seu bebé: pedreiro e construtor de histórias

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Pedreiro desde o início dos trabalhos no território com cisternas conta sua história.

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Do deserto nascem algumas bonitezas, no caso, esse deserto fica em Itapipoca, comunidade de Seu Bebé, pedreiro de cisterna mais conhecido da redondeza. Sorridente, José Graciliano e sua esposa Fernanda Linhares recebem a todos sempre com música alta e o quintal é a morada pro bate papo, cadeiras logo se espalham próximo à cisterna, enquanto as galinhas passeiam entre as pernas da gente.

Bebé exibe orgulhoso seu certificado, ele faz parte da primeira turma que recebeu a capacitação de pedreiros para construção das cisternas, isso há mais de 10 anos. “Quando cheguei por aqui me associei à associação de moradores do Deserto e o presidente me chamou pra fazer um curso de pedreiro que aconteceu em Itapipoca”. Bebé conta que no começo o pessoal não entendeu muito bem como construía aquilo, mas ele conseguiu captar os detalhes e logo foi se dispondo a construir. “O pessoal disse que não tinha entendido muito bem não (risos), mas eu entendi, daí comecei a trabalhar, naquela época eram poucas cisternas e poucos pedreiros”.

Pedreiro e Construtor de Histórias

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Itapipoca - Ceará

Seu Bebé:

Nº 2075

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará

Bebé e Fernanda são de Santana do Acaraú, município da microrregião de Sobral, banhada pelo Rio Acaraú. Há 11 anos vive na comunidade do Deserto, com seus filhos Francisco e Priscilla. O pedreiro já conhece todas as localidades da região de Itapipoca; “Já rodei, no mínimo, 95% desse território construindo cisterna, trabalhei para várias entidades e hoje tenho minha equipe de pedreiros” conta o pedreiro . Bebé também é agricultor e trabalha com alvenaria, mas sua paixão nos últimos tempos tem sido as

cisternas “porque você vê muitas famílias satisfeitas, isso é gratificante”.

Para Bebé, o segredo da montagem perfeita de uma boa cisterna é a parte de baixo, ou seja; o começo da obra. Se começar errado, já era; são 21 placas, separadas por uma brechinha de 6 centímetros, essa matemática toda é fundamental, senão “desanda” como diz Bebé. O resto é o concreto bem mexido a quantidade certa de cimento e um carrinho de brita “não muito cheio” e faz igual bolo; bata bem! Nivele o chão com uma régua, atenção, qualquer desnível pode fazer a cisterna trincar, observe bem se o caibro está em cima da placa, tudo com dedicação senão “já pensou essas cisternas caindo, é ruim, feio, prejuízo pra todo mundo” completa Bebé.

Segundo o pedreiro a função não é apenas construir, há várias coisas envolvidas, desde a forma de chegar à família ou escola até a interação e as dicas para o bom funcionamento da cisterna. “A gente ensina a cuidar da cisterna, como lava, enfim, dá as dicas” conta Bebé. Muitas pessoas tomavam água salgada às vezes, escolas fechavam nos períodos de estiagem, mas com as cisternas veio a autonomia, poder beber e cozinhar, garantir o acesso à água é fundamental para as famílias e importante para quem se envolve na construção dessas tecnologias sociais. Bebé garante: “Eu tenho muito orgulho de ser pedreiro e receber um abraço agradecido das pessoas que recebem suas cisternas, faço parte dessa história”.

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