relatório de grupo 2º semestre/2018 - 40 anos de história...amadurecimento moral e o...
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“Hoje eu sinto que cresci bastante
Hoje eu sinto que estou muito grande
Sinto mesmo que sou um gigante
Do tamanho de um elefante”
Assim voltaram para o segundo semestre, maiores, confiantes, determinados,
desafiadores, cheios de novidades, com vontade de falar e ouvir, conhecer e aprender,
ensinar e mostrar, trazendo novos e importantes desafios a cada dia.
O Maternal B veio nos mostrando como são importantes os laços de amizade.
Laços que nos permitem dividir nossas alegrias, que nos dá conforto nos momentos de
tristeza, que sustentam pela vida nos fazendo aprender o verdadeiro sentido de
solidariedade, de cooperação, e que é descoberto através das brincadeiras e da
convivência em grupo. Que nos faz perceber que para estar junto ao outro é necessário
Relatório de grupo – 2º semestre/2018
Turma: Maternal B
Professora: Elizabeth Fontes Clemente de Souza
Professora auxiliar: Juliana Pertilli
Coordenadora: Lucy Ramos Torres
o respeito, onde cada criança passa a adquirir um conhecimento maior de si mesma e
do mundo que a cerca a partir de seu amadurecimento.
Sabemos que através dos vínculos adquiridos na infância, a criança aprende a conviver
com opiniões e pessoas diferentes, passando assim a respeitar a individualidade de
cada um.
Passamos a assumir este papel de fortalecedoras e mediadoras dos vínculos de
empatia e amizade, com a perspectiva de favorecer uma aprendizagem mais
significativa e eficiente, pois um ambiente afetuoso e harmonioso só tem a acrescentar
no processo de construção do conhecimento.
Segundo Ferreira (2004), as relações de amizade podem também contribuir para um
desenvolvimento cultural das crianças através da sua partilha de saberes, brincadeiras,
conversas e ideias, e desta forma, contribuir também para o desenvolvimento cognitivo da
criança.
As crianças do Maternal nos mostraram sua grande capacidade de estabelecer estes
vínculos e fizeram surgir em nós professoras uma forte motivação para fortalecer estes
relacionamentos através do estímulo à cooperação e solidariedade, também das trocas
com o outro que envolviam respeito mútuo e afeto.
Amizade é mais que afinidade e envolve mais que afeição. As exigências da amizade –
franqueza, sinceridade, aceitar com a mesma sinceridade as críticas e os elogios do amigo,
lealdade incondicional e auxílio a ponto do sacrifício – são estímulos poderosos para o
amadurecimento moral e o enobrecimento. (BENNETT, 1995, p.181).
Com a intenção de ajuda-los a entender um pouco mais da complexidade das relações
de amizade e reciprocidade, e mesmo sabendo que ainda não podem compreender
completamente a profundidade desses valores, fomos assistir alguns filmes sobre o
tema, entre eles, Animais Unidos Jamais Serão Vencidos.
Assim surgiu nossa mascote da sala: a girafa Gigi, que junto com outros animais, veio
nos mostrar a importância dos amigos, das relações familiares, da convivência entre
eles. Contribuindo assim para a valorização e conhecimento através da relação entre
as crianças, a família e a escola, estendendo-se para o desenvolvimento cognitivo, e o
reconhecimento de valores como companheirismo, respeito, reciprocidade, afeto, além
de estarem inseridas em um ambiente social.
Conceber uma educação em direção à autonomia significa considerar as crianças como seres
com vontade própria, capazes e competentes para construir conhecimentos, e, dentro de suas
possibilidades, interferirem no meio em que vivem. Exercitando o autogoverno em questões
situadas no plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no plano das ideias e dos
valores. (RCNs, V.2, p.14). (BRASIL, 1998)
Através de leituras sobre o tema, músicas, interpretações, diálogos, brincadeiras livres
e direcionadas, percebemos a amizade que existe entre as crianças e seus familiares,
baseada na segurança, no apoio, no carinho, e desta forma procuramos realçar a
importância destas relações. Pois sabemos que a amizade na família é importantíssima
para o desenvolvimento social, afetivo e emocional de cada um, e que eles transferem
isso espontaneamente como base das suas relações de amizade.
