roger saraiva aguera cenário brasileiro da iluminação pública
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA COM ÊNFASE EM SISTEMAS
DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO
ROGER SARAIVA AGUERA
Cenário brasileiro
da Iluminação pública
Trabalho de Conclusão de Curso
São Carlos 2015
ROGER SARAIVA AGUERA
Cenário brasileiro
da Iluminação pública
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo
Curso de Engenharia Elétrica com ênfase em
Sistemas de Energia e Automação
Orientador: Prof. Dr. Ruy Alberto Corrêa Altafim
São Carlos
2015
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINSDE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Aguera, Roger Saraiva
A282c Cenário brasileiro da iluminação pública / Roger
Saraiva Aguera; orientador Ruy Alberto Corrêa Altafim.
São Carlos, 2015.
Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica com
ênfase em Sistemas de Energia e Automação) -- Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,
2015.
1. Iluminação pública. 2. Prefeitura. 3.
Concessionária de Energia. 4. Gestão pública. 5.
Legislação. I. Título.
Dedico este trabalho primeiramente a Deus pela força
concedida.
A minha esposa Paula Diana, que com a sua companhia e
motivação me conduziu até aqui.
Aos meus familiares que confiaram em mim e me ajudou
de alguma forma na minha formação.
Aos amigos e companheiros que me acompanharam
durante este caminho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem ele não teria acreditado em mim mesmo.
A Universidade de São Paulo pelas oportunidades e conhecimentos adquiridos.
Aos bons professores desta universidade, que procuram incentivar e ensinar seus
alunos com paciência e clareza.
À Paula Diana, minha esposa, que esteve ao meu lado durante os momentos mais
difíceis e sempre acreditando em mim me motivando a ir mais longe.
Aos meus pais, que foi grandes guerreiros, e fizeram o possível para meu
desenvolvimento acadêmico e pessoal.
Ao meu primo Josias, que indicou o caminho das pedras para iniciar a minha grande
jornada.
Aos familiares que contribuíram e incentivaram durante minha formação.
Aos amigos que, sempre que puderam, estiveram ao meu lado.
RESUMO
Aguera, R. S. Cenário brasileiro da iluminação pública. Trabalho de conclusão de
curso – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015.
O presente trabalho visa estudar o sistema de iluminação pública (IP) no Brasil, por
quanto em alguns municípios brasileiros à prefeitura realiza a gestão e manutenção da IP,
porém em outros municípios as concessionárias de energia elétrica que realiza estes
serviços, isso se deve as interpretações diferenciadas e confusas da constituição federal de
1988 e da ausência de lei para este assunto. Esta diferença que há entre os municípios e
estados motivou a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) a emitir uma resolução, nº
414/2010, que diz ser de responsabilidade das prefeituras a gestão, manutenção e
implantação da IP municipal, tomando como base interpretações da constituição federal de
1988. Esta resolução trouxe diversos conflitos, pois alguns municípios não possuem
condições para arcar com estes gastos e outros não concordam com a medida tomada pela
ANEEL. Devido à transferência dos ativos de IP para as prefeituras emergiram diversas
dúvidas de como administrar mais esta responsabilidade. Assim será apresentado, de forma
clara e sucinta, o sistema de iluminação pública, seu funcionamento, as mudanças após a
transição, as análises de custo, as maneiras de lidar com possíveis problemas auxiliando as
prefeituras em relação à gestão de IP. Além disso, serão apresentadas as discussões
polêmicas sobre este assunto, bem como as concepções dos advogados e parlamentares,
as consequências que serão enfrentadas pelas prefeituras e as medidas tomadas pelos
juízes e pelo congresso nacional. Desta forma, este trabalho traz os detalhes desta
transição dando aos agentes municipais e ao leitor noções dos direitos e deveres da
prefeitura que estão presentes na legislação, e apresentando formas de como a IP pode ser
melhorada para proporcionar maior qualidade de vida à população.
Palavras-chave: Iluminação pública, prefeitura, concessionária de energia, gestão
pública, legislação.
ABSTRACT
Aguera, R. S. Brasilian scene of street lighting. Trabalho de conclusão de curso –
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015.
This work aims to study the public lighting system (PLS) in Brazil, due to the fact that
in some places of the country the city hall already manage it, but in others districts electric
energy of this system is coordinated by the electric utilities, because of different and
confusing interpretation of the federal constitution from 1988. This difference between cities
and states motivated National Electric Energy Agency (ANEEL in Portuguese) to issue the
resolution number 414/2010, which says that the responsibility for the management,
maintenance and deployment of PLS owns to the city hall, according to the interpretation of
the federal constitution from 1988. This resolution brought many conflicts, because some
towns do not have condition to assume these costs and others do not agree with the action
taken by ANEEL. Due to the transfer of the debts of PLS to the city halls, doubts about
managing this responsibility were emerged. So, it is going to be shown in a clearly and briefly
way the public lighting system, its working, the changes after the transition, the costs’
analysis of the PLS, the way of dealing with possible problems and in this way helping city
halls. Furthermore, it is going to be shown controversial arguments about this question, just
like the conception of the lawyers and parliamentarians, the consequences faced by the city
hall and the action taken by the judges and by the national congress. In this way, this work
brings the details about this transition and gives the city officers and readers, notions of
rights and duties of city hall which are present in legislation and presenting forms of how the
PLS can be improved, providing better life quality to the citizens.
Keywords: Public Lighting, city hall, power distribution company, public
administration, legislation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Lâmpada (a) Ovoide (b) Tubular......................................................................23
Figura 2: Temperatura das cores ....................................................................................24
Figura 3: Relé Fotoelétrico ...........................................................................................24
Figura 4: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Desacoplados ........................25
Figura 5: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Acoplados ............................25
Figura 6 - Sistema de um circuito de iluminação básico ....................................................26
Figura 7: Consumo de energia elétrica por classe (GWh) - São Paulo 2011 .........................31
Figura 8: Valores de despesas estimados antes e após a transferência dos ativos ..................36
Figura 9: Exemplo de Iluminação Convencional e LED ...................................................46
Figura 10: Luminária pública LED ................................................................................46
Figura 11: Bateria 240Ah .............................................................................................49
Figura 12: Placa fotovoltaica 250Wp (a) e Inversor 12Vcc/115Vac/60Hz (b) ......................49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Características das Lâmpadas ..........................................................................23
Tabela 2: Consumo de energia elétrica por classe (GWh) .................................................31
Tabela 3: Valores das tarifas de IP .................................................................................32
Tabela 4: Preços de tarifas praticadas na CPFL Paulista ...................................................33
Tabela 5: Custo anual estimado dos serviços de O&M em um parque de IP ........................36
Tabela 6: Relação dos estados que ainda resta para assumir os ativos de IP .........................41
Tabela 7: Custo do consumo de energia da iluminação pública ..........................................47
Tabela 8: Custo de luminária LED e Solar ......................................................................50
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 19
2. ILUMINAÇÃO PÚBLICA .............................................................................................................. 20
2.1 HISTÓRIA ................................................................................................................................... 20
2.2 A RELEVÂNCIA DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA. ......................................................................................... 22
2.3 COMPONENTES ........................................................................................................................... 22
3. LEGISLAÇÃO .............................................................................................................................. 27
3.1 OPINIÕES POLÍTICAS ..................................................................................................................... 29
4. CUSTO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA ............................................................................................. 31
4.1 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA COM ILUMINAÇÃO PÚBLICA ............................................................... 31
4.2 TARIFAS QUE SERÃO PAGAS PELAS PREFEITURAS ................................................................................. 32
4.3 CUSTO DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO............................................................................................ 34
5. PROPOSTA DE GESTÃO E MANUTENÇÃO ................................................................................... 39
5.1 PRÓPRIA PREFEITURA ................................................................................................................... 39
5.2 TERCEIRIZAÇÃO ........................................................................................................................... 39
5.3 CONSÓRCIOS .............................................................................................................................. 40
5.4 CIDADES QUE JÁ ASSUMIRAM A IP................................................................................................... 40
6. CONTROLE E QUALIDADE .......................................................................................................... 43
7. NOVAS TECNOLOGIAS ............................................................................................................... 45
7.1 LED .......................................................................................................................................... 45
7.2 ENERGIA SOLAR .......................................................................................................................... 48
8. DISCUSSÕES FINAIS ................................................................................................................... 51
9. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 58
ANEXO .............................................................................................................................................. 60
19
1. Introdução
A iluminação pública (IP) tem o objetivo de fornecer claridade durante a noite, sendo
assim luminárias distribuídas ao longo da cidade iluminam a partir do pôr do sol até o seu
amanhecer, operando durante, aproximadamente, 12 horas por dia. Ela é de suma
importância para a qualidade de vida dos moradores e a qualidade do município. Com uma
boa IP, ou seja, boa visibilidade nos logradouros pode ser evitada ações criminosas, reduzir
os acidentes de trânsitos provocados pela baixa iluminação, viabilizar atividades culturais no
período noturno, garantindo a valorização da cidade e proporcionando o aumento da
autoestima dos moradores.
