relatorio indicadores minas gerais 2009
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RELATÓRIO DE INDICADORES DE
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
INOVAÇÃO
Belo Horizonte
Março/2009
2
Belo Horizonte
Março/2009
Projeto Oportunidades ao Desenvolvimento
Sócio-Econômico e Desafios da Ciência,
Tecnologia e da Inovação em Minas Gerais
FAPEMIG - CEX-1735/07
SECTES/CEDEPLAR
Coordenador: Silvio Dias Pereira Neto
3
Secretário Alberto Duque Portugal Secretário Adjunto Evaldo Ferreira Vilela Diretor da Superintendência de Prospecção Tecnológica e Monitoramento Estratégico Silvio Dias Pereira Neto Equipe da Superintendência Arquimedes dos Santos Quintão Daniel Ferreira Gonçalves Felipe Vianna de Menezes Juslei Alves de Souza Laura Alice Souza da Silva Marcelo Tosta Gonçalves Ricardo de Oliveira Valéria Carolina Guedes Equipe do CEDEPLAR/UFMG Márcia Siqueira Rapini Catari Vilela Chaves Leonardo Costa Ribeiro Eduardo da Motta e Albuquerque Fábio Chaves do Couto e Silva Neto Isabel de Azeredo Moura Juliana Rodrigues Vieira Pietro Calixto Antunes Priscila Gomes de Castro Soraia Schultz Martins Carvalho Thiago Luís Rodarte Vanessa Criscuolo Parreiras de Oliveira André Henrique de Brito Veloso Joana David Avritzer Luiza Teixeira de Melo Franco
Av. José Cândido da Silveira, 2000 – Bairro Horto - CEP 31.170-000
Belo Horizonte/MG – Fones (31)3247-2041
4
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 3
1. UMA ATUALIZACAO DA RAINHA VERMELHA ........................................................................................... 5
2. AS MATRIZES DE INTERAÇÃO .................................................................................................................... 7
2.1. A Matriz de Interações entre Ciência e Tecnologia .......................................................................... 7
2.2. Matrizes e Mudanças Intertemporais: O crescente conteúdo Científico da Tecnologia ................ 15
2.3. Tópicos de Matrizes e Desenvolvimento......................................................................................... 20
2.4. O Papel da Base Científica Nacional ................................................................................................ 23
2.5 Conclusões ........................................................................................................................................ 24
3. A PRODUÇÃO CIENTIFICA E TECNOLOGICA DE MINAS GERAIS .............................................................. 25
3.1. Bases de Dados e Metodologia ....................................................................................................... 25
3.1.1. Produção Científica ................................................................................................................... 25
3.1.2. Produção Tecnológica ............................................................................................................... 26
3.1.3. Universidades, Grupos de Pesquisa Interativos e Firmas ........................................................ 30
3.2. Indicadores de Ciência e Tecnologia ................................................................................................ 32
3.2.1. Artigos Científicos ......................................................................................................................... 37
3.2.2. Patentes ........................................................................................................................................ 40
3.3. Produção Científica e Técnica das Universidades Mineiras ............................................................. 71
4. INOVAÇÃO NAS EMPRESAS MINEIRAS .................................................................................................... 83
4.1. A Metodologia da PINTEC ................................................................................................................ 83
4.2. Minas Gerais em Relação ao Sudeste e ao Brasil ............................................................................. 88
4.3. A Dinâmica das Empresas Inovadoras Mineiras ao Longo do Tempo ............................................ 95
5. UM SURVEY DOS GRUPOS DE PESQUISA DE MINAS GERAIS ................................................................ 114
5.1. Características da Interação Universidade–Empresa em Minas Gerais ......................................... 117
5.2. Características dos Grupos de Pesquisa ......................................................................................... 131
5.3. Conclusões ..................................................................................................................................... 136
5
6. DIRETÓRIO DOS GRUPOS DE PESQUISA DO CNPq E A INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA
NO ESTADO DE MINAS GERAIS ................................................................................................................. 137
6.1. A Trajetória do Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Minas Gerais ............................... 137
6.2. Quadro Geral de Ciência e Tecnologia no Estado de Minas Gerais ............................................... 145
6.3. Estudo de Caso: A Interação dos Grupos de Pesquisa Imunoparasitologia e Bioquímica e
Imunologia de Parasitas com a Empresa Hertape Calier Saúde Animal ............................................... 155
6.3.1. Os Grupos de Pesquisa ............................................................................................................ 156
6.3.2. Hertape Calier Saúde Animal .................................................................................................. 157
6.3.3. Interação Universidade-Empresa ............................................................................................ 159
6.4. Conclusões ..................................................................................................................................... 162
7. FINANCIAMENTO DAS ATIVIDADES INOVATIVAS EM MINAS GERAIS................................................... 164
7.1. Finanças e Inovação ....................................................................................................................... 165
7.2. Metodologia ................................................................................................................................... 170
7.3. Uma Articulação entre a PINTEC e o Diretório do CNPq ................................................................ 171
7.3.1. A PINTEC-IBGE 2005 ................................................................................................................ 171
7.3.2. O Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq ........................................................................ 174
7.3.3. A Cooperação entre Empresas e universidades: conexão entre as duas bases ..................... 177
7.4. O Financiamento das Atividades de Cooperação em Minas Gerais ............................................... 178
7.4.1. Minas Gerais na Pintec ............................................................................................................ 178
7.4.2. Empresas com cooperação com universidades e IPs em Minas Gerais .................................. 180
7.4.3. Conclusões ............................................................................................................................... 184
8. EDITAIS - ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS INSTITUIÇÕES MINEIRAS .................................................. 185
8.1 Análise Geral dos Editais ................................................................................................................ 186
8.2 Análise dos Editais por tipo de Instituição ..................................................................................... 192
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ 209
10. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 213
3
INTRODUÇÃO
A ciência, a tecnologia e a inovação apresentam uma importância cada vez maior para o
desenvolvimento econômico e social do Estado de Minas Gerais e os resultados obtidos são
fundamentais para a gestão pública na definição de estratégias políticas. Os indicadores de ciência,
tecnologia e inovação são referências para verificar os avanços científicos e as tendências das
rotas tecnológicas e da inovação, apontando aspectos relevantes da realidade que contribuem para
a tomada de decisões
O projeto especial Oportunidades ao Desenvolvimento Sócio-Econômico e Desafios da
Ciência, da Tecnologia e da Inovação em Minas Gerais, realizado pela Secretaria de Estado de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SECTES, em parceira com o Centro de Desenvolvimento
e Planejamento Regional – CEDEPLAR, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais – FAPEMIG contempla a sistematização e a atualização de bases de
dados de produção científico-tecnológica do Estado de Minas Gerais, para gerar informações
decisivas na elaboração e avaliação de políticas públicas.
Um dos objetivos do projeto é estabelecer na SECTES e consolidar no CEDEPLAR uma
competência para conceber e organizar indicadores pertinentes para as atividades de ciência,
tecnologia e inovação. O presente Relatório de Indicadores representa um dos passos iniciais para
alcançar este objetivo e pretende apresentar os resultados parciais deste projeto, que serão
complementados e analisados com mais propriedade nos próximos relatórios.
Estes resultados parciais contemplam alguns indicadores obtidos a partir de estatísticas
disponíveis e estatísticas elaboradas, em levantamentos realizados pelo Grupo de Pesquisa em
Economia da Ciência e da Tecnologia. Os resultados apresentam um diagnóstico dos artigos
científicos publicados (ISI), dos depósitos de pedidos de patentes (INPI), da produção científica e
técnica das universidades em Minas Gerais, do desempenho das instituições mineiras nos editais
de fomento (FAPEMIG) e da inovação nas empresas mineiras (PINTEC-IBGE).
Dois indicadores possuem um papel central na avaliação da base técnico-científica de
Minas Gerais: artigos científicos – para a avaliação da produção cientifica – e patentes – para a
avaliação da produção tecnológica. Os grupos de pesquisa são utilizados para caracterizar a
produção bibliográfica e técnica das universidades mineiras, bem como a interação das
universidades e dos institutos de pesquisa com outros agentes, sendo um deles as empresas.
4
A análise realizada neste relatório está estruturada em nove seções. A primeira
apresenta uma atualização da discussão referente ao efeito da rainha vermelha, abordada em
relatório anterior, adicionando informações referentes ao ano de 2006.
A segunda seção enfoca as explicações das matrizes de interação entre ciência e tecnologia
e suas implicações para as políticas de desenvolvimento no século XXI.
A terceira seção apresenta um painel abrangente da produção científica e tecnológica do
Estado de Minas Gerais, a partir dos indicadores artigos científicos, patentes e dos grupos de
pesquisa filiados a universidade e institutos de pesquisa de Minas Gerais.
A quarta seção apresenta um panorama geral dos esforços empreendidos para inovar por
parte das empresas mineiras. Ademais apresenta uma comparação entre os levantamentos de 2001-
2003 e 2003-2005. Para isto, serão utilizadas informações da PINTEC 2005.
A quinta seção discute a interação entre universidades/ institutos de pesquisa e empresas
no Estado de Minas Gerais, a partir dos resultados de uma pesquisa realizada no ano de 2008
com líderes dos grupos de pesquisa filiados a universidades e institutos de pesquisa de Minas
Gerais.
A sexta seção examina as interações entre a infra-estrutura de C&T e o setor produtivo no
Estado de Minas Gerais, focalizando a análise nas especificidades dessas interações, a partir de
informações do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
A sétima seção apresenta um conjunto de informações do Diretório dos Grupos de Pesquisa
do CNPq que permitem um mapeamento preliminar do relacionamento financeiro desses grupos
com as empresas e outras instituições com as quais mantêm interação.
A oitava secção apresenta uma análise realizada pela Superintendência de Prospecção
Tecnológica e Monitoramento Estratégico da SECTES, dos dispêndios com pesquisa no Estado de
Minas Gerais, relacionados aos editais publicados nos anos de 2007 e 2008 pela FAPEMIG.
Nas considerações finais são apresentadas algumas das conclusões de cada seção analítica,
procurando enfatizar os principais resultados deste relatório.
5
1. UMA ATUALIZACAO DA RAINHA VERMELHA
A Figura 1 apresenta as trajetórias de países selecionados, para efeito de comparação.
Cada país é representado por pontos, que são a interseção entre a produção científica e
tecnológica, para os seguintes anos 1974, 1982, 1990, 1998, 2003 e 2006 (a China é
exceção, pois o primeiro ponto representa os dados para 1982 e não 1974).
Pro
du
ção
Te
cno
lóg
ica
Figura 1 - Rainha Vermelha (1974 – 2006)
Produção Científica
FONTE: Ribeiro et al, 2009.
6
Em relação à movimentação dos limiares, a Figura 1 indica que os limiares entre os
regimes II (do qual o Brasil faz parte atualmente) e o regime III (cuja participação deve ser uma
meta para o Brasil) avançam mais rapidamente do que o limiar dos dois regimes inferiores. Entre
1974 e 2003 o limiar entre os regimes II e III cresceu 6,6% ao ano, em termos da produção
científica per capita. Em função dessa movimentação do limiar advém o “efeito Rainha
Vermelha”: países podem ampliar a sua produção científica de forma significativa (cerca de 85%
em uma década) apenas para permanecerem na mesma posição. Esse parece ser o caso do Brasil
nos últimos 20 anos (desde 1982 o Brasil está e permanece no regime II).
A Figura 1 é muito importante para os objetivos deste relatório, na medida em que ela
indica a movimentação recente do Brasil. É resultado de pesquisas anteriores realizadas no
Cedeplar-UFMG, mas contribui para responder sobre o papel dos recursos aplicados em ciência e
tecnologia no país. Três observações são importantes a partir dessa Figura 1.
Em primeiro lugar, a estabilidade da trajetória do Brasil, indicando uma relativa
articulação entre o crescimento da produção científica e tecnológica.
Em segundo lugar, a Figura 1 indica que os recursos aplicados na ciência e na tecnologia
no Brasil têm cumprido um papel defensivo importante: têm permitido que o país mantenha a
distância em relação ao limiar do regime III. É um resultado tímido, mas não deve ser
subestimado. Especialmente porque há países que perderam posições nesse cenário internacional
(por exemplo, em termos de total de patentes entre 1998 e 2006, o Brasil manteve a 29ª posição,
enquanto a Rússia caiu da 23ª para a 27ª, a África do Sul caiu da 25ª para a 30ª posição).
Em terceiro lugar, a Figura 1 indica uma modesta inflexão na relação entre produção
cientifica e tecnológica. É uma mudança que merece uma investigação mais detalhada, ao longo
deste projeto de pesquisa. No mínimo significa uma indicação que a ampliação da capacidade
científica do país e tem repercussões sobre a capacidade de produção tecnológica. Para uma
efetiva interação entre as duas dimensões, ciência e tecnologia, massa crítica em termos de
produção científica é indispensável.
7
2. AS MATRIZES DE INTERAÇÃO
Esta seção, baseada em Ribeiro et al (2009), apresenta matrizes de interações entre ciência
e tecnologia e sugere como elas podem indicar políticas de desenvolvimento para o século XXI.
Estas matrizes disponibilizam informações sobre a maneira pela qual a tecnologia é
dependente da ciência e, na medida que são comparadas ao longo do tempo, revelam como a
ciência tem se tornado mais importante para a tecnologia. De fato, como Narin et al (1997)
apresentaram, há uma crescente interação entre tecnologia e ciência.
Uma vez apresentadas essas matrizes gerais, será destacada a primeira contribuição
original desse trabalho: o preparo de tais matrizes tanto para países desenvolvidos quanto para
países em desenvolvimento. A partir desta visão, é possível entender como os padrões de
interações entre ciência e tecnologia, observados nos países, caracterizam seus estágios de
desenvolvimento econômico. Para uma análise mais detalhada dessas matrizes, são propostos três
indicadores que permitem uma visão global e que identifiquem a relação entre países
representados nas matrizes. Tal proposição pode ser considerada uma segunda contribuição desse
trabalho. Por último, um desses indicadores – correlação intertemporal de matrizes – fornece
informações para uma terceira contribuição: a identificação de padrões de crescimento
estruturado que diferencia países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Estes padrões de crescimento estruturado sugerem políticas públicas de desenvolvimento,
enfatizando a necessidade de uma articulação entre as dimensões industrial e tecnológica e a
esfera científica. O entrelaço destas duas dimensões é o componente-chave para políticas de
desenvolvimento do século XXI.
2.1. A Matriz de Interações entre Ciência e Tecnologia
Serão apresentados os dados da matriz de interação entre ciência e tecnologia de duas
diferentes formas: uma tabela, que permite uma observação dos dados brutos e um gráfico, que
8
possibilita uma visualização mais clara dos dados como um todo. Nesta seção os são
apresentados dados dos Estados Unidos relativos ao ano de 2006.
O arcabouço teórico e empírico para esta matriz provém de uma ampla literatura sobre
citações de artigos científicos e outras referências em patentes como ferramentas para a avaliação
de interações entre ciência e tecnologia. A citação à literatura de C&E (Ciência e Engenharia) em
patentes é um indicativo do conteúdo científico presente na tecnologia. Um exemplo é a primeira
patente de diagnóstico por imagem utilizando ressonância magnética para identificação de tecidos
cancerosos em humanos (USPTO, número da patente 3.789.832 concedida em 1974). Esta
patente cita um artigo de autoria de J. R. Singer, publicado pelo Journal of Applied Physics em
1960, artigo este que descreve aplicações de técnicas de ressonância nuclear em processos
biológicos. Um outro exemplo é a patente de Cohen e Boyer (USPTO, número da patente
4.237.224, concedida em 1980) que transformou a biotecnologia em uma nova área tecnológica.
Esta patente cita 14 artigos científicos que destacam o estado de desenvolvimento anterior dessa
área e como “introduzir capacidade genética em microorganismos”. Estes dois exemplos, embora
relacionados a patentes muito importantes, não são exceções de acordo com a base de dados
utilizada: o número de literatura de C&E citada em patentes do USPTO aumentou de 7.115 em
1974 para 822.733 em 2006.
Narin et al (1997), os idealizadores desta matriz e cujo trabalho pioneiro focava em áreas
tecnológicas selecionadas (patentes de drogas e de medicamentos), construíram uma pequena
matriz a partir da área científica do artigo citado (p. 321). Em seguida, este tipo de matriz foi
expandida por Tijssen et al (2000, p. 406), Verbeek et al (2002b, pp. 30-37) e Callert (2006, p.
17) para certos domínios tecnológicos e áreas de C&E.
Em uma revisão ampla da literatura, Tijssen et al (2000, p. 398, tradução nossa) afirmou
que: “No geral, este novo conjunto de evidências confirma que citações à literatura de C&E
(non-patent citations - NPCs) representam conexões explícitas entre pesquisa científica e
inovação tecnológica e, conseqüentemente, podem ser utilizadas como uma fonte razoavelmente
válida de informação sobre a interação entre ciência e tecnologia”1. Em uma outra vasta revisão
da literatura, Tijssen (2004, p. 704, tradução nossa) ressaltou que “[...] conexões derivadas de
1 On the whole, this new body of evidence confirms that front page NPCs (non-patent citations) represent explicit connections between scientific research and technological innovation and as a consequence can be used as a reasonably valid information source of science-technology linkages
9
citações [...]” são “[...] apropriadas para estatísticas sobre interações entre ciência e
tecnologia.”
Para a construção das matrizes, foram coletados e processados dados de todas as patentes
registradas no USPTO nos anos de 1974, 1982, 1990, 1998 e 2006. Partindo dos dados das
patentes, a construção das matrizes se faz em três etapas. Primeiramente, as classes das patentes
são processadas e convertidas em subdomínios tecnológicos definidos pelo Observatoire des
Sciences et Techniques (OST). Na segunda etapa, são identificadas todas as citações feitas por
essas patentes à literatura de C&E. Em seguida, são processados e classificados, através de uma
análise léxica, os dados referentes à literatura de C&E nas áreas científicas definidas pelo
Institute for Scientific Information (ISI) (Braun et al, 1996).
Este processo resulta em matrizes com 810 células: 30 linhas (os 30 subdomínios do OST)
e 27 colunas (as 27 disciplinas de C&E do ISI). A tabela 1a lista estes 30 subdomínios
tecnológicos do OST e, a tabela 1b, as 27 disciplinas de C&E do ISI.
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Tabela 1- Os 30 subdomínios tecnológicos do OST e as 27 disciplinas de C&E do ISI
FONTE: OST (2006), Braun et al (1996)
A tabela 2 apresenta um exemplo de uma matriz de interação entre ciência e tecnologia: a
matriz norte-americana de 2006. Para possibilitar a visualização clara dos dados é apresentada,
nessa versão, apenas uma submatriz com 14 linhas e 14 colunas selecionadas2.
2 Esta versão mais resumida da matriz é aqui apresentada porque existem limites editoriais ao tamanho da tabela. A matriz completa (27X30) está no Anexo.
Tabela – 1a Tabela – 1b
11
Tabela 2 - Matriz de interações de ciência e tecnologia, número de citações à literatura de C&E
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do USPTO. A versão completa da tabela 2 está no Anexo.
Para ilustrar o significado de cada célula da matriz, foi escolhida, como exemplo, a célula
correspondente ao subdomínio “farmacêuticos e cosméticos” (linha 11) do OST e a área de C&E
do ISI, “pesquisa em medicina” (colunas 26). Esta célula informa quantas citações foram feitas
em patentes classificadas no subdomínio tecnológico “farmacêuticos e cosméticos” à literatura de
C&E classificada na área científica “pesquisa em medicina”.
O número em cada célula da matriz significa que, no caso do subdomínio do OST
“farmacêuticos e cosméticos” (linha 11) e da área de C&E “pesquisa em medicina” (coluna 26)
do ISI, há 22.396 citações à literatura de C&E desta área científica feitas por patentes deste
domínio tecnológico. A célula da matriz com maior número de citações é aquela relacionada ao
subdomínio do OST “tecnologia da informação” (linha 4) e à área de C&E “engenharia
eletrônica” (coluna 3) do ISI, com 103.396 citações.
De um lado, esta matriz pode fornecer informações úteis sobre as áreas de C&E que são
relevantes a domínios tecnológicos específicos. Um exemplo disto é o fato de que o subdomínio
“biotecnologia” (linha 12) necessita de grandes contribuições das seguintes áreas científicas:
“engenharia e química inorgânica” (coluna 6), “engenharia eletrônica” (coluna 2, onde se
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encontra a ciência da computação) e “pesquisa em medicina” (coluna 26). Por outro lado, há
informação referente a domínios tecnológicos que utilizam áreas específicas de C&E. Por
exemplo, “pesquisa em medicina”, como uma área de C&E (coluna 26), é importante,
principalmente, para os seguintes subdomínios tecnológicos: “biotecnologia” (linha 12),
“químicos orgânicos finos” (linha 9) e “farmacêuticos e cosméticos” (linha 11).
Por fim, vale salientar que a tabela 2 apresenta uma matriz quase totalmente preenchida,
com apenas 3 células vazias. Como será apresentado nas próximas seções, o nível de
preenchimento da matriz varia significativamente por país e ano.
A figura 2 exibe uma apresentação tri-dimensional da matriz para os Estados Unidos em
2006, exibida na tabela 1. A transformação da matriz em um gráfico é importante de ser
ressaltada, uma vez que será utilizada a seguir. Os gráficos são apenas uma outra forma de
apresentação da matriz, previamente elaborada como tabela, que permite uma visualização mais
clara dos dados como um todo.
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Figura 2- Matriz de interações entre ciência e tecnologia para os Estados Unidos no ano de 2006
Figura 2: Subdomínios tecnológicos definidos pelo OST constituem o eixo x (OST Code). Áreas de ciência e de engenharia definidas pelo ISI constituem o eixo y (ISI Code). Citações provindas de outras referências, que não patentes (NPCs), de cada célula da matriz, constituem o eixo z (N). Para a identificação de cada subdomínio tecnológico do OST e de cada área de ciência e engenharia do ISI, ver tabela 1. FONTE: Elaboração do autor a partir de dados do USPTO.
O eixo x da figura 2 mostra as 30 linhas da tabela 1a: cada linha corresponde a um
subdomínio tecnológico do OST. O eixo y da figura 2 exibe as 27 colunas da tabela 1b: cada
coluna corresponde a uma área de C&E do ISI. O eixo z da figura 2, chamado de N – altura da
célula da matriz – representa o número de citações que patentes de um específico subdomínio
tecnológico do OST fazem a uma área específica de C&E. A figura 2 mostra o pico desta matriz,
localizado na célula relacionada com o subdomínio “tecnologia da informação” (linha 4) do OST,
e à área “engenharia eletrônica” (coluna 3) de C&E, como exibido na tabela 1.
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Como mencionado na introdução, a primeira contribuição original deste estudo é a
construção dessas matrizes de interações de ciência e tecnologia para todos os países,
desenvolvidos e não-desenvolvidos. Este esforço permite a seleção de três países que ilustram
como tais matrizes podem ser úteis para comparações entre diferentes níveis de desenvolvimento.
A figura 3 justapõe a matriz para os Estados Unidos (a mesma apresentada de forma detalhada na
figura 2) com matrizes de 2006 para o Brasil e para a Indonésia (cada um desses países representa
um nível diferente de desenvolvimento). Estes três países foram selecionados devido ao fato de
que, em um trabalho anterior de Ribeiro et al (2006), eles foram classificados em três diferentes
“regimes de interação entre ciência e tecnologia”. Figura 3 - Matrizes de interações entre ciência e tecnologia para os Estados Unidos, Brasil e Indonésia no ano
de 2006
Figura 3: Subdomínios tecnológicos definidos pelo OST constituem o eixo x (OST). Áreas de ciência e de engenharia definidas pelo ISI constituem o eixo y (ISI). Citações provindas de outras referências, que não patentes (NPCs), de cada célula da matriz, constituem o eixo z (N). Para a identificação de cada de cada subdomínio tecnológico do OST e cada área de ciência e engenharia do ISI, ver tabela 1. FONTE: Elaboração do autor a partir de dados do USPTO.
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Esta justaposição mostra como estas três matrizes se diferenciam em termos do
preenchimento de suas células (ver células nos eixos x e y), e no que se refere à altura das
colunas (eixo z). A distribuição e a intensidade das interações entre as áreas da ciência e da
engenharia e os domínios tecnológicos apresentados por estas matrizes oferecem informações
qualitativas que complementam e enriquecem as informações quantitativas provenientes de
estatísticas tradicionais de patentes. A figura 3 revela que as diferenças entre os Estados Unidos,
o Brasil e a Indonésia não são limitadas pelas quantidades de suas patentes, mas também se
referem à qualidade delas.
Por um lado, a figura 3 indica como tais matrizes podem ser poderosos indicadores de
diferentes níveis de desenvolvimento. Por outro lado, a mesma figura indica como diferentes
níveis de desenvolvimento são correlacionados com a natureza, quantidade e qualidade de suas
interações entre ciência e tecnologia.
2.2. Matrizes e Mudanças Intertemporais: O crescente conteúdo Científico
da Tecnologia
Quatro fenômenos inter-relacionados podem elucidar diferenças entre as matrizes de
vários países e a evolução temporal das mesmas.
Primeiramente, existe um crescimento constante de patentes no USPTO (59.669 patentes
concedidas globalmente em 1974 e 169.332 em 2006).
Em segundo lugar, observa-se um crescimento do número de citações à literatura de C&E
em patentes, utilizadas como uma proxy da crescente interação entre ciência e tecnologia ao
longo do tempo: as patentes que citam C&E representavam, 7,6% do total em 1974 e 44% em
2006. Além disso, há um crescimento persistente do número de citações por patentes que passou
de 0,11 em 1974 para 4,85 em 2006. Esta constatação é uma outra maneira de se demonstrar a
crescente importância da ciência e da informação técnica para a tecnologia.
Em terceiro lugar, no cenário global, cresce ao longo do tempo, o número de países com
patentes no USPTO (64 em 1974 e 100 em 2006) e também o número dos países com patentes
que citam a literatura de C&E (de 37 países em 1974 para 83 países em 2006).
16
Por último, comparações entre matrizes globais mostram significantes transformações
tecnológicas entre 1974 e 2006. Uma mudança constatada foi a crescente importância de
tecnologias relacionadas ao novo paradigma da tecnologia da informação e da comunicação
(Technology of Information and Communication - TIC)3. Outra mudança foi o aumento constante
de domínios tecnológicos relacionados à área da saúde, entre 1974 e 20064. No que se refere às
áreas com citações em C&E, observou-se uma interessante tendência: o aumento de áreas de
C&E relacionadas à saúde5.
De acordo com a base de dados utilizada, foram preparadas matrizes para todos os países
e anos; um procedimento que permite realizar comparações intertemporais. Esta seção seleciona
dois países para uma análise mais detalhada: Estados Unidos, que é líder nesta fase do
capitalismo, e Brasil, que representa um sistema de inovação imaturo. As matrizes para os anos
de 1974, 1990 e 2006 ilustram a dinâmica que envolve a evolução das interações entre ciência e
tecnologia ao longo do tempo.
A figura 4 mostra as matrizes para os Estados Unidos nos anos de 1974, 1990 e 2006.
3 Em 1974, “tecnologia de informação” ocupava a 23a posição, “telecomunicações” a 13a, “semicondutores” a 25a e “audiovisual” a 21a. Em 2006 esses domínios tecnológicos deram um salto para a 1a,2a, 5a e 8a posição, respectivamente 4 Entre 1974 e 2006, a “biotecnologia” subiu da última posição (30a) para a 23a; “farmacêuticos” passou da 29a para a 20a; e “engenharia médica” da 22a para a 17a posição. 5 “Pesquisa em medicina” ocupou a 18a posição em 1974 e subiu para a 6a posição em 2006; “imunologia” saltou da 22a para a 11a; “biotecnologia” da 17a para a 9a posição; e “biologia geral” da 14a para 10a.
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Figura 4 - Matrizes de interações entre ciência e tecnologia para os Estados Unidos nos anos de 1974, 1990 e 2006
Figura 4: Subdomínios tecnológicos definidos pelo OST constituem o eixo x (OST). Áreas de ciência e de engenharia definidas pelo ISI constituem o eixo y (ISI). Citações provindas de outras referências, que não patentes (NPCs), de cada célula da matriz, constituem o eixo z (N). Para a identificação de cada subdomínio tecnológico do OST e cada área de ciência e engenharia do ISI, ver tabela 1. A versão completa da figura 4, referente aos anos de 1974, 1982, 1990, 1998 e 2006, está no Anexo. FONTE: Elaboração do autor a partir de dados do USPTO.
A figura 4 mostra que as matrizes são preenchidas ao longo do tempo. A matriz de 1974
apresenta diversas células vazias. Um exemplo de região com células vazias é o da disciplina
”químico-física” (código 8) do ISI. Outro exemplo são as disciplinas relacionadas com a área da
saúde (disciplina do ISI com códigos superiores a 15). Ao longo do tempo, os pontos de interação
se expandiram de tal forma que o número de células vazias diminuiu e, em 2006, a matriz
18
americana foi quase totalmente preenchida. De fato, as disciplinas do ISI que lideraram o
processo de preenchimento das matrizes são as disciplinas relacionadas com a área da saúde.
Além disso, observa-se ao longo do tempo, um crescimento contínuo do número de
citações da literatura de C&E. Isso pode ser observado no eixo z, que se refere à altura das
colunas da matriz: em 1974, o pico foi de aproximadamente 1.200 citações, enquanto que em
2006 este pico ultrapassou 100.000 citações.
Vale destacar que há mudanças na estrutura da matriz: ela se tornou mais preenchida, seus
picos se diferenciaram e mudaram de posição. Como exemplo, em 1974 os quatro maiores picos
estavam relacionados com as áreas: “produtos químicos orgânicos” (OST) / “engenharia e
química inorgânica” (ISI); “telecomunicações” (OST) / “engenharia eletrônica” (ISI); “química
macromolecular” (ISI) / “engenharia e química inorgânica” (ISI); e “análises, medições e
controle” (OST) / “engenharia eletrônica” (ISI). Em 2006, o pico mais alto e o ranking dos quatro
primeiros picos mudaram: o novo pico mais alto foi observado na célula “tecnologia da
informação” (OST) / “engenharia eletrônica” (ISI); a segunda posição manteve-se inalterada
(“telecomunicações” (OST) / “engenharia eletrônica” (ISI)); o pico que liderava foi para a
terceira posição (“produtos químicos orgânicos” (OST) / “engenharia e química inorgânica”
(ISI)); e houve, na quarta posição, a entrada de um novo domínio tecnológico relacionado à área
da saúde (“biotecnologia” (OST) / “engenharia e química inorgânica” (ISI)).
A figura 5 mostra as matrizes para o Brasil nos anos de 1974, 1990 e 2006.
19
Figura 5 - Matrizes de interações entre ciência e tecnologia para o Brasil nos anos de 1974, 1990 e
2006
Figura 5: Subdomínios tecnológicos definidos pela OST constituem o eixo x (OST). Áreas de ciência e engenharia definidas pelo ISI constituem o eixo y (ISI). Citações provindas de outras referências, que não patentes (NPR), de cada célula da matriz, constituem o eixo z. Para a identificação de cada subdomínio tecnológico do OST e cada área de ciência e engenharia do ISI, ver tabela 1. A versão completa da figura 5, referente aos anos de 1974, 1982, 1990, 1998 e 2006, está no Anexo. FONTE: Elaboração do autor a partir de dados do USPTO.
A figura 5 mostra, primeiramente, um processo de crescente preenchimento da matriz. No
entanto, este é um processo inconstante (não havia nenhuma patente com citações da literatura de
C&E em 1982) e incompleto (vale a pena observar a quantidade elevada de células vazias na
matriz de 2006).
20
Há também importantes diferenças intertemporais entre as células, que expressam pontos
de interação entre ciência e tecnologia. As células preenchidas em 1974 não se repetiram em
1990 e os picos deste último ano não foram os mesmos em 2006. A consistência intertemporal
não foi muito elevada no que se refere aos pontos de interação identificados, uma vez que houve
uma oscilação intertemporal dos pontos de interação.
2.3. Tópicos de Matrizes e Desenvolvimento
A seção anterior analisou a dinâmica e a estrutura das matrizes. A superfície definida pela
matriz é a base dos indicadores aqui apresentados.e sintetiza as diversas características
previamente discutidas. Para uma comparação das superfícies de diferentes matrizes ou, em
outras palavras, do estágio de desenvolvimento da interação entre ciência e tecnologia, utiliza-se
o coeficiente de correlação entre matrizes.
Quando as superfícies de duas matrizes forem idênticas, a correlação será equivalente a 1.
Dessa forma, quanto mais próximo de 1 for esse indicador, mais parecidas são suas superfícies,
ou seja, mais parecidos serão os níveis de preenchimento das matrizes, a altura das células e a
localização de seus picos.
A tabela 3 apresenta os resultados da correlação das matrizes de um mesmo país quando
comparadas em diferentes períodos.
21
Tabela 3 - Correlação intertemporal de matrizes
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do USPTO.
Dois exemplos serão utilizados para o melhor entendimento deste indicador. A figura 4
(matrizes dos Estados Unidos) ajuda a identificar o porquê da correlação intertemporal entre 1974
e 1982 (primeira coluna da tabela 3) ser tão alta (0,91)6. Observe a figura 4 com as matrizes
brasileiras: os dados mostram que, em 1982, não havia na matriz sequer um ponto de interação,
mas somente células vazias. Dessa forma, a correlação entre 1982 e 1990 é zero, como mostrado
na segunda coluna da tabela 3. A correlação intertemporal das matrizes para o caso brasileiro
(sempre abaixo de 0,30), indica uma grande movimentação dos pontos de interação.
No que diz respeito à correlação entre as superfícies das matrizes em 1974 e em 2006, a
tabela 3 divide esses 13 países em dois grandes grupos: um primeiro grupo, o qual apresenta uma
correlação maior que 0,30 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Suécia e Holanda), e um segundo,
com uma correlação menor que 0,30 (os outros países).
O primeiro grupo pode ser dividido em dois subgrupos. O primeiro subgrupo abrange os
Estados Unidos, o Japão e a Alemanha, dada suas altas correlações intertemporais (superiores a
0,79) em todos períodos e também sua alta correlação entre 1974 e 2006 (superiores a 0,57).
Estes três países se assemelham em termos de tamanho. O outro subgrupo engloba a Suécia e a
Holanda, os quais também apresentam altas correlações (sempre maiores que 0,34) nos
subperíodos.
6 Observe que as matrizes de 1974 e 1990 são bastante parecidas o que leva a uma alta correlação
22
O segundo grupo é mais diversificado e pode ser dividido em diversos subgrupos. A
Coréia do Sul e o Taiwan apresentam padrões similares, pois estes países alcançaram uma alta
correlação intertemporal após 1990. A análise dos indicadores da Coréia do Sul demonstra que,
após 1990, existe uma persistência de pontos de interação: este fenômeno é demonstrado pelas
correlações intertemporais iguais a 0,59, entre 1990 e 1998, e 0,82, entre 1998 e 2006.
O Brasil e a África do Sul apresentam um comportamento similar, uma vez que suas
correlações cresceram ao longo do período, embora continuassem menores que 0,30 entre 1998 e
2006. Estes países apresentaram, nesses anos, uma correlação de 0,27 de 0,16, respectivamente.
O México (o qual, de acordo com Ribeiro et al, 2006, faz parte do grupo do Brasil e da
África do Sul, dentro do Regime II) teve uma correlação expressiva, de 0,18, apenas entre 1990 e
1998. Em todos os outros períodos sua correlação foi zero. O padrão atingido pelo México se
aproxima daquele da Indonésia, a qual faz parte de um regime diferente, o Regime I, de acordo
com Ribeiro et al (2006).
A Índia e a China apresentam diferentes correlações intertemporais entre 1998 e 2006: a
Índia apresentou uma correlação de 0,51 e a China de apenas 0,09. É notável o fato da Índia ter
tido uma correlação intertemporal igual a 0,45 entre 1990 e 1998, sugerindo a persistência nesses
pontos de interação.
A China merece uma atenção especial. Nesse caso específico, mudanças de tamanho e
velocidade têm uma importância maior. No que se refere ao tamanho, embora o número de
patentes chinesas tenha aumentado nove vezes entre 1998 e 2006, o país ainda apresenta um
baixo percentual de patentes por habitante (essa taxa coloca a China no Regime II, junto com o
Brasil, o México, a África do Sul e a Índia). Em termos de velocidade, as mudanças são rápidas
devido a quase três décadas de taxas de crescimento econômico altas e persistentes. Este processo
pode ser caracterizado como uma evolução ainda instável e que, todavia, não alcançou um padrão
estruturado de crescimento – a China ainda se encontra em uma fase de oscilações, à procura de
um caminho estável. É interessante notar que a superfície da matriz de 2006 pode ser o ponto de
partida para um padrão de crescimento mais estruturado7.
Algumas das conclusões preliminares sobre as correlações intertemporais das matrizes
merecem ser retomadas: 1) este indicador diferencia sistemas de inovação maduros e imaturos; 2)
7 Neste caso, a correlação entre as matrizes da China e dos Estados Unidos para o ano de 2006 é relevante pois, neste ano, foi muito elevada, 0,75.
23
um padrão de crescimento estruturado emerge no decorrer do processo de catching up; 3)
decréscimos temporários na correlação intertemporal podem ser positivos para países
desenvolvidos, uma vez que tais quedas indicam uma revolução tecnológica em andamento
(novos setores tecnológicos com uma nova base científica), e também para países menos
desenvolvidos (less developed countries – LDCs), uma vez que estes decréscimos podem indicar
um novo caminho de desenvolvimento, uma nova base de crescimento sustentável; 4) um padrão
de crescimento não-correlacionado (típico de países que fazem parte dos Regimes I e II) pode ser
um fator de bloqueio do início de uma trajetória de reforço positivo entre ciência e tecnologia.
2.4. O Papel da Base Científica Nacional
Um ponto importante, ressaltado pela literatura, é o peso das bases científicas nacionais
nas interações identificadas através do estudo de citações da literatura científica e técnica nas
patentes. Tijssen (2004, p. 704), em uma abrangente revisão dessa literatura, refere-se a Narin et
al (1997) pata comentar “a existência de propensões nacionais de auto-citação em todos os países
mais importantes – isto é, uma parte expressiva das citações, cerca de duas a quatro vezes mais
do que o estatisticamente esperado, referem-se a artigos originados no mesmo país. Esse “viés
nacional” em citações de patentes dessa magnitude indica a natureza localizada de fluxos do
conhecimento, sugerindo relativamente fortes interações entre o progresso científico e
tecnológico, assim como efeitos cumulativos na criação e disseminação de conhecimento em
sistemas regionais ou nacionais de inovação e P&D”.
Essa tendência também é discutida nos Science and Engineering Indicators:
“[...]comparando as parcelas da literatura citada (nas patentes) dos Estados Unidos, da Europa
Ocidental e da Ásia, ajustadas pelas suas respectivas participações na literatura científica,
encontra-se que os inventores favorecem o seu país ou região [...]” (NSB, 2002, p. 5-54).
Esses achados têm importantes implicações para processos de desenvolvimento, na
medida que explicita tanto o crescente peso da ciência para o progresso tecnológico, como o
papel das bases científicas nacionais para as interações entre ciência e tecnologia.
24
2.5 Conclusões
As correlações intertemporais entre as superfícies das matrizes são a base para a
identificação de padrões de crescimento estruturado, o que representa a principal diferença entre
países do regime III (SNI maduros) e os outros (SNI imaturos).
Apresentadas as conclusões, é importante observar algumas implicações no
desenvolvimento dos países, em uma era na qual a ciência, a tecnologia e suas ligações
apresentam considerável relevância:
o As interconexões entre ciência e tecnologia podem indicar quais das áreas de C&E
deveriam ser sustentadas por políticas industriais específicas, e quais deveriam fornecer
aos formuladores de políticas públicas uma ferramenta para o desenvolvimento de
políticas industriais que levem em conta as interações entre ciência e tecnologia como um
fator-chave ao desenvolvimento;
o A importância da persistência ao longo do tempo deve ser enfatizada uma vez que faz-se
necessário um planejamento de longo prazo por parte de empresas e agências públicas.
