simetria nas composicoes de moacir santos
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SIMETRIA NAS COMPOSIES DE MOACIR SANTOS
Lucas Zangirolami Bonetti
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Mestrado em Msica
SIMPOM: Subrea de Linguagem e Estruturao / Teoria da Msica
Resumo: O presente artigo abordou um aspecto composicional pouco comentado na obra de
Moacir Santos, a simetria. Foram analisados alguns exemplos da obra do compositor, com o
intuito de demonstrar na prtica o uso de processos composicionais simtricos em sua msica.
Para fundamentar a hiptese, aspectos extramusicais tambm foram de grande importncia
para o estudo, bem como sua trajetria e seus principais professores. Professores esses que
estiveram intimamente ligados ao movimento Msica Viva, encabeado por H. J.
Koellreutter, que disseminou o estudo do dodecafonismo e serialismo no Brasil a partir dos
anos 1940.
Palavras-chave: Moacir Santos; Composio; Simetria.
Symmetry in Moacir Santos Compositions
Abstract: This article aimed to discuss an aspect very little commented of the compositional
work of Moacir Santos, the symmetry. Some examples of the composer's work was analyzed,
in order to demonstrate the practical use of the symmetrical compositional process in his
music. To substantiate the hypothesis, extramusical aspects were also of great importance for
the study, as well as his history and their major professors. Professors those who were closely
linked to the movement Msica Viva, headed by H. J. Koellreutter, which spread the study of
twelve-tone technique and the serialism in Brazil from the 1940s.
Keywords: Moacir Santos; Composition; Symmetry.
Simetria em Moacir Santos?
Quando pensamos em Moacir Santos (1926-2006) muitas de suas facetas nos vem
cabea. Santos foi saxofonista, apesar de ter tocado muitos outros instrumentos quando
jovem. Tambm atuou como maestro e arranjador na poca das rdios. Lanou discos de
msica instrumental que tambm continham canes. Comps a Coisa no. 5, que foi
regravada inmeras vezes sob o nome de Nan, tornando-se um marco tanto da bossa nova
quanto do samba jazz. Foi compositor para cinema, atuando em filmes que se destacaram no
perodo chamado Cinema Novo e inclusive sendo ghost writer1 de Henri Mancini (1924-
1994). Foi professor de um sem nmero de importantes msicos, tanto no Brasil quanto nos
Estados Unidos, pas que morou desde o final da dcada de 1960.
1 Ghost writer o termo utilizado para nomear um determinado compositor que trabalha para um compositor
principal ou uma empresa, compondo sobre materiais musicais pr-definidos ou no, e seu nome normalmente no listado nos crditos.
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Tendo em vista toda essa trajetria, Moacir Santos considerado um compositor de
destaque da msica brasileira, especialmente por sua africaneidade composicional, podemos
dizer que a sonoridade afro-brasileira permeia praticamente toda sua obra.
Contudo, sentimos que h uma lacuna na bibliografia especializada, Moacir compe,
conscientemente, com um recurso composicional que existe desde antes do renascimento,
flertou com J. S. Bach (16801750) no perodo barroco e que marcou o sculo XX, a simetria.
Nenhum pesquisador ter falado sobre tais tcnicas na msica de Santos tem motivo, isso se
deve principalmente pela fluidez musical que as composies apresentam. Comumente
imaginamos que procedimentos simtricos tenham um certo tipo de sonoridade que no
encontramos na msica de Moacir Santos.
Trataremos, a seguir, os provveis motivos que levaram Moacir a compor utilizando
procedimentos simtricos e alguns exemplos sero analisados.
Koellreutter e outros professores
No incio, Moacir se desenvolveu como msico de maneira mais autodidata,
escutando e tocando muito com os mais variados msicos. Contudo, quando estava com cerca
de vinte e trs anos, Santos comeou a perceber que o caminho por ele almejado era longo e
para isso seria preciso muito estudo formal. O primeiro professor que Moacir procurou, j na
poca que morava no Rio de Janeiro, foi Guerra-Peixe (19241993).
