sistema penitenciÁrio brasileiro e a reintegraÇÃo...
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FESP FACULDADES CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
LAÍLA LUCENA DE BRITO
SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E A REINTEGRAÇÃO DOS APENADOS NO BRASIL
JOÃO PESSOA 2009
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LAÍLA LUCENA DE BRITO
SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E A REINTEGRAÇÃO DOS APENADOS NO BRASIL
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito da Fesp Faculdades, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
JOÃO PESSOA 2009
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B862s Brito, Laila Lucena de
Sistema penitenciário brasileiro e a reintegração dos
apenados no Brasil. / Laila Lucena de Brito. – João Pessoa, 2009. 53f. Monografia (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino
Superior da Paraíba – FESP. 1. Sistema Penitenciário Brasileiro 2. Reintegração 3.
Violência 4. Presos I. Título.
BC/FESP CDU: 36:343.8(043)
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LAÍLA LUCENA DE BRITO
SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E A REINTEGRAÇÃO DOS APENADOS NO BRASIL
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito da Fesp Faculdades, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Data de aprovação: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
__________________________________ Prof.
Orientador
_________________________________ Prof.
Membro da Banca Examinadora
_________________________________ Prof.
Membro da Banca Examinadora
JOÃO PESSOA 2009
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Dedico este trabalho aos meus pais, pelo amor, confiança apoio, dedicação à família, enfim, pelo seu exemplo de vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, que mesmo diante de todas as provações me
dá sempre a graça de me manter firme, e seguir adiante em meus propósitos, me
iluminando e abrindo muitas portas a fim de que eu atinja meus objetivos como
vencedor
Agradeço a toda a minha família que me apoiou nos momentos difíceis. Agradeço as orientações manifestadas pelos professores.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo geral, analisar o sistema penitenciário brasileiro e a reintegração dos apenados no Brasil. Vale ressaltar, que os presos, hoje em dia, estão cada vez mais afastados da inserção à sociedade. A reintegração dos presos a sociedade afeta quase todos os estados brasileiros, que se vêem na expectativa de utilização específica de políticas criminais efetivas. Assim, os fatores que contribuem para a violência dos presos constituem principalmente a superlotação, intolerável frente ao princípio da dignidade da pessoa humana, constante da Constituição Federal; bem como, diversos aspectos violadores desse princípio, tais como, abuso sexual, o qual ocorre com muita freqüência (motivo originador de revolta dos presos e traumas psicológicos), assim como ausência do ensino de um ofício a ser desenvolvido pelo presidiário, o qual poderá usar, por ocasião de sua soltura, como meio de subsistência; a degradação quanto ao aspecto de higiene, se contar a má alimentação; violências praticadas contra presos, por presos; contágio de doenças, assim como uma série de fatores. Assim, para confeccionar a pesquisa, é necessário a estruturação dos capítulos da seguinte forma: Capítulo primeiro tratará do sistema prisional brasileiro na qual comenta de forma clara, a origem, evolução e características do sistema prisional brasileiro, como também os sistemas prisionais pensilvânico ou celular, o auburniano e os progressivos. Capítulo segundo trata do tema da prisão no sistema penitenciário brasileiro, elencando suas generalidades, e finalizando este Capítulo, retratando de forma critica a concepção moderna da prisão. Capítulo terceiro comenta, inicialmente acerca do tratamento dos detentos no sistema penitenciário. Em seguida, o presente capítulo aborda o exame criminológico e a periculosidade, o programa de tratamento do detento, a assistência penal depois da detenção, bem como, quais os direitos dos detentos, analisando-se, por último, as medidas alternativas à prisão. Verifica-se ainda, aplicação do método bibliográfico, que adquire informações de livros, artigos e revistas. Ao final, conclui-se que o sistema penitenciário brasileiro deve ser revisto e estudado, a fim de solucionar os problemas de superlotação, abuso sexual, estrutura física precária, higienização e etc.
Palavras-chave: Sistema Penitenciário Brasileiro. Reintegração. Violência. Presos.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................... 09
CAPÍTULO I SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO............................. 13
1.1 Origem........................................................................................... 14
1.2 Evolução........................................................................................ 15
1.3 Características.............................................................................. 22
1.4 Sistemas Prisionais Brasileiro.................................................... 22
1.4.1 Sistemas pensilvânico ou celular............................................. 23
1.4.2 Sistema auburniano................................................................. 25
1.4.3 Sistemas progressivos............................................................. 26
CAPÍTULO II DA PRISÃO................................................................... 28
2.1Generalidades................................................................................ 29
2.2 A Concepção Moderna de Prisão – Visão Critica...................... 29
CAPÍTULO III TRATAMENTO NOS SISTEMAS PEITENCIARIO...... 31
3.1 Generalidades............................................................................... 32
3.2 Do exame Criminológico e da Periculosidade .......................... 33
3.3 Do Programa de Tratamento........................................................ 40
3.4 Assistência Pós-Penal................................................................. 42
3.5 Dos Direitos dos Presos.............................................................. 43
3.6 Medidas Alternativas à Prisão..................................................... 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................
REFERÊNCIAS...................................................................................
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INTRODUÇÃO
Desde tempos remotos, ainda com a aplicação da Lei de Talião, que tinha
por máxima: ‘olho por olho, dente por dente’, existe uma preocupação do homem em
alcançar o ideal de justiça, frente os crimes perpetrados por delinqüentes.
Tal situação ainda não foi resolvida, em nenhum país do globo, de modo que
fácil observar a crise do sistema penitenciário, no Brasil e no Mundo. Assim, mesmo
com o desenvolvimento das tecnologias, percebe-se, que os sistemas penais se
desenvolveram, muito embora não prestem suporte suficiente em contribuir para
uma verdadeira punição, e conseqüente educação do criminoso, dando-lhe
possibilidade de retorno ao convívio social.
Acontece, ainda na atualidade, que diversos são os problemas enfrentados
pelas penitenciárias que existem no Brasil e, que na maioria das vezes passam por
problemas de superpopulação carcerária.
É comum ouvir falar, que o Sistema Penitenciário brasileiro está falido. Isso
é exteriorizado, pela situação encontrada nos presídios, a saber: má higienização,
superpopulação carcerária, uso de drogas, mortes e espancamentos, entre outros
aspectos negativos que dão fama a má administração da segurança pública, no que
condiz ao sistema penitenciário.
Na realidade, as penitenciárias não dispõem de condições de recuperação
dos detentos, uma vez que não possuem recursos para a humanização da pena e,
para a ressocialização do detento à sociedade há a necessidade de instituição de
diversos programas para alcance de tal fim, não se coadunando com o vivido por
eles, no plano prático, em face da promiscuidade, e fatores acima descritos.
O mais importante no aprendizado do preso, é a soma de valores e normas
prevalecentes no mundo do crime, do qual ele dificilmente se desgarra. As regras
informais estabelecidas pelos sentenciados, principalmente nas prisões em que as
celas são coletivas, prevalecem sobre as regras formais colocadas oficialmente pelo
sistema penitenciário. Antes de apreender as normas e aceitar os princípios que são
transmitidos, os presos devem aceitar as regras da convivência com os demais
companheiros e acolher os princípios que norteiam o grupo marginalizado.
A situação, ao invés de diminuir, piora, ainda mais no Brasil, frente o
descaso das autoridades públicas quanto ao problema.
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Portanto, a motivação da pesquisa reside no fato do anseio da autora em
realizar defesas na esfera criminal, contribuindo para um país socialmente mais
equilibrado, bem como dando um maior suporte científico doutrinário, no sentido de
fomentar a prática do estudo criminal.
Logo, falar em abandono do sistema penal não diz respeito apenas ao fato
de se tratar da esfera legiferante, mas no descumprimento da legislação já existente,
o que torna ainda mais vergonhoso, a não aplicação de princípios que norteiam a
execução penal do condenado. Dessa forma, as reformas, necessários, não devem
corresponder apenas ao plano teórico, mas incidir no campo prático. Devem haver
reais mudanças que apontem a segurança da sociedade, aspecto esse pendente
desde o tempo da existência das penas, que trazem para o Estado, e para seus
integrantes inúmeras preocupações, como o aumento da violência, o abuso sexual,
a morte e a superlotação nos presídios brasileiros.
Assim, as polêmicas e discussões inerentes ao sistema penitenciário
brasileiro, permanecem em debate por parte dos responsáveis pelo governo,
doutrinadores, juristas, assim como, a própria população, que não mais tolera a
ausência de uma política carcerária eficaz, com fulcro em, realmente, reintegrar o
preso.
O ordenamento jurídico pátrio, no ramo do direito penal utiliza-se, como
remédio aos crimes praticados contra os cidadãos, a pena privativa de liberdade, a
pena restritiva de direitos e a pena de multa.
Norteando, a condenação encontra-se a Lei de Execução Penal que é
responsável por trazer a parte prática da pena, ao mundo dos fatos, induz algumas
dificuldades na correta prática da condenação, pois os imperativos definidos por tal
lei são solenemente ignorados em todos os Estados.
Desta feita, não há no sistema jurídico pátrio tecnologia, nem tão pouco
segurança, a fim de assegurar a segurança dos presídios. Como verificado
anteriormente, os presídios brasileiros possuem celas de qualidades insalubres,
fornecem alimentação de qualidade inferior, e ausência de incentivos profissionais,
bem como pessoal verdadeiramente adequado para cuidar do presidiário.
Portanto, diante de tal problemática, que ainda persiste nos dias atuais,
percebe-se os presídios como instituições responsáveis por gerar mais revolta ao
apenado, não tendo esse a reeducação necessária, nem os meios hábeis para ser
inserido no seio social, ao findar sua condenação, passando por um processo piora
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da conduta, tornando-o ainda mais temido, frente ao convívio aos cidadãos. Logo,
indaga-se na pesquisa em apreço:
Quais seriam os meios adequados a serem utilizados pelo sistema
penitenciário brasileiro, de modo a promover real reintegração e ressocialização do
preso junto à sociedade?
Assim, a presente pesquisa possui caráter realístico e contemporâneo,
sendo retrato do problema por que passam os apenados submetidos a um
tratamento desumano e degradante, vindo a se tornarem pessoas piores, chocando
a sociedade com a prática de crimes cometidos cada vez mais cruéis. Observa-se
também, que a negligência a concretização de políticas públicas efetivas de
encarceramento, dão ênfase à formação de organizações criminosas, sendo,
ultimamente, a mais famosa delas o PCC, promovendo aos cidadãos políticas de
pavor, e toques de recolher, bem como o pagamento arbitrário de ‘milícias’
governadas por traficantes, dando ênfase insegurança de todos, aspecto esse
motivado pela negligência estatal em não encontra alternativas para ressocializar os
detidos, tendo por efeito, a urgência e necessidade de rever o atual sistema
penitenciário, modificando-o com o objetivo de efetivar a segurança nacional.
O funcionamento do sistema penitenciário tomou um rumo significativamente
mais complexo, que empreendeu um amplo processo de descentralização,
desterritorialização e interiorização das unidades prisionais, na qual nota-se, dessa
forma, que a “reintegração social”, enquanto função social do sistema prisional se
ramifica em dois vértices de ações, sendo um voltado para o período de
cumprimento de pena, especialmente a pena privativa de liberdade, e o outro,
voltado para o período pós-soltura, em que presos e presas passam a ser tratados
como egressos e egressas prisionais, que não acontece no Brasil.
Logo, o presente trabalho tem o objetivo de estudar a problemática do
sistema penitenciário brasileiro, tendo em vista o descaso dos governantes acerca
da real efetivação de políticas públicas, no âmbito criminal, que se preste a real
reintegração dos apenados no Brasil.
