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Professora Alice BianchiniDoutora em Direito Penal pela PUC/SP

Diretora do Portal www.atualidadesdodireito.com.br

Blog: atualidadesdodireito/alicebianchini

Dos crimes contra a vida e a reforma do Código Penal

twitter.com/professoraAlice

facebook.com/professoraAlice

www.atualidadesdodireito/alicebianchini

Parte 2

A sociedade e a LMP

Parte 3

A reforma do Código Penal

Parte 1

Homicídios contra mulheres

Parte 4 Estratégias de Política criminal

Parte 1

Homicídios contra mulheres

Números alarmantes

Fundação Perseu Abramo. Disponível em www.fpabramo.gov.br

Mapa da Violência

2010

2001 2010 8 5

espancamentos a cada 2 minutos

10 mulheres morrem por dia

7 pelas mãos daqueles com quem

possuem sentimento de afeto

1

Números alarmantes

Brasil - 7º lugar entre os países que possuem o maior número de mulheres mortas, num universo de 87 países.

Mapa da Violência 2012

20% todos os dias;

13% semanalmente;

13% quinzenalmente;

7% mensalmente.

Mulheres sofrem violência

Pesquisa - Data Senado 2011

Sociedade e LMP

2010 Fundação Perseu Abramo/SESC

Entre os pesquisados do sexo masculino:

8% admitem já ter batido em uma mulher

14% acreditam que agiram bem;

15% declaram que bateriam de novo

2% declaram que “tem mulher que só aprende

apanhando bastante”

2

Sociedade e LMP

Deve-se intervir em briga de marido e mulher

2

63% dos entrevistados 72% das mulheres,51% dos homens

A prisão perpétua é a punição mais adequada para o marido que mata a mulher

29,7 % dos entrevistados

defendem a prisão do agressor

Pesquisa Nacional, por amostragem domiciliar, sobre atitudes,

normas culturais e valores em relação à violação dos direitos humanos

e violência – 2010

Marido

“coisa de família”

“vão prender os bandidos lá fora”

“eu tenho emprego fixo”

“sou trabalhador”

“está vendo o que você fez Celeste?”

Cenas da novela

Mulher

“Baltazar, recobra o teu juízo”

“E agora filha, o que será da gente?”

Filha“agora a gente tá livre”

Amigo da família“diz para tua mãe ir na delegacia

prestar queixa”

Motivos pelos quais as mulheres não “denunciam” seus agressores (respostas dadas por vítimas):

1º 31% preocupação com a criação dos filhos

2º 20% medo de vingança do agressor

3º 12% vergonha da agressão

4º 12% acreditarem que seria a última vez

5º 5% dependência financeira

6º 3% acreditarem que não existe punição e

7º 17% escolheram outra opção.

DataSenado 2011

Invisibilidade do problema2

As mulheres comunicam o fato às autoridades na MINORIA das vezes

Mulheres levam de 9 a 10 anos para “denunciar” as agressões

Os pais são os principais responsáveis pelos incidentes violentos até os 14 anos de idade das vítimas. Nas idades iniciais, até os 4 anos,

destaca-se sensivelmente a mãe. A partir dos 10 anos, prepondera a figura paterna.

Mapa da Violência 2012. caderno complementar 1:

Homicídio de Mulheres

http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_mulher.pdf

Parte 3

A reforma do Código Penal

Art. 121,

Países como Brasil e Argentina contam com projetos de lei propondo punir mais severamente os assassinatos de mulheres praticados por motivação de gênero.

3

Art. 121, § 1º

Forma qualificada§1º Se o crime é cometido:I – mediante paga, mando, promessa de recompensa; por preconceito de raça, cor, etnia, orientação sexual e identidade de gênero, deficiência, condição de vulnerabilidade social, religião, procedência regional ou nacional, ou por outro motivo torpe; ou em contexto de violência doméstica ou familiar, em situação de especial reprovabilidade ou perversidade do agente;

3

Art. 121, § 1º 3

Observação 1

Não são hipóteses de motivo torpe, portanto, melhor que estivessem em inciso autônomo

Art. 121, § 1º

Forma qualificada§1º Se o crime é cometido:em contexto de violência doméstica ou familiar, (a) em situação de especial reprovabilidade[reprovabilidade da conduta] ou (b) perversidade do agente

[personalidade do agente]

2

Observação 2

Já são consideradas na dosimetria da pena

Art. 121, § 1º 2

Observação 3

Por que e para que se pretende utilizar o Direito Penal como instrumento de erradicação do femicídio?

Pensamiento Penal

María Laura Böhm

Art. 121, § 1º3

Observação 4

• A ordem dos fatores altera o produto: prevenção ou repressão?

Observação 5

• Questão de prioridade

Observação 6

• Criação de estratégias, planos e ações

Art. 121, § 1º 3

Observação 7

Paradoxo de se buscar a criminalização como estratégia para implementação de

direitos humanos.

Ou seja, não raro se supõe que a não aplicação do Direito Penal corresponderia

automaticamente uma aprovação tácita – e mesmo um incentivo – à conduta que se

pretende reprimir.

