scanning report - autenticidade da experiência
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IDEFE
Pós-Graduação em Prospectiva, Estratégia e Inovação
[SCANNING REPORT] [Trabalho Individual realizado no âmbito do módulo Métodos e Ferramentas de Corporate & Industry Foresight]
Marisa F. Silva
Abril de 2012
Scanning Report: Busca de Autenticidade da Experiência
Marisa F. Silva
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ESTRUTURA
A estrutura definida para o report procurou seguir as melhores práticas de scanning, pelo que se considerou
como benchmarking o documento metodológico do Projecto Horizon Scanning do Departamento de
Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (DPP) 1 e o Guia de Environmental Scanning 2 ,
elaborado pela Thinking Futures/Shaping Tomorrow, referências nacionais e internacionais, respectivamente,
nesta área.
O report apresenta então três diferentes componentes ou níveis de detalhe, partindo do geral para o
particular.
Inicia-se com a categorização da força de mudança em análise (tendência, tendência pesada, incerteza,
weak signal ou wildcard), relacionando-a a um tema de acordo com a framework STEEP e a um sub-tema,
mais específico. Seguidamente, a força de mudança é identificada com a data em que foi criado o report,
nome da pessoa que procedeu ao scanning, título e uma descrição sumária da força de mudança. Para um
entendimento mais completo desta, a mesma tem associado um conjunto de palavras-chave que facilitam a
apreensão do contexto, indicadores/eventos que corroboram a exposição à força da mudança, bem como
drivers e inibidores, isto é, os factores de influência que podem potenciar ou obstar as manifestações e
impacto da força. Esta primeira componente finaliza com uma breve avaliação da força de mudança, sob a
forma de escala, no que respeita à timeframe para revelação mais veemente dos seus impactos, âmbito ou
extensão que a força de mudança tomará, intensidade do seu impacto, probabilidade de ocorrência, e
estádio de maturidade.
Considerando que este report constitui-se como uma importante informação estratégica para um actor
específico – a empresa GET – a operar no sector do turismo, a segunda componente do report aborda as
implicações da força de mudança para o turismo.
O processo de scanning deve permitir que as suas conclusões sejam efectivamente usadas no processo
estratégico da organização, isto é, despoletando o pensamento estratégico sobre novas formas de endereçar
os desafios e alargando o leque de possibilidades além do conhecido status-quo, deve permitir levantar o véu
sobre o significado da força de mudança identificada, conduzindo a caminhos sobre como poderá a
organização responder a esta. Neste sentido, o scanning report apresentado termina com um conjunto de
recomendações para a empresa GET.
Refira-se porém que, tratando-se de recomendações e por versarem sobre o futuro, não deverão ser
consideradas certas mas antes como possível resposta ao que se estima ser o comportamento normal da
força em estudo.
1 http://www.dpp.pt/Lists/Pesquisa%20Avanada/Attachments/3199/Projecto_HS-DPP.pdf
2 http://thinkingfutures.net/resources/building-strategic-futures-guides/scanningguideinfo/
Scanning Report: Busca de Autenticidade da Experiência
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I. CATEGORIA: Tendência ☒ Tendência Pesada ☐ Incerteza ☐ Weak Signal ☐ Wild Card ☐
II. TEMA: Social ☒ Tecnologia ☐ Economia ☐ Ambiente ☐ Política ☐
III. SUB-TEMA: Estilo de vida IV. DATA de REGISTO: Abril de 2012 V. SCANNER: Marisa Silva
VI. TÍTULO: Busca de Autenticidade da Experiência
VII. DESCRIÇÃO SUMÁRIA:
Numa era em que a oferta abunda, os consumidores procuram cada vez mais novos atributos de
diferenciação para fazerem as suas escolhas, mais enriquecedores e imateriais, e tentam diferenciar-se e
definir-se pelo que fazem em vez de pelo que compram. Deste modo, em vez de gastarem o seu dinheiro em
bens que a maioria tem, como automóveis ou gadgets, os consumidores tendem cada vez mais a gastar o
seu dinheiro em experiências.