A IP começou a ser regularizada no Brasil a partir da constituição de 1934, e através
dela que alguns municípios optaram por fazer a gestão e manutenção do seu próprio
sistema de IP, já outros municípios as concessionárias de energia continuaram prestando os
serviços, pois como as cidades não eram grandes havia maior facilidade de prestar tais
serviços.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) emitiu em 2010 a resolução nº 414 e
em 2012 realizou uma alteração na resolução de 2010, a nº 479, onde determina que os
ativos de iluminação pública (IP) serão de total responsabilidade dos agentes municipais.
Essa exigência trouxe diversos conflitos, pois os municípios que não tomavam conta da IP
passariam a ter a obrigação de administrá-la ou fariam a transferência do parque de IP a
uma empresa terceirizada. Entretanto, o valor que era cobrado pelas concessionárias de
energia era muito pequeno se comparado com o mesmo serviço prestado por uma empresa
terceirizada. Com isso, a situação foi se agravando, pois muitas prefeituras afirmam não ter
condições para arcar com estes gastos, entrando com ações judiciais alegando a
inviabilidade de conduzir esta nova tarefa ou alegando que o parque de IP não está em
condições satisfatórias, acarretando um custo adicional para colocar em ordem os pontos
inoperantes, entre outros motivos [9].
Contudo, neste trabalho será apresentado à importância da iluminação pública, seu
funcionamento e quais as melhorias que poderiam ser feitas para ampliar a qualidade da
mesma. Com esta obrigação em mãos, muitas prefeituras não saberão por onde começar
nem mesmo quanto custa o serviço, assim será exemplificado algumas maneiras que os
municípios poderão agir para minimizar o trabalho e os gastos, mostrando as implicações
administrativas e de custos decorrentes da transferência de ativos da IP das distribuidoras
de energia elétrica para os municípios. Além de discorrer os embates legislativos
decorrentes da decisão da ANEEL.
20
21
2. Iluminação pública
2.1 História
O ato ou ação de iluminar vem sendo uma questão para a humanidade desde os
primórdios, pois as práticas diárias só podiam ser realizadas enquanto o sol iluminava o
ambiente, determinando assim, a noite para o descanso e o dia para as atividades. Mas com
o passar do tempo, as invenções associadas a iluminação, e mais precisamente, a
iluminação pública foram descaracterizando esta relação transformando os hábitos das
pessoas e o contexto urbano. Os artefatos que foram elaborados com o intuito de solucionar
o problema da escuridão permitiu com que as pessoas apreciassem e usufruíssem mais das
cidades, dos ambientes e realizassem muitas de suas tarefas a noite.
A iluminação Pública passou a ter um papel fundamental nos grandes centros urbanos
tanto na Europa, a partir do século XV, com a implantação de lampiões com combustíveis,
como no Brasil, inicialmente no Rio de janeiro no Século XVIII. Com a instalação de
lampiões públicos de azeite nas ruas do Rio de Janeiro em 1794 começa a agitação da vida
social nas noites urbanas com a abertura de bares, cafés e restaurantes. As praças ficam
mais aconchegantes, a cidade mais bonita e a iluminação passam a evitar ações criminosas
pelos espaços que são iluminados. Os lampiões de azeite também são instalados nas ruas
de São Paulo, mas somente a partir de 1830, impulsionando novas interações sociais e
relações com a cidade. A Câmara Municipal de São Paulo contrata em 1840 uma fábrica de
gás iluminante com o intuito de aumentar a qualidade de iluminação da cidade, já que
identificou naquele período, o aumento de veículos e acidentes noturnos devido a
iluminação precária realizada pelos lampiões a combustíveis. [2]
Inicialmente, como já foi citado, a iluminação pública era realizada através de lampiões a
combustível, utilizando óleo vegetal, mineral ou animal, e devido a criação de novos
componentes e produtos passam a se utilizar o querosene e o gás. Mas foi em 1879 em
Nova York, que o “dínamo foi usado em escala comercial pela primeira vez, pela Edison
Electric Light Co. [...] Esse mecanismo possibilitou que a iluminação pública deixasse de ser
feita com lampiões e chegasse, enfim, à modernidade.” [2], ou seja, ao período da
eletricidade.
Em 1876, D. Pedro II viaja para os EUA e visita a exposição de Filadélfia e fica surpreso
com o potencial da energia elétrica e decide autorizar Thomas Edison a implantar suas
invenções no Brasil. Foi em 1879 que ocorreu a inauguração da iluminação elétrica da
Estação da Corte da Estrada de Ferro Central do Brasil sendo um marco para as novas
implantações de iluminação elétrica pelo país [3].
22
Já em 1887, em Porto Alegre foi inaugurado o primeiro serviço municipal de iluminação
pública do país, aproveitando a energia elétrica gerada por usinas térmicas da Companhia
Fiat Lux. “Com a utilização da luz elétrica, a iluminação pública começa a viver uma nova
era. Da mesma forma, a utilização das lâmpadas de descarga e a melhoria da eficiência dos
equipamentos de iluminação propiciaram um salto nos níveis de iluminação.” [4].
No Brasil, a partir no século XX, investidores estrangeiros se sentem motivados a investir
no setor de distribuição e geração de energia elétrica devido ao crescimento das cidades, ao
aumento das instalações de iluminação pública, do uso da energia elétrica e da necessidade
de gerenciamento e manutenção dos parques de iluminação. Assim, as primeiras
companhias de distribuição e geração de energia elétrica são fundadas e passam a realizar
contratos com boa parte das prefeituras que não se sentem capacitadas para arcar naquele
momento com a responsabilidade da iluminação pública [2].
A lâmpada elétrica se iniciou com as de descargas a arco voltaico e logo em seguida
surgiram as incandescentes que perdurou por volta de 50 anos. Com a evolução das
tecnologias surgiu ainda a lâmpada florescente que apresentava maior eficiência em relação
a incandescente, assim boa parte da iluminação fora substituído por elas. Na década de 60
começaram a surgir as de vapor de mercúrio que se mostraram muito eficiente e econômica
para o setor, mas apenas em 1975 surgiram as de vapor de sódio que se mostraram ainda
mais eficiente, dada sua qualidade na produção da luz [3].
Os serviços de iluminação pública se iniciaram sendo prestados por empresas privadas
sendo elas do exterior, realizando contratos com as prefeituras, como a Light. Na
constituição de 1934, foi determinado que os serviços de iluminação pública fossem de
competências dos municípios, porém eles continuaram fazendo acordos com as
concessionárias para que elas prestassem os serviços de IP. Com o passar do tempo por
questões políticas as concessionárias de energia se uniram com o estado e passaram a ser
estatais. Em 1996, as concessionárias deixaram de ser estatais e voltaram a ser privadas,
com isso os serviços de iluminação passa a ser visto como algo dispendioso, pois as
cidades cresceram e a quantidade de pontos de IP era muito grande, querendo elas se
dedicar aos serviços de distribuição e sua gestão algumas concessionárias transferiram aos
municípios esta responsabilidade, e outras continuaram prestando os serviços devido à
dificuldade do município de receber os ativos ou até mesmo por serem municípios menores
e fáceis de administrar [4].
