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Na fotografia das 1000 Maiores do tecido empresarial, as produtoras de
bens apresentam-se como mais rentáveis do que as prestadoras de serviços. Empresas arrecadam lucro médio de 5,1 por cada cem investidos
pelos acionistas. “Prioridade à rendibilidade” é a missão para 2016.
Retorno da produção de bens supera serviços
Texto: Sandra Almeida Simões
DADE
54
R
FOTO: FÁBIO POÇO/GLOBAL IMAGENS
são mais equilibrados. As 1000 maiores em-
presas representam 55,7% do total do
EBITDA recorrente das sociedades não fi-
nanceiras e têm uma rendibilidade econó-
mica de 9,9%, superior à de 9,1% do total
de referência.
“As maiores empresas têm um peso de
45,8% no resultado líquido de impostos to-
tal, com uma rendibilidade financeira in-
ferior de 5,1% contra 11,1% da referência”,
detalha a consultora.
Na prática, valores médios de rendibili-
dade dos capitais próprios (ROE na sigla an-
glo-saxónica) significa que as empresas lu-
craram 5,1 euros por cada 100 euros de ca-
pital investido pelos acionistas. Este é um
dos rácios financeiros mais importantes, já
que mede a capacidade de uma empresa
gerar lucros a partir da sua situação líquida,
além do potencial em aplicar investimen-
Rendibilidade, substantivo feminino: qua-
lidade do que é rendível e aptidão para pro-
duzir ou dar renda.
No balanço de uma empresa, os indica-
dores de rendibilidade económica tradu-
zem o nível de retorno dos negócios – flu-
xos de valor gerados a partir das vendas de
produtos ou prestações de serviços.
Já a rendibilidade financeira mede o re-
torno do capital empregado pelo acionista.
No retrato das 1000 maiores empresas,
desenhado pela consultora Ignios, as pro-
dutoras de bens apresentam uma rendibi-
lidade económica média superior às em-
presas de serviços. A supremacia explica-se
pelo facto de “haver diversas empresas pro-
dutoras de capital intensivo a precisar de
investimento elevado e de menos custos
com pessoal”, arrisca a Baker Tilly. Já no
caso da rendibilidade financeira, os valores
RENDIBILIDADE
CONTINENTAL MABOR - INDUSTRIA DE PNEUS, S.A. 34,7% 70,6%
SARRELIBER - TRANSFORMAÇÃO DE PLÁSTICOS E METAIS, S.A. 36,0% 45,3%
BA VIDRO, S.A. 29,1% 46,3%
METALCERTIMA - INDUSTRIA METALOMECÂNICA, S.A 40,8% 25,7%
SOCIEDADE PORTUGUESA DO AR LIQUIDO (ARLIQUIDO), LDA 32,6% 31,3%
VMPS - ÁGUAS E TURISMO, S.A 40,1% 24,4%
SAINT - GOBAIN MONDEGO, S.A. 29,5% 35,1%
PANPOR - PRODUTOS ALIMENTARES, S.A. 30,6% 29,3%
LINDE SAÚDE, LDA. 39,2% 19,4%
MAHLE - COMPONENTES DE MOTORES, S.A. 23,7% 73,1%
TOP 10 - BENS
Nome da empresa
1
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RENDIBILIDADE ECONÓMICA
RENDIBILIDADE FINANCEIRA
SECURITAS DIRECT PORTUGAL, UNIPESSOAL, LDA 37,7% 65,6%
HOSPITAL CUF DESCOBERTAS, S.A 20,6% 91,6%
TVI - TELEVISÃO INDEPENDENTE, S.A. 36,7% 37,4%
PORTEXICTOS - CONSULTORIA DE GESTÃO E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, S.A 21,2% 67,5%
ERNST & YOUNG AUDIT & ASSOCIADOS - SROC, S.A. 34,7% 37,2%
BEIERSDORF PORTUGUESA, LDA. 21,8% 54,2%
COMPANHIA IBM PORTUGUESA, S.A. 19,5% 40,6%
HOSPITAL DA LUZ, S.A. 16,1% 104,1%
ALTER, S.A. 20,6% 36,4%
SIC - SOCIEDADE INDEPENDENTE DE COMUNICAÇÃO, S.A. 16,8% 61,7%
TOP 10 - SERVIÇOS
Nome da empresa
1
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8
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10
RENDIBILIDADE ECONÓMICA
RENDIBILIDADE FINANCEIRA
Metodologia
O indicador de rendibilidade
económica dos negócios repre-
senta o fluxo de valor gerado a
partir das vendas de produtos e
das prestações de serviços
(EBITDA recorrente/volume de
negócios). O rácio de rendibilida-
de financeira traduz o ROE – re-
turn on equity (resultado líqui-
do/capital próprio). A rendibili-
dade económica é privilegiada
pelo carácter estrutural.