(...) eu tinha verdadeira averso ao estudo. Quando ouvia a palavra diminuto,
Virgem Maria!! Isso era para mim uma palavra muito... muito cientfica... Eu
pensava... diminuto... Ai, meu Deus!!! Aumentado... Tudo isso me soava muito
tecnolgico... Mas a nsia de aprender era grande. Mas essa averso que eu tinha
desde a Paraba at chegar na Rdio Nacional, j um compositor de choros, foi
superada pelo af de estudar. Ento fui casa do maestro. Ele morava na Lapa, e
nessa poca ele estava estudando com o Prof. Koellreutter aquelas coisas
dodecafnicas, e me mostrou aquilo tudo. Logo no primeiro dia de aula eu
perguntei a ele: E eu vou entender dessas coisas, Guerra?. E ele me respondeu: Vai. Logo eu percebi que o Drago no era Drago, e que diminuto e aumentado eram at coisas gostosas (risos gerais), e ento me animei. Tomei tanto gosto em
estudar, que quando o Guerra foi convidado para ir ao Recife, perguntei a ele com
quem deveria continuar meus estudos, e fui para o Koellreutter. (SANTOS apud
DIAS, 2010, p. 6869).
Hans-Joachim Koellreutter (19152005) considerado uma figura emblemtica do
ensino musical no Brasil, Koellreutter chegou em terras brasileiras por volta de 1937 e partir
de ento deu aulas para uma enorme quantidade de msicos brasileiros, sejam eles populares
ou eruditos. Pode-se dizer que sem a vinda desse msico e professor para o Brasil, a trajetria
musical desse pas poderia ser consideravelmente diferente.
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Moacir Santos foi um aluno que se destacou nas aulas de Koellreutter, sendo
chamado para substitu-lo em diversas ocasies. Santos diz ter levado um banho de assuntos
avanados (...), levado inevitavelmente a usar outros condimentos na msica, outras
combinaes de som, estudei tanto que me tornei o assistente de Koellreutter quando ele se
ausentava do Rio. (SANTOS apud DIAS, 2010: 69). Alm disso, Santos tambm estudou
com Claudio Santoro (19191989) e Ernst Krenek (19001991).
Logicamente que Moacir tambm teve professores com outras caractersticas,
Andrea Ernest Dias (1963-) comenta que ele seguiu uma linha de aprendizado
multidisciplinar, estudando simultaneamente com os professores Newton Pdua (o mentor de
Guerra-Peixe), Assis Republicano, Jos Siqueira, Joaquina Campos, Jos Batista Siqueira,
Radams Gnattali e Paulo Silva. (DIAS, 2010, p. 69). O prprio Moacir Santos reconhece
essa sua sede pelo estudo:
Minha natureza : gosto muito de estudar com mais de um professor. Quando estou
ensinando, pois de minha natureza estar bem fundamentado, quando eu disser
uma coisa, bem acertada, pois conheo vrias opinies, fao eliminaes,
comparo pontos de vista, vejo as particularidades, tenho habilidade e aptido para
guiar o aluno, mostro inclusive a minha opinio. (SANTOS apud DIAS, 2010, p.
69 70).
Visto isso, podemos conectar alguns pontos comuns entre os principais professores
de Moacir Santos. Boa parte deles, de certa forma, tiveram ligao o Movimento Msica
Viva2, encabeado por Koellreutter e foram, dentro de suas prxis composicionais,
disseminadores da tcnica dodecafnica3 de composio. Sendo assim, podemos crer que a
utilizao de simetrias e procedimentos composicionais correlatos utilizados por Moacir ao
longo de sua carreira tenha vindo dessa experincia como aluno.
(...) a chave para entender o seu pensamento musical passa necessariamente pela
compreenso e assimilao de determinadas tcnicas imprescindveis fatura dodecafnica em suas composies. No se pode dizer que Moacir Santos tenha sido um compositor dodecafnico, mas possvel perceber elementos da esttica e
organizao schoenberguianas em algumas de suas composies. (DIAS, 2010, p.
99).
