudar os valores morais, ou
seja, reflete sobre o bem e mal, o que é certo e o que é errado e tenta trazer
resposta principalmente se os fins justificam os meios ou vice versa. Os
primeiros a discutir acerca da ética foram os filósofos gregos Sócrates e
Aristóteles que deram início a organização de tais questões, e alguns séculos
mais tarde, mais propriamente na idade média surge à ética cristã, no qual a
prática do bem e os valores religiosos são a base, já entre a idade média e a
moderna surge a ética iluminista, neste período podemos citar o italiano
Nicolau Maquiavel que rompe com a moral cristã fazendo surgir um novo
conceito de ética e impõe que os fins justificam os meios para se manter o
poder, pois o que importa são os resultados. No entanto, fazem oposição as
ideias de Maquiavel, Immanuel Kant , Friedrich Angel , Jean Jacques
Rousseau, que afirma que o ser humano é bom por natureza e seu espirito
pode sofrer aprimoramentos. No entanto, no Brasil colonial até os dias atuais
as questões éticas e morais ainda estão abaixo dos interesses pessoais e
mesquinhos das classes dominantes, fazendo com que o ensino e as
condições de trabalho no país ainda seja considerado abaixo do ideal para
formar profissionais. Como podemos ver a ética vareia de acordo com a época,
com local e com as pessoas, sendo assim, pode haver uma influência direta na
docência do ensino superior, ou seja, no preparo de novos profissionais que
serão inseridos no mercado de trabalho.
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METODOLOGIA
Este trabalho é de conteúdo bibliográfico, construído através de livros,
jornais, revistas e internet. Não foram realizados pesquisa de campo, porém o
material que foi consultado visa esclarecer problemas acerca da ética na
docência do ensino superior, e identificar se a construção moral do cidadão
brasileiro ao longo do tempo tem influência direta na conduta ética de
professores e alunos, já que encontramos bons e maus profissionais em
diversas áreas. Para tanto, destacamos o trabalho de Gilberto Cotrim que tenta
esclarecer filosoficamente as questões de ética na sociedade, ou seja, o que é
certo ou errado.
Os historiadores Boris Fausto e Mario Schmidt fazem um histórico das
questões éticas no Brasil desde o seu descobrimento.
Selma Garrido e Léa das Graças traz uma obra com a proposta de uma
concepção orgânica e intencionada da educação e da formação de seus
profissionais, tendo bem claro que professores se pretende formar para
atuarem no contexto da sociedade brasileira contemporânea, marcada por
determinações históricas especificas.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPITULO I – ÉTICA, CONCEITOS E FUNDAMENTOS 10
CAPITULO II – CHOQUE IDEOLÓGICO 18
CAPITULO III – COMO FUNCIONA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL 28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 41
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ÍNTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é trazer até o leitor questão sobre o seria ética
e moral nos dias de hoje, e como são aplicadas tais questões na formação de
docentes e profissionais de diversas áreas.
Tentaremos entender como funciona tal mecanismo nas universidades
e qual seria a proposta real na formação acadêmica dos universitários. Teria o
professor e os livros didáticos influência direta na formação e na conduta ética
e moral dos futuros profissionais, já que o período acadêmico se passa na fase
adulta do aluno, e assim sendo, poderíamos deduzir uma base quase solida no
que se refere ao caráter de cada pessoa?
Traremos pensadores e filósofos que fizeram parte da história
como:,Nicolau Maquiavel, Tomas Hobbes, Bertrand Russel, Sócrates e Platão
entre outros.
O objetivo é fazer um paralelo entre as ideias desses pesadores que
apesar de já terem partido, suas ideias até os dias de hoje ainda andam
latentes na nossa sociedade.
Nosso objetivo também busca ir além do obvio para explicar porque
tantos profissionais são exemplares e outros não? Será que o problema esta
na instituição? No professor? No próprio aluno? Entendemos que tais questões
são extremamente relevantes para buscar o esclarecimento para o problema
na docência no ensino superior.
Entendemos que não há causa sem efeito, já que tudo no universo tem
inicio, meio e fim. No entanto, Boris Fausto e Mario Schmidt, respeitáveis
historiadores brasileiros fazem uma linha do tempo que vai do Brasil colonial
até aos dias de hoje, numa analise clara da conduta moral dos homens que
pisaram e hoje pisam o território nacional, mostrando que o individualismo e
práticas detestáveis pra se alcançar objetivos. Assim foi na época colonial, e
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assim é hoje. Schmidt vai mais além explicando o escândalo recente do
impeachment do presidente Collor formado em economia em uma universidade
de renome e acusado de corrupção e articulações junto a empresários.
O sociólogo Reinado Diaz, mostra a relação dominante e dominado, ou
seja, o explorador e o explorado. Um paralelo entre colônia e metrópole.
Pensamento enraizado no subconsciente do povo brasileiro essa relação
perdura na realidade, basta analisar superficialmente a relação entre pessoas
que tiveram acesso a educação e o povo humilde pouco capacitado a atividade
racional por falta de oportunidades proveniente de uma sociedade capitalista
excludente , exclusivista e desigual, ocasionando o surgimento da pobreza no
Brasil.
De fato, Selma Garrido e Léa das Graças traz uma obra com a proposta
de uma concepção orgânica e intencionada da educação e da formação de
seus profissionais, tendo bem claro que professores se pretende formar para
atuarem no contexto da sociedade brasileira contemporânea, marcada por
determinações históricas especificas.
A desvalorização dos professores, a falta de instrumentalização tanto no
ensino superior como no fundamental e médio denota uma realidade
inconteste, poucos tem acesso uma ótima educação por terem condições de
pagarem mensalidades acima da realidade da maioria do povo. Resultando em
aprovações em universidades publicas. Uma situação inversa da maioria que
tem que iniciar a educação básica na publica e de regular qualidade pela falta
de estrutura e descaso das autoridades que parecem relutar diante da ideia de
um povo não só intelectualizado, mas de caráter moral elevado. Seria a
ignorância coletiva um ponto chave para á relação dominante e dominado,
como acontecia entre colônia a metrópole? Bom, para fortalecer as questões
sociológicas traremos matérias de muita relevância da revista veja e do jornal
folha de São Paulo, tendo como protagonistas alguns privilegiados que compõe
as classes dominantes do país, e que tiveram acesso a educação de
qualidade. Envolvidos em casos de desvios de conduta, essas mídias dão
enfoque especial para que possamos analisar o tema.
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CAPITULO I
ÉTICA, CONCEITOS E FUNDAMENTOS
Primeiramente antes de dar sequencia ao nosso trabalho, entendemos
que seria melhor darmos uma pequena explicação do que seria a ética.
Segundo o professor Mario Sergio Cortella da universidade católica de São
Paulo (PUC), ética seria o conjunto de valores e princípios que as pessoas
usam para decidir as três grandes questões da vida, ou seja, são elas: quero,
devo, posso. E segundo o professor os princípios utilizados são: existem coisas
que queremos mais não devemos, coisas que devemos mais não podemos, e
coisas que podemos mais não queremos e que a paz de espirito vem quando o
que queremos é o que podemos.
Segundo Mario Sergio Cortella as questões éticas são definidas através
de princípios da sociedade sendo religiosos ao não, normatizações e costumes
da época e cita exemplos como o que era normal a 20 anos atrás nos dias de
hoje já não se aplica aos nosso padrões.( Entrevista no programa do jô no dia
23 de julho de 2008 http://www.youtube.com/watch ?v=QK5LDsEKuEA ...)
1.1 A ÉTICA E SUAS VERTENTES
Segundo o historiador e filosofo Gilberto Cotrim no seu livro fundamentos
da filosofia á ética (do grego “costumes, comportamento”) é uma área da
filosofia que pesquisa os valores morais e que busca refletir sobre o
comportamento humano, sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o
injusto. A ética tem duplo objetivo, sendo que o primeiro é elaborar princípios
de vida capazes de conduzir e orientar o ser humano em ações comumente
corretas. A segunda seria refletir sobre os sistemas morais elaborados pelos
homens. Podemos dizer que pertencem ao vasto campo da ética a reflexão
sobre perguntas essenciais como :
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*O que devo fazer para me tornar justo?
*O que valores devemos seguir para guiar nossas vidas?
*Existe uma hierarquia correta de valores que deve ser seguida?
*Que tipo de pessoa devo ser nas minhas relações com meus semelhantes,
comigo e com a natureza?
Que tipos de atitudes, devo colocar em prática perante a sociedade
como cidadão? As questões sobre a ética, como podemos observar nas
indagações acima, abrangem largo campo das nossas vidas. Porque o homem,
além de sua dimensão una é também um ser social, capaz de interagir com
milhares de pessoas e em todos os níveis sociais que abrangem politica, lazer
direitos, deveres etc...
