teoria do caos: implicações para a educação vera menezes ufmg/cnpq
Post on 16-Apr-2015
104 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Teoria do caos: implicações para a educação
VERA MENEZESUFMG/CNPq
O MITO No começo era o Caos. Não havia luz e também as trevas
não existiam. Era o Nada, o vazio total. Nele o Grande Espírito existia sem consciência de sua própria existência. Não havia o Tempo, não havia o Amor, não havia nada. Mas a não-consciência do Grande Espírito não impedia sua existência, mergulhada em sono eterno, sono que pulsava em cadências de expansão e recolhimento. E este movimento milenar começou a organizar o Caos em ondas de energia. E passou a existir a consciência dessa energia.
No Caos, no Nada, o Grande Espírito conheceu sua própria existência. E sentiu o impulso de projetar-se pelo espaço infinito, de abrir suas imensas asas e limitar nelas o Universo então vazio.
O MITO E começou a vibrar. À medida que se expandia através do
Caos, ia deixando impressa a possibilidade da existência. A consciência da existência fez vibrar o Caos com intenção. Formou-se uma energia que se foi reunindo em negros agrupamentos. E assim surgiu Nix - a Noite. E ela tornou-se a existência das trevas superiores, envolvendo-as com seu manto negro.
Junto com Nix surgiu seu irmão, Érebo, as trevas infernais, inferiores.
E os dois irmãos, unidos, mas tão opostos, coexistiram no seio do Caos.
E assim foi que no Universo, antes vazio, passaram a existir os irmãos sombrios, Nix e Érebo, unidos pela própria escuridão.
O MITO
Nix e Érebo, tensionados em si mesmos, explodiram em luz e depois desta explosão, numa lentidão que só acontece fora do tempo, Érebo mergulhou para sempre nas profundezas infernais e Nix, solta no Caos agora cheio de Luz, começou a encurvar-se até transformar-se numa esfera, que começou a vibrar, procurando expandir-se ainda mais.
Estavam criadas a luz e as trevas. Luz e trevas eram a consciência dualizada. Eram o mais e o menos, o positivo e o negativo. Eram luz e eram trevas.
O MITO
Nix pulsava e se expandia, mergulhada na luz. E teve a consciência de que a luz era o oposto que a complementava. E na tentativa de expansão, na tentativa de tornar-se una com o éter luminoso, a esfera em que havia se transformado partiu-se ao meio e as duas metades se separaram. Do esforço único dessa separação nasceu Eros, o Amor. Amor energia, Amor ígneo que ocupou o Nada, impregnou o Universo despertando a semente da Vida.
O Amor uniu, por fim, a luz e as trevas. (extraída do livro Olimpo, a Saga dos Deuses -Petrópolis,
RJ.)
O mito
•Dinamicidade, movimento que organiza, transformações, união de opostos, interligações, sistema aberto que vai agregando, novos elementos e se expandindo.
Teoria do caos
• A Teoria do Caos explica o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos. Nesses sistemas, inúmeros elementos estão em interação de forma imprevisível e aleatória.
EDUCAÇÃO
•O mito como inspiração.•Educação: dinamicidade,
movimentos que organizam as experiências individuais e sociais, incluindo a escola, conexões, transformações, conciliação dos opostos, interligações, em um processo contínuo de agregação de novos elementos e de expansão.
EDUCAÇÃO
No mito do caos, a existência se fez pela consciência. Para Davis e Sumara (2006, p. 168) a educação formal se faz pela consciência cultural.
NOVAS METÁFORAS
NOVAS METÁFORAS“No lugar de contar com a metáfora Newtoniana da previsibilidade de um relógio, a complexidade parece estar baseada em metáforas mais parecidas com o crescimento de uma planta desde uma pequena semente... algo orgânico, adaptável, surpreendente e vivo.”Mitchell Waldrop
Mecanicismo inspira Locke
• Todos os homens nascem iguais. A mente humana é uma tabula rasa em que o conhecimento é gravado. O conhecimento é adquirido através da experiência com os sentidos e depende inteiramente do meio ambiente. Assim, o meio em que nascemos e vivemos determina nossas atitudes.
Complexidade inspira novas reflexões sobre educação
• Educação como auto-organização;• O produto da educação sendo maior do que
a soma e suas partes (emergência);• Os insights coletivos superando os insights
individuais• Inteligência definida como exploração de
várias possibilidades de ação e seleção de ações mais adequadas à situação imediata.
