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nº 357766_358002/2017-1808 TERMO DE INTERDIÇÃO 1
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO DO RIO GRANDE DO SUL
Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador - SEGUR
nº 357766_358002/2017-1808 TERMO DE INTERDIÇÃO
Em conformidade com as disposições legais vigentes, em especial o artigo 161 da CLT, redação
pela Lei nº 6.514/77; o artigo 11 da Lei nº 10.593, de 06/12/2002; o artigo 18, incisos IX, X e Xl do
Regulamento da Inspeção do Trabalho, aprovado pelo Decreto nº 4.552, de 27/12/02 e tendo em vista
ainda o disposto na Portaria n° 13, de 15 de março de 2004, da Delegada Regional do Trabalho no Rio
Grande do Sul, a qual delegou competência aos Auditores-Fiscais do Trabalho para atos de interdição e
embargo, de irrecusável e imediato cumprimento pelo empregador, e tendo a SEARA ALIMENTOS LTDA,
estabelecimento sito na RUA REINALDO NOSCHANG Nº 290, BOM RETIRO DO SUL - RS, CNPJ/MF nº
02.914.460/0221-20, CNAE 1013901, grau de risco 3, contando com aproximadamente 409
(quatrocentos e nove) empregados, sido alvo de inspeção durante a qual foi caracterizada a condição de
risco grave e iminente à saúde e à integridade física dos trabalhadores, conforme laudo técnico anexo:
a) Atividades de movimentação de cargas no abastecimento de matéria prima, na colocação de varas de
mortadela e calabresa para fatiar nos estaleiros, na embalagem secundária, no setor de condimentos,
na revisão de curados, na carimbação e na alimentação manual das caldeiras; b) Atividade de envarar a
calabresa; c) Atividades de movimentação de cargas com paleteiras manuais; d) 01 quebrador de bloco;
e) 01 Rotuladeira de mortadela; f) 01 esteira etiquetadora, determinamos a IMEDIATA INTERDIÇÃO
DESTAS ATIVIDADES e MÁQUINAS.
Atenção: Responderá por desobediência à ordem legal de funcionário público e por
expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente, respectivamente tipificados nos artigos
330 e 132 do Código Penal Brasileiro, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, quem ordenar ou
permitir a execução destas atividades, após a presente determinação de interdição.
Recurso: De acordo com o § 3º do art. 161 da CLT, poderão os interessados recorrer ao
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, NO PRAZO DE 10 DIAS,
visando obter o efeito suspensivo do presente processo de interdição.
Correção da situação de risco: Neste caso, a empresa poderá apresentar requerimento
junto à SRTE/RS, Av. Mauá, 1013, Centro, Porto Alegre/RS, ou à GRTE/Lajeado/RS, Rua Benjamin
Constant, 1058, Centro, especificando e detalhando todas as medidas adotadas para o saneamento da
condição de risco grave e iminente apontadas no laudo anexo, devendo ainda juntar toda a
documentação probatória dessas medidas para análise e parecer pela Auditoria Fiscal do Trabalho.
Bom Retiro do Sul/RS, em 18 de agosto de 2017.
MAURO MARQUES MULLER
Auditor-Fiscal do Trabalho
CIF: 35786-3
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MARCELO NAEGELE
AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
CIF 35776-6
RAFAEL DE ANDARADE VIEIRA
AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
CIF 35800-2
RICARDO LUIS BRAND
AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
CIF 02902-5
LUCILENE PACINI
AUDITORA-FISCAL DO TRABALHO
CIF 35503-8
* Competência dada pela Portaria Ministerial 1719/2014, nos termos do julgado de Ação Civil
Pública 0010450-12.2013.5.14.0008.
Neste momento, tomamos ciência deste “Termo de Interdição”, parcela do processo de auditoria-
fiscal no estabelecimento, bem como recebemos cópia do “Laudo de Caracterização de Grave e
Iminente Risco nº 357766_358002/2017-1808”.
Bom Retiro do Sul, _____/_____/ 2017, às ___________ horas.
________________________________________
SEARA ALIMENTOS LTDA
Empregador ou Preposto / Função / nº identidade
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ANEXO
Laudo de Caracterização de Grave e Iminente Risco nº 357766_358002/2017-1808
Empresa: SEARA ALIMENTOS LTDA., estabelecimento sito na RUA REINALDO NOSCHANG Nº 290, BOM
RETIRO DO SUL - RS, CNPJ/MF nº 02.914.460/0221-20, CNAE 1013901, grau de risco 3, contando com
aproximadamente 409 (quatrocentos e nove) empregados.
1. Objetivo
O presente laudo técnico tem como objetivo a apresentação de subsídios para fundamentar a
decisão da SRTE/RS acerca das condições de segurança e saúde no trabalho oferecidas pela empresa em
epígrafe, especificamente quanto aos pontos adiante elencados.
2. A Auditoria Fiscal do Trabalho
As ações desta instituição estão alicerçadas na Convenção nº 81 da Organização Internacional do
Trabalho - OIT, ratificada pelo governo brasileiro. Segundo o eminente jurista e desembargador
aposentado, Dr. Sebastião Geraldo de Oliveira, esta norma ocupa, hierarquicamente, um “espaço
intermediário entre a Constituição e a lei ordinária, ou seja, tem status infraconstitucional, mas, ao
mesmo tempo, supralegal”. A Convenção nº 81 dispõe e organiza a Inspeção do Trabalho como
instituição estatal encarregada de tornar efetivas as disposições legais e regulamentares do processo de
trabalho, inclusa a proteção dos trabalhadores no exercício da sua profissão.