Estas instituições devem desenvolver políticas para mitigar a alta taxa de mortalidade de
novas firmas, firmas essas necessárias para mudar o cenário tecnológico dos países em
desenvolvimento;
o Uma ampla infra-estrutura de ciência e tecnologia é necessária para o desenvolvimento, e
essa necessidade também cresce ao longo do tempo. Para se atingir o estágio de catching
up, um país deve melhorar sua capacidade de inovação. Ao longo do tempo, o conteúdo
científico de tecnologia tem crescido. Portanto, inter alia, uma melhor e mais profunda
infra-estrutura científica é necessária para apoiar essas atividades inovativas. Este
processo parece ser inevitável, além de demandar maiores investimentos em ciência em
LDCs do foi investido até então;
o Novos argumentos que ressaltam a necessidade da combinação entre políticas industriais
e ciência e tecnologia merecem destaque. A evidência apresentada nesta seção sugere que,
para um crescimento quantitativo do número de patentes, uma pré-condição é um
aumento correspondente em publicações de ciência e de engenharia. Nenhum incremento
quantitativo em termos de número de patentes é possível sem que haja uma melhoria
qualitativa nas patentes geradas; ou seja, em seu conteúdo de ciência e engenharia.
Portanto, esta seção sugere que existe, ao longo do tempo, dinamicamente, uma profunda
relação entre a quantidade de patentes e a qualidade das mesmas.
25
3. A PRODUÇÃO CIENTIFICA E TECNOLOGICA DE MINAS GERAIS
3.1. Bases de Dados e Metodologia
3.1.1. Produção Científica
No presente trabalho, os dados de artigos científicos foram fornecidos pelo Institute for
Scientific Information (ISI) através da internet (www.isiknowledge.com). Os dados do ISI
constituem uma base mais limitada do que o conjunto da produção científica do Brasil, porque
não estão incluídos artigos publicados em revistas brasileiras não indexadas ao ISI. Atualmente
existe um esforço de constituição de uma base com essas informações (SCIELO), mas em função
do estágio de construção dessa base, a opção deste relatório de pesquisa é a de limitar-se aos
dados do ISI (uma indicação do caráter ainda limitado do SCIELO está no resultado de uma
busca realizada pela equipe desta pesquisa, que encontrou mais artigos de autores brasileiros
indexados ao ISI do que no SCIELO)8.
Tem-se hoje no CEDEPLAR uma base construída a partir do ISI, que organiza toda a
produção científica brasileira para o ano de 2008. Essa base permite uma radiografia da produção
científica brasileira, permitindo a desagregação dos dados por instituições, regiões/municípios e
disciplinas científicas. Além das distinções regionais, procurou-se também classificar os artigos
por áreas do conhecimento ou disciplinas e, para tanto, foi usada a classificação própria do ISI.
Essa classificação envolve 169 disciplinas científicas, limitadas aos critérios SCI (Science
Citation Index Expanded) e SSCI (Social Sciences Citation Index), excluindo as áreas humanas e
artes. Quando se trabalha com estas especificações, de região e de disciplina, incorre-se em erros
de sub ou superestimação dos dados. No caso das regiões, ou seja, ao examinar as referências de
8 No que se refere ao indicador distribuição de artigos segundo país de afiliação do autor e ano de publicação, constamos que no ano de 2007 foram registrados 14738 artigos de autores brasileiros (conforme Indicadores Bibliométricos da Rede SciELO 2000-2007 constantes de www.scielo.org). Já no período 2000-2007 foram - registrados 74423 artigos de autores brasileiros.
26
endereço do artigo, existe o problema de, por exemplo, um mesmo artigo ser produzido por
equipes em cidades diferentes fazendo com que ele conte tanto numa quanto noutras. Neste
relatório foi considerado apenas o endereço relativo ao primeiro autor.
Por outro lado, um mesmo artigo pode ser classificado em áreas do conhecimento
distintas. A subestimação fica por conta da não identificação destas especificidades, o que ocorre
mais no caso das disciplinas.
Os dados desta primeira base foram extraídos da Web of Science, conjunto de bases de
dados mantido pelo Institute for Scientific Information (ISI). Realizando-se uma busca na base
Science Citation Index, foram selecionados os 18.279 artigos publicados com autores filiados a
instituições localizadas no Brasil (em 2008). A partir desta pesquisa, construiu-se um banco de
dados de forma a tornar operacionalizáveis as informações relevantes (autores e suas instituições,
nome da revista).
Ainda que os artigos computados pelo ISI representem apenas a “ponta do iceberg” da
produção científica brasileira, há boas razões para empregar esta base de dados. Em primeiro
lugar, por abranger apenas os periódicos mais importantes e influentes de cada área, os artigos
incluídos nesta base tendem a representar o núcleo das publicações de elevado impacto e
qualidade. Em segundo lugar, a base do ISI permite realizar comparações entre as produções
científicas de diferentes países e regiões minimizando a presença de algum tipo de viés.
Finalmente, esta base considera como unidade de registro o artigo publicado, contornando os
problemas de dupla contagem presentes nos dados apurados por outras instituições.
3.1.2. Produção Tecnológica
A base de informações utilizada aqui é o resultado da compilação de dois bancos de dados
distintos. A primeira parte foi obtida junto ao Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
(IPEA), que repassou arquivo em formato “txt” fornecido pelo Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI). Este arquivo continha informações sobre os depósitos de patentes referentes a
data de depósito, nome dos titulares, nome dos inventores, classificação internacional (WIPO),
27
CNPJ ou CPF do titular, CEP dos titulares, país dos titulares e número do pedido. A partir deste
arquivo procedeu-se a construção de parte da base de dados utilizada neste capítulo.
Alguns problemas em relação às informações obtidas foram verificados desde o início.
Em primeiro lugar, alguns patentes apresentavam o ano de depósito em 1900, o que sugere erros
no preenchimento dos formulários do pedido ou erros no momento da digitalização destes
documentos. Os depósitos mais recentes referiam-se ao ano de 2000, configurando assim, o
período das informações disponíveis naquele arquivo, correspondendo a um total de 299.749
depósitos de patentes.
O número do pedido permitiu, após tratamento desta informação, a obtenção do tipo da
patente requerida. Desta forma, as patentes podiam ser classificadas como Patentes de Invenção
(PI); Modelos de Utilidade (MU); Desenho Industrial (DI) ou Certificado de Adição (C). Destas
possibilidades utilizaram-se as patentes do tipo PI e MU, que somaram 252.515 (84,2%)
depósitos no período.
O país das titulares permitiu classificar os pedidos de patentes entre titulares residentes e
não residentes. Assim, dos 252.515 depósitos dos tipos PI e MU, 91.372 (36,2%) tinham como
primeiro titular uma empresa ou indivíduo residente no Brasil, enquanto 161.143 (63,8%)
apresentavam o primeiro titular não-residente.
Entre os residentes, 77.875 (85,2%) pedidos de patentes apresentavam alguma informação
no campo do CNPJ ou CPF do titular. Destes, 55.032 (70,7%) apresentavam estrutura compatível
com o CPF, caracterizando o primeiro titular com “pessoa física”, enquanto 22.843 (29,3%)
apresentavam estrutura de CNPJ, caracterizando a titular como “pessoa jurídica”. Restavam
13.497 (14,8%) das patentes de residentes que não continham informações que pudessem auxiliar
a classificação da titular quanto a natureza jurídica, seja por ausência completa ou de parte da
informação.
O problema da falta de informação ou de inexatidão de informações foi ainda mais forte
no campo de CEP. Este campo é importante para ajudar a localizar territorialmente os pedidos de
patentes. Contudo, entre os 91.372 depósitos de residentes, 60.662 (66,4%) não informavam o
CEP, sendo que os demais 30.710 necessitavam de algum tratamento para se obter a localização
do titular a partir deste campo.
28
A primeira restrição colocada às informações recebidas do INPI foi relativa ao período.
Para fins de análise neste capítulo, utilizaram-se os pedidos de patentes referentes ao intervalo de
anos entre 1980 e 1999, inclusive. Assim, foram aproveitados 179.692 depósitos de patentes dos
tipos PI e MU, sendo que 66.609 (37,1%) eram de residente e 113.083 (62,9%) eram de não-
residentes. Entre os pedidos de residentes, 38.686 (58,1%) tinham no primeiro titular uma
“pessoa física”, enquanto as “pessoas jurídicas” apareciam como primeiro titular em 16.371
(26,6%). Ainda 11.552 (17,34%) dos pedidos de patentes não apresentavam informação nos
campos CNPJ/CPF.
O segundo conjunto de dados utilizados foi resultado de uma solicitação da FAPESP
junto ao INPI exclusivamente para subsidiar o presente capítulo. Foram fornecidos dois arquivos
no formato “txt” totalizando 1.321.320 registro, correspondendo a 158.594 documentos entre
Patentes de Invenção, Modelos de Utilidade, Desenho Industrial e Certificado de Adição.
Os depósitos dos tipos PI e MU somaram 126.345 (79,67%) dos pedidos de patentes.
Deste total, 44.689 (35,4%) tinham residentes como primeiro titular, enquanto os outros 81.656
(64,6%) foram depositados por não-residentes.
Este conjunto de dados de 2000 a 2007 também trouxe informações sobre o CNPJ/CPF do
depositante, o que permitiu posteriormente classifica-los quanto à sua natureza. Assim, 39.411
(88%) depósitos de residentes continham alguma informação neste campo, onde 27.593 (61,2%)
apresentavam estrutura de CPF e 11.818 (26,4%) tinham estrutura de CNPJ. Os demais 5.278
(11,8%) dos pedidos não continham informação sobre CNPJ/CPF.
Em virtude do período de sigilo de 18 meses inerente ao processo de concessão de
patentes, e tendo em conta que a busca nos bancos de dados do INPI foi realizada em meados de
2007, as informações para 2006 e 2007 não correspondiam ao total de pedidos, de fato,
depositados para estes anos. Desta forma, foram aproveitados apenas os depósitos de patentes
referentes aos anos entre 2000 a 2005 cujo período de sigilo já não restringia as informações
disponíveis.
O Período 2000 a 2005 contabiliza um total de 118.648 depósitos dos tipos PI ou MU.
Deste total, 40.173 (33,9%) são de residentes e 78.475 (66,1%) são de titulares não residentes.
Entre os pedidos de residentes, 25.046 (62,3%) são de titularidade de “pessoa física”, enquanto
29
10.615 (26,5%) têm uma “pessoa jurídica” como primeira titular. Os 4.513 (11,2%) pedidos de
patentes restante não continham informação sobre CNPJ/CPF.
Diferente do conjunto inicial de informações referentes ao período 1980 a 1999, para os
anos de 2000 a 2005 não foram fornecidas informações sobre o CEP do depositante/inventor,
sendo, contudo, informados seus Estados e respectivos Municípios. Entre os pedidos de patentes
de residentes, porém, 606 não informavam o Estado e 4.653 não informavam o município. - Tratamento dos dados INPI
Para gerar o banco de dados utilizado neste capítulo, as informações obtidas junto ao INPI
foram tratadas visando cumprir três objetivos. O primeiro objetivo foi o possibilitar o uso da
maior quantidade de dados possível, buscando completar as informações não disponíveis nos
arquivos recebidos. O segundo objetivo referia-se à melhoria da qualidade das informações
recebidas. Por fim, buscou-se agregar informações externas àquelas fornecidas pelo INPI que
possibilitassem uma análise mais rica em termos das atividades tecnológicas realizadas no Brasil
entre 1990 e 2005.
Para cumprir o primeiro objetivo foi realizado um trabalho de harmonização dos dados
que permitiu inserir informações em campos originalmente vazios em um registro qualquer a
partir do conteúdo presente no mesmo campo de um registro com informações mais completas.
Assim, por exemplo, se dois pedidos de patente possuíam o mesmo CNPJ e um deles não
informava a localização do titular, então estas informações foram inseridas com base no registro
mais completo, sob a hipótese de ser o mesmo titular.
Em relação ao segundo objetivo, buscou-se refinar o banco de dados para que este
possibilitasse a construção de estatísticas mais confiáveis, uma vez que as informações originais
apresentavam muitos erros de preenchimento e grafia. Desta forma, depósitos com CNPJ iguais,
porém com divergências quanto ao nome do titular tiveram tais nomes harmonizados com base
no mais completo e, quando a diferença foi muito grande, recorreu-se ao serviço de consulta à
situação cadastral de CNPJs da Recita Federal do Brasil.
Outra questão importante foi a obtenção dos Estados e Municípios dos titulares a partir
dos CEPs dos pedidos de patente depositados entre 1980 e 1999. Em primeiro lugar, foram
corrigidas as informações fornecidas de forma a ter em tantos depósitos quanto possível um valor
30
com a estrutura de um CEP. Quando isso não foi possível a informação foi descartada. Em
segundo lugar, usou-se do “Endereçador” da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para
transformar os CEPs em Estados e Municípios. Em seguida, foi realizado o mesmo procedimento
para completar informações ausentes em CNPJs iguais, utilizado anteriormente.
Para alcançar o terceiro objetivo recorreu-se a duas outras fontes. Em primeiro lugar,
utilizou-se a Relação Anual de Informações Sociais com a identificação dos CNPJs de cada
estabelecimento (RAIS_ID), fornecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Esta base
de dados permitiu obter a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CANAE), através
do CNPJ informado no pedido de patente. Além disso, a RAIS_ID também foi utilizada para
obter os Estados e Municípios dos titulares, o que serviu ao mesmo tempo para completar campos
vazios e corrigir informações imprecisas.
A segunda fonte foi o Indicateurs de Scienses et de Technologies (OST, 2006), que
informou o algoritmo para agregação das classes tecnológicas dos pedidos de patentes em
“domínios tecnológicos”. Desta forma, foi possível identificar, por exemplo, um pedido
classificado originalmente, com base na Classificação WIPO, em “peptídeos” (classes C07K)
como sendo um pedido de patente em biotecnologia. Além disso, tornou possível a agregação das
centenas de classes em apenas sete “domínios tecnológicos” e 30 “subdomínios”.
Após o tratamento dado aos arquivos recebidos do INPI, as informações foram
compiladas em dois bancos de dados com pedidos de patentes depositados entre 1990 e 2005,
sendo o primeiro, e mais completo, referente aos pedidos de residentes no Brasil, e o segundo
com informações dos pedidos depositados por titulares não-residentes no mesmo período.
3.1.3. Universidades, Grupos de Pesquisa Interativos e Firmas
O Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq é um projeto desenvolvido pelo CNPq desde
1992 para reunir e organizar informações que observam atividades de pesquisa no Brasil. O
conceito de grupo de pesquisa é: um grupo de pesquisadores, estudantes e equipes de suporte
31
técnico, organizado ao redor de execuções de linhas de pesquisa que seguem uma lei hierárquica
baseada na especialidade e na competência técnico-científica.
O Diretório do CNPq reúne informações de diversas instituições. Entre estas,
universidades federais, estaduais, particulares, institutos de pesquisa, instituições públicas
tecnológicas; laboratórios de P&D do próprio estado e das firmas; organizações não-
governamentais (ONGs) permanentemente envolvidas em pesquisas científicas e tecnológicas.
No entanto, firmas privadas do setor industrial não são incluídas neste Diretório.
Desde 2002, o questionário do CNPq introduz questões específicas sobre suas interações
com as firmas e instituições. As respostas são importantes fontes de informação para a interação
entre universidades, institutos de pesquisa com empresas no Brasil. Entretanto, é importante
perceber que existe uma subestimação do nível de interação declarado pelo grupo de pesquisa
líder, como identificado em Rapini (2007). Esse problema de subestimação permanece no Censo
2006.
A aderência ao diretório é espontânea mesmo que os pesquisadores sejam altamente
estimulados a participar, principalmente para ter acesso a financiamentos públicos e pesquisas
científicas. O universo do Diretório tem crescido durante os últimos anos e agora cobre uma parte
representativa da comunidade nacional cientifica (Carneiro e Lourenço, 2003).
As informações dos grupos de pesquisa estão disponíveis no site do CNPq
(http://dgp.cnpq.br/planotabular) e podem ser obtidas de duas formas: Base corrente e Censo.
Para este trabalho, as informações foram obtidas no Censo de 2006 do Diretório dos Grupos de
Pesquisa. O Censo representa uma “fotografia” das informações que podem ser obtidas na base
corrente.
A informação do Censo para este trabalho foi obtida através do Plano Tabular. O sistema
oferece a possibilidade de cruzar variáveis e gerar uma variedade de Tabelas. Para este trabalho,
foram investigados os grupos de pesquisa, os pesquisadores e a produção científica e tecnológica.
A pesquisa foi realizada entre os dias 12 e 15 de janeiro de 2009. No plano tabular as
variáveis foram selecionadas por grande área do conhecimento, por instituição e por unidade da
federação, mais especificamente, Minas Gerais. Foram tabulados dados relativos ao nível de
32
formação dos pesquisadores, à produção científica e tecnológica das instituições, bem como ao
número de grupos de pesquisa interativos em Minas Gerais, por instituição9.
3.2. Indicadores de Ciência e Tecnologia
Dois indicadores terão um papel central na avaliação da base técnico-cientifica de Minas
Gerais: artigos científicos – para a avaliação da produção cientifica – e patentes – para a
avaliação da produção tecnológica.
Este relatório procura detalhar a produção científica e tecnológica, através da investigação
de especializações de regiões do país. A unidade de análise tomada como referência é a
mesorregião do IBGE. As regiões metropolitanas são consideradas mesorregiões.
A Tabela 4 apresenta os dados para a produção tecnológica do país, para o período 1990 a
2005. A Tabela apresenta a distribuição dos artigos científicos indexados no ISI em 2008 para as
20 mesorregiões líderes, que concentram 82,60% da produção nacional.
A Tabela 4 ainda mostra a liderança das regiões metropolitanas: as cinco primeiras (São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba) concentram 55,72% das patentes
depositadas no INPI entre 1990 e 2005.
9 Os dados de grupos interativos foram fornecidos por Margareth Negrão (CNPq) pois no momento da consulta, estavam indisponíveis para consulta.
33
Tabela 4 - Distribuição das patentes depositadas no INPI entre 1990 e 2005 para as vinte mesorregiões líderes (PF e PJ)
Mesorregião UF Patentes % Metropolitana de São Paulo SP 18914 32,87 Metropolitana do Rio de Janeiro RJ 4314 7,50 Metropolitana de Belo Horizonte MG 3167 5,50 Metropolitana de Porto Alegre RS 2841 4,94 Metropolitana de Curitiba PR 2830 4,92 Campinas SP 2733 4,75 Nordeste Rio-grandense RS 1489 2,59 Macro Metropolitana Paulista SP 1458 2,53 Norte Catarinense SC 1316 2,29 Vale do Itajaí SC 997 1,73 Norte Central Paranaense PR 976 1,70 Ribeirão Preto SP 927 1,61 Piracicaba SP 917 1,59 Vale do Paraíba Paulista SP 817 1,42 Distrito Federal DF 794 1,38 Grande Florianópolis SC 686 1,19 Noroeste Rio-grandense RS 623 1,08 Central Espírito-santense ES 584 1,01 Araraquara SP 584 1,01 São José do Rio Preto SP 570 0,99 Total das 20 mesorregiões líderes - 47537 82,60 Total das 131 mesorregiões - 57549 100,00 Patentes com mesorregiões não identificadas - 34194 - Total - 91743 - FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI Nota: Para esta Tabela, foram utilizadas 131 mesorregiões. As demais mesorregiões brasileiras não possuem patentes.
A Tabela 5 refere-se à produção científica (dados para o ano de 2008). A produção
científica está distribuída por 137 mesorregiões. As seis primeiras (São Paulo, Rio de Janeiro,
Porto Alegre, Campinas, Ribeirão Preto e Belo Horizonte) concentram 49,23% da produção
científica nacional. Já tomando as 20 mesorregiões líderes, nota-se que elas somam 80,70%.
34
Tabela 5 - Distribuição dos artigos científicos indexados no ISI em 2008 para as 20 mesorregiões líderes
Mesorregião UF Artigos % Metropolitana de São Paulo SP 2957 16,18 Metropolitana do Rio de Janeiro RJ 2098 11,48 Metropolitana de Porto Alegre RS 1168 6,39 Campinas SP 1053 5,76 Ribeirão Preto SP 862 4,72 Metropolitana de Belo Horizonte MG 860 4,70 Araraquara SP 773 4,23 Metropolitana de Curitiba PR 521 2,85 Norte Central Paranaense PR 460 2,52 Piracicaba SP 433 2,37 Zona da Mata MG 433 2,37 Bauru SP 417 2,28 Metropolitana de Recife PE 414 2,26 Grande Florianópolis SC 412 2,25 Centro Ocidental Rio Grandense RS 364 1,99 Distrito Federal DF 351 1,92 Metropolitana de Fortaleza CE 326 1,78 Vale do Paraíba Paulista SP 324 1,77 Metropolitana de Salvador BA 272 1,49 Sudeste Rio-grandense RS 254 1,39 Total das 20 mesorregiões líderes 14752 80,70
Total das 137 mesorregiões 18279 100,00 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do ISI 2008
Para discutir a posição do Estado de Minas Gerais no cenário nacional, partiremos de duas
avaliações mais gerais de indicadores de ciência e tecnologia. As Tabelas 6 e 7 permitem
identificar a posição de municípios mineiros em uma classificação nacional. Contribuem para
contextualizar os dados que serão apresentados nas sub-seções 3.2.1 e 3.2.2.
A Tabela 6 refere-se à produção científica (artigos indexados pelo ISI, 2008). Nesta
Tabela é apresentado o conjunto de municípios brasileiros responsáveis por 86,48% dos artigos
publicados nos principais periódicos internacionais. São Paulo ocupa a primeira posição e Belo
Horizonte a quinta. Quatro municípios mineiros encontram-se entre os líderes do Brasil,
representando, conjuntamente, 8,05% da produção científica nacional.
35
Tabela 6 - Artigos Indexados no ISI por UF e Município, 2008
UF Município Artigos Total UF % UF % Brasil SP São Paulo 2821 7178 39,30 15,80 RJ Rio de Janeiro 1786 2235 79,91 10,00 RS Porto Alegre 1093 1946 56,17 6,12 SP Campinas 983 7178 13,69 5,50 MG Belo Horizonte 791 1814 43,61 4,43 SP Ribeirão Preto 688 7178 9,58 3,85 SP São Carlos 588 7178 8,19 3,29 PR Curitiba 507 1150 44,09 2,84 SC Florianópolis 412 570 72,28 2,31 PE Recife 401 456 87,94 2,25 RS Santa Maria 361 1946 18,55 2,02 DF Brasília 351 377 93,10 1,97 CE Fortaleza 325 347 93,66 1,82 MG Viçosa 320 1814 17,64 1,79 SP Piracicaba 317 7178 4,42 1,78 SP Botucatu 278 7178 3,87 1,56 PR Maringá 268 1150 23,30 1,50 BA Salvador 242 393 61,58 1,36 SP São José dos Campos 225 7178 3,13 1,26 PR Londrina 189 1150 16,43 1,06 MG Lavras 188 1814 10,36 1,05 RS Pelotas 183 1946 9,40 1,02 SP Araraquara 183 7178 2,55 1,02 RJ Niterói 170 2235 7,61 0,95 SP Jaboticabal 153 7178 2,13 0,86 GO Goiânia 141 192 73,44 0,79 MG Uberlândia 139 1814 7,66 0,78 SP Bauru 128 7178 1,78 0,72 RN Natal 126 156 80,77 0,71 PA Belém 122 143 85,31 0,68 AM Manaus 122 122 100,00 0,68 PB João Pessoa 119 220 54,09 0,67 SP São José do Rio Preto 118 7178 1,64 0,66 MG Juiz de Fora 111 1814 6,12 0,62 RJ Seropédica 94 2235 4,21 0,53 SP Rio Claro 92 7178 1,28 0,52 RJ Campos dos Goytacazes 87 2235 3,89 0,49 ES Vitória 80 112 71,43 0,45 MS Campo Grande 74 114 64,91 0,41
RS Rio Grande 67 1946 3,44 0,38 Subtotal 15443 - - 86,48 Outras 2415 - - 13,52 Total 17858 - - 100,00
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do ISI 2008
36
Tabela 7 - Patentes INPI por UF e Município, 1990-2005.
UF Município Patentes Total UF % UF % Brasil SP São Paulo 13210 29773 44,37 14,36 RJ Rio de Janeiro 3627 5084 71,34 3,94 PR Curitiba 2284 5074 45,01 2,48 MG Belo Horizonte 2193 5107 42,94 2,38 SP Campinas 1461 29773 4,91 1,59 RS Porto Alegre 1362 5827 23,37 1,48 SC Joinville 943 4259 22,14 1,02 RS Caxias do Sul 897 5827 15,39 0,97 SP São Bernardo do Campo 796 29773 2,67 0,87 DF Brasília 794 795 99,87 0,86 SP Guarulhos 637 29773 2,14 0,69 SP Diadema 579 29773 1,94 0,63 SC Florianópolis 499 4259 11,72 0,54 SP São Jose dos Campos 452 29773 1,52 0,49 PR Londrina 445 5074 8,77 0,48 CE Fortaleza 444 601 73,88 0,48 SP Santo André 411 29773 1,38 0,45 SP Barueri 408 29773 1,37 0,44 PE Recife 400 640 62,50 0,43 GO Goiânia 400 720 55,56 0,43 BA Salvador 393 825 47,64 0,43 SP Jundiaí 360 29773 1,21 0,39 SP São Carlos 343 29773 1,15 0,37 SP Limeira 315 29773 1,06 0,34 SP Osasco 314 29773 1,05 0,34 SP Ribeirão Preto 306 29773 1,03 0,33 RS Novo Hamburgo 301 5827 5,17 0,33 SP Piracicaba 283 29773 0,95 0,31 SP São Caetano do Sul 279 29773 0,94 0,30 PR Maringá 267 5074 5,26 0,29 MG Contagem 260 5107 5,09 0,28 SP Sorocaba 255 29773 0,86 0,28 SP São Jose do Rio Preto 244 29773 0,82 0,27 RS Bento Gonçalves 240 5827 4,12 0,26 RS Passo Fundo 239 5827 4,10 0,26 ES Vitória 229 754 30,37 0,25 SP Bauru 228 29773 0,77 0,25 SP Cotia 226 29773 0,76 0,25 MG Santa Luzia 225 5107 4,41 0,24
MG Juiz de Fora 209 5107 4,09 0,23 Subtotal 37758 - - 41,04 Outras 54249 - - 58,96 Total 92007 - - 100,00 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
37
A Tabela 7 refere-se à produção tecnológica (patentes depositadas no INPI, entre 1990 e
2005). A cidade de São Paulo aparece em primeiro lugar, enquanto Belo Horizonte ocupa a
quarta posição. Apenas quatro municípios mineiros encontram-se entre os líderes do Brasil,
representando, conjuntamente, 3,13% da produção tecnológica nacional.
3.2.1. Artigos Científicos
A Tabela 8 apresenta o número de artigos indexados pelo ISI com autores ligados a
instituições mineiras por disciplina no ano de 2008. Essa classificação é própria do ISI e envolve
169 disciplinas científicas limitadas ao critério SCI (Science Citation Index Expanded) e SSCI
(Social Sciences Citation Index), que exclui as áreas humanas e artes.
As disciplinas de Ciências Veterinárias e Agricultura ocupam respectivamente a primeira
e a segunda posição com 67 e 57 artigos no ISI. Estas disciplinas estão diretamente ligadas á
especialização produtiva de Minas Gerais. Outras disciplinas relacionadas á área da saúde
também se destacam, como Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina com 51 artigos e Saúde
Pública, Ambiental e Ocupacional com 47 artigos indexados.
38
Tabela 8 - Número de artigos indexados pelo ISI com autores ligados a instituições mineiras por disciplina,2008.
Disciplina Artigos % Ciências Veterinárias 67 3,56 Agricultura, Multidisciplinar 57 3,03 Entomologia 52 2,77 Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 51 2,71 Botânica 50 2,66 Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional 47 2,50 Agricultura, Laticínios e Ciências Animais; Ciências Veterinárias 47 2,50 Ciências Multidisciplinares 39 2,07 Zoologia 34 1,81 Química, Multidisciplinar 34 1,81 Ciência do Solo 28 1,49 Horticultura 27 1,44 Medicina Tropical 26 1,38 Parasitologia 24 1,28 Endocrinologia e Metabolismo 21 1,12 Parasitologia; Medicina Tropical 20 1,06 Farmacologia e Farmácia 20 1,06 Física, Matéria Condensada 18 0,96 Silvicultura 17 0,90 Bioquímica e Biologia Molecular; Genética e Hereditariedade 16 0,85
Biologia 15 0,80 Subtotal 710 37,77 Outras 1170 62,23 Total 1880 100,00 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do ISI
Gerais.
A Tabela 9 apresenta os municípios líderes em termos da produção científica em Minas
A Tabela 9 mostra que Belo Horizonte lidera a classificação da produção científica,
contando com 44,0% dos artigos indexados ao ISI, sendo seguida por cinco municípios com as
maiores universidades públicas do Estado (UFV, UFLA, UFU, UFJF e UFOP, respectivamente).
Juntos, os seis municípios respondem por 89,2% do total de publicações do Estado de Minas
Gerais.
39
Tabela 9 - Artigos indexados no ISI com autores ligados a instituições mineiras, segundo
município de referência do autor, 2008.
Município Artigos % Belo Horizonte 791 44,00% Viçosa 320 17,80% Lavras 188 10,50% Uberlândia 139 7,70% Juiz de Fora 111 6,20% Ouro Preto 54 3,00% Uberaba 44 2,40% Itajubá 26 1,40% Alfenas 20 1,10% Montes Claros 16 0,90% Diamantina 12 0,70% São João del Rei 11 0,60% Nova Lima 8 0,40% Governador Valadares 7 0,40% Janaúba 6 0,30% Pouso Alegre 5 0,30% Poços de Caldas 4 0,20% Sete Lagoas 4 0,20% Três Corações 4 0,20% Nova Porteirinha 4 0,20% Rio Paranaíba 4 0,20% Divinópolis 3 0,20% Bambuí 3 0,20% Ipatinga 3 0,20% Coronel Fabriciano 2 0,10% Caratinga 2 0,10% Ouro Branco 2 0,10% Barbacena 2 0,10% Santa Rita do Sapucaí 2 0,10% Contagem 1 0,10% Cataguases 1 0,10% Subtotal 1.799 99,20% Outros 15 0,80% Total 1.814 100,00%
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do ISI
40
3.2.2. Patentes
A Tabela 10a mostra o número de pedidos de patentes depositados no INPI, e os valores
relativos, por macro-região e por estados selecionados no período de 1980 a 2005. Os estados
selecionados (SP, RS, RJ, MG PR, e SC) são aqueles que ao longo do período apresentaram os
maiores números de pedidos de patentes. Destaque para o estado de São Paulo que se manteve
líder de pedidos durante todos os anos. O estado de Minas Gerais em meados da década de 1980
e 1990 teve uma contribuição pequena nos pedidos de patentes, retomando uma participação mais
expressiva a partir de 1998 e se mantendo assim até 2005. Neste período o estado passa a ter uma
média de 7,7 % dos pedidos de patentes.
Em relação às regiões observa-se a preponderância da região Sudeste no número de
pedidos de patentes, liderando todos os anos do período. A região Sul vem aumentando
significativamente sua participação nos pedidos de patente. Ao longo das décadas de 1980 e 1990
a região representava menos de 10% dos pedidos anuais. A partir de 1998 esse número tem um
aumento expressivo que é mantido até 2005 (média 27,5%). As demais regiões (Centro-Oeste,
Nordeste e Norte) apresentam uma porcentagem pequena de pedidos de patentes em relação às
demais, ao longo de toda a série histórica, sinalizando as discrepâncias regionais em termos de
produção tecnológica no Brasil.
41
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % SP 8 34,78 21 39,62 37 34,91 70 32,86 159 32,78 281 35,93 306 30,48 515 17,78 790 17,84 722 15,13 716 13,94 848 16,75 815 19,54 845 17,30
RS 1 4,35 3 5,66 6 5,66 3 1,41 10 2,06 33 4,22 38 3,78 46 1,59 105 2,37 97 2,03 94 1,83 137 2,71 124 2,97 138 2,83
RJ 0,00 5 9,43 12 11,32 25 11,74 47 9,69 51 6,52 62 6,18 103 3,56 137 3,09 139 2,91 152 2,96 165 3,26 140 3,36 157 3,22
PR 1 4,35 0,00 0,00 6 2,82 4 0,82 8 1,02 23 2,29 29 1,00 53 1,20 59 1,24 71 1,38 72 1,42 73 1,75 78 1,60
SC 1 4,35 0,00 0,00 0,00 5 1,03 22 2,81 14 1,39 15 0,52 62 1,40 59 1,24 53 1,03 78 1,54 60 1,44 81 1,66
MG 2 8,70 1 1,89 10 9,43 25 11,74 32 6,60 33 4,22 35 3,49 49 1,69 91 2,05 105 2,20 78 1,52 114 2,25 100 2,40 119 2,44 Sudeste 10 43,48 27 50,94 59 55,66 121 56,81 239 49,28 372 47,57 408 40,64 674 23,27 1032 23,30 972 20,37 954 18,57 1142 22,56 1062 25,46 1132 23,18
Sul 3 13,04 3 5,66 6 5,66 9 4,23 19 3,92 63 8,06 75 7,47 90 3,11 220 4,97 215 4,51 218 4,24 287 5,67 257 6,16 297 6,08
C-Oeste 0 0,00 1 1,89 3 2,83 3 1,41 8 1,65 4 0,51 10 1,00 10 0,35 15 0,34 4 0,08 11 0,21 21 0,41 15 0,36 21 0,43
Nordeste 0 0,00 0 0,00 2 1,89 0 0,00 9 1,86 7 0,90 3 0,30 21 0,73 41 0,93 41 0,86 33 0,64 35 0,69 37 0,89 53 1,09
Norte 0 0,00 0 0,00 1 0,94 0 0,00 0 0,00 2 0,26 1 0,10 2 0,07 5 0,11 10 0,21 1 0,02 5 0,10 6 0,14 7 0,14
NA 10 43,48 22 41,51 35 33,02 80 37,56 210 43,30 334 42,71 507 50,50 2099 72,48 3116 70,35 3530 73,97 3921 76,31 3573 70,57 2794 66,99 3373 69,08
Tabela 10a : Número anual de pedidos de patentes depositados no INPI, e valores relativos, por macro-região e estados selecionados (1980-2005) ANOS
Continuação
ANOS
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
SP 757 16,54 934 16,76 885 16,37 1241 22,33 1974 37,29 2252 36,81 2859 46,50 2984 45,91 3059 46,74 3240 46,47 3315 45,77 3049 44,71 RS 119 2,60 137 2,46 180 3,33 202 3,64 406 7,67 379 6,19 558 9,07 591 9,09 656 10,02 726 10,41 729 10,06 651 9,55 RJ 147 3,21 134 2,40 127 2,35 198 3,56 338 6,38 355 5,80 501 8,15 516 7,94 513 7,84 496 7,11 573 7,91 572 8,39 PR 73 1,60 72 1,29 106 1,96 165 2,97 333 6,29 389 6,36 536 8,72 557 8,57 561 8,57 658 9,44 694 9,58 636 9,33 SC 66 1,44 90 1,61 141 2,61 181 3,26 228 4,31 279 4,56 390 6,34 471 7,25 482 7,36 549 7,87 557 7,69 553 8,11 MG 119 2,60 162 2,91 178 3,29 236 4,25 377 7,12 400 6,54 491 7,99 520 8,00 506 7,73 546 7,83 584 8,06 577 8,46 Sudeste 1040 22,73 1259 22,59 1204 22,27 1706 30,70 2746 51,87 3064 50,08 3936 64,01 4104 63,15 4148 63,38 4370 62,68 4562 62,98 4289 62,89 Sul 258 5,64 299 5,37 427 7,90 548 9,86 967 18,27 1047 17,11 1484 24,13 1619 24,91 1699 25,96 1933 27,73 1980 27,34 1840 26,98 C-Oeste 29 0,63 29 0,52 21 0,39 52 0,94 99 1,87 145 2,37 249 4,05 245 3,77 227 3,47 242 3,47 284 3,92 251 3,68 Nordeste 55 1,20 67 1,20 55 1,02 104 1,87 247 4,67 257 4,20 319 5,19 326 5,02 278 4,25 331 4,75 324 4,47 365 5,35 Norte 6 0,13 7 0,13 12 0,22 16 0,29 36 0,68 37 0,60 43 0,70 53 0,82 78 1,19 69 0,99 84 1,16 75 1,10 NA 3188 69,67 3912 70,20 3687 68,20 3131 56,34 1199 22,65 1568 25,63 118 1,92 152 2,34 115 1,76 27 0,39 9 0,12 0,00
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
42
A Tabela 10b mostra o número total de pedidos de patentes depositados no INPI por
estados do Brasil. A ordem dos estados na Tabela segue uma disposição decrescente, do estado
que possui mais pedidos para o estado que possui menos pedidos. No período analisado, Minas
Gerais ficou em quarto lugar com um total de 5490 patentes atrás de SP, RS, RJ com
respectivamente 32682, 6169 e 5665 pedidos. Como observado os estados com menor número de
patentes estão nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Tabela 10b – Total de pedidos de patentes depositados por Estado, 1980- 2005.
Nº de UF patentes % NA 40710 38,1 SP 32682 30,6 RS 6169 5,8 RJ 5665 5,3 MG 5490 5,1 PR 5257 4,9 SC 4437 4,2 BA 857 0,8 DF 842 0,8 ES 795 0,7 GO 730 0,7 PE 655 0,6 CE 632 0,6 PB 236 0,2 MT 231 0,2 AM 220 0,2 PA 202 0,2 MS 196 0,2 RN 195 0,2 SE 184 0,2 AL 102 0,1 MA 92 0,1 PI 57 0,1 RO 50 0,0 TO 50 0,0 RR 15 0,0 AP 10 0,0 AC 9 0,0 TOTAL 106770 100,0
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
43
A Tabela 11 apresenta o total de pedidos de patentes depositados no INPI, cujo primeiro
titular é residente no Brasil, de acordo com o tipo: pessoa física ou pessoa jurídica. Os dados
mostram que ao longo do período houve um crescimento significativo dos pedidos de patente
tanto para pessoas físicas como jurídicas. Até 1986 os pedidos de pessoas jurídicas eram maiores
do que os de pessoas físicas. No entanto, a partir de 1987 este quadro se reverte e passa a ocorrer
mais pedidos de depósitos de patentes de pessoas físicas. No total do período ocorreram 63.910
pedidos de pessoas físicas representando quase 60% do total dos pedidos do Brasil. Pessoas
jurídicas fizeram 28.242 pedidos, que representa 26,45% do total do país. Os demais 13,55%
(NA) pedidos não continham informações suficientes que permitissem classificá-los.
Tabela 11 – Total de pedidos de patentes depositados no INPI por primeiro titular residente no
Brasil, por tipo de titular (PF e PJ) - 1980 – 2005
Pessoas Jurídicas
Ano Pessoas Físicas (PF) (PJ) NA Total Nº % Nº % Nº % Nº %
1980 4 0,01 14 0,05 5 0,03 23 0,02 1981 9 0,01 38 0,13 6 0,04 53 0,05 1982 18 0,03 77 0,27 11 0,08 106 0,10 1983 56 0,09 144 0,51 13 0,09 213 0,20 1984 143 0,22 299 1,06 43 0,29 485 0,45 1985 236 0,37 472 1,67 74 0,51 782 0,73 1986 374 0,59 524 1,86 106 0,73 1004 0,94 1987 849 1,33 788 2,79 1259 8,61 2896 2,71 1988 1220 1,91 1289 4,56 1920 13,13 4429 4,15 1989 1450 2,27 1177 4,17 2145 14,67 4772 4,47 1990 1613 2,52 1089 3,86 2436 16,66 5138 4,81 1991 3420 5,35 1445 5,12 198 1,35 5063 4,74 1992 2823 4,42 1215 4,30 133 0,91 4171 3,91 1993 3417 5,35 1283 4,54 183 1,25 4883 4,57 1994 3251 5,09 1154 4,09 171 1,17 4576 4,29 1995 4119 6,45 1251 4,43 203 1,39 5573 5,22 1996 3939 6,16 1263 4,47 204 1,40 5406 5,06 1997 3923 6,14 1318 4,67 316 2,16 5557 5,20 1998 3744 5,86 1295 4,59 255 1,74 5294 4,96 1999 4228 6,62 1465 5,19 425 2,91 6118 5,73 2000 4232 6,62 1463 5,18 454 3,11 6149 5,76 2001 4499 7,04 1593 5,64 407 2,78 6499 6,09 2002 4241 6,64 1797 6,36 507 3,47 6545 6,13 2003 4127 6,46 1975 6,99 870 5,95 6972 6,53 2004 4144 6,48 1929 6,83 1170 8,00 7243 6,78
2005 3831 5,99 1885 6,67 1104 7,55 6820 6,39 Total 63910 100,00 28242 100,00 14618 100,00 106770 100,00
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
44
A Tabela 12 apresenta os vinte primeiros depositantes de pedidos de patentes no INPI
residentes no Brasil, entre 1980 e 2005. No período analisado, as vinte instituições apresentadas
representam 3,8% do total de pedidos de patentes depositados no INPI. No Brasil são, ao todo,
106.770 depósitos de pedidos de patentes. Os vinte líderes depositantes somam 4043 depósitos,
entre 1980 e 2005.