Reflexões

- previsão de penas severas como forma de simbolizar o repúdio institucional à conduta criminalizada

- simbologia de reprovação social

- Dp não dispõe de meios para modificar a verdadeira fonte do preconceito e da discriminação que legitimam,

naturalizam e toleram tais atos de agressão, que é a crença coletiva no desvalor de um grupo social, no caso,

as mulheres

3

Reflexões

A erradicação do preconceito e dos atos de brutalidade por ele legitimados ocorrerá pela educação, pelo debate e

pelo convite a repensar crenças, pois nada mais equivocado do que a afirmação de que

determinados “comportamentos, por serem cultura, não mudam”.

Culturas não são estanques, e é por sua natureza dinâmica que se constroem e se reconhecem novos direitos, que

visam substancialmente a paz e a redução do sofrimento e da violência, seja a praticada pelos indivíduos, seja a

praticada pelo Estado.

3

Parte 4Estratégias de Política Criminal

penais e extrapenais

Lei Maria da Penha - objetivos4

MULHER EM SITUAÇÃO DE VDFVulnerabilidade

situacional

Coibir e Prevenir

Violência de Gênero

Âmbito doméstico,

familiar

Relação Intima de afeto

Lei Maria da Penha – Medidas prevenção 4

• Criar estratégias para a diminuição da violência

Objetivo da Política Criminal

Lei Maria da Penha – tipos de violência4

física

psíquica

patrimonialmoral

sexual

Art. 7º,dentre outras

Lei Maria da Penha – Medidas prevenção 4

Medidas protetivas de urgência- proibição de contato- proibição de frequentar determinados lugares- prisão preventiva – MAIS DRÁSTICA- etc.

Expediente da MPU - juiz decide de imediato - 48 horas - MP toma conhecimento depois

Lei Maria da Penha - beneficiários4

Mulher familiares

testemunhas agressor

Implicações da Lei 12.403/11 na violência doméstica

Constitucionalidade da ampliação das hipóteses de prisão

preventiva?

REGRA GERAL

• crimes dolosos punidos compena privativa de liberdademáxima superior a 4 anos

• CPP, art. 313, I

adequado

necessário

proporcionalLEI MARIA DA PENHA

• não há limitação

• CPP, art. 313, III

ExemploMonitoramento eletrônico

Implicações da Lei 12.403/11 na violência doméstica

Três questões iniciais1. Constituição Federal2. Uma questão de gênero e não de sexo3. Ação afirmativa

1. Constituição Federal

Art. 5º, I:

Homens e mulheres são iguais em direitose obrigações, nos termos destaConstituição.

Art. 226§ 5º: Os direitos e deveres referentes à

sociedade conjugal são exercidosigualmente pelo homem e pela mulher.

§ 8º: O Estado assegurará a assistência àfamília na pessoa de cada um dos que aintegram, criando mecanismos para coibir aviolência no âmbito de suas relações.

2.Uma questão de gênero e não de sexo

Art. 2º. Toda mulher, independentemente de classe,raça, etnia, orientação sexual, renda, etc...goza dosdireitos fundamentais inerentes à pessoa humana....facilidade para viver sem violência, ....

Art. 5º. Para efeitos desta Lei, configura violênciadoméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ouomissão baseada no gênero....

§ único. As relações pessoais enunciadas neste artigoindependem de orientação sexual. ¥

A Lei proporciona instrumentos quepossam ser utilizados pela mulher vítimade agressão ou de ameaça, tendente aviabilizar uma mudança subjetiva que leveao seu

EMPODERAMENTO

3. Ação afirmativa

3. Ação afirmativa

Art. 4º CEDAW medidas especiais de caráter temporário destinadas a

acelerar a igualdade de fato entre homem e a mulher não se considerará discriminação [Constitucionalidade]

de nenhuma maneira implicará, como consequência, a manutenção de normas desiguais

essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento forem alcançados

Lei excepcional (CP, art. 3º): vigora enquantodurarem as circunstâncias que lhe deram origem.

[Aplicação para homem?]

Implicações da Lei 12.403/11 na violência doméstica

Constitucionalidade da ampliação das hipóteses de prisão preventiva?

principais argumentos1 Crimes mais frequentes

2 Característica: ciclo de violência3 Números alarmantes

4 Sociedade e LMP5 Invisibilidade do problema

6 Cultura machista

Crimes mais frequentes1

62% violência psicológica

6% violência moral

Tipos de violência doméstica mais conhecidos

80% violência física

Mulher fica 30 dias internada. Lesão corporal leve?

Penas inferiores a 4 anos

Característica: ciclo de violência

Hierarquia de gênero

(a) construção da tensão, chegando à

(b) tensão máxima e finalizando com a

(c) Reconciliação

Relação de conjugalidade ou afetividade entre as partes

Habitualidade da violência -ciclo da violência

2

Uma questão cultural

O problema que temos diante de nós não éfilosófico, mas jurídico e, num sentido maisamplo, político.Não se trata mais de saber quais e quantos sãoesses direitos (humanos), qual é sua natureza eseu fundamento, se são direitos naturais ouhistóricos, absolutos ou relativos, mas sim qual éo modo mais seguro para garanti-los, paraimpedir que, apesar das solenes declarações, elessejam continuamente violadosNorberto Bobbio. A era dos direitos. Rio de Janeiro:Campus, 1992. p. 25.

4

Mãe de família comete crime só para ser presa e passar um tempo sozinha

Sem tempo para mais nada, uma mãe resolveu tomar uma atitude radical.

Veja a reportagem:

http://migre.me/bcHgI

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