Entendemos, portanto, que as inúmeras reflexões éticas não se
restringem apenas a busca de conhecimento teórico sobre os valores
humanos, cuja á origem e desenvolvimento levantam certas questões como as
do caráter antropológico, religioso e social. Segundo Gilberto Cotrim, a ética
tem questões preocupações praticas.
A ética orienta-se pelo desejo de unir o saber ao fazer. Cotrim afirma que
como filosofia pratica a ética busca aplicar o conhecimento sobre o ser para
construir aquilo que deve ser. E nesse sentido é incontestável o conhecimento
prático e teórico.
Entretanto, entendemos que deva existir uma interação dialética entre a
reflexão interior e as ações que devemos colocar em curso. Segundo Cotrim a
teoria sem prática á prática é estéril, e a prática sem teoria é ingênua.
O filósofo Aristóteles definia o homem como ser racional e considera o
ato de pensar, como essência da natureza humana, entretanto, para ser feliz o
homem deve viver de acordo com a sua razão, a sua consciência reflexiva. E
orientando nossos atos para uma conduta ética, a razão humana nos conduz á
prática da virtude. (ARISTÓTELES, p 97).
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Platão deixa transparecer que os problemas éticos são merecem uma
atenção especial na filosofia grega, quando de democratizou a vida política na
região, especificamente na cidade de Atenas. Pitágoras no século IV, ac., já
estudava a ética.
No século V antes de cristo, os sofistas que eram professores
viajantes, fizeram parte de um movimento intelectual na Grécia.
O filósofo Protágoras nascido a 480 antes de cristo, já pregava o que se
deveria fazer perante terceiros para ser virtuoso. Além de protagonizar o
célebre pensamento de que o ser humano é a medida de todas as coisas,
reconhecera no respeito e na justiça as condições de sobrevivência, ou seja, o
caminho pelo qual se chega ao bem, por meio da conduta moral. 2-LOPES DE
SÁ (2001:16-19).
Em sua obra “ A republica” Platão destaca o seu mestre Sócrates:
nascido em Atenas , no ano 470 antes de cristo. Adversário da democracia
ateniense, o mestre de Platão foi acusado de corromper a juventude e foi
condenado a morte por envenenamento no ano 399 antes de cristo. A ética
socrática é racionalista, nela podemos encontrar um entendimento do bem
como a chave da felicidade da alma. E do bom como o essencial para a
felicidade geral.
Platão em sua obra “ética das virtudes” estuda a ética como objeto de
seu exame a disposição da alma, estudando e as funções e como deveria
desenvolver-se. Platão desenvolve o estudo das funções da alma humana,
pela virtude, nas obras Filebo e ”A republica”.
Em “A republica” fica claro que Platão considerava que a ética se
relacionava estreitamente com a política. Ele também defendia sua concepção
metafísica, afirmando que o corpo era o veiculo de manifestação da alma.
Sendo assim, a sua vontade vinha de dentro para fora, ou seja, o principio que
move o homem deriva da razão, vontade ou ânimo e apetite, sendo que a
razão e á vontade fazem parte do lado superior e os atributos relacionado ás
necessidades corporais derivam do lado inferior.
Gilberto Cotrim na obra fundamentos da filosofia (capitulo 8) destaca a
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ética cristã que é predominante na idade média, impregnada de valores
religiosos e amor ao próximo, que incorpora as noções gregas que a felicidade
é um objetivo do homem e a prática do bem, um meio de atingi-la.
As obras de Aristóteles são traduzidas para o latim. Sob a influência da
igreja católica, as especulações se concentram em questões, filosófico-
teológicas, tentando conciliar fé e razão. E é nesse esforço que santo
Agostinho e santo
Tomas de Aquino trazem à luz reflexões fundamentais para a história do
pensamento cristão LOPES DE SÁ (2001:16-19).
1.2 ÉTICA. CRISTÃ
O conceito de ética cristã baseia-se nos ensinamentos de Jesus, sendo
assim, destacamos algumas palavras: tomai cuidado de não fazer as vossas
boas obras diante dos homens para serem vistas por eles, de outro modo não
recebereis a recompensa de vosso pai que está nos céus. Então, quando
derdes esmolas, não façais soar a trombeta diante de vós, como fazem os
hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem honrados pelos homens. E
vos digo em verdade, que receberam sua recompensa, mas quando derdes
esmola, que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita; a
fim de que a esmola esteja em segredo; e vosso pai que vê o que se passa em
segredo, dela vos entregará a recompensa. (São Mateus, cap. VI, v 3 e 4)
Outro ensinamento atribuído a Jesus por são Matheus é o amar ao
próximo como a si mesmo. Exemplo: Os fariseus, tendo sabido que ele tinha
feito calar a boca aos saduceus, reuniram-se; um deles, que era doutor da lei,
veio lhe fazer esta pergunta para tentar: mestre, qual o maior mandamento da
lei? Jesus lhe respondeu: amares o senhor vosso deus de todo o vosso
coração, e de toda vossa alma e de todo vosso espirito; é o maior e o primeiro
mandamento. E eis o segundo, que é semelhante àquele: amareis vosso
próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nesses
dois mandamentos (São Mateus, cap. XXII, v. 34 a 40).
Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam; porque a lei
é dos profetas, ( São Mateus, cap. XII, v. 12).
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Tratai todos os todos os homens da mesma forma que quereis que eles vos
queiram. ( São Lucas, cap. VI, v. 31).
“ Se alguém vos bate na face direita apresentai-lhe também a outra”.
Outras palavras que segundo a bíblia foram de autoria de são Mateus e
atribuídas a Jesus. Tendes aprendido que foi dito: olho por olho e dente por
dente. Eu vos digo para não resistirdes ao mal que vos queiram fazer; mas se
alguém vos bate na face direita, apresentai-lhe a esquerda; e se alguém quer
demandar convosco para tomar vossa túnica abandona também vossa capa; e
se alguém quer vos constranger a fazer mil passos com ele, fazei ainda dois
mil. Dai àquele e não repilais àquele que vos toma emprestado. (São Lucas,
cap. V. 38 a 42).
Essas palavras são as máximas da ética cristã e do cristianismo em
todas as suas vertentes.
1.3. ÉTICA ILUMINISTA
Segundo o sociólogo Pérsio Santos de oliveira no seu livro “Filosofia &
Sociologia pela editora” ática, tem destaque á ética iluminista, pois esse
período também crê nos poderes da razão, chamado de “As luzes” (por isso o
nome iluminismo); essa fase fica entre a idade média e a moderna, na qual o
italiano Nicolau Maquiavel rompe com a moral cristã, que impõe os valores
cristãos como superiores aos políticos.
Defende uma moral própria em relação ao estado. O que importa são os
resultados, e não a ação política em si. Por isso considera legitimo o uso da
violência contra os que se opões aos interesses estatais.
Na obra “O príncipe”. Um trabalho de sua própria autoria, Nicolau
Maquiavel, destaca como deve agir um líder diante de seus súditos: “a
liberdade, no entanto, usada de modo que fosses considerado como tal,
prejudica-te, porque se usada, não se torna conhecida e não cairá sobre ti a
má fama de seu oposto”. Querendo, contudo, manter entre os homens de fama
liberal, é preciso não esquecer nenhuma espécie de suntuosidade, de tal modo
que um príncipe, sempre que assim proceder, haverá de consumir em
semelhantes coisas todas as suas riquezas pessoais.
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No fim terá necessidade, se quiser manter o conceito de liberal, de
onerar extraordinariamente o povo com impostos, ser duro no fisco e fazer para
obter dinheiro. Isso começará a torna-lo odioso perante os súditos ou pouco
estimados de todos aqueles que se tornaram pobres.
De modo que, tendo ofendido a muitos e premiados a poucos com essa
sua liberdade, expõe-se aos efeitos da primeira desordem e periclita diante do
primeiro perigo, qualquer que seja ele. Percebendo isso e querendo recuar,
incorre imediatamente na má fama de miserável.
Um príncipe, portanto, não podendo usar essa qualidade de liberal sem
sofrer dano, tornando-a conhecida, deve, se for prudente, não se preocupar
com a fama de miserável, porque com o decorrer do tempo, será considerado
sempre mais liberal, ao verem que sua parcimônia a receita lhe basta, basta,
pode defender-se de quem lhe mover guerra e pode realizar empreendimentos
sem onerar o povo.
Agindo desse modo, passa a usar liberdade para com todos aqueles
dos quais nada tira, que são muito numerosos, e a usar de miserabilidade para
com todos aqueles a quem não da, que são poucos. Em nossos tempos, não
vimos grandes realizações senão por parte daqueles que são tidos como
miseráveis, enquanto vimos os outros serem aniquilados.
O papa Júlio II, como utilizou a fama de liberal para alcançar o papado,
não pensou em conserva-lo para depois fazer a guerra.
O atual rei da França fez tantas guerras sem cobrar um tributo excessivo
de seus súditos, somente porque sobrepôs sua grande parcimônia à despesas
supérfluas.