Davis e Sumara, 2006
Complexidade inspira novas reflexões sobre educação
• O indivíduo deixa de ser visto como a única instância de aprendizagem/pensamento/ inteligência/criatividade para se pensar em sistemas mais amplos que se expandem a partir do aprendiz e que são incorporados no aprendiz. (movimentos para fora e para dentro ao mesmo tempo).
• Aprendizagem não é um processo linear e ações inteligentes podem ocorrer, simultaneamente, em vários níveis da organização do sistema complexo.
Davis e Sumara, 2006
Complexidade e educação
• A sala de aula tradicional e os currículos fragmentados conspiram contra a auto-organização;
• Efeito borboleta: pequenas diferenças nas condições iniciais podem produzir grandes diferenças em outros estágios;
• Aprendizes reagem de formas diferentes.
Narrativas de aprendizagem
• Inércia ou movimento: sistema de aprendizagem paralisa ou é movido por ações individuais;
• Experiências fora da escola suprem ou interagem com experiências do ensino formal;
• Busca de oportunidades de uso significativo da língua, uso social da linguagem;
• Sistema em constante evolução; • Alterações imprevisíveis;• Resultados inesperados.
Educação como sistema complexo
• “Os estudantes precisam de exposição constante a novas idéias e métodos de pensamento, pois a sociedade continua rompendo com a rigidez da física newtoniana. No entanto, ainda temos concepções de ensino, aprendizagem, avaliação e estruturas curriculares enraizadas no século 17, a era Newtoniana das máquinas e da precisão.” (Angermeyer , 1998)
Educação como sistema complexo
• Ver educação como um sistema complexo implica agregar várias perspectivas educacionais:
1. Adquirir e construir conhecimento;2. Aprender a aprender e a ensinar;3. Processar, avaliar e selecionar
informação;4. Desenvolver letramentos críticos.
Educação como sistema complexo
• “A teoria do caos e a nova ciência dizem aos educadores que para reiventar a escola, devemos olhar ensino, aprendizagem, avaliação e estrutura curricular de perspectivas diferentes, como sistemas dinâmicos, adaptativos, auto-organizáveis que se transformam e se renovam através de cresimento e mudança.” (Angermeyer , 1998)
Educação como sistema complexo
• A mente é um sistema adaptativo complexo. (a mente é social)
• Aprendizagem envolve toda a fisiologia (aprender é como respirar)
• A busca por significado é inata. • A busca por significado acontece
através de padrões (esquemas, categorias).
Caine e Caine (1991)
Educação como sistema complexo
• As emoções influenciam e organizam o que aprendemos.
• O cérebo percebe e cria, simultaneamente, partes e todos.
• Aprender envolve tanto a atenção focada como também a percepção periférica.
• Aprender envolve sempre processos conscientes e inconscientes. Caine e Caine
(1991)
Educação como sistema complexo
• A mente organiza a memória em, pelo menos, duas formas diferentes: taxionomias e memórias locais.
• Novas conexões acontecem ao longo da vida• A aprendizagem é estimulada pelos desafios e
inibida pelas ameaças.• As auto-organizações são únicas: conseqüência
da genética, das experiências e do ambiente.
Caine e Caine (1991)
Educação como sistema complexo
• Acredito que temos que reinventar o material didático, a forma de lecionar e avaliar. Sair da transmissão de informação para atividades que estimulem letramentos e, consequentemente, agência.
Educação como sistema complexo
Atividades que demandem• investigação;• Aplicação de conceitos • Conexões, integração• Colaboração
REFLEXÃO FINAL
Nosso papel é "perturbar" as “zonas estáveis” e provocar o caos que resulta na zona de criatividade.
Vera Menezes
vídeo
EDUCAÇÃO E COMPLEXIDADE (vídeo)
• Processos: biológico, motor, cognitivo; família; escola; interações; informação; experiências individuais e sociais; tecnologia; emoções.
• Bolero de Ravel (fractal+expansão)
REFERÊNCIAS
• CAINE, R. N. ; CAINE. G. Making Connections: Teaching and the Human Brain. Alexandria, Va.: A.S.C.D. , 1991
• DAVIS, B;SUMARA, D. Complexity and education. Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2006.
• MANGAM, M. Brain-compatible science. Arlington Heights ,. IL : Skylight Training and Pub., 1998.
top related