servico social 2009_6_1
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SERVIÇO SOCIAL
AutoresCarmen Ferreira Barbosa
Edilene Maria de Oliveira AraújoEdilene Xavier Rocha Garcia
Eloísa Castro BerroMaria Massae Sakate
Silvia Regina da Silva Costa
Educaçãosem fronteiras
6
Anhanguera PublicaçõesValinhos/SP, 2009
www.interativa.uniderp.brwww.unianhanguera.edu.br
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© 2009 Anhanguera PublicaçõesProibida a reprodução fi nal ou parcial por qualquer meio deimpressão, em forma idêntica, resumida ou modifi cada em línguaportuguesa ou qualquer outro idioma.Impresso no Brasil 2009
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS
PresidenteProf. Antonio Carbonari Netto
Diretor AcadêmicoProf. José Luis Poli
Diretor AdministrativoAdm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior
CAMPUS I
ChancelerProfa. Dra. Ana Maria Costa de SousaReitorProf. Dr. Guilherme Marback NetoVice-ReitorProfa. Heloísa Helena Gianotti PereiraPró-ReitoresPró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães JúniorPró-Reitora de Graduação: Profa. Heloisa Helena Gianotti Pereira Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.UNIDERP INTERATIVA
DiretorProf. Dr. Ednilson Aparecido Guioti
CoodernaçãoProf. Wilson Buzinaro
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICAProfa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Aparecida Lucinei Lopes Taveira Rizzo / Profa. Maria Massae Sakate /Profa. Adriana Amaral Flores Salles / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)
PROJETO DOS CURSOSAdministração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira SatolaniCiências Contábeis: Prof. Ruberlei BulgarelliEnfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado PereiraLetras: Profa. Márcia Cristina Rocha FiglioliniPedagogia: Profa. Vivina Dias Sol QueirozServiço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lúcia Américo AntonioTecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira BiazettoTecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma MarcarioTecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espindola DiasTecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espindola DiasTecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias
ANHANGUERA PUBLICAÇÕES
DiretorProf. Diógenes da Silva Júnior
Gerente AcadêmicoProf. Adauto Damásio
Gerente AdministrativoProf. Cássio Alvarenga Netto
Ficha Catalográfi ca realizada pela BibliotecáriaAlessandra Karyne C. de Souza Neves – CRB 8/6640
S514 Serviço social / Carmen Ferreira Barbosa ...[et al.]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009. 240 p. - (Educação sem fronteiras ; 6)
ISBN: 978-85-62280-55-9
1. Serviço social – Planejamento. 2. Serviço social – Administração. 3. Serviço social – Integração da assistência. I. Barbosa, Carmen Ferreira. II. Título. III. Série.
CDD: 360
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Nossa Missão, Nossos Valores_______________________________
A Anhanguera Educacional completa 15 anos em 2009. Desde sua fundação, buscou a ino-
vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
relação qualidade/custo, adotaram-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições
de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores
da Anhanguera.
Atuando também no Ensino a Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da Uniderp Interativa, nos seus pólos
espalhados por todo o Brasil.
Boa aprendizagem e bons estudos!
Prof. Antonio Carbonari Netto
Presidente — Anhanguera Educacional
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AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico
Apresentação____________________
A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
arrojados, pluralistas, democráticos.
Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
ceiros e congêneres no país e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo compromisso com a
qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos propósi-
tos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e a ascensão social.
Reconhecida pela ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um
desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportunida-
des de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a
Distância.
Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que, em pouco tempo, saiu das frontei-
ras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do país, possibilitando o
acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
O Centro de Educação a Distância atua por meio de duas unidades operacionais: a Uniderp
Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN). Com os modelos alternativos ofereci-
dos e respectivos pólos de apoio presencial de cada uma das unidades operacionais, localizados
em diversas regiões do país e exterior, oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação
continuada, possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias
dinâmicas e inovadoras.
Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na estrutura organizacional e acadêmica, com re-
flexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
a compra, pelos alunos, de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado
e estimula-os a formar a própria biblioteca, promovendo, assim, a melhoria na qualidade de sua
aprendizagem.
É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena na sociedade.