2 O movimento Msica Viva, encabeado principalmente por Koellreutter, foi um movimento de grandes
propores do qual a maior parte dos compositores que atuavam na dcada de 1940, especialmente no Rio de
Janeiro, participou ativamente. Para mais informaes, ver: KATER, 2001. 3 O dodecafonismo uma tcnica composicional proposta primeiramente por Arnold Schoemberg (1874-1951).
Alban Berg (1885-1935) e Anton Webern (1983-1945) que formaram, junto de Schoemberg, a Segunda Escola
de Viena, tambm desenvolveram, cada um a sua maneira, suas prprias maneiras de compor utilizando a tcnica
dodecafnica. No Brasil, o Movimento Msica Viva foi o principal responsvel por disseminar o estudo dessa
tcnica composicional. Guerra-Peixe, Ernst Krenek, Claudio Santoro e outros compositores utilizaram tais
processos em parte de suas obras.
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Comentando sobre o lbum Coisas, Dias comenta que (...)
(...) o que conduz a esta reflexo , mais uma vez, a relao direta de Santos com
Guerra-Peixe e Koellreutter e os ensinamentos de ambos sobre composio, em
seus aspectos rtmicos, harmnicos e meldicos. Tendo como mentores esses dois
importantes mestres, alm de Krenek, torna-se plausvel afirmar que Moacir Santos
enxergou nos novos conceitos a oportunidade de criar uma msica popular
erudita que soasse diferente do padro do samba-jazz em voga, j bastante evoludo, como visto anteriormente. (DIAS, 2010, p. 99).
Contudo, vimos que esse pensamento tambm se aplica a fases composicionais
anteriores de Moacir Santos, como por exemplo suas composies da dcada de 19404.
Tambm importante ressaltar que no por acaso que a msica de Moacir apresenta essas
caractersticas, o prprio demonstra conscincia de sua ambio por ser um compositor
moderno e que tivesse uma sonoridade singular:
Procuro dar-lhes carter essencialmente moderno, bem atual: por ora venho me
[ilegvel] as orquestraes modernas, mas espero criar algo absolutamente pessoal
e para isso, estou dando os melhores dos meus esforos. Esforos de quem quer vencer, criar... (SANTOS apud DIAS, 2010, p. 9697).
Anlises
Consideraes iniciais
Os exemplos musicais desse artigo foram retirados, majoritariamente, das
composies presentes no CD e Songbook Choros & Alegria (2005), produzidos por Mrio
Adnet (1957 ) e Z Nogueira (1955 ), sob superviso do prprio Moacir, pouco antes de seu
falecimento. Essa compilao de composies apresenta msicas do incio da carreira de
Moacir, sendo a maioria dos anos 1940. difcil precisar com exatido as datas das
composies, pois muitas delas foram passadas para o papel de memria por Moacir, (...)
que escreveu melodias, harmonias e baixos durante sua estada no Brasil para as gravaes de
Ouro Negro (SUKMAN, 2005, p. 17). Tendo isso em vista, certo que tais composies so
memrias de um compositor j maduro e que inevitavelmente transfere toda essa carga para
as msicas, essas, deixando de pertencer somente dcada de 1940.
Boa parte dessa anlise foi resultado do processo de uma pesquisa anterior feita por
mim. Em minha monografia de graduao, intitulada Processos composicionais em Choros &
Alegria: O desenvolvimento da primeira fase de Moacir Santos, foram analisados diversos
parmetros musicais que constituem na sonoridade do lbum em questo. E a partir da foram
4 Para maiores informaes ver: BONETTI, 2010.
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percebidas diversas passagens onde Moacir compe com a tcnica composicional tratada aqui
com mais rigor, a simetria.