O ministro aposentado do TST, Dr. Mozart Victor Russomano afirma:
“Os direitos do trabalhador brasileiro estão protegidos em dois níveis distintos, mas que se
combinam: a inspeção ou fiscalização do trabalho, de natureza administrativa, e a proteção
judicial, através dos tribunais da Justiça do Trabalho”.
Cite-se também a posição do Dr. Nelson Mannrich, que assim se posiciona:
“Não se pode negar a existência de um conjunto de normas de ordem pública, impostas
coercitivamente pelo Estado, como as referentes ao registro de empregado, a duração do
trabalho, a período de descanso e a segurança e medicina do trabalho, não cabendo as partes
disporem sobre elas (...). Por serem de ordem pública, compete ao Estado vigiar seu cumprimento,
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impondo sanções quando de sua inobservância. Esta atividade estatal, como já enfatizamos,
denomina-se Inspeção do Trabalho”.
O Dr. José Alves de Paula afirma que:
“Os agentes da inspeção do trabalho são vigias da justiça social. Eles são o braço do Estado para
garantir o cumprimento das leis de proteção ao trabalhador e a construção da justiça social”.
Temos, portanto, a Inspeção do Trabalho como elemento institucional de garantia da efetividade
de leis e regulamentos de proteção ao trabalho.
3. Alguns Fundamentos Legais Referentes a Ações do Estado em Segurança e Saúde do
Trabalhador
Sem pretensão ao esgotamento do tema, citaremos fundamentos que embasam a ação do Estado
na defesa de satisfatórias condições de segurança e saúde no trabalho. O artigo 7º, inciso XXII, da
Constituição da República Federativa do Brasil afirma como inalienável o direito de trabalhadores à
redução dos riscos inerentes ao trabalho.
Especificamente o artigo 161 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, com redação dada pela
Lei nº 6.514/77, que alterou o Capítulo V do Título II, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho,
determina:
“O Delegado Regional do Trabalho, à vista de laudo técnico do serviço competente que
demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar estabelecimento,
setor de serviço, máquina ou equipamento ou embargar obra, indicando na decisão, tomada
com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para a
prevenção de infortúnios de trabalho”.
O Decreto nº 4.552, de 27.12.2002, que aprova o Regulamento da Inspeção do Trabalho, em
consonância com a já referida Convenção nº 81 da OIT, em seu artigo 18° determina:
“Compete aos Auditores Fiscais do Trabalho, em todo o território nacional:
...
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IX) averiguar e analisar situações com risco potencial de gerar doenças ocupacionais e
acidentes do trabalho, determinando as medidas preventivas necessárias;
X) notificar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho para o cumprimento de obrigações
ou a correção de irregularidades e adoção de medidas que eliminem os riscos para a
saúde e segurança dos trabalhadores, nas instalações ou métodos de trabalho;
XI) quando constatado grave e iminente risco (grifo nosso) para a saúde ou segurança dos
trabalhadores, expedir a notificação a que se refere o inciso X deste artigo,
determinando a adoção de medidas de imediata aplicação (grifo nosso)...”
Visando a necessária celeridade ao processo, posteriormente foi ainda editada a Portaria n° 13, de
15 de março de 2004, da então Delegada Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul, a qual delegou
competência aos Auditores-Fiscais do Trabalho para atos de interdição e embargo, de irrecusável e
imediato cumprimento pelo empregador. No entanto, há liminar judicial vigente tornando
desnecessária a ratificação do procedimento pelo Sr. Superintendente Regional do Trabalho e Emprego.
Em suma, estão claramente estabelecidos a competência e os limites legais do MTE para a interdição de
máquinas, equipamentos, setores, serviços ou atividades, conforme portaria 1.719, de 05/11/2014.
4. Caracterização da Condição de Risco Grave e Iminente à Integridade dos Trabalhadores
Em face de determinação superior, foi composta, no âmbito das várias unidades do MTE no
Brasil, forças-tarefa com equipes multidisciplinares de AFT, em função da alta sinistralidade e
morbidade relacionada ao trabalho no setor de abate e frigoríficos. Especificamente neste
estabelecimento, foi iniciado processo de auditoria na data de 26 de outubro de 2015, sendo as
inspeções acompanhadas por representantes da empresa e das entidades representativas de
trabalhadores. Neste, foram minuciosamente analisados documentos, imagens, cotejadas
bases de informações e normatização e ainda avaliadas: a) Atividades de movimentação de
cargas no abastecimento de matéria prima, na colocação de varas de mortadela e calabresa
para fatiar nos estaleiros, na embalagem secundária, no setor de condimentos, na revisão de
curados, na carimbação e na alimentação manual das caldeiras; b) Atividade de envarar a
calabresa; c) Atividades de movimentação de cargas com paleteiras manuais; d) 01 quebrador
de bloco; e) 01 Rotuladeira de mortadela; f) 01 esteira etiquetadora. O quadro resultante levou a
caracterização da condição de RISCO GRAVE E IMINENTE à saúde e à integridade física dos
trabalhadores expostos, na forma conceituada pelo subitem 3.1.1 da Norma Regulamentadora
nº 3 do Ministério do Trabalho e Emprego, com atualização dada pela Portaria SIT nº 199/2011:
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“Condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença relacionada ao
trabalho com lesão grave à integridade física do trabalhador".
É direito constitucionalmente estabelecido a garantia de boas condições de segurança e saúde aos
cidadãos que executam as referidas operações. De forma preliminar, constatamos a complexidade, a
multiplicidade e a interatividade entre as muitas variáveis envolvidas e analisadas nestas operações.
