rizomas suburbanos: possíveis ressignificações do topônimo subúrbio carioca através dos afetos

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RIZOMAS SUBURBANOSPossíveis ressignificações do topônimo Subúrbio

Carioca através dos afetos

Rodrigo BertaméOrientadora. Prf.ª Dr.ª Adriana Sansão

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM URBANISMO

Ao pensar a cidade como um espaço de

vivências urbanas em disputa, a pesquisa

se propõe a investigar as potencialidades e

limitações das novas formas de significação

do topônimo Subúrbio Carioca, suas

apropriações, seus rebatimentos no espaço

e no território, e a construção de potências

que habitam as lutas dos Suburbanos.

O que pode o topônimo Subúrbio Carioca na cidade

do Rio de Janeiro?

O trabalho parte da hipótese de que o topônimo Subúrbio

Carioca passa por um processo de ressignificação afetiva

dentro da cidade, onde gradativamente vai deixando de

representar um espaço constituído na cidade e se construindo

como uma enunciação coletiva a partir dos corpos que habitam

e se apropriam do topônimo Subúrbio Carioca. De maneira

que é o Suburbano que se faz Subúrbios.

HIPÓTESE

MÉTODO

CARTOGRAFIA

PROCESSOSPERCURSOS

SUBJETIVIDADESRELAÇÃO POR AGENCIAMENTO

LANÇAR-SE À DERIVAREDES

RASTROS

SINGULARIDADESMULTIPLICIDADES

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

LEVANTAMENTO EM IMPRENSA

LEVANTAMENTO ÁUDIO VISUAL

QUESTIONÁRIO QUALITATIVO

INVESTIGAÇÃO EM CAMPO

Experimentar o topônimo Subúrbio Carioca através

de seus devires

Massimo Cacciari

Antônio Negri

Milton Santos

A cidade como um campo de contradições

“A cidade, na sua história, é a perene experiência de dar

forma à contradição, ao conflito” (CACCIARI, 2010:7).

“Homens que tiveram a mesma formação e que têm

as mesmas virtualidades, mas estão situados em

lugares diferentes, não tem a mesma condição como

produtores, como consumidores e até mesmo como

cidadãos” (SANTOS, 2014:21).

A metrópole é livre, e a “liberdade nasce da construção

e reconstrução que cada dia ela opera sobre si mesma

e de si mesma” (NEGRI, 2008:203).

De território peri-urbano

a devires Subúrbios

O SUBÚRBIO FAZ O SUBURBANO

Nos enveredamos em uma narrativa onde nos lançamos

sobre as fronteiras, leis, planos, projetos, e uma infinidade de

ações sobre a forma física e a representação constituída dos

Subúrbios Cariocas, em busca das forças atuantes nelas.

Rastros do topônimo na cidade e no tempo deixam marcas nas subjetividades e representação

do Suburbano

Considerando que a divisão territorial do Districto Federal em três zonas distintas e

determinadas, uma urbana, outra suburbana e outra rural, é de utilidade intuitiva para

os fins geraes e especiaes da Administração Municipal; Considerando, porém, que não obstante serem frequentes as referências feitas a essa divisão, na linguagem comum e nos documentos officiaes, não existe até agora acto algum estabelencendo-a de maneira geral racional e conveniente;

Considerando ainda que, devida à importância irregular da parte mais central, mais

antiga, mais importante da cidade, ora plana ou de suave declive para o mar, ora

montanhosa e extremamente elevada em certos pontos dessa região a considerar

como zona urbana: convém, por isso, subdividi-la em tres subzonas sucessivas, do

litoral a parte mais elevada, conforme a importancia de cada uma em relação à posição

que ocupa na referida zona urbana (RIO DE JANEIRO, 1918, p. 26-28, apud BORGES,

2007:71)

PLANO DOXIADIS

PLANO BARRA DA TIJUCA

Policentralidades

Paradigma Rodoviarista

Nova centralidade

Paradigma Rodoviarista

CONDOMÍNIOS FECHADOS,

SHOPPING CENTERS, RODOVIAS

EXPRESSAS

SAEM AS FÁBRICAS PARA DAR LUGAR ÀS

CIDADES FÁBRICA

RASTROS DOS SUBÚRBIOS NA IMPRENSA

Jornal Diário do Rio

de Janeiro, 30 de

junho de 1821

Santa Thereza

um novo raio de Subúrbio

Belo Subúrbio do Flamengo

São Christóvão e Riachuelo

progridem

1856 18831854Diário do Rio de Janeiro Gazeta Suburbana

Jornal do Brasil

1896

Jornal do Brasil

1911

Gazeta da Tarde

1895

O palpite é o PORCOJORNAL DO BRASIL

1911

O Subúrbio Ferroviário

J O R N A L DO BRASIL

1916

JORNALÚLTIMA

HORA1951

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O Globo 1975 O Globo 1987

O Globo 1987

Extensão de Praias na cidade

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1985/1992

Voltaste (pro Subúrbio)

1934

Noel Rosa

Voltaste novamente pro

subúrbio Vai haver muito

distúrbio Vai fechar o

botequim. (...) Voltaste Para

mostrar ao nosso povo Que

não há nada de novo Lá no

Centro da cidade Voltaste

Demonstrando claramente

Que o subúrbio é

ambiente Que completa

a liberdade

Subúrbio – 1955

Luíz Antônio e Elizeth Cardoso

Subúrbio, recanto triste da

cidade Sem asfalto, sem

vaidade / Sem biquíni, sem

calção / Sem cadilaque, sem

iate Sem chiclete, sem boate

Sem jogo, sem perdição /

Subúrbio, sem grã-finas

de piteiras Sem babá se

gafieira / Sem amor de

arranha-céu Subúrbio, sem

pipi papo

Poema suburbano - 1956

Luís Peixoto (musicado por

Bororó e gravado em 1956 por

Orlando Silva).