No que tange a metodologia, verifica-se, que a referida pesquisa buscou
informações de livros, artigos, revistas etc, e o método utilizado é o bibliográfico.
Portanto, o desenvolvimento desse trabalho monográfico está dividido em
três capítulos, os quais têm por fim: descrever o sistema prisional brasileiro (primeiro
capítulo), tratar da prisão no sistema penitenciário brasileiro (segundo capítulo) e
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descrever o tratamento dos detentos no sistema penitenciário pátrio (terceiro
capítulo). Assim,
Capítulo primeiro trata do sistema prisional brasileiro na qual comenta de
forma clara, a origem, evolução e características do sistema prisional brasileiro,
como também os sistemas prisionais pensilvânico ou celular, o auburniano e os
progressivos.
Capítulo segundo trata do tema da prisão no sistema penitenciário brasileiro,
elencando suas generalidades, e finalizando este Capítulo, retratando de forma
critica a concepção moderna da prisão.
Capítulo terceiro comenta, inicialmente acerca do tratamento dos detentos
no sistema penitenciário. Em seguida, o presente capítulo aborda o exame
criminológico e a periculosidade, o programa de tratamento do detento, a assistência
penal depois da detenção, bem como, quais os direitos dos detentos, analisando-se,
por último, as medidas alternativas à prisão.
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1.1 Origem
Com o decorrer do tempo, percebe-se que a origem das penas, através dos
antigos grupamentos de homens, que adotaram certas normas disciplinadoras de
modo a possibilitar a convivência social, se transformou hoje nessa desestruturada
‘organização’ própria do sistema prisional brasileiro.
Afirma Pimentel (1983) que o confronto das informações históricas contidas
nos relatos antropológicos, oriundos das mais diversas fontes, autoriza uma forte
suposição de que a pena, como tal, tenha tido originariamente caráter sacral.
Mirabete (2005) observam que os homens antigos não podiam explicar os
acontecimentos que fugiam ao cotidiano (chuva, raio, trovão), atribuindo a esses
fenômenos seres sobrenaturais (totens), que habitariam as florestas, ou se
encontrariam nas pedras, rios ou animais, maléficos ou propícios, de modo que, ao
descumprimento das obrigações devidas a eles acarretavam graves castigos.
Assim, as primeiras regras de proibição, e consequentemente, os primeiros
castigos (penas), se encontram vinculadas às relações totêmicas, havendo as
proibições conhecidas como tabus, palavra de origem polinésia que significa, ao
mesmo tempo o sagrado e o proibido, o impuro, o terrível, onde as violações das
regras de tolerâncias ou a desobediência ao tabu acarretavam aos infratores os
castigos ditados pelo encarregado do culto, que também era o chefe do grupo, e
tinham um caráter coletivo. Todos participavam de tais castigos porque as infrações
atraíam a ira das entidades sobrenaturais sobre todo o grupo, e a responsabilidade
coletiva representava-se na cólera dos parentes, na vingança de sangue, que
representava a primeira manifestação de cultura jurídica, na qual atingia todo o
grupo, através da pena (MIRABETE, 2005).
Através das diversidades das tribos salienta o supramencionado autor, que
surgiram duas espécies de penas, a perda da paz e a vingança do sangue, que
evoluíram para a Lei de Talião e a Composição. A idéia de castigo predominante nas
antigas civilizações vinha a ser a morte, entendida como sendo a punição mais
aplicada. Ainda sobre a punição, está não alcançava apenas o patrimônio do
infrator, como também os descendentes destes.
Com isso, as penas apareciam de forma cada vez mais moderada e com a
pena privativa de liberdade dando total atenção aos castigos, penas de morte, ou
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mesmo, penas que afetasse os direitos que foram alcançados na própria
Constituição Federal de 1988.
1.2 Evolução
No Brasil, o sistema penitenciário, em sua maioria, encontra estrutura
desorganizada, necessitando que as autoridades públicas repensem novas
alternativas para o sistema prisional, ou outras medidas para ressocializar e
reeducar o preso, de modo que esse possa, em momento futuro, se reintegrar a
sociedade.
De modo a melhorar esse quadro, já se percebe em solo pátrio, a direção
dos presídios adotando a terceirização, designando funcionários públicos que
ocupam cargos na Secretaria de Segurança Pública, sendo tal aspecto tido por lítico,
como observa Martins (2001, p. 143), pois uma das regras para determinar a licitude
da terceirização de serviços seria "a direção dos serviços pela própria empresa
terceirizada”. Dessa maneira, afirma o desvirtuamento ilícito da terceirização de
serviços penitenciários, explicitado na tentativa de solucionar a intransponível
impossibilidade de que as direções dos presídios sejam terceirizadas.
Observa-se, que o Estado do Paraná foi quem tomou a iniciativa de implementação
do sistema de gerenciamento privado de presídios, instituindo a Penitenciária Industrial de
Guarapuava. Dessa forma, a terceirização denota que a sociedade brasileira está vivendo
momento prejudicial, no que tange ao sistema penal, pois o governo não está
prestando verdadeira efetividade e segurança pública adequada.
Portanto, vários são os problemas de segurança pública, como o aumento
desenfreado da violência, exigindo-se o aumento das penas e, em segundo plano, a
superpopulação das celas, havendo a necessidade de adoção de penas cada vez
menores, por parte o Governo, desafogando as prisões, bem como introduzindo
trabalhos sociais, como por exemplo, plantação (agricultura) para a diminuição do
orçamento das prisões locais, para a inserção do preso à sociedade, ou mesmo
limpar as ruas à noite, ou os pichamentos em prédios culturais, etc, com segurança
de empresas estatais.
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E isso trata de momento histórico que na qual o avanço na gestão de
presídios, veio observar a supremacia do interesse público sobre o particular, mas
buscando alianças e projetos em parceria com os mais diversos setores da
sociedade.
Diante do alegado, foi indispensável fazer alguns investimentos privados,
bem como estimular a participação progressiva dos segmentos sociais sem fins
lucrativos a fim de implantar projetos estrategicamente vitais à sociedade (OSÓRIO,
2000).
Com a criação da Lei nº. 10.792/ 2003, que alterou a Lei de Execução Penal
– Lei nº 7.210/84 e incluiu as regras gerais do que o legislador denominou Regime
Disciplinar Diferenciado – RDD, o Brasil inclui o preso no Regime Disciplinar
Diferenciado, na qual não é visto como ser humano, em face do corolário do
princípio da humanidade das penas, mas como inimigo do estado, pois é submetido
a tratamento degradante, perde a sua condição de ser humano passando a ser
inimigo do Estado, e sem a condição de (ser) humano lhe podem ser infligidos
castigos que o princípio da dignidade da pessoa humana (condição que lhe é
negada) não permitiria, diante a constituição federal.
Portanto, segundo Zafaroni e Pierangeli (2005, p. 115), a respeito do Regime
Disciplinar Diferenciado:
[...] ainda que não haja um critério unitário acerca do que seja direito penal de autor, podemos dizer que, ao menos em sua manifestação extrema é uma corrupção do direito penal, em que não se proíbe o ato em si, mas o ato como manifestação de uma forma de ser do autor, esta sim considerada verdadeiramente delitiva. O ato teria o valor de sintoma de uma personalidade; o proibido e reprovável ou perigoso seria a personalidade e não o ato. Dentro dessa concepção não se condena tanto o furto, como ser ladrão, não se condena tanto homicídio quanto o ser homicida, o estupro, como o ser delinqüente sexual.
Esta justificativa diante da medida legislativa criada, traz para o autor do
crime uma visão de limitar ou mesmo, destruir aquilo que a Carta Magna propõe na
garantias fundamentais do homem, e de compromissos assumidos pelo Brasil
perante a ordem internacional no mínimo, caso em que deveria estar presente
situação de excepcionalidade suficiente a permitir tão grave limitação do direito de
liberdade do cidadão, mas, na prática, não há qualquer fato que legitime essa
limitação criada com o Regime Disciplinar Diferenciado.
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Assim, de volta ao passado, na antiguidade, as penas eram exercidas
através do Código de Hamurabi ou a Lei do Talião, que ditava: ‘olho por olho, dente
por dente’ a qual tinha base religiosa (Judaísmo ou Mosaísmo) e moral vingativa. Na
idade média as sanções estavam submetidas ao arbítrio dos governantes, que as
impunham em função do "status" social a que pertencia o réu. Havia amputação dos
braços, a forca, a roda e a guilhotina constituíam o espetáculo favorito das multidões
como castigo da penalidade praticada. Já na idade moderna, o Direito Penitenciário
resultou da proteção do condenado, e com essas mudanças atuais do RDD, os
direitos adquiridos do preso voltam, novamente, ao rumo do passado na quais se
aplicavam castigos, e essas mudanças se mostram inconstitucionais, porque está
ferindo o que está posicionado na Carta Magna e Direito Internacional, quanto à
dignidade da pessoa humana.
Percebe-se que no Brasil, nunca houve mudanças que melhorasse, através
de alterações ou novos códigos penais mais firmes, direito a uma segurança melhor
a sociedade, com isso, a historia mostra que o 1º Código Penal trouxe só a
individualização das penas, o 2º Código Penal, em 1890, trouxe a abolição da pena
de morte e surgiu o regime penitenciário de caráter correcional, com fins de
ressocializar e reeducar o detento. O Código era dividido em quatro livros, sendo
que o primeiro tratava dos crimes e penas, o segundo militava sobre os crimes em
espécie, o terceiro, das contravenções em espécie, e o quarto, das disposições
gerais, sendo composto de quatrocentos e doze artigos, ainda assim o desprezo
proporcionado pelos responsáveis da área vem caminhando em passos lentos,
enquanto a criminalidade em passos largos. (CUANO, 2008)
Tempos se passaram e as idéias de reformas ficaram sem êxito, e o Código
Penal foi acrescido de alterações e complementos, para sanar-lhes os defeitos,
completá-lo às novas condições práticas e cientificas. Assim, o direito penal passou
por um tempo esquecido, e só em 1940 foi sancionado o código penal, na qual deu
andamento só em 1942. Depois veio o código de 1969, com basicamente, a mesma
estrutura de 1940, cujos defeitos mais graves procuraram-se eliminar, sendo poucas
as soluções inovadoras, destacando-se a eliminação das medidas de segurança
detentivas para os imputáveis e a adoção do sistema vicariante para os semi-
imputáveis. (CUANO, 2008)
Com o abandono das políticas públicas diante do direito penal, os problemas
de violência, o sistema carcerário foi se depredando e ocasionando ainda mais
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insegurança para a sociedade. Este problema que vem se alastrando durante
décadas no Brasil, e sem nenhuns meios de soluções, perturbam tanto a sociedade
quanto a política que se enquadra para a mídia, como um parasita, que não tem
soluções nem tampouco projetos que visem à área penal.
Notadamente, percebe-se um sistema penal tardio, ineficiente, inofensivo,
frágil e que não funciona. Vê-se ainda, uma população cada vez mais pobre, onde o
poder nas mãos de poucos, excluem a grande maioria, e desta exclusão observa-se
mais pobreza e criminalidade a solta, gerando mais conflitos sociais, que por
conseqüência trará menos diálogo e o resultado serão maiores problemas o e
crescimento da criminalidade.
Uma reforma na dogmática política pode ser uma forma de solução para o
problema, tendo em vista a idéia de que tudo está ligado no Direito Penal
vislumbrando esse padrão como sendo uma resposta ao caos brasileiro do sistema
penitenciário.