O atual rei da Espanha se fosse considerado liberal, não teria realizado
nem vencido nenhuma guerra.
Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que
se arruíne entre tantos que não são bons.
Quem num mundo cheio de perversos pretende seguir em tudo os
ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição.
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Todos os profetas armados venceram, e os desarmados foram
destruídos. ). Essas foram às palavras de Maquiavel em seu livro “O príncipe”.
(MAQUIAVEL “O PRÍNCIPE“ EDITORA ESCALA V1 P. 99/100).
Em 1762, Jean Jaques Rousseau, lança a obra Emílio, este livro
segundo Pilar Delvaulx (1990) foi um dos que mais somou para a “promoção
de uma escola e de um estado livre da influência da igreja católica”.
Segundo Rousseau, o homem é bom por natureza e seu espirito pode
sofrer aprimoramento quase ilimitado.
A obra a educação de Emílio tem como finalidade a formação de um
homem livre, que implica necessariamente o respeito pela liberdade da criança.
Ainda, segundo Rousseau, a criança deve sua infância dispor de total
liberdade física e durante o seu crescimento devera descobrir e conquistar a
liberdade interior. Para dar apoio à criança nesse processo, o educador deverá
mante-lá distante das mazelas da sociedade e conservá-la na sua bondade
original “assim Emílio só terá por companheiro de infância um preceptor que
nada lhe ensina e o faz encontrar tudo, descobrir, inventar”. Assim sendo, a
criança não deverá ser tratada como um adulto, por isso, deve-se permitir que
esta sinta, pense e aja como criança. Este é o princípio da sua teoria da sua
teoria da educação progressiva, que auxilia o desenvolvimento das novas
aptidões que emergirão com o crescimento.
Segundo Rousseau, esta seria a teoria adoptar para formar
verdadeiramente a criança, pois afirma que todas as demais “procuram sempre
o homem, na criança, sem pensarem no que ela è, antes de se tornarem
homem”.
Até os 12 anos, a educação sentimental deverá preceder a educação
de caráter intelectual, pois, segundo Rousseau, “é mais importante a prática
dos dons actos do que do que a aquisição de grandes conhecimentos, seja
atravez de livros, seja atrás de lições”.
Além disso, Rousseau considera que para a “educação do espírito é
mais importante uma inteligência esclarecida que uma grande acumulação de
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saber”.
No método proposto por Rousseau, estão alguns pricípios
fundamentais da educação moderna: o ensino prático, a descoberta de
conhecimentos através do contato direto com a vida. ROUSSEAU, Jean-
Jacques (1990). Emílio. Mem Martins: Publicações Europa-América. ISBN:
972-1-02937-8. Número de páginas: 229.
Para o filósofo Immanuel Kante, nascido em konigdberg, pequena
cidade da Alemanha. A ética é uma obrigação de agir segundo as regras
universáis comuns a todos os seres humanos por ser derivada de razão.
O fundamento da moral é dado pela propria razão humana; a noção de
dever. O reconhecimento dos homens, como fim em si e não como veio para
alcançar algo, é o principal motivador da conduta indívidual.
Já Friedrich Hegel, que foi considerado o último filósofo do idealismo
alemão pós Kantiano, divide a ética em subjetiva ou pessoal e objetiva ou
social. A primeira é uma consciência de dever; a segunda é formada por
costumes, leis e normas de uma sociedade.
O estado reúne esses dois aspectos em uma “totalidade ética”. E
afirmava, que aconteça o que acontecer, cada indivíduo é filho do seu proprio
tempo; da mesma forma, a filosofia resume no pensamento o seu próprio
tempo. COTRIN, GILBERTO. Fundamentos da filosofia, 200;
1.4. ÉTICA COMTEMPORÂNEA
A ética contemporânea valoriza a autonomia do sujeito moral leva a
busca de valores subjetivos e ao reconhecimento do valor das paixões, o que
acarreta o individualismo exacerbado e a anarquia dos valores. Resulta ainda
na descoberta de várias situações particulares com suas respectivas morais:
dos jovens, de grupos religiosos, de movimentos ecológicos, de homossexuais,
de feministas, assim por diante.
Essa divisão leva ao relativismo moral, que sem fundamentos mais
profundos e universáis, baseia a ação sobre o interesse imadiato. É dentro
dessa respectiva que o filósofo inglês Bertrand Russel (1872-1970) afirma que
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a ética é subjetiva, não contendo afirmações verdadeiras ou falsas.
Defende, porém, que o ser humano não deve reprimir certos desejos e
reforçar outros se pretentde atingir a felicidade ou o equilíbrio.
Como reação a essas posições, o novo iluminismo representado por
Jurgen Habermas (1929), desenvolve a teoria da ação comunicativa, dentro da
qual fundamenta a ética discursiva, baseáda em diálogo, por sujeitos capazes
de se posicionar criticamente diante de normas. É pelo uso de argumentos
racionais que um grupo pode chegar ao consenso, à solidariedade e à
cooperação. COTRIN, GILBERTO. Fundamentos da filosofia, p 221;
Gilberto Cotrin destaca a consciência moral: caracteristica peculiar ao
homem de julgar suas ações, decidindo se elas são boas ou más.
Destaca também a virtude: corresponde ao uso da liberdade com
responsabilidade. O oposto da virtude é o vicio.
No entanto, fala sobre o relativismo ético: afirma que não há uma base
objetiva e universal sobre a qual se possa erger um único sistema moral válido
para todos os homens. A moral e fruto do padrão cultural vigente em cada
sociedade. A ética é uma questão de ótica assentada pelos grupos sociais pra
permitir um minimo de ordem, direção e solidariedade. Nessa visão a virtude
estaria na tolerância e relação aos diferentes sistemas morais que, entre si,
convivem pacificamente. (COTRIN, 224)
CAPITULO II
CHOQUE IDEÓLOGICO
Para que possamos entender o tema iremos retroceder no tempo,
faremos um mergulho por volta de 1549 no periodo colonial do recem desberto
território brasileiro em que o choque de interesses era inevitavel pelas questões
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éticas da época.
O historiador Boris Fausto em seu livro “história do Brasil” Afirma
categoricamente que a chegada dos portugueses representou para os índios
uma verdadeira catástrofe, Vindos de longe, com enormes embarcações, os
portugueses, e em especial os padres, foram associados na imaginação dos
tupis aos grandes xamãs, que andavam pela terra, de aldeia em aldeia,
curando, profetizando e falando-lhes de uma terra em abundância. Os brancos
eram ao mesmo tempo respeitados, temidos e odiados, como homens dotados
de poderes especiais.
Por outro lado não existia uma nação indígena e sim grupos dispérsos,
muitas vezes em conflito, foi possível aos portugueses encontrar aliados entre
os próprios indígenas, na luta contra os grupos que resistiam a eles. Por
exemplo, em seus primeiros anos de existência, sem o auxílio dos tupis de São
Paulo, a vila de São Paulo de Piratininga muito provavelmente teria sido
conquistado pelos tamoios. Tudo isso não quer dizer que os índios não tenham
resistido fortemante aos colonizadores, sobre tudo quando tratou de escravizá-
los.
Os índios que se submeteram ou foram submetidos sofreram a violência
cultural, as epidemias e mortes. Do contato com o europeu resultou uma
população mestiça, mostra até hoje, sua presença silenciosa na formação da
sociedade brasileira.
Uma forma excepcional de resistência dos índios consistiu no isolamento,
alcançando através de contínuos deslocamentos para regiões cada vez mais
pobres. Em limites muito estreitos, esses recursos permitiu a preservação de
uma herança biológica, social e cultural. Mas, no conjunto, a palavra
“catástrofe” é mesmo a mais adequada para designar o destino da população
ameríndia. Milhões de índios viviam no Brasil na época da conquista e apenas
cerca de 250 mil existem nos dias de hoje.( FAUSTO,1994, p 40).
Para o historiador Mario Schmidt em sua obra “ A nova história crítica da
Brasil”, para que Portugal começasse a colonizar o Brasil, precisava de um
bom motivo: encontrar aqui chance de ganhar riquezas, tal possibilidade estava
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com o açúcar. Mas não se tratava de ir à esquina e abrir uma pastelaria com
caldo de cana. A intenção era produzir em larga escala para a exportação. Não
poderiam ser plantados uns pés no fundo do quintal. Eram necessários
grandes propriedades, ou seja, latifúndios.
Quando a gente olha para o Brasil de hoje, vêm logo as perguntas:
porque tantas diferenças sociais? Por que uns poucos são ricos demais e uma
multidão é paupérrima? Essas perguntas começam a ser respondidas quando
observamos o passado: desde o inicio da colonização, o Brasil foi um país em
que só uns poucos podiam ganhar. As pessoas que vieram de Portugal eram
ricas e podiam comprar escravos para trabalhar em seu latifúndio ou eram
pobres e por isso tinham que se submeter ao latifúndio. Quanto aos que
vinham da África, não precisa nem falar.