ECONÓMICA
FINANCEIRA
Rendibilidade média
BENS
BENS
SERVIÇOS
SERVIÇOS
33,6%
40%
23,2%
56%
(empresas Top 10)
Fonte: Ignios
tos para os resultados. Na produção de
bens, a rendibilidade do top 10 ascende a
33,6%, enquanto a média financeira se si-
tua em 40%. Sobressaem as indústrias au-
tomóvel, alimentar, saúde e metálica.
A Continental Mabor do grupo alemão de
pneus Continental, a Sarreliber do grupo
francês Sarrel de metalização plástica e a
BA Vidro são as sociedades do pódio.
Nos serviços, a rendibilidade económica
média das 10 melhores fixa-se em 23,2%,
enquanto a financeira é de 56%. Nesta ta-
bela salta à vista a performance das em-
presas de saúde, que contam com dois re-
presentantes – Hospital Cuf Descobertas e
Hospital da Luz. “No entanto, à seme-
lhança de várias empresas do sector indus-
trial, os hospitais são tendencialmente
empresas com investimentos muito ele-
vados, pelo que os seus preços têm de re-
Publicidade
fletir não só os custos operacionais mas
também a margem necessária para remu-
nerar o investimento realizado”, justifica a
Baker Tilly.
Merece ainda destaque o sector da in-
formação e comunicação. A TVI ocupa o 2.o
lugar e a SIC o 9.o. “Enquanto a TVI apre-
senta a melhor rendibilidade económica
(36,7%), a SIC destaca-se sobretudo pela
sua elevada rendibilidade financeira
(61,7%)”, refere a mesma consultora.
Ao contrário das empresas de bens,
maioritariamente situadas a norte do país,
as fornecedoras de serviços do topo da lis-
ta localizam-se em Lisboa e Vale do Tejo.
Os especialistas contactados pelo Di-
nheiro Vivo sugerem pistas para melhorar
a performance deste indicador.
João Duque, professor do ISEG, refere
que o investimento produtivo é o caminho
para melhorar a rendibilidade do tecido
empresarial português.
O professor Carlos Pereira da Silva com-
plementa: “Muitas empresas dependem
do endividamento como fonte primária
dos seus investimentos, endividamento
que diminuiu a sua rendibilidade.”
Luís Mira Amaral, antigo ministro e pre-
sidente do Banco BIC, salienta que o dis-
curso de apoio às pequenas e médias em-
presas não terá qualquer consequência “se
não for concretizado em ações de redi-
mensionamento empresarial”. “As peque-
nas empresa têm de ter a ambição de se tor-
nar médias e estas têm de ambicionar tor-
nar-se grandes.”
Para Francisco Sarsfield Cabral, a políti-
ca expansionista do PS poderá melhorar a
rendibilidade apenas para algumas empre-
sas, sobretudo na área da restauração.
RENDIBILIDADE
P
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Continental Mabor Fórmula para acelerar “à la Lousado”
Poucos anos antes da década de 50, nascia
a Mabor – Manufatura Nacional de Borra-
cha, pelas mãos do terceiro conde da Covi-
lhã, Júlio Anahory de Quental Calheiro.
Reza a lenda que Mabor é também a sigla
de Maria Borges, a segunda esposa do con-
de. Instalada na freguesia de Lousado, em
Vila Nova de Famalicão, a empresa é a pio-
neira da indústria de pneus em Portugal e
ganha escala quando a Autoeuropa chega
a Portugal em 1989. Na altura, o Estado
exigia a incorporação de componentes fei-
tos no país, o que representaria uma opor-
tunidade para a Mabor.
Atenta, a Continental – já acionista da
fábrica – avançou com uma joint-venture
para ficar com 60% da Mabor, mas rapida-
mente passou a acionista única.
Hoje, a fábrica de Lousado é considera-
da um case study pela AICEP – Agência
para o Investimento e Comércio Externo
de Portugal. “A unidade portuguesa é
hoje uma das mais modernas do grupo
alemão e produz pneus de todos os tipos
quer em medidas, quer em tipos, quer em
marcas para veículos automóveis ligeiros.
Ao todo, produz 800 artigos de 20 marcas
diferentes. Exporta quase a totalidade da
produção (97,3%) e tem como principais
mercados a Alemanha, o Benelux, a Espa-
nha, a França, o Reino Unido e a Itália”.