A empresa que lidera o ranking é a Petrobrás, com 730 depósitos de patentes. Este
número é quase o dobro do número de depósitos de patentes da segunda colocada, Unicamp. No
entanto, deve-se atentar para a importância de instituições de ensino e/ou pesquisa como a
Unicamp (2º lugar), a USP (10º lugar), a Fapesp (12º lugar), a Embrapa (13º lugar), a UFMG (15º
lugar) e o IPT (19º).
Outras empresas que aparecem no ranking são a Companhia Vale do Rio Doce, com 301
depósitos de pedidos de patentes, a Arno S.A, com 261 e a Usiminas, com 249. Entre as demais
empresas líderes deste período estão: Multibrás, Embraco, CSN, Cosipa, Electrolux do Brasil
S.A, entre outras.
Por unidade da federação, pode-se afirmar que os vinte primeiros depositantes de pedidos
de patentes pertencem aos estados Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Paraná e ao Distrito Federal.
Percebe-se que dos vinte líderes, 10 estão no estado de São Paulo, 3 em Minas Gerais, 3
no Rio de Janeiro; no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, 1
representante em cada um deles.
Se o período analisado for dividido em: 1980 a 1989, 1990 a 1999 e 2000 a 2005, algumas
diferenças no ranking de vinte primeiros depositantes de pedidos de patentes aparecerão. No
entanto, a liderança da Petrobrás é comum a todos os períodos. No primeiro período mencionado,
são 120 depósitos de pedidos de patente, entre 1990 e 1999 são 312 e do ano 2000 a 2005, são
298. Totalizando 730 depósitos de pedidos de patentes entre 1980 e 2005, no INPI.
A empresa Companhia Vale do Rio Doce aparece no ranking do primeiro período em uma
posição inferior àquela nos outros períodos. Sobe do 14º lugar, entre 1980 e 1989, para o 2º lugar
no período seguinte. No entanto, entre 2000 e 2005, ela perde posições e aparece em 7º lugar.
Desta maneira, no total do período analisado, a empresa aparece em 3º lugar, abaixo apenas da
Petrobrás e da Unicamp.
45
Deve-se atentar que no período entre 1980 e 1989, somente o IPT aparece como
instituição de ensino e/ou pesquisa entre os líderes depositantes de pedidos de patente. Já entre
1990 e 1999, aparecem apenas a Unicamp e a USP; o IPT não aparece no ranking. Este tipo de
instituição aparece com maior representatividade no período mais atual, entre 2000 e 2005:
Unicamp, Fapesp, UFMG, Embrapa, USP, CNPq, COPPE/UFRJ e Unesp estão entre os vinte
primeiros depositantes de pedidos de patente.
Em termos de depósitos de patentes por unidade da federação, pode-se afirmar que no
período entre 1980 e 1989, a maioria das instituições localizava-se em São Paulo e no Rio de
Janeiro. Já entre 1990 e 1999, alguns estados que não apareciam antes, passaram a aparecer,
Espírito Santo e Paraná. Já entre 2000 e 2005, as instituições líderes pertenciam ao Distrito
Federal e aos estados Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo (2, 3,
1, 3, 2 e 9, respectivamente).
Tabela 12- Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes no Brasil, por
Unidade da Federação - 1980-2005.
Titulares Nº de patentes % UF Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS 730 0,7 RJ Universidade Estadual de Campinas 408 0,4 SP Companhia Vale do Rio Doce 301 0,3 MG Arno S.A. 261 0,2 SP Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A - USIMINAS 249 0,2 MG Multibrás S. A Eletrodomésticos 242 0,2 SP Empresa Brasileira de Compressores S.A. - EMBRACO 213 0,2 SC Companhia Siderúrgica Nacional 199 0,2 RJ Semeato S.A Indústria e Comércio 193 0,2 RS Universidade de São Paulo - USP 134 0,1 SP Máquinas Agrícolas Jacto S.A 131 0,1 SP FAPESP - Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado de São Paulo 128 0,1 SP EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa Agropecuária 120 0,1 DF Rhodia Brasil Ltda 115 0,1 SP Universidade Federal de Minas Gerais 114 0,1 MG Companhia Souza Cruz Indústria e Comércio 109 0,1 RJ Companhia Siderúrgica Paulista - COSIPA 106 0,1 SP Duchacorona Ltda. 99 0,1 SP Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo S/A - IPT 98 0,1 SP
Electrolux do Brasil S.A 93 0,1 PR Subtotal 4043 3,8 Outros 102727 96,2
Total 106770 100,0
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
46
Tabela 12a - Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes no Brasil, por
Unidade da Federação, 1980-1989.
Titulares Nº Patentes % UF Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS 120 0,8 RJ Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A - USIMINAS 114 0,8 MG Rhodia Brasil Ltda 75 0,5 SP Companhia Siderúrgica Nacional 57 0,4 RJ Companhia Siderúrgica Paulista - COSIPA 56 0,4 SP Philips do Brasil Ltda 50 0,3 SP Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo S/A - IPT 48 0,3 SP Empresa Brasileira de Compressores S.A. - EMBRACO 47 0,3 SC Companhia Souza Cruz Indústria e Comércio 41 0,3 RJ Tubos e Conexões Tigre Ltda 32 0,2 SC Produtos Elétricos Corona Ltda 28 0,2 SP Telecomunicações Brasileiras S/A - TELEBRÁS 27 0,2 DF Rhodia Agro Ltda. 25 0,2 SP Companhia Vale do Rio Doce 25 0,2 MG Pirelli Energia Cabos e Sistemas do Brasil S.A. 24 0,2 SP EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 24 0,2 DF Industrias Villares S.A 22 0,1 SP Ichtus Eletronica S,A 22 0,1 RJ Unitec Transmissões, Equipamentos e Sinterização Ltda. 21 0,1 NA Metagal Industria e Comercio Ltda 20 0,1 SP
Astro S/A Industria e Comercio 20 0,1 SP Subtotal 898 6,1 Outros 13865 93,9 Total 14763 100,0
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
47
Tabela 12b - Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes no Brasil,
por Unidade da Federação - 1990-1999.
Nº de Titulares Patentes % Estado Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS 312 0,6 RJ Companhia Vale do Rio Doce 137 0,3 MGCompanhia Siderúrgica Nacional 136 0,3 RJ Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A - USIMINAS 126 0,2 MGUniversidade Estadual de Campinas 117 0,2 SP Arno S.A. 104 0,2 SP Multibrás S. A Eletrodomésticos 100 0,2 SP Empresa Brasileira de Compressora S/A - EMBRACO 83 0,2 SC Siderúrgica Mendes Júnior S.A 68 0,1 MGUniversidade de São Paulo - USP 62 0,1 SP Duchacorona Ltda. 62 0,1 SP Rhodia Agro Ltda. 59 0,1 SP Springer Carrier do Nordeste S.A. 52 0,1 RS Electrolux do Brasil S.A. 51 0,1 PR Máquinas Agrícolas Jacto S.A. 50 0,1 SP Companhia Siderúrgica Paulista - COSIPA 47 0,1 SP Cibié do Brasil Ltda 45 0,1 SP Soprano Eletrometalúrgica e Hidráulica Ltda 45 0,1 RS Souza Cruz S.A. 45 0,1 RJ
Cia Siderúrgica de Tubarão 43 0,1 ES Subtotal 1744 3,4 Outros 50035 96,6 Total: 51779 100,0
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
48
Tabela 12c - Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes no Brasil, por
Unidade da Federação - 2000-2005
Nº Titulares Líderes Patentes % UF Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS 298 0,7 RJ Universidade Estadual de Campinas 276 0,7 SP Semeato S.A Indústria e Comércio 158 0,4 RS Arno S.A. 151 0,4 SP Multibrás S. A Eletrodomésticos 138 0,3 SP FAPESP - Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado de São Paulo 121 0,3 SP Companhia Vale do Rio Doce 107 0,3 MGUniversidade Federal de Minas Gerais 93 0,2 MGEmpresa Brasileira de Compressores S.A. - EMBRACO 83 0,2 SP Máquinas Agrícolas Jacto S.A 73 0,2 SP Dana Industrial LTDA 67 0,2 RS EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 55 0,1 DF Universidade de São Paulo 55 0,1 SP Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico - CNPq 51 0,1 DF Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. - USIMINAS 48 0,1 MGComissão Nacional de Energia Nuclear 47 0,1 RJ Marchesan Implementos e Máquinas Agricolas Tatu S.A 44 0,1 SP Electrolux do Brasil S/A 42 0,1 PR COPPE/UFRJ 41 0,1 RJ
Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - UNESP 37 0,1 SP Subtotal 1985 4,9 Outros 38243 95,1 Total 40228 100,0
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
Na Tabela 13 verifica-se o total de pedidos de patentes depositados no INPI no período de
1980-2005 é de 106.770. Deste total uma parte muito pequena, apenas 14.763 pedidos, foi
depositada no período de 1980-1989. Uma quantidade mais significante, 51.779 pedidos, foi
depositada entre 1990-1999. Já no período mais recente 2000-2005 a quantidade de patentes foi
semelhante ao período anterior, 40228.
Ao considerar o número de pedidos de patentes depositados durante todo o período as
patentes em sedes de empresas e unidades administrativas locais são as que possuem o maior
número de pedidos. Esta predominância é também observada nos períodos de 1980-1989 (Tabela
13a) e 1990-1999 (Tabela 13b), no entanto do último período 2000-2005 (Tabela 13c) esta classe
caí para a sexta posição das classes de patentes com maior número de pedidos. A fabricação de
artefatos diversos de material plástico ocupa a segunda colocação do maior número de pedidos no
49
período de 1980-1989 e 1990-1999. No último período ela passa a quarta posição, mas no total
dos três períodos registra-se 1367 pedidos, colocando-se como a classe de patente com o segundo
maior número total de pedidos.
Fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura, avicultura e obtenção de
produtos animais, que tem o maior número de pedidos depositados em 2000-2005, ocupa apenas
a terceira posição no total de 1980-2005. Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e
naturais e Educação superior-Graduação e Pós-Graduação recebem respectivamente o segundo e
o terceiro maior número de pedidos de depósitos de patentes em 2000-2005. No entanto, Pesquisa
e Desenvolvimento das ciências físicas e naturais ocupa a sexta posição quando considerado todo
o período de 1980-2005. Educação superior-Graduação e Pós-Graduação também passam a
décima primeira colocação no período 1980-2005. Em ambos os casos, o número de pedidos
depositados em 2000-2005 é igual ao número registrado para todo o período de 1980-2005.
50
Tabela 13 - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte primeiras classes CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares
residentes no Brasil - 1980-2005
Classe CNAE Nº (1.0) Descrição Pedidos
74152 Sedes de empresas e unidades administrativas locais 1390 25291 Fabricação de embalagem de plástico 1367 29319 Fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais 945 34495 Fabricação de outras peças e acessórios para veículos automotores não especificadas anteriormente 573 28991 Fabricação de outros produtos elaborados de metal 543 73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 489 29890 Fabricação de outros aparelhos eletrodomésticos 480 25224 Fabricação de embalagem de plástico 461 75116 Administração pública em geral 460 74993 Outras ativ. de serv. prestados principalmente às empresas, não especificados anteriormente 423 80322 Educação superior - Graduação e Pós-Graduação 418 29297 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral 393 31992 Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 390 73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 309 80314 Educação superior 303 29696 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 296 27111 Produção de laminados planos de aço 295 29149 Fabricação de compressores 243 33103 Fabricação de aparelhos e instrumentos para usos médico-hospitalares, odontológicos e de laboratórios e aparelhos ortopédicos 208
Fabricação de embalagens metálicas 191 Subtotal 10177
Outras 96593 Total 106770
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
51
Tabela 13a - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte primeiras classes CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares
residentes no Brasil - 1980-1989
Classe Nº CNAE Descrição Pedidos
74152 Sedes de empresas e unidades administrativas locais 391 25291 Fabricação de artefatos diversos de material plástico 264 74993 Outras ativ. de serv. prestados principalmente às empresas, não especificados anteriormente 179 29319 Fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais 116 34495 Fabricação de outras peças e acessórios para veículos automotores não especificadas anteriormente 108 29696 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 100 31992 Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 85 27111 Produção de laminados planos de aço 84 28991 Fabricação de outros produtos elaborados de metal 80 29890 Fabricação de outros aparelhos eletrodomésticos 78 33103 Fabricação de aparelhos e instrumentos para usos médico-hospitalares, odontológicos e de laboratórios e aparelhos ortopédicos 63 73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 60 29297 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral 54 29149 Fabricação de compressores 47 29238 Fabricação de máquinas, equipamentos e aparelhos para transporte e elevação 44 31607 Fabricação de material elétrico para veículos - exclusive baterias 44 80314 Educação superior 43 75116 Administração pública em geral 42 16004 Fabricação de produtos do fumo 41
24996 Fabricação de outros produtos químicos não especificados anteriormente 41 Subtotal 1964
Outras 12799 Total 14763
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
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Tabela 13b - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte primeiras classes CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares
residentes no Brasil - 1990-1999
Classe Nº CNAE Descrição Pedidos
74152 Sedes de empresas e unidades administrativas locais 764 25291 Fabricação de artefatos diversos de material plástico 708 29319 Fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais 322 28991 Fabricação de outros produtos elaborados de metal 303 80314 Educação superior 260 73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 249 34495 Fabricação de outras peças e acessórios para veículos automotores não especificadas anteriormente 244 74993 Outras ativ. de serv. prestados principalmente às empresas, não especificados anteriormente 244 27111 Produção de laminados planos de aço 211 25224 Fabricação de embalagem de plástico 209 29890 Fabricação de outros aparelhos eletrodomésticos 208 29696 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 196 31992 Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 175 29297 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral 165 33103 Fabricação de aparelhos e instrumentos para usos médico-hospitalares, odontológicos e de laboratórios e aparelhos ortopédicos 145 29815 Fabricação de fogões, refrigeradores e máquinas de lavar e secar 133 52493 Comércio varejista de outros produtos não especificados anteriormente 126 75116 Administração pública em geral 117 24996 Fabricação de outros produtos químicos não especificados anteriormente 116
Produção de laminados não-planos de aço 115 Subtotal 5010
Outras 46769 Total 51779
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
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Tabela 13c - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte primeiras classes CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares
residentes no Brasil - 2000-2005
Classe Nº CNAE Descrição Pedidos
29319 Fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais 507 73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 489 80322 Educação superior - Graduação e Pós-Graduação 418 25291 Fabricação de artefatos diversos de material plástico 395 75116 Administração pública em geral 301 74152 Sedes de empresas e unidades administrativas locais 235 25224 Fabricação de embalagem de plástico 222 34495 Fabricação de outras peças e acessórios para veículos automotores não especificadas anteriormente 221 29890 Fabricação de outros aparelhos eletrodomésticos 194 29297 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral 174 28991 Fabricação de outros produtos elaborados de metal 160 52493 Comércio varejista de outros produtos não especificados anteriormente 158 29696 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 149 31992 Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 130 73202 Pesquisa e desenvolvimento das ciências sociais e humanas 122 29815 Fabricação de fogões, refrigeradores e máquinas de lavar e secar 112 74993 Outras ativ. de serv. prestados principalmente às empresas, não especificados anteriormente 110 24520 Fabricação de medicamentos para uso humano 107 33103 Fabricação de aparelhos e instrumentos para usos médico-hospitalares, odontológicos e de laboratórios e aparelhos ortopédicos 105
24996 Fabricação de outros produtos químicos não especificados anteriormente 104 Subtotal 4413
Outras 35815 Total 40228
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
54
A Tabela 14 apresenta o total de pedidos de patentes depositados no INPI, cujo
primeiro titular é residente no estado de Minas Gerais, de acordo com o tipo: pessoa física ou
pessoa jurídica. Os dados da Tabela 14 indicam que os pedidos de patentes por primeiros
titulares residentes em Minas Gerais aumentaram significativamente a partir de meados da
década de 1990, tanto para pessoas físicas como jurídicas. Observa-se ainda que no ano de
1998 o número de pedidos de pessoas físicas ultrapassa os pedidos de pessoas jurídicas e tal
fato se repete nos demais anos, até 2005. No total, o número de pedidos de patentes de
pessoas físicas representa 52% dos pedidos de Minas Gerais e o número de pedidos de
pessoas jurídicas somam aproximadamente 39% do total do estado. Os demais 9% pedidos
não continham informações suficientes que permitissem classificá-los (NA). Neste período, o
ano que ocorreu mais pedidos de depósitos de patente foi 2004 (10,64%).
55
Tabela 14 - Número de pedidos de patentes depositados no INPI por primeiro titular residente em Minas
Gerais, por tipo de titular (PF e PJ), 1980 – 2005.
Pessoas Fisicas (PF)
Pessoas Jurídicas (PJ) NA Total
Ano Nº % Nº % Nº % Nº % 1980 0 0,00 2 0,09 0 0,00 2 0,04 1981 0 0,00 1 0,05 0 0,00 1 0,02 1982 0 0,00 10 0,47 0 0,00 10 0,18 1983 0 0,00 25 1,17 0 0,00 25 0,46 1984 0 0,00 32 1,50 0 0,00 32 0,58 1985 0 0,00 33 1,54 0 0,00 33 0,60 1986 3 0,10 32 1,50 0 0,00 35 0,64 1987 3 0,10 46 2,15 0 0,00 49 0,89 1988 7 0,24 84 3,93 0 0,00 91 1,66 1989 12 0,42 93 4,35 0 0,00 105 1,91 1990 14 0,49 62 2,90 2 0,41 78 1,42 1991 14 0,49 100 4,68 0 0,00 114 2,08 1992 18 0,63 82 3,84 0 0,00 100 1,82 1993 22 0,77 97 4,54 0 0,00 119 2,17 1994 27 0,94 92 4,30 0 0,00 119 2,17 1995 58 2,02 103 4,82 1 0,21 162 2,95 1996 36 1,25 142 6,64 0 0,00 178 3,24 1997 99 3,45 135 6,31 2 0,41 236 4,30 1998 258 8,99 109 5,10 10 2,07 377 6,87 1999 291 10,14 96 4,49 13 2,70 400 7,29 2000 364 12,68 87 4,07 40 8,30 491 8,94 2001 379 13,21 114 5,33 27 5,60 520 9,47 2002 317 11,05 145 6,78 44 9,13 506 9,22 2003 332 11,57 130 6,08 84 17,43 546 9,95 2004 323 11,25 147 6,88 114 23,65 584 10,64
2005 293 10,21 139 6,50 145 30,08 577 10,51 Total 2870 100,00 2138 100,00 482 100,00 5490 100,00
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
A Tabela 15 apresenta as principais empresas e instituições em termos de depósitos de
pedidos de patentes no INPI ao longo de 1980 e 2005, cujos titulares estão ligados a alguma
empresa ou instituição localizada em Minas Gerais.
A empresa USIMINAS ocupa a primeira posição, com 297 patentes, o que
corresponde a 5,4% de todos os pedidos de depósitos. O segundo lugar é ocupado pela
Companhia Vale do Rio Doce, com 205 patentes, seguida pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), cujos pedidos somaram 114 ao longo de todo o período. A UFMG é uma das
três instituições de pesquisa e ensino entre as dezenove líderes; além dela há também a
Universidade Federal de Viçosa, com 36 patentes, e a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais, a qual depositou 17 pedidos de patentes ao longo das três décadas.
Interessante notar que, dentre as seis primeiras posições, quatro empresas eram relacionadas
56
com o setor siderúrgico (USIMINAS, Companhia Vale do Rio Doce, Siderúrgica Mendes
Júnior, Acesita).
A análise das instituições que apresentaram maior número de depósitos de pedidos de
patentes no INPI pode também ser feita tendo como base de comparação as Tabelas 15a, 15b
e 15c, as quais abrangem períodos mais curtos de tempo (1980-1989, 1990-1999 e 2000-
2005). Percebe-se que a USIMINAS manteve-se líder ao longo de 1980 e 1989, com 114
depósitos de pedidos de patentes, seguida pela Metagal Indústria e Comércio Ltda, a qual
apresentou 20 pedidos, e pela Açominas, a qual conquistou a terceira posição com 19
depósitos. Entre 1990 e 1999 a USIMINAS caiu para o segundo lugar na posição geral, tendo
apresentado 126 depósitos de pedidos de patentes ao INPI, atrás somente da Companhia Vale
do Rio Doce, cujos depósitos somaram 137. A Belgo Siderurgia S.A. ocupou o terceiro lugar
neste mesmo período, com 68 depósitos de pedidos de patentes. Entre 2000 e 2005 a
USIMINAS caiu uma posição em relação ao período anterior, ocupando o terceiro lugar do
ranking, com 57 depósitos, o que representou 1,8% de todos os pedidos de depósitos com
titulares ligados a empresas ou instituições localizadas em Minas Gerais ao longo do período.
É importante notar que, apesar de ocupar o terceiro lugar entre as principais
instituições com depósitos de pedidos de patentes ao longo de todo o período da análise, a
Universidade Federal de Minas Gerais não apresentou sequer um depósito na década de 1980.
Sua ascensão se deu sobretudo devido a um curto período de tempo de cinco anos, entre 2000
e 2005, quando a instituição passou a ocupar o primeiro lugar no ranking, com 93 depósitos
de pedidos de patentes.
O peso das principais instituições no total do número de depósitos de pedidos de
patentes perdeu força ao longo das décadas. Na década de 1980 as vinte e quatro primeiras
depositantes eram responsáveis por quase 80% de todos os depósitos de pedidos de patentes
no INPI cujos primeiros autores residiam ou estavam ligados a instituições mineiras. Entre
2000 e 2005, este percentual havia declinado para 14,4%. Além disso, nota-se o aumento, ao
longo dos três períodos da análise, do número total de depósitos de pedidos de patentes no
INPI por parte de titulares ligados a empresas ou instituições localizadas no estado de Minas
Gerais. O número de depósitos de pedidos ao longo de 1990 e 1999 é quase cinco vezes maior
que aquele correspondente ao período compreendido entre 1980 a 1989, e aproximadamente
duas vezes menor que o número total de depósitos entre 2000 e 2005.
57
Tabela 15 - Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes em MG,
1980 – 2005.
TITULARES Nº de patentes %
Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. - USIMINAS 297 5,4 Companhia Vale do Rio Doce 205 3,7 Universidade Federal de Minas Gerais 114 2,1 Siderúrgica Mendes Júnior S.A 91 1,7 Metagal Indústria e Comercio Ltda 57 1,0 Acesita S.A. 36 0,7 Universidade Federal de Viçosa 36 0,7 Alcoa Alumínio S/A 33 0,6 Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA 31 0,6 Samarco Mineração S.A. 27 0,5 Itatiaia Móveis S/A 25 0,5 Belgo Bekaert Arames Ltda 22 0,4 CEMIG Distribuição S.A. 20 0,4 Tacom Ltda 20 0,4 Companhia Siderúrgica Belgo Mineira 18 0,3 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais 17 0,3 Magnesita S/A 17 0,3 Mineração Curimbaba LTDA 16 0,3
Ritz do Brasil S/A. 16 0,3 Subtotal 1098 20,0
Outros 4392 80,0 Total 5490 100,0 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
58
Tabela 15a - Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes em MG,
1980 – 1989.
TITULARES Nº de patentes % Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A - USIMINAS 114 29,8 Metagal Indústria e Comercio Ltda 20 5,2 Aço Minas Gerais S/A - Açominas 19 5,0 Siderúrgica Mendes Júnior S.A 15 3,9 Alcoa Alumínio S/A 11 2,9 Mueller Flex Indústria e Comércio de Plásticos e Metais Ltda 11 2,9 Cia. Aços Especiais Itabira - ACESITA 11 2,9 Indústria de Autopeças Eluma Ltda 10 2,6 Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais/Cetec 9 2,3 Tacom Ltda 9 2,3 Banco do Brasil S/A 9 2,3 Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA 8 2,1 Hammer Industria de Auto Peças Ltda 8 2,1 Companhia Siderúrgica Belgo Mineira 7 1,8 Telecomunicações de Minas Gerais S/A - TELEMIG 6 1,6 ARAFERTIL S/A 6 1,6 Engesq - Engenharia de Estruturas e Equipamentos Ltda 5 1,3 Acesita Energética S/A 5 1,3 V & M do Brasil S.A. 4 1,0 Enduro Indústria e Comércio Ltda 3 0,8 Magnesita S/A 3 0,8 Tenda Industria e Comércio Ltda 3 0,8 Enetele Informática e Telecomunicações Ltda. 3 0,8
Silarma S/A - Sistemas de Armazenagem e Agro Mecanismos 3 0,8 Subtotal 302 78,9
Outros 81 21,1 Total 383 100,0 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
59
Tabela 15b - Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes em MG,
1990 – 1999. TITULAR Nº de
patentes % Companhia Vale do Rio Doce 137 7,3 Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. - USIMINAS 126 6,7 Belgo Siderurgia S.A. 68 3,6 Metagal Indústria e Comercio Ltda 41 2,2 Aço Minas Gerais S/A - Açominas 34 1,8 Universidade Federal de Minas Gerais 21 1,1 Itatiaia Móveis S/A 19 1,0 Alcoa Alumínio S/A 19 1,0 Ritz do Brasil S.A. 14 0,7 Cia. Aços Especiais Itabira - ACESITA 14 0,7 Companhia Energética de Minas Gerais S/A - CEMIG 12 0,6 Mecan Indústria e Locação de Máquinas e Equipamentos para Construção Ltda. 11 0,6 Tacom Ltda 11 0,6 Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA MG 10 0,5 Nansen S.A Instrumentos de Precisão 9 0,5 Mineração Curimbaba LTDA 9 0,5 Protec Eletromecânica Ltda. 8 0,4 Magnesita S/A 8 0,4 Rhodes Indústria Plástica e Metalúrgica Ltda. 8 0,4 Fiat Automóveis S/A 7 0,4
Precon Industrial S/A 7 0,4 Subtotal 593 31,5
Outros 1290 68,5 Total 1883 100,0 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
60
Tabela 15c - Principais depositantes de pedidos de patentes no INPI residentes em MG,
2000 – 2005.
TITULARES Nº de patentes % Universidade Federal de Minas Gerais 93 2,9 Companhia Vale do Rio Doce 68 2,1 Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. - USIMINAS 57 1,8 Universidade Federal de Viçosa 33 1,0 Samarco Mineração S.A. 22 0,7 CEMIG Distribuição S.A. 20 0,6 Belgo Bekaert Arames S.A 20 0,6 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais 17 0,5 Metagal Industria e Comercio Ltda 15 0,5 Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA 13 0,4 Rima Agropecuária e Serviços Ltda 12 0,4 CEMIG Geração e Transmissão S.A. 12 0,4 Acesita S.A. 11 0,3 Ligas de Alumínio S.A. - LIASA 10 0,3 Universidade Federal de Ouro Preto 9 0,3 Belgo Siderurgia S.A. 8 0,2 Mineração Curimbaba LTDA 7 0,2 Magnesita S/A 6 0,2 Itatiaia Moveis S.A 6 0,2 Brooks Selos de Segurança do Brasil Ltda 5 0,2 Cachoeira Velonorte S/A 5 0,2 Fogos Confiança Ltda 5 0,2 Companhia Mineira de Metais 5 0,2
Arcelor Brasil S.A. 5 0,2 Subtotal 464 14,4
Outros 2760 85,6 Total 3224 100,0 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
A Tabela 16 apresenta o total de pedidos de patentes depositados no período 1980-
2005 (Classes CNAE), sendo que só em 2000-2005 foram registrados 3224 pedidos, o que
representa mais de 50% do total. No primeiro período de 1980-1989 (Tabela 16a) foram
depositados 383 pedidos, dos quais 114, pouco menos de um terço, foram em outras
atividades de serviços prestados principalmente às empresas, não especificados anteriormente.
Esta mesma classe de patentes recebeu 130 pedidos em 1990-1999 (Tabela 16b), sendo a
segunda na colocação de maior número de pedidos de patentes. Conseqüentemente, outras
atividades de serviços prestados principalmente às empresas, não especificados anteriormente
recebem o maior número de pedidos depositados para o período total de 1980-2005.
Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais é a classe que possui o
segundo maior número de pedidos de deposito de patentes para o período 1980-2005. Esta
61
classe também responde pelas primeiras colocações em número de pedidos nos períodos
1990-1999 e 2000-2005 (Tabela 16c). Produção de laminados não-planos de aço recebe uma
quantidade considerável de pedidos de patentes durante todo o período considerado, analisado
separadamente ou na Tabela geral 1980-2005.
Educação superior- Pós-Graduação e Extensão é a quarta classe em número de
depósitos para o período de 1980-2005. Esta classe registra no período total 92 pedidos, o
mesmo número que registra em 2000-2005. No entanto, no último período ocupa a primeira
colocação de maior número de depósitos, mostrando que, ao contrário de períodos anteriores
não há uma concentração de patentes depositadas nas primeiras classes com maior número de
pedidos.
As quatro classes de patentes acima mencionadas representam as quatro primeiras
classes em número de depósitos no período 1980-2005. A soma de depósitos nas quatro
classes equivale a 13% do total de pedidos do período.
62
Tabela 16 - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte e uma primeiras classes
CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares residentes em Minas Gerais - 1980-
2005.
Classe Nº CNAE Descrição Pedidos
Outras atividade de serviços prestados principalmente às empresas, não 74993 especificados anteriormente 244 73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 229
Produção de laminados não-planos de aço 141 80330 Educação superior - Pós-Graduação e Extensão 92 27111 Produção de laminados planos de aço 90
Fabricação de peças e acessórios de metal para veículos automotores não especificados anteriormente 84
75116 Administração pública em geral 71 Metalurgia do alumínio e suas ligas 48
13102 Extração de minério de ferro 32 41009 Captação, tratamento e distribuição de água 31
Produção de relaminados, trefilados e perfilados de aço 28 80314 Educação superior 25 28991 Fabricação de outros produtos elaborados de metal 25
Fabricação de moveis com predominância de metal 23 Fabricação de outras peças e acessórios para veículos automotores não
34495
31216
especificadas anteriormente 21 Fabricação de subestações, quadros de comando, reguladores de voltagem e outros aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia 21 Com. atacadista de maquinas, aparelhos e equipamentos para usos ind... 21
31992 Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 20 25291 Fabricação de artefatos diversos de plástico 18 29696 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 16
29297 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral 16 Subtotal 1296
Outras 4194 Total 5490
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
63
Tabela 16a - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte e cinco primeiras classes
CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares residentes em Minas Gerais –
Classe
1980-1989.
Nº CNAE Descrição Pedidos
Outras atividade de serviço prestados principalmente às empresas, não 74993 especificados anteriormente 114
Produção de laminados não-planos de aço 34 Fabricação. de peças e acessórios de metal para veículos automotores não especificados anteriormente. 34
27111 Produção de laminados planos de aço 12 Metalurgia do alumínio e suas ligas 12
73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 9 65226 Bancos múltiplos (com carteira comercial) 9
Com. atacadista de maquinas, aparelhos e equipamentos para usos ind... 9 41009 Captação, tratamento e distribuição de água 8
Produção de ferro, aço e ferro-ligas em formas primarias e semi-acabadas. 7 64203 Telecomunicações 6
Extração de minerais para fabricação de adubos, fertilizantes e produtos ... 6 2127 Exploração florestal 5
27391 Fabricação de outros tubos de ferro e aço 4 25291 Fabricação de artefatos diversos de plástico 4
Fabricação de subestações, quadros de comando, reguladores de voltagem 31216 e outros aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia 3
Fabricação de outros produtos de minerais não-metálicos 3 51420 Comércio atacadista de artigos do vestuário e complementos 3
Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 3 Fabricação de geradores de corrente continua ou alternada 2
72323 Aluguel de máquinas e equipamentos para construção e engenharia civil 2 45217 Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviços) 2 74209 Serviços de arquitetura e engenharia e de assessoramento técnico 2 13102 Extração de minério de ferro 2
15890 Fabricação de outros produtos alimentícios 2 Subtotal 297
Outras 86 Total 383
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
64
Tabela 16b - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte e uma primeiras classes
CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares residentes em Minas Gerais - 1990-
1999.
Classe
Descrição Nº CNAE Pedidos
73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 147 Outras atividade de serviços prestados principalmente às empresas, não
74993 especificados anteriormente 130 Produção de laminados não-planos de aço 107 Fabricação de peças e acessórios de metal para veículos automotores não especificados anteriormente 50
80314 Educação superior 25 Metalurgia do alumínio e suas ligas 21 Fabricação de moveis com predominância de metal 20
27111 Produção de laminados planos de aço 18 28991 Fabricação de outros produtos elaborados de metal 18
Fabricação de subestações, quadros de comando, reguladores de voltagem 31216 e outros aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia 18 29696 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 15 31992 Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 14 29297 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral 12 40118 Produção e distribuição de energia elétrica 12
Com. atacadista de maquinas, aparelhos e equipamentos para usos ind... 12 Fabricação de outros produtos de minerais não-metálicos 11 Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e semelhantes 11
41009 Captação, tratamento e distribuição de água 10 25291 Fabricação de artefatos diversos de plástico 10 74209 Serviços de arquitetura e engenharia e de assessoramento técnico 9
Extração de outros minerais não - metálicos 9 Subtotal 679
Outras 1204 Total 1883
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
65
Tabela 16c - Pedidos de Patentes Depositados no INPI, nas vinte e duas primeiras classes
CNAE em número de depósitos, por primeiros titulares residentes em Minas Gerais - 2000-
2005
Classe Nº CNAE Descrição Pedidos
80330 Educação superior - Pós-Graduação e Extensão 92 73105 Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais 73 75116 Administração pública em geral 65 27111 Produção de laminados planos de aço 60
Produção de relaminados, trefilados e perfilados de aço 28 13102 Extração de minério de ferro 23
Fabricação de peças e acessórios de metal para veículos automotores não especificados anteriormente 21 Metalurgia do alumínio e suas ligas 15
41009 Captação, tratamento e distribuição de água 13 Produção mista: lavoura e pecuária 12 Fabricação de produtos cerâmicos refratários 11
52493 Comércio varejista de outros produtos não especificados anteriormente 8 36994 Fabricação de produtos diversos 8
Extração de minério de alumínio 7 28991 Fabricação de outros produtos elaborados de metal 6 72907 Outras atividades de informática, não especificadas anteriormente 5
Fabricação de explosivos 5 74152 Sedes de empresas e unidades administrativas locais 5
Fabricação de máquinas, equipamentos e aparelhos para transporte 5 Outras atividades de serviços prestados principalmente às empresas, não
74993 especificados anteriormente 5 Fabricação de material eletrônico básico 5
Acabamentos em fios, tecidos e artigos têxteis, por terceiros 5 Subtotal 477
Outras 2747 Total 3224
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados INPI
A Tabela 17 apresenta a classificação dos municípios mineiros de acordo com o total
de patentes, desagregadas entre modelos de utilidade (MU) e patentes de invenção (PI),
depositadas no INPI no período 1990-2005 (tanto por pessoas físicas quanto por pessoas
jurídicas). A concentração da produção tecnológica de Minas Gerais fica evidente nesta
Tabela, uma vez que Belo Horizonte detém 42,9% das patentes do Estado, seguida por
municípios com menos de 6% desse total. Esta ordenação pode ser comparada com a da
Tabela 21que será analisada mais adiante.
66
Tabela 17 - Número de patentes de acordo com o tipo, Minas Gerais, 1990-2005.
Município MU PI Total % Belo Horizonte 850 1343 2.193 42,9% Contagem 108 154 262 5,1% Santa Luzia 106 119 225 4,4% Juiz de Fora 78 131 209 4,1% Uberlândia 89 71 160 3,1% Poços de Caldas 34 53 87 1,7% Uberaba 42 38 80 1,6% Santa Rita do Sapucaí 36 36 72 1,4% Betim 36 32 68 1,3% Ipatinga 33 30 63 1,2% Viçosa 8 47 55 1,1% Divinópolis 28 26 54 1,1% Ouro Preto 5 39 44 0,9% Itajubá 23 20 43 0,8% Montes Claros 13 29 42 0,8% Ouro Branco 15 26 41 0,8% Ubá 30 11 41 0,8% Nova Lima 19 17 36 0,7% Sete Lagoas 9 24 33 0,6% Governador Valadares 18 14 32 0,6% Pedro Leopoldo 14 17 31 0,6% Timóteo 21 10 31 0,6% Araxá 12 17 29 0,6% Lagoa Santa 10 13 23 0,5% Barbacena 3 19 22 0,4% Pouso Alegre 8 13 21 0,4% Itaúna 11 10 21 0,4% Para de Minas 11 7 18 0,4% Pirapora 3 14 17 0,3% Sabará 7 10 17 0,3% Várzea da Palma 3 13 16 0,3% Varginha 7 9 16 0,3% Rio Pomba 1 13 14 0,3% Caratinga 6 8 14 0,3% Matozinhos 6 8 14 0,3% Alfenas 7 7 14 0,3% Lavras 5 8 13 0,3% Ponte Nova 6 7 13 0,3% Três Corações 6 7 13 0,3% Ibirité 1 11 12 0,2% Itabirito 1 11 12 0,2% Coronel Fabriciano 3 8 11 0,2% Cataguases 2 8 10 0,2% Esmeraldas 2 7 9 0,2%
Guaxupé - 7 7 0,1% Sub-total 1736 2522 4.258 83,4% NA 112 161 273 5,3% Outros 297 279 576 11,3% Total 2145 2962 5107 100% FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
67
A Tabela 18, a seguir, apresenta os vinte maiores patenteadores do Estado de Minas
Gerais no período 1990-2005. Um dado relevante a esse respeito seria o de que 55,71% das
patentes em Minas Gerais no período estudado pertencem a pessoas físicas (2.845 de 5107
registros).
Tabela 18 - Tabela de pedidos de patentes depositados no INPI por pessoas físicas residentes no
Estado de Minas Gerais, 1990-2005.
1º Titular Nº Patentes % Francisco Duarte Vieira 23 0,8% Augustin Erbschwendner 16 0,6% Pedro Ricardo Clemente Fernandes 16 0,6% Anselmo Azevedo Duarte 13 0,5% Chang das Estrelas Wilches 13 0,5% Francisco José Duarte Vieira 13 0,5% Dimas Rodrigues da Costa 12 0,4% Wilson Ferreira Gonçalves 12 0,4% Jairo do Nascimento Duarte 11 0,4% Otoni Moreira Gomes 11 0,4% Pedro de Miranda Pereira 11 0,4% Valci Silva Marques 11 0,4% Almir Fernandes Moraes 10 0,4% Cícero Alberto Mafra 10 0,4% Jose Antonio de Menezes 10 0,4% Pedro Alexandrino de Sousa Filho 10 0,4% Fabiano Drumond Chaves 9 0,3% João Marques Fernandes 9 0,3% José Alício de Carvalho Sobrinho 9 0,3%
Afonso Felipe de Miranda 8 0,3% Total Parcial 237 8,3% Total Geral 2.845 100,0%
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI
Ademais da menor proporção de patentes registradas por pessoas jurídicas vis-a-vis a
proporção registrada por pessoas físicas, a Tabela 19 ressalta a presença da Universidade
Federal de Minas Gerais e de outras instituições de ensino superior (Universidade Federal de
Viçosa e Universidade Federal de Ouro Preto, com participações de 4,6% e 1,6
respectivamente), entre as instituições lideres em patenteamento do Estado de Minas Gerais
no período 2002-2005. Alem delas, destacam-se as participações das empresas dos setores
mineral e siderúrgico (notadamente a Companhia Vale do Rio Doce e a USIMINAS) e das
empresas publicas estaduais (CEMIG e Copasa).
Um outro aspecto a ser destacado seria o de que os vinte maiores depositantes (pessoas
jurídicas) foram responsáveis por mais da metade desses pedidos de patentes no período
analisado.