Com as informaes sobre as novas tendncias composicionais agregadas sua tarimba
como arranjador e compositor de trilhas sonoras no campo da indstria musical, Moacir
Santos realizou, em sua prpria obra, uma espcie de acordo entre os cdigos da msica
popular que na maior parte das vezes se serve do tonalismo e do modalismo como principais suportes melo-harmnicos e os da msica atonal e serial, no que diz respeito planificao desse material e utilizao dos choques intervalares. O dilogo entre
sistemas j havia sido exposto, por exemplo, por Alban Berg no Concerto para violino e orquestra com a introduo de trades tonais perfeitas em meio ao material serial (WISNIK, 1989), mas suponho que tal experimentao no tivesse sido feita na msica
popular, at ento, ao menos no Brasil. (DIAS, 2010, p. 112).
Exemplos
A seguir temos um pequeno excerto de Vaidoso, nele podemos encontrar um tipo
de retrogradao, onde as notas localizadas nas extremidades da tessitura de cada perfil
meldico representam um espelho simtrico.
Figura 1. Trecho de Vaidoso: Aproximaes cromticas (c. 00-05).
R Sol Sol R
F Sol F
1 2 3 4 3 2 1
Figura 2. Trecho de Vaidoso: Simetria.
Se analisarmos apenas os pontos de apoio do exemplo abaixo, tambm retirado da
msica Vaidoso, que esto localizadas na cabea do segundo tempo do primeiro compasso
(f), na cabea do primeiro tempo do segundo compasso (l) e na terceira semicolcheia do
primeiro tempo do segundo compasso (f), notamos que elas so as notas estruturais que esto
cadenciando para a nota sib. Contudo, todos os outros graus cromticos conferem grande
leveza e fluncia para a frase musical.
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Figura 3. Trecho de Vaidoso: Gesto cromtico (c. 44-45).
Logo, podemos observar que o exemplo anterior apresenta uma perfeita simetria,
onde os pontos polarizadores so sib-f e f-sib contando com a nota l como eixo central. O
esquema abaixo torna essa simetria mais clara. Outro fator relevante o fato desse trecho
abarcar o total cromtico entre f e sib.
Figura 4. Trecho de Vaidoso: Simetria (c. 44-45).
O exemplo a seguir, trecho de Felipe, um caso bastante peculiar, como se os
nveis de cromatismo harmnico e meldico se contraponteassem obliquamente. Ou seja, a
harmonia segue em movimento cromtico descendente de maneira bastante clara. J a
melodia pode ser considerada como cromtica ascendente, no literalmente no perfil
meldico, mas se observarmos os acidentes ocorrentes veremos que no primeiro compasso do
exemplo, as notas sol, r e d so naturais e no segundo compasso elas aparecem
sustenizadas, conferindo melodia esse carter cromtico ascendente.
Figura 5. Trecho de Felipe: Cromatismo harmnico e meldico (c. 14-16).
Pode-se perceber no exemplo acima uma retrogradao por espelhamento simtrico
de quatro alturas (mi-sol-r-d, d#-r#-sol#-mi). Nesse caso esse espelhamento alterado
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por meio da sustenizao das notas 2, 3 e 4 (ver figura 6). Tambm podemos perceber uma
espcie de melodizao modulante e sem preparao, onde o primeiro compasso do
exemplo pode ser encarado como pertencente ao centro tonal de D maior e o segundo de Mi
maior.
Figura 6. Trechos de Felipe: Simetria (c. 14-16).
Moacir no utiliza recorrentemente nenhum tipo de sobreposio harmnica, porm,
podemos citar um caso pontual que aparece em Paraso, que a utilizao de dois modos
sobrepostos harmonicamente (caracterizando um policorde), aqui mais especificamente D
maior e D menor.
Figura 7. Trecho de Paraso: Policorde (c. 53).
pertinente comentar a simetria implcita abarcada por esse policorde, analisando o
exemplo abaixo se pode perceber a perfeita relao simtrica espelhada entre d-mib-mi-sol.
As ligaduras tracejadas marcam as teras menores e os colchetes as teras maiores, dividindo
igualmente o intervalo de quinta justa.
Figura 8 Trecho de Paraso: Simetria em policorde (c. 53).
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Logo, podemos entender como recorrente o uso pontual, em algumas das
composies de Choros & Alegria, da simetria como estruturao do discurso composicional.
