rosângela trajano · felicidade chegar em mim através do suor que corria pelo meu rosto e do ......

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Rosângela Trajanoconta

Pelada de ruaIlustrações da autora

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Pelada de rua

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Rosângela Trajano

Pelada de rua1ª Edição

Natal-RN2014

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Capa e ilustraçõesDa autora

Projeto editorialDa autora

Contatos com a autorarosangelatrajano@hotmail.comwww.rosangelatrajano.com.br

84 9904-7814

Esta obra não pode ser comercializada.É livre a sua reprodução no todo ou em partes

desde que respeitados os direitos autorias.

Lei. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998

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Para Bero, meu irmão.

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PREFÁCIO

Futebol é algo mágico, apaixonante, sentimentos divergentes que vêm junto com a alegria e a tristeza.

Os pais tentam passar para seus filhos o time de preferência deles, gritante o apelo saudável de um amor a um time. Ontem fiz a primeira compra de um álbum de figurinhas da copa do mundo, estranhei na hora a forma da modernidade, há alguns anos colecionei algumas figurinhas e lembro-me que precisava do uso de cola branca e um papel fino que chamamos de álbum, o de hoje é mais perfeito em termos de tecnologia, capa dura e as figurinhas autocolantes. Ao entregar o álbum e as figurinhas ao meu filho Rafael, que tem apenas 6 anos, a alegria dele foi estonteante, já dizendo “olha pai, o nosso time Brasil tá aqui” passando a fazer a sua primeira coleção de figurinhas.

O futebol nos envolve com uma certa magia inexplicável, como o grito de gol! Acho que já nascemos com o futebol na cabeça e no coração; quando pequenos costumávamos brincar na frente da minha casa, onde o grito de gol vinha com uma emoção gigante e saltos no ar de felicidade. A gente só precisava de uma bola e dois pares de sandália para servirem como as traves.

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Hoje com a mídia envolvida, a qual faz aparecer hora por outra um jogador mágico que faz da bola sua varinha de condão, os nossos talentos ficam escondidos nas periferias e cidades pequenas.

A busca de talentos é gritante. Em toda esquina temos jogadores fantásticos, pois o jogador “talento”, salvo raríssimas exceções, como o caso de alguns brasileiros, está nos locais onde o futebol ainda é jogado sem o medo de errar ou sem recursos à chuteiras de ultima geração. É só olhar para o seu lado e encontrará um talento.

O livro Pelada de rua, de autoria da minha irmã só me fez lembrar dos meus dias de menino correndo atrás de uma bola no meio da rua, brincando feliz, sem preocupar-me com nada, apenas sentindo a felicidade chegar em mim através do suor que corria pelo meu rosto e do coração batendo forte devido a correria.

Deixem as crianças serem as donas do jogo, as donas das regras, deixem que o erro apareça, não temam o erro, passem por várias posições no gramado perto da casa onde moram, deixem que as traves sejam formadas por quatro sandálias ou coco e que o meio-campo seja medido a olho nu e contado com passinhos que sonham muito! Quatro contra quatro,

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oito contra oito, tanto faz, o que importa é improvisar e deixar que o futebol tenha a continuidade da alegria.

Se pedirmos para alguém definir o futebol em uma única palavra, com certeza teremos:

gol;pênalti;uuuuuuuuh;quase;alegria; ouvitória;

Permitam aos seus meninos chutarem a bola do futebol e da vida com vontade e coragem, que brinquem como sempre brincamos, em campinhos improvisados.

Somos brasileiros e apaixonados por futebol!

Robério TrajanoAdvogado

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Os meninos jogam pelada no meio da rua com uma bola que rola pra lá e pra cá, vai e vem, para e corre. É movimento puro! Renato, o lateral direito, ao invés de chutar a bola, chutou a canela de Davi: - Ai, ai, ai, minha perna! O juiz marcou falta e aplicou um cartão vermelho em Renato que foi expulso do jogo. Quase bateram no juiz, mas ele estava certo. Ninguém queria perder o

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Renato.

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Renato era o melhor jogador do time adversário, quando recebia a bola fazia dribles maravilhosos. Sem ele era muito difícil ganhar, apesar de ainda restarem dez jogadores no seu time; sem ele a pelada não tinha graça. Davi, machucado, foi substituído por Rafael que estava no banco. Marcelo, o centroavante, passou por um, por dois, por três, por quatro, por cinco e chutou a bola. A bola fez uma pirueta no ar e entrou no meio da rede enganando o goleiro. - Goooollllll, gritaram. A torcida, sentada na calçada, comemorou junto com os jogadores de pés descalços. Marcelo empatou o jogo em 2 x 2. Osmeninosfizeramumacoreografia

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para comemorar o gol de Marcelo e dançaram a dança do pato. Brincar com a bola é descobrir a beleza do universo. A bola é magia. O legal da pelada é que seja preto ou branco, rico ou pobre, umbandista ou judeu todos são iguais. Todos amam a mesma coisa: a bola! O Mário, zagueiro, estava na pequena área e driblaria o goleiro quando foi agarrado pela camisa e derrubado! O juiz logo apitou e disse: - Priiiiiiiiii! Pênalti! Outra confusão. Começaram a reclamar do juiz com palavras e gestos. Mas, não ligou. Estava ali para manter as regrasdojogo.Afinal,eleéoúnicoquefica nomeio da brincadeira sempoderbrincar!

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Pedro, meio-campista, foi escalado para cobrar o pênalti. O jogo estava empate. Faltava um minuto para terminar. Sefizesseogolseutimeseriaovencedor. O garoto preparou-se para bater o pênalti, concentrou-se e correu para cima da bola com toda velocidade! Deu um chute forte, mas a bola foi para fora! A torcida começou a vaiar Pedro porterperdidoopênalti.Eleficoutriste.Mas, foi confortado pelos seus amigos jogadores. O jogo continuou. A menos de um minuto pra terminar, Lucas pegou a bola e deu um chute tão forte que acertou em cheio a janela de vidro da casa de Dona Maria. Praft!!! Só ouviram o barulho. Os meninos se esconderam, com

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medo do carão, atrás do poste de iluminação pública, atrás da árvore da casa de seuGabriel, atrás da lixeira da casa de Dona Chica. Eles já sabiam o que aconteceria. Mais um suspense. Esperavam ansiosos. E não tardou. Dona Maria cortou a bola e jogou os pedaços no meio da rua. - Diabo de uma gritaria! Ninguém pode ouvir o rádio! Se vierem de novo, corto a danada da bola de novo!, disse Dona Maria, brava. Os meninos nem ligaram, pois aquela era a vigésima quinta bola que Dona Maria cortava. Foram para casa, suados e cansados. Aruaficousilenciosa.Ospedaçosda bola no meio dela. E um vento leve no cair da tarde.

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Este livro foi composto em Times New Roman, tamanho 18.

Rosângela Trajano

Quanto mais escrevo para crianças,mais me sinto uma menina.

As minhas histórias são dos meninosque vivem no meu mundo da imaginação.

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