Com isso, queríamos que cada um fizesse sua pequena participação em cada dia, a
cada momento, a cada brincadeira, a cada atividade, a cada construção, para podermos
juntos construir o todo.
Que esta doação da sua parte acontecesse livremente através da ludicidade e da
participação de todos como grupo, sempre pensando de um para o outro.
Paula Santisteban e Eduardo Bologna
E foi assim que surgiu a transformação, a participação e o sentimento de querer unir a
todos através da participação de suas famílias e de cada criança junto com seus amigos.
Lendo, relendo, brincando, mostrando e principalmente ouvindo a cada um, a cada
história que traziam: “Meu pai disse que..., Minha avó me contou..., Minha mãe que
falou...”
Como principal ponto de partida, buscamos ao longo deste semestre tornar cada leitura
significativa para cada um deles, ouvimos, registramos os conceitos de cada um sobre
a família, a amizade e os laços que se formam e se fortalecem a cada dia.
As atividades propostas foram surgindo com as significações e as trocas diárias nas
rodas de conversa. Assim como as explicações, as sugestões de como fazer, as
experimentações, o contato com o novo, novas formas de se fazer com o que já
conheciam.
Através da leitura e dos registros demos sentido as vivências e os conceitos que
envolviam a família, suas lembranças e suas memórias e toda influência que exercem
sobre cada uma das crianças e também da sociedade. Tendo a delicadeza e o olhar
individual para cada uma, por sabermos que o dia a dia em cada família é feito de
acertos e desacertos, encontros e desencontros. E como afirma Hélia Pauliv de Souza,
orientadora educacional, Curitiba, PR, “O bom desenvolvimento de uma criança ou de
um jovem se baseia nos vínculos afetivos construídos dentro da cumplicidade familiar”.
“COLCHA DE RETALHOS
A história nasce assim...do nada.
A história nasce do silêncio, da respiração, da pausa.
A história nasce em um tempo, nem antes e nem depois.
A história nasce em qualquer lugar.
A história nasce de um sim, de um gesto.
A história nasce de um ponto no canto da página.
A história nasce de outras histórias.
A história nasce de mães, pais e irmãos.
A história simplesmente nasce.
A história nasce sem palavras, sem cores, sem forma
A história nasce de retalhos, linhas e agulhas.
E assim ao som do ar...
As mãos costuram as estações na colcha de retalhos da infância que nunca acaba.
Era uma vez...a história de Um para o Outro.”
Através do estímulo, da participação e do incentivo familiar, buscamos resgatar algumas
lembranças e memórias que pudessem ser compartilhadas na escola com os amigos,
tentando através de uma linguagem simbólica mostrar a sensibilidade de cada criança
junto com sua família e enriquecer sua curiosidade e suas experiências através do
mundo que as cerca e das pessoas que a envolvem.
A cada semana as crianças levavam e traziam seus retalhos que foram sendo
costurados em sua colcha de memórias familiar, nos mostravam seus significados e
suas construções e nos remetiam a boas e enriquecedoras lembranças. Foram muitas
trocas, muitos sorrisos, muita motivação e muito trabalho.
Fomos sugerindo temas que fizessem relação com sua convivência escolar e com o que
viviam diariamente neste ambiente, que os fizessem cada vez mais autônomos e
observadores, que desenvolvessem suas habilidades e suas competências.
O crescimento, o desenvolvimento e amadurecimento cognitivo veio se aprimorando
com o passar do semestre, com as propostas de atividades em sala e fora dela. Onde
cada um pode construir suas hipóteses e suas soluções para cada desafio proposto.
Observamos cada um diariamente e é através destas observações que percebemos
que pelas brincadeiras as crianças se tornam autoconfiantes, adquirindo iniciativas, pois
lhes permitimos ter autonomia e muita liberdade. Sendo assim vamos desenvolvendo
não só a linguagem, a concentração e o pensamento, mas também a liderança, a
personalidade e principalmente a socialização.