Durante este processo, COMPROVAMOS a ausência destas garantias, em especial, para a minimização
dos riscos decorrentes da inadequação de algumas atividades aos limites psicofisiológicos humanos e
também de indução de lesões de caráter imediato pela interação com máquinas e equipamentos com
insuficiente proteção, sendo estas atividades realizadas em condições deletérias à saúde. Passaremos a
tecer topicamente alguns comentários:
4.1) Atividades de movimentação de cargas no abastecimento de matéria prima, na colocação
de varas de mortadela e calabresa para fatiar nos estaleiros, na embalagem secundária, no setor de
condimentos, na revisão de curados, na carimbação e na alimentação manual das caldeiras.
Em todos os setores citados, os trabalhadores exercem atividades de movimentação manual de
cargas, movimentando caixas, varas e sacos de produtos com as mãos para executar as tarefas de
trabalho.
As caixas, varas e sacos de produtos têm pesos variados. Foram encontradas caixas de produto
com mais de 30 Kg (mortadela da turma da mônica, toras de madeira nas caldeiras) e com 29,5 Kg
(pimenta no setor de condimentos).
Constatou-se que essas atividades são realizadas com a exigência de posturas nocivas dos
empregados gerando especialmente sobrecarga nos membros superiores e na coluna. Constatou-se o
arremesso de cargas pesadas (toras de lenha, sacos de matéria prima), ações vedadas pela NR-36,
extremamente prejudiciais à saúde e segurança dos trabalhadores.
Constatou-se que o ritmo de trabalho é intenso e leva à fadiga dos trabalhadores durante a
jornada. Em muitos setores e atividades os trabalhadores estão movimentando cargas muito acima de
10.000 Kg, o máximo recomendado para cada trabalhador para uma jornada de 8h.
Riscos presentes na atividade
Nas atividades de movimentação manual de cargas, encontram-se grupos de fatores de
risco diretamente relacionados ao desenvolvimento de doenças osteomusculares relacionadas
ao trabalho (DORT), a saber:
a) inadequação de postos de trabalho e da organização do trabalho. Ambos
implicam na adoção de posturas e métodos de trabalho que causam ou
agravam as lesões osteomusculares;
b) aspectos posturais, com exigências de amplitudes articulares extremas,
posturas de torção do tronco e de flexão irregular da coluna (abaixamento),
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que ocorre na deposição das caixas ou embalagens de produtos quase na
altura do chão e no levantamento em alturas além dos limites aceitáveis (até
altura do ombro do trabalhador) e movimentação manual de cargas acima dos
limites recomendados para uma jornada de 8h;
c) pouca variabilidade das tarefas, especialmente diante da constatação da
Auditoria-Fiscal do Trabalho, conforme entrevistas realizadas com os
trabalhadores, de os rodízios aplicados não são eficazes, como pouca variação
de exigências osteomusculares;
d) os fatores organizacionais e psicossociais ligados ao trabalho, decorrentes do
estabelecimento de rotinas de elevada cadência, com ritmo intenso de
trabalho.
Entre as doenças relacionadas às condições ambientais de trabalhos e às exigências
psicofisiológicas extremadas, com repercussões incapacitantes e/ou debilidades permanentes
de membros, sentidos ou funções, pode-se citar os seguintes grupos de patologias a que estão
expostos os trabalhadores:
I. Mononeuropatias dos membros superiores (G56 a G569);
G56 - Mononeuropatias dos membros superiores; G56.0 - Síndrome do túnel do
carpo; G56.1 – Outras lesões do nervo mediano; G56.2 - Lesões do nervo cubital (ulnar);
G56.3 -Lesão do nervo radial; G56.4 - Causalgia; G56.8 - Outras mononeuropatias dos
membros superiores; G56.9 - Mononeuropatia dos membros superiores, não especificada;
II. Tenossinovites, sinovites e tendinites do membro superior (M65 a M659);
M65 - Sinovite e tenossinovite; M65.0 -Abscesso da bainha tendínea; M65.1-Outras
(teno) sinovites infecciosas; M65.2 - Tendinite calcificada; M65.3 Dedo em gatilho; M65.4 -
Tenossinovite estilóide radial (de Quervain); M65.8-Outras sinovites e tenossinovites;
M65.9-Sinovite e tenossinovite não especificadas;
III. Lesões nos ombros (M75 a M75.9).
M75 - Lesões do ombro; M75.0 - Capsulite adesiva do ombro; M75.1 - Síndrome do
manguito rotador; M75.2 - Tendinite bicepital; M75.3-Tendinite calcificante do ombro;
M75.4 - Síndrome de colisão do ombro; M75.5 - Bursite do ombro; M75.8 - Outras lesões
do ombro; M75.9 - Lesão não especificada do ombro;
IV. Artropatias (M00-M25)
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M00-M03 - Artropatias infecciosas, M05-M14 - Poliartropatias inflamatórias, M15-
M19 - Artroses, M20-M25 - Outros transtornos articulares;
V. Dorsopatias (M40-M54)
M40-M43 - Dorsopatias deformantes, M45-M49 - Espondilopatias, M50-M54 -
Outras dorsopatias.
Fatores críticos impeditivos da movimentação manual de cargas:
Extrai-se da Norma Regulamentadora nº 17/MTE:
17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de
cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua
saúde ou sua segurança.
(...)
17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas
deverão ser usados meios técnicos apropriados.
A NR-36 também determina:
36.4.1.6 Devem ser implementadas medidas de controle que evitem que
os trabalhadores, ao realizar suas atividades, sejam obrigados a efetuar de
forma contínua e repetitiva:
a) movimentos bruscos de impacto dos membros superiores;
b) uso excessivo de força muscular;
c) frequência de movimentos dos membros superiores que possam
comprometer a segurança e saúde do trabalhador;
d) exposição prolongada a vibrações;
e) imersão ou contato permanente das mãos com água.