Prof. Guilherme Marback Neto
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Autores____________________
CARMEN FERREIRA BARBOSA
Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidas Católica de
Mato Grosso – FUCMT – 1984
Especialização: Saúde da Família – Universidade Federal de MS – UFMS – 2003
Especialização: Metodologia de Ensino Superior – FUCMAT – 1992
Mestrado: Serviço Social – Universidade Estadual Paulista/UNESP e Universidade Católica
Dom Bosco/UCDB – 2002
EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO
Graduação:Serviço Social – Faculdades Unidas Católica de
Mato Grosso – FUCMT – 1986
Pós-graduação Latu sensu: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ – 2002
Pós-graduação Lato Sensu: Formação de Formadores de em Educação de Jovens e Adultos –
Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
Pós-graduação Lato Sensu: Administração em Marketing e Comércio Exterior – UCDB – 1998
EDILENE XAVIER ROCHA GARCIA
Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidas Católica de
Mato Grosso – FUCMT – 1988
Especialização: Gestão de Políticas Sócias – UNIDERP – 2003
Mestrado: Desenvolvimento Local – Universidade Unidas Católicas – UCDB
MS – 2007
ELOÍSA CASTRO BERRO
Graduação: Serviço Social – Faculdades Integradas de Marília – 1984
Especialização: Planejamento e Serviço Social – Faculdades Unidas Católica de
Mato Grosso – FUCMT – 1998
Especialização: Metodologia de Ação do Serviço Social - Faculdades
Unidas Católica de
Mato Grosso – FUCMT – 1983
Mestrado: Serviço Social - Universidade Estadual Paulista/UNESP e Universidade Católica Dom
Bosco/UCDB – 2002
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MARIA MASSAE SAKATE
Graduação: Matemática – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS,
Campo Grande, MS – 1992
Especialização: Informática na Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
UFMS, Campo Grande, MS – 1998
Mestrado: Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS,
Campo Grande, MS – 2003
SILVIA REGINA DA SILVA COSTA
Graduação: Serviço Social – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB – 2001
Especialização em Violência Doméstica Contra Criança e Adolescentes – Universidade de São
Paulo – USP – 2004
Especialização: Políticas Sociais com Ênfase no Território e na Família – Universidade
Católica Dom Bosco – UCDB – 2007
Mestrado em Educação – Universidade Estadual Paulista – UNESP – 2008
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Sumário____________________
MÓDULO – PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁGIO SUPERVISIONADO IIIAULA 1
O estágio supervisionado III - o estágio como atividade integradora entre o saber e a ação ......... 3
AULA 2
A Intervenção em Serviço Social ........................................................................................................ 7
UNIDADE DIDÁTICA – PLANEJAMENTO DE INTERVENÇÕES SOCIAIS AULA 1
Planejamento em Serviço Social – conceitos e definições ................................................................ 14
AULA 2
A Administração no Serviço Social – contextualizações básicas ...................................................... 18
AULA 3
Gestão Social – aspectos importantes ................................................................................................ 23
AULA 4
Políticas, Planos, Programas e Projetos – Definições ........................................................................ 29
AULA 5
Papel do Gestor Social ........................................................................................................................ 32
AULA 6
O que é um projeto social? Implicações diretas na realidade atual .................................................. 36
AULA 7
Roteiro básico de um projeto social ................................................................................................... 40
AULA 8
Fases metodológicas e a instrumentalização do planejamento social .............................................. 47
AULA 9
Avaliação e monitoramento de projetos sociais ................................................................................ 54
AULA 10
O Sistema Único da Assistência Social (SUAS) e o planejamento na administração pública......... 60
UNIDADE DIDÁTICA – TRATAMENTO DE INFORMAÇÕES E OSINDICADORES SOCIAISAULA 1
Noções de estatística descritiva – obtenção e organização de dados ................................................ 68
AULA 2
Representações dos dados por meio da tabela ................................................................................... 76
AULA 3
Representações gráficas dos dados ..................................................................................................... 82
AULA 4
Aspectos conceituais: o que são indicadores e índices ...................................................................... 86
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AULA 5
Sistema de indicadores: requisitos para a sua construção e produção ............................................. 90
AULA 6
Fontes de indicadores sociais .............................................................................................................. 94
AULA 7
Desenvolvimento humano ................................................................................................................. 100
AULA 8
Objetivos do Desenvolvimento do Milênio - ODM .......................................................................... 106
SEMINÁRIO INTEGRADO: PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO .............................................. 115
MÓDULO – DESENVOLVIMENTO LOCAL E INTEGRAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
UNIDADE DIDÁTICA – DESENVOLVIMENTO LOCAL E TERRITORIALIZAÇÃOAULA 1
Desenvolvimento local: reflexões e conceitos .................................................................................... 119
AULA 2
Espaço, lugar e território .................................................................................................................... 125
AULA 3
Cultura e identidade ........................................................................................................................... 132
AULA 4
Capital social ....................................................................................................................................... 138
AULA 5
Potencialidade e comunidade ............................................................................................................. 146
AULA 6
Agentes do desenvolvimento local e dimensões metodológicas ....................................................... 150
AULA 7
Solidariedade e educação .................................................................................................................... 154
AULA 8
Cultura do desenvolvimento e desenvolvimento da cultura ............................................................ 160
UNIDADE DIDÁTICA – REDE SOCIOASSISTENCIALAULA 1
O significado de redes no contexto do trabalho socioassistencial ................................................... 171
AULA 2
A filantropia no Brasil ......................................................................................................................... 175
AULA 3
Terceiro setor e suas diversas concepções .......................................................................................... 182
AULA 4
Movimentos sociais, ONGs e redes solidárias ................................................................................... 186
AULA 5
Marco legal das entidades que compõem a rede socioassistencial ................................................... 190
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AULA 6
O Sistema Único de Assistência Social e a nova forma de gestão da assistência social: caráter
público, protagonismo e avaliação do processo................................................................................ 197
AULA 7
Oficina 1: PEAS/2006 – Pesquisa das Entidades de Assistência Social Privadas sem
Fins Lucrativos ................................................................................................................................... 208
AULA 8
Oficina 2: PEAS/2006 – Pesquisa das Entidades de Assistência Social Privadas sem
Fins Lucrativos .................................................................................................................................... 215
SEMINÁRIO INTEGRADO: DESENVOLVIMENTO LOCAL E INTEGRAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA .................................................................................................................................... 227
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PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
Módulo
Profa. Ma. Eloísa Castro Berro
Profa. Ma. Maria Massae Sakate
Profa. Ma. Silvia Regina da Silva Costa
Profa. Esp. Edilene Maria de Oliveira Araújo
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Unidade Didática — Estágio Supervisionado III
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Apresentação
Prezado(a) Acadêmico(a),
Você irá iniciar o Estágio III do Curso de Serviço Social, agora com uma maior vivência no campo de es-
tágio, conhecedor das questões sociais que a instituição/projeto trabalha, como também com uma percepção
ampla da estrutura desse local e do público atendido.