23
2.2 A relevância da iluminação pública.
Segundo ANEEL no Art. 2 define a iluminação pública como o “[...] o serviço que tem por
objetivo exclusivo prover claridade aos logradouros públicos, de forma periódica, continua
ou eventual”. Mas verifica-se que tal descrição é muito elementar e superficial, já que a
dimensão que a IP tomou, na atualidade, prover apenas claridade não é suficiente, sendo
necessário que haja um serviço adequado, eficaz, com controle de qualidade, equipamentos
que proporcione maior economia de energia e funcionários qualificados para atender melhor
a população.
A IP desempenha um papel de extrema importância no desenvolvimento, progresso,
funcionamento, segurança, socialização e na valorização das cidades. Pois áreas bem
iluminadas proporcionarão o aumento de práticas esportivas, eventos culturais, o
envolvimento da prefeitura e instituições em prol de realizações comemorativas,
festividades, cerimonias, festivais que busquem a socialização e a valorização dos espaços
públicos. Além de impedir, através de uma boa visibilidade durante a noite, atos criminosos,
roubos, vendas de produtos ilícitos, e ainda reduzir os acidentes de transito sejam com
pedestres, veículos com choques com meio-fio, buracos e irregularidades no solo.
Uma IP de qualidade promove a sociabilidade, permitindo que as pessoas se vejam e se
encontrem, realçando certos objetos e monumentos, tornando a cidade mais atraente aos
turistas, e confortável aos moradores. Viver em uma cidade amigável, educada, onde se
pode circular com segurança e ter vida noturna agradável, com a presença de pessoas ao
seu entorno, eleva a autoestima da população residente nela e melhora a visibilidade da
administração local.
Deste modo, independente do órgão que se responsabilizará pela IP, este deve investir
em equipamentos que proporcionem o aumento da luminosidade dos logradouros e espaços
públicos se utilizando de uma quantidade menor energia, controlando a qualidade do serviço
e contratando funcionários qualificados para atender a população.
2.3 Componentes
O sistema de iluminação pública atual, considerado como ativo imobilizado em serviço
(AIS), é constituído de luminárias, lâmpadas, relés fotocélulas, reatores, braço de
sustentação da luminária, suportes e condutores. Em seguida, será detalhada a função de
cada equipamento:
24
Luminárias: A luminária é responsável por proteger a lâmpada em seu interior das
intempéries climáticas, elas possuem diversos modelos, podendo ser aberta ou
fechada, espelhada ou não, possuindo diferentes eficiências.
Lâmpadas: A lâmpada possui o papel principal no contexto de iluminação, o de
iluminar. Possuindo diversas potências, podendo ser a vapor de sódio, metálico,
mercúrio ou mista, tendo o formato ovoide ou tubular, conforme figura 1 [5]. Elas se
diferem na tonalidade de cor, no fluxo luminoso produzido, vida útil e eficiência,
conforme tabela 1.
(a)
(b) Figura 1: Lâmpada (a) Ovoide (b) Tubular
Fonte: Lâmpadas FLC, 2015.
Tabela 1: Características das Lâmpadas Lâmpada de 250W em tensão de 220V
Sódio Mercúrio Metálico Mista
Vida Útil (horas) 24.000 15.000 12.000 13.000 Fluxo Luminoso (lm) 27.500 12.700 20.000 5.500 Eficiência (lm/W) 110 51 80 25 Temperatura de cor (K) 1.950 4.100 5.300 3.400 Preço (R$) 40,00 13,00 38,00 18,00
Fonte: Elaborado pelo autor, valores de [18].
A figura 2 mostra o tom de cor em função da temperatura em Kelvin (K) [6], sendo
que quanto menor a temperatura a luz se torna mais vermelha e quanto maior a temperatura
mais azul, assim dando noção das cores das lâmpadas listadas na tabela 1.
25
Figura 2: Temperatura das cores
Fonte: AEPIX, 2015.
Relé fotocélula: Este dispositivo funciona como uma chave ao qual na ausência de
luz é acionado, permitindo que a luminária acenda apenas durante a noite. Um
problema muito corriqueiro é o acionamento deste componente e consecutivamente
a energização da luminária durante o dia, isso ocorre devido a problemas neste relé,
tendo que ser trocado ou concertado. O valor de um relé convencional chega a
R$20,00.
Figura 3: Relé Fotoelétrico
Fonte: Demape, 2015.
Reator: O Reator é o equipamento auxiliar utilizado em conjunto com as lâmpadas,
tem como objetivo limitar a corrente na lâmpada e fornecer as características
elétricas adequadas para o bom funcionamento da mesma garantindo a vida útil
fornecida pelo fabricante. Um reator para uma lâmpada de 250W custa em torno de
R$50,00. Na figura 4 é representado o esquema de ligação do reator com o relé
fotoelétrico e a lâmpada, alguns reatores vêm com capacitor e ignitor separado como
o representado na figura 4 outros já vêm acoplados no reator como no esquema da
figura 5 [7].
26
Figura 4: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Desacoplados
Fonte: Induspar, 2015.
Figura 5: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Acoplados
Fonte: Induspar, 2015.
Braço de Sustentação da Luminária: O braço de sustentação é quem sustentará a
luminária na posição e altura desejada. Ele possui diversos comprimentos e
inclinações podendo suportar diferentes velocidades de ventos.
Suportes: Alguns suportes são necessários para fixação dos componentes, como
abraçadeira para fixar o braço de sustentação, terminal de pressão para fixar os
condutores, base para o relé fotoelétrico, parafusos, porcas e arruelas de pressão
para fixa-los nos postes, paredes ou marquises.
Condutores: Os condutores ficam ao tempo portando devem suportar as variações
climáticas. Como a corrente de alimentação da lâmpada é baixa os condutores
poderão ser de 1,5mm² de cobre isolado.
27
Figura 6 - Sistema de um circuito de iluminação básico Fonte: CEPAM, 2013.
28
29
3. Legislação
No Brasil o serviço de iluminação pública (IP) é oferecido à população de duas maneiras,
a saber: pelas prefeituras ou pelas concessionárias distribuidoras de energia elétrica.
Entretanto, os ativos de IP serão totalmente entregues aos municípios, aos quais caberá
agora a responsabilidade pela prestação desse serviço. A mudança foi determinada por
resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Nº 414/2010, baseando-se em
interpretação do artigo 30 da Constituição Federal de 1988, que diz sobre a
responsabilidade dos munícipios de “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local...”. A constituição prediz
isso já há algum tempo, porém ela não relata especificamente a iluminação pública, mas a
ANEEL interpreta que iluminação pública é de interesse local, criando uma grande
discussão do que é responsabilidade dos munícipios. Está problemática foi colocada em
pauta porque na década de 80 as concessionárias já haviam se transformado em estatais, e
eram realizados contratos para que elas fornecessem os serviços de IP, devido à
infraestrutura e o conhecimento era preferível que elas prestassem os serviços de IP. Com o
decorrer dos meandros políticos e econômicos no país, as concessionárias que eram
estatais passaram a ser privadas e posteriormente surge está interpretação da constituição
que é abordada na resolução pela ANEEL.
Segundo o Superintendente da ANEEL Marcos Bragatto (2014), no ano 2000, houve
uma revisão das condições gerais de fornecimento de energia elétrica pela ANEEL,
informando aos municípios que eles deveriam ser responsáveis pela expansão da
iluminação pública, sendo assim a partir de 2000 a expansão se tornou dever dos
municípios. Entretanto a questão da manutenção ainda ficou pendente, permanecendo até
2010 quando até então a ANEEL revisou esta norma novamente e diante do desconforto
pela constituição não estar sendo cumprida foi emitida a resolução nº 414/2010 onde
determina um prazo para que os ativos fossem transferidos aos municípios [8].