A “economia de experiência” traduz uma necessidade de auto-realização e autoconhecimento e está
associada a um status e estilo de vida customizado. Esta abordagem reconhece, por exemplo, a diferença
entre o prazer e experiência de ir a uma sala de ópera para um concerto versus ouvir um CD de ópera em
casa. Porém, à medida que a economia da experiência vem ganhando maturidade, a autenticidade das
experiências emerge como uma tendência importante, isto é, o consumidor privilegia experiências reais em
vez das experiências “trabalhadas” ou falsas.
VIII. PALAVRAS-CHAVE: Experiência, Autenticidade, Transumers, Autoconhecimento, Aprendizagem
IX. INDICADORES:
O consumo de packs de experiências (A Vida é Bela, Smartbox, etc) tal como a prática de desportos
extremos e exploração de culturas remotas têm apresentado um crescimento significativo nos anos recentes.
A escolha de destinos como a Zâmbia, Lao ou Cambodja, por exemplo, denotam também que os países
desenvolvidos têm vindo a tornar-se especialmente interessados no exótico e na aventura. É ainda um
importante indicador a popularidade que os intercâmbios como Erasmus ou períodos sabáticos têm vindo a
adquirir, de que a viagem do actor Ewan McGregor de moto pelo mundo é um interessante exemplo.
X. DRIVERS e INIBIDORES:
� Educação superior (driver)
� Consumidor mais informado (driver)
� Flexibilidade laborar (driver)
� Binómio money-rich/ time-poor (driver /
inibidor)
� Preocupação com auto-realização e
aprendizagem (driver)
� Aumento do custo de vida (inibidor)
� Medo de sair da zona de conforto
(inibidor)
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XI. AVALIAÇÃO:
Timeframe (quando irá a tendência começar a ter impacto?) 1-4 anos Âmbito (qual será a abrangência da tendência?) Global Impacto (qual será o impacto da tendência?) Muito elevado Probabilidade (qual será a probabilidade da tendência impactar?) Muito elevada Ciclo de Vida (em que estádio se encontra a tendência?) Em crescimento
XII. IMPLICAÇÕES para o TURISMO:
Uma vez que o turismo é sobretudo vender experiências além das férias, esta tendência é de particular
importância para o sector. O “turista experimental” quer, mais do que ser um espectador, ser um actor, isto é,
ser envolvido, participar em novas experiências, mas genuínas (!), interagindo com as comunidades locais no
seu dia-a-dia, e aprendendo e apreciando o destino a um nível mais profundo e autêntico. Os turistas estão a
tornar-se mais interessados em actividades de autoconhecimento e aprendizagem com ênfase na saúde,
bem-estar, educação, exploração de limites, desenvolvimento de competências e apreciação cultural, além
da fortemente conscientes e sensibilizados para questões sociais e ambientais.
As pessoas estão agora a ir de férias para aprenderem algo, inclusive sobre si mesmas. Para um crescente
número de turistas, as férias, em vez de uma expressão de consumo, estão a tornar-se um investimento em
si mesmos. Consequentemente, a barreira entre lazer e diversão tende a ser cada vez mais subtil.
Os “turistas experimentais” não procuram apenas uma cama num hotel ou o mero sightseeing mas antes
uma experiência mais completa e interactiva, de, por exemplo, cozinhar com as gentes locais, participar dos
seus costumes a participar em acções de voluntariado, ou seja, procura férias baseadas nas riquezas
culturais e naturais do destino que lhe permitam uma aprendizagem interactiva através da exposição a uma
cultura diferente ou que o desafie psicológica ou fisicamente, isto é, que lhe proporcione um sentimento de
enriquecimento pessoal.