Nosso país nasceu “artificial”. Os colonizadores impuseram suas
vontades e criaram uma sociedade e criaram uma sociedade que deveria
beneficiar apenas uns poucos: a metrópole (Portugal) e os ricos proprietários
de terras e escravos. O resto (a maioria das pessoas!) trabalharia para
enriquecer os outros.
O fato de isso ter sido assim no passado não quer dizer que deve
continuar no presente. Basta que os homens modifiquem as circunstâncias.
O Brasil não é o mesmo da colonização. Mas somos um país que
continua tendo muita terra sem gente (latifúndio improdutivo, usado para
especulação) e muita gente sem terra. Se você mora no campo e não tem uma
terrinha pra plantar, como é que vai sobreviver? Tem que trabalhar pra alguém.
O latifúndio se aproveita disso e paga ao boia fria (nome que se dá ao
trabalhador do campo que é empregado por temporada) um salario mixuruca e
o explora ao máximo.
É costume dizer que “a culpa é do povo”. Desculpa parecida com a do
assassino que diz que a culpa do crime “foi a vitima, porque ele pôs o coração
bem na frente da bala disparada pelo revolver”. Querem botar a culpa das
injustiças sociais no povo, quando na verdade ele é a vítima. Basta olhar a
história: o povo não escolheu esta sociedade, ela foi imposta, e o grande
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numero de revoltas violentamente reprimidas mostra o quanto essa imposição
é brutal. SCHMIDT, Mario. Nova História: Crítica. São Paulo: Editora Nova
Geração, 1999. P 32
Ainda no período colonial, porém no século XVII, Mario Schmidt na
mesma obra citada acima, afirma que Portugal demorou para perceber a
enorme riqueza que estava rolando nas minas. Mas que abriu os olhos e
estabeleceu um rígido controle.
Existia um código mineiro, do século XVII, que já falava em cobrança do
quinto e em casas de fundição. Com tudo se havia ouro, era tão pouco que a
coroa não se interessava em controlar. A partir do século XVIII essa orientação
mudou.
Acabara o descanso. O regimento de 1702 criou a intendência das
minas.
A intendência das minas estava diretamente ligada a Lisboa e era
administradora da mineração. O que ele fazia?
Distribuía as datas, que eram os lotes de terras onde se podia garimpar.
Assim que o sujeito achava ouro, ele tinha que comunicar à intendência. Claro
que havia espertinhos que ficavam na encolha, mas corriam o sério risco ser
presos. Bom, uma vez sabido a intendência loteava a área e entregava as
datas de acordo com o seguinte critério: o descobridor da área era o primeiro a
escolher o pedaço de lote para si; o segundo pedaço era da coroa, que o
leiloava; o terceiro também seria do descobridor, caso ele tivesse condições de
explorá-lo. Os outros seriam dos demais pretendentes. Quem poderia ser
pretendente? Os escolhidos eram quem tinham mais escravos. Ou seja, na
mineração, as oportunidades maiores estavam com os ricos proprietários. O
que nos leva a concluir que essa conversa que na mineração “quase todo
mundo podia ficar rico” é exagero. Na economia do açúcar, era preciso riqueza
para comprar escravos e equipamentos. Já na mineração, existia sem dúvida,
a chance de um pé rapado achar ouro e enriquecer. Mas era muito mais fácil
enriquecer quando já era rico. Hoje em dia está ficando comum, as pessoas
22
acharem que as melhores economias são as que produzem muito, pouco
importando se visam ao igualitarismo ou não. Teriam razão? Talvez a
mineração nos ajude a pensar melhor. Nela, as riquezas produzidas eram
enormes, mas pouquíssimos se beneficiavam. O numero de pobres ao lado de
opulentos eram grande: a riqueza ilusória do ouro trazia atrelada a miséria, a
estrutura econômica premiando a poucos e castigando muitos. (SCHMIDT,
1999. P 62)
2.1. PACTO COLONIAL E COLONIALISMO
Para reforçar o que foi dito acima iremos citar Reinaldo Diaz em seu
livro “introdução à sociologia”.
Sengundo Reinaldo Diaz denomina-se ‘colonialismo’ a manutenção, por
um longo tempo, da dominação cultural, politica, econômica e social de um
povo por uma grade potência estrageira. As raizes do colonialismo podem ser
buscadas na expansão européias, que se iniciou no século VX e que perdurou
por cinco séculos. Podemos dividir o período colonialista em duas etapas: a do
mercantilsimo e a do imperialismo. (DIAS, 2004, p163)
2.2. O COLONIALISMO E A ETAPA DO MERCANTILISMO
A primeira etapa do colonialismo vai do século VX a meados do século
XVIII, abragendo a época dos grandes impérios coloniais ibéricos, quando
Portugal e Espanha praticamente repartiram o mundo. Predominou durante
esse período a busca po matérias primas, metais preciosos e novos mercados,
adotando os estados uma política econômica denominda posteriomente
‘mercantilista’ cujo, os principais traços foram: o metalismo, a balança
comercial favorável, o protecionismo alfandegário, a intervenção do estado na
ordem econômica, monopólio e o colonialismo. O metalismo, que consistia no
acúmulo de metais preciosos, era a essência do mercantilismo.
Ouro aspecto essencial da política econômica mercantilista foi à
conquista e a exploração das colônias, que foram controladas por meio de uma
relação de domínio político e econômico exercido pelas metrópoles européias.
23
Essa relação conhecida como pacto colonial, tinha uma regra bem básica, que
consistia em que a colônia só podia produzir aquilo que fosse autorizado pela
metrópole e só podia vender tais produtos a ela, a preços muito baixos, para
serem vendidos a outros países com grande margem de lucro. A função das
regiões colonizadas era sempre servir de acordo com as questões éticas da
época, para que a metrópole pudesse enriquecer, sua exploração era
organizada por meio de monopólio, constituindo-se uma região em que a
potência colonial européia detinha a exclusividade da exploração.
Para colher o resultado, a metrópole monopolizava a compra e venda dos
produtos de sua colônia, ou seja, todas as exportações da colônia tinham um
jamais concorrer com a atividade econômica do país colonizador: a existência
de manufaturas, por exemplo, era rigorosamente proibida. As colonias serviam
de mercados fornecedores de matérias primas a pequenos custos para as
metrópoles, funcionando também como mercados consumidores de suas
exportações. Em verdade, a política egoística mecantilista em relação às
colonias lhes reserva o papel de vaca leitera, por ser fornecedora de matérias
primas e de metais preciosos e num segundo momento, tornam-se mercados
consumidores de produtos manufaturados na metrópole. Ou, no caso do Brasil,
de países aos quais á metrópole era subordinada por uma serie de acordos
comerciais, o que denota um jogo de interesses em que o mais forte impõe as
regras. Durante o século XVIII, por exemplo, o tecido comercializado no Brasil
era de fabricação inglesa, pois Potugal tinha relação de dependência em
relação à Inglaterra. O que denota mais uma vez uma ética em que prevalece a
lei do mais forte. Portugal oprimia sua colonia e a Inglaterra por ser uma
potência mais bem estruturada oprimia Portugal. (DIAS, P 164).
A constituição do trabalho docente no seio da civilização ocidental acontece paralela às mudanças na forma de conceber o mundo que acontecem na Grécia ao longo dos séculos registrando-se o surgimento da escrita, da moeda, da lei e da polis:
“Com o surgimento da escrita amplia a possibilidade de articulação abstrata do pensamento, que passa a não se basear unicamente na memória pessoal. A lei, agora escrita, tende a libertar- se da arbitrariedade dos reis e submeter-se `a dimensão humana da discussão.” (COSTA, 1995: 64)
24
2.3. 1989, ‘O QUE MUDOU ÉTICAMENTE?’
Para entender melhor o conceito de ética do povo brasileiro daremos
um salto na história do país que vai do século XVIII, até o XX, e desta vez
citando personalidades que tiveram acesso ao ensino superior.
Em 1989, depois de 30 anos, os brasileiros finalmente puderam votar
para presidente da republica.
As primeiras pesquisas apontaram a liderança de Leonel Brizola (PDT)
e Luiz Inácio da Silva (PT). Havia rumores que surgiria um governo de
esquerda no Brasil.
Surge então, o caçador de marajás. Fernando Collor de Mello
(economista e jornalista). Apoiado por um esquema publicitário muito bem
planejado, o que significou gastos milionários, favorecido pela TV, seu
crescimento meteórico. Era oriundo de família tradicional na política, Fernando
Collor foi prefeito de Maceió nomeado pela ditadura, deputado do PDS que
votou em Maluf contra Tancredo Neves, governador de Alagoas pelo PMDB,
fiel a Sarney e apoiador do plano cruzado. Pois se viu nele um homem que
nada tinha a ver com os políticos tradicionais, que não se ligou a ditadura nem
a Sarney. De família muito rica, dono de duas emissoras de TV, foi considerado
como o mais capaz de estar próximo dos pobres com a ajuda da mídia
formadora de opinião e constituída na maioria por pessoas com formação
acadêmica.