Como bem salienta a Constituição Federal do Brasil (2008), a liberdade
segundo o art. 5 º, caput, da Constituição Federal de 1988, é um direito fundamental
do cidadão. No Estado de Direito, a liberdade é a regra e a prisão a exceção, que
somente pode ocorrer nos casos expressamente previstos em lei, desde que
fundamenta a decisão, e preenchidos os requisitos que autorizam a sua decretação,
sob pena da prática de abuso ou ilegalidade.
Segundo Rosa (2003) a prisão diante a República Federativa do Brasil que
subscreveu vários tratados internacionais, dentre eles a Convenção Americana de
Direitos Humanos - CADH, somente poderá ser decretada por autoridade judiciária
competente. Admite-se, exceções, no caso da prisão em flagrante delito, ou em
decorrência da prática de crime militar ou transgressão disciplinar militar definidos
em lei, o que afasta a possibilidade dos Regulamentos Disciplinares preverem
situações de cerceamento da liberdade do preso, por meio de decreto proveniente
do Poder Executivo, Federal ou Estadual, como ocorreu recentemente com o
Regulamento Disciplinar do Exército Brasileiro.
Diante dos fatos Silva (2004, p. 35) afirma que:
Direitos fundamentais do homem constituem a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma
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convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamental, acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive; fundamentais do homem no sentido de que a todos, por igual devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, mas concreta e materialmente efetivados. Do homem, não como o macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana. Direitos fundamentais do homem significam direitos fundamentais da pessoa humana ou direitos fundamentais. É com esse título que a expressão direitos fundamentais encabeça o Título II da Constituição, que se completa, como direitos fundamentais da pessoa humana, expressamente, no art. 17.
Insta destacar, que o ordenamento penal não deve ser extenso, nem
tampouco inexato, caso contrário, não haverá segurança jurídica, possibilitando a
violação de direitos, bem como perseguições. Isto mostra que o sistema penal
brasileiro há décadas que gera conflitos tanto pela sociedade que se vê, a cada dia,
com insegurança quanto ao sistema penal desprezado, traz rebeliões e desrespeitos
ao próprio sistema.
Recentemente, o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, fez
declarações contrárias a qualquer tipo de diminuição da maioridade penal, alegando
que a problemática não é só social, mas sim uma reunião de fatores. Afirma Sposato
(2006, p. 17) a respeito do que comentou o presidente na qual declarou contra a
urgência na discussão do assunto, e disse que:
[...] o Estado não pode tomar decisões com base na emoção... não sou a favor da redução e se a gente aceitar a diminuição da idade para 16 anos, amanhã estarão pedindo 15, depois para 10, depois para 9, quem sabe algum dia queiram punir até o feto se souberem o que vai acontecer no futuro Brasileiro. As mudanças têm que ser geral tanto nas reformas de presídios brasileiros como no sistema penitenciário de forma que insira o preso a sociedade.
Os presos simplesmente superlotam as celas, sua precariedade e sua
insalubridade tornam as prisões em um ambiente propício à proliferação de
epidemias, ao contágio de doenças. E esse conjunto de elementos entendidos como
estruturais são ligados também, alimentação errada dos detentos, bem como o
sedentarismo, a utilização de drogas, a falta de higiene, ocasionando saúde e
resistência fragilizada ao detento que entrou na penitenciaria em condição sadia.
Quanto às drogas, a Holanda, atualmente, visando enfrentar o problema se
utiliza da distribuição de agulhas, para evitar maior contaminação, como demonstra
a citação abaixo:
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Existem, ainda, programas que admitem problemas no interior das prisões, como é o caso da existência do consumo de drogas. Aceitar essa realidade é com certeza difícil para as autoridades penitenciárias de qualquer país. No entanto, admiti-lo pressupõe, em grande parte, enfrentar o problema. Isso mostra a necessidade de programas educativos que requerem, complementarmente, abertura e vontade política para melhorar as prisões. Por exemplo, na Holanda e em outros países, foram adotadas medidas contra o contágio de doenças infecciosas, mediante a distribuição de agulhas para uso de presos que se injetam drogas (UNESCO, 2006, p. 57).
Em razão da superpopulação carcerária foram manejados, pelos apenados
alguns pedidos ao Estado de danos morais, em face do mesmo desrespeitar Direitos
Humanos, como demonstra a jurisprudência abaixo:
2050044 – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS – SUPERPOPULAÇÃO CARCERÁRIA – PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE – INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA ESTADUAL – IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – ILEGITIMIDADE PASSIVA DO ESTADO – PRELIMINARES REJEITADAS – Quando há ataque à sentença de primeiro grau, insurgindo-se contra os seus fundamentos e apontando, além do inconformismo, os erros que se entende cometidos não há falar em desrespeito ao princípio da dialeticidade. Se o apelado cumpre pena em estabelecimento prisional estadual não há falar em interesse da União, sendo a Justiça Estadual competente para o caso. Não há falar em impossibilidade jurídica do pedido, visto que não há vedação legal ao pedido de indenização por danos morais. A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário - AGEPEN, autarquia estadual, tem autonomia para custodiar os apenados mas não construir presídios, competência esta atribuída ao Estado. APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS – SUPERPOPULAÇÃO CARCERÁRIA – RESPONSABILIDADE DO ESTADO – RESPONSABILIDADE DO ENCARCERADO PELOS DISSABORES EXPERIMENTADOS – VIOLAÇÃO AO ORDENAMENTO JURÍDICO – TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL – RAZOABILIDADE – IMPOSSIBILIDADE MATERIAL DO ESTADO – RECURSO PROVIDO – A Lei de Execuções Penais traz alguns programas a serem cumpridos, tais como assistência material à saúde, à alimentação, à instalações higiênicas etc., porém o Estado encontra-se impossibilitado materialmente de cumprir tais determinações, de acordo com a "Teoria da reserva do possível". A superpopulação carcerária é uma realidade indiscutível, porém o direito à vida, ao patrimônio e a tantos outros direitos da coletividade deve se sobrepor ao interesse de determinado indivíduo, por dizer respeito ao bem estar comum, alicerce primordial do direito, não se pode olvidar que o encarcerado, por ter desrespeitado o ordenamento jurídico, é o único responsável por todos os dissabores que ora experimenta. (TJMS – AC-O 2005.016737-4/0000-00 – Corumbá – 2ª T.Cív. – Rel. Des. Luiz Carlos Santini – J. 13.12.2005) (Ementas no mesmo sentido)
Ocorre que tal pedido não é julgado favorável, de modo que o Estado se
utiliza da “teoria da reserva do possível” para justificar a negligência para com os
apenados, submetendo-os a diversos constrangimentos e práticas desumanas.
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Observe-se que a jurisprudência em apreço confirma a realidade vivida nas prisões,
muito embora cite programas contidos na Lei de Execução Penal, o qual muitas
vezes não são cumpridos, elementos esses que não se coadunam com o artigo 1º
da Lei de Execução Penal (“Art. 1º. A execução penal tem por objetivo efetivar as
disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado e do internado”).
Entretanto, para Assis (2007), o problema maior não vem a ser só a
superpopulação, mas a impossibilidade de trabalho ou de estudo por parte do preso.
As penitenciárias em nosso país possuem instalações deficientes, sem segurança, e
os administradores não têm o preparo necessário para a realização da função,
facilitando assim, fuga dos detentos. Isto implica que presos de alta periculosidade
ficam juntos de ladrão de galinha e o incentivo para esses presos é entrar cada vez
mais na criminalidade.
Os presos deveriam ser separados e, além disso, o presídio ter um sistema
mais eficaz em termos de administração. Fazer do preso uma pessoa comum que
possa ser trabalhado com a finalidade de inseri-lo, novamente à sociedade, trazendo
benefícios tanto para os presos quanto para o orçamento da administração pública.
Incluindo-o em trabalhos coletivos de limpeza urbana, plantação para agricultura do
próprio presídio, pintura na arquitetura da cidade, entre outras coisas a mais.
Primeiro passo a ser tomado pelo governo é a reestruturação dos presídios
em todo o Brasil. Fazendo um projeto para diferenciar a prisão, para presos de alta
periculosidade, em detrimento aos demais, e a quanto à forma de trabalho deve ser
mais duro, sendo necessário também, criar uma lei mais rígida em relação a crimes
como assassinato, estrupo, violencia familiar, etc.
Diante do exposto, observa-se que o Estado de São Paulo é campeão
nacional de construção de presídios, mas mesmo assim, continua com 50 mil vagas
de déficit. (GOMES, 2007)
No Estado do Rio de Janeiro, também um dos estados mais violento do
Brasil, os presídios estão superlotados, demonstrando também, condições precárias
das instalações, denúncias de tortura, corrupção e favorecimento de alimentos
dentro do próprio presídio, por agentes penitenciários, através de lojinhas
legalizadas, mas explora com preços exorbitantes. Aos vários presídios no estado
do Rio de Janeiro não consegue absorver a quantidade de presos existente
atualmente no país.
23
Por isso, o Brasil está em quarto ligar no mundo, no que tange a explosão
carcerária. De 1990 até 2008 o crescimento populacional penitenciário foi de 500%.
Fechou o ano de 2008 com cerca de 500.000 presos. Nesse item, o Brasil só perde
para EUA (cerca de 2,2 milhões), China (1,6 milhões) e Rússia (cerca de 0,8
milhão). Já ultrapassou a Índia, que conta com mais de um bilhão de habitantes.
(BARATA, 2002)
Conclui-se, portanto, que hoje o governo está tentando mudar ou melhorar o
sistema penitenciário, e construir presídios federais de alta periculosidade para
melhorar a segurança do Brasil.
1.3 Características
Cernichiaro (apud MIRABETE, 2005), entende a pena em três aspectos,
quais sejam. Pelo aspecto substancial, entende ser a perda ou privação de exercício
do direito referente a um objeto jurídico; e pelo aspecto formal é quando está ligada
ao princípio da reserva legal, sendo aplicada apenas pelo Poder Judiciário,
observando-se o princípio do contraditório, e concomitantemente, a defesa social e o
castigo.
Assim, devem existir na pena várias características, que segundo Mirabete
(2005) pode ser: legalidade, personalidade, proporcionalidade e inderrogabilidade.
Na legalidade existe a lei para a imposição da pena (nulla poena sine lege), previsto
no art. 1º do Código Penal; a da personalidade refere-se à impossibilidade de
estender-se a terceiros a imposição da pena; deve haver, ainda, proporcionalidade
entre o crime e a pena, essa característica é abrandada no direito positivo (art. 5,
XLVI) e o Código Penal (art.59) à reincidência (art.61, I); por fim, a pena deve ser
inderrogável ou seja praticado a delito, a imposição deve ser certa e a pena
cumprida.
1.4 Sistemas Penitenciários
24
Na realidade, O aperfeiçoamento de formações sociais capitalistas na
Europa e, posteriormente, na América do Norte, dando suporte a criação dos
modelos clássicos de prisão mediante o princípio de eficácia mínima: o modelo de
Gand (Holanda), o modelo de Gloucester (Inglaterra) e os modelos de Filadélfia e de
Auburn (Estados Unidos) (FOUCAULT, 2003).
O padrão de Gand, criado na Holanda, faz nascer o trabalho obrigatório
como meio educacional para restabelecer condutas morais ao presidiário, com
exclusão de penas breves (aprendizagem insuficiente) e perpétuas (desinteresse de
aprendizagem) (FOUCAULT, 2003).
O paradigma de Gloucester cria o isolamento como meio educacional, que
tem por fim a meditação e reaprendizagem das virtudes, com a reconversão
religiosa e moral do apenado.