No Art. 21 da resolução de 2010 emitida pela ANEEL, diz: “A elaboração de projeto, a
implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação pública são
de responsabilidade do ente municipal ou de quem tenha recebido deste a delegação para
prestar tais serviços”. Ou seja, a partir da data estipulada, o serviço de IP será de suma
obrigatoriedade das prefeituras, podendo ela delegar a outros órgãos competentes tais
serviços, ficando a prefeitura responsável pelas despesas decorrentes [9].
Com a IP em responsabilidade da concessionária, o ponto de entrega era o bulbo da
lâmpada, desta forma, a tarifa aplicada era a B4b, nesta tarifa estava inclusa a energia
consumida e o serviço realizado com os itens da iluminação, como, operação e a reposição
30
de lâmpadas, de suportes e chaves, além da troca de luminária, reatores, relés, cabos
condutores, braços e materiais de fixação. Sob a responsabilidade da prefeitura o ponto de
entrega é na conexão com a rede de distribuição passando a ser cobrada a tarifa B4a,
conforme art. 24 da resolução. O valor da tarifa B4a é cerca de 9% menor que a tarifa B4b,
devido à redução dos serviços prestados. Embora esse valor seja menor, esta redução não
suprirá os novos gastos que a prefeitura deverá realizar, este tema será discutido mais
adiante. Entretanto, a prefeitura poderá transferir tais gastos aos consumidores a fim de
custear os novos serviços oferecidos pela prefeitura.
A transferência dos ativos de IP esta trazendo sérias discussões em diversos municípios
do Brasil, onde advogados municipais estão entrando com liminares para não receberem
estes ativos ou conseguirem adiar o prazo de concessão. Uma das justificativas é que é
inconstitucional a ANEEL legislar sobre transferência de ativos já que sua função é regular e
fiscalizar cabendo esta tarefa ao Governo Federal. Outra justificativa é a falta de recursos
financeiros dos municípios para arcar com os custos que a nova responsabilidade exige. E
outra situação é que o parque de iluminação geralmente não está em condições de ser
entregue aos municípios. No art. 218 da resolução Nº 414/2010, diz que “A transferência à
pessoa jurídica de direito público competente deve ser realizada sem ônus, observados os
procedimentos técnicos e contábeis para a transferência estabelecidos em resolução
específica.”. Ou seja, os ativos de iluminação pública existentes não devem acarretar
encargos ao município, desta maneira, o parque de iluminação deve estar em conformidade
com os padrões de uso exigido pela ANEEL, caso contrário o município deverá aguardar até
que o parque entre nos padrões exigidos. Para isso é aconselhável pelos advogados que os
municípios faça uma vistoria do parque existente verificando as condições de
funcionamento, gerando um laudo avisando a distribuidora para que ela tome as medidas
cabíveis para colocar o parque em condições adequadas, caso ela não dê uma resposta
deverá ser avisado o órgão estadual, e ainda se não houver resposta avisar a ANEEL,
podendo assim gerar multas para a concessionária por não deixar o parque em condições
de transferência [10].
Quando foi emitida a resolução em 2010 o prazo para a transferência dos ativos era de
24 meses, terminando em 15 de setembro de 2012, mas com o desconhecimento das
prefeituras e o fato de o prazo final estar próximo de eleições municipais este foi adiado para
31 de janeiro de 2014. Com o passar do tempo à associação mineira de municípios
questionou a ANEEL com o argumento que os municípios pequenos não possuíam recursos
para adquirir tais obrigações e precisavam de mais tempo para se organizar e construírem
consórcios que viabilizassem esta aquisição, sendo assim a ANEEL adiou novamente para
31 de dezembro de 2014 [8]. Após esta data os municípios que ainda não adquiriram os
ativos provavelmente possuem liminares junto ao legislativo e estão aguardando uma
31
posição para que assim possam seguir com o processo de transferência ou o cancelamento
dos mesmos.
3.1 Opiniões políticas
A transferência dos ativos de iluminação pública geraram, após a emissão da resolução
da ANEEL, muitos boatos e discussões, entre a câmara dos vereadores, câmara dos
deputados e no senado. Sendo assim, serão apresentadas algumas das opiniões dos
políticos tendo prós e contras à transferência dos ativos da iluminação pública.
Prós
Os munícipios que aderiram a iluminação pública tem feito uma gestão mais completa e
eficiente, pois os munícipios possuem maior conhecimento da segurança pública local
[8].
Um prefeito informou que a manutenção feita pelo poder público fica mais barata, por
que só abrange os pontos que realmente precisam de reparo. Por outro lado, as
empresas que prestam os serviços terceirizados cobram mensalmente por pontos.
Um deputado disse que a mudança é boa para os municípios, desde que eles saibam
atender a essa demanda com seus próprios recursos, investimento em técnicos e
equipamentos capazes de fazer essa manutenção. No entanto, não havendo o
conhecimento prévio da prefeitura, a transição pode custar muito caro para os
municípios.
Contras
Prefeitos alegam “a falta de experiência e orçamento insuficiente para a prestação deste
serviço e temem a ocorrência de apagões de energia em suas localidades” [11]..
Prefeito mostra dado que a iluminação pública em responsabilidade das distribuidoras, o
gasto médio com manutenção por ponto de luz é R$1,50. Quando arcado pelas
prefeituras com serviço terceirizado, o valor sobe para R$10,00. Se as prefeituras
realizarem a manutenção com equipe própria, a despesa pode ficar em torno de
R$20,00.
Alguns deputados alegam,
A inconstitucionalidade de um agente regulador, no caso a ANEEL, de
legislar alguma exigência aos municípios, já que sua função é fiscalizar e
32
regular o sistema de distribuição, cabendo apenas ao congresso nacional
de emitir uma lei que faça tal exigência [12].
Segundo advogado,
A iluminação pública está diretamente relacionada à segurança pública, não
é um assunto de interesse local, assim como serviços de abastecimento de
esgoto também não são, por exemplo. E nem a Constituição Federal diz
que a iluminação pública é de interesse local. Antes do artigo 30, ainda há o
artigo 21, que fixa que é competência da União explorar os serviços por
meio de concessão de instalações e energia elétrica [12].
Segundo advogado:
A transferência de ativos só poderia acontecer por meio de um decreto
autorizador da presidência da república, pois o artigo 63 do decreto é bem
claro nesse ponto. O órgão não pode inovar de forma legislativa na vigência
de um decreto que não foi revogado [12].
Segundo advogado:
Certamente foi uma pressão das concessionárias. Hoje, elas recebem entre
R$ 1,50 e R$ 2 da própria CIP [Contribuição de Iluminação Pública] para
fazer a manutenção. Com a resolução, muitas prefeituras abrirão licitações
para terceirizar esses serviços, que custarão entre R$ 9 e R$ 11. As
concessionárias poderão participar dos processos licitatórios para realizar
os serviços de manutenção, como sempre fizeram, mas agora por um valor
muito maior e com privilégios em relação às outras concorrentes, pois já
possuem as informações sobre os pontos cadastrados [12].
33
4. Custo da iluminação pública
4.1 Consumo de energia elétrica com iluminação pública
Para dar noção de quanto a IP consome de energia elétrica, toma-se como exemplo o
estado de São Paulo, onde no de ano 2011 consumiu em todo o estado aproximadamente
130 mil GWh de energia elétrica. Dentre as classes de consumo a IP corresponde a 2,3%
deste consumo, ou seja, cerca de 3 mil GWh, conforme mostra tabela 2 e figura 7 [13].
Tabela 2: Consumo de energia elétrica por classe (GWh)
Fonte: CEPAM, 2013.
Figura 7: Consumo de energia elétrica por classe (GWh) - São Paulo 2011
Fonte: CEPAM, 2013.