(...)
36.5.1 O empregador deve adotar medidas técnicas e organizacionais
apropriadas e fornecer os meios adequados para reduzir a necessidade de
carregamento manual constante de produtos e cargas cujo peso possa
comprometer a segurança e saúde dos trabalhadores.
(...)
36.5.7 No levantamento, manuseio e transporte individual de cargas
deve ser observado, além do disposto no item 17.2 da NR-17 (Ergonomia), os
seguintes requisitos:
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a) os locais para pega e depósito das cargas devem ser organizados de
modo que as cargas, acessos, espaços para movimentação, alturas de pega e
deposição não obriguem o trabalhador a efetuar flexões, extensões e rotações
excessivas do tronco e outros posicionamentos e movimentações forçadas e
nocivas aos segmentos corporais;
b) a estocagem dos materiais e produtos deve ser organizada em função
dos pesos e da frequência de manuseio, de maneira a não exigir manipulação
constante de carga com pesos que possam comprometer a segurança e saúde
do trabalhador;
c) devem ser adotadas medidas, sempre que tecnicamente possível, para
que quaisquer materiais e produtos a serem erguidos, retirados, armazenados
ou carregados de forma frequente não estejam localizados próximos ao solo
ou acima dos ombros;
d) cargas e equipamentos devem ser posicionadas o mais próximo
possível do trabalhador, resguardando espaços suficientes para os pés, de
maneira a facilitar o alcance, não atrapalhar os movimentos ou ocasionar
outros riscos.
Nos termos expostos no Manual de Aplicação da NR-17, o critério técnico utilizado
para avaliar se a manipulação de cargas está trazendo prejuízos para a saúde e segurança
do trabalhador é a equação desenvolvida pelo NIOSH (National Institute for Occupational
Safety and Health, USA), apurado com a aplicação de variáveis como a distância horizontal
da carga ao corpo do trabalhador, posição vertical, deslocamento vertical, assimetria,
frequência e qualidade da pega da carga.
Esse método técnico de avaliação também está consubstanciado na Norma Técnica
ABNT NBR ISO 11228-1:2017, utilizada para avaliação da movimentação manual de cargas
na atividade interditada.
Nessa equação, a massa máxima recomendada no manuseio de volumes é calculada
a partir de uma constante de carga, a qual é sensibilizada pela multiplicação dos fatores
acima listados, se aplicáveis. Como são fatores multiplicadores menores do que 1, sempre
o limite de peso máximo recomendado estará abaixo da constante de carga. O valor da
constante de carga corresponde ao valor para o qual uma determinada porcentagem da
população de usuários em geral está protegida. Conforme a ISO 11228-1 (movimentação
manual e transporte), para uma população ativa adulta de homens, 99% estarão protegidos
com a manipulação de no máximo 23 kg de carga, em condições ótimas, abaixo expostas.
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Conforme o Manual de Aplicação da NR-17, sobre a aplicação da equação NIOSH:
"a constante de carga (LC, load constant) é o peso máximo recomendado para
um levantamento desde que a localização-padrão e em condições ótimas, quer dizer,
em posição sagital (sem torções do dorso nem posturas assimétricas), fazendo um
levantamento ocasional, com uma boa pega da carga e levantando a carga a menos
de 25cm. O valor da constante foi fixado em 23kg. O estabelecimento do valor desta
constante levou em conta critérios biomecânicos e fisiológicos."
Todos os fatores multiplicadores da equação possuem valores críticos, ou seja,
valores que tornam o fator igual a zero. Se o fator multiplicativo é zero, então o limite
máximo recomendado também será de zero kg. De outra forma, significa que na presença
de fatores críticos é proibido o levantamento e carregamento manual de cargas, porque
certamente trará prejuízos à saúde e segurança do trabalhador.
Entre os fatores multiplicadores da equação, encontra-se a altura vertical e a
distância horizontal. A distância horizontal é a distância entre a pega do objeto e o corpo
do empregado, seja na origem ou no destino da movimentação. Quanto mais longe do
corpo o objeto, maior o esforço e pior para sua coluna. A altura vertical é altura de pega do
objeto e também de deposição do mesmo. Quanto mais distante estas alturas estivem da
zona entre a cintura e os ombros do trabalhador, pior para a saúde do trabalhador.
Ainda, a empresa não realizou a Análise Ergonômica do Trabalho dessas atividades
de movimentação manual de cargas. Os trabalhadores estão movimentando cargas muito
acima do recomendado para evitar lesões osteomusculares, especialmente da coluna.
Nas atividades analisadas, verificou- se a existência dos seguintes pontos críticos,
impeditivos da realização das atividades:
a) distância vertical (altura de pega ou de deposição) da carga maiores do que 1,75
metros.
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Foram medidas pela fiscalização altura de 1,86 m no envaramento de mortadela e de calabresa para fatiar.
Tanto no setor de embutimento (abastecimento) e de embalagem secundária (descarregamento).
Também o descarregamento da calabresa normal, encontrada nos estaleiro em altura de 1,86
Altura de 1,80 nas gaiolas com produtos do setor de frescais.
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Prateleiras de 1,90 m de altura, para armazenar condimentos.
b) distância vertical (altura de pega ou de deposição) da carga muito próximas do
solo;
Altura de 0,11 e 0,20 m do solo para pega e/ou deposição de produtos
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Bem como rente ao solo, no caso da lenha da caldeira.
c) distância horizontal (altura de pega ou de deposição) da carga acima de 60 cm
distantes do corpo do trabalhador:
Foram medidas pela fiscalização distâncias variadas entre 78 a 82 cm do corpo do
trabalhador, nas diversas atividades.