Todavia é na sociedade americana, detentora da cultura capitalista, na
época, a mais aperfeiçoada, que aparecem as condições mais pertinentes para
perceber a formação e a transformação do sistema penal.
Portanto, frente aos regimes prisionais que evoluíam à época, apresenta-se
abaixo, sistemas penais propostos nos Estados Unidos difundidos partir do século
XVIII. Assim sendo, Bitencourt (2004), compreende o sistema americano como a
pedra inicial para o primeiro sistema penitenciário, tal qual hoje é conhecido.
1.4.1 Sistemas pensilvânico ou celular
No ano de 1681 foi criado o sistema pensilvânico ou celular, com o objetivo
de abrandar a severidade na legislação penal inglesa. O ilustre autor Bitencourt
(2004, p. 34) diz que: “a cominação da pena de morte foi limitada ao crime de
homicídio e também foram substituídas as penas de castigos físicos e de mutilações
pelas penas privativas de liberdade e de trabalhos forçados”.
As noções que os carcereiros implataram no sistema filadélfico, se originou
também pelas idéias de Howard e Baccaria, e não só de suas próprias convicções
teológicas e morais, tendo em vista apresentar como característica indispensável o
isolamento do preso em uma cela, a oração e a abstinência total de bebidas
alcoólicas, ou mesmo, a característica essenciais dessa forma de purgar a pena
fundamentam-se no isolamento celular dos intervalos, na obrigação estrita do
silêncio, na meditação e na oração.
25
Beccaria (2000, p. 93) traz para este sistema uma contribuição como:
O tratado dos Delitos e das Penas é a filosofia francesa aplicada à legislação penal: contra a tradição jurídica, invoca a razão e o sentimento; faz-se porta-voz dos protestos da consciência pública contra os julgamentos secretos, o juramento imposto aos acusados, a tortura, a confiscação, as penas infamantes, a desigualdade ante o castigo, a atrocidade dos suplícios; estabelece limites entre a justiça divina e a justiça humana, entre os pecados e os delitos; condena o direito de vingança e toma por base do direito de punir a utilidade social; declara a pena de morte inútil e reclama a proporcionalidade das penas aos delitos, assim como a separação do poder judiciário e do poder legislativo.
Essa religião era entendida como sendo um a ferramenta a fim de recuperar
o detento, não proporcionando a este o direito de comunicação, e sim a obrigação
de permanecer em silêncio meditando e orando. Não se pode afirmar que o regime
celular foi amplamente aplicado em sua concepção original, em razão da
observação imediata dos prejuízos, que ocasionava o isolamento absoluto.
Na Pensilvânia algumas associações tinham a preocupação de estudar
problemática das prisões, com a fé de que os detentos se arrependessem através
da detenção. Ainda na Pensilvânia, se acreditava muito nos resultados que seriam
alcançados com o isolamento absoluto dos detentos.
Porém, este pensamento de isolamento acarretou inúmeros prejuízos aos
detentos, assim como se narrou, demonstrando ameaças no campo penitenciário.
Por sua vez, a Espanha em meados do século XX, desvia de forma definitiva
o regime celular, escolhendo o sistema penitenciário progressivo. No entanto,
mencionado regime foi pouco aplicado no século XIX. É importante destacar que
houve algumas exceções, com experiências isoladas, nas chamadas Prisões-
Modelo de Madri e de Vitória. (BITENCOURT, 2004)
Os regimes penitenciários contêm sempre uma estranha união de funções
antitéticas, por um lado devem servir como instrumento para impor ordem e
segurança e, por outro, devem propiciar a reabilitação do delinqüente. Mas quando
um regime penitenciário moderno utiliza um sistema celular estrito, similar ao
pensilvânico, é evidente que abandonou totalmente o interesse em conseguir a
reabilitação do delinqüente. Das boas intenções que impulsionaram os homens
idealizadores do sistema celular restou somente um feito refutável, o confinamento
solitário converteu-se em excelente instrumento de dominação e controle e, por essa
26
razão, ainda é utilizado das prisões modernas. Dentro de esse inevitável paradoxo
desenvolveram-se muitos dos sistemas penitenciários modernos.
1.4.2 Sistema auburniano
Com a grande necessidade de vencer certas limitações e defeitos do regime
pensilvânico, surge então, o sistema penitenciário auburniano. Doravante, no ano de
1797 surgiu a chamada prisão de Newgate. E no ano de 1816 foi autorizada a
criação da prisão de Auburn, onde os detentos seriam separados em três
categorias,, como assim comenta Bitencourt (2004, p. 70) em:
1ª) a primeira era composta pelos mais velhos e persistentes delinqüentes, aos quais se destinou o isolamento contínuo; 2ª) na segunda situavam-se os menos incorrigíveis, que somente eram destinados às celas de isolamento três dias na semana e tinham permissão para trabalhar; 3ª) a terceira categoria era integrada pelos que davam maiores esperanças de serem corrigidos.
O surgimento desse sistema tem importância circunstancial que é decorrente
do contexto histórico-político-econômico da época, bem como a preocupação na
reforma do sistema pensilvânico.
O sistema de Aubum - silent system - adota, além do trabalho em comum, a
regra do silêncio absoluto. Os detentos não podiam falar entre si, somente com os
guardas, com licença prévia e em voz baixa. Nesse silêncio absoluto Foucault vê
uma clara influência do modelo monástico, além da disciplina obreira. O silêncio
ininterrupto, mais que propiciar a meditação e a correção, é um instrumento
essencial de poder, permitindo que uns poucos controlem uma multidão. O
auburniano, da mesma forma que o filadélfico, pretende, consciente ou
inconscientemente, servir de modelo ideal à sociedade, o microcosmos de uma
sociedade perfeita, onde os indivíduos se encontrem isolados em sua existência
moral, mas reunidos sob um enquadramento hierárquico estrito, com o fim de
resultarem produtivos ao sistema.
A filosofia do sistema auburniano dizia que o só trabalho seria capaz de
fazer com que o detento viesse a se reabilitar na sociedade, sendo uma forma de
transformação e reforma do individuo. Já os aspectos negativos foram dois que, ao
27
logo do tempo, levaram o sistema auburniano ao seu acaso foram, primeiro, o fato
de ele se constituir num regime disciplinar excessivamente rigoroso, com a aplicação
de castigos cruéis e excessivos. Também com o passar do tempo, o trabalho nas
prisões passou a representar uma forte competição ao trabalho livre, o que passou a
se tornar um entrave na economia colonial. (THOMPSON, 2002)
Para o sistema Auburniano os detentos permaneciam separados na parte do
dia, e no sistema Pensilvânico a separação era na parte da noite, caracterizando
assim, a diferença entre os dois sistemas. O fundamento do sistema Pensilvânico é
a orientação religiosa, e o fundamento do sistema Auburniano são econômicos.
Pode-se, então concluir que o trabalho é um agente de transformação, de reforma.
1.4.3 Sistemas progressivos
Com surgimento da pena privativa de liberdade, em meados século XIX,
surge então, o sistema progressivo, a qual continua até os dias atuais. Desta feita,
com o advento da referido pena resultou no abandono as prisões de regimes celular
e auburniano e a adoção do regime progressivo.
Foi na Europa, depois da primeira guerra mundial que esse regime se
generalizou, devido a sua consistia no tempo de distribuição do tempo de duração
da condenação em períodos, fazendo também a ampliação de cada privilégio, que o
detento pode desfrutar de acordo com sua boa conduta e o aproveitamento
demonstrado do tratamento reformador, bem como, a possibilidade do detento
reincorporar-se à sociedade antes do término da condenação.
Bitencourt (2004, p. 83) mostra a dupla vertente da meta do sistema:
[...] de um lado pretende constituir um estímulo à boa conduta e à adesão do recluso ao regime aplicado, e, de outro, pretende que esse regime, em razão da boa disposição anímica do interno, consiga paulatinamente sua reforma moral e a preparação para a futura vida em sociedade
Referido regime traduziu grande avanço no sistema penitenciário. Já os
regimes auburniano e filadélfico, anterirmente mencionados, deram importância à
própria vontade do detento, diminuindo a rigidez da aplicação da pena privativa de
liberdade.
28
Posteriormente, o surgimento do sistema irlandês, vem para substituir o
sistema progressivo inglês. O sistema irlândes tinha os seus mesmos fundamentos e
ideologia, tendo a inserção de uma fase intermediária entre o período de trabalho do
condenado e o de liberdade condicional como sendo a única diferença.
Entre esses dois sistemas, os detentos trabalhavam em prisões especiais e
ao ar livre, de preferencial nas agrícolas, sem usarem uniformes. Podendo se
comunicar com a população livre, e podendo se utilizar de parte de remuneração de
seu trabalho. Em alguns países o sistema progressivo Irlandês ainda está em vigor.
.
30
2.1 Generalidades
Inicialmente, a pena de prisão foi aplicada para castigar durante os
delinqüentes. Alguns métodos utilizados foram segregamento e o silêncio. O
trabalho forçado estava sempre subordinado a uma rígida disciplina, refletida na
vigilância ostensiva e no controle total sobre o detento.
O ideal de tratamento surge para recuperar o delinqüente, neutralizando os
efeitos nocivos de um provável desajuste, patológico ou social, tentando reintegrá-lo
à sociedade, diminuindo as discrepâncias entre prisão e aquela.
2.2 A Concepção Moderna de Prisão – Visão Critica
A pena de prisão, modernamente, é vista como último recurso no combate à
criminalidade. Apesar de os juristas reconhecerem a pena como uma espécie de
mixtum compositum, pois é retributiva, por sua própria natureza, devendo tender, na
sua execução, a recuperação social do delinqüente. Estudos vêm provando, ao
longo dos anos, que a prisão não recupera, mas embrutece e avilta o homem. A
prisão atinge o homem em sua integridade física e moral. O autor Marc Ancel (apud
Lins e Silva, 1991, p. 36) diz que: “ela leva à submissão passiva ou, ao contrario, ao
estado de revolta que se traduz por uma agressividade crescente e pelo recurso à
violência, de que as sublevações penitenciarias são as expressões”.
A prisão tem funcionado como uma ‘universidade do crime’. Nela se
desenvolvem hábitos peculiares; elaboram atitudes e comportamentos; fomenta-se o
desprezo à pessoa humana, e se incrementa o ódio e a violência. Não é de hoje que
se alerta para o fato de que a própria prisão vem operando como um fator
criminógeno, visto que tem estimulado a reincidência. E não podia ser diferente,
porque o que se estabelece é um ciclo vicioso, pois o delinqüente ao ingressar na
prisão se depara com toda espécie de criminoso.
Aumenta-se a população carcerária. Em casos extremos, chega-se ao
problema da superlotação. A convivência gera a intimidade. Com freqüência surgem
problemas de rebeliões internas na disputa do poder, que resultam, não raro, em
31
mortes. Surgem também problemas de homossexualismo, com os riscos da vida
AIDS, e epidemias.
Ao sair da prisão, o egresso carrega consigo o estigma da cadeia e passa a
sofrer a discriminação. O desemprego é uma conseqüência quase que inevitável.
Diante da necessidade, ao ex-detento só resta uma solução: incorporar-se ao crime
organizado, dentro do qual aprimora as técnicas assimiladas na prisão.