68
Tabela 19 - Tabela de Pedidos de patentes depositados no INPI por pessoas jurídicas residentes no
Estado de Minas Gerais - 2002-2005.
1º Titular Nº Patentes % Universidade Federal de Minas Gerais 74 13,2% Companhia Vale do Rio Doce 51 9,1% Siderúrgicas de Minas Gerais S.A 28 5,0% Universidade Federal de Viçosa 26 4,6% CEMIG Distribuição S.A. 17 3,0% Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais 13 2,3% Samarco Mineração S.A. 13 2,3% Belgo Bekaert Arames Ltda 12 2,1% CEMIG Geração e Transmissão S.A. 11 2,0% Rima Agropecuária e Serviços Ltda 11 2,0% Acesita S.A. 10 1,8% Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA 9 1,6% Metagal Industria e Comercio Ltda 9 1,6% Universidade Federal de Ouro Preto 9 1,6% Belgo Siderurgia S.A. 7 1,2% Mineração Curimbaba LTDA 7 1,2% Arcelor Brasil S.A. 5 0,9% Brooks Selos de Segurança do Brasil Ltda 5 0,9% Cachoeira Velonorte S/A 5 0,9%
Itatiaia Moveis S.A 5 0,9% Total Parcial 327 58,3% Total Geral 561 100,0% FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do
INPI
Na Tabela 20 são mostrados, para cada município líder em termos de artigos
científicos indexados ao ISI, as disciplinas mais presentes no total dos artigos, permitindo a
verificação de especialização científica municipal. A Tabela 20 também apresenta as
subclasses tecnológicas mais presentes nas descrições das patentes registradas em cada
município.
Já a Tabela 21 apresenta os municípios líderes em produção tecnológica, suas
respectivas subclasses tecnológicas, relacionadas às patentes, e disciplinas científicas
tecnológicas mais relevantes, em termos de artigos publicados.
Analisando estas duas Tabelas, é possível observar a incompatibilidade entre as
produções tecnológica e científica de algumas cidades como Contagem, Santa Luzia, Betim, e
Poços de Caldas. Alguns municípios não possuem sequer artigos indexados ao ISI. Dentre os
que possuem alguma compatibilidade relativa ao volume da produção cientifica e tecnológica,
não se verifica relação significativa entre as subclasses de patentes e as disciplinas científicas
(Belo Horizonte, Viçosa, Juiz de Fora, Uberlândia e Uberaba). Três municípios apenas
69
Ciências Veterinárias 43 Consumo das Famílias 325 Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional 33 Construção Civil 221
apresentam alguma associação entre sua produção científica representada pelos artigos e a
produção tecnológica representada pelas patentes (Santa Rita do Sapucaí, Ipatinga e Viçosa).
Tabela 20 - Especialização científica e tecnológica para os 11 líderes em produção científica em Minas Gerais.
Artigos Patentes Municípios Primeira Disciplina (2008) Subclasse OST (1990 - 2005)
Belo Horizonte
Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 22 Manutenção-Gráfica 194 Aparelhos Agrícolas e
Botânica 38 Agricultura, Laticínios e Ciências Animais;
Alimentação 12
Viçosa Ciências Veterinárias 33 Química de base 11
Análise-Mensuração- Entomologia 30 Controle 5
Agricultura, Multidisciplinar 18 Manutenção-Gráfica 5 Lavras Ciências Multidisciplinares 15 Processos térmicos 2
Horticultura 8 Química de base 1 Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 13 Consumo das Famílias 22
Aparelhos Agrícolas e Uberlândia
Medicina Tropical 5 Alimentação 16 Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional 3 Manutenção-Gráfica 14
Zoologia 6 Manutenção-Gráfica 31 Juiz de Fora
Ciências Veterinárias 5
Análise-Mensuração- Controle 31
Entomologia 5 Máquinas e Utilitários 28 Engenharia Civil; Metalurgia e Engenha Metalúrgica; Mineração e Processamento
Ouro Preto Mineral 9 Materiais Metalúrgicos 16 Parasitologia 6 Procedimentos Técnicos 8
Farmacologia e Farmácia 2 Química de base 3 Medicina Tropical 8 Consumo das Famílias 18
Uberaba Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 5 Transportes 10 Oncologia; Obstetrícia e Ginecologia 3 Manutenção-Gráfica 10
Análise-Mensuração- Ciência de Polímeros 3 Controle 9
Itajubá Engenharia Elétrica e Eletrônica 2 Consumo das Famílias 7
Matemática Aplicada 2 Construção Civil 5 Produtos agrícolas e
Ciência e Tecnologia de Alimentos 3 alimentares 4 Alfenas
Química, Multidisciplinar 3 Consumo das Famílias 3 Físico-química 1 Manutenção-Gráfica 2
Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional 4 Materiais Metalúrgicos 11 Montes Claros
Ciências Veterinárias 2
Análise-Mensuração- Controle 5
Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 1 Consumo das Famílias 4 Agricultura, Multidisciplinar 2 Transportes 1
Diamantina Ciências Veterinárias 1 Máquinas e Utilitários 1 Ciência do Solo 1 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI e ISI 2008
70
Consumo das Famílias 325 Ciências Veterinárias 43 Construção Civil 221 Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional 33
Consumo das Famílias 22 Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 13 Aparelhos Agrícolas e Alimentares 16 Medicina Tropical 8
Tabela 21 - Especialização científica e tecnológica para os 11 líderes em produção tecnológica
em Minas Gerais.
Patentes Artigos Municípios Subclasse OST (1990 - 2005) Primeira Disciplina (2008)
Belo Horizonte
Manutenção-Gráfica 194 Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 22 Construção Civil 38 Ciência de Materiais, cerâmica 1
Contagem Transportes 38 Análise-Mensuração-
Controle 36 Transportes 45
Santa Manutenção-Gráfica 35 Luzia Análise-Mensuração-
Controle 22 Manutenção-Gráfica 31 Zoologia 6
Juiz de Fora
Análise-Mensuração- Controle 31 Ciências Veterinárias 5
Máquinas e Utilitários 28 Entomologia 5
Uberlândia
Manutenção-Gráfica 14 Zoologia 3 Construção Civil 26 Ciências Veterinárias 1
Poços de Caldas
Manutenção-Gráfica 14
Sensoriamento remoto, ciência de imagens e tecnologia fotográfica 1
Materiais-Metalurgia 12 Neurologia 1 Consumo das Famílias 18 Medicina Tropical 8
Uberaba Transportes 10 Odontologia, Cirurgia Bucal e Medicina 5 Manutenção-Gráfica 10 Oncologia; Ginecologia e Obsterícia 3
Engenharia Elétrica e Eletrônica;
Santa Rita do Sapucaí
Transportes 53
Telecomunicações 8
Telecomunicações 1 Ciência da Computação: Hardware e Arquitetura, Sistemas de informação; Engenharia elétrica e eletrônica 1
Componentes Elétricos 4 Transportes 15
Betim Construção Civil 11 Componentes Elétricos 8
Consumo das Famílias 9 Entomologia 1 Ipatinga Materiais-Metalurgia 9 Ciência de Materiais; Papel e Madeira 1
Máquinas e Utilitários 8 Metalurgia e Engenharia Metalúrgica 1 Aparelhos Agrícolas e Alimentares 12 Botânica 38
Agricultura, laticínios e pecuária; Viçosa
Química de base 11 Análise-Mensuração-
Ciências Veterinárias 33
Controle 5 Entomologia 30 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do INPI e ISI 2008
71
3.3. Produção Científica e Técnica das Universidades Mineiras
No tocante à dimensão científica, Minas Gerais apresenta uma das estruturas
universitárias mais desenvolvidas do país, onde mais uma vez se destacam as instituições
públicas (Lemos e Diniz, 1999: 250). Souza (2002: 3) lembra que, embora apresente
indicadores inferiores aos de São Paulo e Rio de Janeiro, o estado vem se destacando nas
áreas das ‘Ciências Biológicas’, ‘Ciências Agrárias’ e ‘Ciências da Saúde’, sinalizando para o
potencial de desenvolvimento de um pólo de biotecnologia na região metropolitana de Belo
Horizonte.
Já no que se refere às atividades tecnológicas, Silva et. al. (2000: 538) identificam que
a participação de Minas Gerais no número de patentes10 está aquém da participação do estado
no PIB nacional. A evidente especialização mineira nos setores industriais mais tradicionais
se reflete na produção tecnológica, estando a maior parte dos pedidos de registro de patentes
concentrada nos setores considerados de ‘baixa tecnologia’ (pp. 533).
Esta seção visa caracterizar as instituições e universidades mineiras em termos de
produção científica e técnica a partir de informações extraídas do Diretório dos Grupos de
Pesquisa do CNPq, referentes ao Censo de 2006.
De acordo com o Censo de 2006, existem 1.919 grupos de pesquisas filiados a
instituições e universidades localizadas em Minas Gerais, congregando 9.916 pesquisadores,
distribuídos entre 44 universidades ou centros de pesquisa. Os grupos mineiros equivalem a
9,1% do total dos grupos no Brasil. A maior concentração de grupos é observada na grande
área de ciências da saúde com 15,5% do total, seguida pelas grandes áreas de ciências
humanas e ciências agrárias com 14,9% e 14,5% do total de grupos, respectivamente.
Por sua vez, aproximadamente 10% do total de pesquisadores do Brasil encontram-se em
instituições (universidades e instituições de pesquisa) de Minas Gerais. Em Minas Gerais,
as áreas que contam com um maior número de pesquisadores são respectivamente ciências da
saúde (1.674 ou 16% do total dos pesquisadores do Estado), ciências humanas (1.549 ou
15,6%) e ciências agrárias (1.511 ou 15,3%). Esta configuração assemelha-se do panorama
brasileiro, onde o maior número de pesquisadores está, respectivamente, nas áreas de ciências
10 Patentes depositadas no INPI.
72
humanas (18.838) e ciências da saúde (18.382). Porém, em ciências da saúde há um maior
percentual de pesquisadores doutores (Tabela 22).
Em Minas Gerais, 72,26% do total de pesquisadores do estado tem doutorado. Este
número é maior que a média nacional, de 66,26%. Ao analisar a diferença entre as
porcentagens de pesquisadores com doutorado do estado e do Brasil, nota-se uma diferença
mais significativa na grande área do conhecimento ciências agrárias. Nesta grande área,
87,56% dos pesquisadores mineiros possuem doutorado enquanto que no Brasil esta
porcentagem é de 74,9%. Para as grandes áreas Ciências da Saúde, Ciências Humanas e
Ciências Sociais Aplicadas, a diferença entre a média estadual e a média brasileira não passa
de 2%.
Tabela 22- Número de pesquisadores (total e com doutorado) por grande área predominante do grupo, Minas Gerais e Brasil, 2006.
Região
Grande área
Total de
pesquisadores (A)
Com doutorado
(B)
(B/A)
Ciências Agrárias 1511 1323 87,56 Ciências Biológicas 1134 976 86,07 Ciências da Saúde 1674 1045 62,43 Ciências Exatas e da Terra 984 871 88,52 Ciências Humanas 1549 892 57,59 Ciências Sociais Aplicadas 1106 610 55,15 Engenharias 1263 966 76,48 Lingüística, Letras e Artes 695 482 69,35
Total 9916 7165 72,26 Ciências Agrárias 10840 8128 74,98
Ciências Biológicas 11896 9416 79,15 Ciências da Saúde 18382 11237 61,13 Ciências Exatas e da Terra 10871 8988 82,68 Ciências Humanas 18838 10653 56,55 Ciências Sociais Aplicadas 11987 6355 53,02 Engenharias 13905 9505 68,36 Lingüística, Letras e Artes 5465 3423 62,63
Total 102184 67705 66,26
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006. * Os autores deste relatório agradecem a gentileza de Margareth Negrão (CNPq).
73
Ciências Agrárias
Ciências
Ciências da
Ciências Exatas e
Ciências
Ciências Sociais
Engenharias
Lingüística,
Biológicas Saúde da Terra Humanas Aplicadas Letras e Artes
É possível observar que os grupos de pesquisa mineiros na média possuem pelo menos
quatro pesquisadores sendo a exceção a grande área de ciências sociais e aplicadas. O maior
número de pesquisadores por grupo é encontrada nas ciências da saúde, agrárias e humanas.
No Brasil, os grupos de pesquisa, na média, possuem também pelo menos quatro
pesquisadores. O maior número de pesquisadores por grupo segue o padrão observado em
Minas Gerais.
Conforme pode ser visualizado no gráfico 1, em todas as grandes áreas do
conhecimento Minas Gerais possuí um maior número de pesquisadores doutores sobre o total
de pesquisadores, comparativamente ao Brasil.
Gráfico 1 - Pesquisadores doutores sobre o total, Minas Gerais e Brasil, 2006.
100
90
80
70
60
87,6 86,1
74,9
79,1
62,4 61,1
88,5
82,7
57,6 56,5
55,1
53
76,5
68,4
69,3
62,6
50
40
30
20
10
0
Minas Gerais Brasil
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006.
A Tabela 23 apresenta a distribuição dos grupos de pesquisa, total e com
relacionamento com o setor produtivo, para as 20 instituições mineiras com o maior número
de grupos, de acordo com o Censo 200611. Também é apresentado um indicador, o grau de
11 Agradecimentos à Margareth Negrão do CNPq que forneceu as informações referentes aos grupos com relacionamento do Censo 2006. As informações ainda não estavam disponibilizadas no site.
74
interação que é calculado a partir da divisão do número de grupos com relacionamento pelo
número total de grupos de pesquisa da instituição. Observa-se que as 20 instituições listadas
na Tabela respondem por 91,6% do total de grupos de pesquisa do estado.
Tabela 23 - As vinte instituições mineiras com maior número de grupos de pesquisa, 2004 e 2006, Minas Gerais.
.. .
Instituição
2004 2006
Número de grupos (1)
Número de grupos
interativos (2)
Grau de interação (2/1) %
Número de grupos (3)
Número de grupos interativos
(4)
Grau de interação
(4/3) UFMG 566 56 9,89 650 71 10,92 UFV 207 46 22,22 203 61 30,05 UFU 151 17 11,26 152 22 14,47 UFJF 127 16 12,60 142 18 12,68 PUC Minas 81 15 18,52 136 14 10,29 UFOP 64 8 12,50 68 10 14,71 UFLA 64 19 29,69 67 21 31,34 UFSJ 35 2 5,71 49 2 4,08 UEMG 46 4 8,70 48 4 8,33 UNIFEI 26 4 15,38 36 8 22,22 UFTM 25 1 4,00 28 2 7,14 CEFET/MG 15 2 13,33 26 4 15,38 UNIFAL/MG 20 0 0,00 26 0 0,00 FUMEC 22 1 4,55 20 1 5,00 UFVJM 17 4 23,53 19 3 15,79 UNITRI 7 0 0,00 19 2 10,53 UNIFENAS 23 5 21,74 18 3 16,67 EPAMIG 17 5 29,41 17 5 29,41 UNIMONTES 21 1 4,76 17 2 11,76 CNEN 21 3 14,29 16 3 18,75 Outras 139 17 12,23 162 20 12,35
Total 1555 209 13,44 1919 276 14,38 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006.
A partir destes dados observa-se que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
é a instituição mineira que apresenta maior número de grupos de pesquisa e de grupos com
relacionamento, sendo, respectivamente, 650 e 71. Em segundo aparece a Universidade
Federal de Viçosa (UFV) com 203 grupos de pesquisa, sendo 30% destes grupos interativos.
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é a terceira instituição com o maior número de
grupos em total de 152 grupos. Porém, o maior grau de interação é observado na Universidade
Federal de Lavras (UFLA) de 31,3, que possui 67 grupos, encontrando-se na 7ª posição do
rank mineiro.
A Tabela 24 apresenta a distribuição dos grupos de pesquisa nas grandes áreas do
conhecimento nas 20 instituições mineiras com o maior número de grupos de pesquisa. Foram
75
agrupadas em Humanidades as grandes áreas de ciências humanas, sociais aplicadas e de
lingüística, letras e artes.
Tabela 24 - Grupos de pesquisa agrupados por grande área e por instituição, Minas Gerais, 2006.
Instituição
Grandes Áreas Ciências Agrárias
Ciências
Biológicas
Ciências da
Saúde
Ciências Exatas e da Terra
Engenharias
Humanidades
Total
UFMG 40 94 115 97 91 213 650 UFV 117 21 8 20 9 27 203 UFU 12 29 18 21 18 54 152 UFJF 1 15 3 16 15 58 142 PUC Minas 2 5 11 5 23 90 136 UFOP 1 10 6 14 19 18 68 UFLA 50 5 1 6 4 1 67 UFSJ 0 2 0 7 12 28 49 UEMG 8 5 7 5 5 18 48 UNIFEI 1 0 0 8 23 4 36 UFTM 0 6 19 0 0 3 28 CEFET/MG 1 0 0 3 14 8 26 UNIFAL/MG 1 7 11 4 0 3 26 FUMEC 0 0 3 0 2 15 20 UFVJM 3 3 9 3 0 1 19 UNITRI 0 0 7 0 1 11 19 UNIFENAS 4 2 8 0 1 3 18 EPAMIG 17 0 0 0 0 0 17 UNIMONTES 6 1 5 0 0 5 17 CNEN 0 1 0 6 9 1 16 Outras 14 29 33 13 10 63 162 Total 278 235 298 228 256 624 1919
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006.
A UFV apresenta o maior número de grupos de pesquisa em ciências agrárias, em total
de 117, que representam 42% do total dos grupos desta grande área. Em segundo esta a UFLA
com 50 grupos (ou 18% do total da área) e em terceiro a UFMG com 40 grupos (ou 14,4% do
total da área). Estas três instituições, portanto, abrigam 95% dos grupos de pesquisa de
ciências agrárias de Minas Gerais.
Em todas as demais grandes áreas a UFMG lidera em termos do total de grupos de
pesquisa. Em ciências biológicas instituições que possuem expressivo número de grupos são
UFU e UFV. Em ciências da saúde o mesmo é valido para a Universidade Federal do
Triangulo Mineiro - UFTM (19 grupos) e a UFU (18 grupos). Em ciências exatas e da terra,
depois da UFMG as instituições que reúnem um maior número de grupos são a UFU (21
76
grupos), UFV (20 grupos) e a Universidade Federal de Juiz de Fora -UFJF (16 grupos). Em
engenharias, demais instituições são PUC Minas (23 grupos), a Universidade Federal de
Itajubá - UNIFEI (23 grupos), a Universidade Federal de Ouro Preto- UFOP (19 grupos)e a
UFU (18 grupos).
Estabelecendo um paralelo com o panorama nacional, a Tabela 25 sintetiza algumas
informações acerca da produção científica e técnica das instituições de pesquisa e
universidades em Minas Gerais, agrupadas de acordo com as grandes áreas do conhecimento.
Como proxy de produção científica foi utilizado o número de artigos completos
publicados em periódicos especializados de circulação nacional e internacional. Problemas
associados a esta variável já foram amplamente discutidos na literatura. Contudo, sua
utilidade como instrumento de avaliação quantitativa da produção a mantém como ferramenta
de análise.
Entre 2003 e 2006, Minas Gerais atingiu a cifra de 58.572 publicações em periódicos
nacionais e internacionais, o que representa 11,9% do total das publicações brasileiras
(492.041). Observa-se uma proximidade entre as participações relativas do estado no total de
pesquisadores e de publicações.
Dentre as grandes áreas do conhecimento, a distribuição dos artigos publicados em
Minas Gerais se assemelha à distribuição verificada nacionalmente, sendo exceções as
grandes áreas de ciências agrárias (onde a proporção mineira é quase o dobro da brasileira), e
de ciências da saúde onde a proporção brasileira supera a mineira em pouco mais de 6%.
Também no que tange à produtividade científica, os valores verificados para o estado e o
Brasil não apresentam diferenças significativas, merecendo destaque as produtividades das
grandes áreas de ciências agrárias (10,9 produção bibliográfica por pesquisador), de ciências
biológicas (8,9) e ciências exatas e da terra (7,5%). Na média a produtividade cientifica de
Minas Gerais, de 5,9, é um pouco superior à media brasileira, 4,8 (ver gráfico 2). A Tabela
também confirma o argumento de Souza (2002) de tendência à especialização em Minas
Gerais nas áreas ligadas à biociência (ciências agrárias, biológicas e da saúde).
77
Tabela 25: Distribuição e produtividade das atividades científicas e tecnológicas, Minas
Gerais e Brasil, 2003 -2006.
Grande área do conhecimento
Número de pesquisador es (A)1
Produção bibliográfica 2
Produtivida de
científica (B/A)
Produção técnica 3
Produt. técnica (D+F)/
A
Quant.
(B)
% (C )
Com registro de patente
Sem registro de patente
Quant. (D)
% (E ) Quant.
(F)
% (G)
Ciências Agrárias 1.511 16.427 28,05 10,87 219 25,73 280 23,87 0,3 Ciências Biológicas 1.134 10.050 17,16 8,9 158 18,57 66 5,63 0,18 Ciências da Saúde 1.674 10.269 17,53 6,1 125 14,69 172 14,66 0,18 C. Exatas e da Terra 984 7.396 12,63 7,5 170 19,98 88 7,50 0,26 Ciências Humanas 1.549 4.039 6,90 2,6 12 1,41 188 16,03 0,13 C. Sociais Aplicadas 1.106 3.350 5,72 3,0 22 2,59 74 6.32 0,09 Engenharias 1.263 4.884 8,34 3,9 133 15,63 210 17,9 0,55 Lingüística, Letras e Artes 695 2.157 3,68 3,1 12 1,41 95 8,10 0,21 Total 9.916 58.572 100,00 5,9 851 100,00 1173 100,00 0,20
Ciências Agrárias 10.840 77.292 15,71 7,1 925 17,58 1.521 15,01 0,23 Ciências Biológicas 11.896 84.673 17,21 7,1 923 17,54 982 9,73 0,16 Ciências da Saúde 18.382 116.386 23,65 6,3 745 14,16 1.591 15,76 0,13 C. Exatas e da Terra 10.871 70.812 14,39 6,5 1.106 21,02 815 8,07 0,18 Ciências Humanas 18.838 48.909 9,94 2,6 136 2,59 1.362 13,49 0,08 C. Sociais Aplicadas 11.987 33.186 6,74 2,8 110 2,09 1.040 10,3 0,10 Engenharias 13.905 46.284 9,41 3,3 1.260 23,9 2.257 22,36 0,25 Lingüística, Letras e Artes 5.465 14.499 2,95 2,7 56 1,06 526 5,21 0,11 Total 102.184 492.041 100,00 4,8 5261 100,00 10094 100,00 0,23
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006. Nota: (1) Não necessariamente todos os pesquisadores são os autores dos artigos ou da produção técnica. (2) Foram considerados os artigos científicos publicados em periódicos especializados de circulação nacional e internacional. (3) Foram considerados produtos tecnológicos, processos ou técnicas.
78
Ciências
Ciências
Ciências da
Ciências
Ciências
Ciências
Engenharias
Lingüística,
Total Agrárias Biológicas Saúde Exatas e da uH
manas Sociais Letras e Artes
Terra Aplicadas
Gráfico 2 - Produtividade científica, Minas Gerais e Brasil, 2003-2006
Produtividade científica, Minas Gerais e Brasil, 2003-2006.
12,0
10,87
10,0
8,90
8,0
6,0
7,10 7,10
6,10
7,50
6,30 6,50
5,90
4,80
4,0
3,00 2,60 2,60 2,80
3,90
3,30
3,10
2,70
2,0
-
Minas Gerais Brasil
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006.
Como indicador da atividade técnica utilizou-se como proxy os produtos tecnológicos,
processos e técnicas desenvolvidos pelos grupos de pesquisa com e sem registro de patente. O
conjunto dos que não possuem registro de patente é amplamente superior ao conjunto dos que
possuem. Em Minas, a produção técnica não patenteada é 1,38 vezes maior que a patenteada
(1.173 sem patente e 851 com patente), enquanto que no Brasil esta proporção é um pouco
superior, atingindo o montante de 1,91 vezes (5.261 produtos e processos patenteados e
10.094 não patenteados).
Em geral, os resultados tanto de Minas quanto do Brasil nos indicadores de atividade
técnica se mostram bem modestos, sendo que, as grandes áreas do conhecimento de ciências
biológicas e exatas e da terra demonstram ligeira vantagem no número de patentes registradas
em Minas Gerais e somente a de ciências exatas e da terra para o Brasil. No tocante à
produtividade técnica, o número médio de produtos patentes por pesquisador é bastante
pequeno, tanto para o estado como para o país. Em Minas Gerais esta proporção é 0,20 e no
Brasil é 0,23 (gráfico 2). Para todas as grande áreas do conhecimento, com exceção de
ciências sociais a aplicadas, a produtividade técnica dos grupos de pesquisa mineiros é um
pouco superior à produtividade média dos grupos brasileiros das mesmas áreas do
79
Ciências
Ciências
Ciências da
C. Exatas e da
Ciências C
. Sociais
Engenharias
Lingüística,
Total Agrárias iB
ológicas Saúde Terra Humanas pA
licadas Letras e Artes
conhecimento. Destaque pode ser atribuído aos pesquisadores das áreas de engenharias cuja
produtividade tecnológica é mais que o dobro da produtividade dos grupos brasileiros.
Gráfico 3 - Produtividade técnica, Minas Gerais e Brasil, 2003-2006
Produtividade técnica, Minas Gerais e Brasil, 2003-2006
0,6 0,55
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,3
0,23
0,18 0,18
0,16
0,13
0,26
0,18
0,13
0,08
0,09
0,1
0,25
0,21
0,2
0,11
0,23
0
Minas Gerais Brasil
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006.
A Tabela 70 apresenta a produção bibliográfica e técnica dos pesquisadores vinculados
às principais instituições de Minas Gerais (universidades e institutos de pesquisa), agrupadas
por grande área do conhecimento.
Se consideradas apenas as 5 principais instituições com maior produção bibliográfica,
destacam-se a UFMG, a UFV, a UFLA, a UFU e a UFJF. No entanto, se forem consideradas
as 5 principais instituições em termos de produção técnica, algumas posições deste ranking se
invertem. Destacam-se: a UFMG, UFV, PUC Minas, UFLA e UFU.
Se tomadas por grande área do conhecimento, para Ciências Agrárias, as 5 principais
instituições são UFV, UFLA, UFMG, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG). Estas se
destacam por possuir maior produção bibliográfica (8.591, 3.891, 2.104, 1.220 e 992,
respectivamente) e técnica (286, 81, 34, 18 e 94, respectivamente).
80
As instituições UFMG, UFV, UFU, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e UFJF
destacaram-se como as 5 principais em termos de produção bibliográfica e produção técnica
na grande área do conhecimento Ciências Biológicas.
Em Ciências da Saúde, destacaram-se UFMG, UFJF, UFTM, FIOCRUZ e UFU.
As instituições UFMG, UFV, UFOP, UFU e UFJF destacaram-se como as 5 principais
em termos de produção bibliográfica e produção técnica na grande área do conhecimento
Ciências Exatas e da Terra.
Nas áreas de humanidades (ciências humanas, ciências sociais aplicadas e linguística,
letras e artes) as 5 principais instituições são UFMG, PUC Minas, UFJF, UFU e a UNA
(Centro Universitário UNA).
As instituições UFMG, UFU, UFOP, UFJF e UFV destacaram-se como as 5 principais
em termos de produção bibliográfica e produção técnica na grande área do conhecimento
Engenharias. São, respectivamente, 2854, 616, 419, 393 e 382, que corresponde ao total
destas produções.
Estes resultados apontam que as produções bibliográfica e técnica, no geral, estão
concentrada nas universidades públicas. A maior participação nesta produção de
universidades e faculdades privadas ocorre nas áreas de humanidades, sendo uma exceção a
PUC Minas que apresenta produções bibliográfica e técnica consideráveis também em outras
áreas do conhecimento.
81
Tabela 26 - Produção bibliográfica e técnica das principais instituições de Minas Gerais,
segundo o total de produção bibliográfica e técnica, Minas Gerais, 2006.
Continua
Instituição
Produção bibliográfica +
Produção Técnica (Total)
Produção Bibliográfica
Produção Técnica
Circulação
Nacional (1) Circulação
Internacional (2)
(1) + (2)
Com registro ou patente
(3)
Sem registro ou patente
(4)
(3) + (4)
UFV 8996 6479 2112 8591 127 278 405 UFLA 4000 3382 509 3891 41 68 109 UFMG 2146 1589 515 2104 16 26 42 Embrapa 1247 971 249 1220 8 19 27 EPAMIG 1086 902 90 992 51 43 94 UFU 743 635 77 712 13 18 31 UNIMONTES 175 153 22 175 0 0 0 UNIFENAS 171 139 30 169 0 2 2 UFVJM 117 72 40 112 0 5 5 UFOP 98 47 51 98 0 0 0
UFMG 4162 999 3038 4037 87 38 125 UFV 1673 828 801 1629 10 34 44 UFU 1407 618 758 1376 17 14 31 FIOCRUZ 1244 229 978 1207 25 12 37 UFJF 514 185 316 501 9 4 13 UFLA 406 292 110 402 1 3 4 UFOP 365 56 295 351 13 1 14 Embrapa 341 243 91 334 0 7 7 PUC Minas 256 74 176 250 1 5 6 UFTM 204 97 107 204 0 0 0
UFMG 5969 2957 2773 5730 88 151 239 UFJF 828 570 231 801 13 14 27 UFTM 701 323 377 700 0 1 1 FIOCRUZ 669 226 427 653 11 5 16 UFU 663 335 315 650 7 6 13 UFV 560 509 43 552 3 5 8 PUC Minas 452 264 173 437 5 10 15 UNIFENAS 252 140 109 249 2 1 3 UNIFAL/MG 201 142 56 198 2 1 3 HEMOMINAS 178 34 142 176 0 2 2
UFMG 3508 630 2678 3308 132 68 200 UFV 1271 751 476 1227 12 32 44 UFOP 615 355 244 599 5 11 16 UFU 535 203 318 521 4 10 14 UFJF 512 84 417 501 3 8 11 UFLA 472 211 245 456 10 6 16 FIOCRUZ 246 54 182 236 6 4 10 UNIFAL/MG 218 30 184 214 1 3 4 UFSJ 196 14 181 195 1 0 1 CNEN 183 21 153 174 7 2 9
UFMG 1562 1245 208 1453 8 101 109 UFJF 624 520 74 594 2 28 30 UFU 571 533 27 560 1 10 11 PUC Minas 512 448 44 492 2 18 20 UFSJ 294 257 26 283 1 10 11 UNITRI 153 128 20 148 0 5 5 UFV 144 124 15 139 0 5 5 UFOP 119 109 6 115 0 4 4 UEMG 96 81 2 83 0 13 13 CEFET/MG 87 79 6 85 0 2 2
82
Continuação
Instituição
Produção bibliográfica +
Produção Técnica (Total)
Produção Bibliográfica Produção Técnica
Circulação Nacional (1)
Circulação Internacional
(2)
(1) + (2)
Com registro ou patente
(3)
Sem registro ou patente
(4)
(3) + (4)
UFMG 1357 1160 141 1301 2 54 56 UFV 627 561 55 616 1 10 11 PUC Minas 524 471 41 512 0 12 12 UFJF 252 218 29 247 0 5 5 FEAD 128 119 9 128 0 0 0 FUMEC 127 103 10 113 1 13 14 UNIPAC 126 113 13 126 0 0 0 UFLA 105 92 2 94 10 1 11 FPL 97 95 2 97 0 0 0 UNA 90 83 6 89 0 1 1
UFMG 2854 921 1624 2545 93 216 309 UFU 616 260 303 563 10 43 53 UFOP 419 240 115 355 15 49 64 UFJF 393 136 199 335 7 51 58 UFV 382 276 69 345 8 29 37 UNIFEI 378 131 178 309 16 53 69 PUC Minas 339 65 202 267 7 65 72 CNEN 175 45 101 146 11 18 29 CEFET/MG 136 59 58 117 1 18 19 UFSJ 132 37 86 123 1 8 9
UFMG 1478 1126 218 1344 13 121 134 PUC Minas 226 212 10 222 0 4 4 UFU 138 127 7 134 0 4 4 UFOP 121 110 9 119 0 2 2 UFJF 109 97 11 108 1 0 1 UFV 75 66 8 74 1 0 1 CESJF 66 63 3 66 0 0 0 UFSJ 66 57 2 59 0 7 7 UNINCOR 53 53 0 53 0 0 0 UFTM 38 38 0 38 0 0 0 TOTAL 63369 38982 25383 64365 1011 2106 3117
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq - Censo de 2004 e 2006.
83
4. INOVAÇÃO NAS EMPRESAS MINEIRAS
4.1. A Metodologia da PINTEC
Esta seção mostra como as firmas vêem a questão da interação com as universidades, dando
especial atenção ao caso de Minas Gerais. Para isto, será utilizada a Pesquisa de Inovação
Tecnológica do IBGE – PINTEC. Serão apresentadas suas origens conceituais, os aspectos
metodológicos e, posteriormente, serão analisados seus resultados para o estado de Minas Gerais.
As primeiras tentativas de formalização das atividades inovativas datam, conforme
Bastos et all (2003), de meados da década de 1960, com a criação do Manual Frascati (MF) que
representou o primeiro esforço para se definir os limites das atividades de P&D. Baseando-
se apenas em dois indicadores, quais sejam, gastos e pessoal ocupado em pesquisa, essa abordagem
era limitada, pois não considerava todas as demais atividades de caráter inovativo da empresa
como aquisição de tecnologia, marketing, etc, além de não captar o canal de transmissão entre os
esforços inovativos e os resultados advindos destes.
Pensando nas influências desses problemas sobre o caso de países onde o Sistema
Nacional de Inovação (NSI) encontra-se ainda em processo de desenvolvimento como o
Brasil, estas limitações são ainda mais graves, pois as firmas brasileiras atribuem grande
importância às atividades de inovação não captadas pelo MF.
Uma outra tentativa de delimitação das atividades de P&D é feita pelo Manual de Oslo
(MO) onde “a pesquisa não é vista como uma fonte de idéias inventivas, mas como um
´solucionador de problemas`, a ser requisitado durante qualquer etapa do processo produtivo”
(BASTOS et all, 2003: 469, 470). Desta forma, a pesquisa não necessariamente precede o
resultado, podendo ser, também, simultânea a ele. Há, portanto, um processo interativo que visa
gerar soluções para os percalços do processo produtivo e de concorrência.
Há uma abordagem crítica ao MO, o Manual de Bogotá (MB), que tem como objetivo
central redefinir o lócus das atividades de P&D com vistas a captar algumas peculiaridades do NSI
nos países latino-americanos. Essa redefinição leva em conta os seguintes aspectos
(BASTOS et all., 2003: 470):
1. atividades de inovação tecnológica organizadas em estruturas informais;
84
2. empresas de maior porte e, em especial, as multinacionais privilegiando a aquisição
externa de tecnologia (através da aquisição de bens de capital, serviços de informática,
consultorias ou licenças e patentes) ao desenvolvimento interno;
3. estratégia adotada, especialmente pelas pequenas empresas, de combinar a realização
de esforços endógenos de desenvolvimento tecnológico com a aquisição de bens de capital,
sendo esta última atividade a de maior peso;
4. baixo grau de articulação com os sistemas nacionais e locais de inovação existentes;
5. importância de outras atividades inovativas, relacionadas aos aspectos administrativos
e comerciais, para a obtenção de ganhos de produtividade / competitividade.
Ainda conforme Bastos et all. (2003), a PINTEC mesmo utilizando como referência básica
o MO, capta perfeitamente os itens 3 e 4 acima, devido ao fato de que as entrevistas são
assistidas. A vantagem de tais entrevistas são os cuidados tomados, necessários para evitar
interpretações errôneas dos conceitos.
Entretanto, a questão que tem merecido maior atenção dos estudiosos refere-se à
incorporação das inovações organizacionais e comerciais para delimitação das atividades de
inovação. O Manual de Bogotá, por exemplo, tenta colocar as inovações organizacionais no
mesmo patamar das de caráter tecnológico. A crítica de Bastos et all é que para assim
proceder, é necessário estabelecer critérios para definir precisamente o que é “novo” e
"substancialmente aprimorado”, o que não existe ainda. Outra forma de abordar o problema,
conforme o MB, é colocar a inovação organizacional como etapa necessária ao catching-up
tecnológico, o que captaria parte do esforço inovativo de empresas que ainda estão nos
estágios iniciais do processo e de países com NSI ainda imaturos. A crítica é que a pesquisa
irá se repetir e captará as inovações organizacionais, se elas de fato se traduzirem em
inovações tecnológicas em pesquisas futuras. Assim, por todas as razões apontadas acima, a
PINTEC utiliza como referencial conceitual o MO.
O universo da PINTEC abrange empresas ativas no Cadastro Central de Empresas -
CEMPRE do IBGE - situadas no território nacional, com 10 ou mais funcionários e
pertencentes a alguns dos seguintes setores da CNAE 1.0: Indústrias Extrativas e de
Transformação, Telecomunicações, Informática e Serviços Relacionados e Pesquisa e
Desenvolvimento. Além disso, a partir da edição de 2003, a pesquisa tornou-se bienal
passando a ter duas referências temporais: a maioria das variáveis qualitativas, que são
85
definidas como aquelas que envolvem registro de valor, estão relacionadas a um período de
três anos consecutivos; e as variáveis quantitativas – como dispêndios com atividades
inovativas com pessoal ocupado em P&D – estão relacionadas a um período de um ano, o
último de referência da pesquisa.
A estrutura da pesquisa, fundamentada no Manual de Oslo, está representada pela
figura 6.
Figura 6 – Estrutura da pesquisa da PINTEC
Vale ressaltar que, quanto às características das empresas, foram criadas variáveis
específicas para tentar captar alguns aspectos inerentes ao processo de inovação que não
constavam das diversas bases de dados do IBGE. São elas: a origem do capital controlador da
empresa e sua localização (no caso de estrangeiro); se a empresa é independente ou é parte de
um grupo e, neste caso, a sua relação com o grupo; e a abrangência geográfica do principal
mercado da empresa.
86
A PINTEC segue o MO, onde inovação é definida como a introdução de produto ou
processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. Conforme definição da
PINTEC (2005), produto tecnologicamente novo é aquele cujas características fundamentais
diferem significativamente de todos os produtos anteriormente produzidos pela empresa e
inovação tecnológica de processo refere-se à introdução de tecnologia de produção nova ou
significativamente aperfeiçoada, assim como de métodos novos ou substancialmente
aprimorados de oferta de serviços ou para manuseio e entrega de produtos.
Um momento importante da pesquisa se dá logo quando a empresa é questionada se
implementou ou não produto ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente
aprimorado. Caso diga que sim o entrevistado continua a responder o questionário. Caso
responda que não vai direto da questão 23 para a 175.
As atividades inovativas podem ser separadas em dois tipos básicos: pesquisa básica
(pesquisa aplicada ou desenvolvimento experimental); e outras atividades não relacionadas
com P&D (como aquisição de bens, serviços e absorção de conhecimentos e tecnologias de
outras instituições do NSI). Para averiguar a evolução das atividades inovativas, a PINTEC
pergunta quanto a empresa investiu durante o ano em cada uma de oito categorias, além de
solicitar a importância “alta”, “média” ou “baixa e não relevante” de cada uma delas. As
categorias de atividades inovativas são (PINTEC, 2005): atividades internas de P&D;
aquisição externa de P&D; aquisição de outros conhecimentos externos; aquisição de
software; aquisição de máquinas e equipamentos; treinamento; introdução das inovações
tecnológicas no mercado; e projeto industrial e outras preparações técnicas para a produção e
distribuição.
No bloco das fontes de financiamento as empresas apontam a origem dos recursos
destinados aos dispêndios com as atividades inovativas, se públicas, privadas ou próprias.
As empresas são também solicitadas a “qualificar” as atividades de P&D nos anos
alvo da pesquisa: se elas foram de caráter contínuo ou ocasional; se há laboratório de P&D na
empresa e onde ele está localizado, e senão houver um departamento de P&D formal onde se
concentram essas atividades; e por fim informam o número de pessoas dedicadas e se estão
em tempo integral ou esporadicamente envolvidas com as atividades.
É objetivo também identificar quais os resultados da introdução da inovação. A
principal medida para tanto é a proporção das vendas no mercado interno e externo atribuída
aos novos produtos.