Quando assumiu o poder, Fernando Collor tomou uma medida que
pegou todos de surpresa que até então o via como o salvador da pátria quando
confiscou parte do dinheiro da população, guardado em contas correntes e
cadernetas de poupança. Mas a inflação não parecia baixar. Sua ministra Zélia
Cardoso de Mello partiu então para uma medida já tentada no governo Sarney:
o congelamento de preços. Medida que não funcionou, o desemprego era uma
realidade, o governo sofreu varias pressões, fora os escândalos de corrupção
da previdência social, sua esposa Rosane Collor estava envolvida com desvio
25
de dinheiro da LBA e compra superfaturada. Rosane era presidente da LBA.
Collor também envolvido em suspeita de desvio de conduta acabou sendo
destituído da presidência. SCHMIDT, Mario. Nova História: Crítica. São Paulo:
Editora Nova Geração, 1999. P 180 e 18I.
Para reforçar o tema achamos importante citar o senador Renan
Calheiros formado em direito numa matéria de Policarpo Junior da revista veja,
em que foi flagrado na operação navalha fina, na qual encontraram fortes
indícios de envolvimento com o empreiteiro Zuleido Veras dono da Gautama. O
senador tem dito que são apenas conhecidos, mas algumas provas dizem o
contrario. Dados comprovam que em 1990 o empreiteiro bancou
sorrateiramente a campanha de Renan, fato que consolidou a amizade entre
ambos, pois veraz passou a frequentar a residência do senador. Comprovou-se
também que a situação de Renan era mais complicada ainda quando
atestaram a seu outro amigo do submundo da empreita. Seu outro amigo da
alta octanagem é Cláudio Gontijo, lobista da construtora Mendes Junior uma
das mais poderosas do país. Nos últimos anos Gontijo, mais do que uma amigo
em se apresentado como no papel de um mantenedor do senador. A revista
veja apurou os laços entre os dois. Edição 2010 (Veja 30 de maio de 2007).
Achamos interessante trazer exemplos também de profissionais da
saúde, pois na edição do jornal folha de São Paulo do dia 31/05/2010, a
repórter Cláudia Colloucci, traz uma pesquisa em que 93% dos profissionais da
saúde em São Paulo ganham de laboratórios alguns benefícios em dinheiro.
Dos médicos que receberam visitas de propagandistas de laboratórios
no estado de São Paulo, 48% prescrevem medicamentos sugeridos pelos
fabricantes, informa a reporte da folha.
Na área de equipamentos médicos hospitalares, o percentual de
profissionais da saúde que acatam as recomendações feitas por fabricantes é
ainda maior: 71%.
Os dados são da pesquisa inédita do conselho regional de medicina de
São Paulo, que avaliou o comportamento dos médicos perante as indústrias.
Para o conselho regional de medicina um terço dos médicos mantém uma
26
relação “contaminada” com a indústria. As empresas argumentam que que a
conduta do setor é correta. Folha de São Paulo – (Edição de 31/03/2012 P c1)
Em outra matéria da folha de São Paulo na edição de 21/11/2011, o
jornalista Frederico Vasconcelos traz uma matéria em que a corregedoria
investiga o patrimônio de 62 juízes. O CNJ investiga se houve enriquecimento
ilícito por meio de sentenças.
A corregedoria nacional de investigação do CNJ (conselho nacional de
justiça),investiga o patrimônio dos juízes. O trabalho é feito em parceria com a
polícia federal entre outros órgãos, que detectaram a inconsistência nas
informações a receita. (Folha de São Paulo – Edição de 31/03/2012 P a4)
Numa investigação feita pela policia federal, indicou Demóstenes Torres,
graduado em direito fazendo uso do cargo de senador para atender os
interesses do empresário Carlos Cachoeira - preso sob a acusação de explorar
jogos ilegais – no congresso e no governo federal.
O congressista defendeu pessoalmente no congresso as demandas de
um laboratório que a polícia diz ser de Cachoeira e acertou com ele ajuda em
um projeto em legalização de jogos de azar em um processo judicial, como
revelam escutas da polícia federal.
Em outro grampo, o empresário pediu a Demóstenes pra barrar o
depoimento de um amigo empreiteiro.
No senado, a cassação, do parlamentar, ameaçado de expulsão pelo
DEM, é dada como certa caso seja investigado pelo conselho de ética. (Folha
de São Paulo – Edição de 31/03/2012)
Em outro caso entendemos ser oportuno trazer um caso de desvio de
conduta na área da educação por pessoas que estão em cargos de extrema
importância e que tiveram acesso ao ensino universitário: segundo a jornalista
Silvia Freire da folha de são Paulo, a polícia federal apura desvio de oito
milhões em nove cidades alagoanas e afirma que o dinheiro era usado para
despesas pessoais, como: caixas de vinho, uísque e até ração para cães,
27
quando na realidade o dinheiro seria para a compra de merenda escolar.
Investigação do ministério público federal, controladoria geral da união
e polícia federal encontrou indícios de que nove cidades do estado parte do
repasse federal destinado à compra de alimentos utilizou-se para pagar
compra para a casa das pessoas ligadas às prefeituras. Estima-se um desvio
de oito milhões em dois anos.
Na força tarefa que apura os supostos desvios, houve pedido de prisão
temporária de oito prefeitos em alagoas, todos negados pela justiça: José
Rodrigues silva (PSC); José Almerindo da Silva (PP); Antônio Feitosa (PP);
Edilson Barbosa Lima (PT do B); são quatro dos prefeitos investigados (Folha
de São Paulo – Edição de 31/03/2012).
2.4. CIÊNFICAMENTE O QUE PODE DETERMEINAR O DESVIO DE
CONDUTA?
Para tentar explicar melhor todos esses casos acima citados.
Entendemos ser importante trazer alguns trechos da obra psiquiatria e
psicologia básica do médico psiquiatra e escritor Geraldo José Ballone.
Segundo suas pesquisas Geraldo José a característica essencial do
transtorno de personalidade anti-social é um padrão invasivo de despeito e
violação dos direitos do outros, que inicia na infância ou no começo da
adolescência e continua na idade adulta. Uma vez que a promessa falsa e a
manipulação são aspectos centrais do transtorno da personalidade, pode ser
de especial utilidade integrar as informações coletadas a partir de fontes
colaterais.
Para perceber este diagnóstico, o individuo deve ter pelo menos 18
anos e ter tido uma história de alguns sintomas de transtorno da conduta antes
dos 15 anos. O transtorno da conduta envolve um padrão de comportamento
repetitivo e persistente, no qual ocorre violação dos direitos básicos dos outros
ou de normas ou regras sociais importantes e adequadas à idade.
Os comportamentos específicos característicos do transtorno da
28
conduta se enquadram em algumas categorias: destruição de propriedade,
defraudação ou furto, ou séria violação de regras. BALLONE, Geraldo José.
Psiquiatria e psicologia básica. Vetor, 2003.
CAPITULO III
COMO FUNCIONA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
Para entendermos este capitulo entraremos na obra de Selma Garrido e
Léa das graças Camargo no livro docência do ensino do superior, no primeiro
capitulo na pagina 35 e 36 as autoras trazem a tona a problematização acerca
da profissão de professor e as exigências atuais na qual categoricamente fica
visível a não valorização do titulo de professor, pois muitos profissionais que
atuam em universidades e como médicos, engenheiros, advogados, geógrafos
etc. Quando distribuem seus cartões jamais se identificam apenas com o titulo
29
de professor porque sugere uma identidade menor comparando-os com
professores primários e secundários.
Segundo essas autoras a questão aponta a problemática profissional do
professor do ensino superior, tanto que se refere à identidade, que diz sobre o
que significa ser professor, quanto no que se refere à profissão, que diz sobre
as do exercício profissional (PIMENTA & ANASTASIOU, 2005, p41).