De acordo com os dados da Ignios, a em-
A Continental Mabor
produz 800 artigos
de 20 marcas dife-
rentes. Fábrica de
Lousada exporta
90% da produção.
FOTO: DANIEL RODRI-
GUES/GLOBAL IMAGENS
RENDIBILIDADE
presa liderada por Pedro Carreira teve um
volume de negócios superior a 758,6 mi-
lhões de euros em 2014. Ocupa a 21.ª po-
sição entre as 1000 maiores do tecido em-
presarial. E é líder há vários anos no setor
da borracha e matéria plástica que, no ano
em análise, faturou 1,8 mil milhões.
Com resultados líquidos na ordem dos
182 milhões milhões e ativos de quase 400
milhões de euros, a Continental Mabor
apresenta um rácio de rendibilidade eco-
nómica de 37,4% e um rácio de rendibili-
dade financeira de 70%. Feitas as contas, o
fabricante de pneus alcança o primeiro lu-
gar do top ten de bens, segundo a Ignios.
Por sua vez, a Baker Tilly ressalva ainda a
dimensão da Continental em relação às ou-
tras empresas do top 10. “A Mabor repre-
senta aproximadamente 50% do somató-
rio das receitas e EDITDA das empresas dos
10 primeiros lugares do ranking.”
“A aposta redobrada da Continental em
Portugal resulta de uma boa experiência
de investimento. A empresa sempre des-
tacou a qualidade da equipa na transfor-
mação dos investimentos em produtos
transacionáveis e a sua capacidade em tra-
balhar num ambiente industrial de eleva-
da complexidade e com produtos de gran-
de dificuldade tecnológica”, sublinha a Ai-
cep na informação sobre a empresa.
Um em cada três automóveis na Europa
é comercializado com pneus Continental.
Em 575 testes desde 2007, recebeu a clas-
sificação mais elevada em 78%.
O objetivo em Lousada é elevar a capa-
cidade de produção acima de 20 milhões
de pneus/ano. A fábrica de Famalicão dá
emprego a 1737 trabalhadores, um com-
plexo com mais de 250 mil metros qua-
drados. Segundo os dados da Ignios, cada
euro despendido com o pessoal gera um
retorno de 4,68 euros para o valor acres-
centado bruto da empresa. No ADN dos
colaboradores há uma característica co-
mum: fazer bem e rápido, ou seja, “à la
Lousado”.
OHospital da Luz Investir para duplicar a dimensão à velocidade da Luz
O atual Grupo Luz Saúde foi criado em
2000 com a designação Espírito Santo Saú-
de. Considerada uma das joias da coroa, a
unidade de prestação de cuidados de saú-
de sobreviveu ao colapso do universo Es-
pírito Santo. Em fevereiro de 2014, tor-
nou-se a primeira empresa privada do sec-
tor da saúde cotada na Bolsa. Em outubro,
a seguradora Fidelidade – detida pelos chi-
neses da Fosun – anunciou a aquisição de
96% das ações da Espírito Santo Saúde, tor-
nando-se o novo acionista maioritário.
Apesar de querer garantir a continuidade e
manter a identidade do projeto, a empre-
sa alterou a designação para Luz Saúde.
O Hospital da Luz é a unidade bandeira
da Luz Saúde e é uma das principais apos-
tas do plano de expansão das 18 unidades
do grupo em curso. A Luz Saúde prevê du-
plicar a dimensão do Hospital da Luz a par-
tir de 2018 e criar mais de mil postos de tra-
RENDIBILIDADE
balho, num investimento total de cem mi-
lhões de euros. No ranking da Ignios surge
na 183.ª posição entre as 1000 maiores por
volume de negócios, com uma faturação de
139 milhões de euros e um lucro de 16,5
milhões. Está no top 10 da empresas de ser-
viços com a rendibilidade mais elevada,
ainda que abaixo do rácio obtido pelo con-
corrente Hospital Cuf Descobertas. “Apre-
senta uma rendibilidade económica razoá-
vel (16,1%), mas abaixo da média do top 10,
compensada por uma rendibilidade finan-
ceira extraordinária (104%)”, descodifica a
Baker Tilly.
“A elevada rendibilidade financeira pode
dever-se a um capital próprio que, apesar
dos resultados positivos, se mantém prati-
camente inalterado, motivado por distri-
buições de dividendos regulares (que não
se refletem no resultado líquido do exercí-
cio)”, justifica a Baker Tilly.