Para que tudo isso aconteça de forma saudável e prazerosa as atividades lúdicas e as
brincadeiras só tem a colaborar, trazendo benefícios e a concretização da
aprendizagem, e é isso que buscamos a cada dia em nossas relações.
“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não
simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores,
descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de
criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas propõe.” Jean Piaget
Fomos disponibilizando recursos, métodos e práticas que a cada atividade fossem
desenvolvidas as habilidades necessárias para cada vez mais vencerem desafios e
adquirirem conhecimentos e raciocínio lógico em. Jogamos, montamos, brincamos de
construir, pulamos, cantamos, interpretamos, dialogamos, discutimos, entendemos,
participamos, contamos histórias, ouvimos o outro, se fizeram ouvir, demonstraram
interesses, criaram, desafiaram, fizeram valer cada dia.
Nossos momentos de lanche coletivo nos proporcionaram as experiências com os
diversos sabores, com a diversidade de alimentos trazidos e com isso nosso maior
objetivo foi alcançado: o compartilhar, o doar, o experimentar, o dividir, o preparar de
um para o outro, pensando no outro.
Assim também são nossos almoços na escola, onde as experimentações, os novos
sabores e os gostos vão sendo divididos e aprimorados.
Foi um semestre muito intenso e prazeroso com nossa Semana e Mostra Cultural onde
pudemos trabalhar o “Limite do eu e a percepção do ser e estar”, trabalhando com
texturas, experimentos, o sentir, o tocar com pés, mãos e corpo, a expansão dos limites
e as diferentes percepções do sentir sem ver. Para isso colocamos a mão na massa e
exploramos nossos sentidos adquirindo e trocando sentimentos e sensações, o que
proporcionou as nossas crianças um grande panorama de contato com diversos tipos
de materiais e propostas significativas de aprendizado. Onde viram possibilidades de
descobrir formas, cores e movimentos, desenvolvendo sua coordenação, sua
criatividade e suas observações. Aumentando assim sua comunicação, suas
indagações, suas ideias e formulações de hipóteses. Aperfeiçoando suas criações e as
criações dos jogos simbólicos, experimentando criar objetos que vão além do desenho,
do livro e da pintura em papel.
Tivemos também o mês das crianças que lhes causa grande euforia e expectativas
diante das atividades que lhes são proporcionadas. Um mês mais leve e cheio de
brincadeiras e trocas. Elas trazem muitas histórias para contar, muitos sonhos, muitas
esperanças e muita gratidão no olhar.
E é com este sentimento que fechamos o semestre: gratidão.
Gratidão pelo que pudemos proporcionar as nossas crianças do Maternal B: serem
felizes a seu modo.
Gratidão pela confiança e carinho de cada família: pelo envolvimento e reconhecimento,
por quererem sempre o melhor para seus filhos.
Gratidão por cada palavra de conforto, por cada gesto de carinho, por cada abraço
recebido, por cada frase dita, por cada objetivo alcançado, por cada olhar de felicidade,
por cada criança que faz parte do nosso dia a dia e que nos proporcionam momentos
intenso de aprendizado e constante alegria.
Assim fomos costurando, dando formas, apreciando, nos emocionando, lembrando e
relembrando, guardando na memória os sentimentos e as sensações que foram
surgindo durante este semestre e que nos proporcionou muito mais do que ensinar, mas
também aprender e muito com cada um desta pequena – grande turma. Cada um
representando um retalho desta “Colcha” que se formou. A grande Colcha de Retalhos
do Maternal B.
Referências Bibliográficas
BENNETT, The Birth of the Museum London, T. 1995.
BRASIL. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/1996, de 20 de
dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 23 dez. 1996.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da
Educação e do Desporto. SEF. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Ferreira, M. (2004). «A gente gosta é de brincar com os outros meninos!». Relações
sociais entre crianças num Jardim de Infância. Porto: Edições Afrontamento.
PIAGET, J. (1932). O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994.
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