34
4.2 Tarifas que serão pagas pelas prefeituras
A iluminação pública se enquadra no Grupo B (subgrupo B4) definido no Inciso XXXVIII
do Art. 2ª da Resolução Normativa ANEEL 414/2010. O Grupo B (baixa tensão) é definido
como o agrupamento composto de consumidores com fornecimento inferior a 2,3 kV,
caracterizado pela tarifa monômia (tarifa única de consumo de energia elétrica,
independente das horas de utilização do dia). As tarifas aplicadas à IP fazem parte do
subgrupo B4 e se dividem em tarifas B4a e B4b.
A tarifa B4a é utilizada quando o sistema de manutenção e operação for de
responsabilidade do município, sendo assim esta tarifa representa apenas o consumo de
energia, sendo o ponto de entrega à conexão com o sistema de distribuição. Já a tarifa B4b
é quando os ativos de IP são de responsabilidade da concessionária fazendo ela toda a
manutenção e operação, esta tarifa é mais cara e o ponto de entrega é o bulbo da lâmpada.
Tabela 3: Valores das tarifas de IP
Fonte: CEPAM, 2013.
35
Os valores das tarifas de energia elétrica são definidos anualmente pela própria ANEEL,
por meio de resolução homologatória, e são diferenciados entre as concessionárias de
distribuição. Como exemplo, a tabela anterior relaciona os valores das tarifas B4a e B4b
vigentes para todas as concessionárias de energia do estado de São Paulo no ano de 2013,
nesta época não estava presente o sistema de bandeira tarifária.
No presente ano o sistema de bandeira tarifária foi inserido, devido à ausência de água
nos reservatórios e funcionamento das usinas termoelétricas. Este sistema tarifário trouxe
um aumento significativo na tarifa do consumidor e também da IP. Na tabela 4, esta
representada o valor da tarifa de energia elétrica da concessionária CPFL Paulista no ano
de 2015 [14].
Tabela 4: Preços de tarifas praticadas na CPFL Paulista
Fonte: CPFL, 2015.
Nela observa-se que a bandeira verde se aproxima com o preço cobrado em 2013,
porém a bandeira em vigor é a vermelha, que gera um aumento de 37% na tarifa B4a.
36
4.3 Custo de Operação e Manutenção
O sistema de iluminação pública parece ser simples quando é observado de forma
superficial, pensando a IP como um sistema que não passa de lâmpadas que devem
acender durante a noite e apagar durante o dia. Porém, existe uma complexa estrutura
construída para que esse serviço funcione em conformidade com os padrões de qualidade
almejados.
Logo abaixo apresentaremos a estrutura necessária para o bom funcionamento de um
sistema de IP, conforme o guia do gestor [13]:
a) Equipamentos e acessórios: luminárias, lâmpadas, suportes, reatores, relês
fotoelétricos, condutores, chaves de comando.
b) Implantação:
Projeto (rede/ponto georreferenciado, inventário da arborização urbana,
memorial descritivo de equipamentos/acessórios e requisitos de qualidade
dos equipamentos e acessórios);
Instalação.
c) Manutenção:
Melhoria (retrofit) e modificações do parque existente;
Gestão da ordem de serviço (despacho, execução e encerramento);
Aquisição, armazenamento e controle de equipamentos, materiais e
ferramentas (especificações técnicas, pré-qualificação de fornecedores e
fabricantes, inspeção de recebimento);
Fiscalização da manutenção e controle de qualidade dos componentes do
sistema de iluminação e dos fatores que influenciam o sistema (arborização
urbana);
Operação do Call-Center (atendimentos de reclamações e registro,
tratamento e análise das ocorrências);
Treinamento e capacitação das equipes técnicas e administrativas.
d) Gestão do sistema de IP:
Monitoramento e avaliação das atividades de projetos de expansão e de
operação e manutenção;
Administração de contratos e controle de qualidade dos fornecedores;
Administração das contas de energia;
Comunicação e educação (números da IP, campanhas educativas pela
preservação do patrimônio, etc.).
Os principais gastos envolvidos nessa estrutura podem ser resumidos a:
37
Pessoal técnico e administrativo;
Veículos;
Equipamentos de segurança;
Infraestrutura (imobiliária, mobiliária, informática e comunicação);
Equipamentos e materiais;
Tributos e encargos.
Além dos custos de operação e manutenção, a prefeitura também se responsabilizará
pelos investimentos relacionados à expansão e melhorias do sistema de IP, que abrange o
desenvolvimento de projetos, compra de materiais e equipamentos e execução das obras
necessárias, sem a ajuda da distribuidora.
Como a companhia de energia elétrica é responsável pelo sistema de distribuição
realizando a construção, operação e manutenção ela já possui equipe técnica, materiais e
equipamentos adequados para suportar as atividades, tanto de distribuição quanto de
iluminação pública. Quando esse serviço é prestado pela concessionária de energia é
cobrada a tarifa B4b, que inclui a energia consumida e o serviço de manutenção e operação.
Agora com o município fazendo os serviços de manutenção e operação a tarifa é a B4a que
inclui apenas a energia consumida, esta tarifa é cerca de 9% mais barata, como visto na
seção 4.2. Sendo assim, a prefeitura reduzirá o valor a ser pago a concessionária,
entretanto será responsável por toda a operação e manutenção.
Estima-se um custo mensal de operação e manutenção de cada ponto de IP entre R$
8,00 e R$ 15,00, podendo, em alguns casos, ultrapassar esse valor máximo. Essa variação
esta fortemente relacionada ao número de pontos existentes no parque, entre outros fatores.
Para um melhor esclarecimento o guia do gestor [13] traz uma ideia do custo anual
estimado para prestação de serviços de Operação e Manutenção (O&M) num parque de IP.
Considerando um munícipio fictício, onde foram considerados valores obtidos de análises
estatísticas de dados reais de consumo de energia ativa de IP, considerando alguns
municípios do estado de São Paulo, baseando-se no ano de 2011. Os valores das tarifas
consideradas foram uma média das tarifas dos municípios. Apresentaremos estes dados na
tabela 5:
38
Tabela 5: Custo anual estimado dos serviços de O&M em um parque de IP
Fonte: CEPAM, 2013.
Para esse cálculo, foi considerado que as lâmpadas se mantiveram acesas durante,
aproximadamente, 12h por dia, sendo elas de vapor de mercúrio e vapor de sódio em um
período de um ano. Não foi considerada a aplicação de tributos na fatura de energia elétrica
(Programa de Integração Social – PIS/ Contribuição para o financiamento da Seguridade
Social – COFINS e Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS). Através
dos dados do município fictício, foi possível obter o custo estimado de IP, seja para a tarifa
B4b, quando a concessionária faz o serviço de O&M, quanto para a tarifa B4a quando o
município que é o responsável. A figura 8 destaca o valor de despesas nos dois casos:
Figura 8: Valores de despesas estimados antes e após a transferência dos ativos
Fonte: CEPAM, 2013.
39
Quando os ativos pertencem à distribuidora (lado esquerdo da figura 8), a prefeitura arca
com as despesas de energia elétrica e O&M realizado pela distribuidora (tarifa B4b), nesse
exemplo, é de R$ 333 mil. Já quando os ativos são transferidos ao município (lado direito da
figura 8), a prefeitura paga somente a energia elétrica à concessionária (tarifa B4a)
reduzindo cerca de 9%, pagando R$ 304 mil, porém realiza o serviço de O&M que, no
exemplo, chega a R$ 364 mil, totalizando um desembolso anual de R$ 668 mil.
Observa-se que houve uma economia anual de cerca de R$ 29 mil em razão da
mudança de tarifa B4b para a B4a. No entanto, esse valor é ínfimo perto do valor que a
prefeitura terá que arcar pelo custo gerado do serviço de manutenção e operação da IP, que
chegou a R$ 364 mil (R$ 10 por ponto/mês). Sendo assim, esse município teria um
desembolso adicional de R$ 335 mil, para a prestação dos serviços de IP. Vale ressaltar que
os custos de expansão e melhoria do sistema de IP não foram considerados nesse exemplo.