A
BA Vidro De três contos de réis a 14 milhões de embalagens em cem anos
A antiga Barbosa & Almeida, hoje BA Vidro,
nasceu como pequena empresa de comer-
cialização de garrafas em 1912 pelas mãos
de dois jovens caixeiros. Raul Barbosa e Do-
mingos de Almeida, ligados ao negócio de
venda de garrafas vindas da Alemanha, de-
cidem criar a sua própria sociedade com um
capital de três contos de réis. Em apenas al-
guns anos, a revendedora de garrafas trans-
forma-se em produtora industrial, graças à
compra de uma fábrica em declínio da his-
tórica Companhia das Fábricas de Garrafas
de Amora. Estava dado o primeiro passo
para a constituição do maior grupo portu-
guês de embalagens de vidro.
Com um percurso centenário, a BA cres-
ceu, superou as dificuldades conjunturais,
respondeu aos desafios da técnica e do
mercado e contabilizou diferentes estru-
turas societárias e diversos proprietários,
chegando a ser cotada na Bolsa de Lisboa e
a ter a Sonae como acionista de referência.
Nos primeiros anos do século XXI, com
uma operação de management buy out, o
chairman Carlos Moreira da Silva fica com
45% do capital, a Família Silva Domingues
outros 45% e os quadros detêm 10%.
No processo de expansão e internacio-
nalização, a BA adquiriu a nacional Sotan-
cro, complementando o seu portfólio com
embalagens destinadas à área farmacêuti-
ca e de cosmética, e duas vidreiras polacas
do Wart Glass Group, entrando no merca-
do nórdico e de leste. Hoje, o grupo BA
tem sete fábricas, que produzem diaria-
mente mais de 14 milhões de unidades –
garrafas, frascos e boiões – para clientes
das indústrias alimentar e de bebidas.
No ranking da Ignios está em terceiro
no top 10 da rendibilidade global – econó-
mica e financeira – das empresas de bens.
O rácio de rendibilidade económica da
BA situa-se em 29,1%, enquanto o finan-
ceiro fixa-se em 46,3%. A rendibilidade fi-
nanceira mede o retorno do capital em-
pregado pelo acionista, atesta a eficiência
da empresa a gerar lucros a partir da sua si-
tuação líquida e o potencial em aplicar in-
vestimentos para aumentar os resulta-
dos. “O fabricante de vidro tem grande
projeção europeia, reconhecida pelas boas
práticas de gestão e governance”, explica
a consultora Baker Tilly. “E, embora tenha
uma rendibilidade económica inferior à
media do top 10, a rendibilidade financei-
ra situa-se em 6,3 pontos percentuais aci-
ma da média”, acrescenta.
Em 2014, o volume de negócios da em-
presa de fabricação de vidro subiu 7,71%,
para 331,9 milhões . As exportações pesam
57,6%. Com 969 colaboradores, lucrou
81 milhões e tem um índice de produtivi-
dade de 4,35.
A BA Vidro é a que mais fatura na área de
produtos minerais, um sector que vale 1,7
mil milhões de euros.
58
A
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Securitas
Direct Alarmes recuam 40 lugares mas lideram top 10 da eficiência
A Securitas Direct subiu 19 lugares no
ranking da Ignios em 2014, enquanto a Se-
curitas – Serviços e Tecnologias de Segu-
rança recuou 40 lugares. A empresa de sis-
temas de alarme está na 744.ª posição en-
Publicidade
RENDIBILIDADE
Serviços e Tecnologias de Segurança sur-
ge na 212.ª posição, com uma rendibilida-
de financeira de 12,4%.
Em 2014, a Securitas Diret faturou 42,7
milhões e o lucro disparou 65%, para
mais de 7,7 milhões. Com 22 delegações
em Portugal e na Madeira, a empresa
atingiu a barreira dos cem mil clientes e
evitou mais de 2700 assaltos neste ano.
A empresa garante que o tempo médio de
resposta dos seus profissionais de segu-
rança não vai além de 33 segundos.
A Securitas Direct nasceu como subsi-
diária do grupo sueco Securitas AB, tor-
nando-se uma empresa independente.
Hoje, está presente em 14 países, tendo
iniciado a comercialização de alarmes em
terreno nacional em 2001. Em 2014 assi-
nalou seis anos de liderança no mercado
português.
tre as 1000 maiores por volume de negó-
cios, mas destaca-se por liderar o top 10 da
rendibilidade entre as fornecedoras de
serviços. De acordo com os dados da con-
sultora, a Securitas Direct tem uma ren-
dibilidade económica de 37,7% e finan-
ceira de 65,6%. Feitas as contas, a empre-
sa ganha a medalha de ouro graças à sua
capacidade em gerar cash-flow e à taxa de
retorno dos capitais investidos. Porém,
como na análise as empresas do mesmo
grupo estão desagregadas, a Securitas –
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