Subúrbios das moças

prendadas (...) Das ruas

barrentas, tão simples e

humildes que até nem o

nome se lê nos jornais, e

sobem ladeiras, (...) Subúrbios

teimosos, dos trens atrasados,

Subúrbios pacatos, do meu

coração! (...) Ser meio mulato

e foguista da Estrada de Ferro

Central do Brasil!

Subúrbio – 2009

Chico Buarque

Lá não figura no mapa (...)

No avesso da montanha,(...)

é labirinto Casas sem cor Ruas

de pó.(...)

Lá não tem moças douradas

(...)Lá tem Jesus E está de

costas (...)Carrega a tua cruz E

os teus tambores (...)Naquela

que te sombreia (...)Lá não

tem claro-escuro(...) A luz

é dura A chapa é quente(...)

Que futuro tem Aquela gente

toda Perdido em ti

Meu Lugar - 2012

Arlindo Cruz

O meu lugar, é caminho de Ogum

e Iansã, lá tem samba até de

manhã, uma ginga em cada

andar. O meu lugar, é cercado

de luta e suor, esperança num

mundo melhor, e cerveja pra

comemorar. (...) Doce lugar, que

é eterno no meu coração, e aos

poetas traz inspiração, pra cantar

e escrever (...) Ah meu lugar, /

tem mil coisas pra gente dizer,

/ o difícil é saber terminar.

A REPRESENTAÇÃO LIMITA

O SUBURBANO SE FAZ SUBÚRBIOPOLIFONIA DE CORPOS

POLIFONIA DE CORPOS

COPACABANA É SUBÚRBIO?

NÃO - Porque Subúrbio tem uma

conotação de classe social mais baixa

- Morador de Copacabana

NÃO - Copacabana está à

margem geograficamente, mas

não é Subúrbio porque é Zona

Sul. Tem praia banhável, boa

estrutura de iluminação, ruas

asfaltadas, prédios e arquiteturas

interessantes (pintados e bem

equipados), muita gente branca

e rica - Morador de Niterói

NÃO - Não considero porque o

bairro existe no mapa, embora seja

decadente. Deveria ser sim um

“Subúrbio da Zona Sul”. - Morador de

Irajá

SIM - Copacabana é Subúrbio porque “Tem cara de “povão” é todo mundo misturado, é diferente do Leblon e Ipanema. - Morador do Encantado

NÃO - Excelente pergunta. Copacabana não

tem a essência do Subúrbio, essa peculiaridade

de ser suburbano da cidade do Rio de Janeiro

acarreta o lugar a ser historicamente um lugar

que após ser excluído pelo resto da cidade

buscou suas próprias peculiaridades que

fazem esse lugar ser único e unido. - morador

do Jacarezinho

NÃO - Não considero, pois, os moradores do Subúrbio se conhecem, se cumprimentam

e se ajudam, Copa e outros bairros da Zona Sul, é cada um por si. - Morador de

Laranjeiras

SIM – Porque quando estou em Copa só vejo suburbanos. Um visual diferente do Leblon, por exemplo. - Morador do Engenho de Dentro

meu bando é carnaval

Enquanto o espaço nos imobiliza, taticamente

vamos construindo descentralizações

CINE VAZ LOBO O SPLENDOR SUBURBANO

A INVENÇÃO DO FUTEBOL

PRODUZINDO CINEMA À

BANGU

foto: zé josé

foto: zé josé foto: Sérgio Rezende

foto: Matheus

foto: Sérgio Rezende

REDES

BICICLETEIROS SUBURBANOS

Mudança de perspectiva quanto ao uso

de bicicleta como meio de transporte,

especialmente no subúrbio, onde a

mobilidade é uma questão cultural, muito

mais por falta de opção do que por

convicção - Bicicleteiros Suburbanos

SUBURBANO DA DEPRESSÃO

DÁ PRA IR DE TREM?

não tem a pretensão de

apresentar o subúrbio a

ninguém, e sim conhecê-lo e

promover o conhecimento de

moradores e frequentadores.

Acreditamos que transitar

é essencial pra aprender,

desconstruir e, claro, se

divertir. (DÁ PRA IR DE TREM

– acessado em 15/01/2016).

foto: Dá pra ir de Trem?

RUAS

EU AMO A SERRA DA MISERICÓRDIA

CINE GURGEL

VISTA ALEGRE + VERDE

A BANCA DÁ POESIA

100% SUBURBANO

foto: Gê Vasconcelos

CHORO SUBURBANO

GUIADAS URBANAS

LOUCURA SUBURBANA

foto: Loucura Suburbana

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim como a cidade em si não existe,

como afirma Cacciari, podemos considerar

também que o Subúrbio em si não existe,

mas sim existem vivências suburbanas

que se encontram nas suas formas de ver

e experimentar o mundo, vivências que

quando mapeadas nos fazem repensar um

real sentido para as fronteiras materiais e

subjetivas delimitadas da cidade. O Subúrbio

Carioca deixa de ser uma representação do

lugar que não é o Centro/Zona Sul, e assume-

se como uma potência que devém múltiplos

Subúrbios transitando pelos territórios da

cidade.

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