A vivência e as análises realizadas nos estágios anteriores lhe proporcionou meios para que neste período
coloque em prática o projeto que elaborou no Estágio II.
Agora é momento de união e realização. O desenvolvimento de seu trabalho exigirá planejamento cons-
tante, o que envolverá o dispêndio de energia tanto intelectual como física e social, deverá utilizar diversas
ferramentas para execução e controle das atividades a serem desenvolvidas em seu projeto.
Para que o Estágio Supervisionado realmente contribua em sua formação, será de vital importância manter
as atitudes abaixo:
• Ser responsável em todas as suas ações.
• Ter atitudes éticas.
• Realizar constantes refl exões.
• Usar autocrítica.
• Ser colaborativo.
Bom trabalho!
Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo
“O bom navegador é aquele que sabe escolher o melhor roteiro. Portanto,
é preciso, a cada etapa da viagem, ver e, se necessário, rever o caminho a ser seguido.”
(Antônio Carlos G. da Costa)
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AULA 1 — O Estágio Supervisionado III – O Estágio como Atividade Integradora
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Un
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o II
I
AULA
1____________________O ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – O ESTÁGIO
COMO ATIVIDADE INTEGRADORA ENTRE O SABER E A AÇÃO
Conteúdo• O Estágio Supervisionado como atividade integradora entre o saber e a ação.
• O mundo do conhecimento e o Estágio Supervisionado.
• O Estágio Supervisionado e as competências do estagiário.
• O Estágio Supervisionado III.
Competências e habilidades• Entender a importância do conhecimento na atual conjuntura e como o Estágio Supervisionado se
encontra inserido no mundo do conhecimento.
• Compreender o desenvolvimento do Estágio III.
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no PortalVerifi car no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração2 h/a – presenciais com o professor interativo
2 h/a – com o professor local
10 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ATIVIDADE
INTEGRADORA ENTRE O SABER E A AÇÃO
O Estágio Supervisionado envolve o período de
estudos correlacionando teoria à prática, é uma
atividade que integra o saber à ação. Para Roesch
(1996) apud Bianchi, Alvarenga e Bianchi (2008, p.
10), o estágio possibilita ao estagiário:
• Aplicar no campo de estágio a teoria recebida
em sala.
• Avaliar possibilidades e sugerir ações de mu-
danças nas instituições.
• Enfrentar os problemas reais que existem no
mercado de trabalho.
• Vivenciar, com responsabilidade limitada, as
possíveis resoluções de problemas.
• Observar e realizar análise do mercado de tra-
balho.
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Unidade Didática — Estágio Supervisionado III
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• Utilizar um maior conhecimento nas áreas de
interesse.
As atividades práticas que são desenvolvidas pelo
supervisor e supervisionados, com relação ao con-
texto sócio-histórico-institucional é que constituem
a matéria-prima da supervisão de estágio em Ser-
viço Social. “No processo ensino-aprendizagem, su-
pervisor e supervisionado vivenciam uma práxis na
qual ambos refl etem sobre sua ação, desenvolvida
no contexto amplo das relações sociais” (Buriolla,
2006, p. 83).
É por meio das parcerias entre teoria/prática –
supervisionado e supervisor – que o estágio confi -
gura-se como atividade capaz de formar cidadãos e
profi ssionais competentes, aprimorando suas apti-
dões para o desenvolvimento de um trabalho digno
a ser prestado para a sociedade.
O mundo do conhecimento e o Estágio
Supervisionado
Vivemos num mundo que se transforma numa
velocidade quase que impossível de acompanhar,
com uma sociedade complexa marcada, principal-
mente, pela quantidade de informações disponíveis.
A rapidez com que essas informações circulam, por
meio dos veículos de comunicação de massa e pelo
computador com os seus diversos recursos, faz com
que essas informações sejam fragmentadas.
Para Costa (2002), tornou-se impossível ter co-
nhecimento de tudo o que acontece nos diversos
campos da atividade e do saber. O conhecimento
está se multiplicando em grande escala e em todas
as áreas. Essa sociedade requer um sujeito com ca-
pacidades, habilidades e atividades diferentes. Para
isso, temos que buscar novos conhecimentos e de-
senvolver novas e constantes habilidades.