Bem a propósito dos problemas da prisão, a Exposição de Motivos da Lei de
Execução Penal (Lei n°. 7.210 de 11 de julho de 2009), interpretada pelo autor
DOTTI, diz que:
Grande parte da população carcerária está confinada em cadeias publicas, presídios, casas de detenção e estabelecimentos analógicos, onde prisioneiros de alta periculosidade, convivem em celas superlotadas com criminosos ocasionais de escassa ou nenhuma periculosidade, e pacientes de imposição penal prévia (presos provisórios aguardando julgamento), para quem é um mito,no caso, a presunção de inocência. Nestes ambientes de estufa, a ociosidade é a regra; a intimidade inevitável e profunda. A deterioração do caráter resultante da influência corrupta da subcultura criminal, o hábito da ociosidade, a alienação mental, a perda paulatina da aptidão para o trabalho, o comprometimento da saúde, são conseqüências desse tipo de confinamento promiscuo (...).
É uma ilusão, portanto, pensar que quanto mais rígido for o sistema
prisional, mais fácil será o combate à criminalidade. O importante é trabalhar na
eliminação de causas do crime. No tocante a pena de prisão, a concepção mais
moderna é no sentido de abolir ao Maximo, reduzindo-a aos reconhecidamente
perigosos. E mesmo nesse caso, deve-se buscar o aprimoramento dos
estabelecimentos prisionais, tornando-se, tanto quanto possível, mais humanos, com
instalações mais dignas que permitam o melhor encarceramento, sem macular a
integridade física e moral do detento; e com atividades e assistências que
proporcionem o crescimento e a valorização do preso como pessoa humana.
Vale ressaltar, que esse engrandecimento do preso deve começar, a partir
dele próprio. Daí a importância dos programas de assistência penitenciária, e
também pós-penitenciária em um esforço de tratar o delinqüente dentro e fora da
prisão, facilitando inclusive, a sua reintegração na família. A respeito dos
tratamentos oferecidos aos detentos, bem como as criticas que a eles são feitas,
serão tratadas no ponto seguinte.
33
3.1 Generalidades
É ponto pacífico na moderna Criminologia, a necessidade de tratar o
delinqüente, a fim de recuperá-lo. Já não subsiste a crença no poder regenerativo
das duras penas. Ao invés de punir severamente, o mais correto será descobrir as
causas do fenômeno da delinqüência e tentar erradicá-las.
Essas causas da delinqüência, ou da criminalidade residem, como informado
anteriormente, em fatores endógenos e exógenos. Há, portanto, que se
empreenderem esforços no sentido de eliminá-las, ou nos casos mais difíceis, que
demandem uma ação em longo prazo, seja a mesma desenvolvida de forma a
permitir se exerça um maior controle sobre aquelas causas.
Guiada pelos propósitos de controle e recuperação, a ciência criminológica
sugere o tratamento para o delinqüente, mas o que vem se constatando, atualmente,
é uma gradativa descrença dessa ideologia. O repúdio de alguns autores à ideologia
de tratamentos tem como fundamento a pouca importância que se dá aos
programas de reforma social. Ora, se a causa do crime reside em fatores internos e
externos, é evidente que o tratamento não deve se restringir apenas ao delinqüente,
aos moldes da antiga Criminologia Clínica.
Há que se abandonar essa visão unilateral, pois é pura ilusão pretender
reformar o delinqüente, ou como diz o Professor René Ariel Dotti (1991, p. 23):
“operar uma metamorfose de sua personalidade, ignorando o meio em que vive”. O
tratamento inter-muros, restrito ao delinqüente, não o habilita a reintegrar-se
socialmente, reabilitando-o, a fim de melhor receberem o ex-detento. É sabido que
as causas da delinqüência podem residir, por vezes, muito mais na sociedade do
que propriamente no delinqüente.
O tratamento, portanto, tem o seu valor. Não deve ter o seu grau de
importância diminuído. Se há a ser mudado, não é o propósito do tratamento; que
em última analise é louvável, mas sim, a forma como será realizado e os métodos a
serem empregados, pois a só relevância dos problemas patológicos dos
delinqüentes, à luz do entendimento antes dominante, aproxima o tratamento dos
regimes de execução, de feição autoritária, os quais pela experiência que nos
mostra a História não devem, por motivo algum, ser resgatado.
34
O Poder Público, a sociedade, enfim, o Sistema Social como um todo deve
comprometer-se com o tratamento e a recuperação do delinqüente. Não basta tratá-
lo na prisão; e muito menos tratar a prisão. Diversos países vêm gastando vultosas
somas com aperfeiçoamento dos estabelecimentos prisionais (o que não tem
diminuído a criminalidade), embora se saiba, o quão importante é oferecer
condições dignas de encarceramento.
Ressalta-se também, que o êxito do tratamento dependerá de como ele for
aplicado. Hoje, já não se deve tratar o preso indiferentemente, como se objeto fosse.
No tratamento, o delinqüente tem que ser respeitado, sendo-lhe atribuída à condição
de sujeito, pois o tratamento será inócuo se prescindir de sua participação. O
engajamento simultâneo do sistema como um todo, e do delinqüente, é
moderadamente a arma mais eficaz para sua recuperação e reintegração social.
Deve-se permitir a abertura de um canal de comunicação e interação, entre a vida
dentro e fora da prisão, de modo que antes de se incompatibilizar, a vida na prisão
deve se identificar com a vida em sociedade, e da mesma forma, a sociedade deve
e identificar com a prisão.
Nos itens seguintes, serão abordados alguns métodos de tratamento, como
também as formas diferentes de tratar, a depender do regime prisional em que se
encontre.
3.2 Do Exame Criminológico e da Periculosidade
O exame criminológico consistia na essência do tratamento de recuperação
do delinqüente, uma vez que através dele buscava-se estudar a periculosidade do
indivíduo e indicar o tratamento adequado à sua recuperação.
Assim, a legislação penal pátria, trazia o exame criminológico nos artigos
5°ao 8°, artigo 96 a 98 e artigo 112 pela Lei de Execuções Penais, bem como, nos
artigos 34 e 35 do Código Penal Brasileiro, qual seja:
Art. 5° - Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Art. 6° - A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador e acompanhará a execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direito, devendo propor, à
35
autoridade competente, as progressões e regressões dos regimes, bem como a conversões. Art. 7° - A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo Diretor e composta, no mínimo,por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social, quando se tratar de condenando à pena privativa de liberdade. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do Serviço Social. Art. 8° - O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminiológico para obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que se trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto. Art. 34. O condenado será submetido, no inicio do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização de execução. § 1° O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. § 2° O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. § 3° O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. § 1° O condenado fica sujeito ao trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. § 2° O trabalho externo é admissível, bem com a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais e o criminiológico, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação. Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas novas pesquisas criminológicas. Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade autônoma ou em anexo e estabelecimento penal. Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação. Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime rigoroso a ser determinada pelo juiz quando o preso tiver cumprindo ao menos um sexto da no regime anterior e seu mérito indicar a progressão. Parágrafo único. A decisão será motivada e precedida de parecer da Comissão técnica de Classificação e do exame criminológico quando necessário.
Observa-se que alguns artigos foram modificados pela Lei nº 10.792, de
01.12.2003, como segue abaixo:
Art. 6º. A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. (NR) (Redação dada ao artigo pela Lei nº 10.792, de 01.12.2003, DOU 02.12.2003) Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado.
36
§ 1º Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. (Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº 10.792, de 01.12.2003, DOU 02.12.2003) § 2º Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. (NR) (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 10.792, de 01.12.2003, DOU 02.12.2003) Art. 35. Os órgãos da administração direta ou indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomendável realizar-se a venda a particulares. Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal.
É importante destacar, o caráter obrigatório do exame criminológico, que
existia na antiga roupagem do art. 112 da LEP (abaixo se encontra nova descrição
desse artigo), caso em que o mesmo se mostrava obrigatório para os que cumpriam
pena em regime fechado, e facultativo para os que são submetidos ao regime semi-
aberto. O Código silencia quanto à realização do exame no regime aberto, e em
meio livre.
Ademais, o exame criminiológico tem a função meramente informativa, no
tocante à personalidade do delinqüente e ao tratamento mais adequado a sua
recuperação, não lhe competindo a prova de culpabilidade do agente.
Como se observou na legislação supra, havia margem para discussão sobre
obrigatoriedade do referido exame em face da Lei Federal nº 10.792, de 01.12.2003,
que deu nova roupagem a alguns artigos, tendo-se por destaque, o art. 112 da LEP,
que ficou com a seguinte redação:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
Portanto, em face dessa roupagem dada ao artigo 112 em apreço, poder-se-
ia compreender que o legislador teria retirado a obrigatoriedade do exame
criminológico, por ocasião da progressão de regime.
Dirimindo a celeuma entre os doutrinadores que pugnavam ou não pela
obrigatoriedade do exame, se pronunciam os Tribunais brasileiros no sentido de
37
entender pela sua feitura, caso o juiz ache relevante. Nesse sentido observa-se a
jurisprudência abaixo:
105085744 – HABEAS CORPUS – PROCESSUAL PENAL – ELABORAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO PARA FINS DE PROGRESSÃO – POSSIBILIDADE – PRECEDENTES – ORDEM INDEFERIDA – 1- Conforme entendimento firmado neste Supremo Tribunal, não há ilegalidade na exigência e consideração do exame criminológico como elemento de avaliação dos requisitos subjetivos necessários para o eventual deferimento - Ou não- Da progressão de regime prisional. 2- Ordem indeferida. (STF – HC 94.425-6 – Relª Min. Cármen Lúcia – DJe 08.08.2008 –
Assim, pode o Juiz, caso ache necessário concretizar seu convencimento,
acerca da progressão, determinar a realização desse exame, como se observa na
jurisprudência.
20000013357 JLEP.112 JCP.121 JCP.121.2.III – “RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS – EXECUÇÃO PENAL – RÉU CONDENADO À PENA DE 12 ANOS E 4 MESES DE RECLUSÃO, EM REGIME INICIALMENTE FECHADO – HOMICÍDIO QUALIFICADO – PEDIDO DE PROGRESSÃO PARA O REGIME SEMI-ABERTO INDEFERIDO PELO JUIZ DA VEC E PELO TRIBUNAL A QUO – NÃO-PREENCHIMENTO DO REQUISITO SUBJETIVO – EXIGÊNCIA DE EXAME CRIMINOLÓGICO – POSSIBILIDADE – PRECEDENTES – RECURSO IMPROVIDO – 1. A nova redação dada pela Lei 10.792/03 ao art. 112 da LEP, tornou prescindível a realização de exames periciais antes exigidos para a concessão da progressão de regime prisional, cabendo ao Juízo da Execução a ponderação casuística sobre a necessidade ou não de adoção de tais medidas. 2. Apesar de ter sido retirada do texto legal a exigência expressa de realização do referido exame, a legislação de regência não impede que, diante do caso concreto, o juiz possa se valer desse instrumento para formar a sua convicção, como forma de justificar sua decisão sobre o pedido. Precedentes. 3. In casu, consoante a decisão hostilizada, o exame criminológico, já realizado, concluiu ser o sentenciado pessoa altamente agressiva e impulsiva, além de imaturo e inseguro emocionalmente, de modo que não demonstrou sua capacidade de ser colocado em regime menos gravoso, dotado de maior contato com a sociedade. 4. Recurso improvido, em conformidade com o parecer ministerial”. (STJ – RHC 22.586 – (2007.0279701-8) – 5ª T. – Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho – DJ 28.04.2008)
De idêntica forma:
1163885717 JLEP.112 – HABEAS CORPUS – EXECUÇÃO PENAL – PROGRESSÃO DE REGIME – REQUISITO OBJETIVO – ART. 112 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 11.464/07 – APLICAÇÃO RETROATIVA – LEI PENAL MAIS GRAVOSA – IMPOSSIBILIDADE – REQUISITO SUBJETIVO – AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CONCRETOS – DETERMINAÇÃO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM DA REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO – POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO QUANDO AS PECULIARIDADES DA CAUSA ASSIM O RECOMENDAREM – 1- A
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exigência do cumprimento de 2/5 (dois quintos) ou de 3/5 (três quintos) da pena imposta, como requisito objetivo para a progressão de regime aos condenados por crimes hediondos, trazida pela lei nº 11.464/07, por ser evidentemente mais gravosa, não pode retroagir para prejudicar o réu. 2- O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados, praticados antes da entrada em vigor da lei nº 11.464/07, é aquele previsto no art. 112 da lei de Execução Penal. 3- O art. 112 da lei de Execução Penal, com sua nova redação, dada pela lei nº 10.792/93, dispõe ser necessário, para a concessão da progressão de regime, apenas o preenchimento cumulativo dos requisitos objetivo - Tiver cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior- E subjetivo- Ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento -, sem tratar sobre a necessidade do exame criminológico. 4- Contudo, a realização do referido exame pode perfeitamente ser solicitado, quando as peculiaridades da causa assim o recomendarem, como aconteceu na hipótese em apreço, em que se aferiu, no prontuário do ora Paciente, o registro de várias fugas e cometimento de novos crimes. 5- Ordem parcialmente concedida a fim de que seja adotado como requisito objetivo para a progressão de regime prisional o previsto no art. 112 da lei de Execução Penal. (STJ – HC 111.150 – (2008/0157102-1) – 5ª T. – Relª Laurita Vaz – DJe 17.11.2008 – p. 1244)
Os Tribunais compreendem tal qual verificado acima, que o Juiz pode fazer
uso desse exame, para melhor compreender o caso a ser julgado, até porque, como
já observa Albergaria (1988, p. 34) que: “o exame criminológico não tem por objetivo
provar a culpabilidade, mas estudar a personalidade do delinqüente para a
individualização da pessoa na fase processual a na fase da execução penal”.
