tecnologias assistivas no processo de inclusÃo...
Post on 08-Nov-2018
215 Views
Preview:
TRANSCRIPT
TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO PIAUÍ
Milena Viana Medeiros Barbosa (Bolsista ICV/UFPI), PROFª Drª Ana Valéria Marques Fortes Lustosa
(Orientadora, DEFE/UFPI)
Introdução
Na educação a discussão acerca das diferenças e necessidades existentes entre os
indivíduos tem levado à construção de políticas públicas que atendam as particularidades do alunado,
com reflexos na proposta da “Educação Inclusiva”. Nesse sentido, há na atualidade uma profusão de
estudos que buscam subsidiar a educação de pessoas com necessidades educacionais especiais.
Esta pesquisa, em particular, pretende abordar especificamente as crianças com Paralisia Cerebral
(PC) assistidas no Atendimento Educacional Especializado (AEE). Neste sentido, as salas de
Atendimento Educacional Especializado (AEE) devem possuir recursos que contribuam para a
minoração das limitações dessas pessoas com necessidades especiais, como por exemplo,
computadores, scanner, impressora Braille, entre outros. As Tecnologias Assistivas (TA) associadas
ao AEE facilitam o processo de ensino e aprendizagem desses sujeitos. Essas tecnologias, segundo
Damasceno e Galvão Filho (2002, p.01), consistem em “toda e qualquer ferramenta ou recurso
utilizado com a finalidade de proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa portadora
de deficiência”. Os recursos de acessibilidade da TA são, entre outros, adaptações físicas ou
órteses, adaptações de hardware e software especiais de acessibilidade. Nessa perspectiva, a
presente pesquisa teve como objetivo geral Investigar a Tecnologia Assistiva adotada no Atendimento
Educacional Especializado de pessoas com Paralisia Cerebral e, por objetivos específicos: 1)
Identificar as tecnologias assistivas, de baixo e alto custo, utilizadas no ensino de crianças com
Paralisia Cerebral; 2) Descrever as dificuldades enfrentadas pelo professor na utilização das
Tecnologias Assistivas no Atendimento Educacional Especializado com alunos com Paralisia
Cerebral; 3) Analisar, na perspectiva dos professores, se há progresso no desenvolvimento de alunos
com Paralisia Cerebral a partir do uso de Tecnologias Assistivas. O interesse por aprofundar nesse
tema decorre da minha experiência, pois tenho um irmão com diagnóstico de paralisia cerebral
severo. Desse modo, tenho muito anseio em investigar recursos e métodos que possam minorar suas
limitações e trazer alguma melhoria para a nossa qualidade de vida. Essa compreensão reforça a
constatação já apontada por alguns autores de que as modificações que ocorrem em um dos
familiares exercem forte influência nos outros, bem como no sistema como um todo. (2007,
FIAMENGHI; MESSA apud ANDRADE; TEODORO, 2012).
Metodologia
Este estudo adotou a abordagem qualitativa, pois visa os valores não quantificados,
permitindo assim ao pesquisador a obtenção das informações de modo direto e amplo. Nessa
perspectiva a pesquisa ocorre no ambiente de forma natural, de modo que é o meio que propicia a
compreensão do que se pretende estudar. Dessa forma, segundo Wainwright (1997 apud
RICHARDSON et cols., 2008), “a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de
uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos
entrevistados, em lugar de produção de medidas quantitativas de características ou
comportamentos.” Reforçando essa ideia Bogdan e Biklen (1982) afirma que: “envolve a obtenção de
dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o
processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes”. (Ludke;
ANDRÉ, 1986, p. 13). Nesse sentido, essa abordagem visa os valores, as crenças, os interesses e de
acordo com a realidade e o período histórico do lócus pesquisado e seus integrantes. Aspectos
coerentes com a pesquisa que visa Investigar as Tecnologias Assistivas adotadas no Atendimento
Educacional Especializado (AEE), para o ensino de crianças com paralisia cerebral. O estudo
caracteriza-se como do tipo descritivo. Para Oliveira (2007, p. 68), esse tipo de pesquisa requer
planejamento criterioso no que diz respeito aos métodos e técnicas que serão adotados na coleta de
dados. Já para Richardson (2008), “o material obtido nessas pesquisas é rico em descrição de
pessoas, situações, acontecimentos, inclui transições de entrevistas e de depoimentos, fotografias,
desenhos e extrato de vários tipos de documentos”. Nesse sentido, Oliveira (2007, p. 67) define
pesquisa descritiva como sendo aquela que “está interessada em descobrir e observar fenômenos,
procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los”. Este tipo de pesquisa possibilita ao
pesquisador realizar descobertas nos diversos contextos partindo do interesse do estudo, pois é uma
analise mais profunda dos sujeitos e lócus pesquisado.