Vivemos numa sociedade de aprendizado, para
Drucker (1997, p. 168):
O conhecimento tornou-se o recurso chave, tanto
para o poder militar como econômico de uma na-
ção. Este conhecimento somente pode ser adquiri-
do através da escolaridade. Ele não está ligado a ne-
nhum país – é portátil. Pode ser criado em qualquer
parte, de forma rápida e barata. O conhecimento
como recurso chave é fundamentalmente diferen-
tes dos recursos chaves tradicionais dos economis-
tas: terra, mão de obra e até mesmo capital.
O momento exige um processo de aprendizagem
constante, tornando-se a base do enriquecimento
do ser humano, tanto no aspecto individual como
na vida coletiva.
O conhecimento, que até pouco tempo era pri-
vilégio de uma minoria, encontra-se disseminado
nos mais diversos segmentos da sociedade. Porém,
quanto maior é a facilidade do acesso a ele, maior
é o grau de exigência, e para isso é necessário estar
preparado.
“Como práxis, o conhecimento é uma ativida-
de teórica-prática, já que a teoria orienta a ação e a
prática estrutura e/ou realimenta a teoria” (Barros e
Lehfeld, 2004, p. 11).
Nesse contexto, o Estágio Supervisionado do
Curso de Serviço Social assume fundamental im-
portância, pois possibilita ao acadêmico a vivência
da prática de sua futura profi ssão, proporcionando
a oportunidade de expressar suas ideias de forma
mais organizada e clara, preparando-o para o mer-
cado de trabalho e diminuindo a ansiedade para o
enfrentamento de sua futura vida laboral.
O valor do conhecimento para Barros e Lehfeld
(2004, p. 12) consiste em:
• Busca e aquisição de informações para solução
de problemas experienciais e vivenciais.
• Aplicação dos conhecimentos obtidos para pro-
mover o progresso material e espiritual do ho-
mem e da sociedade.
• Fonte de invenções e criações técnico-científi cas
capaz de benefi ciar a vida humana.
Para Costa (2002, p. 112), é muito importante
entender os pilares da educação para o século 21,
pois a todos os momentos as pessoas estão, de algu-
ma forma, aprendendo algo novo.
Durante o Estágio Supervisionado o aluno tem a
oportunidade de desenvolver as quatro competên-
cias mencionadas pelo autor. O estágio é o momen-
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AULA 1 — O Estágio Supervisionado III – O Estágio como Atividade Integradora
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muitas outras indagações e aprendizado surgirão
em relação ao aprender a ser.
Quando se inicia no campo de estágio, não se
está mais sozinho, existe a necessidade de convi-
ver com as demais pessoas, suas diferenças, suas
imperfeições, suas qualidades etc. Nesse momento
desenvolve-se a capacidade de aprender a conviver
no novo ambiente. Não esquecendo que o mundo
profi ssional exige pessoas que saibam se relacionar,
o relacionamento se constrói com a convivência.
A prática obriga o estagiário a aprender a fazer.
Esse é um importante momento do conhecer pro-
fi ssional. Por meio das ferramentas do Serviço So-
cial apresentadas no campo de estágio, o estagiário
começará a fazer, ou, auxiliar, os trabalhos do assis-
tente social. Temos então a competência produtiva
sendo desenvolvida.
Para a realização da prática, o estagiário buscará
seus conhecimentos, vivenciará a sua competência
cognitiva. Não trará somente para o campo de está-
gio as teorias já vistas e aprendidas em sala de aula,
como também terá que buscar mais conhecimentos
para aplicar em seu campo de ação. Cada vez mais
terá que aprender a conhecer. O autor menciona
que estamos num eterno aprender e ensinar, e que
o mundo do conhecimento, se prolongará por toda
a vida. O lugar da aprendizagem não é somente o
ambiente escolar/universidade, mas sim “o mundo
do trabalho, a família, o clube, a biblioteca, os meios
de comunicação (internet, CD-ROM, televisão, rá-
dio...) e a cultura (teatro, cinema, folclore)” (Costa,
2002, p. 114).
Cada vez mais o trabalho exigirá mais conheci-
mento e competência, portanto a vida se torna um
constante estudar e aprender.
O Estágio Supervisionado e as competências
dos estagiários
O estágio como atividade traz durante seu de-
senvolvimento enormes benefícios para a apren-
dizagem, no que se refere à melhoria do ensino e
à evolução do conhecimento para o acadêmico/
estagiário, no que concerne à sua formação. “Estes
• Aprender a ser – Competência Pessoal:
é a relação da pessoa consigo mesma, é o
desenvolvimento da habilidade sobre a sua
identidade, autoestima, autoconceito, au-
toconfi ança, autodeterminação e autocui-
dado.
• Aprender a conviver – Competência So-
cial: refere-se à qualidade da relação es-
tabelecida com as outras pessoas, com a
natureza e com as questões transcenden-
tais da vida. É o desenvolvimento de habi-
lidades relativas a participação, cidadania,
valores e princípios democráticos.