Foto ilustrativa abaixo:
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d) pesos dos produtos acima do limite máximo permitido para condições ideais (23
kg).
Constatou-se a movimentação de caixas e sacos de produtos e toras de madeira de
mais de 30 kg.
Fotos ilustrativas abaixo.
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Caixas de produtos de mais de 23 Kg movimentada por trabalhadoras mulheres:
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Sacos de temperos de mais de 29 Kg:
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Trabalhador faz movimento de arremesso da carga, o que é vedado pela NR-36:
d) pesos dos produtos acima do limite máximo recomendado para movimentação
por dois trabalhadores (máximo de 34 Kg).
Constatou-se a movimentação de paletes metálicos por dois trabalhadores com peso
total de 56 Kg, muito acima do limite de peso recomendado, nos termos da ISO 11.228-
1:2017.
Foto ilustrativa abaixo.
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Paletes de metal de 56 Kg, movimentados por 2 trabalhadores:
e) movimentação de cargas total na jornada acima do limite cumulativo diário de
10.000 kg para uma jornada de 8h.
Os trabalhadores de atividade de vários setores estão movimentando carga acima de
10.000 Kg. Cita-se como exemplo a movimentação no encaixotamento da calabresa normal
onde os trabalhadores movimentam 15.000 Kg por dia de trabalho. Também, na
embalagem secundária dos frescais, constatou-se trabalhador movimentando 26.000 Kg
por jornada.
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Além disso, é realizada a movimentação de cargas com pegas muitos ruins, como os
sacos de matéria prima de até 20 Kg ou sacos de condimentos, em condições inadequadas.
Os contentores são colocados muito próximos da parede, obrigando os trabalhadores a
pegas muito distantes, acima de 60 cm, descumprindo a NR-36.
Várias são as alterações da coluna lombar e cervical, decorrentes da aplicação de
forças na manipulação de cargas acima do limite de peso recomendado, que podem levar
ao adoecimento: microfraturas do disco intervertebral, alterações degenerativas dos
processos articulares, danos à estrutura dos ligamentos. Podem acarretar desde lombalgias
até graves hérnias de disco, além dos acometimentos por LER relativos aos membros
superiores.
4.2) Atividade de envarar a calabresa
Posto de trabalho não adaptado às características psicofisiológicas dos trabalhadores, favorecendo a adoção de posturas nocivas:
- São realizadas ações de adução/abdução do braço durante todo o tempo de execução da atividade, ações extremamente prejudiciais aos ombros das trabalhadoras;
A norma ABNT NBR ISO 11228-3:2014, alerta para a existência de risco de adoecimento por LER/DORT nas atividades de alta frequência de repetição:
Também considerar posturas e movimentos do ombro, certificando-
se de que braços não sejam mantidos ou movidos:
- no nível do ombro (flexão ou abdução por 80º ou mais) para
mais de 10% do tempo do ciclo e/ou por mais de 2 ações/min;
- em abdução moderada (entre 45º e 80º) por mais de 1/3 do
tempo do ciclo e/ou por mais de 10 ações/min.
Se uma dessas duas condições ocorrer, existe risco de doença no
ombro.
- Ritmo excessivo de trabalho com subdimensionamento do número de trabalhadores necessários à realização das tarefas. Constatou-se durante a inspeção a exigência de até 60 ações técnicas por minuto no braço direito da trabalhadora.
- Durante toda a execução da tarefa são exigidas posturas nocivas de trabalho, especialmente punho, cotovelo e ombro.
- Ausente sistema efetivo de rodízio de atividades. - a empresa não utilizou ferramentas metodológicas adequadas para realizar a análise
ergonômica da atividade; Fotos ilustrativas abaixo:
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4.3) Atividades de movimentação de cargas com paleteiras manuais
No setor de preparação de matérias primas, na embalagem secundária e revisão de
curados existem setores da indústria onde são movimentados paletes com cargas de 600 a
1200 Kg com o auxílio de paleteiras manuais.
Isso ocorre porque não há paleteiras elétricas suficientes para utilização simultânea
para atendimento das diversas atividades necessárias ao funcionamento da planta
industrial.
Esta atividade está expondo os trabalhadores a risco grave de adoecimento
osteomuscular e da coluna, pois as cargas estão sendo manualmente empurradas ou
puxadas pelos trabalhadores, conforme fotos ilustrativas abaixo.
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O equipamento existente, paleteira manual, é inadequado para o manuseio dessas
cargas pesadas pelos trabalhadores. A empresa precisa providenciar paleteiras elétricas
ou outros equipamentos facilitadores para realizar a movimentação de paletes acima de
500 Kg.
Conforme manual do Health and Safety Executive (HSE), órgão responsável pelo
fomento, regulação e aplicação de normas relacionadas à saúde e segurança do trabalho
na Inglaterra, Países Baixos e Escócia, para esse tipo de atividade deve-se utilizar os
seguintes parâmetros:
Referências para empurrar e puxar
homens mulheres
Para parar ou iniciar uma carga
20 kgf (ou seja cerca de 200 Newtons)
15 kgf (ou seja cerca de 150 Newtons)
Para manter a carga em movimento
10 kgf (ou seja cerca de 100 Newtons)
7 kgf (ou seja cerca de 70 Newtons)
O referido manual encontra-se disponível no site da internet
http://www.hse.gov.uk.