Note-se porém que a experiência em si importa mais do que o destino. Este tipo de turista está disposto a
viajar grandes distâncias e pagar um valor superior para usufruir de dada experiência e cada vez mais
procura o incomum, o inexplorado e a experiência autêntica em detrimento do pacote massificado, partilhado
e off-the-shelf. Também por isso, muitos turistas experimentais têm em consideração a opinião de outros
utilizadores que os alertam para locais naturais e virgens, em bruto, a serem explorados antes de serem
“descobertos” pela maioria, sendo a promoção boca-em-boca muito valorizada.
O turista de experiências, ou transumer (Trendwatching), pode ser encontrado entre todos os grupos etários,
níveis de rendimento e localização geográfica, embora seja evidente a sua concentração nos países
desenvolvidos. De acordo com as fontes consultadas este tipo de turista pode caracterizar-se pelos
seguintes: viajar é uma parte importante da sua vida, bem-estar e estilo; procuram experienciar algo
completamente diferente da sua rotina do dia-a-dia; procuram a autodescoberta e aprendizagem através do
contacto com outras culturas; buscam o sentimento de auto-realização e seguem o desejo de crescer como
indivíduos; procuram interacção social e o desenvolvimento de relações pessoais com os locais; procuram
desafiar-se física, emocionalmente ou intelectualmente; são atraídos para destinos que ainda não foram
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“descobertos” ou que não são mainstream; tem maior flexibilidade do que a maioria para gozar de períodos
de lazer; têm um rendimento superior à média, podendo ficar mais tempo e gastar mais no destino; são
menos materialistas e mais open-minded e apresentam consciência social e ambiental; têm educação
superior e são críticos e bem informados numa variedade de assuntos, sendo frequentemente líderes de
opinião – early adopters e influenciadores.
XIII: RECOMENDAÇÕES para a GET:
A economia da experiência e a tendência para a busca da autenticidade apresentam alguns desafios
interessantes para a indústria do turismo e, naturalmente, para a GET, abaixo sumariadas sob a forma de
recomendações:
� Colaboração ao longo da cadeia de valor: para poder apresentar uma experiência completa, e
estando já presente em vários elos da cadeia de valor, quer a jusante quer a montante, é
recomendável que a GET maximize as sinergias da cadeia
� Itinerários opcionais e flexíveis: para acompanhar a necessidade de individualismo, é recomendável
que a GET, enquanto operadora, estruture os seus itinerários com base em diversos programas
opcionais e com flexibilidade de horários
� Consciência ambiental e cultural/étnica: a GET poderá fornecer experiências autênticas através de
localização em espaços locais – ao invés dos espaços “resort” -, recrutamento entre as comunidades
locais e promoção de tradições locais, por exemplo
XIV: FONTE(S):
� Global Experience Seekers; Tourism Australia; consultado em http://www.tourism.australia.com/en-
au/documents/Corporate%20-%20Research/Global_Exp_Seekers.pdf, a 01-04-2012
� Megatrends underpinning tourism to 2020: analysis of key drivers for change; Dwyer, L., Edwards D.,
Mistilis N., Roman C., Scott N & Cooper C.; 2008; CRC for Sustainable Tourism Pty Ltd; consultado
em
http://www.sustainabletourismonline.com/awms/Upload/Resource/bookshop/80046%20Dwyer_Touris
mTrends2020%20WEB.pdf, a 30-03-2012
� Study on the Competitiveness of the EU tourism industry - with specific focus on the accommodation
and tour operator & travel agent industries; Setembro 2009; consultado em
http://ec.europa.eu/enterprise/newsroom/cf/_getdocument.cfm?doc_id=5258 , a 31-03-2012
� The Authentic Tourist: A Journey Through Africa in 2030; Yeoman, I.; Tomorrow’s Tourist: Scenarios
& Trends; consultado em http://www.tomorrowstourist.com/pdf/012.pdf, a 01-04-2012
� Transumers; Trendwatching; consultado em http://trendwatching.com/trends/transumers.htm, a 01-
04-2012
� Trends affecting the World Tourism Industry; Tourism Victoria; consultado em
http://www.tourism.vic.gov.au/strategicplan/plan2002_2006/1_introduction/assets/intro_graph2.pdf , a
30-03-2012
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