• Aprender a fazer – Competência Produ-
tiva: é o domínio de competência e habi-
lidades requeridas pelo novo mundo de
trabalho. Esse campo do desenvolvimen-
to humano tem a ver com questões como
polivalência (domínio de conhecimentos e
habilidades de áreas diversas) e fl exibilida-
de (capacidade de adaptação construtiva
diante de novas e inesperadas situações).
• Aprender a conhecer – Competência Cog-
nitiva: é tornar-se um caçador de conhe-
cimentos. É esse o grande segredo. Não
podemos apenas deixar a informação e o
conhecimento chegarem até nós. Temos
que inverter a mão. Ir atrás deles. A com-
petência cognitiva está muito ligada ao au-
todinamismo. que signifi ca você assumir
uma postura de disciplina e método para
a sua própria educação.
Fonte: Costa (2002, p. 112).
to da prática, é quando o aluno terá contato direto
consigo mesmo, reavaliando se essa é realmente a
profi ssão que escolheu para sua vida, no caso, sa-
ber se o Serviço Social é a escolha certa, bem como
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Unidade Didática — Estágio Supervisionado III
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tornam-se ainda mais importantes quando se tem
a consciência de que a maioria benefi ciada serão
a sociedade e, em especial, a comunidade a que se
destinam os profi ssionais egressos da universidade”
(Bianchi, Alvarenga e Bianchi, 2008, p. 8).
A tarefa do aluno é estagiar, enquanto a da uni-
versidade é supervisionar. Compete ao acadêmico
ter a máxima atenção, demonstrar conhecimento
em relação à teoria aprendida, como também bus-
car novos conhecimentos, principalmente quando
se refere à educação a distância. Num campo de
estágio, em relação ao ambiente de aprendizagem,
o acadêmico deve demonstrar suas competências
com humildade, simplicidade e fi rmeza, “lembran-
do que a humildade é saber ouvir para aprender, ser
simples é ter conceitos claros e saber demonstrá-los
de maneira cordial” (Bianchi, Alvarenga e Bianchi,
2008, p. 8).
O estágio, quando bem direcionado, acompa-
nhado e executado em conformidade com a lei, é
de grande relevância para a formação profi ssional,
tendo como sua principal característica a interação
da universidade com o mercado de trabalho.
Completar o estágio resultará no aprimoramento
do conhecimento. Para Bianchi, Alvarenga e Bianchi
(2008), o estágio não é somente o cumprimento das
horas solicitadas para serem realizadas em campo,
mas é principalmente uma experiência a ser cum-
prida que completará a formação do acadêmico.
O Estágio Supervisionado III
O Estágio Supervisionado III deve fornecer ao
aluno do curso de Serviço Social a iniciação do exer-
cício profi ssional a partir do diagnóstico da realida-
de organizacional praticada no Estágio II de acordo
com as demandas dos usuários e dos processos de
trabalho do Serviço Social.
É inerente ao Estágio III o uso, pelos alunos, dos
instrumentais técnico-operativo, teórico-metodoló-
gico e ético-político a serem empregados de acordo
com o código de ética profi ssional do profi ssional
de serviço social.
O Estágio Supervisionado III deve contemplar
ainda:
• Levantamento de necessidades sociais e conhe-
cimento institucional.
• Ênfase no diagnóstico socioinstitucional e na
execução do(s) projeto(s) elaborado(s).
• Aprofundamento da articulação teoria-prática.
• Planejamento de processos de trabalho típicos
do Serviço Social.
• Execução do projeto de intervenção na área es-
colhida.
Durante o Estágio III, o acadêmico irá executar
o projeto que foi elaborado no Estágio II. Essa ação
interventiva teve origem durante a realização de
um diagnóstico – também feito por ele – em que
foi identifi cada uma situação-problema, a partir da
qual o projeto foi gerado procurando propor solu-
ções para essa realidade detectada.
A proposta de intervenção foi realizada pelo es-
tagiário, o qual irá utilizar-se das competências
técnicas, éticas e política do Serviço Social, como
também dos conhecimentos teórico-metodológicos
adquiridos em sala de aula.
Tanto a elaboração quanto a execução do projeto
deve contar com as orientações dos supervisores aca-
dêmicos e de campo, no que tange aos conhecimen-
tos teórico-metodológicos e experiências práticas.
Para Bianchi (2008) os projetos consistem em um
caminho prévio de desenvolvimento das atividades
previstas no estágio, devem estar de maneira clara,
detalhada e rigorosa, tendo por fi nalidade encami-
nhar o aluno rumo ao cumprimento das atividades
propostas.
Os projetos fazem parte dos instrumentais utili-
zados pelos assistentes sociais na execução de suas
práticas profi ssionais, sendo de grande relevância o
conhecimento e a utilização dessa ferramenta.