Este custo adicional para a prefeitura causa bastante conflito, pois praticamente dobrou
o custo envolvido com IP. Muitos municípios não possuem recursos para arcar com esta
nova despesa, assim entrando com liminar judicial alegando a incapacidade de adquirir os
ativos de iluminação pública. Municípios que arcarem com estes gastos transferiram os
custos decorrentes dos serviços para a população através da contribuição de iluminação
pública (CIP), isso acarretará no aumento da conta de energia elétrica à população que já
vem sofrendo aumentos tarifários devido à crise hídrica no país.
40
41
5. Proposta de Gestão e Manutenção
No capítulo 4, onde foi discutido o custo estimado da iluminação pública, pode-se
observar o quanto, mais ou menos, ela irá custar para os cofres municipais. Para contornar
esta questão a fim custear os serviços de iluminação, a prefeitura poderá criar um tributo
denominado Contribuição de Iluminação Pública (CIP), sendo a receita direcionada para um
fundo municipal de iluminação pública (Fmip), assim custeando os respectivos serviços.
Para isso, o município terá que sancionar uma Lei Complementar (LC), seguido de decreto
que a regulamente. Este mesmo procedimento vale caso haja o interesse de alteração da
CIP, ou seja, aumentar o seu valor para custear os gastos com O&M do sistema de
iluminação.
Com a responsabilidade da IP transferida à prefeitura, ela deverá tomar algumas
decisões para realizar esta gestão. Deste modo, apresentaremos três possibilidades, a
saber: administração pela própria prefeitura com equipe própria, terceirizar o serviço e a
criação de consórcios.
5.1 Própria prefeitura
Com a iluminação em responsabilidade da prefeitura a taxa de energia elétrica que era
cobrada pelas concessionárias de energia se reduzirá em torno de 9%, pois mudará da
tarifa B4b para a tarifa B4a, como discutido no capítulo anterior. Porém a prefeitura terá que
administrar todo o processo de gestão e manutenção. Para isso, a prefeitura deverá ter um
espaço para o atendimento ao cliente, um almoxarifado, caminhão com elevador, equipe
qualificada em manutenção que esteja apta a trabalhar em linha de alta tensão bem como
equipe de atendente e projetista que elabore projeto luminotécnico e urbanístico, além dos
novos materiais que serão trocados quando houver manutenção.
Esta iniciativa para municípios grandes pode ser bastante viável, pois possuem muitos
pontos de iluminação e a contratação de empresa terceirizada poderá ficar mais cara do que
ela mesma fazer o serviço. Porém, para munícipios pequenos pode ser inviável, pois é um
investimento inicial bastante alto com compra de automóveis e imóveis.
42
5.2 Terceirização
Outra solução possível para os municípios que não querem ter trabalho é a contratação
de uma empresa terceirizada para fazer o serviço por meio de Contrato de Prestação de
Serviços ou de Contrato de Concessão na modalidade Parceria Público-Privada (PPP),
desde que, nesse último caso, o valor do objeto de contrato seja superior a R$20milhões.
Nesses contratos, além da operação e manutenção, poderão ser acrescentadas a expansão
e a melhoria do sistema de IP. Com esta opção, tanto para municípios grandes ou pequenos
pode ser viável já que será um custo dividido ao longo dos meses e não precisará arcar com
o trabalho de administrar mais um órgão, entretanto o valor do contrato com certeza será um
custo a mais nos cofres municipais. Para isso, as prefeituras deverão abrir um processo de
licitação para escolher a empresa que melhor se adequa ao que o munícipio espera.
5.3 Consórcios
Municípios pequenos possuem maior dificuldade para arcar com esses gastos, já que
possuem uma menor contribuição devido ao baixo número de habitantes. Nestes casos, é
aconselhável a construção de cooperativas, ou seja, a junção de alguns municípios para
criar apenas um órgão, ou contratar uma empresa terceirizada, para gerir e realizar todos os
serviços destes, assim reduzindo a conta ao qual será dividido entre os municípios. O custo
maior deve-se a implantação de um local para armazenamento dos materiais e veículos a
serem utilizados que são de alto custo, mas no modelo de consórcios essa compra se
dividiria entre os municípios reduzindo o gasto inicial, e depois se reduzindo apenas em
salários e em matéria prima. Esta alternativa se mostra muito promissora já que no Brasil há
diversas cidades pequenas próximas.
5.4 Cidades que já assumiram a IP
Em 2011, a ANEEL divulgou que no estado de São Paulo 15% dos municípios havia
assumido os ativos da iluminação publica. Já em maio de 2015, a ANEEL anunciou que dos
5564 municípios brasileiros, 5107 (91,7%) assumiram os ativos de IP, restando apenas 457
(8,3%). Sendo os estados, que não assumiram a operação e manutenção da IP até maio de
2015, são: Amapá, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Roraima e São Paulo. E a
quantidade de municípios em cada estado que aderiram e não aderiram estão listados na
tabela 6 [15]:
43
Tabela 6: Relação dos estados que ainda resta para assumir os ativos de IP
Fonte: ANEEL, 2015.
A resolução da ANEEL estipulava o prazo máximo para aquisição dos ativos até 31 de
dezembro de 2014, os municípios que não adquiriam até esta data entraram,
provavelmente, com liminar judicial, desta forma a ANEEL não atribui obrigações aos
municípios, tendo a distribuidora de energia manter os serviços de operação e manutenção
dos serviços de IP, inclusive com a cobrança da tarifa B4b. Caso os municípios comprovem
a má qualidade dos ativos de IP a serem transferidos, a distribuidora pode estabelecer
negociações para adequá-los e finalizar a transferência posteriormente.
44
45
6. Controle e Qualidade
O sistema de iluminação pública administrado por algumas concessionárias de energia
carece de qualidade, pois o sistema sofria alguma manutenção apenas quando um cidadão
ligava para reclamar de um ponto apagado durante a noite ou um ponto aceso durante o dia.
Ao entrar em contato com o setor de Call-Center da concessionária era aberto uma
solicitação de serviço para que o setor de manutenção pudesse consertar o problema.
Muitos pontos aos quais não havia reclamações, talvez por falta de conhecimento de como
o serviço funcionava, ficavam inoperantes, pois não havia nenhum tipo de fiscalização ou
controle da iluminação pública.
Para ter uma iluminação pública de qualidade é necessário que haja uma fiscalização
dos pontos mais acentuada e possuir os detalhes de cada ponto já cadastrados, dando a
equipe de manutenção os locais exatos e uma base dos componentes que deveram ser
concertados. Existe software de gestão de iluminação pública que já facilita este processo,
neles é possível cadastrar cada ponto e suas características, como: tipo de lâmpada,
potência, braço de sustentação utilizado, tipo de reator, data de instalação, data da ultima
manutenção, etc. Esses dados já ajudariam bastante na manutenção do equipamento, e
com eles seria possível ter um controle maior do que há no parque de iluminação. Se este
sistema fosse integrado a smartphones os técnicos teriam maior facilidade para saber onde
haveria um problema, podendo eles ainda atualizar os dados do ponto em local de trabalho,
assim eliminando a presença de qualquer papel. Com um sistema mais sofisticado há ainda
a possibilidade de fazer leituras inteligentes como: medida de corrente, fator de potência,
tensão, detecção automática de defeitos, ligamento e desligamento programado,
dimerização de luminárias LED em horários de menor uso (madrugada) e medição de
energia. Com todos esses dados poderiam ser gerados relatórios e gráficos mostrando as
áreas já atendidas, as regiões com maiores problemas e ainda os locais que necessitam de
uma reestruturação das luminárias por estar muito defasada conforme o crescimento da
cidade [16].
Com um sistema de gestão bem estruturado como o discutido acima, será possível
realizar manutenções preventivas, ou seja, fazer a manutenção conforme a idade do
equipamento evitando que o equipamento pare de funcionar totalmente, assim prevenindo
que áreas importantes fiquem no escuro inesperadamente, com isso reduzirá as
manutenções corretivas, onde são realizadas quando o equipamento já não funciona mais e
geralmente o custo é maior do que se tivesse feito à manutenção preventiva.