87
A PINTEC também busca identificar a fonte das informações utilizadas para o
processo de P&D. Essa fonte em geral está associada ao “tipo” de inovação que está sendo
gerada pela empresa. Caso se trate de algo original é muito provável que estejam sendo
utilizados como fontes universidades, institutos de pesquisa, etc; caso seja absorção de
conhecimento, as fontes são, em geral, os fornecedores, clientes consumidores ou até mesmo
concorrentes.
A maneira que a pesquisa tenta avaliar como se encontra o NSI, do ponto de vista das
empresas, é através do número de relações de cooperação entre as empresas e outras firmas e
instituições envolvidas com projetos de P&D. Vale ressaltar que a simples contratação de
serviços de outra organização, sem a sua colaboração ativa, não é considerada cooperação.
A PINTEC obtém informações referentes ao apoio do governo além daquela relativa
ao simples financiamento público das atividades. Há além desta, por exemplo, qual a
participação em programas governamentais voltados para o desenvolvimento tecnológico e
científico; qual a freqüência de uso de programas de apoio às atividades inovativas das
empresas industriais, disponibilizados pelas instituições públicas, entre outros.
A pesquisa também pergunta se as empresas realizaram depósitos de patentes com
vistas a conhecer o padrão de defesa dos produtos desenvolvidos nos procedimentos de P&D.
Caso o entrevistado diga não à pergunta acima, ou seja, se não implementou inovação
de produto ou processo tecnologicamente novo ou aprimorado, ele passa a responder o
questionário a partir da pergunta sobre quais os problemas e/ou obstáculos enfrentados que
impediram a implementação da inovação. Nesta parte também respondem aqueles que
disseram ao longo do questionário não ter tido os resultados esperados com a inovação. A
empresa informa se não inovou por algumas das seguintes razões: inovações prévias;
condições desfavoráveis do mercado, como uma deficiência de demanda agregada ou
estrutura concorrencial no mercado onde atua que desestimulou a inovação; ou uma lista de
fatores macro e microeconômicos.
Para as empresas que declaram ter encontrado problemas, é apresentada uma lista de
fatores - como custos, riscos, falta de fontes de financiamento apropriadas, falta de pessoal
qualificado, falta de informações sobre tecnologia e sobre os mercados, problemas com o
sistema nacional de inovação como escassas possibilidades de cooperação com outras
empresas/instituições, etc, - que podem ter prejudicado as suas atividades inovativas e
solicita-se que a empresa informe a importância de cada um deles.
88
Quando da discussão acerca dos manuais, observou-se que a PINTEC não considera as
inovações organizacionais no núcleo da pesquisa, seguindo o MO. Ela incorpora essa variável
separadamente com o objetivo de realizar comparações com outras pesquisas latino –
americanas. No bloco relativo a essa parte, a empresa é indagada se implementou: mudanças
na estratégia corporativa; técnicas avançadas de gestão; mudanças na estrutura
organizacional; mudanças nos conceitos/estratégias de marketing; mudanças na estética,
desenho ou outras mudanças subjetivas em pelo menos um dos produtos; e novos métodos de
controle e gerenciamento, visando a atender normas de certificação. Vale ressaltar que esse
bloco foi divido em três partes (gestão da produção, gestão da informação ou gestão
ambiental) com vistas a captar melhor a natureza dos esforços que estão sendo empreendidos
na área administrativa da empresa.
Na segunda parte dessa seção, far-se-á a análise de alguns resultados da PINTEC para
Minas Gerais. Primeiramente será feita uma comparação de Minas com o Sudeste e com o
Brasil e posteriormente verificar-se-á como tem ocorrido a evolução de Minas no tempo. A
seleção dos tópicos para análise está fundamentada nos conceitos das diversas variáveis
citadas acima. As variáveis selecionadas foram: inovação tecnológica, atividades inovativas,
fontes de informação e relações de cooperação, impactos da inovação, apoio do governo, e
problemas e obstáculos.
4.2. Minas Gerais em Relação ao Sudeste e ao Brasil
Como dito anteriormente, o objetivo é localizar Minas Gerais no cenário regional e
nacional, comparando os resultados do estado com os resultados agregados dos 4 estados que
compõem a região Sudeste e com aqueles referentes aos 13 estados analisados pela PINTEC
2005. Para tal é realizada uma análise descritiva dos dados da pesquisa.
A Tabela 27 mostra tanto variáveis qualitativas quanto quantitativas. Nesta Tabela, as
variáveis qualitativas, que englobam inovações que são novas para a empresa ou para o
mercado nacional, são: número de empresas que implementaram inovações de produto;
número de empresas que implementaram inovações de processo; e número de empresas
inovadoras. As variáveis quantitativas que serão analisadas são: dispêndios realizados pelas
empresas inovadoras nas atividades inovativas e receita líquida de vendas das empresas
89
inovadoras. A Tabela 27 inclui ainda as variáveis de dispêndio médio e receita líquida de
vendas média.
Tabela 27 - Variáveis selecionadas das empresas inovadoras, Brasil, Sudeste e Minas Gerais, 2005.
Minas Gerais
Sudeste
Brasil
Absoluto Relativo ao Sudeste (%)
Relativo ao Brasil (%)
Número de empresas que implementaram inovações de produto (2003 - 2005)
Que implementaram inovações de produto novo para a empresa
Que implementaram inovações de produto novo para o mercado nacional
Número de empresas que implementaram inovações de processo (2003 - 2005)
Que implementaram inovações de processo novo para a empresa
Que implementaram inovações de processo novo para o mercado nacional
Número de empresas inovadoras (2005)
Empresas com atividades internas de pesquisa e desenvolvimento
Empresas sem atividades internas de pesquisa e desenvolvimento
Dispêndios realizados pelas empresas inovadoras nas atividades inovativas (em 1 000 R$)
Empresas com atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (em 1 000 R$)
Empresas sem atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (em 1 000 R$)
Despêndio médio (em 1 000 R$)
Receita líquida de vendas das empresas inovadoras (em 1 000 R$)*
Receita líquida de vendas média
1.713
1.578
167
2.583
2.512
117
1.771
344
1.427
3.080.678,41
456.218,08
2.624.460,32
1.739,39
101.851.256,46
57.506,47
17,92
19,97
8,66
20,50
21,30
12,70
16,52
10,82
18,93
11,94
7,91
13,09
72,24
11,84
71,68
9,63
10,39
5,66
10,54
10,83
7,75
8,88
6,82
9,57
8,95
6,41
9,62
100,86
8,21
92,48
9.559
7.900
1.932
12.596
11.795
921
10.720
3.179
7.541
25.811.206,34
5.768.758,88
20.042.447,46
2.407,73
860.049.075,52
80.227,27
17.784
15.177
2.956
24.504
23.202
1.509
19.951
5.046
14.905
34.405.979,69
7.112.928,50
27.293.051,19
1.724,52
1.240.553.107,29
62.179,71
FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica do IBGE. 2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
*Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados das amostras da Pesquisa Industrial Anual - Empresa 2003 e 2005.
De acordo com a Tabela 27, Minas Gerais apresentou 1.713 empresas que
implementaram inovações de produto e 2.583 que implementaram inovações de processos. Do
total daquelas que implementaram pelo menos algum destes dois tipos de inovação, a grande
maioria implementou inovações de produto ou processo novo apenas para a empresa.
Enquanto o número de empresas mineiras que implementou inovações de produto representa
17,92% do total de empresas inovadoras de produto, na região Sudeste, esta variável
representa 9,63% das empresas brasileiras que implementaram inovações de produto. Quanto
às empresas que implementaram inovação de processo, esses dados são 20,50% e 10,54%,
respectivamente.
Quanto às varáveis quantitativas, os dispêndios realizados pelas empresas mineiras
inovadoras nas unidades inovativas atingiu o valor de R$ 3,08 bilhões no período 2003-2005.
Este valor representa 11,94% dos dispêndios realizados pelas empresas inovadoras do Sudeste
90
em atividades inovativas e 8,95% dos dispêndios em atividades inovativas das empresas
brasileiras. Já a receita líquida de vendas das empresas inovadoras do estado foi de R$ 101,85
bilhões no mesmo período. Em relação ao Sudeste e ao Brasil, este valor foi de 11,84% e
8,21%, respectivamente.
O dispêndio médio das empresas mineiras inovadoras nas atividades inovativas foi de
R$ 1,74 bilhões, valor que equivale a 72,24% do dispêndio médio das empresas do Sudeste.
Por outro lado, tal dispêndio referente a Minas Gerais é 0,86% maior do que aquele verificado
no Brasil. Já a receita líquida média de vendas das empresas de Minas Gerais atingiu o valor
de R$ 57,51 bilhões, sendo este 71,68% do valor da receita líquida de vendas média quando
analisadas empresas de todos os estados da região sudeste e 92,48% quando analisados os 13
estados brasileiros selecionados pela PINTEC.
A Tabela 28 procura identificar se há diferença de opinião quanto ao grau de
importância das atividades inovativas desenvolvidas pelas empresas inovadoras. Esta
pergunta é respondida pelas empresas mineiras e pelas empresas de todo o Brasil.
É possível notar que tanto empresas inovadoras mineiras quanto as dos outros 13 estados
selecionados do Brasil consideram a aquisição de máquinas e equipamentos como altamente
importante. Este tipo de atividade inovativa foi qualificado como de alta importância para
68,25% das empresas mineiras e para 65,33% das brasileiras.
Análise similar foi feita sobre o grau de importância do impacto causado, como mostrado
na Tabela 29. Neste sentido, a melhoria da qualidade dos produtos foi o item mais vezes
considerado como de alta importância, com 48,86% para empresas inovadoras de Minas Gerais e
50,43% para as empresas inovadoras de todo o Brasil.
91
Tabela 28- Empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas realizadas, Brasil e Minas Gerais.
2005.
Atividades Inovativas Desenvolvidas
Minas Gerais Brasil
Alta
Média Baixe e não realizou
Total*
Alta
Média Baixa e não
realizou Total*
Absoluto Relativo (%)
Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Aquisição de máquinas e equipamentos
Treinamento Projeto industrial e outras preparações técnicas Introdução das inovações tecnológicas no mercado Atividades internas de pesquisa e desenvolvimento
Aquisição de software Aquisição de outros conhecimentos externos Aquisição externa de pesquisa e desenvolvimento
2186
1273
811
446
351
300
176
69
68,25
39,76
25,33
13,93
10,97
9,37
5,49
2,15
505
508
352
294
86
64
143
28
15,78
15,85
11,00
9,19
2,68
2,00
4,47
0,87
511
1422
2039
2462
2766
2839
2883
3106
15,97
44,39
63,67
76,88
86,36
88,64
90,04
96,99
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
19844
13572
7871
5457
5040
3025
2238
1203
65,33
44,68
25,91
17,96
16,59
9,96
7,37
3,96
4868
4400
4098
3096
1011
1220
1079
304
16,02
14,48
13,49
10,19
3,33
4,02
3,55
1,00
5666
12405
18408
21825
24326
26132
27060
28870
18,65
40,84
60,60
71,85
80,08
86,02
89,08
95,04
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377 FONTE: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica do IBGE. 2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. * As colunas dos totais indicam o número de respostas para cada um dos itens, independentemente do grau de importância a eles associado.
92
Tabela 29 -Empresas que implementaram inovações, por grau de importância do impacto causado, Brasil, Minas Gerais, 2005.
Impacto Causado
Minas Gerais Brasil
Alta
Média Baixa e não realizou
Total*
Alta
Média Baixa
e não realizou
Total* Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%) Absoluto Relativo
(%)
Melhoria da qualidade dos produtos
Aumento da capacidade produtiva
Manutenção da participação da empresa no mercado
Ampliação da participação da empresa no mercado
Aumento da flexibilidade da produção
Redução dos custos de produção
Ampliação da gama de produtos ofertados
Redução dos custos do trabalho
Abertura de novos mercados Enquadramento em regulações relativas ao mercado interno Redução do impacto ambiental e em aspectos ligados à saúde e segurança
Redução do consumo de matéria-prima
Redução do consumo de energia Enquadramento em regulações relativas ao mercado externo
Redução do consumo de água
1 565
1 337
1 309
1 065
1 043
758
750
705
504
442
428
255
203
95
67
48,86
41,73
40,87
33,27
32,57
23,67
23,43
22,01
15,72
13,80
13,36
7,95
6,34
2,98
2,10
523
543
768
774
526
664
471
632
327
281
447
392
301
36
169
16,35
16,95
23,99
24,17
16,42
20,74
14,70
19,75
10,22
8,77
13,95
12,25
9,39
1,13
5,29
1 114
1 323
1 126
1 363
1 634
1 781
1 981
1 865
2 372
2 480
2 328
2 556
2 699
3 071
2 966
34,79
41,32
35,14
42,56
51,01
55,60
61,87
58,24
74,06
77,43
72,69
79,80
84,27
95,89
92,61
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
3203
15 321
12 079
13 266
10 345
8 380
5 347
7 609
5 232
4 961
5 135
6 317
2 524
1 604
1 529
880
50,43
39,76
43,67
34,06
27,59
17,60
25,05
17,22
16,33
16,90
20,80
8,31
5,28
5,03
2,90
5 451
5 530
7 469
7 964
6 282
6 722
5 154
6 465
3 565
3 526
3 955
3 432
3 311
814
1 269
17,94
18,20
24,59
26,22
20,68
22,13
16,97
21,28
11,74
11,61
13,02
11,30
10,90
2,68
4,18
9 606
12 769
9 642
12 068
15 716
18 308
17 614
18 681
21 851
21 716
20 105
24 421
25 463
28 035
28 228
31,62
42,03
31,74
39,73
51,74
60,27
57,98
61,50
71,93
71,49
66,18
80,39
83,82
92,29
92,93
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377
30377 Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica do IBGE. 2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. * As colunas dos totais indicam o número de respostas para cada um dos itens, independentemente do grau de importância a eles associado.
93
As duas Tabelas seguintes dizem respeito ao pessoal ocupado nas atividades de pesquisa e
desenvolvimento. A Tabela 30 trata o grau de dedicação às atividades de P&D enquanto a Tabela
31 investiga o nível de qualificação destes funcionários.
Percebe-se pela Tabela 30 que, para Minas Gerais, 0,46% do número total de funcionários
ocupados em Pesquisa e Desenvolvimento em 31/12/2005, das empresas que realizaram
dispêndios em atividades de P&D, estavam em regime de dedicação exclusiva enquanto 0,23%
estavam em regime de dedicação parcial. Para as empresas da região Sudeste, essas proporções
são 0,89% e 0,27%, respectivamente.
Tabela 30- Empresas, total e as que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D, Brasil, Sudeste e Minas Gerais, 2005.
Número de pessoas ocupadas em P&D Número de pessoas ocupadas em 31.12**
Com dedicação exclusiva
Com dedicação parcial
Total*
Absoluto Relativo (%)
Absoluto Relativo (%)
Absoluto Relativo (%)
Minas Gerais
Sudeste Brasil
2 433
30 568 42 535
0,46
0,89 0,70
1229
9405 15913
0,23
0,27 0,26
2 820
33 550 47 628
0,54
0,97 0,78
524994
3448 546 6 068 149
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica do IBGE. 2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
*Total de pessoas ocupadas em dedicação plena nas atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, obtido a partir da soma do número de pessoas em dedicação exclusiva e do número de pessoas em dedicação parcial, ponderado pelo percentual médio de dedicação.
**Número de pessoas ocupadas em 31.12, estimado a partir dos dados da amostra da Pesquisa Industrial Anual - Empresa 2005 e da Pesquisa Anual de Serviços 2005.
A Tabela 31 mostra os dados de Minas Gerais, Sudeste e Brasil referentes ao total e ao
percentual do pessoal ocupado nas atividades internas de P&D de acordo com o nível de
qualificação (nível superior, dividido em graduados e pós-graduados, nível médio e outros). Os
dados da PINTEC mostram que enquanto 9,24% dos trabalhadores de empresas inovadoras
mineiras que estão ocupados nas atividades internas de P&D possuem pós-graduação, 9,82% do
pessoal ocupado em empresas do Sudeste possuem este nível de qualificação e para os estados
brasileiros selecionados esta proporção é 9,09%.
A participação de graduados no total da mão de obra empregada nas atividades internas de
P&D em empresas mineiras é de 36,23%, enquanto que para empresas do Sudeste e do Brasil as
94
proporções observadas são 50,78% e 48,86%, respectivamente. Trabalhadores com nível médio
de qualificação representam 41,10% da mão de obra empregada nas atividades inovativas das
empresas inovadoras mineiras. Este percentual é de 29,54% para o Sudeste e 31,10% para o
Brasil.
A Tabela 31 mostra ainda que a participação percentual do pessoal ocupado nas
atividades de P&D das empresas inovadoras mineiras é 8,41% do total da região Sudeste e 5,92%
do total do Brasil.
Tabela 31 - Pessoas ocupadas nas atividades internas de P&D das empresas que implementaram inovações, por nível de qualificação, Brasil, Sudeste e Minas Gerais, 2005.
Nível superior
Nível médio
Outros
Total Geral
Total de MG relativo ao Sudeste e Brasil
Total
% Pós- graduados
%
Graduados
%
Absoluto Relativo (%)
Absoluto Relativo (%)
Minas Gerais
Sudeste Brasil
1 282
20 329 27 599
45,47
60,59 57,95
261
3 294 4 330
9,24
9,82 9,09
1 022
17 036 23 269
36,23
50,78 48,86
1 159
9 912 14 812
41,10
29,54 31,10
379
3 308 5 217
13,43
9,86 10,95
2 820
33 550 47 628
100,00
8,41 5,92
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica do IBGE. 2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
Em relação ao apoio governamental, a Tabela 32 apresenta o número de empresas
inovadoras beneficiadas, por tipo de programa.
Para programa de incentivo fiscal à Pesquisa e Desenvolvimento, foram beneficiadas 21
empresas mineiras, 101 empresas da região Sudeste e 207 do Brasil sendo que a participação
relativa dessas empresas beneficiadas no total de empresas que implementaram inovações é
0,64%, 0,63% e 0,68% respectivamente. A coluna financiamento à compra de máquinas e
equipamentos utilizados para inovar aponta que 368 (11,48%) empresas inovadoras mineiras
participaram desse programa de apoio governamental.
A Tabela 32 ainda apresenta o número de empresas beneficiadas pela Lei da informática,
por financiamento a projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos de pesquisa
e outros programas de apoio. Para tais programas, não foi encontrada significativa diferença na
95
proporção de empresas inovadoras beneficiadas quando comparadas empresas mineiras com
empresas do Sudeste e empresas dos 13 estados selecionados pela PINTEC(2005).
Tabela 32 - Empresas que implementaram inovações, total e que receberam apoio do governo por tipo de programa de apoio, Brasil, Sudeste e Minas Gerais, 2003 - 2005.
Número de empresas que receberam apoio do governo, por tipo de programa
Total empresas
que implement
aram inovações
Incentivo fiscal Financiamento Outros
programas de apoio
Total
P&D (1)
Lei da informática (2)
A projetos de pesquisa em parceria c/universidades e institutos de pesquisa
À compra de máquinas
e equipamentos utilizados para inovar
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) Minas Gerais 21 0,64 35 1,09 35 1,10 368 11,48 191 5,97 596 18,61 3 203 Sudeste 101 0,63 209 1,30 179 1,11 1 888 11,77 916 5,71 2 831 17,65 16 040 Brasil 207 0,68 324 1,07 378 1,24 3 757 12,37 1 990 6,55 5 817 19,15 30 377 Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica do IBGE. 2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
4.3. A Dinâmica das Empresas Inovadoras Mineiras ao Longo do Tempo
O objetivo deste tópico é realizar uma breve análise temporal comparando os dados
relativos as PINTECs 2001-2003 e 2003-2005 para o estado de Minas Gerais. É necessário
ressaltar que a PINTEC está atualmente em sua terceira edição, e por ser uma pesquisa
relativamente nova ainda encontra-se em processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento.
A primeira destas três edições foi realizada durante o triênio 1998-2000. Optou-se por
excluir esta edição da presente análise pelo fato de não haver compatibilidade entre os setores.
Somente aqueles considerados nas duas pesquisas subseqüentes foram abordadas neste trabalho.
Ressalta-se ainda que, a edição de 2003 apresenta poucos setores dentro da análise
regional da pesquisa. Isto limita o presente trabalho a apenas estes setores desagregados. Apenas
as Tabelas 33a e 33b apresentam um maior número de setores desagregados em ambos os
períodos.
96
Vale observar também os dados considerados em “outros”. A PINTEC (2003) apresentava
muitos setores dentro de “outros”. A PINTEC (2005) apresentava muitos setores desagregados e
fora de tal agrupamento. Ao estabelecer para a análise apenas os 4 setores desagregados
(indústrias extrativas, fabricação de produtos alimentícios, fabricação de produtos minerais não
metálicos e produtos siderúrgicos) que coincidiam entre as referidas edições, igualaram-se os
setores incluídos no item “outros” de ambas.
A Tabela 33a mostra os dados dos períodos de 2001-2003 e 2003-2005 referentes à
quantidade de empresas inovadoras, separadas por setor, que implementaram inovações. Estas
empresas são distinguidas de acordo com três características: inovação de produto e/ou processo,
apenas projetos incompletos e/ou abandonados e apenas mudanças estratégicas e organizacionais.
Além disso, essa Tabela mostra a receita líquida de vendas de cada setor e os dispêndios totais
realizados pelas empresas que os compõem em atividades inovativas dentro do setor de P&D das
mesmas.
97
Tabela 33a - Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Atividades das
indústrias extrativas e de
transformação
Empresas 2001-2003 2003 2003-2005 2005
Total
Que implementaram (1) Receita
líquida de
vendas (1 000 R$)
(2)
Dispêndios realizados pelas empresas inovadoras nas atividades inovativas (3)
Total
Que implementaram (1) Receita líquida
de vendas
(1 000 R$) (2)
Dispêndios realizados pelas empresas inovadoras nas atividades inovativas (3)
% P&D nos gastos totais
Inovação de produto
e/ou processo
Apenas projetos incompletos
e/ou aban- donados
Apenas mudanças estratégicas
e organiza- cionais
Total
Atividades internas de Pesquisa e
Desenvolvimento
% P&D nos
gastos totais
Inovação de produto
e/ou processo
Apenas projetos incompletos
e/ou aban- donados
Apenas mudanças estratégicas
e organiza- cionais
Total
Atividades internas de Pesquisa e
Desenvolvimento Número
de empresas
Valor (1 000 R$)
Número
de empresas
Valor (1 000 R$)
Número
de empresas
Valor (1 000 R$)
Número
de empresas
Valor (1 000 R$)
Total Minas Gerais
Indústrias extrativas Fabricação de produtos alimentícios Fabricação de produtos têxteis
Confecção de artigos do vestuário e acessórios Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados Fabricação de produtos de madeira
Fabricação de produtos químicos
Fabricação de produtos farmacêuticos
Fabricação de artigos de borracha e plástico
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos
Produtos siderúrgicos
Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição Fabricação de produtos de metal Fabricação de máquinas e equipamentos Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos
Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações Fabricação de artigos do mobiliário Outras *
10 028
436 1 740
471
1 748
675 217
405
71
357
714
90
160 794 385
15
185
4 444
1 118
3 503
115 463 234
562
242 101
132
61
184
185
35
21 240 227
2
100
4 302 293
286
4 20 34
57
- -
6
3
25
-
3
8 40 15
-
-
- 19 53
3 926
112 681 128
847
418 108
119
1
78
328
46
32 267 118
4
81
- 113 446
68 596 655
2546 096 9570 564 2822 985
778 426
1508 044 137 491
2220 892
726 127
916 467
4220 228
15946 674
4099 517 2500 073 4279 191
101 618
989 017
26 402 622 659
14584 187
2 459
81 217 157
354
204 48
119
54
173
162
32
21 206 155
2
79
4 219 173
1 680 593
80 205 141 726 17 789
24 610
25 989 1 669
49 536
29 667
37 531
177 107
291 694
64 312 42 369 68 422
(x)
22 919
1 560 30 292
573 196
410
3 28 29
-
5 1
36
24
38
7
5
6 69 59
2
7
4 7
79
239 784
5 731 5 625 3 361
-
1 181 (x)
7 687
9 026
727
10 428
33 375
3 216 828
6 753
(x)
1 861
892 1 822
147 272
14,3
7,1 4,0
18,9
-
4,5 -
15,5
30,4
1,9
5,9
11,4
5,0 2,0 9,9
-
8,1
57,2 6,0
25,7
10 861
414 1 833
535
1 875
772 380
437
82
222
817
89
113 930 417
17
118
11 806 992
3 203
92 518 186
476
313 91
116
48
28
156
39
54 265 195
5
28
7 255 333
267
31 10 7
3
78 7
33
-
2
-
-
1 6 -
1
-
- 32 55
4 066
130 505 280
984
223 158
159
16
96
344
27
25 278 154
11
27
1 380 272
101851256
5169732 10596052 1755802
1299626
1199119 403794
3347871
497095
1244314
3463318
34223460
4721557 4122831 5829070
135996
1477288
117416 1069739 21177177
1 771
51 275 69
214
188 8
74
33
21
139
29
53 145 149
4
23
3 123 171
3 080 678
86 891 306 051 63 034
21 055
16 799 30 768
64 716
55 782
13 594
231 868
598 674
448 146 32 930
106 838
8 770
20 774
430 19 408 954 147
344
2 49 33
5
2 1
41
15
3
13
11
16 24 66
3
7
3 5
43
456 218
(x) 6 450
13 243
433
(x) (x)
15 150
14 020
285
21 802
75 306
10 350 1 106
23 173
6 588
2 819
199 400
264 893
14,8
- 2,1
21,0
2,1
- -
23,4
25,1
2,1
9,4
12,6
2,3 3,4
21,7
75,1
13,6
46,3 2,1
27,8 Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica 2003 e Pesquisa de Inovação Tecnológica 2005. ND - Não disponível
(1) Nos períodos pesquisados foram consideradas as empresas que implementaram roduto e/ou rocesso tecnologicamente novo ou substancialmente a rimorado que desenvolveram pro etos ue foram abandonados ou ficaram incompletos, e que realizaram mudanças organizacionais. (2) Receita líquida de vendas de produtos e servi os, estimada a partir dos dados das amostras da Pesquisa Industrial Anual - Empresa 2003 e 2005. (3) Foram consideradas as em resas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
(*) As cnaes que fazem parte de outras são: Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel, Edição, impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus, Fabricação de cabines, carrocerias,
reboques e recondicion m n d motores, Fabr ação e peças e aces órios para veículos, Fabric ção de outr s equi amentos de transporte, Fabricação de produtos diversos e Reciclagem.
98
Tabela 7b. - Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação (em variações percentuais)
Tabela 33b - Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação em variações percentuais
Atividades das
indústrias extrativas
e de
transformação
Empresas
% P&D nos
gastos totais
Variação da participação percentual (2003-2005) Variação da participação percentual (2003-2005)
Total
Que implementaram (1) Receita
líquida
de
vendas
(1 000 R$)
(2)
Dispêndios realizados pelas empresas
inovadoras nas atividades inovativas (3) Inovação
de
produto
e/ou
processo
Apenas
projetos
incompletos
e/ou aban-
donados
Apenas
mudanças
estratégicas
e organiza-
cionais
Total Atividades internas de
Pesquisa e Desenvolvimento Número
de
empresas
Valor
(1 000 R$) Número
de
empresas
Valor
(1 000 R$) Total Minas Gerais
Indústrias extrativas
Fabricação de produtos alimentícios
Fabricação de produtos têxteis
Confecção de artigos do vestuário e acessórios
Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro,
artigos de viagem e calçados
Fabricação de produtos de madeira
Fabricação de produtos químicos
Fabricação de produtos farmacêuticos
Fabricação de artigos de borracha e plástico
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos
Produtos siderúrgicos
Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição
Fabricação de produtos de metal
Fabricação de máquinas e equipamentos
Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos
de informática
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos
Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações
Fabricação de artigos do mobiliário
Outras *
8,30
(12,3)
(2,7)
4,7
(1,0)
5,6
61,7
(0,2)
7,7
(42,6)
5,7
(9,1)
(34,7)
8,1
(0,0)
6,5
(41,2)
162,7
67,7
(18,1)
(8,59)
(12,6)
22,4
(13,3)
(7,4)
41,4
(2,2)
(3,9)
(14,5)
(83,2)
(8,1)
21,9
177,9
20,9
(5,9)
260,0
(69,2)
92,6
(7,8)
24,2
(6,80)
712,8
(44,4)
(76,9)
(94,6)
-
-
505,8
-
(89,8)
-
-
(85,8)
(83,3)
-
-
-
-
78,0
12,5
3,57
12,5
(28,4)
111,5
12,1
(48,5)
40,8
28,7
984,0
18,6
1,3
(43,3)
(26,1)
0,3
25,8
192,2
(68,5)
-
223,8
(41,1)
48,48
36,8
(25,4)
(58,1)
12,4
(46,4)
97,8
1,5
(53,9)
(8,6)
(44,7)
44,5
(22,4)
11,1
(8,3)
(9,9)
0,6
199,5
15,7
(2,2)
(27,98)
(13,0)
75,7
(39,0)
(16,0)
27,9
(78,3)
(13,1)
(14,8)
(83,2)
19,8
23,2
246,2
(2,7)
33,3
263,3
(60,4)
23,4
(21,6)
37,0
83,31
(40,9)
17,8
93,3
(53,3)
(64,7)
905,5
(28,7)
2,6
(80,2)
(28,6)
12,0
280,1
(57,6)
(14,8)
-
(50,6)
(84,9)
(65,0)
(9,2)
(16,01)
(20,6)
106,5
35,3
-
(48,3)
72,3
35,7
(26,6)
(89,3)
112,0
158,3
222,0
(58,2)
34,1
131,4
8,6
5,8
(19,0)
(35,0)
90,26
-
(39,7)
107,1
-
-
-
3,6
(18,4)
(79,4)
9,9
18,6
69,2
(29,8)
80,3
-
(20,4)
(88,3)
(88,5)
(5,5)
3,79
-
(46,9)
11,2
-
-
-
50,9
(17,4)
8,1
59,7
9,9
(53,8)
71,9
119,8
-
67,2
(19,0)
(65,7)
8,1
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de dados do IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria,Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica 2003 e Pesquisa de Inovação Tecnológica 2005. ND - Não disponível
(1) Nos períodos pesquisados, foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado, que desenvolveram projetos que foram
abandonados ou ficaram incompletos, e que realizaram mudanças organizacionais. (2) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados das amostras da Pesquisa Industrial Anual -
Empresa 2003 e 2005. (3) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
(*) As cnaes que fazem parte de outras são: Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel, Edição,
impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de equipamentos de
instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e
ônibus, Fabricação de cabines, carrocerias, reboques e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Fabricação de outros equipamentos de transporte, Fabricação de produtos
diversos e Reciclagem.
99
Por outro lado, a Tabela 33b mostra as taxas de crescimento das participações relativas
de cada item da Tabela 7a para as duas edições em estudo da PINTEC. Esta Tabela mostra a
variação dos gastos em P&D interno e nas demais atividades inovativas entre os dois
períodos. Com isso, é possível relacionar tal dado com as receitas líquidas das empresas de
forma a observar um pouco do impacto que o investimento em P&D possui no faturamento da
empresa.
De acordo com as Tabelas 33a e 33b, o número de empresas inovadoras em Minas
Gerais aumentou em 8,3%, passando de 10.028 para 10.861. Os aumentos mais significativos
foram nos setores de: fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações, que passou
de 4 para 11 empresas; fabricação de artigos do mobiliário, de 444 para 806; fabricação de
produtos de madeira, de 217 para 380; e fabricação de produtos farmacêuticos de 71 para 82.
Ainda de acordo com as Tabelas 33a e 33b, em Minas Gerais houve aumento no total
das empresas que apenas implementaram mudanças organizacionais e estratégicas, 3,57%,
passando de 3.926 para 4.066. Observam-se quedas nas variáveis que se referem à
implementação apenas de projetos incompletos e/ou abandonados, de 286 para 267, e
inovações de produto e/ou processo de 3.503 para 3.203. O aumento mais significativo entre
as empresas que realizam inovações de produto e/ou processo ocorreu em alguns setores mais
intensivos em tecnologia – como o de fabricação de máquinas para escritório e equipamentos
de informática, passando de 2 para 5 empresas, e de aparelhos e equipamentos de
comunicações, que passou de 4 para 7. Apesar do aumento significativo, tais setores possuem
uma participação no número de empresas inovadoras muito baixa, média de 0,15%.
Entre as empresas que declararam realizar apenas mudanças organizacionais e
estratégicas, aquelas do setor de produtos farmacêuticos apresentaram, de acordo com a
Tabela 33a, aumento expressivo passando de apenas 1 em 2003 para 16 em 2005. Outros
setores que também apresentaram aumentos expressivos foram: fabricação de artigos do
mobiliário, fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática e fabricação
de produtos têxteis. Os setores mais intensivos em tecnologia também apresentaram aumento
nesse quesito como o de fabricação de produtos químicos, passando de 119 para 159,
100
(expansão de 33,2%) e o de fabricação de máquinas e equipamentos, que passou de 118 para
154 (expansão de 30,3%).
Ainda na Tabela 33a, nota-se que, com relação aos dispêndios realizados pelas
empresas inovadoras em atividades inovativas, os setores mais intensivos em tecnologia são
os que possuem maior proporção dos gastos em P&D com relação aos gastos totais de suas
firmas em 31/12/2005. São eles: fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de
informática, 75,1%; fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações, 46,3%;
fabricação de produtos farmacêuticos, 25,1%; e fabricação de produtos químicos, 23,4%.
A Tabela 33b mostra ainda, que os setores que apresentaram um aumento significativo
na participação do gasto em P&D interno em relação ao gasto total foram: fabricação de
máquinas e equipamentos, 119,8%; fabricação de produtos de metal, 71,9%; fabricação de
máquinas, aparelhos e materiais elétricos, 67,2%. Em todos esses setores houve também
aumento da receita líquida de vendas de um período a outro. Apenas nos setores de fabricação
de produtos têxteis, fabricação de produtos farmacêuticos, de preparação de couros e
fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados e de fabricação de produtos de
minerais não metálicos houve queda na receita líquida de vendas. Entre estes, os setores de
fabricação de produtos têxteis e o de fabricação de produtos de minerais não metálicos
apresentaram um aumento na proporção de gastos com P&D das firmas.
Como previamente mencionado, as demais Tabelas da PINTEC de 2003 e 2005 só
permitem uma comparação entre alguns setores devido à falta de dados desagregados no
período 2001-2003 (que estão agregados como outros na Tabela). São eles: indústria
extrativa, fabricação de produtos alimentícios, fabricação de produtos de minerais não-
metálicos e de produtos siderúrgicos.
A Tabela 34 compreende o número de empresas que implementaram inovações em
produtos e processos e se implementaram inovações com projetos incompletos e/ou
abandonados e se não implementaram inovações com projetos incompletos e/ou abandonados.
101
Tabela 8 - Empresas, total e as que implementaram inovações e/ou com projetos, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação. Minas Gerais. 2003/2005.
Empresas
Tabela 34 - Empresas, total e as que implementaram inovações e/ou com projetos, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação, 2001-2003 e 2003 – 2005.
Ano
Atividades das
indústrias extrativas
e de
transformação
Total
Que implementaram inovações de Que implementaram inovações Que não implementaram inovações
Total Produto Processo
Produto
e
processo
% Com projetos Com projetos
%
Total
%
Novo
para
a
empresa
%
Novo
para o
mercado
nacional
%
Total
%
Novo
para
a
empresa
%
Novo
para o
mercado
nacional
%
Total
Incom-
pletos
%
Abando-
nados
%
Ambos
%
Total
Incom-
pletos
%
Abando-
nados
%
Ambos
%
2003
2005
2003
2005
2003
2005
2003
2005
2003
2005
2003
2005
Total Minas Gerais
Indústrias extrativas
Fabricação de produtos alimentícios
Fabricação de produtos de minerais não metálicos
Produtos siderúrgicos
Outros (*)
10 028
10 861
436
414
1 740
1 833
714
817
90
89
7 045
7 707
3 503
3 203
115
92
463
518
185
156
35
39
2 703
2 399
34,94
29,49
26,35
22,22
26,60
28,26
25,96
19,09
38,38
43,82
38,36
31,13
2 248
1 713
31
23
284
372
111
37
15
20
1 803
1 261
64,16
53,49
27,06
25,00
61,38
71,81
60,10
23,72
42,91
51,28
66,72
52,56
2 091
1 578
31
21
284
361
108
34
9
13
1 656
1 149
93,01
92,10
100,00
91,30
100,00
97,04
97,31
91,89
57,35
65,00
91,86
91,12
171
167
-
3
1
17
3
4
7
10
157
134
0,08
0,10
-
0,13
0,00
0,05
0,03
0,11
0,49
0,50
0,09
0,11
2 875
2 583
109
92
318
375
178
147
34
37
2 233
1 933
82,07
80,65
94,93
100,00
68,72
72,39
96,25
94,23
97,11
94,87
82,62
80,58
2 842
2 512
108
88
316
371
173
139
29
33
2 213
1 882
98,85
97,27
99,08
95,65
99,38
98,93
97,15
94,56
85,14
89,19
99,10
97,36
53
117
1
5
4
4
6
9
6
6
34
93
1,84
4,53
0,92
5,43
1,26
1,07
3,41
6,12
17,84
16,22
1,51
4,81
1 619
1 093
25
23
139
230
104
28
14
18
1 333
795
46,22
34,13
21,99
25,00
30,10
44,40
56,36
17,95
40,02
46,15
49,34
33,14
706
473
34
22
99
117
51
15
9
13
511
306
499
358
33
20
53
107
49
7
7
7
355
216
70,68
75,73
97,04
90,91
53,51
91,45
96,11
46,67
77,79
53,85
69,48
70,59
65
60
-
-
5
1
-
7
1
3
59
49
9,15
12,65
-
-
5,05
0,85
-
46,67
11,10
23,08
11,48
16,01
142
55
1
2
41
8
2
1
1
2
97
42
20,16
11,61
2,96
9,09
41,44
6,84
3,89
6,67
11,10
15,38
19,04
13,73
286
267
4
31
20
10
-
-
3
-
259
226
233
168
4
31
20
7
-
-
3
-
206
130
81,33
62,82
100,00
100,00
100,00
70,00
-
-
100,00
-
79,40
57,52
51
97
-
-
-
4
-
-
-
-
51
93
17,71
36,21
-
-
-
40,00
-
-
-
-
19,54
41,15
3
3
-
-
-
-
-
-
-
-
3
3
0,96
0,97
-
-
-
-
-
-
-
-
1,06
1,33 Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. 2003/2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
(*) As cnaes que fazem parte de outras são: Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo,Fabricação de produtos têxteis, Confecção de artigos do vestuário e acessórios, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel, Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados,
Fabricação de produtos de madeira, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel,Edição, impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fabricação de produtos químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos de
borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos Refino de petróleo, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de produtos químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos de borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos de metal, Fabricação de
máquinas e equipamentos, Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações, Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e óptico
ópticos , equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus, Fabricação de cabines, carrocerias, reboques e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Fabricação de outros equipamentos de transporte, Fabricação de artigos do
102
A Tabela 34 mostra que os setores de fabricação de produtos alimentícios e de
produtos siderúrgicos apresentaram aumento no total de empresas que implementaram
inovações tanto de produto, passando de 284 para 372 e 15 para 20, respectivamente; quanto
de processo, passando de 318 para 375 e 34 para 37, respectivamente. Os demais setores –
indústrias extrativas e fabricação de produtos de minerais não metálicos – apresentaram queda
na quantidade de empresas que implementaram inovações em produto e processo. É
importante salientar, porém, que o número de empresas que implementaram inovações que
são novas para o mercado nacional, tanto de produto como de processo, apesar de ter crescido
em alguns setores, como os de industria extrativa e de fabricação de produtos de minerais não
metálicos, continua muito baixo em termos absolutos - apenas 117 em 2005 - tendo um peso
muito menor do que o peso que têm as inovações que são novas somente para a empresa em
relação ao número total de empresas que implementaram inovações.
Ainda de acordo com a Tabela 34 os setores de industria extrativa, fabricação de
produtos alimentícios e de fabricação de produtos de minerais não metálicos apresentaram
queda no número de empresas que não implementaram inovações com projetos incompletos,
abandonados ou ambos. A indústria extrativa foi a única exceção, aumentando de 4 para 31
empresas entre os dois períodos analisados.
A Tabela 35 capta o número de empresas por setor que implementaram atividades
inovativas. Estas estão classificadas por sua natureza e seu grau de importância.