Os parâmetros expostos são utilizados no presente relatório como critério técnico
de precaução e prevenção à saúde e segurança dos trabalhadores, nos termos da
Convenção nº 81 da OIT e da NR-28.
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Conforme a HSE, a quantidade de força que precisa ser aplicada para mover uma
carga ou mantê-la em movimento sobre uma superfície plana utilizando equipamentos
auxiliares é de pelo menos 2% do peso total da carga. Em condições ideais, ou seja, sem
posturas inadequadas, como flexão do tronco, superfície plana e com auxílio de
equipamentos. Ausente essas condições, como no caso da empresa em análise, a
quantidade de força necessária pode ultrapassar 10% do peso da carga.
Limitando o cálculo ao percentual mínimo, percebemos que os trabalhadores não
podem realizar a movimentação dessas baterias com as mãos. 2% de 1.200 Kg importa
numa força necessária de pelo menos 24 Kg (ou aproximadamente 240 N). Assim, acima
do limite para iniciar ação de empurrar ou puxar uma carga e muito acima do limite para
manter o movimento da carga (10 Kg).
Destaque-se ainda que as cargas são transportadas por pisos irregulares e a
existência de desníveis entre setores/áreas, com rampas, que demandam uma força
excessiva pelos trabalhadores.
Portanto, nessas condições não se pode permitir a atividade de empurrar e puxar
cargas, pois a indústria está exigindo forças acima da capacidade de trabalho dos seus
empregados.
O empregador deve cumprir o disposto nas Normas Regulamentadoras de Saúde e
Segurança do MTE, especialmente os seguintes itens da NR-17 e da NR-36:
NR-17
17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de
cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde
ou sua segurança.
(...)
17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas
deverão ser usados meios técnicos apropriados.
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NR-36
36.5.1 O empregador deve adotar medidas técnicas e organizacionais
apropriadas e fornecer os meios adequados para reduzir a necessidade de
carregamento manual constante de produtos e cargas cujo peso possa
comprometer a segurança e saúde dos trabalhadores.
36.5.2 O levantamento, transporte, descarga, manipulação e
armazenamento de produtos, partes de animais e materiais devem ser executados
de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua
segurança, saúde e capacidade de força.
4.4) Quebrador de Bloco (Setor de preparo de massa – TAG: 3830QUE01)
• Ausência ou insuficiência de
sistema de segurança para a garantia
da saúde e da integridade física dos
trabalhadores, caracterizado por:
Ausência de análise de risco
e de projeto, que
comprovem a efetividade do
sistema de segurança;
Sistema de segurança, com
proteção móvel, sem
intertravamento monitorado
por interface de segurança;
Acesso à zona de perigo em
face de proteção móvel
incompleta (saída de
material);
Ausência de comprovação
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de existência de sistema de
aterramento elétrico;
• A continuidade deste quadro
submete os trabalhadores a risco de
sérios agravos à sua saúde, em
especial os decorrentes de lesões por
esmagamento, cortes e contusões
nas mãos e/ou dedos de operadores
e terceiros e de lesões ou morte por
choque elétrico.
4.5) Máquina Rotuladeira de mortadela mod. RV9000 – TAG: 3727RTL01, na embalagem
secundária
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• Ausência ou insuficiência de
sistema de segurança para a garantia
da saúde e da integridade física dos
trabalhadores, caracterizado por:
Ausência de análise de risco
e de projeto, que
comprovem a efetividade do
sistema de segurança;
Ausência de sistema de
segurança (proteção fixa ou
móvel intertravada) em
partes móveis e
transmissões de força;
Interface homem-máquina
(ligar/desligar) em tensão de
operação (220 volts);
Ausência de comprovação
de existência de sistema de
aterramento elétrico;
• A continuidade deste quadro
submete os trabalhadores a risco de
sérios agravos à sua saúde, em
especial os decorrentes de lesões por
esmagamento, cortes e contusões
nas mãos e/ou dedos de operadores
e terceiros e de lesões ou morte por
choque elétrico.
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4.6) Esteira etiquetadora – TAG: 3703EST02, no setor de carimbação.
• Ausência ou insuficiência de
sistema de segurança para a garantia
da saúde e da integridade física dos
trabalhadores, caracterizado por:
Ausência de análise de risco
e de projeto, que
comprovem a efetividade do
sistema de segurança;
Ausência de sistema de
segurança (proteção fixa ou
móvel intertravada) em
partes móveis e
transmissões de força;
Interface homem-máquina
(ligar/desligar) em tensão de
operação (220 volts);
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Ausência de comprovação
de existência de sistema de
aterramento elétrico;
Ausência de capacitação do
operador;
Parada de emergência
aciona diretamente a
máquina ao ser desacionada
(ausência de reset).
• A continuidade deste quadro submete os trabalhadores a risco de sérios agravos à sua saúde, em especial os decorrentes de lesões por esmagamento, cortes e contusões nas mãos e/ou dedos de operadores e terceiros e de lesões ou morte por choque elétrico.
O conjunto de situações descritas anteriormente, avaliadas sob critério técnico, modela a
condição de RISCO GRAVE E IMINENTE à integridade dos trabalhadores na interação humana com as
referidas máquinas. Igualmente conflita com diversos dispositivos legais, entre os quais:
Diversas determinações da Norma Regulamentadora n° 10 do Ministério do Trabalho e Emprego (NR-10);
Diversas determinações da Norma Regulamentadora n° 12 do Ministério do Trabalho e Emprego (NR-12);
Diversas determinações da Norma Regulamentadora n° 17 do Ministério do Trabalho e Emprego (NR-17);
Diversas determinações da Norma Regulamentadora n° 36 do Ministério do Trabalho e Emprego (NR-36).