Tudo isso certamente proporcionará ao município uma grande satisfação da população,
um mapeamento total do parque de iluminação que trará facilidade ao trabalho da empresa
46
responsável pela gestão e ainda uma qualidade diferenciada da prestada anteriormente
pelas concessionárias de energia.
47
7. Novas Tecnologias
O sistema de iluminação utilizado atualmente perdura desde a década de 1960, período
o qual as lâmpadas de vapor de sódio e mercúrio entraram para iluminar as cidades
brasileiras. Esta iluminação é caracterizada pela elevada manutenção. Uma pesquisa
mostra que o custo ao longo de 25 anos é dividido aproximadamente da seguinte forma:
85% de manutenção/operação e 15% custo de capital [17].
Com a evolução da tecnologia, surgiram soluções mais eficientes, como o uso de
luminárias LED’s e alimentação por painéis fotovoltaicos. Estas por sua vez, garantindo
maior eficiência e qualidade na iluminação pública.
7.1 LED
Através da tecnologia dos semicondutores foi possível a construção do LED (Light emitter
diode – Diodo emissor de luz) que com eles surgiram às lâmpadas de LED que possuem
uma alta eficiência. As lâmpadas incandescentes geram cerca de 20 lumens por watt, as
florescentes de 60 a 75 lumens por watt já as de LED geram mais de 100 lumens por watt.
Com a entrada do LED no mercado também surgiram às luminárias públicas de LED, ao
qual vem crescendo seu uso mundialmente devido ao seu baixo consumo, manutenção e
proporcionando melhores condições de visibilidade. O consumo de uma destas luminárias
pode chegar a 50% das luminárias convencionais, ou seja, uma luminária de LED de 250W
equivale, aproximadamente, a uma convencional de 500W. Esta economia é bastante
interessante já que reduzirá as contas com energia, além de reduzir o custo com a produção
de energia elétrica, seja pelas hidrelétricas ou termoelétricas.
A qualidade de iluminação proporcionada pela iluminação de LED é bem superior que as
convencionais, pois proporcionam uma iluminação uniforme e mais clara que facilitam as
atividades realizadas durante a noite, como é possível observar na figura 9.
48
Figura 9: Exemplo de Iluminação Convencional e LED
Adaptado de GE Lighting, 2012.
Um ponto bastante importante também é a vida útil destas luminárias que chegam a
60.000h, o que equivale pouco mais de treze anos, cerca de três vezes a mais que as
lâmpadas convencionais, isso reduz drasticamente a necessidade de manutenção. O
fabricante informa 60.000h para a redução de 10% na quantidade de luminosidade, ou seja,
ela pode funcionar por mais tempo, porém com uma redução em sua eficiência.
Esta luminária possui todos os componentes necessários embutidos em sua carcaça
como reator, relé fotoelétrico e os LED’s o que reduz os componentes no poste e facilita a
manutenção já que é apenas removê-la do braço de sustentação e a conexão com a linha
de distribuição, realizando a manutenção em um local mais seguro. Ela ainda possui
proteção eletrônica contra: curto-circuito, sobretensão, sobrecorrente, sobrecarga e
sobreaquecimento. Em seguida é apresentado um modelo de luminária fornecida pela
“ConexLED”.
Figura 10: Luminária pública LED
Fonte: ConexLED, 2015.
49
Um ponto crítico destas luminárias é o seu custo que varia entre R$1200.00 a
R$2000.00, uma luminária convencional com todos os componentes custa em torno de
R$250.00, por esta razão muitos não preferem a iluminação de LED. Entretanto será feito
em seguida uma análise de custo ao longo prazo para ver até que ponto pode ser
economicamente viável.
Comparando uma luminária convencional de 250W que custa em torno de R$250,00
com uma luminária de LED de 123W, que equivale a uma convencional de 250W, e que
custa em torno de R$1600,00. Será feito uma análise ao longo do tempo, figura 7,
observando o tempo necessário para a economia gerada pela luminária de LED conseguir
pagar seu custo de implantação. Para isso será considerado o custo da energia de
R$0,5/kWh e o tempo de duração durante 12h por dia, porém será analisado o valor em
dólar, pois é uma moeda que não sofre muitas alterações ao decorrer do tempo, assim
tendo uma projeção mais próxima da realidade, para isso será considerado 1US$ igual a
R$3,70.
Tabela 7: Custo do consumo de energia da iluminação pública Tempo (Anos) Custo Convencional
(US$)
Custo LED
(US$)
Economia
(US$)
1 148,00 72,80 75,20
3 443,90 218,40 225,50
5 739,90 364,00 375,90
6 887,80 436,80 451,00
7 1035,80 509,60 526,20
10 1479,70 728,00 751,70
Fonte: Elaborado pelo autor.
Com base na tabela 7, o custo de implantação que girou em torno de R$1600,00
(US$432,00) será recuperado a partir de 6 anos. Além disso, o custo de manutenção se
reduziu drasticamente já que na luminária de LED a manutenção é muito baixa em relação à
luminária convencional e a partir dos 6 anos estará gerando lucro, já que deixará de gastar
um valor excessivo com energia elétrica.
Se tomarmos como exemplo um condomínio com 50 luminárias de LED, que terá um
custo de implantação em torno de R$80000,00, durante 6 anos a economia gerada pagará o
investimento inicial e nos próximos 6 anos se economizará mais de R$80000,00. Sendo
assim, esse investimento mostra-se muito interessante já que gerará uma excelente
qualidade de iluminação, além de reduzir a quantidade de reparos reduzindo os gastos para
50
o órgão que faria a manutenção e ainda gerando lucro após 6 anos de uso a uma taxa de
R$278,00 ao ano por luminária instalada de uso, para o mesmo preço da energia, o que
corresponderia R$13900,00 por ano, no exemplo citado.
7.2 Energia Solar
Uma tecnologia bastante discutida atualmente e vem crescendo muito nos últimos tempos
é a geração de energia a partir do sol, conhecida como geração fotovoltaica. Esta tecnologia
permite gerar energia através da radiação solar, que é capturada através de placas
fotovoltaicas, ou seja, através de elementos denominados fotocélula presente nas placas é
gerada uma diferença de potencial (DDP) que é utilizado para alimentar uma carga. Esta
energia é gerada apenas com a presença do sol, quando não há sol ou até mesmo a
passagem de alguma nuvem sobre o painel há o bloqueio dos raios solares e o sistema não
gerará mais energia até que a radiação volte a incidir nas placas.
O Brasil como é um país com predominância, ao longo do ano, de muito sol justificaria a
utilização desta tecnologia, porém o custo desta implantação é elevado, devido seus painéis
e componentes serem de uma tecnologia ainda nova e cara, tendo que ser importados, e
ainda os impostos aplicados pelo governo não ajudam esta implantação.
Neste trabalho estamos interessados como esta tecnologia poderia ajudar na iluminação
pública, porém pode surgir uma questão: Como utilizar esta tecnologia se é preciso energia
durante a noite? Para responder esta pergunta temos que agregar um novo componente ao
sistema sendo ele a bateria, com ela é armazenado energia durante o dia e quando o sol se
puser ela alimentará as luminárias durante a noite. Desta forma, o sistema de iluminação
poderá operar de maneira autônoma, ou seja, sem a necessidade de estar conectada a rede
elétrica de distribuição, isto é ótimo já que será eliminado totalmente o consumo com
energia elétrica.
A utilização de luminária convencional neste sistema não é interessante já que sua
eficiência é baixa e consequentemente seu consumo é maior em relação à de LED, com a
utilização de bateria é importante que a luminária consuma a menor quantidade de energia
possível, a fim de utilizar um painel menor e uma bateria menor, reduzindo assim o custo
dos componentes, o peso e consecutivamente diminuir a estrutura de sustentação, com
isso, a luminária de LED é a mais indicada até o momento para ser utilizada por este
sistema. Em seguida serão apresentados os componentes que fazem parte deste sistema
que podem ser adquiridos isoladamente ou em conjunto.