3.1. COMO SURGIRAM OS CURSOS DE LICENCIATURA
Segundo Selma Garrido e Léa das Graças os cursos de licenciatura
foram introduzidos no Brasil em 1934, na universidade de São Paulo, com a
finalidade de favorecer aos bacharéis das varias áreas os conhecimentos
pedagógicos necessários às atividades de ensinar, pois a pedagogia tem como
proposta o ensino, ou seja, a didática. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2005, p41)
Em outro ângulo as autoras colocam que a didática no ensino superior
tem por objetivo compreender o funcionamento do ensino em situação, suas
funções sociais e suas implicações estruturais; realizar uma ação auto reflexiva
como parte do fenômeno que estuda, por que é parte integrante do objetivo de
ensinar e não é entendida como perspectiva externa que analisa e propõe
práticas de ensinar; coloca-se em relação e diálogo com outros campos de
conhecimentos construídos e em construção, numa perspectiva interdisciplinar,
porque o ensino não resolve com um único olhar; proceder a constantes
balanços críticos do conhecimento produzido no seu campo (técnicas, os
métodos, as teorias), para dele se apoderar, e criar novos diante das novas
necessidades que as situações de ensinar produzem. Como parte do evento
denominado ensino, ajuda a criar repostas novas, assumindo um caráter ao
mesmo tempo explicativo e projetivo, e crenças sobre a natureza do fenômeno,
suas causas, suas consequências e remédios e assim podendo realizar um
bom trabalho. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2005, p49)
Segundo as autoras num recente estudo sobre pesquisa no Brasil, no
período entre 1996 e 2000, constata que essa nova compreensão do ensino
como fenômeno complexo vem direcionando necessidades de investigação e
as abordagens metodológicas na perspectiva denominada epistemologia
30
prática, que investiga o ensino em situação. No entanto, nas escolas há uma
perspectiva compreensiva possibilitando uma visão crítica com as teses
elaboradas o que denota um certo abandono da perspectiva explicativa.
(PIMENTA & ANASTASIOU, 2005, p50)
Entretanto, segundo as autoras tendo como base na obra de Pimenta
(2001) permite verificar que, para além de das preocupações com as técnicas
de ensinar e de avaliação, o campo da didática oferece inúmeros outras
possiblidades à docência universitária. São elas: Epistemologia didática que
tem como base analise crítica. A didática docente e pesquisa que tem como
base o método de ensino. As teorias educacionais e contextos escolares, tem
como base especialmente a sociologia e a psicologia, e contribuições de
campos denominados de teoria da complexidade às questões do fracasso
escolar e da organização do trabalho docente. As metodologias de ensino,
relação comunicacional e técnicas de ensino. As práticas pedagógicas e
resultados, de ensino em contextos de políticas educacionais: tem como base
pesquisas mais voltadas à series iniciais da educação básica sobre a realidade
escolar de sistemas de ensino que introduziram inovações curriculares.
Avaliação (em numero significativo): são estudos que buscam captar
contradições presentes no fenômeno da avaliação escolar e suas implicações
no processo de seleção/inclusão social, bem como apresentar bases para a
nova ética da avaliação, sugerindo procedimentos na sala de aula e nas
escolas. Nesta categoria, é grande o número de pesquisas voltadas para a
avaliação no ensino superior. Já a formação continua de professores tem como
base, pesquisas que buscam identificar os professores; conhecer o imaginário
deles sobre a profissão, o ensino, os alunos, a escola; compreender o
significado do estágio relacionando teoria e prática na formação de
professores; abranger o potencial das teorias sobre professor reflexivo e a
importância de reflexão coletiva na formação e na mudança dos métodos. No
ensino e aprendizagem, “os estudos que buscam explicar as relações entre o
saber pedagógico e o conhecimento cientifico” especifico na construção
método didático, que analisam criticamente a perspectiva aprendizado e trazem
novos enfoques da psicologia cultural sobre a aprendizagem. (PIMENTA &
ANASTASIOU, 2005, p55)
31
3.2. COMO FUNCIONA A DOCÊNCIA NA UNIVERSIDADE
Ainda recorrendo as autoras Selma garrido e Léa das Graças, faremos
um enfoque no processo do ensino universitário no qual configura-se com um
processo contínuo de construção da identidade docente e tem por base os
saberes da experiência, construídos no exercício profissional mediante o
ensino dos saberes específicos das áreas de conhecimento. Para que a
identidade de professor se configure, no entanto, há o desafio de pôr-se,
enquanto docente, condições de proceder a analise crítica desses saberes da
experiência construídos nas práticas, confrontando-os com base no campo
teórico da educação , da pedagogia e do ensino, o que permite construir uma
identidade, ou seja, um conhecimento cientifico decorrente da sua prática, mas
também sua identidade é profissional na vida social. Assim o conceito de
desenvolvimento profissional de professores do ensino superior nos parece ser
mais adequado do que o de formação, uma vez que envolve sua ações e
programas quer de formação inicial quer de formação em serviço. (p88)
Dando continuidade não poderíamos deixar de fora o desenvolvimento
profissional dos professores que tem constituído um objetivo de propostas
educacionais que valorizam a formação docente não mais baseada na
racionalidade técnica, que os considera meros executores de decisões alheias,
mas numa perspectiva de reconhecer sua capacidade de decidir. Ao confrontar
suas ações cotidianas coma as produções teóricas, impõe-se a revisão de suas
práticas e das teorias que as informam, pesquisando a prática e produzindo
novos conhecimentos para a teoria e a pratica de ensinar. (PIMENTA &
ANASTASIOU, 2005, p89)
3.3. O REFLEXO DO NÃO RECONHECEMENTO DA PROFISSÃO E SUA
REPERCUSÃO
Em matéria exibida na folha dirigida do dia 5 a 11 de julho por Kilber
Moreira professores e funcionários e servidores públicos estaduais realizaram
uma passeata como forma de pressionar o governo de inconstitucionalidade
relativa aos triênios, impetrada no supremo tribunal federal. Após se
concentrarem no largo do machado, os manifestantes partiram em caminhada
32
em direção ao palácio Guanabara.
Os sindicalistas cobraram a anulação da ação direta de
inconstitucionalidade impetrada pelo governador Sergio Cabral. A incerteza do
julgamento do supremo tribunal federal preocupa os profissionais do estado,
que veem na medida, uma brecha para mudanças drásticas nas perspectivas
de remuneração do funcionalismo público. Para o professor Mário Costa, que
atua na rede estadual de ensino, essa ação do governador tende a afastar
ainda mais os profissionais do âmbito estadual público:
“A partir do momento que o governo tem esse parecer
favorável, isso o permite colocar em prática um outro
plano de carreira. Claramente é uma tentativa de
acalmar a categoria. Há pessoas que já tem em torno
de 40%e50% do triênio em cima de sua remuneração e
se ocorre uma perda ou alteração nesse processo, o
prejuízo financeiro desta pessoa é muito grande”,
comentou.( Professor Mário Costa)
O professor ressaltou que há escolas em condições de trabalho do
magistério ainda são precárias e que, se os professores perderam benefícios
como o triênio, a situação ficará ainda mais caótica. “Essa é uma conquista dos
servidores. Não foi algo concedido de bom grado pelos governantes que
passaram. Caso percamos isso, não sei o que pode ocorrer no ensino. O que
já é muito ruim pode chegar a beira do colapso.”
No dia 3 de junho de 2012, o sindicato estadual dos profissionais da
educação que participou da passeata, já havia realizado uma assembleia no
clube municipal, na tijuca. No encontro, foi aprovada uma paralização, desta
vez, para o dia 9 de agosto de 2012. Para Mário, a categoria não possui muitas
esperanças quanto a um desfecho positivo para os servidores.
Considerando que o relator é Gilmar Mendes e ele tem uma postura
conservadora , particularmente eu não tenho muitas esperanças frente ao
parecer favorável quanto a manutenção dos planos de carreira como estão.
Basicamente estamos aguardando o supremo tribunal federal para toma ações,
33
no jurídico, pois no político já vem ocorrendo atos, movimentos e paralisações,
para tirar o governo desse posicionamento.
Além do triênio o sindicado os profissionais da educação exigem um
reajuste salarial para os professores, e o pagamento de enquadramento por
formação para os funcionários e reconhecimento dos animadores culturais que
trabalham nas escolas estaduais.
Outro reflexo da desvalorização do profissional ocorreu no dia 4 de
junho de 2012, um incêndio atingiu o hospital universitário Pedro Ernesto,
ligado à universidade do Rio de janeiro, localizado em Vila Isabel. Segundo o
diretor do hospital do hospital, o médico Rodolfo cacau, uma idosa que estava
internada no setor de pneumologia da unidade de saúde faleceu.
As chamas começaram no recém-reformado almoxarifado da unidade
situado em um prédio anexo. A fumaça, no entanto, invadiu do segundo ao
quarto andar do prédio principal. Os setores de neurologia, nefrologia,
hemodiálise, ortopedia e cirurgia plástica foram interditados. De acordo com
uma nota divulgada no cite da universidade, o estoque de remédio e
equipamentos não foi atingido. O almoxarifado foi instalado provisoriamente na
quadra de esportes.
Durante a manhã do dia seguinte ao incêndio, o reitor da universidade
do Rio de Janeiro, Ricardo Vieira, recebeu o governador Sergio Cabral, os
secretários de ciência e tecnologia Luiz Edmundo Horta, e de saúde, Sergio
Côrtes, e o presidente da fundação de amparo à pesquisa do estado do Rio de
Janeiro, Ruy Garcia Marques. E coletiva de imprensa, o reitor, informou que o
governador Sergio Cabral abriu uma linha de crédito especial no orçamento do
estado para que a universidade possa fazer as reformas e consertos
necessários. O prejuízo causado pelo fogo é estimado em 5milhões. A
secretaria de saúde informou que vai abastecer o hospital Pedro Ernesto com
os insumos básicos.