Resultados e Discussão
Os resultados foram analisados a partir dos objetivos e referenciais teóricos específicos desta
área. Partindo dos objetivos desta pesquisa foram estabelecidos sete eixos temáticos que tratam da
importância da tecnologia assistiva no desenvolvimento de alunos com paralisia cerebral,
procedimentos adotados para a identificação da tecnologia assistiva para alunos com paralisia
cerebral, tecnologias adotadas nas salas de Atendimento Educacional Especializando (AEE), a
produção de tecnologia assistiva pelos professores das salas de Atendimento Educacional
Especializado, dificuldades enfrentadas na utilização de Tecnologia assistiva, o papel da tecnologia
assistiva no desenvolvimento com alunos com paralisia cerebral e o apoio institucional e ações
promovidas pela Secretária Municipal de Educação e Cultura (SEMEC). No entanto, os professores
frisaram apenas a “comunicação” como habilidade que precisa ser trabalhada nas crianças com
paralisia cerebral. Não obstante o reconhecimento de que essa é uma das suas funções, sabe-se que
os professores também devem adequar a tecnologia para trabalhar todas as dificuldades desses
alunos, que não se resumem apenas na comunição, tendo em vista que a paralisia cerebral é
classificada como deficiência física, assim esse sujeito também têm limitações motoras, entre outras
inabilidades. Na maioria dos casos esta se manifesta de forma severa, logo um aspecto que deve ser
trabalhado simultaneamente é a questão motora. Nesse sentido, esse atendimento deve ser realizado
partindo das habilidades do aluno e contemplando todos os aspectos necessários. Esse atendimento
é de suma importância para a política pública de “inclusão”, pois oferece a oportunidade ao aluno
com necessidade educacional especial de minorar suas limitações e descobrir novas possibilidades,
como apontou a professora “Jasmine”. Essas novas possibilidades desenvolvem os aspectos
emocionais, sociais e cognitivos desses sujeitos. Reforçando essa ideia Galvão Filho (2011, p. 75)
afirma o grande valor da “ tecnologia assistiva, uma área do conhecimento e de pesquisa que tem se
revelado como um importante horizonte de novas possibilidades para autonomia, comunicação,
inclusão escolar e social da pessoa com deficiência”. Outro ponto que pode ser apontado diz respeito
ao trabalho dos conteúdos das salas de aula regular no AEE, os quais devem ser adaptados e
desenvolvidos de forma lúdica, como afirma a professora Bela. Essa compreensão vai ao encontro do
que afirma Araújo (2011), quando comenta que devem ser realizadas adaptações nas atividades
pedagógicas, avaliações e nas atividades voltadas para a fixação de conteúdos.
Conclusão
Ao pesquisar sobre a tecnologia assistivas no Atendimento Educacional Especializado (AEE)
de crianças com paralisia cerebral foi possível perceber algumas mudanças no âmbito educacional
quanto ao tratamento dispensado às pessoas com necessidades educacionais especiais, pois se
observa que está ocorrendo o rompimento da segregação desse alunado em função do processo de
inclusão, fato possibilitado pela implantação das salas de AEE. Quanto à relevância da tecnologia
assistiva adotada no trabalho com pessoas com PC, os dados apontaram que os professores desta
pesquisa reconhecem a importância da TA e fazem uso desta no processo de atendimento desses
alunos. Percebe-se que os recursos da tecnologia assistiva possibilitam a inclusão, mas também que
apesar de favorecem os alunos com NEE, ainda não funcionam de maneira efetiva, pois não
contemplam as necessidades desses educandos e os equipamentos enviados pelo Ministério da
Educação (MEC), muitas vezes não são utilizados por falta de formação dos professores das salas
multifuncionais. Com relação às salas de AEE, esta pesquisa identificou que são basicamente do
Tipo I, conforme as especificações descritas no documento de composição destas salas referente ao
Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. Nesse sentido, foram encontrados
materiais deste tipo em todas as salas pesquisadas, que eram compostas por recursos de alto custo,
como os seguintes equipamentos: microcomputador, estabilizador, scanner, impressora a lazer,
teclado colmeia, lupa eletrônica, mouses adaptados em diversos modelos e sem padronização.
Quanto ao mobiliário foram encontrados os seguintes: mesa para impressora, armário, mesa de
computador, cadeiras e cadeiras adaptadas, contudo apenas três escolas continham as cadeiras
adaptadas que são destinadas às pessoas com PC, assim como somente três escolas dispunham de
cadeiras de roda. O material pedagógico era composto por material dourado, de esquema corporal e
bandinha rítmica. Havia apenas um software de alta complexidade e alto custo, o Boardmaker.
Apoio: ICV/UFPI
Referências: SARTARETTO, Mara Lúcia. A educação especial na perspectiva da inclusão
escolar: recursos pedagógicos acessíveis e comunicação aumentativa e alternativa.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade
Federal do Ceará, 2010.
Palavras Chave: Educação especial. Tecnologia Assistiva. Paralisia Cerebral.
top related