51
Figura 11: Bateria 240Ah
Fonte: NeoSolar, 2015.
(a) (b)
Figura 12: Placa fotovoltaica 250Wp (a) e Inversor 12Vcc/115Vac/60Hz (b) Fonte: NeoSolar, 2015.
Para exemplificar o custo deste sistema e analisar a viabilidade deste investimento,
será considerado um ponto de iluminação pública que funcione autonomamente e consiga
permanecer em funcionamento durante três dias corridos sem a presença de sol, para isso
será utilizado duas baterias de 240Ah de 12V da marca, dois painéis fotovoltaicos de 250Wp
e um inversor DC/AC para alimentar a luminária a partir da bateria. O valor no Brasil [19]
destes componentes é apresentado na tabela 8.
52
Tabela 8: Custo de luminária LED e Solar Componentes Valor (R$)
2 x Placa fotovoltaica 250Wp 2000,00
2 x Bateria 240Ah 2400,00
1 x Inversor DC/AC 60Hz 200,00
1 x Luminária de LED 123W 1600,00
Caixa de bateria e suportes 200,00
Total 6400,00
Fonte: Elaborado pelo autor.
No exemplo acima foi utiliza a mesma luminária de LED de 123W utilizada
anteriormente, assim foi obtido um custo de R$6400,00 retirando o custo de instalação e
poste que seria o mesmo se fosse instalado uma luminária convencional. Para este modelo
de iluminação eliminaria totalmente o custo com energia elétrica. Considerando o custo de
R$0,5/kWh haveria uma economia de R$540,00 por ano, conseguindo recuperar o
investimento realizado dentro de, aproximadamente, 12 anos. Um fator que dificulta
bastante esta forma de operar é a bateria, pois sua durabilidade é apenas de quatro anos,
tendo que ser substituída por outra a partir deste tempo, assim a cada quatro anos será
preciso trocar o conjunto de baterias. Durante esse tempo certamente a luminária reduzirá
sua eficiência, o inversor possivelmente já terá tido problema, como a cada quatro anos terá
que substituir o conjunto de baterias de R$2400,00 e durante este tempo se economizaria
R$2160,00, sendo assim nunca recuperaríamos o investimento.
Através da análise realizada foi possível observar a grande dificuldade de se implantar
um sistema fotovoltaico na iluminação pública atualmente, por motivos de preços elevados e
a necessidade de utilizar baterias que custam muito caro e não possuem uma duração de
longo prazo. Entretanto, esta tecnologia se torna interessante em locais remotos onde a
distribuição de energia elétrica ainda não fora alcançada, e não precise de uma luminária
tão potente como a utilizado no exemplo, podendo, depender do caso utilizar luminárias de
30W a 50W, assim reduzindo baterias e painéis e drasticamente o preço.
53
8. Discussões finais
Devido às diversas opiniões de advogados e juízes em relação à transferência dos
ativos de iluminação pública para as prefeituras, o deputado federal Nelson Marquezelli,
entrou na câmara dos deputados com um Projeto de Decreto Legislativo (PDC) de Nº
1428/2013 (Anexo), que:
Susta o art. 13 da Resolução Normativa nº479, de 3 de abril de 2012, e os art. 21 e 218 da Resolução Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2013, da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, que repassa aos Municípios a responsabilidade pelos serviços de elaboração de projeto, implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação pública e a transferência de tais ativos.
Com a justificativa baseada no artigo 49, incisos V e XI da Constituição federal, que “é
da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa, e de
zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes”.
Segundo o PDC, a Resolução da ANEEL violou o comando constitucional do artigo 21,
que fixa que é competência da União explorar os serviços por meio de concessão de
instalações e energia elétrica cabendo, tão somente, por meio de Decreto Presidencial
alguma alteração. Sendo assim, se torna claro como diversas liminares já estão sendo
ganhas pelas prefeituras.
O fato de a resolução obrigar os municípios a administrar a iluminação pública é
inconstitucional e, além disso, proporcionará gastos exacerbados às prefeituras que já
sofrem pela quantidade de encargos que já possuem. E ainda caso as prefeituras recebam
esses ativos, boa parte delas farão licitações a fim de contratar empresas especializadas na
área, reduzindo o trabalho a elas, mas nessas licitações as próprias concessionárias
poderão participar do processo e como elas sempre o fizeram terão vantagens em relação a
outras empresas, pois sempre fizeram estes serviços, mas agora fará com um preço muito
maior.
Com isso o PDC conclui que, a exorbitância do poder regulamentador da ANEEL e pelas
razões citadas acima é imprescindível o cancelamento dos artigos da ANEEL que transfere
os ativos de iluminação pública às prefeituras.
Este projeto tramitou na câmara [20] até 29 de abril de 2015 quando então foi transferido
para o Senado Federal [21] como Projeto de Decreto Legislativo (PDS) Nº 85 de 2015 e
atualmente tramita ainda no Senado aguardando designação do relator. Neste tipo de
processo a última palavra é do presidente do senado, não dependendo da opinião do
presidente da república.
54
55
9. Conclusão
A partir da constituição de 1934 determinou-se que a responsabilidade da IP seria dos
municípios, porém como as distribuidoras de energia detinham infraestrutura e
conhecimento para realizar os serviços as prefeituras preferiram deixar sob a
responsabilidade das concessionárias. Ao serem privatizadas na década de 90, as
concessionárias querendo focar em distribuição de energia, e com o crescimento das
cidades a IP tornou-se um grande trabalho, necessitando de muita atenção. Assim algumas
distribuidoras transferiram aos municípios esta responsabilidade, isso ocorreu com o estado
do Rio Grande do Sul e alguns outros, porém em muitos outros municípios a
responsabilidade continuou com as concessionárias. Com a Resolução nº 414/2010 a
ANEEL passou a exigir que os ativos fossem totalmente transferidos às prefeituras. No
entanto, ao promulgar tal resolução, pautada na constituição de 1988 que não aborda
especificamente da IP, a ANEEL realiza uma ação ilegal, pois tal orgão não pode realizar tal
exigência, mas somente pautada em lei especifica. Com isso, algumas prefeituras resistiram
novamente com liminares para que essas transferências fossem adiadas ou canceladas.
Esta problemática perdura até o momento sem uma definição do Congresso Nacional. A
questão já foi votada na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado com a
justificativa de que a ANEEL promulgou uma resolução determinando uma data para as
transferências dos ativos, porém, segundo a constituição, não cabe a esse órgão legislar,
portanto viola os princípios da Constituição Federal. Além, de determinarem uma data de
transferência dos ativos aos municípios sem levarem em conta os custos envolvidos e os
tramites a serem realizados.
Contudo, o sistema de iluminação pública precisa sim de uma reforma, pois boa parte
dos municípios sofre pela má qualidade fornecida por algumas distribuidoras. O fato da
ANEEL, que é um órgão regulador de energia elétrica, exigir que os municípios recebam
toda essa responsabilidade, sem mesmo ter autoridade para isso ou até mesmo analisar
quais os municípios que possuem condição para tal responsabilidade, nota-se um descaso
com o setor público, com a qualidade dos serviços, com as prefeituras e com a população. A
forma que a ANEEL usou, pautado na constituição e não em uma lei, para forçar as
transferências dos ativos teve um “sucesso” quantitativo, já que 90% [15] dos municípios
brasileiros já realizaram as transferências dos ativos. Porém, observando pelo aspecto
qualitativo, os municípios perderam muito, pois além dos gastos exorbitantes, como já foi
analisado no capítulo 4, dos problemas que terão que enfrentar devido à ausência de
orientação de como administrar tais parques, da falta de dados, de conhecimento, de
infraestrutura, e ainda esta atitude acarretou diversos contratos entre prefeituras e empresas
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terceirizadas, tendo que fazer dívidas milionárias para conseguir administrar o setor, sendo
que transferirão esses gastos a população.
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Anexo
60
2
3
4
5
OS: 11786/2015
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