O governador Sergio Cabral disse que o hospital universitário Pedro Ernesto
é hoje, o melhor funcional no Rio de janeiro dentro de todos os hospitais
universitários. “Nós temos hoje cerca de 350 leitos funcionando, dos 500 leitos,
34
em função de reformas e investimentos que estão sendo feitos no hospital.”
Representantes dos profissionais da universidade do Rio de Janeiro, no
entanto, tem outra visão. Segundo Perciliana Rodrigues, dos trabalhadores das
universidades públicas estaduais do Rio de Janeiro, existe a possibilidade de
que o fogo tenha sido causado por conta das questões estruturais. “O hospital
vem passando por uma situação crítica. No último mês estava faltando papel
higiênico para os pacientes internados. Faltava sabão para se lavar a mão,
procedimentos mínimos de cuidado, protege os trabalhadores e protege os
pacientes de infecção hospitalar. Além disso, tem crise na alimentação”,
apontou, cobrando mais responsabilidade do governo em relação a saúde
pública. “Não aceitaremos que a solução seja a implantação de organização
social, que na prática é privatização. A verba tem que vir direto para o estado
para a universidade como é a obrigação do governo”, complementou.
A associação de docentes da UERJ divulgou uma nota da internet. No
comunicado, a entidade afirma que professores, servidores e técnico-
administrativos e estudantes da universidade, em greve por melhores
condições de trabalho e estudo, se solidarizam com as famílias dos pacientes e
criticam as péssimas condições de trabalho dos profissionais da saúde e a
precária infraestrutura. (Folha Dirigida do dia 5 a 11 P5).
3.4. PODE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO ENSINO SUPERIOR
INFLUÊCIAR NA CONDUTA ÉTICA DOS FUTUROS PROFISSIONAIS E
PROFESSORES?
A profissão docente diz às autoras Selma garrido e Léa das Graças
apresenta algumas marcar históricas: desvalorização e proletarização do
professor, exercício eminentemente feminino com caráter “sagrado” que vem
de berço e não pode ser negado a ninguém. Essas marcas constituem e
contribuem para manter a identidade da profissão docente como um ‘que fazer’
de baixa aspiração profissional, a ser desenvolvida por pessoas generosas
que, portanto, mesmo, que reconhecidamente merecedoras contentam-se com
(baixos salários, condições de trabalho modestas). Além desse contexto
35
adverso, a profissionalização de professores, ao contingente de professores
que atuam sem formação, à ausência de uma cultura profissional entre o
professorado, à distancia entre várias faixas de remuneração, especialmente
entre o ensino fundamental e superior. Somem-se a esse quadro político social
as dificuldades relativas à especificidade da profissão docente.
Diante dessas dificuldades a referência à profissão tem, nesse texto, o
sentido de contrapor a atividade docente ao amadorismo, contribuindo para
extraí-la do âmbito da atividade provisória, complementar, cujo acesso
independe de formação adequada. Nesse sentido a profissão de professor está
mais “próximo de um conceito que aponta para uma atividade humana
necessária”, sustentada por “bases teórico, práticas e éticas”, do que o pleito
da constituição de um segmento profissional, nos termos que conhecemos. O
que significa, para além da defesa da necessidade de um delineamento
diferente para a profissão docente e, portanto, da construção de um processo
diferenciado de profissionalização da complexidade, dificuldades e a
perspectiva de longo prazo desta empreitada. (PIMENTA & ANASTASIOU,
2005, p.117)
Acredita-se que se tornar professor profissional requer necessariamente
maior qualificação. Ao que parece nos diz as autoras, “enquanto agirmos em
nossos cursos de formação e em nossas instituições escolares”, contentando-
nos com baixos níveis de profissionalismo (traduzido em qualificação mínima,
descompromisso com a atualização, mesmice da profissão, pacto com a
autodesqualificação) e de profissionalismo (traduzido em aceitação pacifica do
insucesso escolar, má qualidade de experiências de aprendizagem dos alunos,
rotina, desencanto), a profissionalização vai ser uma retórica necessária
somente para quem a faz, porque, efetivamente, como esta, será aceitável, ou
seja, nada precisa ser alterado, porque é natural que não se necessite formar e
profissionalizar professores, uma vez que eles já nascem sabendo.
A formação continuada retrata aos programas de educação continuada
em diversos níveis . A Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases menciona que:
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes
36
cursos e programas:
I - cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes
níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam
aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino,
desde que tenham concluído o ensino médio ou
equivalente;
II- de graduação, abertos a candidatos que tenham
concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido
classificados em processo seletivo;
III - de pós-graduação, compreendendo programas de
mestrado e doutorado, cursos de especialização,
aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos
diplomados em cursos de graduação e que atendam às
exigências das instituições de ensino;
IV- de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições
de ensino.(www.mec.gov.br, acessado dia 16 de agosto
de 2012)
Segundo Selma Garrido é preciso reconhecer na profissão docente sua
especificidade epistemológica diferente da de outras profissões: plena de
saberes próprios, construído também em situação, sua dimensão ética, que
resgata a utopia e a ideologia que se manifesta na intenção. Nesse sentido a
constituição da profissão docente precisa centrar-se no que efetivamente pode
constituí-la na sua singularidade e não apenas na comparação com outras
profissões. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2005, p.118)
Os contextos e as condições de trabalho dos professores nas
instituições de ensino superior são muito diferentes quanto a forma do
ingresso, aos veículos, à jornada de trabalho e aos compromissos dela
derivados. Essas condições interferem na construção da identidade docente.
37
No tocante às condições de trabalho, é certo que são bem diferentes
nas diversas instituições. No caso das instituições públicas, verifica-se que o
ingresso se dá sempre por concurso, mesmo para a contratação do docente
substituto, cujo número tem aumentado em decorrência da contenção de
despesas a que vem sendo submetidas. No curso para efetivo, o professor
passa por um período de estagio probatório, ao final do qual sua efetivação
será confirmada ou não mediante um processo de avaliação, realizada por
seus pares nos departamentos.
No eu se refere ás instituições particulares, o ingresso se dá por
concurso ou por convite e o contrato pauta-se pela função da docência, mesmo
que o interesse institucional incida sobre a experiência de pesquisa do
candidato. No entanto, uma vez atuante, nas condições oferecidas para
melhoria de seu desempenho como docente? Nem se quer existe uma
organização institucional ou espaço para elucidar dúvidas ou repensar com
alguma supervisão as ações efetivadas em sala de aula, e por sua vez, as
responsabilidades institucionais como o docente limitam-se às da contratação
trabalhista.
Conforme a legislação em vigor, a carga de trabalho na instituição pode
ter vinculo integral, parcial e horista.
O tempo integral normalmente solicita do docente as três funções
características da universidade: ensino, pesquisa e extensão. Pode-se
facilmente constatar que, nessas condições de trabalho, o tempo integral torna-
se mais viável a efetivação das três funções. Essas devem estar integradas
aos fins propostos no projeto político e pedagógico institucional, do qual o
ensino é parte fundamental; porém não há garantia legal de processos de
profissionalização continuada da docência embora seja possível supor que
estejam, nesse contexto, as melhores oportunidades de profissionalização
continuada do docente.
O tempo parcial representa, percentualmente, minoria nas universidades
(8,01% nas públicas e 6,76% nas particulares) quanto nas não universidades
(1,46%) ou não (com 14,6% nas particulares), ocorrendo visível concentração
dessa relação trabalhista. Situando esses dois grupos em relação ao total de
38
professores horistas (55.624), eles representam respectivamente 44,24% das
universidades e 43,35% das não universidades. Conclui-se que uma grande
maioria dos professores horistas que somam 33,68% do total geral é
contratada para executar ações em períodos específicos, ou seja, determinado
numero de horas aula, sem tempo remunerado para preparação de aulas, por
exemplo. (PIMENTA & ANASTASIOU, 2005, p.117).
3.5. O DIREITO COMO EXEMPLO
Desde o seu nascimento, nos findos da década de 1820, o ensino jurídico
no Brasil esteve um tanto alheio as questões sociais, comumente construindo
saberes dirigidos aos interesses das elites, baseada, sobretudo, na ideologia
liberal que se funda no século XVIII com a intenção de colocar e firmar a classe
burguesa no poder. As próprias dificuldades iniciais para sua instalação provam
sua vocação para o elitismo, como expõe Venâncio Filho (2004, p.36), ao
afirmar que “a instalação dos cursos jurídicos representaria tarefa hercúlea,
num país carente de quadros humanos e de equipamento material.”