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AULA 1 — O Estágio Supervisionado III – O Estágio como Atividade Integradora
7
O PROCESSO DE INTERVENÇÃO
A intervenção do assistente social se dará somen-
te após o reconhecimento da questão social, baseada
na identifi cação dos dados socioeconômicos e cul-
turais das desigualdades sociais. Conforme Série –
Trabalho e Projeto Profi ssional nas Políticas Sociais
– CEFSS (2009):
A intervenção orientada por esta perspectiva crí-
tica pressupõe a assunção, pelo(a) profi ssional, de
um papel que aglutine: leitura crítica da realidade
e capacidade de identifi cação das condições mate-
riais de vida, identifi cação das respostas existentes
no âmbito do Estado e da sociedade civil, reconhe-
cimento e fortalecimento dos espaços e formas de
luta e organização dos(as) trabalhadores(as) em de-
fesa de seus direitos; formulação e construção cole-
tiva, em conjunto com os(as) trabalhadores(as), de
estratégias políticas e técnicas para modifi cação da
realidade e formulação de formas de pressão sobre
o Estado, com vistas a garantir os recursos fi nan-
ceiros, materiais, técnicos e humanos necessários à
garantia e ampliação dos direitos.
Conforme Faleiros (2008), para a realização de
um processo de intervenção em Serviço Social, é ne-
cessário entender a questão teórico-prática em con-
Un
idad
e D
idát
ica
– Es
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o II
I
AULA
2____________________A INTERVENÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL
Conteúdo• O processo de intervenção no Serviço Social.
• Estratégias para intervenção.
• Projeto de intervenção – mãos à obra.
Competências e habilidades• Entender o processo de intervenção no Serviço Social.
• Compreender o estabelecimento das estratégias para a intervenção do Serviço Social.
• Conhecer algumas ferramentas de controle para a execução de um projeto.
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no PortalVerifi car no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração2 h/a – presenciais com o professor interativo
2 h/a – com o professor local
10 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
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Unidade Didática — Estágio Supervisionado III
8
sonância a uma defi nição do processo de fragiliza-
ção ou vulnerabilidade do usuário/sujeito, somente
assim o assistente social será capaz de desenvolver
estratégias de intervenção. “(...) é possível construir
um objeto e, portanto, uma teorização da interven-
ção profi ssional, a partir da produção do conheci-
mento em Serviço Social” (Faleiros, 2008, p. 67).
Para o autor, existe uma crise de paradigmas que
traz questionamentos à forma de problematizar os
conhecimentos, existe um dualismo entre ordem e
indivíduo, ele cita que existem tendências no Ser-
viço Social: ao reducionismo, ao dogmatismo, aos
abstracionismos, ao teologismo, ao empirismo, em
que realiza uma crítica, pois esse dualismo leva à
negação do sujeito. Em sua análise o autor critica
tanto o individualismo como o positivismo em uma
intervenção, “como uma colocando no indivíduo,
no seu esforço pessoal, a condição da própria cons-
trução da ordem, a outra considerando a estrutura
como uma combinatória de elementos genéricos
que suprimem as decisões, as escolhas e os destinos
individuais” (Faleiros, 2008, p. 68). Em relação à in-
tervenção, o autor afi rma que o Serviço Social, nas
últimas duas décadas, oscilou nessas duas posições,
uma visando à motivação, o ego, tendo na clínica
seus instrumentais, por outro lado ressalta que a es-
trutura, o macrossocial, traça suas estratégias base-
ada nas leis gerais da sociedade.
Faleiros (2008) ainda enfatiza que a intervenção
tem sua dinâmica nas relações reais entre o grupo e
os indivíduos. Reduzir a intervenção a um único mo-
delo, ou mesmo a uma única teoria, que abranja o
todo, seria um procedimento unilateral, não levando
em consideração a dinâmica da história, a evolução
dos processos próprios de cada conjuntura.
Quando se considera o reducionismo metodo-
lógico, acaba-se por não considerar que os objetos
do conhecimento são construídos pelo conjunto do
“pensar e agir”, em que as possibilidades teóricas se
ampliam cada vez que se pensa criticamente a reali-
dade vivenciada.
Para Netto (2006), a intervenção repõe um pa-
drão de integração social, que se modela numa re-
presentação idealizada do passado. A intervenção
tem seu embasamento ético-moral, apresentando-
se em dois momentos: no “ator” da intervenção,
aquele que se propõe a restaurar a ordem perdida e
no “processo” sobre que age, para assim ser recolo-
cado em uma melhor ordem.
A intervenção matrizada pelo anticapitalismo ro-
mântico, inerente à apologia indireta, defronta-
se muito problematicamente com os referenciais
“científi cos” produzidos pelas ciências sociais. De
uma parte o positivismo que os enforma e atravessa
parece-lhe repugnante, de outra, é compelida a re-
conhecer nelas um mínimo valor cognitivo (Netto,
2006, p. 117).
Para Netto (2006), existe aí uma relação ambígua
diante do sistema do saber, pois é necessário, porém,
se apresenta insufi ciente.
Faleiros (2008) menciona que a construção do
conhecimento científi co se tornou muito polêmica
e problematizadora, e é por meio desse processo de
rompimento, com aquilo que aparentemente é evi-
dente, que se tornou possível para o Serviço Social
ir se construindo novos objetos de intervenção.
Para Mary Richmond o problema social advinha da
personalidade, já para Barlett seria simultaneamente o
indivíduo e o meio, bem como o signifi cado do meio
para o indivíduo. Marx trouxe a compreensão das tra-
jetórias sociais e dos grupos de referência “consideran-
do que a sociedade supõe o indivíduo, mas o indivíduo
supõe a sociedade” (Faleiros, 2008, p. 70).