Essa incurso por um pensamento simtrico, aqui trabalhado principalmente como
espelhamentos retrgrados, mostra as caractersticas de um compositor frente do seu meio,
visto o crculo musical no qual ele estava inserido. Dois argumentos slidos que sedimentam
a hiptese de Moacir ter premeditado minuciosamente todas as suas incurses simtricas e
retrgradas so:
1. A msica Ricaom o retrgrado de seu nome, Moacir.
RICAOMOACIR
2. A msica Ricaom est localizada exatamente no centro do set list5 do disco Choros
& Alegria, separando as sete primeiras msicas das sete ltimas, funcionando como
um eixo de simetria.
Figura 9 Tabela: simetria na disposio das msicas
Outro caso similar ao de Ricaom o da msica Stanats, composio de Moacir
Santos que no foi gravada em nenhum de seus discos. Ela foi gravada, at o presente
momento por Sizo Machado (1954-), no disco Quinto Elemento (2001); Nailor Proveta
Azavedo (1961-), no disco Brasileiro Saxofone (2009) e pelo Projeto Coisa Fina6, no disco
Homenagem ao Maestro Moacir Santos (2010). A composio em si uma homenagem ao
saxofonista Stan Getz (1927-1991) e podemos perceber no nome da composio o jogo de
simetria por espelhamento, sendo a letra N o eixo de simetria:
5 Moacir estava vivo e de certa maneira participou do processo de confeco do Cancioneiro de do CD Choros &
Alegria, podendo assim opinar sobre a ordem de publicao das msicas. 6 O Projeto Coisa Fina um grupo que iniciou suas atividades com o intuito de homenagear o maestro Moacir
Santos, divulgando sua obra atravs de uma instrumentao similar aquela utilizada por Santos em diversos dos
seus trabalhos.
Agora eu
sei
Outra
Coisa
Paraso Vaidoso Flores Saudades
de Jacques
Cleonix
Ricaom
De Bahia
ao Cear
Exerto
n. 1
Lemurianos Rota Samba di
Amante
Carrossel Felipe
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STANATS
Consideraes finais
intrigante pensar que Moacir estava, desde as suas primeiras composies,
utilizando procedimentos simtricos, que at ento eram mais predominantemente utilizados
na msica europeia, em especial a de vanguarda. Conclui-se, portanto, com esta anlise que
apesar de ter tido uma infncia muito humilde e sem acesso imediato a cultura e educao,
Moacir sempre foi atrs da informao musical sem preconceitos. Caracterstica essa que veio
aflorar cada vez mais ao longo de sua vida. Moacir Santos tinha um talento inato e uma
capacidade de criao natural e intensa que acabou gerando a necessidade de adquirir
conhecimentos por meio do estudo formal para sedimentar teoricamente o que ele j realizava
intuitivamente. Sendo esta base cultural o alicerce para que ele pudesse ir alm.
Na obra do Maestro, o primitivo encontra o futuro. O ontem, o amanh. No se
pode perder nada que nasce dessa mente privilegiada, desse ser to amado, dessa
pureza sem limites, acertadamente resumida pelo nosso poetinha [Vinicius de
Moraes]: no s um s, s tantos. (MELO, 2005, p. 14).
Referncias
BONETTI, Lucas. Processos composicionais em Choros & Alegria: O desenvolvimento da
primeira fase de Moacir Santos. Monografia. So Paulo: FASM, 2010.
DIAS, Andrea Ernest. Mais coisassobre Moacir Santos, ou os caminhos de um msico brasileiro. Tese de Doutorado. Bahia: UFBA, 2010.
KATER, Carlos. Msica Viva e H. J. Koellreutter: movimentos em direo modernidade.
So Paulo: Musa & Atravez, 2001.
MELO, Zuza de Homem. In: Cancioneiro Moacir Santos, COISAS. Rio de Janeiro: Jobim
Music, 2005. p. 13.
SUKMAN, Hugo. In: Cancioneiro Moacir Santos, COISAS. R Jan.: Jobim Music, 2005. p.
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