103
Tabela 9 - Empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas desenvolvidas. Minas Gerais. 2003/2005.
Tabela 35 - Empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas desenvolvidas. Minas Gerais, 2001-2003 e 2003 – 2005.
Atividades das
indústrias extrativas
e de
transformação
Ano
Empresas que implementaram inovações
Total
Atividades inovativas desenvolvidas e grau de importância Atividades internas de Pesquisa
e Desenvolvimento Aquisição externa de Pesquisa
e Desenvolvimento Aquisição de outros
conhecimentos externos Aquisição de software Aquisição de máquinas
e equipamentos Treinamento Introdução das inovações
tecnológicas no mercado Projeto industrial e outras
preparações técnicas
Alta
Média Baixa
e não
realizou
Alta
Média
Baixa
e não
realizou
Alta
Média
Baixa
e não
realizou
Alta
Média
Baixa
e não
realizou
Alta
Média
Baixa
e não
realizou
Alta
Média
Baixa
e não
realizou
Alta
Média
Baixa
e não
realizou
Alta
Média
Baixa e
não
realizou Total Minas Gerais
Indústrias extrativas
Fabricação de produtos alimentícios
Fabricação de produtos de minerais não
metálicos
Produtos siderúrgicos
Outros (*)
2003
2005 2003 2005 2003 2005 2003 2005 2003 2005 2003
2005
3 503
3 203
115
92
463
518
185
156
35
39
2.703
2.399
417
351
2
3
25
45
7
21
4
8
376
274
40
86
1
3
6
11
-
2
2
3
31
66
3 047
2 766
112
85
432
461
178
133
29
28
2.295
2.059
72
69
-
3
5
3
2
1
1
5
63
57
18
28
-
-
1
4
1
1
1
2
14
21
3 414
3 106
115
89
457
511
182
154
33
32
2.626
2.320
273
176
3
2
73
89
8
22
3
5
184
58
112
143
-
3
7
-
-
5
2
2
102
133
3 119
2 883
112
87
383
429
177
128
29
31
2.417
2.208
-
300
-
14
-
15
-
4
-
8
-
258
-
64
-
3
-
2
-
2
-
3
-
54
-
2 839
-
75
-
500
-
150
-
28
-
2.086
2 296
2 186
63
90
240
400
131
89
32
33
1.827
1.574
509
505
51
2
48
49
25
61
2
3
384
390
699
511
1
-
176
68
29
6
1
3
492
435
1 391
1 273
60
67
177
193
37
26
21
26
1.094
961
286
508
3
4
57
125
13
-
6
4
206
374
1 827
1 422
52
21
229
200
135
129
8
8
1.403
1.063
304
446
32
4
34
119
16
1
1
7
221
316
226
294
-
12
45
84
12
8
2
2
167
188
2 973
2 462
83
75
384
315
158
146
32
30
2.315
1.895
803
811
1
34
47
116
93
26
9
16
650
620
371
352
-
15
18
73
3
9
7
7
344
248
2 329
2 039
114
43
398
328
89
121
18
16
1.709
1.531 Fonte: Elabração própria a partir da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. 2003/2005. Nota: Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado.
(*) As cnaes que fazem parte de outras são: Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo,Fabricação de produtos têxteis, Confecção de artigos do vestuário e acessórios, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel, Preparação de couros e fabricação de artefatos de
couro, artigos de viagem e calçados, Fabricação de produtos de madeira, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel,Edição, impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fabricação de produtos
químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos de borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos Refino de petróleo, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de produtos químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos de
borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos de metal, Fabricação de máquinas e equipamentos, Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Fabricação de material eletrônico básico,
Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações, Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus, Fabricação de
carrocerias, reboques e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus , Fabricação de cabines, carrocerias, reboques
e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Fabricação de outros equipamentos de transporte, Fabricação de artigos do mobiliário e Fabricação de produtos diversos e Reciclagem.
104
Uma análise preliminar da Tabela 35 indica que, em geral, apenas um pequeno
número de empresas atribui grau de importância alto ou médio às diversas atividades inovativas. Ao
mesmo tempo, é muito grande o número de firmas que atribui grau de importância baixo a essas atividades
ou não as realizou no período considerado, sobretudo no que diz respeito às atividades relacionadas a P&D. A
grande exceção à regra ocorre quando a atividade inovativa é através da aquisição de máquinas e equipamentos.
Nesta, o número de empresas que atribuem a essas atividades um alto grau de importância é consideravelmente
maior do que aquelas que atribuem um baixo grau de importância.
Dentro das atividades das indústrias extrativa e de transformação, a Tabela 36a apresenta,
setorialmente, além do total geral de empresas e de pessoas ocupadas em 31.12, o total de empresas que
realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D, o número de pessoas ocupadas nestas empresas e, entre
estas pessoas, aquelas com dedicação exclusiva ou parcial em tais atividades. A Tabela também apresenta,
setorialmente, as participações relativas: 1) do total de empresas que realizaram dispêndios nas atividades
internas de P&D sobre o total geral de empresas por setor; 2) das pessoas ocupadas em P&D com dedicações
exclusiva ou parcial sobre o total geral de pessoas ocupadas em P&D.
A Tabela 36b, por outro lado, apresenta as variações percentuais que houve entre as participações
relativas apresentadas na Tabela 36a. Em outras palavras, esta Tabela mostra se houve aumento ou queda
relativa no total de empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D e no número de
pessoas ocupadas em P&D com dedicações exclusiva ou parcial em empresas das indústrias extrativa e de
transformação de Minas Gerais.
105
Tabela 36 a- Empresas, total e as que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D, com indicação do número de pessoas ocupadas, segundo as atividades das indústrias
extrativas e de transformação, Minas Gerais, 2001-2003 e 2003 - 2005.
Ano
Atividades das indústrias extrativas
e de transformação
Empresas
Total
Número de pessoas ocupadas em 31.12 (1)
Empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D
Total
% sobre o total de empresas
Número de pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento
Total
(2)
% sobre o número de pessoas ocupadas em
31.12
Com
dedicação exclusiva
% sobre o total de pessoas ocupadas em P&D
Com
dedicação parcial
% sobre o total de pessoas ocupadas em P&D
2003
2005 Total Minas Gerais 10 028
10 861 506 373
524994 410
344 4,08
3,17 2 150
2 820 0,42
0,54 1 377
2 433 64,05
86,26 2 052
1 229 95,47
43,56 2003
2005
Indústria extrativa 436
414 16 232
17066 3
2 0,03
0,02 72
57 0,01
0,01 46
29 2,14
1,03 52
56 2,42
1,99 2003
2005 Fabricação de produtos alimentícios
1 740
1 833 71 807
80841 28
49 0,28
0,45 98
145 0,02
0,03 70
103 3,26
3,67 98
119 4,54
4,23 2003
2005 Fabricação de produtos de minerais não metálicos
714
817 32 545
31481 7
13 0,07
0,12 120
163 0,02
0,03 117
143 5,43
5,06 18
62 0,84
2,19 2003
2005 Produtos siderúrgicos 90
89 47 051
40010 5
11 0,05
0,10 247
349 0,05
0,07 213
326 9,92
11,55 127
154 5,91
5,46 2003
2005 Outros * 7048
7707 338738
355596 366
268 3,64
2,47 1613
2107 0,32
0,40 931
1832 43,30
64,95 1758
837 81,77
29,69 Fonte: Elaboração própria a partir da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. 2003/2005.
(*)As CNAE´S que fazem parte de outros são:Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo, Fabricação de produtos têxteis, Confecção de artigos do vestuário e acessórios, Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados, Fabricação de produtos de madeira, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel, Edição, impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fabricação de produtos químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos de borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos de metal, Fabricação de máquinas e equipamentos, Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações, Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de cabines, carrocerias, reboques e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Fabricação de outros equipamentos de transporte, Fabricação de artigos do mobiliário, Fabricação de produtos diversos, Reciclagem, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus.
Tabela 36b- Empresas, total e as que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D, com indicação do número de pessoas ocupadas, segundo as atividades das indústrias
extrativas e de transformação (variação % entre 2003 e 2005), Minas Gerais 2003 - 2005.
Atividades das indústrias extrativas
e de transformação
Empresas Empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de
P&D
Total
Número de pessoas ocupadas em P&D
Total Com dedicação exclusiva
Com dedicação parcial
Total Minas Gerais Indústria extrativa Fabricação de produtos alimentícios Fabricação de produtos de minerais não metálicos Produtos siderúrgicos Outros *
(22,45) (38,45) 60,13
64,41
100,31 (32,24)
26,53 (23,64) 41,90
31,07 36,16 26,02
34,67 (51,94) 11,14
(6,73) 16,38 50,00
(54,37) (17,91) (6,70)
161,75 (7,57)
(63,69) Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. 2003/2005.
106
Com relação ao total de empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de
P&D, a Tabela 36b nos mostra que Minas teve uma queda significativa da ordem de 22,45%.
A indústria extrativa apresentou queda de 38,45%, passando de 72 para 57 empresas.
Dentro das atividades das indústrias extrativa e de transformação, a Tabela 37a
apresenta, setorialmente, o total absoluto de pessoas com nível superior (pós-graduados e
graduados), médio e outros níveis de qualificação ocupadas nas atividades internas de P&D
em empresas no Estado de Minas Gerais que implementaram inovações. A Tabela também
apresenta, setorialmente, as participações relativas de cada nível de qualificação sobre os
totais, também por nível de qualificação, do Estado.
A Tabela 37b, por outro lado, apresenta as variações percentuais que houve entre as
participações relativas apresentadas na Tabela 11a. Em outras palavras, esta Tabela mostra se
houve aumento ou queda relativa no número de pessoas ocupadas nas atividades internas de
P&D em empresas das indústrias extrativa e de transformação de Minas Gerais que
implementaram inovações.
A Tabela 37a mostra que em quase todos os setores e, conseqüentemente no estado, o
número de pós-graduados ocupados nas atividades internas de P&D decresceu. Na indústria
extrativa o número de pessoas com esse nível de formação passou de 21 em 2003 para 7 em
2005. E no setor de fabricação de produtos alimentícios cai de 9 para 5 pós-graduados
ocupados em P&D, de 2003 para 2005.
Por outro lado, o número de graduados ocupados nas atividades internas de P&D
aumentou em todos os setores. Podemos destacar o setor de produtos siderúrgicos que passou
de 50 para 94 pessoas graduadas empregadas em P&D.
O número de pessoas com nível médio ocupadas nas atividades internas de P&D
cresceu em todos os setores. Destacam-se os setores de fabricação de produtos de minerais
não metálicos e o setor siderúrgico que passaram, respectivamente, de 41 para 70 e de 91 para
131 pessoas de nível médio ocupadas em P&D.
No que diz respeito ao total de pessoas ocupadas em P&D, a Tabela 37b nos mostra
também que todos os setores analisados apresentaram um aumento entre 20 e 36% com
exceção da indústria extrativa, que apresentou uma queda de 23,64%. Minas Gerais teve um
aumento de 34,67% no número de pessoas ocupadas em P&D com dedicação exclusiva ao
mesmo tempo que sofreu uma queda de 54,37% no número de pessoas com dedicação parcial.
Isto poderia indicar um deslocamento do regime de dedicação parcial para um de dedicação
107
exclusiva no estado. Os setores de fabricação de produtos alimentícios, fabricação de produtos
de minerais não metálicos e o de produtos siderúrgicos, todos, apresentaram um
aumento no número de pessoas ocupadas em P&D com dedicação exclusiva e com
dedicação parcial. O setor de fabricação de produtos de minerais não metálicos
se destaca pelo aumento considerável no número de pessoas ocupadas em P&D com
dedicação parcial, passando de 18 para 62 pessoas.
Tabela 37a- Pessoas ocupadas nas atividades internas de P&D das empresas que
implementaram inovações, por nível de qualificação, segundo atividades das indústrias extrativas e de transformação (valores absolutos e participações relativas), Minas Gerais, 2003 - 2005.
Ano
Atividades das
indústrias extrativas e de transformação
Pessoas ocupadas nas atividades de P&D das empresas que implementaram inovações, por nível de qualificação
Nível superior Nível médio
%
Outros
%
Total Pós- graduados
% Graduad os
%
2003
2005
2003
2005
2003
2005
2003
2005
2003
2005
2003
2005
Total Minas Gerais
Indústria extrativa
Fabricação de produtos alimentícios
Fab.de produtos de minerais não metálicos
Produtos siderúrgicos
Outros *
1 031
1 282
29
26
54
70
47
53
109
164
792
969
249
261
21
7
9
5
15
15
60
70
144
163
24,14
20,33
2,04
0,55
0,90
0,42
1,45
1,19
5,79
5,46
13,96
12,72
782
1 022
8
19
45
65
32
38
50
94
648
806
75,86
79,67
0,78
1,48
4,35
5,05
3,09
2,96
4,83
7,34
62,81
62,83
774
1 159
30
31
41
44
41
70
91
131
570
883
100,00
100,00
3,88
2,67
5,33
3,81
5,29
6,03
11,83
11,31
73,68
76,17
345
379
13
-
3
30
32
40
46
53
251
255
100,00
100,00
3,77
-
0,88
8,02
9,27
10,48
13,33
14,10
72,75
67,39
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir a partir da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. 2003/2005. ( * ) As CNAEs que fazem parte de outros são: Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo, Fabricação de produtos têxteis, Confecção de artigos do vestuário e acessórios, Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados, Fabricação de produtos de madeira, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel, Edição, impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fabricação de produtos químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos de borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos de metal, Fabricação de máquinas e equipamentos, Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações, Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos,equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de cabines, carrocerias, reboques e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Fabricação de outros equipamentos de transporte Fabricação de artigos ,do mobiliário, Fabricação de produtos diversos, Reciclagem, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus.
108
Tabela 37b - Pessoas ocupadas nas atividades internas de P&D das empresas que implementaram inovações, por nível de qualificação, segundo atividades das indústrias extrativas e de transformação (valores percentuais das participações relativas). Minas Gerais
2003 - 2005.
Atividades das indústrias extrativas e de transformação
Pessoas ocupadas nas atividades de P&D das empresas que implementaram inovações, por nível de qualificação
Nível superior Nível médio
Outros
Total Pós-graduados Graduados Total Minas Gerais
Indústria extrativa Fabricação de produtos alimentícios Fabricação de produtos de minerais não metálicos
Produtos siderúrgicos
Outros *
24,38
(10,35)
29,65
13,47
49,96
22,40
(15,77)
(73,20)
(53,44)
(18,44)
(5,65)
(8,88)
5,02
90,94
16,15
(4,22)
51,96
0,03
0,00
(31,03)
(28,48)
14,03
(4,38)
3,39
0,00
-
813,88
13,06
5,79
(7,37)
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. 2003/2005. ( * ) As CNAE´S que fazem parte de outros são: Fab. de bebidas, Fab. de produtos do fumo, Fab. de produtos têxteis, Confecção de artigos do vestuário e acessórios, Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados, Fab. de produtos de madeira, Fab. de celulose e outras pastas, Fab. de papel, embalagens e artefatos de papel, Edição, impressão e reprodução de gravações, Fab. de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fab. de produtos químicos, Fab. de produtos farmacêuticos, Fab. de artigos de borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fab. de produtos de metal, Fab. de máquinas e equipamentos, Fab. de máquinas para escritório e equipamentos de informática, Fab. de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Fab. de material eletrônico básico, Fab. de aparelhos e equipamentos de comunicações, Fab. de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fab. de cabines, carrocerias, reboques e recondicionamento de motores, Fab. de peças e acessórios para veículos, Fab. de outros equipamentos de transporte, Fab. de artigos do mobiliário, Fab. de produtos diversos, Reciclagem, Fab. de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus.
A Tabela 38 mostra o número de empresas que receberam apoio do governo entre
aquelas que implementaram inovações de produto ou processo. Entre os programas de apoio,
destacam-se incentivo fiscal, financiamento, entre outros. São considerados programas de
incentivo fiscal as Leis 8.661 e 10.332, que tratam do incentivo à pesquisa e desenvolvimento,
e as Leis 10.176 e 10.664, relativas à Lei da Informática. O financiamento pode ser destinado
a projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos de pesquisa ou à compra de
máquinas e equipamentos utilizados para inovar.
Em Minas Gerais, de acordo com dados da PINTEC 2003, das 3.503 empresas que
implementaram inovações de produto ou processo, 837 receberam apoio do governo, sendo
15 empresas no setor de indústria extrativa, 118 na fabricação de produtos alimentícios, 20 na
fabricação de produtos de minerais não metálicos e 10 no setor de produtos siderúrgicos. No
entanto, de acordo com a PINTEC 2005, o número de empresas que receberam apoio do
governo é 596 em todo o estado. Nos setores acima citados, são 19, 76, 13 e 11 empresas que
109
receberam apoio do governo, respectivamente. Em Minas Gerais, houve, portanto, um
aumento no número de empresas que receberam apoio governamental nos setores de indústria
extrativa e de produtos siderúrgicos; e queda nos setores de fabricação de produtos
alimentícios e de fabricação de produtos de minerais não metálicos.
O principal tipo de programa de apoio governamental é o financiamento à compra de
máquinas e equipamentos utilizados para inovar. Mesmo sendo o principal tipo de apoio em
termos absolutos, de 2003 para 2005, houve uma queda no número de empresas que
receberam esse tipo de apoio no setor de fabricação de produtos alimentícios passando de 115
para 32. Esta queda também pode ser verificada no setor de fabricação de produtos minerais
não metálicos, de 19 para 11 empresas. Nota-se aumento do apoio governamental neste item
para a indústria extrativa, que passou de 15 para 18 empresas apoiadas, e no setor siderúrgico
que passou de 5 para 6.
Deve-se destacar que apenas 1,20% das empresas inovadoras do estado beneficiaram-
se com programas de financiamento a projetos de pesquisa em parceria com universidades e
institutos de pesquisa em 2003, número que se manteve praticamente estável em 2005 caindo
para 1,09%. Ainda que a participação deste tipo de benefício seja pequena, nota-se um
aumento no número de empresas do setor de produtos siderúrgicos e que receberam
financiamento a projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos de pesquisa,
passando de 2 em 2003 para 4 em 2005.
Em relação a outros programas de apoio, houve um aumento do apoio para a indústria
de produtos alimentícios que passou de 11 para 37 empresas. Nota-se também expressiva
queda na indústria extrativa, que passou de 8 para apenas 1 empresa.
110
Atividades das indústrias extrativas
e de transformação
Ano
Empresas que implementaram inovações
Total
Que receberam apoio do governo, por tipo de programa
Total
Incentivo fiscal Financiamento
À Pesquisa e Desenvolvime
nto (1)
Lei da
informátic a
(2)
A projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos de pesquisa
À compra de equipamentos
utilizados para inovar
Outros programas de apoio
Total Minas Gerais 2003 2005
3 503 3 203
837 596
10 21
21 35
42 35
694 368
175 191
Indústria extrativa 2003 2005
115 92
15 19
- -
- -
- 1
15 18
8 1
Fabricação de produtos alimentícios 2003 2005
463 518
118 76
- 6
- 9
- -
115 32
11 37
Fabricação de produtos de minerais não metálicos
2003 2005
185 156
20 13
1 1
1 -
- -
19 11
1 1
Produtos siderúrgicos 2003 2005
35 39
10 11
5 6
- 1
2 4
5 6
4 4
Outros (*) 2003
2005 2 706
2 399 674
477 3
8 20
25 39
30 541
301 150
148
Tabela 38 - Empresas que implementaram inovações, total e empresas que receberam apoio do governo para as atividades inovativas, por tipo de programa de apoio, segundo as atividades
das indústrias extrativas e de transformação - 2003 e 2005.
máquinas e
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. 2003/2005. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. (1) Incentivo fiscal à Pesquisa e Desenvolvimento (Lei 8.661 e Lei 10.332). (2) Incentivo fiscal Lei de informática (Lei 10.176 e Lei 10.664). (*) As Cnaes que fazem parte de outras são: Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel, embalagens e artefatos de papel, Fabricação de produtos têxteis, Confecção de artigos do vestuário e acessórios, Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, Artigos de viagem e calçados, Fabricação de produtos de madeira, Fabricação de produtos químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos de borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos de metal, Fabricação de máquinas e equipamentos, Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicações, Fabricação de artigos do mobiliário, Edição, impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, Refino de petróleo, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus, Fabricação de cabines, carrocerias , reboques e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Fabricação de outros equipamentos de transporte, Fabricação de produtos diversos e Reciclagem.
A Tabela 39 mostra o número de empresas que não implementaram inovações e sem
projetos, devido a outros fatores, por grau de importância dos problemas e obstáculos
apontados, segundo as atividades das indústrias extrativa e de transformação – de acordo com
as PINTEC’s de 2003 e 2005.
Entre os problemas e obstáculos apresentados nesta Tabela, destacam-se: riscos
econômicos excessivos; elevados custos da inovação; escassez de fontes apropriadas de
financiamento; rigidez organizacional; falta de pessoal qualificado; falta de informação sobre
tecnologia; falta de informação sobre mercados; escassas possibilidades de cooperação com
outras empresas/instituições; dificuldade para se adequar a padrões, normas e
111
regulamentações; fraca resposta dos consumidores quanto a novos produtos; escassez de
serviços técnicos externos adequados e centralização da atividade inovativa em outra empresa
do grupo.
A Tabela 39 nos mostra que em 2003, no estado de Minas Gerais, havia 1.786
empresas não inovadoras e sem projetos, número que caiu para 1.590 em 2005. Setorialmente,
em 2003, são 56 empresas da indústria extrativa, 351 de fabricação de produtos alimentícios,
108 de fabricação de produtos minerais não-metálicos e 9 de produtos siderúrgicos. Em 2005,
nos três primeiros setores citados acima, são 37, 317, 119 empresas, respectivamente.12
12 Na PINTEC 2005, não há informações disponíveis sobre o número de empresas não inovadoras e sem projetos para o setor produtos siderúrgicos. Desta maneira, nada pode ser afirmado em relação à taxa de crescimento das empresas não inovadoras e sem projetos deste setor do período de 2003 para 2005.
112
Tabela 13 - Empresas, total e as que não implementaram inovações e sem projetos, devido a outros fatores, por grau de importância dos problemas e obstáculos
apontados, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação - período 2001-2003
Tabela 39- Empresas, total e as que não implementaram inovações e sem projetos, devido a outros fatores, por grau de importância dos problemas e obstáculos apontados, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação, período 2001 - 2003.
Total Minas Gerais
Indústria extrativa
Fabricação de
produtos
alimentícios
Fabricação de
produtos de
minerais não
metálicos
Produtos
siderúrgicos
Outros (*)
2003 2005 2003 2005 2003 2005 2003 2005 2003 2005 2003 2005 Total de Empresas 10028 10861 436 414 1740 1833 714 817 90 89 7048 7707
Total de Empresas que não implementaram
inovações e sem projetos, devido a outros fatores
1786
1590
56
37
351
317
108
119
9
-
1261
1118
Riscos econômicos
excessivos
Alta Média
Baixa e não-
relevante
1138 348
300
762 336
492
19 -
37
- 34
3
239 65
47
202 34
80
58 46
4
50 30
39
9 -
-
- -
-
812 237
212
510 238
370
Elevados custos da
inovação
Alta Média
Baixa e não-
relevante
1264 383
138
883 418
289
37 -
19
- 36
1
266 60
24
237 33
47
42 66
-
75 33
11
9 -
-
- -
-
910 257
95
572 316
229
Escassez de fontes
apropriadas de
financiamento
Alta Média
Baixa e não-
relevante
975 243
568
612 215
763
26 -
30
3 4
29
197 55
99
165 100
52
73 3
32
100 12
7
9 -
-
- -
-
670 185
407
344 98
675
Rigidez organizacional
Alta Média
Baixa e não-
relevante
117 192
1476
170 170
1249
1 -
55
- 2
35
47 42
262
45 41
230
- 6
103
9 4
107
- -
9
- -
-
69 144
1047
116 124
878
Falta de pessoal
qualificado
Alta Média
Baixa e não-
relevante
348 209
1228
254 154
1181
- -
56
2 4
31
63 67
220
42 3
272
7 10
92
- 4
116
- -
9
- -
-
278 132
851
210 144
763
Falta de
informação sobre
tecnologia
Alta Média
Baixa e não-
relevante
106 238
1441
298 201
1091
- 1
55
- 6
31
15 86
249
121 16
180
- 11
97
35 12
71
- -
9
- -
-
91 140
1031
141 167
809
Falta de
informação sobre
mercados
Alta Média
Baixa e não-
relevante
36 348
1402
121 364
1105
1 -
55
- -
37
9 99
243
7 76
233
- 33
75
2 36
81
- -
9
- -
-
26 215
1020
111 251
755
Escassas possibilidades de
cooperação com outras
empresas/instituições
Alta Média
Baixa e não-
relevante
253 247
1286
211 221
1158
17 -
39
3 1
32
- 35
316
80 43
193
- 40
68
9 4
107
- -
9
- -
-
236 172
853
119 173
825
Dificuldade para se adequar a
padrões, normas e
regulamentações
Alta Média
Baixa e não-
relevante
390 215
1180
291 236
1063
24 1
31
26 6
4
73 76
202
163 28
126
33 -
75
- 4
116
- -
9
- -
-
260 138
863
102 198
817
Fraca resposta dos
consumidores quanto a
novos produtos
Alta Média
Baixa e não-
relevante
140 248
1397
54 225
1310
19 -
37
- -
37
4 -
347
3 69
245
3 -
106
4 -
116
- -
9
- -
-
114 248
899
48 157
913
Escassez de serviços
técnicos externos
adequados
Alta Média
Baixa e não-
relevante
202 223
1361
180 151
1259
7 -
49
26 7
3
5 68
277
49 35
232
4 7
98
- 4
116
- -
9
- -
-
185 148
928
105 105
98
Centralização da
atividade inovativa em
outra empresa do grupo
Alta Média
Baixa e não- relevante
2 4
42
4 -
28
- -
-
- -
1
1 -
-
3 -
4
- -
-
- -
7
- -
-
- -
-
1 4
42
1 -
15
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir dados IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica 2003. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou
substancialmente aprimorado. (1) Incentivo fiscal à Pesquisa e Densenvolvimento (Lei 8.661 e Lei 10.332). (2) Incentivo fiscal Lei de informática (Lei 10.176 e Lei 10.664).
(*) As cnaes que fazem parte de outras são: Fabricação de bebidas, Fabricação de produtos do fumo, Fabricação de celulose e outras pastas, Fabricação de papel,
embalagens e artefatos de papel, Fabricação de produtos têxteis, Confecção de artigos do vestuário e acessórios, Preparação de couros e fabricação de artefatos de
couro, Artigos de viagem e calçados, Fabricação de produtos de madeira, Fabricação de produtos químicos, Fabricação de produtos farmacêuticos, Fabricação de artigos
de borracha e plástico, Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, Fabricação de produtos de metal, Fabricação de máquinas e equipamentos, Fabricação de
máquinas para escritório e equipamentos de informática, Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, Fabricação de aparelhos e equipamentos de
comunicações, Fabricação de artigos do mobiliário, Edição, impressão e reprodução de gravações, Fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares,
Refino de petróleo, Fabricação de material eletrônico básico, Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos,
equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios, Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus, Fabricação de cabines, carrocerias , reboques e recondicionamento de motores, Fabricação de peças e acessórios para veículos, Fabricação de outros equipamentos de
transporte, Fabricação de produtos diversos e Reciclagem.
113
No período de 2003 para 2005, houve um aumento no número de empresas do setor de
fabricação de produtos minerais não metálicos que consideraram de alta importância os
elevados custos da inovação para não implementação de projetos inovativos, passando de 42
em 2003, para 75 em 2005. No setor fabricação de produtos alimentícios, o aumento do
número de empresas que consideram a falta de informação sobre tecnologia um obstáculo
para implementação de inovações foi significativo, passando de 15 em 2003 para 121 em
2005.
No setor fabricação de produtos minerais não metálicos, a quantidade de empresas que
atribuiu baixa importância ou não relevância como justificativa para não inovar aos riscos
econômicos excessivos aumentou de 4 em 2003 para 39 em 2005.
Houve também ampliação na quantidade de empresas do setor de fabricação de
produtos alimentícios que afirmou ser a centralização da atividade inovativa em outra
empresa do grupo um problema ou obstáculo à inovação muito importante, passando de 1 em
2003 para 3 em 2005. Para as empresas da indústria extrativa, houve também um acréscimo
na participação percentual deste setor perante o total de empresas não inovadoras e sem
projetos.
Para a maioria dos setores analisados, o número de empresas que classificou a falta de
pessoal ocupado como média ou alta importância para a não implementação de inovações
caiu, como pode ser constatado na Tabela 39. Nota-se aí que a queda para o total do estado foi
significativa, da ordem de 149 empresas.
Deve-se ressaltar que o número de empresas do setor de produtos de minerais não
metálicos, que considerou a escassez de fontes apropriadas de financiamento como problema
de alta e média importância, aumentou de 2003 para 2005, respectivamente, de 73 para 100 e
de 3 para 12.
114
5. UM SURVEY DOS GRUPOS DE PESQUISA DE MINAS GERAIS
Esta seção sumariza os resultados da pesquisa sobre a interação entre
universidades/institutos de pesquisa e empresas em Minas Gerais, realizada no ano de 2008.
Será apresentado o conjunto de respostas de 142 grupos de pesquisas filiados a
universidades e institutos de pesquisa de Minas Gerais. A pesquisa foi realizada através de
respostas dos líderes dos grupos de pesquisa a um questionário on-line. O questionário, Anexo
I, abrange diversas questões como o tipo de relacionamento com as empresas, os benefícios e
as dificuldades encontradas nestas colaborações, os principais resultados alcançados, as
formas ou os canais utilizados para a transferência do conhecimento, etc.
O ponto de partida para a aplicação do questionário foi a identificação dos grupos de
pesquisa filiados a instituições mineiras que declararam algum relacionamento com o setor
produtivo de acordo com o Censo 2004 do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. De
acordo com este Censo, 204 grupos de pesquisa (ou seja, 13% do total) de Minas Gerais
declaram relacionamento com o setor produtivo.
Os questionários foram enviados para os 204 líderes dos grupos de pesquisa. A
pesquisa foi realizada entre 02 de abril e 06 de outubro de 2008. Foram obtidas respostas de
142 grupos de pesquisas distribuídos nas áreas do conhecimento de acordo com o apresentado
na Tabela 40.
O maior número de grupos que responderam foram os de engenharias, em total de 51
respostas, sendo a maior concentração nas áreas de engenharia mecânica (10 grupos),
engenharia civil (7 grupos), ciência da computação (7 grupos), engenharia elétrica (6 grupos)
e engenharia de materiais e metalúrgica (5 grupos). Em segundo, estão os grupos de ciências
agrárias, em total de 48 respostas, sendo a maior concentração na área de agronomia (22
grupos). Em terceiro, encontram-se os grupos de ciências biológicas (em total de 15), onde o
maior número de respostas foi da área de ecologia (4 grupos). Nas demais áreas do
conhecimento, destaca-se também maior número de respostas em Zootecnia (7 grupos),
Química (6 grupos) e Medicina veterinária (6 grupos).
Cerca de 82% dos grupos que responderam são filiados a universidades públicas
federais (ver Tabela 41). Dos restantes, tem-se que 15% são filiados a Instituições de Ensino
115
Superior (IES) privadas e 10 a órgãos e/ou entidades de pesquisa do governo (municipal,
estadual e federal).
Tabela 40 - Grupos de pesquisa que responderam o questionário, por grande área e área do
conhecimento, Minas Gerais, 2008.
Grande Área do Conhecimento Área do Conhecimento Nº de grupos
Ciências Agrárias
Agronomia 22
48
Ciência e Tecnologia de Alimentos 3 Engenharia Agrícola 4 Medicina Veterinária 6 Recursos Florestais e Engenharia Florestal 5 Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca 1 Zootecnia 7
Ciências Biológicas
Bioquímica 1
15
Ecologia 4 Farmacologia 1 Fisiologia 1 Genética 1 Imunologia 1 Microbiologia 2 Morfologia 1 Parasitologia 2 Zoologia 1
Ciências da Saúde
Farmácia 3
10 Medicina 4 Odontologia 1 Saúde Coletiva 2
Ciências Exatas e da Terra Geociências 3 9 Química 6
Ciências Humanas
Arqueologia 1
7 Ciência Política 1 Educação 2 Geografia 1 Psicologia 1
Ciências Sociais Aplicadas Administração 3 4 Ciência da Informação 1
Engenharias
Ciência da Computação 7
51
Engenharia Biomédica 1 Engenharia Civil 7 Engenharia de Materiais e Metalúrgica 5 Engenharia de Minas 3 Engenharia Elétrica 6 Engenharia Florestal 2 Engenharia Mecânica 10 Engenharia Nuclear 2 Engenharia Química 2 Engenharia Sanitária 4
Lingüística, Letras e Artes Letras 1 1 Total 142
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
116
Tabela 41- Lista das instituições dos grupos de pesquisa que responderam à pesquisa de campo, Minas Gerais, 2008.
Categoria/ Instituição
Cidade Número de grupos
IES Privado 15 Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS) Alfenas 2 Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) Belo Horizonte 1 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Belo Horizonte 8 Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) Governador Valadares 1 Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo (FPL) Pedro Leopoldo 1 Universidade de Uberaba (UNIUBE) Uberaba 2 IES Público Federal
117 Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG) Belo Horizonte 1 Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) Belo Horizonte 3 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Belo Horizonte 38 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) Diamantina 1 Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) Itajubá 2 Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Juiz de Fora 8 Universidade Federal de Lavras (UFLA) Lavras 12 Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Ouro Preto 3 Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) São João del Rei 3 Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFTM) Uberaba 1 Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Uberlândia 12 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Viçosa 32 Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) Montes Claros 1
Setor Empresarial Público Municipal
1
Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (PRODABEL) Belo Horizonte
1
Setor Governamental Público Estadual
6
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) Uberaba 2 Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) Viçosa 1 Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC) Belo Horizonte 3
Setor Governamental Público Federal
3
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Juiz de Fora 2 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Sete Lagoas 1
Total
142
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008., Classificado de acordo com a categoria do Censo 2004 do Diretório dos Grupos de Pesquisa.
117
5.1. Características da Interação Universidade–Empresa em Minas Gerais
Este tópico apresenta os resultados das respostas de 142 grupos filiados a
universidades e instituições de pesquisa de Minas Gerais, no que se refere aos
relacionamentos colaborativos estabelecidos com empresas.
Uma primeira pergunta refere-se ao tipo de relacionamento estabelecido com a
empresa. Esta opção abrangeu desde relacionamentos mais rotineiros, voltados a testes e à
certificação da qualidade, até interações mais sofisticadas, que abrangem projetos
colaborativos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A Tabela 42 apresenta os totais de
respostas, tendo-se somado os campos que receberam a atribuição de ser uma categoria de
relacionamento muito ou moderadamente importante.
Tem-se, portanto, que os pesquisadores responderam como os relacionamentos mais
importantes, em termos das atividades de pesquisa dos grupos, os ‘projetos colaborativos de
P&D que possuem aplicação de resultado imediato’ e as atividades de ‘consultoria’. Em
terceira posição aparecem os ‘treinamentos e cursos’, que no geral são destinados à formação
e capacitação dos recursos humanos. Em quarto, estão os ‘projetos de P&D que
complementam as atividades de inovação da empresa’, isto é, as empresas buscam as
competências das universidades e institutos de pesquisa de forma complementar aos seus
esforços internos de P&D e inovação.
Tabela 42 - Tipos de relacionamentos do grupo de pesquisa em colaboração com empresas classificados de
acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo, Minas Gerais, 2008.
Tipos de relacionamento Muito ou moderadamente
importante
Projetos de P&D em colaboração com a empresa, com resultados de uso imediato 97 Consultoria 96 Treinamento e cursos 86 Projetos de P&D complementares às atividades de inovação da empresa 82 Intercâmbio nas empresas 81 Avaliações técnicas, estudos de viabilidade, gerenciamento de projetos 77 Projetos de P&D em colaboração com empresas, sem resultados de uso imediato 74 Transferência de tecnologia (licenciamento) 69 Testes para padronização / atividades de certificação da qualidade 58 Projetos de P&D substitutos às atividades de inovação da empresa 54 Serviços de engenharia 48 Outros 6
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
118
Gráfico 4 - Tipos de relacionamentos do grupo de pesquisa em colaboração com empresas
classificados de acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo, Minas Gerais,
2008.
100
80
60
40
20
0
A B C D E F G H I J K L
A: Projetos de P&D em colaboração com a empresa, com resultados de uso imediato B: Consultoria C: Treinamento e cursos D:Projetos de P&D complementares às atividades de inovação da empresa E: Intercâmbio nas empresas F: Avaliações técnicas, estudos de viabilidade, gerenciamento de projetos G: Projetos de P&D em colaboração com empresas, sem resultados de uso imediato H: Transferência de tecnologia (licenciamento) I: Testes para padronização / atividades de certificação da qualidade J: Projetos de P&D substitutos às atividades de inovação da empresa
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
K: Serviços de engenharia L: Outros
É importante destacar que as respostas apresentam especificidades de acordo com a
área de conhecimento do grupo de pesquisa. Por exemplo, projetos de P&D complementares
às atividades de inovação na empresa foram citados com maior freqüência por grupos de
engenharia de materiais e metalúrgica, ao passo que o intercâmbio nas empresas foi
amplamente utilizado em engenharia mecânica.
Os pesquisadores também responderam sobre os resultados mais importantes oriundos
das atividades colaborativas com empresas. Os resultados podem abranger desde novos
projetos, descobertas científicas e publicações, até novos produtos e processos, software e
novas empresas (spin-offs). Além de atribuírem a uma categoria de resultado o ranking de
acordo com a importância, foi solicitado que eles apontassem o resultado mais importante vis-
à-vis as atividades de pesquisa do grupo.
Os pesquisadores responderam que os resultados mais importantes são as
possibilidades de ‘novos projetos de pesquisa’, a ‘formação de recursos humanos e de
estudantes’, ‘teses e dissertações’ e as ‘publicações’ (Tabela 43). A maioria destes resultados
são os associados à “ciência aberta”, ou seja, aos resultados das atividades científicas de
amplo acesso. As patentes apareceram em sétimo lugar, sendo resultados importantes das
áreas de química, ciência da computação e engenharia elétrica.
119
A ‘criação de novas empresas (spin-offs)’ foi um resultado importante para as áreas de
engenharia de materiais e metalúrgica, engenharia mecânica e zootecnia, ao passo que os
softwares foram relevantes em ciência da computação e engenharia elétrica. A melhoria de
produtos industriais foi relevante na área de engenharia mecânica e a melhoria de processos
industriais nas áreas de engenharia mecânica e elétrica.
Os resultados mais importantes atribuídos pelos pesquisadores foram,
respectivamente, a ‘formação de recursos humanos e de estudantes’, ‘teses e dissertações’ e
‘publicações’. Isto reforça o encontrado anteriormente e aponta que as contribuições das
universidades ainda se mantêm como as oriundas das atividades de ensino e pesquisa.
Tabela 43 - Principais resultados do relacionamento com empresas, classificados de acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo, 2008.
Resultados do relacionamento com empresas
Muito ou Moderadamente Importante
Resultado mais
importante *
Novos projetos de pesquisa 119 5 Formação de RH e estudantes 118 19 Teses e dissertações 118 11 Publicações 114 11 Novas descobertas científicas 90 9 Novos produtos e artefatos 82 7 Patentes 70 6 Melhoria de processos industriais 69 6 Melhoria de produtos industriais 68 3 Novos processos industriais 66 3 Software 43 0 Criação de novas empresas (spin-offs) 31 0 Design 23 0 Outros 5 0
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: (*) Dos 142 grupos que responderam, 62 (43,66%) não apontaram o resultado mais importante.
120
Gráfico 5- Principais resultados do relacionamento com empresas, classificados de acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo.
Re sultado mais importante
Novos projetos de pes quis a Formação de RH e es tudantes
Teses e dissertações Publicações
Novas des cobertas científicas Novos produtos e artefatos
Patentes Melhoria de proces s os indus triais
Melhoria de produtos indus triais Novos proces s os indus triais
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: Dos 142 grupos que responderam, 62 (43,66%) não apontaram o resultado mais importante.