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De forma subsidiária, também constatamos o descumprimento de diversas normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), da Comunidade Europeia (EN) e da International Standard (ISO),
especialmente em relação à interação entre homens e máquinas, a saber:
I- NBR 12100:2013 - Segurança de máquinas — Princípios gerais de projeto — Apreciação e
redução de riscos;
II- Partes de sistemas de comando relacionadas à segurança – Princípios Gerais para Projetos
(NBR 14153);
III- Requisitos gerais para o projeto e construção de proteções (fixas e móveis) (NBRNM 272);
IV- Segurança de máquinas - Dispositivos de intertravamento associados a proteções
(NBRNM273);
V- Prevenção de partida inesperada (NBR 14154);
VI- Equipamentos de parada de emergência – Aspectos funcionais – princípios para projeto
(NBR 13759);
VII- Distâncias de segurança para impedir o acesso a zonas de perigo pelos membros superiores
(NBRNM-ISO13852);
VIII- BS EN ISO 13849-1:2006 – Safety of machinery – Safety-relared parts of control systems –
Part 1: General principles for design;
IX- EN 693: 2001 + A2:2011, Machine Tools - Safety - Hydraulic Presses.
X- ABNT NBR ISO 11228-1:2017 - Ergonomics — Manual handling — Part 1: Lifting and
carrying;
XI- ABNT NBR ISO 11.228-3:2013- Ergonomia - Movimentação manual - Parte 3:
Movimentação de cargas leves em alta frequência;
XII- ABNT NBR ISO 11.226:2013 – Ergonomia – Avaliação de posturas estáticas de trabalho;
XIII- EN 1005-2:2003 - Safety of machinery - Human physical performance - Part 2: Manual
handling of machinery and component parts of machinery
5. Medidas Destinadas ao Saneamento dos Riscos Apontados
As condições de risco apontadas podem ser saneadas mediante a adoção INTEGRAL, pela
empresa epigrafada, de um conjunto de medidas concebidas para o controle dos riscos diagnosticados
neste laudo. As medidas de saneamento propostas deverão considerar a forma de utilização e os limites
das máquinas, bem como TODAS as interações com as pessoas. Estas deverão ser apresentadas para
análise também em meio eletrônico. Poderão ainda ser analisadas outras medidas alternativas,
propostas pela Requerente, desde que com a mesma garantia, técnica e eficácia:
nº 357766_358002/2017-1808 TERMO DE INTERDIÇÃO 30
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5.1. Segurança na operação de máquinas e equipamentos
i. Elaboração de projeto e instalação de sistema de segurança efetivo para as
máquinas, sob a responsabilidade de profissional habilitado, com juntada de cópia
da ART pertinente, obedecendo aos princípios expressos pela norma ISO
12100:2010 – Safety of machinery – General principles for design – Risk assesment
and risk redution e ABNT NBR 12100:2013 - Segurança de máquinas — Princípios
gerais de projeto — Apreciação e redução de riscos. Este sistema deverá
contemplar o saneamento de TODOS os perigos significativos (inclusive
ambientais e de ordem ergonômica), sendo que a avaliação de risco e o respectivo
projeto para o sistema de segurança deverá ser encaminhado para a Auditoria-
Fiscal do Trabalho, em meio papel e eletrônico;
ii. Os métodos de proteção para a área de operação devem comprovadamente
atender os requisitos de segurança descritos nas ABNT NBR NM 213-1 e ABNT
NBR NM 213-2. O conjunto de componentes de segurança implantados deve
proteger todas as pessoas expostas, isto é, todas as pessoas que possam ter
acesso às áreas de risco durante a operação, ajuste, manutenção, limpeza e
atividades de inspeção;
iii. Recompor a integridade eletromecânica de componentes dos sistemas de
segurança eventualmente existentes e que se mostrem adequados à categoria de
risco e ao nível de confiabilidade necessário;
iv. Chaves de segurança que monitorem os acessos a áreas de risco devem ser
intertravadas com os sistemas de controle na categoria de segurança adequada,
na forma definida na análise de risco;
v. Instalação de dispositivos de parada de emergência, conforme especificado na
ABNT NBR 13759, monitorados por relé de segurança, sob supervisão de
profissional legalmente habilitado, com emissão de ART;
vi. Os sistemas de controle devem incluir funções de segurança de tal forma que
dispositivos devam ser novamente acionados para que a máquina inicie um novo
golpe (reset), de acordo com especificações normativas;
vii. Implantação de sistema de bloqueio e etiquetagem (lock out / tag out) para o
controle de energias, nos termos da Norma Regulamentadora nº 10 do MTE;
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viii. Apresentação de atestado de aterramento elétrico, com medição ôhmica,
conforme NBR 5410 e 5419, e, no caso máquinas acopladas, comprovar a
equipotencialização elétrica, sob responsabilidade de profissional legalmente
habilitado, com juntada de ART, em meio papel e eletrônico;
ix. Apresentação de procedimentos operacionais para as atividades de limpeza,
ajuste e manutenção das máquinas, por profissional legalmente habilitado, com
juntada de ART, em meio papel e eletrônico;
x. Apresentar comprovante de capacitação dos operadores, em conformidade com a
NR-12;
xi. Apresentação dos diagramas elétricos das máquinas e a especificação dos
dispositivos de segurança instalados nas mesmas, bem como o cálculo da
distância de segurança para o posicionamento destes dispositivos, quando
aplicável, em meio papel e eletrônico;
xii. Implantação de programa de capacitação dos usuários destes equipamentos, nos
termos da NR-12 e NR-36 do MTE, em meio papel e eletrônico, dando especial
ênfase à utilização correta do dispositivo de parada de emergência;
xiii. Eliminar as posturas nocivas de trabalho nos termos da ABNT NBR ISO
11.226:2013;
xiv. Cumprir TODOS os demais requisitos da Norma Regulamentadora nº 12 do MTE e
normas técnicas ABNT ou do sistema internacional (ISO) aplicáveis;
5.2 Atividades de movimentação de cargas no abastecimento de matéria prima, na colocação de
varas de mortadela e calabresa para fatiar nos estaleiros, na embalagem secundária, no
setor de condimentos, na revisão de curados, na carimbação e na alimentação manual das
caldeiras.