Nesse contexto, descobriu-se que a intervenção
implicava decidir e que seria necessária a articulação
do saber para poder ter uma boa decisão por meio
dos saberes mais genéricos. Para Faleiros (2008, p.
70), existe aí um ponto que não concorda, pois su-
gere a “desconstrução da ciência pela sua inserção
na totalidade que a transcende”.
Quanto ao dogmatismo, o autor coloca que é
inseparável do reducionismo, nega a historicidade
do conhecimento e da práxis, pois derivam de leis
gerais que valem para todos os lugares e todos os
tempos. O pensamento dogmático prejudica e pra-
ticamente elimina a análise. Para o autor a análise
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AULA 2 — A Intervenção no Serviço Social
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tem que existir, pois é necessário analisar a histó-
ria e as teorias que produziram os conhecimentos,
para que haja o entendimento no seu contexto e no
seu tempo. Também não defende o subjetivismo do
conhecimento, como também o convencionalismo,
tampouco o objetivismo e tecnicismo, que para ele
reduz o conhecimento a algo simplesmente técnico
-metodológico, mas defende os supostos do que é
dado como aproximação do real. “O conceito de
totalidade se constrói a partir de uma perspectiva
de longa duração na história, mas, principalmen-
te, a partir da análise da complexidade social em
suas múltiplas determinações contraditórias e arti-
culadas” (Faleiros, 2008, p. 71). É nesse aspecto que
podemos começar a entender as relações de forças
em confl itos em relação aos grupos econômicos e
de poder. As estratégias e categorias de ação em Ser-
viço Social devem ser construções teórico-metodo-
lógicas, advindas da junção da teoria pela prática e
da prática em relação à teoria, isso constituirá um
modelo de intervenção que não vem de uma teoria
abstrata, mas sim de experiências vivenciadas e de-
lineadas por saberes sistemáticos, havendo a junção
das investigações quantitativas e qualitativas e, com
a realização, das análises críticas destas.
o mundo na sua transformação e transformá-lo na
sua interpretação”.
No processo de transformação-interpretação
é necessário conhecer a temporalidade histórica,
aliando o imediato a um processo de ampla me-
diação, que leva a conhecimentos e decisões, apre-
sentando diversas escolhas entre as alternativas,
como também as interações e os conhecimentos.
É o momento em que se verifi ca o poder e o saber
“poder para conhecer, conhecer para poder”, para
assim verifi car o imediato. A ação muda a própria
interpretação no seu devido tempo à medida que os
resultados vão aparecendo, somente então poderá
se verifi car o processo. Os resultados das ações não
são estáticos, eles também mudam mediante as no-
vas interpretações dos atores em relação aos conhe-
cimentos vivenciados que trazem em sua bagagem
histórica.
A prática profi ssional só deixará de ser repe-
titiva, pragmática, empiricista se os profi ssionais
souberem vincular a intervenção no cotidiano a
um processo de construção e desconstrução per-
manente de categorias que permitam a crítica e a
autocrítica do conhecimento e da intervenção.
Faleiros (2008, p. 72).
A prática crítica não deve simplesmente se resu-
mir à aplicação do conhecimento que está fora, mas
deve utilizar a própria prática, pois ela tem a capa-
cidade de gerar necessidades de reformulação dos
conhecimentos existentes, sendo necessário, depen-
dendo da situação apresentada, realizar uma aná-
lise das condições em que se realizou essa prática.
Para Faleiros (2008, p. 72), é necessário “interpretar
Na realidade, a intervenção no Serviço Social
ocorre na articulação combinada das mediações
de trajetória e estratégias de ação de diferentes
atores que se entrecruzam numa conjunção de
saberes e poderes confi gurando-se a situação de
relação entre profi ssional e usuário ou clientes.
Faleiros (2008, p. 72).
Estratégias para a intervenção
São os processos utilizados para articular e me-
diar poderes e mudanças de relação e interesses,
referências e patrimônio em jogo quer seja pelo ar-
ranjo de recursos, de vantagens ou mesmo patrimô-
nios pessoais, pode ser pela efetivação de direitos ou
mesmo pelo uso de informações.
Para Faleiros (2008):
• O poder é verifi cado como sendo a articulação
de forças em diversas dimensões: classe, raça,
gênero, cultura, família, recursos etc.
• Patrimônio se constitui na trajetória de vida
que é marcada pela exclusão, processo de mar-
ginalização dos bens culturais, políticos, eco-
nômicos etc. de determinados grupos, haven-
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Unidade Didática — Estágio Supervisionado III
10
do o processo de integração dos patrimônios
familiares, afetivos e de amizade. “As represen-
tações que os indivíduos e grupos fazem de si
mesmos dependem das crenças, valores e refe-
rências culturais que se adotam no cotidiano”
(Faleiros, 2008, p. 74).