Outra importante questão é a que se refere aos benefícios voltados às atividades de
pesquisa do grupo que foram provenientes das interações com empresas. Os resultados
apresentados na Tabela 44 reforçam as respostas referentes aos resultados (Tabela L). Os
benefícios com maiores índices de importância foram ‘novos projetos de pesquisa’, ‘idéias
para novos projetos de cooperação’e ‘intercâmbio de conhecimentos e informações’. Os
recursos financeiros, por sua vez, apareceram em sexto lugar. Isto aponta para uma grande
proximidade entre os resultados alcançados nos projetos cooperativos e os benefícios que os
pesquisadores atribuem a estes tipos de interação.
Por sua vez, o benefício apontado como o mais importante foi o ‘recebimento de
insumos para as pesquisas’. Em termos de especificidades das áreas do conhecimento,
destaca-se que o compartilhamento de equipamentos foi considerado relevante para grupos
das áreas de engenharia mecânica e zootecnia.
121
Tabela 44 - Benefícios do relacionamento com empresas de acordo com o grau de
importância para as atividades de pesquisa do grupo, Minas Gerais, 2008.
Benefício do relacionamento com empresas
Muito ou Moderadamente Importante
Benefício mais importante (*)
Novos projetos de pesquisa 120 13 Idéias para novos projetos de cooperação 118 3 Intercambio de conhecimentos ou informações 115 20 Recebimento insumos para as pesquisas 102 27 Novas redes de relacionamento 100 5 Recursos financeiros 98 0 Reputação 95 15 Equipamentos/ instrumentos de uso compartilhado 76 3 Outros 2 0 Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: (*) Dos 142 grupos que responderam, 56 (39,4%) não apontaram o benefício mais importante.
Gráfico 6- Benefícios do relacionamento com empresas de acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo, Minas Gerais, 2008.
B e ne fício mais importante
Novos p rojetos de p esquisa
Idéias p ara novos p rojet os de coop eração Int ercambio de conhecimentos ou informações Recebimento insumos p ara as p esquisas Novas redes de relacionamento
Recursos financeiros
Rep ut ação
Equip amentos/ inst rumentos de uso comp art ilhado Outros
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: Dos 142 grupos que responderam, 56 (39,4%) não apontaram o benefício mais importante.
122
As dificuldades presentes nas interações das universidades e dos institutos de pesquisa
com empresas vêm sendo amplamente investigadas em diversos trabalhos. De acordo com a
literatura, para os países em desenvolvimento, as principais dificuldades nas ações de
cooperação entre universidade e empresas têm sido a ausência de mecanismos eficazes na
definição dos direitos de propriedade, dificuldades de comunicação, burocracia, inadequação
do pessoal de pesquisa, financiamento adequado, fatores sócio-culturais e diferenças de
cultura da universidade e indústria em termos de atividades de P&D relacionados ao curto
versus longo prazo (JASINSKI, 1997; OYEBISI et al., 1996).
Na pesquisa realizada em Minas Gerais, as dificuldades que receberam a maior
importância foram, respectivamente, a existência de ‘burocracia por parte das universidades/
IPTs’ e o ‘custeio da pesquisa’ (Tabela 45). Em segundo, foram identificadas dificuldades
oriundas da ausência de conhecimento em alguma das partes sobre as atividades realizadas
pelas mesmas, bem como a diferença nas prioridades.
Os ‘direitos de propriedade’ foram apontados como dificuldades relevantes nas áreas
de zootecnia, química, geociências, ciência da computação e de recursos florestais e
engenharia florestal. A ‘distancia geográfica’ foi apontada como um obstáculo para grupos de
universidades localizadas em Viçosa, Uberlândia e São João Del Rei. Por sua vez, os
‘problemas de confiabilidade’ foram citados com mais freqüência nas áreas de engenharia
civil, geociências e parasitologia.
Tabela 45- Dificuldades do relacionamento com empresas de acordo com o grau de importância
para as atividades de pesquisa do grupo, Minas Gerais, 2008.
Dificuldades do Relacionamento com empresas Muito ou
moderadamente importante
Burocracia por parte da universidade/ IPTs (limites institucionais) 99 Custeio da pesquisa 93 Falta de conhecimento nas empresas das atividades realizadas nas universidades/ IPs 78 Diferença de prioridades 77 Falta de conhecimento das necessidades das empresas por parte das universidades/ IPs 72 Burocracia por parte da empresa 71 Falta de pessoal qualificado para estabelecer um diálogo nas universidades / IPs 68 Falta de pessoal qualificado para estabelecer um diálogo nas empresas 62 Direitos de propriedade 61 Divergência quanto ao prazo da pesquisa 55 Distância geográfica 42 Problema de confiabilidade 37 Outros 6
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
123
Gráfico 7- Dificuldades do relacionamento com empresas de acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo, Minas Gerais, 2008.
10 0
8 0
6 0
4 0
2 0
0
A B C D E F G H I J K L M
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
A: Burocracia por parte da universidade/ IPTs (limites institucionais) B: Custeio da pesquisa C: Falta de conhecimento nas empresas das atividades realizadas nas universidades/ IPs D: Diferença de prioridades E: Falta de conhecimento das necessidades das empresas por parte das universidades/ IPs F: Burocracia por parte da empresa G: Falta de pessoal qualificado para estabelecer um diálogo nas universidades / IPs H: Falta de pessoal qualificado para estabelecer um diálogo nas empresas I: Direitos de propriedade J: Divergência quanto ao prazo da pesquisa K: Distância geográfica L: Problema de confiabilidade M: Outros
Uma importante questão refere-se às formas ou aos mecanismos de transferência do
conhecimento das universidades/ IPs para as empresas. A troca de conhecimentos pode
acontecer através de mecanismos formalizados, mas a grande maioria dos fluxos, em geral,
acontece informalmente.
Na pesquisa para Minas Gerais, os canais mais freqüentes para a troca de
conhecimento, citados pelos pesquisadores, foram os contratos de pesquisa e as publicações e
em segundo os ‘congressos e seminários’ e os ‘projetos de P&D cooperativos’ (Tabela 46).
Em terceiro foi citado o treinamento de pessoal. Destaca-se que os canais classificados como
os mais importantes foram ‘projetos de P&D cooperativos’ e ‘contratos de pesquisa’, que
apontam para a existência de mecanismos institucionais que definem o objeto da cooperação.
Observa-se a proximidade das respostas acima com as associadas aos tipos de
relacionamentos estabelecidos (Tabela 42), o que sugere que as interações universidade-
empresa são fortemente delineadas pela forma pela qual os conhecimentos são transferidos.
As áreas que atribuíram maior importância à presença de parques tecnológicos foram
as de ciência da computação e zootecnia. Firmas spin-offs foram consideradas como canais
muito importantes para a transferência de conhecimento em ciência da computação. Por sua
vez, a presença de incubadoras foi declarada como relevante pelos grupos da UFMG, UFU e
124
UFV. Estas universidades contam com importantes incubadoras de atuação expressiva no
suporte a novas idéias e empreendimentos.
Tabela 46 - Canais de informação para a transferência de conhecimento do grupo para as empresas de
acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo, Minas Gerais, 2008.
Canais de informação para transferência de conhecimento
Muito ou Moderadamente Importante
Canal mais importante
Contratos de pesquisa 109 15 Publicações 108 13 Congressos e Seminários 101 6 Projetos de P&D cooperativos 100 16 Treinamento de pessoal 98 0 Troca informal de informação 89 0 Contratação de recém graduados 88 2 Intercâmbio temporário de profissionais 72 2 Consultoria individual 67 0 Engajamento em redes com empresas 62 4 Patentes 61 1 Licenciamento de tecnologia 57 1 Incubadoras 55 0 Parques tecnológicos/ científicos 53 1 Empresas spin-off de universidades /IPs 50 2 Outros 4 0
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
Gráfico 8- Canais de informação para a transferência de conhecimento do grupo para as empresas de acordo com o grau de importância para as atividades de pesquisa do grupo,
Minas Gerais, 2008.
Canal mais importante
Contratos de pesquisa Publicações
Congressos e Seminários Projetos de P&D cooperativos
Treinamento de pessoal Troca informal de informação
Contratação de recém graduados Intercâmbio temporário de profissionais
Consultoria individual Engajamento em redes com empresas
Patentes Licenciamento de tecnologia
Incubadoras Parques tecnológicos/ científicos
Empresas spin-off de universidades /IPs Outros
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
125
Uma outra informação coletada na pesquisa de campo foi a origem da iniciativa para a
atividade de colaboração entre o grupo e a empresa. Os líderes dos grupos de pesquisa
responderam que na maioria das vezes a iniciativa foi do próprio pesquisador. Em segundo, a
iniciativa partiu da empresa e em terceiro a mesma foi compartilhada entre as partes (Tabela
47).
A iniciativa partiu de uma empresa spin-off nas áreas de agronomia, ciência da
computação, engenharia elétrica, engenharia sanitária, farmácia, medicina e medicina
veterinária. Estas empresas spin-offs foram oriundas de grupos da UFMG, UFV, UFU,
UNIUBE e do CETEC. As maiores freqüências atribuídas aos mecanismos institucionais de
transferência de tecnologia para iniciar o relacionamento colaborativo foram de grupos
filiados à UFV, à UFMG e ao CNEN. Iniciativas que tiveram origem em estudantes
contratados pelas empresas foram freqüentes em engenharia mecânica.
Tabela 47 - Iniciativa do relacionamento entre o grupo e a empresa, Minas Gerais, 2008.
Iniciativa Número de
respostas (*) Freqüência Relativa %
O pesquisador 103 72,5 A empresa 68 47,9 As iniciativas foram compartilhadas pelo grupo e pela empresa 58 40,8 O grupo 48 33,8 Estudante empregado pela empresa 35 24,6 Mecanismos institucionais da universidade/ IPs para a transferência de tecnologia 14 9,9 Uma empresa criada por membros do grupo, da universidade ou do IPs (spin-off) 9 6,3 Iniciativa foi de um ex-pesquisador 4 2,8 Outro 1 0,7
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: (*) No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
126
Gráfico 9 - Iniciativa do relacionamento entre o grupo e a empresa, Minas Gerais, 2008.
Freqüência Relativa %
O pesquisador A empresa As iniciativas foram compartilhadas pelo grupo e pela empresa O grupo Estudante empregado pela empresa Mecanismos institucionais da universidade/ IPs para a transferência de tecnologia Uma empresa criada por membros do grupo, da universidade ou do IPs (spin-off) Iniciativa foi de um ex-pesquisador Outro
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
De forma a ampliar a compreensão sobre as formas que a empresa utilizou para
identificar o grupo de pesquisa, futuro parceiro da interação, perguntou-se ao líder do grupo
qual a forma empregada. Em sintonia com as respostas anteriores, as respostas mais
freqüentes remeteram à participação em ‘congressos e seminários’ e às ‘publicações’ (Tabela
48). O funcionário da empresa também foi apontado como indicação para a interação. Este
fator, certamente, está associado ao papel de formação de recursos humanos por parte das
universidades. Outro importante instrumento é a indicação de outras empresas, que foi
bastante freqüente nas áreas de engenharia civil, de engenharia florestal e de engenharia
mecânica.
A Plataforma Lattes e as indicações de ex-alunos também foram meios de identificar o
grupo parceiro. Patentes dos grupos, associações de classe e escritórios de transferência de
tecnologia foram mecanismos menos utilizados na identificação do grupo de pesquisa. Estas
respostas apontam que os canais informais (congressos, seminários, ex-alunos, contatos com
empresas) e as informações de acesso ao público (publicações, Plataforma Lattes), no geral,
são as formas utilizadas para identificar futuros parceiros para projetos de pesquisa.
127
Tabela 48 - Forma como a empresa identificou o grupo de pesquisa, Minas Gerais, 2008.
Número de respostas (*)
Freqüência Relativa %
Congressos e Seminários 39 27,5 Funcionário da empresa 39 27,5 Publicações 33 23,2 Indicação de outra empresa 31 21,8 Currículo dos pesquisadores (Lattes) 28 19,7 Ex-Aluno 27 19,0 Patentes do grupo de pesquisa 5 3,5 Associações de classe empresariais 4 2,8 Escritórios de transferência de tecnologia das universidades/ IPs 4 2,8
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: (*) No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
Gráfico 10 - Forma como a empresa identificou o grupo de pesquisa, Minas Gerais, 2008.
Freqüência Relativa %
Congressos e Seminários Funcionário da empresa
Publicações
Indicação de outra empresa
Currículo dos pesquisadores (Lattes)
Ex-Aluno
Patentes do grupo de pesquisa
Associações de classe empresariais
Escritórios de transferência de tecnologia das universidades/ IPs
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
A forma de financiamento dos projetos colaborativos de pesquisa é de fundamental
importância para a compreensão das limitações e da forma de expandir a interação
universidade-empresa. De acordo com os pesquisadores, os projetos colaborativos são
financiados principalmente pelas empresas e por instituições e órgãos nacionais de fomento à
128
C&T (Tabela 49). As próprias universidades financiam em torno de 1/3 dos projetos, sendo
mais freqüentes a UFMG, UFV e UFU.
Tabela 49 - Fontes de financiamento dos projetos de pesquisa em colaboração com empresas, Minas Gerais, 2008.
Item Número de respostas (*)
% média
A empresa 102 48,3 Instituições nacionais públicas (FINEP, CNPq, FAPs, BNDES, ect.) 89 47,2 Universidade ou instituto de pesquisa 67 28,9 Agências internacionais de financiamento (BIRD, IDRC, BID, etc.) 8 14,9 Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: (*) No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção. Um grupo não respondeu a esta questão.
Gráfico 11 - Forma como a empresa identificou o grupo de pesquisa, Minas Gerais, 2008.
% média
A empresa
Instituições nacionais públicas (FINEP, CNPq, FAPs, BNDES, ect.)
Universidade ou instituto de pesquisa
Agências internacionais de financiamento (BIRD, IDRC, BID, etc.)
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção. Um grupo não respondeu a esta
questão
O questionário também buscou explorar questões abertas, de natureza mais
exploratória. Uma primeira questão se refere à como as características das empresas
(tamanho, setor de atividades e formalização das atividades de P&D) influenciam no
relacionamento com as atividades colaborativas realizadas pelos grupos.
129
No geral, os pesquisadores responderam que o tamanho da empresa é importante.
Pequenas empresas, além de não possuírem laboratórios formalizados de P&D, dispõem de
menos recursos para investirem em atividades de pesquisa. Por sua vez, nestas empresas o
acesso é mais rápido (baseado em contatos informais).
A existência de laboratórios formais de P&D auxilia na estruturação das demandas de
pesquisa necessárias, no sentido de facilitar a comunicação. Por outro lado, a existência de
pesquisadores nas empresas facilita o uso de uma “linguagem em comum” e os fluxos de
informação e conhecimento entre as partes são contínuos. Ademais, por valorizarem os
investimentos em inovação, são mais ágeis nas tomadas de decisão referentes à gestão da
pesquisa em conjunto. Por sua vez, apresentam maiores entraves burocráticos, decorrentes de
sua própria estrutura, que exigem períodos maiores de negociação.
O setor industrial é importante na medida em que setores com maiores exigências
ambientais têm buscado maiores parcerias com universidades para a solução dos problemas.
Também parece ser relevante em setores que demandam atualizações tecnológicas mais
freqüentes, que tendem a valorizar as pesquisas em parcerias com universidades. Em termos
de áreas, pode-se observar que as áreas de ciências agrárias e biológicas apresentam um maior
envolvimento com empresas de pequeno e médio porte.
A segunda questão foi diretamente relacionada à prospecção tecnológica sendo
perguntado se haveria “resultados de pesquisa já realizadas pelo grupo que não foram
aproveitados pelas empresas”. As especificidades das diferentes áreas do conhecimento
impedem que os resultados sejam sintetizados e analisados em conjunto. Sendo assim, é
importante verificar as respostas particulares por áreas na Tabela 50.
130
Tabela 50 - Respostas referentes a resultados de pesquisa ainda não utilizados pelas empresas, de acordo com grande área e área do conhecimento, 2008.
Grande área do conhecimento
Área do Conhecimento Resultados de pesquisa
Ciências Agrárias
Recursos Florestais e Engenharia Florestal
Otimização temporal do plano de cortes de florestas plantadas de curta rotação.
Tecnologias de manejo na lavoura cafeeira.
Variedades de soja melhoradas
Cultivares
Cultivares
Agronomia Agronomia Agronomia Agronomia Agronomia Modelos de vasos hidropônicos Agronomia Variedades de Feijão e tecnologias de uso e aplicação de Molibdênio Ciência e Tecnologia de Alimentos Embalagens ativas.
Avaliação de um subproduto da produção de lisina. Zootecnia Ciências Sociais Aplicadas
Ciência da Informação
Avaliação de sistema de atendimento ao consumidor
Engenharias
Ciência da Computação
Projeto de sistema USB para no-breaks. Sistema de gerência para equipamentos de telecomunicações. Resultados sobre as propriedades físicas e de fluxo de grãos, para a indústria de equipamentos de colheita, transporte e armazenagem. Automação do Processo de Projetos de Torres Metálicas via Tecnologias CAD/CAE/CAM/CIM
Engenharia Agrícola
Engenharia Civil Engenharia Civil Metodologia de projeto Enge. de Materiais e Metalúrgica Equipamentos
Metakflex , aglomerante fabricado com estéreis de mineração para aglomeração de finos de minério e carvão vegetal
Software de análise de viabilidade de cogeração em fábricas de cimento.
Pesquisas para comparação de ferramentas de usinagem. Gases de proteção em soldagem desenvolvidos. Novos produtos consumíveis de soldagem.
Coletor solar Trabalhos de redução da viscosidade do licor negro de eucalipto e trabalhos de remoção dos elementos não processáveis (cloreto e potássio) no processo Kraft. Secagem de melaço de cana de açúcar e de levedura em secador rotativo com recheio de inertes. Sistema compacto reator UASB/FBP para o tratamento de esgotos - Fotorreator simplificado para a desinfecção de esgotos domésticos.
Engenharia de Minas Engenharia Mecânica Engenharia Mecânica
Engenharia Mecânica Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Engenharia Química
Engenharia Sanitária
Ciências da Saúde Farmácia Realização do estudo de toxicidade pré-clínica de um produto natural. Diagnósticos moleculares e processos nanotecnológicos relacionados à saúde humana estão em fase de prototipação e validação para o mercado.
Medicina
Ciências
Biológicas Imunologia Caracterização de cepa vacinal.
Produtos de ozônio Microbiologia Parasitologia Antimonial -Glucantime
Ciências Exatas e da Terra
Química Patentes e formulações farmacêuticas
Patente (com casca de arroz). Novo medicamento baseado em lipossomas para o tratamento de doenca negligenciada (leishmaniose)
Química Química
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
131
5.2. Características dos Grupos de Pesquisa
Neste tópico serão apresentadas as características dos grupos de pesquisa que
responderam o questionário e que tiveram interação com empresas nos últimos três anos. A
Tabela 51 apresenta o número de pesquisadores (total, doutores e mestres) em cada área do
conhecimento dos grupos que interagiram com empresas. O maior percentual de
pesquisadores por grupo de pesquisa aparece nas áreas de: zootecnia (22), educação (17),
letras (17), odontologia (16), engenharia biomédica (16), engenharia química (13), recursos
florestais e engenharia florestal (12,6).
132
Tabela 51 - Pesquisadores (total, com mestrado, com doutorado) e grupos de pesquisa por área do conhecimento, Minas Gerais, 2008.
Grande área do conhecimento
Área do Conhecimento
Pesquisadores Grupos
(G)
P/G
D/G Total
(P) Com
Mestrado Com Doutorado
(D)
Ciências Agrárias
Agronomia 244 47 197 22 11,1 9,0 Ciência e Tecnologia de Alimentos 28 1 27 3 9,3 9,0 Engenharia Agrícola 25 1 24 4 6,3 6,0 Medicina Veterinária 51 8 43 6 8,5 7,2 Recursos Florestais e Eng. Florestal 63 17 46 5 12,6 9,2 Recursos Pesqueiros e Eng. de Pesca 0 0 0 1 0,0 0,0 Zootecnia 154 58 96 7 22,0 13,7
Ciências Biológicas
Bioquímica 5 0 5 1 5,0 5,0 Ecologia 26 8 18 4 6,5 4,5 Farmacologia 7 0 7 1 7,0 7,0 Fisiologia 4 1 3 1 4,0 3,0 Genética 8 0 8 1 8,0 8,0 Imunologia 6 0 6 1 6,0 6,0 Microbiologia 21 9 12 2 10,5 6,0 Morfologia 12 6 6 1 12,0 6,0 Parasitologia 9 5 4 2 4,5 2,0 Zoologia 2 2 0 1 2,0 0,0
Ciências Humanas
Arqueologia 3 0 3 1 3,0 3,0 Ciência Política 5 2 3 1 5,0 3,0 Educação 34 11 23 2 17,0 11,5 Geografia 9 2 7 1 9,0 7,0 Psicologia 7 0 7 1 7,0 7,0
Ciências Sociais e
aplicadas Administração 26 9 17 3 8,7 5,7 Ciência da Informação 8 4 4 1 8,0 4,0
Lingüística, Letras e Artes
Letras
17
1
16
1
17,0
16,0
Engenharias
Ciência da Computação 33 8 25 7 4,7 3,6 Engenharia Biomédica 16 1 15 1 16,0 15,0 Engenharia Civil 60 31 29 7 8,6 4,1 Engenharia de Materiais e Metalúrgica 15 3 12 5 3,0 2,4 Engenharia de Minas 18 4 14 3 6,0 4,7 Engenharia Elétrica 39 13 26 6 6,5 4,3 Engenharia Florestal 10 3 7 2 5,0 3,5 Engenharia Mecânica 87 37 50 10 8,7 5,0 Engenharia Nuclear 12 6 6 2 6,0 3,0 Engenharia Química 26 16 10 2 13,0 5,0 Engenharia Sanitária 16 7 9 4 4,0 2,3
Ciências da Saúde
Farmácia 20 7 13 3 6,7 4,3 Medicina 24 9 15 4 6,0 3,8 Odontologia 16 1 15 1 16,0 15,0 Saúde Coletiva 2 0 2 2 1,0 1,0
Ciências Exatas e
da Terra Geociências 17 2 15 3 5,7 5,0 Química 46 8 38 6 7,7 6,3
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008.
133
A Tabela 52 apresenta os resultados em termos do percentual médio de tempo
dedicado às funções da universidade/ institutos de pesquisa. No geral, os pesquisadores
distribuem o seu tempo entre as atividades de ensino e pesquisa. A interação com empresas
ocupa em média 13% do tempo, sendo exceções 3 grupos das áreas de engenharia de minas,
engenharia de materiais e metalúrgica e engenharia mecânica, onde o tempo dedicado a esta
atividade é superior às demais funções realizadas na universidade.
Tabela 52 - Percentual de tempo dedicado às funções da universidade/ IPs, Minas Gerais, 2008.
Funções da Universidade
Número de respostas (*)
Tempo médio
dedicado a atividade em
(%)
Desvio Padrão do
tempo médio
Pesquisa 132 39,0 15,7 Ensino 128 31,8 14,1
Interação com empresas 109 12,8 9,7 Cargo administrativo 89 17,8 16,1
Curso de extensão 66 8,7 6,7 Serviços sociais/ comunitários 30 8,3 10,6
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: (*) No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
134
Gráfico 12- Percentual de tempo dedicado às funções da universidade/ IPs, Minas Gerais,
2008.
Tempo Médio Dedicado à atividade em (% )
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
A Tabela 53 apresenta onde os pesquisadores trabalharam antes de realizar projetos
em cooperação com empresas. A maioria trabalhou na mesma universidade/ instituto de
pesquisa ou em outra universidade/IPs. Apenas 39 pesquisadores (ou 27% do total)
trabalharam em empresas (pequenas, médias, grandes e/ou multinacionais).
135
Tabela 53 - Local onde os líderes dos grupos de pesquisa trabalharam antes de realizar projetos em colaboração com empresas, Minas Gerais, 2008.
Funções da Universidade
Número de respostas(*)
Percentual do total de grupos
Na mesma universidade/ IPs 101 71,13% Outra universidade/ IPs (público ou privado) 41 28,87% Outros 24 16,90% Grande empresa (mais de 250 empregados) 20 14,08% Pequena e média empresa (menos de 250 empregados) 12 8,45% Corporações multinacionais 7 4,93% Hospital 2 1,41% Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: (*) No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
Gráfico 13- Local onde os líderes dos grupos de pesquisa trabalharam antes de realizar projetos em colaboração com empresas, Minas Gerais, 2008.
Percentual do Total de Grupos
Na mesma universidade/ IPs
Outra universidade/ IPs (público ou privado)
Outros
Grande empresa (mais de 250 empregados)
Pequena e média empresa (menos de 250 empregados)
Corporações multinacionais
Hospital
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir de Pesquisa de campo, 2008. Nota: No questionário o grupo poderia marcar mais de uma opção.
136
5.3. Conclusões
A seguir são enumerados os principais resultados da pesquisa de campo e as diretrizes
relevantes em termos de política de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I):
- A interação universidade-empresa em Minas Gerais é fortemente direcionada pelos
mecanismos do que se denomina de ‘ciência aberta’. Neste contexto, ambientes institucionais
que propiciam os contatos pessoais e as interações informais são recomendados no fomento a
estas interações. A promoção de congressos e de seminários que reúnam os diversos atores
(universidades, institutos de pesquisa, empresas) é também recomendada como instrumento
capaz de catalizar relacionamentos colaborativos;
- Os mecanismos institucionais de transferência de tecnologia recentemente criados nas
universidades aparentam ser relevantes e atuantes em algumas universidades. Fortalecer estes
escritórios é fundamental, como política de incentivo à transferência de conhecimento e de
tecnologia gerada nas universidades/ IPs;
- As incubadoras também vêm desempenhando papel importante, principalmente em
localidades menores, onde a base industrial não é dinâmica. Fortalecer e ampliar os recursos
destinados às incubadoras e às empresas incubadas é necessário e importante principalmente
nestas localidades;
- Destaca-se a importância do financiamento público aos relacionamentos colaborativos
universidade-empresa em Minas Gerais. As iniciativas do fomento estadual através da
Fapemig devem ser mantidas e ampliadas com parcerias junto à Finep.
137
6. DIRETÓRIO DOS GRUPOS DE PESQUISA DO CNPq E A INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA NO ESTADO DE MINAS GERAIS
Esta seção investiga as interações entre a infra-estrutura de ciência e tecnologia (C&T)
e o setor produtivo no estado de Minas Gerais, focalizando a análise nas especificidades
dessas interações. A investigação realizada procura avançar no entendimento da natureza das
interações que se estabelecem entre os agentes em sistemas de inovação imaturos. Nesta
perspectiva, este estudo é particularmente relevante para o avanço na compreensão do sistema
de inovação de Minas Gerais e para o seu posicionamento dentro do contexto nacional e
mundial.
De fato, constituiu-se no estado uma complexa infra-estrutura de C&T que
compreende universidades públicas e privadas, centros tecnológicos e instituições de fomento
à pesquisa e à inovação tecnológica. É possível observar que esta infra-estrutura foi
historicamente sub-utilizada, de modo que não se estabeleceram conexões consistentes entre
ela e o setor industrial do estado, capazes de favorecer o desenvolvimento de suas atividades
inovativas e, conseqüentemente, de sua competitividade.
A análise realizada nesta seção está estruturada em quatro subseções. A primeira
apresenta um breve histórico da constituição da infra-estrutura de C&T no estado de Minas
Gerais. A segunda subseção enfoca as interações desta infra-estrutura com o setor produtivo,
elaborada a partir de informações do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. A terceira
subseção apresenta um estudo de caso realizado sobre a interação entre a empresa Hertape
Calier Saúde Animal e os grupos de pesquisa “Imunoparasitologia” e “Bioquímica e
Imunologia de Parasitas” da Universidade Federal de Minas Gerais. A última subseção, por
sua vez, sumariza as conclusões da seção.
6.1. A Trajetória do Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Minas
Gerais
As instituições que constituem a estrutura científica e tecnológica do estado de Minas
Gerais, são, em grande parte, resultado de iniciativas públicas, o que reafirma o papel do
Estado no desenvolvimento econômico da região.
138
Durante o período colonial brasileiro alguns fatores como a censura, a proibição da
imprensa e a ausência de universidades dificultaram a circulação de idéias na Colônia, tendo
sido eles apontados, portanto, como alguns dos aspectos que explicam o atraso no campo
cultural (ALBUQUERQUE et al 2002). Para Furtado (apud SUZIGAN e ALBUQUERQUE,
2008) em seu argumento sobre a polaridade entre a modernização e a marginalização de parte
da população, a presença da escravidão foi um dos fatores chave de entrave à criação e ao
desenvolvimento de uma estrutura científica e tecnológica no país. Para que este processo
fosse bem sucedido, seriam necessárias a generalização e a massificação do ensino básico
como ponto de partida, o que não ocorreu devido à falta de interesse da elite brasileira da
época. Ao mesmo tempo, o acesso exclusivo ao ensino superior por parte dos membros da
elite também contribuiu para esse quadro de desigualdade estrutural no Brasil e seu impacto
negativo na ciência e na tecnologia, em decorrência da falta de “massa crítica” inerente a esse
processo.
Com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil em 1808, foram viabilizadas a abertura
da imprensa e de cursos superiores, e a instalação de instituições relevantes para o país, como
a Biblioteca Nacional, o Jardim Botânico, o Museu Nacional e a Escola de Belas Artes.
A fundação de escolas médico-cirúrgicas, das Academias da Marinha e da Real
Academia Militar, possibilitou o ensino de engenharia e de medicina no país. Neste período
foram criadas as instituições que moldariam o cenário do ensino no Brasil pela ampliação de
uma mentalidade científica. A área de ciências experimentais naturais passou a se desenvolver
a partir de 1887, com a criação de diversos institutos, tais como o Instituto Butantã, de 1898, e
o Instituto de Patologia Experimental, de 1907.
A província de Minas Gerais se destacou, nesta mesma época, pela criação de
instituições científicas como a Escola de Farmácia de Ouro Preto (1839) e a Escola de Minas
de Ouro Preto (1876). Gomes (1961) ressalta que, ao longo dos anos, o curso de farmácia da
instituição foi sendo modificado, resultando numa evolução curricular que culminou com a
criação do Instituto Farmacotécnico e Bioquímico da Escola de Farmácia de Ouro Preto em
1961. A Escola de Farmácia de Ouro Preto tornou-se assim uma das matrizes importantes na
consolidação em Minas Gerais de uma tradição de estudos em ciências biológicas e nas áreas
da saúde. A Escola de Minas de Ouro Preto, por sua vez, teve grande relevância na formação
de geólogos e engenheiros de minas e metalurgia, os quais que teriam um papel fundamental
na composição de uma “massa crítica” capacitada para iniciar, no país, a exploração dos seus
recursos minerais e desenvolver a produção científica nacional nas áreas de geologia e
139
mineralogia13 (CARVALHO, 2002). A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foi
instituída em 1969, a partir da incorporação destas duas instituições de ensino superior, com
excelência reconhecida em ciência farmacêutica e em estudos mineralógicos, geológicos e
metalúrgicos. Posteriormente, a UFOP expandiu-se com a criação de unidades acadêmicas e
com a implantação de novos cursos.
Outro fato importante para esta etapa do desenvolvimento científico e tecnológico de
Minas Gerais foi a Reforma do Ensino no governo de João Pinheiro, em 1906. De acordo com
Faria Filho e Vago (2000), esta reforma na educação primária levou à formação de uma nova
cultura escolar no estado, propiciando uma discussão específica sobre o conhecimento
escolarizado. Mais adiante, entre 1927 e 1928, ocorreu uma nova e ampla Reforma do Ensino
que favoreceria o sistema educacional.
O Instituto Filial de Manguinhos, atualmente Fundação Ezequiel Dias (FUNED), foi
inaugurado em Belo Horizonte em 1907 e tinha como finalidade anunciar e estender as ações
de saúde pública pelo estado. Em 1936, a fundação foi incorporada à estrutura do governo de
Minas Gerais e nesta época já era uma referência nacional na área de biociências. Atualmente,
vem se destacando na pesquisa em saúde pública, nas ações de vigilância sanitária,
epidemiológicas, ambientais e na produção de medicamentos e soros. A estrutura na área de
biociências foi ampliada com a criação, em 1947, do Instituto de Endemias Rurais (INERU),
atualmente Centro de Pesquisas Renê Rachou, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz.
A Universidade de Minas Gerais foi criada em 1927 e reunia os cursos de Direito,
Odontologia, Farmácia, Medicina e Engenharias. Posteriormente, em 1939, foi criada a
Faculdade de Filosofia. Em 1949, a universidade foi federalizada e em 1965 passou a se
chamar Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A UFMG é a maior formadora de
recursos humanos do estado, sendo composta por muitos departamentos de excelência. A
universidade concentra a maior parte dos cursos de mestrado e doutorado do estado, a maioria
com elevado desempenho nas avaliações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES)14. A UFMG ocupa também uma posição de destaque no cenário
nacional, tendo sido responsável por 9,9% dos depósitos de patentes por universidades
13 O autor salienta que entre 1876 e até cerca de 1930, a produção geológica e mineralógica de autoria de brasileiros foi quase integralmente devida a ex-alunos de Ouro Preto. 14 Na avaliação trienal relativa ao período 2004-2006, tem-se que dos 62 programas de pós-graduação da UFMG, 15 (ou 24,2% do total) obtiveram conceitos 6 ou 7, caracterizando-se por programas com doutorado com nível de excelência e inserção internacional. Outros 25 (40,3%) conseguiram a nota 5, indicando alto nível de desempenho dos mesmos.
140
brasileiras no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no período de 1979 a 2004,
o que a qualifica como a terceira universidade em termos de depósitos de patentes no País
(POVOA, 2008).
Cabe também destacar a fundação da Escola Agrícola de Lavras, em 1908, e da Escola
Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV) em Viçosa, em 1922, instituições que formaram
o núcleo inicial das atuais Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Universidade Federal de
Viçosa (UFV), respectivamente. A UFV e a UFLA têm excelência nas áreas de agronomia,
solos e genética de plantas e animal e, juntas, segundo Lemos e Diniz (1998), exercem um
papel importante na constituição do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária.
De fato, a Escola Agrícola de Lavras teve grande importância para o ensino do curso
de agronomia, bem como para a agropecuária brasileira, contribuindo para a introdução e
difusão de tecnologias neste setor (CARVALHO, 1996). Em 1938, ela passou a se chamar
Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL). Em 1963, a ESAL foi federalizada, sendo
assim transformada, no ano de 1994, em Universidade Federal de Lavras, universidade
dedicada prioritariamente às ciências agrárias. Em 1948, foi criada a Universidade Rural do
Estado de Minas Gerais (UREMG) que incorporou a ESAV. No ano de 1969, a UREMG foi
então transformada em Universidade Federal de Viçosa. Embora com ênfase em agropecuária,
a instituição assumiu um caráter eclético com a criação de cursos nas áreas de ciências
biológicas e da saúde, ciências exatas e tecnológicas e ainda nas áreas de ciências humanas,
letras e artes (ARRUDA, 2003).
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi criada em 1960 por ato do então
Presidente Juscelino Kubitschek, com o objetivo de torná-la um pólo acadêmico e cultural de
uma região da Zona da Mata de Minas Gerais, que tem como centro a cidade de Juiz de Fora.
A constituição da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por sua vez, teve início com a
criação de faculdades isoladas, como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Uberlândia (1960), a Faculdade de Direito de Uberlândia (1960) e a Faculdade de Ciências
Econômicas de Uberlândia (1962) que, no ano de 1969, formaram a Universidade de
Uberlândia. A Universidade de Uberlândia foi federalizada em 1978, quando foi transformada
em Universidade Federal de Uberlândia. A UFU e a UFJF estão localizadas em regiões
estratégicas, de rápido crescimento econômico, e representam um patrimônio para o
desenvolvimento científico e tecnológico do estado (LEMOS & DINIZ, 1998).
Uma tradição produtiva de Minas Gerais refere-se às áreas de mineração e metalurgia.
Para tais segmentos foi importante a criação do Código de Minas em 1934 e da Companhia
141
Vale do Rio Doce em 1942, que redefiniu o aspecto da indústria extrativa em Minas Gerais e
no Brasil. A inauguração da Usina de Monlevade da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira,
em 1937, foi o marco da produção siderúrgica de grande escala no país. Mais adiante, em
1944, foi inaugurada a ACESITA (Aços Especiais de Itabira), em Timóteo. Já em 1956,
criou-se a USIMINAS (Usiminas Siderúrgicas de Minas Gerais), empresa que se tornou uma
das mais eficientes do mundo em siderurgia.
Para a formação técnica e de alguns aspectos da mentalidade empresarial dessas firmas
foi importante, conforme observado anteriormente, o papel da Escola de Minas de Ouro Preto.
Carvalho (2002) descreve a formação da indústria metalúrgica em Minas Gerais destacando
as iniciativas de ex-alunos e empreendedores estrangeiros, a convite de Claude Henri Gorceix
(fundador da referida escola), na construção de altos-fornos para a produção de ferro-gusa em
algumas localidades do estado. Portanto, desde o século XIX, Minas Gerais tem posição de
destaque na metalurgia brasileira, de tal modo que se concentra no estado uma significativa
expertise em engenharia, geologia, gerenciamento e comercialização de produtos
metalúrgicos15.
Em 1952, foi criada a CEMIG - Centrais Elétricas de Minas Gerais (atualmente
denominada Companhia Energética do Estado de Minas Gerais), a partir dos estudos do Plano
de Eletrificação Rural. Diante de um quadro de carência do estado no que se refere à energia
elétrica, a criação da CEMIG impulsionou a indústria da construção civil, engenharias e as
tecnologias no campo da hidroeletricidade. Segundo Leopoldi (2002), a companhia foi
responsável pela formação de uma mão-de-obra especializada em política energética. Estes
profissionais teriam um papel-chave no planejamento de etapas futuras do sistema energético
do estado e do país.
O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), criado em 1962, surgiu para
apoiar o processo emergente de industrialização do Estado. Como ressaltado por Diniz
(2008), deveria assegurar empréstimos de médio e longo prazos às pequenas e médias
empresas mineiras. Ao longo dos anos, o BDMG foi se tornando uma fonte importante para o
desenvolvimento do estado. Isto ocorreu por meio do direcionamento de recursos para
investimentos em produção, participação no processo de planejamento e formação de recursos
humanos, ou pelas conexões que estabeleceu com o setor empresarial e com as universidades.
15 Nesse contexto, é importante ressaltar que, as duas maiores empresas patenteadoras mineiras, no período compreendido entre 1988 e 1996, pertencem justamente às áreas “metalurgia básica” e “extração de minerais metálicos”, e respondem por 38,59% das patentes de pessoas jurídicas, estando elas relacionadas, portanto, com a rica dotação de recursos naturais do estado (ALBUQUERQUE et al, 2002).
142
O governo de Minas Gerais, em associação com o governo norte-americano, criou a
Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR), pioneira nacional na transmissão de
tecnologia agropecuária. A ACAR é fruto de um projeto que estava inserido no contexto da
diversificação do setor agrícola brasileiro e que pretendia alavancar o nível de vida da
população do campo no estado, mediante concessão de crédito ao pequeno produtor
(FONSECA, 1985). Ainda na mesma área, cabe destaque a criação da Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais, EPAMIG (1974), do Instituto Estadual de Saúde Animal,
IESA (1971) e do Instituto Estadual de Florestas, IEF (1962).
A EPAMIG e a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) são hoje
instituições-chave no processo de inovação da agricultura mineira e têm procurado
diversificar sua área de atuação nos últimos anos através de novos projetos de pesquisa em
arroz, milho, trigo e gado de leite, entre outros (DIAWARE, 2002). Segundo Muniz e Neves
(1998), a EPAMIG passou a estruturar sua pesquisa e desenvolvimento a partir da década de
1980, levando em consideração a geração e o desenvolvimento de tecnologias que permitam o
atendimento das necessidades locais dos produtores rurais e das empresas privadas de uma
determinada região.
A constituição de um sistema estadual de ciência e tecnologia se consolidou com a
criação da Fundação João Pinheiro, em 1970, da Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais (CETEC), em 1972, e da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, em 1976. Esta
foi uma etapa do desenvolvimento científico e tecnológico do estado na qual buscou-se uma
maior articulação institucional (ALBUQUERQUE et al, 2002)
A Fundação João Pinheiro (FJP) foi criada para desenvolver pesquisas nas áreas de
economia, administração e tecnologia básica e social. Segundo Diniz (2008), a FJP foi, em
sua criação, responsável pela instalação de um centro de dados que seria o primeiro a
armazenar informações sobre a economia mineira em um computador. Sua nova inserção
institucional se deu por meio da produção de estatísticas e do treinamento de recursos
humanos de excelência para o serviço público do estado.