Tal academia estaria apta a receber os jovens dos “senhores de
engenho” e promissores comerciantes das nascentes cidades, de tal sorte que
ensino superior nessa época do Brasil é privilegiado pela classe econômica e
política dominante, sendo preteridas até mesmo as primeiras letras. “o ensino
primário ficou desprestigiado, carente e sem condições de estar.” (ALMEIDA
FILHO, 2007, p.4).
Estudar, sobretudo no ensino superior, é interrogar, pensar os conceitos,
as articulações lógicas, os argumentos, os métodos, as pesquisas e o que
significaram e significam na criação do saber na área; é ir além das fronteiras
entre as áreas e as disciplinas, caso contrário, no lugar da razão, da filosofia,
das ciências, das artes, das letras, de saberes críticos teremos afirmações
dogmáticas, verdades acabadas e ingenuamente aceitas, simples conteúdos e
repetições de varias áreas do saber. Sem estudo e debate rigoroso e critico
entre os que se constroem como estudiosos, numa determinada área, só pode
haver superficialidade, frases feitas banalização do saber e da realidade, mas
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jamais compreensão do sentido das teorias e da realidade, nem produção do
novo. (COÊLHO, 2005, p.58-59)
De acordo com Tércio Sampaio Ferraz Junior, manuais de direito no
Brasil são, em regra, dogmático e de baixa densidade em matéria de
problematização cientifica. Na maioria são meramente classificatórios, repetem,
resumem (mal) velhas teorias, nunca ensinam o estudante a pensar
juridicamente, sugerindo, ao contrário, que o pensamento jurídico se resume
em repetir textos normativos e chegar a conclusões baseadas na jurisprudência
(FERRAZ JÚNIOR, 1996, p.284)
CONCLUSÃO
Filosoficamente a ética objetiva é a corrente que acredita na existência
de um conjunto de valores objetivamente validos para todos os homens.
Defensores da ética objetiva. O humanismo: os valores éticos, objetivamente
válidos, têm como base a própria natureza humana. O bem é que contribui
para o desenvolvimento para as potencialidades do homem e favorece a vida.
O mal é o que estrangula a vida e paralisa as atividades do homem. Os valores
válidos devem ser buscados pela ciência. A consciência moral: característica
peculiar ao homem de julgar suas ações, decidindo se elas são boas ou más. A
responsabilidade: significa estar em condições de “responder” pelos atos
praticados perante a consciência moral. A virtude: corresponde ao uso da
liberdade com responsabilidade. O posto da virtude é o vicio. (COTRIN,224).
Fazendo uma analise histórico cultural podemos observar que desde os
seus primordios a sociedade brasileira é bombadeada por influências e
intereses mesquinhos a começar pelo contado dos letrados jesuitas com a
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civilização indigena. Os mesmos jesuitas que mais tarde começaram a cuidar
da educação dos filhos dos portugueses já estabelecidos no Brasil e também
dos povos tupi guarani: claro que uma educação diferenciada, assim como
ocorre nos dias de hoje. Educação difenciada para as elites, pois a classe
privilegiada tem por objetivo serem preparadas para o meio competitivo do
capitalismo cada vez mais selvagem, ou seja, as questões éticas e morais
ficam sempre em primeiro plano, já que se trata de uma educação voltada
apenas para intelectulizar, e não moralizar, já que o meio competitivo não exige
padrões de carater elevados. Vale mais aquele que dispõe de uma capacidade
de raciocinio rapido e boa articulação verbal, pois assim poderão ocupar
grandes cargos, na area da educação, na política, na área médica, juridica,
pois fizeram parte da sua formação academica professores que também
compactuam dessa maneira de pensar por fezerem parte desta mentalidade
comumente aceita num contexto capitalista.
Inevitavelmente as classes dominates estão em maior numero ocupando
cargos de grande importancia nas diversas camadas da sociedade, ora
executando leis, ora decidindo o nosso futuro, ora formando opinião, criando
ideologias de dominação das massas.
Sem duvida todo esse processo de formção da consciencia cultural, e
que ficou marcada pela épica frase do jeitinho brasileiro, ou seja, sempre
procurando levar vantagem em tudo. Fato esse que sem duvida permeia o
mundo academico no Brasil.
Certamente o passado do Brasil esta relacionado com o presente, e de
acordo com o pesquisador e advogado Alberto Venâncio Flores que analisa a
área do direito, nos mostra categoricamente um problema que ainda perdura
quando afirma em sua obra entitulada das arcadas ao bacherelismo: Desde o
seu nascimento, nos findos da década de 1820, o Ensino Jurídico no Brasil
esteve um tanto alheio às questões sociais, comumente construindo saberes
dirigidos aos interesses das elites, baseado, sobretudo, na ideologia liberal que
se funda no século XVIII com a intenção de colocar e firmar a classe burguesa
no poder, assim expões Venâncio Filho (2004, p.36).
Entendo que as palavras de Venâncio filho fortalecem as questões da
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ética na docência no ensino superior. Entretanto, ás ideias de Jean Jacks
Rousseau jamais poderia ficar de fora na conclusão deste trabalho academico,
pois dizia que o homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe.
Rosseau também afirmava que o homem nascendo puro seu espirito
pode sofrer aprimoramento quase ilimitado. Certamente tendo como base as
palavras de Jean Jacks Rousseau, podemos concluir que apartir do momento
em que toda a sociedade se conscietize da necessidade de mundificação
interior sera um grande passo para a construção de uma sociedade ideal a
milenios idealizado por pensadores como um Sócrates, Plátão, Ghandi, Karl
Marx, Hegel, Sidarta, Jesus, Milton Santos entre outros.
Para o filósofo Immanuel Kante, nascido em konigdberg, pequena
cidade da Alemanha. A ética é uma obrigação de agir segundo as regras
universáis comuns a todos os seres humanos por ser derivada de razão.
O fundamento da moral é dado pela propria razão humana; a noção de
dever. O reconhecimento dos homens, como fim em si e não como veio para
alcançar algo, é o principal motivador da conduta indívidual.
42
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. 180 anos de ensino jurídico no Brasil.
Campinas: Millennium, 2008.
BALLONE, Geraldo José. Psiquiatria e psicologia básica. Vetor, 2003
COSTA, Marisa Cristina Vorraber. Trabalho docente e profissionalismo. – Porto
alegre: Sulina, 1995.
COTRIN, GILBERTO. Fundamentos da filosofia.
COÊLHO, Ildeu Moreira. A universidade, o saber e o ensino em questão in
VEIGA, Ilma Passos Alencastro, NAVES, Marisa Lamônaco de Paula (Orgs.).
Currículo e avaliação na educação superior. Araraquara: Junqueira e Marim,
2005.
DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Pearson, 2004.
Edição 2010 (veja) 30 de maio de 2007.
FAUSTO, Bóris. História do Brasil, São Paulo, Edusp, 1994.
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. OAB – ensino jurídico; direito, retórica e
comunicação. 2ª ed. São Paulo: Saraiva. 1997.
43
Folha de São Paulo – Edição de 31/03/2012
MAQUIAVEL,NICOLAU “O PRÍNCIPE“ EDITORA ESCALA , 2008.
PIMENTA, Selma Garrido, ANASTASIOU, Lea das Graças Camargos.
Docência no ensino superior. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.
SCHMIDT, Mario. Nova História: Crítica. São Paulo: Editora Nova Geração.
WEBGRAFIA
www.mec.gov.br
44
INDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SÚMARIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPITULO I
ÉTICA, SEUS CONCEITOS E FUNDAMENTOS 10
1.1 ÉTICA. E SUAS VERTENTES 10
1.2 ÉTICA. CRISTÃ 13
1.3 ÉTICA. ILUMINISTA 14
1.4 ÉTICA. CONTEMPORÂNEA 17
45
CAPITULO II
CHOQUE IDEOLÓGICO 19
2.1. PACTO COLONIAL E COLONIALISMO 22
2.2. O COLONIALISMO E A ETAPA DO MERCANTILISMO 22
2.3. 1989, ‘O QUE MUDOU ÉTICAMENTE?’ 24
2.4. CIÊNFICAMENTE O QUE PODE DETERMEINAR O DESVIO DE
CONDUTA? 27
CAPITULO III
COMO FUNCIONA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
3.1. COMO SURGIRAM OS CURSOS DE LICENCIATURA 29
3.2. COMO FUNCIONA A DOCÊNCIA NA UNIVESIDADE 31
3.3. O REFLEXO DO NÃO RECONHECEMENTO DA PROFISSÃO E SUA
REPERCUSÃO 35
3.4. PODE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO ENSINO SUPERIOR
INFLUÊCIAR NA CONDUTA ÉTICA DOS FUTUROS PROFISSIONAIS E
PROFESSORES? 35
3.5. O DIREITO COMO EXEMPLO 38
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 43
WEBGRAFIA 44
INDICE 45
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47
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