As estratégias levam à necessidade de se investir
em projetos tanto individuais como coletivos, para
que assim possam rearticular os patrimônios, refe-
rências e os interesses a fi m de realizar a reprodução
e a representação dos sujeitos históricos, entendendo
como a reconstrução da identidade do indivíduo.
Quando se fala no fortalecimento do saber, enten-
de-se a necessidade da construção de novos meios
para o processo de informação. Referindo-se às ins-
tituições, esse processo está se modernizando com a
tecnologia. Os dados dos quais o assistente social tem
conhecimento acerca da população são de proprieda-
de da própria população. Aos quais, conforme Faleiros
(2007), essa população deve ter acesso. As pesquisas se
transformam em instrumentos geradores de autoco-
nhecimento e meio de ação. Outras formas de se obter
conhecimento da população é por meio de relatórios,
exames, visitas e entrevistas, colhendo dados do coti-
diano dessa população.
Hoje o assistente social encontra um grande de-
safi o, que se dará na reorientação de seu cotidiano,
conforme as forças existentes, para que haja a fa-
cilidade do acesso da população ao saber sobre ela
mesma, aos recursos que se encontram disponíveis
e ao poder de decisão (Faleiros, 2007).
Projeto de intervenção – mãos à obra
No Estágio Supervisionado III o acadêmico irá co-
locar em prática o projeto realizado no Estágio II. Para
que isso aconteça, é importante atentar para alguns
passos importantes como a execução do projeto.
Essa fase consiste na realização do trabalho pla-
nejado. É o momento em que serão realizadas todas
as atividades do projeto. A execução dessas ativida-
des tem por base o processo de planejamento do
projeto. O planejamento e a execução não são fases
distintas, mas se sobrepõem. Assim, quando a exe-
cução do projeto evolui os planos também avançam
(Maximiniano, 2006).
O processo de controle das atividades
O controle do projeto consiste em acompanhar a
sua execução, suas reais ações com as intenções pla-
nejadas. Para Maximiniano (2006), controlar tem as
seguintes funções:
• Garantir que os objetivos do projeto estejam
sendo executados conforme planejado.
• Realizar uma eventual modifi cação de ação ou
resultado.
• Acompanhar para que a ação realmente seja
realizada.
A esse processo de controle também se chama
monitoramento, e tem como função primordial ve-
rifi car as três principais variáveis do projeto: escopo,
prazo e custo.
Em relação ao escopo deve-se acompanhar como
o projeto está sendo realizado, para se ter a certeza
de que ao fi nal será entregue o produto planejado.
Caso haja alguma modifi cação no projeto, com o
processo de controle essas modifi cações também
podem ser verifi cadas. Quando se fala no controle
do tempo do projeto, verifi ca-se se a duração pla-
nejada corresponde às datas executadas. Nesse mo-
mento é imprescindível ter o cronograma do proje-
to e sua atualização constante.
Em relação ao controle dos custos, estes focali-
zam o custo que estava previsto para o projeto, e se
o realizado está conforme o que foi previsto.
Ferramentas disponíveis para controle do
andamento do projeto
Uma das principais ferramentas que pode ser uti-
lizada para se controlar o projeto é a atualização de
cronograma e orçamento.
Conforme as atividades do projeto são realizadas,
o cronograma é refeito. Toda antecipação ou atraso
que houver deve ser registrado.
Gráfi co de acompanhamento e revisão do tempo
do projeto (cronograma atualizado) (Maximiniano,
2006):
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AULA 2 — A Intervenção no Serviço Social
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Dependendo do projeto, outras ferramentas po-
dem ser utilizadas, como a verifi cação de entregas de
mercadorias, caso o projeto necessite de produtos/
insumos para sua realização. Visitação às instala-
ções onde ocorre o projeto signifi ca inspecionar os
locais. Quando os projetos envolvem produtos ou
serviços que foram planejados com especifi cações
numéricas, uma ferramenta de controle podem ser
as medições.
Todo projeto, ao longo de seu ciclo de vida, realiza
inúmeros documentos, como informações registra-
das em vários meios, documentações administrati-
vas e técnicas. Portanto, a análise de documentações
também é mais uma ferramenta de controle na exe-
cução de um projeto, não deixando, durante todo
o ciclo de vida do projeto, de realizar análise para
controlar se os objetivos e as necessidades do projeto
estão sendo atendidos. Os protocolos e atas de reu-
niões também servem como ferramenta de controle.
Para Maximiniano (2006), “uma das principais
ferramentas de controle é a reunião periódica de
coordenação com a equipe do projeto”. Todo pro-
jeto tem que ter reuniões com os seus participan-
tes, pois nessas reuniões se estabelecem tarefas para
cada membro da equipe, assim, numa próxima reu-
nião são apresentados os resultados da reunião an-
terior, e novas atividades são disponibilizadas para
os membros da equipe executar.
O encerramento do projeto também deve ser ad-
ministrado, pois vai além da entrega dos resultados
do projeto. Todos os produtos que estão planejados
devem ser entregues, como também respeitados o
prazo e o custo. Caso tenha havido alguma pror-
rogação, ela deve ter sido autorizada previamente.
Após o término deve ser avaliado os resultados do
projeto, verifi cando os pontos positivos e negativos.
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