O exame criminológico estuda a personalidade do delinqüente de forma
multidisciplinar, daí porque o diagnóstico será fruto de uma série de conhecimentos
e métodos científicos, distintos interligados, que revelarão aspectos morfológicos,
funcionais e psíquicos de sua personalidade.
Portanto, o exame criminológico, como observa Gomes (2007, p.1):
(...) no HC 86.631 a Primeira Turma do STF (rel. Min. Ricardo Lewandowski) deixou registrado que esse exame não foi abolido do sistema jurídico brasileiro (por força do art. 33, § 2º, do CP e art. 8º da LEP). De qualquer modo, ele é facultativo (não obrigatório). Referido exame, como se sabe, achava-se contemplado no art. 112 da LEP. Deixou de sê-lo em virtude da Lei 10.792/2003. Muito se discutiu sobre o seu desaparecimento (ou não). No HC acima referido a Primeira Turma do STF orientou-se no sentido da sua subsistência, em razão do Código Penal (art. 33, § 2º), que exige, no momento da progressão, a aferição do “mérito do preso”. Esse mérito pode implicar a elaboração do exame criminológico, caso o juiz entenda necessário. Não se trata de uma exigência geral e irrestrita, isto é, depende de cada caso (do crime, do tempo da condenação, do comportamento do preso, sua personalidade etc.).
O programa de tratamento indicado pelo exame criminológico variará a
depender do grau de periculosidade do delinqüente. É importante destacar, que há
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diversas críticas que são feitas a esse exame. No entanto, há autores que
questionam a validade do conceito do exame criminológico, e segundo eles, para
bem aplicar a pena, o juiz deve se guiar por critérios objetivos, e não subjetivos
correspondentes à valoração das condições mentais do condenado, e à
periculosidade. Com isso, surge também uma crise em torno do conceito de
periculosidade, pois aponta os mesmos autores a imprecisão da perícia da
periculosidade envolvendo problemas teóricos, práticos, técnicos e éticos. Acusam
não haver correspondência direta e constante (segura, portanto), entre doença
mental e periculosidade ou entre as síndromes psicopatológicas, e estado perigoso,
ambigüidade de termos e definições, ausência de linguagem comum; a problemática
previsão da periculosidade, a existência de índices seguros da reincidência ou
precisão da periculosidade; falta de um consenso comum entre várias correntes da
Criminologia, etc.
Para a moderna Criminologia, não há como ignorar a influência que o meio
exerce sobre a pessoa, especialmente quando incide sobre distúrbios pessoais, de
forma que, quanto maior a relação ou correspondência entre personalidade do
agente e o fato delituoso, maior será a sua periculosidade.
De fato, como já assinalado, o exame criminológico tem natureza
multidisciplinar e não restringe apenas ao estudo da personalidade sob um enfoque
clínico, mas também social. O exame vai além das hipóteses da doença mental e
das anomalias, pois compreende uma gama de fatores circulares. Sua ótica é global
e não individual.
Dessa forma não é lógico que deva ser atribuído um grau de menos
importância a esse exame, e ressalta-se mais uma vez que o fim do exame não é
apurar a responsabilidade e apontar a culpabilidade do delinqüente, mas tão
somente estudar as causas pessoais que possivelmente motivaram a prática do
crime, e apontar as medidas adequadas a sua recuperação.
O exame criminológico abrange exames clínicos e psicológicos, esses
últimos, com emprego de testes de inteligência, personalidade e orientação
profissional. Segundo o autor Jason Albergaria (1988, p. 45) o exame criminológico
realizado no Centro de Frenes, na França, pela equipe interdisciplinar obedece à
seguinte tramitação:
Contato do delinqüente com o educador, assistente social ou capelão;
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Entrevista com o clinico geral para realização do exame biossomático; Realização dos exames psicológicos, psicotécnicos e psiquiátricos; Conclusão de um dossiê elaborado pelo Diretor do Centro, propondo a colocação do interno no estabelecimento apropriado. Esse dossiê será submetido a uma comissão que, segundo Albergaria, assemelha-se à Comissão Técnica de Classificação prevista na Lei de Execução Penal.Art. 7° - A Comissão Técnica de Classificação, existente m cada estabelecimento, será presidida pelo Diretor e composta, no mínimo,por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social, quando se tratar de condenando à pena privativa de liberdade. Art. 9°. A Comissão no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo,poderá: I – entrevistar pessoas; II – requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado; III – realizar diligências e exames necessários.
Assim, depreende-se que tal espécie de exame não foi abolido, ao contrário,
demonstra que em alguns casos se mostra mais que oportuno, e de suma
importância, a realização do exame criminológico, especialmente face à tendência
da criminologia mais moderna que busca estudar o criminoso, perquirindo as causas
internas e externas de sua conduta anti-social, visando com isso, submetê-lo a um
tratamento mais adequado possível, para não agravar, ainda mais, as suas
deficiências, sejam elas de natureza patológica ou psicológica. Nesse sentido, o
conceito de periculosidade não pode ser olvidado, mas pelo contrário, deve servir de
referencial no correto tratamento ao criminoso, na existência de outro indicador mais
seguro.
É bem verdade, que este conceito possa revelar um tanto impreciso, mas
para que isso seja evitado é mister que as autoridades responsáveis pela realização
do exame se empenhem ao máximo, cientes de que a periculosidade deve ser
entendida, ou como característica pessoal do indivíduo, ou como inadaptabilidade
social, revelada por uma gama de fatores endógenos e exógenos, e,
especificamente pela prática do crime.
Tudo isso com o intuito de tratar e não de simplesmente rotular, pois
inaceitável seria um retrocesso à teoria de Ferri, para o qual existiria uma
periculosidade pré-delitual, e outra pós-delituosa; residindo as causas do delito única
e exclusivamente nas características pessoais do delinqüente. O conceito de
periculosidade pode até parecer inconsistente cientificamente e/ou inidôneo, no
tratamento do delinqüente (como asseguram alguns), porém, à falta de ouro
indicador notadamente mais seguro, é lógico que a pena deve ser aplicada conforme
esse conceito, devidamente comprovada, caso a caso.
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Isso ocorre, pois a natureza da LEP não se restringe a observar a
condenação do réu de forma taxativa, mas,
A execução penal não se restringe ao direito penitenciário, atinente à execução das penas e das medidas de segurança, mas é integrada por outros ramos do direito como o penal, o processual penal e o administrativo. Sob o aspecto penal e processual penal, abrange a relação entre sanção e o ius puniendi, dispondo sobre a individualização da pena, os regimes de cumprimento, o livramento condicional e outros institutos. Sob o aspecto administrativo, abarca tudo que se refere a expiação da pena, como atribuição de trabalho, alimentação, faltas disciplinares, etc. (PRADO, 1999, p. 119-120)
Assim, caso o Juiz entenda necessário, e sob o comando da LEP, é
importante dedicar ao exame muita seriedade e profissionalismo, sempre tendo em
mente o fato de que são seres humanos que são analisados e que um tratamento
eficaz de recuperação poderá significar uma vida nova para aqueles pacientes. Por
isso, entende-se que o exame criminológico pode, conforme o caso, ser totalmente
viável, e que se há algo a ser evitado é a rotulação irresponsável e
descompromissada com a recuperação do delinqüente, por isso só contribuiria para
agravar ainda mais uma situação de revolta e de desajuste social.
3.3 Do Programa do tratamento
O programa de tratamento, obedecendo à melhor teoria criminológica
moderna, que busca trabalhar não só o delinqüente, mas também a sociedade,
visando diminuir o hiato entre a vida na prisão e fora dela, facilitando a reintegração
social do delinqüente, envolvendo atividades bastante diversificadas, mas cujo fim
lhes é comum: a recuperação do delinqüente.
O tratamento, de cunho assistencial, deve se caracterizar pelos fins utilitários
e humanamente possíveis que visam promover, mediante métodos e técnicas
adequadas, a recuperação do delinqüente (na luta contra reincidência), bem como a
sua reintegração social, acompanhada de um programa de orientação. A
recuperação almejada não deve ser entendida, jamais, como tentativa de
manipulação da pessoa humana, procedimento típico dos regimes totalitários, mas
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inimaginável na atualidade, haja vista os fins do tratamento já atingidos, reflexo da
moderna consciência em torno dos direitos humanos.
Na seqüência do tratamento, o programa pode ser formulado e
individualizado, a partir das conclusões do exame criminológico, que apontará as
possíveis causas da inadaptação social (revelada pela pratica de ato delituoso –
atípico, ilícito), bem como as medidas de reintegração sugeridas.
Por assentar-se nas conclusões do exame criminológico, o programa de
tratamento, assim como o exame, terá natureza multidisciplinar, e envolverá serviços
das seguintes ordens: médico-biológica, psicológica, psiquiátrica, pedagógica
(instrução geral e formação profissional), assistencial, terapêutica e sociológica.
Na aplicação do tratamento serão considerados fatores pessoais e legais;
referindo-se os primeiros à personalidade do delinqüente (exemplo disso é a
aplicação aos inimputáveis e semi-imputáveis das medidas de segurança), e os
últimos à gravidade da infração cometida, a luz da legislação penal.
Já se verificou no presente trabalho, quanto a característica de
progressividade do regime das penas privativas de liberdade. Essa progressividade
corresponde às modalidades de tratamento prisional. As fases gradativas de
evolução dos regimes (do fechado, passando pelo semi-aberto, até o aberto)
correspondem às modalidades do tratamento criminológico, e objetivam recuperar o
delinqüente e prepará-lo em seu processo de reintegração social. Daí porque não
basta acompanhar a evolução do delinqüente enquanto tiver cumprindo a pena,
período o qual estará sob constante observação. É necessário que esta assistência
estenda-se à fase pós-penitenciaria, quando o egresso estaria enfrentando os
preconceitos em sua família e nos demais grupos sociais dos quais venha a
participar.