i. Imediata adequação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, eliminando os fatores críticos elencados
neste relatório;
ii. Limitar o peso dos produtos a serem movimentados manualmente a no
máximo 23 kg para os trabalhadores homens adultos, de forma imediata.
iii. Limitar o peso dos produtos a serem movimentados manualmente a no
máximo 20 kg para as trabalhadoras mulheres adultas, de forma imediata.
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iv. Limitar o peso dos produtos a serem movimentados por dois trabalhadores ao
mesmo tempo a no máximo 34 Kg;
v. Limitar as alturas de pega e de posição dos produtos a, no mínimo, 50 cm de
altura do solo e a no máximo 1,75m do solo.
vi. Limitar a distância horizontal de pega e de deposição da carga a no máximo 60
cm do corpo do trabalhador.
vii. Realizar a avaliação das atividades de movimentação manual de cargas através
da equação do NIOSH com a atualização realizada pela ABNT NBR ISO nº
11.228-1:2017;
viii. Somente permitir a atividade de movimentação manual de carga quando o
Lifting Index (LI) apurado pela avaliação anterior for igual ou inferior a 1.
ix. Limitar a exposição individual dos trabalhadores a uma movimentação de
massa cumulativa de no máximo 10.000 kg por jornada, nas atividades
realizadas com as duas mãos;
x. Dimensionar a quantidade de pessoas suficientes para execução das atividades,
a fim de não gerar sobrecarga de trabalho na atual equipe de trabalhadores,
nos termos da NR-36;
xi. Eliminar ações de arremesso ou de atirar os produtos, caixas, sacos e toras de
madeira;
xii. Realizar o treinamento dos trabalhadores em movimentação manual de cargas;
5.3 Atividade de envarar a calabresa:
i. Imediata adequação da atividade às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, eliminando as posturas inadequadas de trabalho, especialmente
do cotovelo, punho e ombro;
ii. Eliminar as posturas de trabalho nocivas nos termos da Norma Técnica ABNT
NBR ISO 11.226:2013;
iii. Aplicar rodízios eficazes, com atividades com outras exigências
musculoesqueléticas;
iv. Realizar análise ergonômica do trabalho das atividades do setor através de
metodologia adequada e limitar a cadência de trabalho ao número máximo de
30 ações técnicas por minuto por trabalhador, em cada membro superior,
reduzindo a produção ou mantendo número adequado de trabalhadores.
5.4 Atividades de movimentação de cargas com paleteiras manuais
i. Eliminar as paleteiras manuais na movimentação dos paletes com peso
superior a 500 Kg;
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ii. Nos paletes com peso acima de 500 Kg somente permitir a movimentação com
paleteira elétrica ou com outro equipamento adequado, com força motriz
própria (empilhadeira, por exemplo).
6. CONCLUSÃO
Diante do exposto neste laudo, entende-se que há situação de risco de acidentes e/ou doenças
ocupacionais aos trabalhadores. Tais riscos são graves pois possuem potencial de causar, no mínimo,
lesão grave conforme definição do artigo 129, parágrafo 1º, do Código Penal. São também iminentes
pois a efetiva ocorrência do risco pode ocorrer a qualquer momento, sendo ausentes medidas eficazes
e/ou legalmente previstas para evitar a ocorrência do acidente ou doença. Logo, sendo perfectibilizada
a hipótese legal de risco grave e iminente, somos pela INTERDIÇÃO das seguintes atividades, máquinas
e equipamentos: a) Atividades de movimentação de cargas no abastecimento de matéria prima, na
colocação de varas de mortadela e calabresa para fatiar nos estaleiros, na embalagem secundária, no
setor de condimentos, na revisão de curados, na carimbação e na alimentação manual das caldeiras; b)
Atividade de envarar a calabresa; c) Atividades de movimentação de cargas com paleteiras manuais; d)
01 quebrador de bloco; e) 01 Rotuladeira de mortadela; f) 01 esteira etiquetadora.
Esta determinação tem caráter cautelar e visa à preservação da integridade física dos
trabalhadores, com a paralisação imediata das referidas operações e equipamentos. O empregador
DEVE GARANTIR, enquanto perdurar o processo de interdição, que os trabalhadores recebam
integralmente seus salários (inclusas parcelas variáveis), como se estivessem em efetivo exercício, nos
termos do parágrafo 6º do artigo 161 da CLT.
A solicitação para uma eventual suspensão deste processo de interdição deverá ser encaminhada
na forma explicitada pela fl. 01 , juntando-se toda a documentação probatória de eventual cumprimento
das medidas de saneamento constantes neste laudo, para análise e parecer pela Auditoria-Fiscal do
Trabalho.
Este laudo caracteriza a condição de risco grave e iminente.
Bom Retiro do Sul/RS, em 18 de agosto de 2017.
MAURO MARQUES MULLER
Auditor-Fiscal do Trabalho
CIF: 35786-3
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CIF 35800-2
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