Inegavelmente, as fases de progressão buscam em si, reduzir ao máximo a
pena de prisão àqueles considerados mais perigosos. Nesse sentido, norteiam-se
pela preparação do livramento condicional, suspensão condicional da pena até a
definitiva liberação do delinqüente.
O sistema gradativo da pena traz em si o ideal de moderna concepção
criminológica, que busca reduzir ao máximo, a duração da pena de prisão, a fim de
evitar os danos ao psiquismo e à moral do delinqüente. Este ideal é resultante dos
estudos da Criminologia moderna, que aponta a revolta do condenado não como
produto único da dosagem da pena imposta, mas também da forma como é
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aplicada, sobrevindo dos freqüentes excessos da pena de reclusão, consistindo em
uma sobrecarga emocional tão intensa, que freqüentemente vem se transformando
em razão de alta passionalidade. E é exatamente sobre a possibilidade de uma
reintegração menos traumática, que trabalha a Criminologia atual. Daí a ênfase que
vem se dando ao sistema progressivo da pena e os tratamentos desenvolvidos nos
regime fechado, semi-aberto e aberto.
3.4 Assistência Pós-Pena
É importante lembrar, que segundo a política criminal moderna, não basta
tratar a assistir ao condenado. É necessário estender a assistência além dos muros
da prisão. Nos regimes semi-aberto e aberto também cabe uma assistência aos
egressos do sistema, pois em verdade, são notórias as seqüências dos meios
prisionais; da mesma forma que, paralelamente, são perceptíveis os preconceitos
sofridos pelo egresso, pois a sociedade, ainda não venceu esse estereótipo, e cria
barreiras a sua reintegração social.
Por essas razões, a assistência pós-penal se faz necessária. A atividade
desenvolve-se em dois planos: um em relação ao egresso e sua família, orientando-
se e assistindo-o em sua reintegração social, facilitando em seu retorno à liberdade,
orientando-o e amparando sua família e concedendo-o, se necessário deve ser
outorgado alojamento e alimentação em estabelecimento adequado, pelo prazo de
dois meses. O outro plano é relativo à sociedade em geral, que deverá ser
preparada para receber o egresso. Assim como registra o autor Albergaria (1988, p.
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A solução do problema do egresso reside na conscientização da co-responsabilidade da sociedade na execução da política penitenciaria, que deve admitir o recluso em seu seio, como cidadão, que vai levar o seu concurso ao enriquecimento do bem comum.
De um modo geral, são co-responsáveis pela reintegração do egresso. O
Welfare State, que tem como fundamento, dentre outros a dignidade da pessoa
humana, e cujo objetivo fundamental é a promoção do bem de todos, sem quaisquer
preconceitos, assim como as suas instituições mais influentes como a Igreja, a
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Empresa, e a Universidade. A integração conjunta desses órgãos da sociedade e do
sistema penal resultará, certamente, numa eficaz assistência pós-penal, visto que o
êxito desta reside na conscientização e na soma de esforços comuns, para a
execução de uma política penitenciária mais justa e prudente.
3.5 Dos Direitos dos Presos
A questão dos direitos dos presos está relacionada, diretamente, à
consciência em torno dos Direitos Humanos. Trata-se em última análise, de uma
consideração em torno da evolução da própria pena, pois vem se aprimorando com
ela.
Realmente, a pena de prisão surgiu em substituição à pena de morte, que
infelizmente, ainda subsiste em alguns países. A princípio, como a prisão associou-
se à retribuição, o preso não tinha direito nenhum. O confinamento sem a garantia
de direitos, e em estado de verdadeiro abandono e sujeição à miséria, era o seu
castigo.
Entretanto, com o desenvolvimento da filosofia da pena, que modernamente
busca tratar e recuperar o delinqüente, fim este alcançado através da evolução do
próprio Estado em sua passagem ao Estado Social de Direito (Estado de Bem-estar,
Walfare State), vem buscando a melhoria das condições carcerárias, na tentativa de
atribuir à pena privativa de liberdade um sentido mais humano. Não garantir direitos
ao preso seria para o Estado negar a condição de ser humano dotado de falibilidade,
e esquivar-se da tarefa de recuperação de delinqüente.
Segundo o autor Marc Ancel apud Albergaria (1988), um dos princípios
básicos da moderna política penitenciaria, consistem em que o regime e a ação
penitenciária devem respeitar os direitos da pessoa do preso. Assim, proclama a
legislação penal vigente, ao dispor que o preso conserve todos os direitos não
atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à
sua integridade física e moral. Idêntico preceito está contido na Constituição Federal
no art. 5°, XLIX.
Também assegura a Lei Penal uma série de direitos ao preso, que vão da
satisfação às necessidades básicas (saúde, alimentação, higiene e lazer), até a
prestação de serviço de ordem social: atribuição do trabalho, remuneração,
previdência social (com a contribuição de pecúlio), formação profissional, entrevista
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pessoal e reservada com advogado, visita do cônjuge, companheiro, parentes e
amigos (visando diminuir as diferenças gritantes entre o mundo, dentro e fora da
prisão, pois há que se reconhecer o efeito degradante que a prisão exerce sobre o
espírito humano). O preso, também tem o direito à assistência material, social e
religiosa. A prestação desses serviços ocorre durante o tratamento que pretende
recuperá-lo de seus vícios e torná-lo apto à reintegração social sem traumas.
Dentro do estabelecimento prisional, quanto ao pessoal administrativo, o
preso tem assegurado os seguintes direitos: audiência especial com diretor do
estabelecimento, representação e petição a qualquer autoridade, chamamento
nominal, igualmente de tratamento (salvo quanto às exigências da individualização
da pena), proteção contra qualquer forma de sensacionalismo.
O confronto desses direitos, com a realidade dos estabelecimentos
penitenciários atuais, leva a crer que não bastam garantias legais, nem tampouco é
suficiente à melhoria das condições de encarceramento das prisões. Nada disso
funcionará bem, senão quando em conjunto. A associação desses fatores, acrescida
à necessidade de humanização das prisões e aprimoramentos dos métodos de
tratamento, que passem a encarar o preso como sujeito de direito, e não como
objeto de manipulação, e, especialmente, no tocante à assistência ao preso, e sua
família, com extensão do tratamento à fase pós-penitenciaria, talvez mostrem novos
caminhos para a concretização dos direitos dos presos.
É possível que só então se verifique, na prática, o respeito à pessoa do
preso e a garantia dos seus direitos, que a legislação desde já procura assegurar.
3.6 Medidas Alternativas à Prisão
Conforme já fora exaustivamente exposto, os estudos criminológicos, atuais,
apontam a falência do sistema prisional.
Como instituição total, o máximo que a prisão consegue é deformar a
personalidade humana. Isso não ocorre à toa, a prisão é intitulada uma ‘universidade
às avessas’, pois nela se diploma o futuro delinqüente. A reincidência é uma
realidade, e já se atribui à prisão o grau do fator criminológico.
Por essas razões, a pena privativa de liberdade, com a condenação à prisão,
deve se restringir àquelas comprovadamente perigosas. À falta de outro meio eficaz,
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deve-se recorrer à pena de prisão, pois é necessário reconhecer que a idéia da
privação da liberdade, no propósito de combater o crime, está arraigada na própria
consciência social.
Não obstante, a evolução social centrada no respeito aos direitos humanos
vem iluminando as legislações penais modernas, na busca dos substitutivos à pena
de prisão, os quais, já se admite, trazer resultados tão ou mais positivos, que a
prisão na busca da recuperação do delinqüente e sua reinserção social.
Algumas medidas já aplicadas, como alternativas à pena de prisão, e outras
vem a ser aplicadas futuramente, como ensina o autor Francolino Neto (1991, p. 23):
Ampliar as formas de suspensão condicional e liberdade condicional; com adoção da probation, que é “um instituto jurídico consistente na suspensão da execução da pena, acompanhada de assistência ao condenado,para auxilia-lo a recuperar-se socialmente, bem como a vigiá-lo”. Segundo Alípio Silveira, a probation “é uma forma de tratamento o criminoso, uma medida de defesa social, e não um simples ato de benevolência... É um regime de tratamento altamente individualizado, em liberdade, dirigido pelo juiz e por um órgão especial; Introduzir formas de execução da pena privativa de liberdade em regime de semi-liberdade; Estender o regime de permissões; Aplicar com maior freqüência, as interdições de direitos, o ressarcimento do dano ocasionado pelo crime, a multa, a prestação de serviços à comunidade, a liberdade vigiada, a prisão albergue; Restringir a prisão provisória aos casos de extrema necessidade, tendo-se sempre a cautela de evitar o contato de presos provisórios com aqueles mais perigosos. A discriminação, ou seja, a retirada das leis penais de infrações que não devam ser mais catalogadas como crime (ex.: adultério, emissão de cheques sem a despenalização, a aplicação de penas substitutivas à de prisão, em casos de pequenas infrações, as quais têm grande efeito social (conforme citação supra); a desjudiciarização, que significa retirar a competência do juízo penal para julgar ações mais cabíveis na esfera civil ou administrativa; Adotar distintas formas de redução penitenciaria, como mérito pelo trabalho desenvolvido na prisão, por formação educacional (instrumento), bom comportamento, etc.; Implementar as prisões com vistas ao tratamento e a recuperação do delinqüente, dotando-as de pessoa especializado e serviços que possam ocupar e atender ao preso (pequenas oficinas mecânicas, carpintarias, bibliotecas, serviço médico-ambulatorial, serviço social, serviço psicológico e jurídico, etc.). Há uma necessidade de humanizar as prisões, de forma a aproximar cada vez mais a vida carcerária da vida livre, mediante o favorecimento dos contatos com a família e desenvolvimento de trabalho e estudo.
Essas medidas, que propõem uma reforma, não estão adstritas aos
estabelecimentos prisionais. São parte da proposta de uma nova política criminal
ampla, que implica a reforma legislativa (pois as leis devem ser mais justas e
condizentes com a realidade social), como também abrange a necessidade do
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reaparelhamento das máquinas judiciárias e policiais do Estado; eis que há uma
inegável necessidade de agilizar o Judiciário para maior celeridade dos processos e
diminuição do índice de corrupção interna. No segundo caso, como medida de apoio
aos órgãos judiciários, visa-se também diminuir o índice de criminalidade, fazendo
do Estado um órgão mais confiável. Nesse campo, deve-se também atentar para a
importância de uma campanha anti-corrupção.
Pelo exposto, resta entender que não basta elencar as medidas substitutivas
à prisão. Sua efetivação é que resultará eficaz. E, para tanto, há que se somar
esforços, não bastando incumbir o Estado-Governo, isoladamente, de fazê-las.
É preciso contar com o apoio da comunidade, afinal, de nada adiantará
trabalhar na recuperação do preso, se ao sair da prisão a sociedade não lhe oferece
oportunidades. Infelizmente quase sempre isso ocorre, o que obriga o egresso a
conseguir por meios ilícitos, o que conseguiu licitamente. O seu retorno à sociedade
é inevitável.
A participação da comunidade no tratamento do preso é de tamanha
importância, que literalmente dispõe a Lei de Execução Penal, em seu art. 4°: “O
Estado deverá recorrer à comunidade nas atividades de execução da pena e da
medida de segurança”.
Na realidade, é necessário fomentar o aumento da aplicação, sempre que
possível, de penas restritivas de direitos, atentando, que as penas não carcerárias
não perdem sua natureza punitiva, de modo que o grau de severidade deve refletir o
grau de censura atribuída à conduta ilícita do indivíduo. Portanto, torna-se elementar
a realização de pesquisas científicas que fixem os necessários critérios de
proporcionalidade entre a culpabilidade do indivíduo e a pena criminal imposta,
ainda que distinta da prisão, a serem utilizados não somente pelos operadores da
justiça criminal, mas ainda pelos técnicos e responsáveis pela execução das penas.
A pena precisa ser efetiva, contudo é relevante que a mesma possa ser
tolerada com dignidade pelo ser humano, pois muito embora, os líderes
governamentais se esqueçam, as penas são cumpridas por seres humanos.
Portanto, esses devem ser capazes a adimplir a pena com dignidade, aflitivamente
como é inevitável, refletindo sobre sua culpa ou protestando por sua inocência.
Entretanto, na categoria de pessoas, e não de escravos. O indivíduo pode agüentar
a privação de muitos bens e liberdades com dignidade. Contudo é difícil manter-se
digno ao se estar exposto a penas ditas por cruéis ou humilhantes.
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Assim, verifica-se a necessidade ética de um paradigma de dignidade a ser
verificado na aplicação e execução da pena, uma vez que, mesmo condenado, o
indivíduo deve ser tratado com pessoa e, assim, não deve ter qualquer tipo de
tratamento alvitante ou indigno. Com respaldo nas teorias comunicativas, a pena
não serve somente como privação de um bem jurídico, mas ainda, vem a ser uma
censura e a desaprovação da comunidade acerca da conduta do agente, para que
este pense e reavalie suas ações, portanto, levando em conta tal aspecto, a
superviniência de humilhação e/ ou vexame perante a comunidade terão o efeito
oposto ao desejado nele e na comunidade (AZEVEDO, 2007).
Portanto, a tendência do sistema penal deve ser orientada a um maior
controle social, norteada pela redistribuição do poder de punir, acrescendo sua
incidência, desenvolvendo sua eficácia e diminuindo seu custo econômico e político,
com intensas implicações no sistema penal, e fomento da sua função de controle
social, trazendo por efeito a visão de Michel Foucautl (2003) de fazer do castigo e da
coerção uma função regular, coextensiva a sociedade; não castigar menos, mas
reabilitar melhor; punir quem sabe com uma severidade atenuada, mas penitenciar
com mais universalidade e precisão; inserir mais profundamente no corpo social o
poder de punir.
A esse respeito observa Azevedo (2007, p. 188):
(...) a questão principal que deve ser considerada nessa tendência de política criminal de utilização cada vez maior de alternativas à prisão é a consciência de que não representam uma diminuição ou modificação do sistema criminal, antes um aumento de sua incidência, pois, ao invés de excluir ou diferenciar o tratamento dado às populações tradicionalmente desviantes, estas continuam a ser tradicionalmente processadas, e as novas populações são colhidas pela máquina punitiva; ao invés de os indivíduos ficarem a salvo do sistema de justiça criminal, são atingidos por ele, com todas as conseqüências do etiquetamento e exclusão social que decorre desta incidência.
Dessa forma, mediante políticas fundadas em substitutivos penais,
harmonizadas com os princípios constitucionais, possibilita-se a capacidade de se
atingir um efetivo combate às injustiças, sem ser necessário fazer uso da
constituição de mais presídios, primando-se pela utilização de uma política concreta
de intervenção estatal, com fins em uma maior dignidade aos presos e cumpridores
de penas alternativas, com escopo de puni-los sempre com o imperativo maior de
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reeducar e ressocializar o infrator, no sentido de promover seu ingresso normal ao
convívio social.
Logo é imprescindível lidar com o infrator, levando em conta a socialização
do criminoso dentro do presídio, e sua volta ao convívio social. Assim, deve ser a
socialização precisa ser compreendido como o objetivo instituir condições, quando
da execução da pena, para que o infrator possa levar uma vida sem cometer novos
delitos, servindo assim, na prevenção da reincidência.
Por isso, se mostra urgente uma política criminal voltada à criação de penas
substitutivas, nos casos em que são aplicáveis, mediante a socialização voluntária
do recluso, num sentido renovado e mais profundo, alicerçado no conceito de
pertença à comunidade.
O alicerce da execução de pena norteada para o fim de socialização
consolidar-se precisa, realmente, consolidar-se no dever do Estado em oferecer
condições de que seus membros, ainda mais os que necessitam desse apoio,
tenham ou possam ter uma vida honesta.
O trabalho de socialização, realizado pelo Estado, só terá nexo se esse
indiscriminadamente acredita no caráter educativo ao qual deve se submeter o
apenado, lhes garantindo os direitos humanos a que faz jus.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema penitenciário brasileiro encontra-se carente, não atingindo seus
objetivos, sendo necessárias determinadas posturas, preocupadas com o detento. A
reintegração deste traduz a humanização da própria execução penal. Permitindo ao
condenado a segurança pública e a condição de cidadania ativa. É de competência
dos órgãos competentes, reverem os problemas no sistema prisional, para que os
presos se sintam inseridos na sociedade novamente.
As evoluções dos estudos penalógicos vêm desmistificando, inclusive,
crenças em torno da viabilidade da pena de prisão, principalmente porque já não se
admitem mais aqueles excessos, antes tão comuns. Hoje, a consciência em torno
dos direitos humanos e sociais, associada aos problemas estruturais dos
estabelecimentos prisionais (que já não comportam, em muitos casos, a população
carcerária) propõe medidas alternativas à prisão, que se não pode ser totalmente
suprida, por ser uma exigência social deve ser aos reconhecimentos perigosos.
No entanto, é inevitável que o Estado Social de Direito ignore o princípio
fundamental da dignidade da pessoa humana, e não se empenha na busca de uma
qualidade de vida melhor para o cidadão. E a omissão do Estado só revela o
comodismo daqueles que são responsáveis pela condução da sociedade, quando já
não represente uma verdadeira cumplicidade com as precárias condições de vida,
seja em sociedade, seja na prisão.
Desta feita, a observância e o respeito aos direitos humanos fundamentais
são mandamentos constitucionais, e tal é tarefa, sobretudo do Estado,
imprescindível e necessária para a consolidação da cidadania e dignidade da
pessoa humana.
A tarefa do Estado deve estar presente em todos os momentos, em todas as
situações e, especialmente, uma oportunidade muito singular, muito específica, em
que a proteção estatal se faz ainda mais exigível, quando o individuo estiver
cumprindo a pena resultante de uma condenação ou quando estiver preso
provisoriamente.
Assim, embora preso, o indivíduo deve ter respeitada a sua integridade física
e moral, bem como sua dignidade. O conceito e o processo de execução, de modo
algum, podem arranhar a dignidade do homem, garantida contra qualquer ofensa
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física e moral. Lei que contrariasse esse estado, indiscutivelmente deveria ser tida
por inconstitucional.
Apesar de todas as considerações anteriores, a situação carcerária no país
é extremamente grave. As violações aos direitos humanos ocorrem em profusão,
existindo uma profunda e triste discrepância entre os ditames legais, os escritos
doutrinários e a realidade.
O sistema carcerário no Brasil, hoje, está falido. Mudanças radicais nesses
sistemas se fazem urgentes, pois as penitenciárias se transformam em verdadeiras
“usinas de revolta humana”, uma bomba-relógio, que o Judiciário criou no passado a
partir de uma legislação, que hoje não pode mais ser vista como modelo primordial,
para a carceragem no país.
Não sendo novidade, que o sistema penitenciário brasileiro encontra-se em
franca decadência, e não recupera ninguém, ao lado da enorme carência de vagas
nos estabelecimentos já existentes, torna-se de extrema importância o aparecimento
de alternativas novas para solucionar este grave problema social.
Assim, ocorre a necessidade de modernização da arquitetura penitenciaria,
a sua descentralização, com a construção de novas cadeias pelos municípios, ampla
assistência jurídica, melhoria de assistência médica, psicológica e social, ampliação
dos projetos visando o trabalho do preso e a ocupação de sua mente-espírito,
separação entre presos primários e reincidentes, acompanhamento na sua
reintegração à vida social, bem como oferecimento de garantias de seu retorno ao
mercado de trabalho entre outras medidas são algumas boas medidas para
desarmar esta bomba.
É dentro deste contexto que surgiu o fenômeno privatização do sistema
carcerário, hoje em dia, já adotado em diversos países.
Muitos argumentos contrários à privatização dos presídios existem,
entretanto, o que não se pode é desprezar uma real alternativa de solução, ou pelo
menos moderação da atual crise. O sistema prisional brasileiro atingiu o seu limite.
No entanto, o tema só vem à tona quando ocorrem fugas ou rebeliões, caso
contrário os encarcerados permanecem no esquecimento, vivendo, ou melhor,
sobrevivendo em condições desumanas e inaceitáveis. Investir no setor, nem passa
pela cabeça de nossos representantes, o que não é para menos, preso não vota.
Uma coisa é certa, o Estado não poderá resolver sozinho esse problema,
que é do toda a sociedade.
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Assim como aqui fora, lá dentro do sistema carcerário as leis não são
respeitadas, e os Direitos Humanos se mostram como cartilha morta, pois não
cumprem seu papel de fazer valer a lei dentro dos presídios.
Portanto, respondendo a problemática, inicialmente proposta, que indagava
quais seriam os meios adequados a serem utilizados pelo sistema penitenciário
brasileiro, de modo a promover real reintegração e ressocialização do preso junto à
sociedade, responde-se verificando a necessidade de reeducação dos condenados,
aperfeiçoamento de suas habilidades honestas, do ponto de vista social,
constituindo pressupostos para que se tenha baixa reincidência de delinqüência,
para formação de uma sociedade harmônica, que proporcione segurança e paz aos
seus integrantes, respeitando portanto, os ditames dos Direitos Humanos e
Fundamentais.
É imprescindível também, observar a necessidade de um melhor
aproveitamento da mão-de-obra carcerária, de sorte a fazer com que seja afastada
de vez, a ociosidade reinante presídios brasileiros, que pouco ressocializam,
servindo quase sempre como meio de "profissionalização" criminal. O trabalho do
preso é fator de sua valorização pessoal, principalmente, porque através da
remuneração, que é obrigatória, poderá cumprir certas obrigações, o que lhe retira a
pecha de ser inútil para a sociedade, além de facilitar o seu reingresso no meio
social. Logo, se esse trabalho pode gerar um vínculo empregatício, dependerá de
cada caso, sendo certo, porém, que, em regra, não tem esse condão, mas que,
conquanto a LEP disponha em contrário, em certas hipóteses será impossível não
reconhecê-lo.
Além dessas medidas observadas, verifica-se a necessidade de busca de
alternativas à pena de prisão, repensando o antigo modelo punitivo norte-americano,
com o recrudescimento da punição e ampliação do controle social pelo sistema
penal.
É importante destacar ainda, a necessidade de tratamento psicossocial aos
usuários de substâncias entorpecentes ou de álcool, problema esse que deve ser
encarado de frente, pois constitui uma realidade nos presídios brasileiros.
Ao final, conclui-se que o sistema penitenciário brasileiro deve ser revisto e
estudado, a fim de solucionar os problemas de superlotação, abuso sexual, estrutura
física precária, higienização e etc.
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Para o desenvolvimento de trabalhos futuros propõe-se o estudo da real
efetividade ressocializadora das penas restritivas de direitos.
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