A constituição do CETEC também foi uma iniciativa da FJP. A missão do CETEC era
solucionar problemas de cunho tecnológico, econômico e administrativo enfrentados pelo
setor produtivo, além de possuir a função de auxílio na adaptação e incorporação de
tecnologias estrangeiras às necessidades das indústrias mineiras (INDI/FUNDAÇÃO JOÃO
PINHEIRO, s.d). A criação da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia passou também a
compor os órgãos de C&T do estado de Minas Gerais.
143
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), criada em
1985, concluiu essa etapa de construção do aparato de suporte ao desenvolvimento científico
e tecnológico do estado. Entre outras funções, a FAPEMIG seria responsável pelo custeio de
projetos de pesquisa e pela elaboração de estudos periódicos sobre a situação da pesquisa em
Minas Gerais. É, portanto, uma instituição central para a consolidação e melhoramento da
infra-estrutura científica do sistema estadual de inovação (ALBUQUERQUE, 2001). Apesar
de relativamente nova, a FAPEMIG tem um papel crescente no financiamento de pesquisa
básica – em despesas correntes e equipamentos fixos de laboratórios.
A localização estratégica de Minas Gerais, ligando os outros estados do Sudeste com o
Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, favoreceu a especialização produtiva do estado através da
formação de clusters. Lemos e Diniz (1998) apresentam os principais clusters mineiros: o
minero-metalúrgico; o agroindustrial, bastante desconcentrado e representado principalmente
pelos complexos cafeeiro e de grãos-de-aves, tendo a EMBRAPA uma grande importância no
que diz respeito à inovação; o automobilístico, representado principalmente pela FIAT que
gerou fortes impactos econômicos ao estado com sua estratégia de “mineirização” de
fornecedores de autopeças; o de serviços que engloba os setores de energia e
telecomunicações; e outras aglomerações menores. Para estes autores, a mais importante
destas aglomerações, o complexo minero-metalúrgico, possibilitou a constituição de uma
ampla rede de fornecedores para as empresas localizadas dentro do estado.
Carvalho (2007) ressalta ainda a importância do Vale da Eletrônica de Santa Rita do
Sapucaí como um cluster na área de fabricação de equipamentos eletrônicos, em especial de
equipamentos de informática. O desenvolvimento deste cluster se deu a partir da criação do
INATEL (Instituto Nacional de Telecomunicações), cuja mão-de-obra especializada atraiu
algumas empresas do setor voltadas para a produção de equipamentos de informática. Tais
empresas visavam atender o grande mercado consumidor das empresas de São Paulo e do
Vale do Paraíba paulista.
Por outro lado, o ambiente científico e tecnológico da biociência em Minas Gerais se
constituiu por empreendimentos públicos de pesquisa científica, como os já mencionados
exemplos da FUNED e Centro de Pesquisas Renê Rachou, e empreendimentos privados, tais
como a Biobrás e a Fundação Biominas. A Fundação Biominas foi fundada em 1990 e é
considerada uma instituição bastante recente no contexto mineiro. No entanto, este fato não
diminui sua importância na contribuição para o desenvolvimento biotecnológico no estado.
Um exemplo disso está na criação da Incubadora de Empresas da Biominas, em 1997, a qual
144
exerce um papel–chave no desenvolvimento de uma rede de empresas que formam o cluster
de biotecnologia de Belo Horizonte.
Segundo o estudo da Fundação Biominas (2007), São Paulo e Minas Gerais
classificam-se como os grandes pólos brasileiros em biotecnologia, concentrando 71,8% das
empresas, sendo que Minas Gerais responde por 29,6% das empresas do país. Este estudo
ainda revela que “Belo Horizonte e sua microrregião (15,5%) aparecem como o espaço local
que abrange o maior número de empresas no país” (FUNDAÇÃO BIOMINAS, 2007, p. 7).
Conforme Lemos (1998), o suporte da base científica da UFMG, em suas várias linhas
de pesquisa que enfatizam as disciplinas necessárias ao desenvolvimento da biotecnologia, e
seu satisfatório número de pesquisadores PhDs, também contribuíram para o sucesso do pólo
de biotecnologia na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesse sentido, Souza (2001)
identificou uma concentração de pesquisadores e linhas de pesquisa nas áreas de ciências
biológicas e da saúde da UFMG dentro do estado de Minas Gerais.
Atualmente, a estrutura científica de Minas Gerais é composta por 22 instituições de
ensino superior, sendo 11 delas federais: Universidade Federal de Viçosa (UFV),
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI),
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal de Lavras (UFLA),
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). A Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG) e a Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) representam a
totalidade das instituições estaduais mineiras de ensino superior.
O estado conta ainda com 9 instituições de ensino superior privadas. Dentre elas, vale
destacar a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), antiga
Universidade Católica da Minas Gerais (UCMG), pela importância de sua infra-estrutura e
atividades de ensino e pesquisa. O primeiro e principal campus da instituição foi inaugurado
em 1958 durante o governo Juscelino Kubistchek, e hoje, a universidade conta com dez campi
espalhados por todo o estado de Minas Gerais.
A rede de instituições de ensino superior de Minas Gerais é enriquecida ainda por 6
Centros Federais de Educação Tecnológica, localizados em Bambuí, Januária, Ouro Preto,
Rio Pomba, Uberaba e Belo Horizonte.
145
Ao analisarem a realidade de Minas Gerais no que se refere ao desenvolvimento
científico e tecnológico do estado, Albuquerque et al (2002) enfatizam que as especializações
científicas do estado em termos de pequenas áreas do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa
Científica e Tecnológica) tais como Zootecnia, Probabilidade e Estatística, Agronomia,
Engenharia de Materiais e Metalúrgica, Nutrição, Farmacologia, Ciência e Tecnologia de
Alimentos e Biologia Geral, apresentam uma correspondência importante, porém limitada,
com as especializações econômicas e industriais do Estado.
Nessa perspectiva, Albuquerque et al (2002) apontam um conjunto de problemas e
debilidades da infra-estrutura científica e tecnológica em Minas Gerais que permitem
identificar a imaturidade e o caráter incompleto do sistema estadual de inovação. Essa
limitação se expressaria, essencialmente, como desarticulação e descompasso entre a infra-
estrutura científica e a estrutura industrial e tecnológica do estado, evidenciando a presença de
potenciais inexplorados16. Essa análise é compartilhada por Lemos e Diniz (1998), que
enfatizam que existe uma dificuldade em se conectar universidades mineiras com as
necessidades do desenvolvimento econômico e social regional. Esses mesmos autores
ressaltam que, apesar da participação tímida de empresas no processo de inovação em Minas
Gerais, elas contam com incentivos fiscais e mesmo financiamentos diretos de instituições
governamentais como a FAPEMIG para investimento em P&D e parceria com universidades.
A análise realizada nesta seção demonstra que o estado de Minas Gerais possui um
ponto de partida consolidado em termos de ciência e tecnologia para iniciar a consolidação de
um sistema estadual de inovação, representado pela existência de instituições e de
competências estabelecidas em alguns setores da economia com capacidade de alavancagem.
6.2. Quadro Geral de Ciência e Tecnologia no Estado de Minas Gerais
Nesta subseção são apresentados indicadores de ciência e tecnologia do estado de
Minas Gerais, representados por produção científica, produção tecnológica e grupos de
pesquisa. Para representar a produção científica, são utilizados artigos científicos publicados e
indexados ao Institute for Scientific Information (ISI), para o ano de 2008. Como proxy da
16 A avaliação do estágio de construção do sistema de inovação de Minas Gerais conduzida pelos autores baseou- se na análise histórica da ciência e da tecnologia no estado e no mapeamento estatístico de sua produção científica e tecnológica capaz de permitir a identificação de potencialidades, especializações e debilidades.
146
produção tecnológica do estado de Minas Gerais, serão utilizadas as patentes depositadas no
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no período de 1990 a 2005. Os dados
relativos aos grupos de pesquisa foram obtidos no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq
– DGP, Censo de 2004.
No que diz respeito à produção científica, pode-se afirmar que, no ano de 2008,
pesquisadores filiados a instituições mineiras publicaram 1.814 artigos em periódicos
indexados ao ISI. Os municípios líderes em termos de número de artigos indexados ao ISI são
os seguintes: Belo Horizonte, Viçosa, Lavras, Uberlândia e Juiz de Fora (791, 320, 188, 139 e
111, respectivamente). Nestes municípios encontram-se algumas das universidades federais
localizadas no estado: UFMG, UFV, UFLA, UFU e UFJF. Entre as 20 mesorregiões
brasileiras líderes, que representam 14.752 artigos científicos publicados, duas mesorregiões
mineiras se destacam: a metropolitana de Belo Horizonte, com 860 artigos e a Zona da Mata,
com 433 artigos indexados ao ISI.
Quanto à produção tecnológica, foram depositadas de Minas Gerais, entre 1990 e
2005, 5.107 patentes no INPI. Deste total, 55,7% foram depositados por pessoas físicas e o
restante por pessoas jurídicas. Entre as 20 mesorregiões nacionais líderes, em termos de
depósitos totais de patentes, a única mesorregião mineira que aparece é a Metropolitana de
Belo Horizonte. Esta ocupa o terceiro lugar com 3.167 patentes registradas. Em termos de
municípios, Belo Horizonte aparece em quarto lugar no ranking nacional, com um total de
2.193 patentes depositadas. Já entre 2002 e 2005, em Minas Gerais, as pessoas jurídicas com
maior número de patentes depositadas são a UFMG, seguida da empresa Vale do Rio Doce,
com 74 e 51 patentes, respectivamente.
Entre os pesquisadores brasileiros, pode-se afirmar que aproximadamente 10% deles
encontram-se em universidades e instituições de pesquisa de Minas Gerais. No entanto, esta
porcentagem varia de acordo com as grandes áreas do conhecimento. A grande área do
conhecimento com maior percentual de pesquisadores é a de Ciências Agrárias (14%),
seguida das áreas de Lingüística, Letras e Artes (13%) e Engenharias (9%). A grande área
com menor porcentagem é a de Ciências Humanas, com 8%.
Em Minas Gerais, 72,26% do total de pesquisadores têm doutorado. Este número é
maior que a média nacional de 66,26%. Ao analisar a diferença entre as porcentagens de
pesquisadores com doutorado do estado e do Brasil, nota-se uma diferença significativa na
grande área do conhecimento Ciências Agrárias. Nesta, 87,56% dos pesquisadores mineiros
possuem doutorado, enquanto que no Brasil esta porcentagem é de 74,9%. Já nas grandes
147
áreas Ciências da Saúde, Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas, a diferença entre a
média estadual e a média brasileira não passa de 2%.
Os dados de grupos de pesquisa mineiros filiados a universidades e institutos de
pesquisa também são considerados indicadores de ciência e tecnologia. Mais adiante, são
apresentados grupos de pesquisa (sem e com relacionamento com o setor produtivo)
agrupados por grande área do conhecimento, por instituição e por setor de atividade
econômica das empresas com as quais os grupos mantêm interação.
Tabela 54 - Grupos de pesquisa por grande área do conhecimento, total, com relacionamento com o setor produtivo, grau de interação e densidade de interação, Minas Gerais, 2004.
Grande Área do Conhecimento
Grupos de Pesquisa
(a)
Grupos de Pesquisa com
Relacionamento (b)
Grau de
Interação (b)/(a)
Unidades do
setor produtivo (d)
Densidade
de Interação (d)/(b)
Ciências Agrárias 288 77 26,74% 163 2,12 Ciências Biológicas 213 27 12,68% 36 1,33 Ciências da Saúde 257 17 6,61% 28 1,65 Ciências Exatas e da Terra 216 15 6,94% 19 1,27 Ciências Humanas 223 7 3,14% 9 1,29 Ciências Sociais Aplicadas 147 7 4,76% 12 1,71 Engenharias 230 75 32,61% 142 1,89 Linguística, Letras e Arte 120 1 0,83% 3 3,00 Total (acima) 1694 226 13,34% 412 1,82 Total (MG) 1694 226 13,34% 412 1,82
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004.
A Tabela 54 apresenta o total de grupos de pesquisa e o total de grupos com
relacionamento com o setor produtivo em Minas Gerais, por grande área do conhecimento; o
grau de interação e a densidade de interação. O cálculo do grau de interação é feito a partir da
divisão do total de grupos de pesquisa com relacionamento pelo total geral de grupos de
pesquisa. Já a densidade de interação é medida por meio da relação entre o número de
unidades do setor produtivo e o número de grupos de pesquisa interativos.
De acordo com o DGP (Censo 2004), dos 1.694 grupos de pesquisa filiados a
instituições mineiras, 226 possuíam relacionamento com o setor produtivo, sendo o grau de
interação 13,34% e a densidade de interação 1,82. Observando o total de grupos de pesquisa e
o total de grupos com relacionamento com o setor produtivo, confirma-se a preponderância
148
das Ciências Agrárias em Minas Gerais, com 288 grupos e 77 grupos interativos. Destaca-se
também a grande área de Engenharias, com 230 grupos, sendo 75 interativos.
Analisando o grau de interação conforme a grande área de conhecimento e tomando
como média o grau de interação do estado (13,34%), percebe-se que as grandes áreas de
Engenharias e Ciências Agrárias apresentam graus de interação acima dessa média. Já a
grande área de Ciências Biológicas tem grau de interação muito próximo à média do estado.
As demais áreas possuem grau de interação inferior à média. Pela densidade de interação,
Ciências Agrárias e Engenharias aparecem com valores acima da média do estado (1,82). As
grandes áreas Ciências da Saúde e Ciências Sociais Aplicadas estão muito próximas à média
estadual e as demais se posicionam abaixo dela.
Desta forma, percebe-se a importância dos grupos de pesquisa, principalmente nas
grandes áreas Ciências Agrárias e Engenharias, seguidas de Ciências da Saúde e Ciências
Biológicas, no que diz respeito ao relacionamento com o setor produtivo. Isto pode ser
explicado pela tradição de Minas Gerais no setor agrícola e, ainda, devido às especializações
econômica e industrial ligadas às áreas de engenharias.
Tabela 55 - Tipos de relacionamento dos grupos de pesquisa com o setor produtivo por grandes áreas do conhecimento, Minas Gerais, 2004.
Grande Área de
ConhecimentoTipos de Relacionamento
C.Agrárias
C. Biológicas
C. da Saúde
C. Exatas e da
Terra
Engenharias
Humanidades
Total
Atividades de engenharia não-rotineira* 8 0 0 6 0 35 49 Desenvolvimento de software.* 11 0 0 18 0 37 66 Fornecimento de insumos materiais* 30 9 6 1 0 21 67 Pesquisa científica sem considerações de uso imediato.
66
23
10
11
3
62
175 Pesquisa científica com considerações de uso imediato.
183
26
15
32
3
110
369 Transferências de tecnologia* 135 7 15 25 0 55 237 Treinamento de pessoal, incluindo cursos e treinamento "em serviço". *
67
3
7
4
2
45
128
Outros tipos de relacionamentos 28 4 1 0 3 12 48 Total 528 72 54 97 11 377 1139
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004. * São relacionamentos bilaterais
149
Gráfico 14
Gráfico 14: Tipos de relacionamento dos grupos de pesquisa com o setor produtivo por grande área do conhecimento, Minas Gerais, 2004. Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004. * São relacionamentos bilaterais
Na Tabela 55 e no gráfico 14 são apresentados os tipos de relacionamento dos grupos
de pesquisa com as unidades do setor produtivo, por grande área do conhecimento. É possível
observar que, para praticamente todas as grandes áreas do conhecimento, a pesquisa científica
com considerações de uso imediato é o tipo de relacionamento mais comum entre os grupos
de pesquisa e o setor produtivo (cerca de 30% dos relacionamentos). Em seguida, pode-se
verificar que a transferência de tecnologia e a pesquisa científica sem considerações de uso
imediato dos resultados alternam entre o segundo tipo de relacionamento mais importante,
dependendo da grande área do conhecimento do grupo de pesquisa. Assim, pode-se dizer que
há indícios de que as empresas se relacionam com os grupos objetivando incorporar e
aprimorar a atividade inovativa em sua estrutura.
Ainda assim, essa hipótese pode ser limitada para explicar a utilização de pesquisa
científica com considerações de uso imediato. Isto porque a empresa poderia buscar apenas
atender um objetivo pontual dentro de seu processo produtivo, e não incorporar todo o
conhecimento do grupo dentro de sua estrutura. Assim, seria necessário explorar melhor a
natureza das pesquisas científicas com considerações de uso imediato presentes nas interações
entre os grupos e as empresas.
150
Tabela 56 - Grupos de pesquisa (total e com relacionamento), grau e densidade de interação por instituição, Minas Gerais, 2004.
Instituições
Grupos de Pesquisa
(total) (a)*
Grupos de Pesquisa com relacionamento
(b)**
Unidades do setor produtivo
(c)
Total de relacionamentos
(d)
Grau de Interação
(b)/(a)
Densidade de
Interação (c) / (b)
(d)/(b)
UFMG 566 56 100 246 9,89% 1,79 4,39 UFV 207 46 126 357 22,22% 2,74 7,76 UFLA 64 19 44 134 29,69% 2,32 7,05 UFU 151 17 41 101 11,26% 2,41 5,94 UFJF 127 16 21 58 12,60% 1,31 3,63 PUC Minas 81 15 25 50 18,52% 1,67 3,33 UFOP 64 8 14 32 12,50% 1,75 4,00 EPAMIG 17 5 10 24 29,41% 2,00 4,80 UNIFENAS 23 5 6 16 21,74% 1,20 3,20 CETEC 14 4 8 20 28,57% 2,00 5,00 Embrapa 19 4 7 10 21,05% 1,75 2,50 UEMG 46 4 6 8 8,70% 1,50 2,00 UFVJM 17 4 6 8 23,53% 1,50 2,00 UNIFEI 26 4 38 69 15,38% 9,50 17,25 CNEN 21 3 7 18 14,29% 2,33 6,00 CEFET/MG 15 2 3 9 13,33% 1,50 4,50 PRODABEL 2 2 1 4 100,00% 0,50 2,00 UFSJ 35 2 2 2 5,71% 1,00 1,00 UNIUBE 9 2 6 15 22,22% 3,00 7,50 FIOCRUZ 15 1 1 1 6,67% 1,00 1,00 FPL 5 1 2 3 20,00% 2,00 3,00 FUMEC 22 1 2 6 4,55% 2,00 6,00 FUNED 7 1 8 16 14,29% 8,00 16,00 UFTM 25 1 2 6 4,00% 2,00 6,00 UNIMONTES 21 1 1 3 4,76% 1,00 3,00 UNINCOR 12 1 1 1 8,33% 1,00 1,00 Total (acima) 1611 225 488 1217 13,97% 2,17 5,41 Total (MG) 1694 226 490 1219 13,34% 2,17 5,39
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004. * As demais instituições mineiras não foram incluídas por não apresentarem grupos interativos, de acordo com o Censo DGP - 2004. ** Não foi incluído o grupo interativo da FPF, pois no momento da consulta ao plano tabular, não era possível verificar o tipo de relacionamento deste grupo com empresas.
A Tabela 56 mostra o universo dos grupos de pesquisa das instituições de ensino e/ou
de pesquisa mineiros (total e com interação, colunas “a” e “b”, respectivamente). Na Tabela
também é apresentado o número de unidades do setor produtivo com as quais os grupos de
pesquisa se relacionam (coluna “c”). Na coluna “d” é apresentado o total de relacionamentos
que esses grupos possuem com as unidades do setor produtivo. A coluna “densidade de
interação”, por sua vez, pode ser uma medida da quantidade de unidades do setor produtivo
com as quais um grupo interage. Na última coluna é mostrada a intensidade da interação, ou
151
seja, a relação entre o número total de relacionamentos e o número de grupos de pesquisa
interativos.
Pode-se verificar que entre as instituições que possuem maior quantidade de grupos
com relacionamento, o grau de interação é relativamente elevado para a UFV e para a UFLA,
22,2% e 29,7%, respectivamente. Deve-se salientar a importância de duas instituições do
estado com grau de interação maior que 25%: EPAMIG e CETEC. Embora apresentem
elevado grau de interação, estas instituições têm poucos grupos de pesquisa no total, se
comparadas a universidades como a UFMG, UFV, UFLA, entre outras.
Entre as instituições com maior número de grupos interativos (acima de 15), pode-se
observar que a densidade da interação encontra-se entre 1,3 e 2,7, ou seja, um grupo interage,
em média, com 1,3 e 2,7 empresas, respectivamente. O mesmo ocorre entre as instituições que
possuem número menor de grupos interativos (menos de 15), com exceção da UNIFEI, que
apresenta densidade de interação 9,5.
Para as instituições que possuem maior número de grupos interativos, há maior
número de relacionamentos por grupo interativo (coluna “d/b”), ou seja, uma intensidade de
interação elevada. Para as instituições com menor quantidade de grupos interativos, em geral,
a intensidade é relativamente elevada, embora menor que o do primeiro grupo de instituições.
A UNIFEI é a exceção, pois apresenta intensidade de interação igual a 17,25. Ou seja, há
poucos grupos interativos e cada um deles possui, em média, 17,25 tipos de relacionamento
diferentes com unidades do setor produtivo.
152
Tabela 57 - Grupos de pesquisa com relacionamento segundo a vinculação Institucional e localização da unidade do setor produtivo, Minas Gerais, 2004*.
Instituições
Dentro do Estado Fora do Estado Total
Grupo de Pesquisa com relacionamento
Unidades setor produtivo ( c)
Grupo de Pesquisa com relacionamento
Unidades setor produtivo (c)
Grupos de pesquisa com relacionamento
Unidades setor
produtivo (c) N % N % N % N %
CEFET/MG 2 1,00% 3 1,04% 0 0,00% 0 0,00% 2 3 CETEC 4 2,00% 8 2,78% 0 0,00% 0 0,00% 4 8 CNEN 2 1,00% 4 1,39% 2 2,15% 3 1,49% 3 7 Embrapa 3 1,50% 2 0,69% 2 2,15% 5 2,48% 4 7 EPAMIG 5 2,50% 8 2,78% 3 3,23% 2 0,99% 5 10 FIOCRUZ 0 0,00% 0,00% 1 1,08% 1 0,50% 1 1 FPL 1 0,50% 2 0,69% 0 0,00% 0 0,00% 1 2 FUMEC 1 0,50% 2 0,69% 0 0,00% 0 0,00% 1 2 FUNED 1 0,50% 2 0,69% 1 1,08% 6 2,97% 1 8 PRODABEL 2 1,00% 1 0,35% 0 0,00% 0 0,00% 2 1 PUC Minas 14 7,00% 19 6,60% 4 4,30% 6 2,97% 15 25 UEMG 4 2,00% 6 2,08% 0 0,00% 0 0,00% 4 6 UFJF 14 7,00% 17 5,90% 4 4,30% 4 1,98% 16 21 UFLA 16 8,00% 27 9,38% 10 10,75% 17 8,42% 19 44 UFMG 51 25,50% 73 25,35% 16 17,20% 27 13,37% 56 100 UFOP 8 4,00% 11 3,82% 3 3,23% 3 1,49% 8 14 UFSJ 2 1,00% 2 0,69% 0 0,00% 0 0,00% 2 2 UFTM 1 0,50% 2 0,69% 0 0,00% 0 0,00% 1 2 UFU 16 8,00% 19 6,60% 9 9,68% 22 10,89% 17 41 UFV 36 18,00% 56 19,44% 32 34,41% 70 34,65% 46 126 UFVJM 4 2,00% 6 2,08% 0 0,00% 0 0,00% 4 6 UNIFEI 4 2,00% 6 2,08% 4 4,30% 32 15,84% 4 38 UNIFENAS 5 2,50% 5 1,74% 1 1,08% 1 0,50% 5 6 UNIMONTES 1 0,50% 1 0,35% 0 0,00% 0 0,00% 1 1 UNINCOR 1 0,50% 1 0,35% 0 0,00% 0 0,00% 1 1 UNIUBE 2 1,00% 3 1,04% 1 1,08% 3 1,49% 2 6 Total (acima) 200 100,00% 286 99,31% 93 100,00% 202 100,00% 225 488 Total (MG) 200 100,00% 288 100,00% 93 100,00% 202 100,00% 226 490
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004.
*Não foi incluído o grupo interativo da FPF, pois no momento da consulta ao plano tabular, não era possível verificar o tipo de relacionamento deste grupo com empresas.
** Nesta Tabela há dupla contagem no número de grupos de pesquisa, pois um mesmo grupo, localizado no estado pode interagir com empresas de dentro e de fora de Minas Gerais.
A Tabela 57 mostra o total de grupos de pesquisa interativos do estado de Minas
Gerais e o total de unidades do setor produtivo com as quais eles se relacionam. Esta Tabela
apresenta grupos de acordo com a localização da interação: dentro e fora do estado. No grupo
“dentro do estado” são apresentados os grupos de pesquisa filiados a instituições mineiras e
que possuem relacionamento com unidades do setor produtivo também localizadas em Minas
Gerais. O mesmo ocorre para o grupo “fora do estado” em que se encontram os grupos
153
filiados a instituições mineiras e interativos com unidades do setor produtivo localizadas fora
do estado de Minas Gerais.
As universidades federais localizadas em Minas Gerais e que possuem grande número
de grupos interativos apresentam maior quantidade de grupos com relacionamento dentro do
estado. Entretanto, é possível observar que as universidades que se localizam perto da divisa
de Minas Gerais com outros estados, com exceção da UFJF, apresentam maior interação fora
do estado.
A Tabela 58 permite analisar a relação entre os grupos de pesquisa e unidades do setor
produtivo, por área do conhecimento e por setor de atividade econômica (divisões CNAE
2.0). Nota-se que os grupos das áreas de conhecimento Agronomia e Engenharias (Civil, de
Materiais e Metalúrgica, Elétrica, e Mecânica) se destacam devido ao maior número de
interações com o setor produtivo. Em seguida, aparecem as áreas de Recursos Florestais e
Engenharia Florestal, Zootecnia e Ciência da Computação, também com conexões
significativas com o setor produtivo.
A área Agronomia apresenta importantes vínculos interativos com o setor de
agricultura, com a indústria de transformação, com o setor de atividades profissionais,
científicas e técnicas e com a administração pública. Já as áreas de Engenharia possuem
interações relevantes com a indústria de transformação, eletricidade e gás. As principais
interações na área de Zootecnia ocorrem com a indústria de transformação, atividades
científicas e técnicas e o setor de educação. Na Ciência da Computação há mais interação com
os setores de informação e comunicação.
Entre as 47617 unidades do setor produtivo interativas, aproximadamente 35% são da
indústria de transformação e interagem principalmente com as áreas de Engenharia e
Agronomia. Isto é esperado pela característica da indústria de transformação e pela tradição
do estado. A indústria de transformação demanda conhecimentos aplicados de engenharias e
as atividades econômicas do estado estão historicamente bastante ligadas à agricultura. Ainda
se destacam as unidades do setor produtivo ligadas à Administração Pública (10%), ao setor
de Eletricidade e Gás (8,8%), à Agricultura (8%) e às atividades Profissionais, Científicas e
Técnicas (8%), apresentando interação com diversas áreas do conhecimento.
17 Há dupla contagem no número de unidades do setor produtivo pois uma mesma unidade pode ter interação com mais de um grupo de pesquisa.
154
Tabela 58 - Total de grupos de pesquisa e empresas com os quais se relacionam, por área de conhecimento e setor de atividade econômica em Minas Gerais, 2004.
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004.
155
6.3. Estudo de Caso: A Interação dos Grupos de Pesquisa
Imunoparasitologia e Bioquímica e Imunologia de Parasitas com a
Empresa Hertape Calier Saúde Animal
A terceira subseção apresenta um estudo de caso de uma interação universidade-
empresa bem sucedida em Minas Gerais, a dos grupos de pesquisa Imunoparasitologia
(IMPAR) e Bioquímica e Imunologia de Parasitas, do Departamento de Bioquímica e
Imunologia/Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais
(ICB/UFMG), com a empresa Hertape Calier Saúde Animal. Esta interação resultou no
lançamento da Leish-Tec®, vacina recombinante contra a leishmaniose visceral canina, em
outubro de 2008. O lançamento do produto foi nacional, embora esta fosse a única vacina
recombinante existente no mundo. A Hertape Calier Saúde Animal já iniciou os trabalhos
para o registro do produto na Europa e futuros lançamentos no continente.
Para este estudo de caso, foram feitas entrevistas com a gerente de biotecnologia da
Hertape Calier Saúde Animal, Christiane Abrantes e com a professora e pesquisadora da
Faculdade de Farmácia da UFMG e líder do grupo de pesquisa “Bioquímica e Imunologia de
Parasitas”, Ana Paula Salles Moura Fernandes. Ademais, foram consultadas as transcrições
das apresentações do professor e pesquisador do ICB e líder do grupo de pesquisa
“Imunoparasitologia”, professor Ricardo Tostes Gazzinelli, e de Christiane Abrantes relativas
ao “Workshop de Prospecção Tecnológica em Biotecnologia”, realizado pelo grupo de
pesquisa Economia da Ciência e da Tecnologia (CEDEPLAR/UFMG), em dezembro de 2008.
Estas foram as principais fontes de informação contidas neste estudo de caso.
Na maioria dos casos, incluindo a interação que aqui é apresentada, a iniciativa de se
estabelecer uma parceria universidade-empresa tende a partir da empresa. No entanto, nos
últimos anos, o governo tem incentivado muito esta interação através de linhas de
financiamento, instituições mediadoras, entre outros estímulos. A Lei de Incentivo a Inovação
de 2004 procurou estimular a cooperação entre ciência e tecnologia no país através de
parcerias entre universidades, institutos de pesquisa e empresas. Foi neste contexto que a
empresa Hertape Calier Saúde Animal e os grupos de pesquisa “Imunoparasitologia” e
“Bioquímica e Imunologia de Parasitas” se beneficiaram.
156
6.3.1. Os Grupos de Pesquisa
A área predominante dos grupos Imunoparasitologia e Bioquímica e Imunologia de
Parasitas é a de Imunologia. O grupo Imunoparasitologia foi formado em 1995 e possui como
líder o Prof. Dr. Ricardo Tostes Gazzinelli, também pesquisador do Centro de Pesquisa René
Rachou/Fundação Oswaldo Cruz. As pesquisas do grupo têm como objetivo principal o
estudo, em nível molecular e celular, das respostas imunológicas no hospedeiro vertebrado.
Tais respostas devem ser responsáveis pelo controle da infecção por parte dos protozoários
intracelulares Trypanosoma cruzi, Leishmania sp e Toxoplasma gondii. Acredita-se que estes
estudos poderão ajudar no desenvolvimento de novas metodologias de profilaxia e terapêutica
da infecção com estes parasitas.
De acordo com os indicadores de Produção C,T&A (Ciência, Tecnologia & Artes) dos
integrantes do grupo no período 2003 a 2006, o grupo de pesquisa Imuparasitologia possui
uma centena de artigos completos publicados em periódicos especializados de circulação
internacional, assim como um produto tecnológico com patente18 e um processo ou técnica
com catálogo/registro.
O grupo de pesquisa Bioquímica e Imunologia de Parasitas, por sua vez, foi formado
em 1984 e possui como líderes a Professora Dra. Ana Paula Salles Moura Fernandes
(Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia) e o Professor
Dr. Carlos Alberto Pereira Tavares (Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto
de Ciências Biológicas da UFMG).
Já quanto aos indicadores de Produção C,T&A dos integrantes do grupo no período
2003-2006, os destaques cabem aos trinta e dois artigos completos publicados em periódicos
especializados de circulação internacional, a um produto tecnológico com patente e a dois
processos ou técnicas com catálogo/registro.
O conhecimento acumulado sobre o antígeno de leishmania por uma equipe de
pesquisadores coordenada pelos professores Ricardo Gazzinelli e Ana Paula Fernandes
18 Vale observar que além da cooperação com a Hertape Calier Saúde Animal, o grupo Imunoparasitologia possui outro exemplo bem sucedido de interação com a empresa de bioquímica líquida Katal. Tal interação resultou no lançamento do kit de diagnóstico de toxoplasmose.
157
constituiu-se, portanto, a base científica da Leish-Tec®19. De fato, os grupos
Imunoparasitologia e Bioquímica e Imunologia de Parasitas vêm estudando antígenos
recombinantes capazes de induzir proteção contra a leishmaniose desde 1999 (AZEVEDO,
2004).
Anteriormente ao desenvolvimento da Leish-Tec®, a UFMG já havia publicado dois
artigos em periódicos especializados e gerado teses relacionadas ao tema, os quais
estimularam na Hertape Calier Saúde Animal o interesse pelo estabelecimento da parceria
com a universidade para o desenvolvimento da vacina contra leishmaniose.
6.3.2. Hertape Calier Saúde Animal
A Hertape Calier Saúde Animal é uma empresa especializada no desenvolvimento e
produção de fármacos e imunobiológicos, de base tradicional e recombinante (resultados de
engenharia genética) para a saúde animal. A empresa foi fundada em 1944 por três
professores da UFMG, Hermeto, Tavares e Perez, nomes próprios que deram origem ao seu
nome: Hertape. Alguns anos mais tarde, a empresa ficaria financeiramente instável sendo, em
seguida, vendida para o atual dono, Ricardo Renault, que a reestruturou.
Até o final da década de 80, não havia uma preocupação muito grande no que diz
respeito à inovação na Hertape Calier Saúde Animal. No entanto, já na década de 90, com a
forte competição gerada pela abertura comercial, a empresa teve que começar a investir muito
em inovação, característica que hoje a mantém no mercado. Neste contexto, a biotecnologia
foi introduzida na Hertape Calier Saúde Animal através de pesquisas para desenvolvimento de
produto, em parceria com a universidade. O próximo passo foi a construção de um laboratório
piloto e, como conseqüência deste avanço, a construção de uma fábrica, dentro de seu
complexo, focada unicamente em produtos resultantes de processos biotecnológicos.
A empresa tem tradição no desenvolvimento de vacinas para animais de grande porte.
No entanto, percebendo a procura por produtos pet, desenvolveu uma linha específica para
suprir esta demanda. Visando a diminuição dos efeitos colaterais que algumas vacinas mais
19 Participaram também do projeto de desenvolvimento de vacinas recombinantes contra a leishmaniose os professores Carlos Alberto Pereira Tavares, Eduardo Antônio Ferraz Coelho e alunos de graduação e pós- graduação. Na segunda etapa, juntaram-se ao grupo os professores Marilene Michalick, Wagner Tafuri e Maria Norma Melo, todos do ICB/UFMG.
158
antigas tinham sobre os animais e também visando a solução para doenças que ainda não
possuem profilaxia ou tratamento adequados, a empresa começou a desenvolver vacinas com
a utilização da biotecnologia. Elas são recombinantes e utilizam, por exemplo, vírus que não
se multiplicam em mamíferos e que não geram novos vírus ou infecções. Um exemplo é a
vacina recombinante para a febre aftosa que acabaria com o problema do aborto bovino. Esta
e outras vacinas tendem a baratear o processo industrial levando a uma queda no preço do
produto final.
Desde a implantação de sua linha produtiva, a produção da Hertape Calier Saúde
Animal tem aumentado 2,5 vezes ao mês devido à alta demanda pela vacina recombinante
contra a leshmaniose. Esta é a única vacina deste tipo no mundo e órgãos como a ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já demonstram interesse que ela seja produzida
em proporções muito maiores para atender a demanda. No segmento de vacinas veterinárias
suas principais concorrentes são as empresas Ouro Fino, Vallè, Schering-Plough/Intervet e
Fort Dodge, sendo esta última, líder no mercado pet. Christiane Abrantes ressaltou ainda o
peso da concorrência com multinacionais que, segundo ela, são muito agressivas.
A Hertape Calier Saúde Animal destina 3,7% de seu faturamento anual para P&D.
Esta porcentagem são recursos próprios que representam aproximadamente 80% dos gastos
com P&D na empresa. Apenas 5% vêm de recursos públicos e outros 15% de recursos
privados. Assim como é característico de uma empresa de biotecnologia, os investimentos na
Hertape Calier Saúde Animal são de prazo muito longo e quando a receita começa a surgir, há
a necessidade constante de reinvestimento. Além disto, o setor de biotecnologia demanda
investimentos elevados que, em alguns casos, são investimentos a fundo perdido. Isto
acontece ao longo das fases de desenvolvimento de um produto. A empresa também financia
bolsas de estudo para alunos de mestrado e doutorado que queiram desenvolver pesquisas de
interesse da empresa.
No que diz respeito às perspectivas futuras, a Hertape Calier Saúde Animal tem um
projeto, em fase final de execução, de escala significativa junto à empresa Eurofarma, de
construção de uma fábrica especializada em vacinas contra a febre aftosa.
159
6.3.3. Interação Universidade-Empresa
A interação entre a UFMG e a Hertape Calier Saúde Animal, que resultou no
desenvolvimento da vacina Leish-Tec®, a partir de tecnologia recombinante, iniciou-se em
2003. Em 2004, a universidade firmou com a Hertape Calier Saúde Animal um acordo de
transferência de tecnologia que previa a participação financeira da empresa na fase de
pesquisa e a produção e comercialização da vacina após o término dos trabalhos20
(AZEVEDO, 2004). Para os fins da transferência tecnológica, a Hertape Calier Saúde Animal
fez aportes de recursos financeiros próprios e adquiridos em editais de financiamento público
para a universidade. Por exemplo, por meio da parceria com a empresa foram feitos cerca de
R$300 mil em investimentos nos laboratórios da UFMG (PATENTES..., 2006).
Tal parceria, como mencionado anteriormente, foi iniciativa da Hertape Calier Saúde
Animal, que já tinha um contato prévio com o Departamento de Microbiologia da UFMG.
Segundo a Professora Ana Paula Fernandes da UFMG, o convite para a parceria foi visto,
pelos pesquisadores, como um ponto de partida, uma oportunidade de aprendizado sobre as
particularidades da interface universidade-empresa, mais que propriamente a oportunidade de
transformar a pesquisa em um produto comercializável, realidade que naquela época parecia
ainda distante.
A vacina contra a leishmaniose que existia no mercado antes da comercialização da
Leish-Tec® pode ser considerada como uma vacina de primeira geração. Esta vacina é o
resultado de um processo complexo de amadurecimento e purificação de antígenos
diretamente do parasita. A inovação trazida pela Leish-Tec® baseia-se no uso de antígenos
expressos na forma amastigota que, ao invés de induzir a produção de anticorpos, provoca
uma resposta celular, possibilitando a proteção e o controle da multiplicação dos protozoários
(AZEVEDO, 2004). A Leish-Tec® fundamenta-se em tecnologia recombinante, com
antígenos muito bem caracterizados e é uma vacina de produção mais fácil do que a de
primeira geração.
20 Trata-se do segundo contrato estabelecido entre a UFMG e a Hertape Calier Saúde Animal no ano de 2004. A empresa já possuía um contrato de transferência tecnológica com a universidade, que envolve o desenvolvimento de uma vacina contra a parvovirose canina, à base de proteína recombinante, desenvolvida por pesquisadores do Departamento de Microbiologia (ICB) (AZEVEDO, 2004; PATENTES..., 2006). Cabe observar que além de parcerias com o Instituto de Ciências Biológicas, a Faculdade de Farmácia e a Escola de Veterinária da UFMG, a empresa possui parcerias institucionais com a Fiocruz – RJ, Bio e Far Manguinhos – RJ, Instituto René Rachou- Fiocruz – MG, Fundação Butantan – SP e Universidade de São Paulo (ABRANTES, 2008).
160
Cabe ressaltar que o projeto da Leish-Tec® ainda se encontrava em estágio
embrionário, quando a Hertape Calier Saúde Animal integrou-se ao Instituto do Milênio de
Tecnologia e Desenvolvimento de Vacinas (IMTEV)21, criado em 2005 com o suporte
financeiro do CNPq, e com coordenação geral do Professor Ricardo Gazzinelli. Este instituto
buscou avançar no desenvolvimento de vacinas que previnem doenças negligenciadas no
Brasil (doenças de chagas, dengue, malária, leishmaniose, leptospirose, raiva, toxoplasmose,
cinomose e infestação por carrapatos), caracterizadas por importância médica e/ou veterinária
e servir como uma “ponte” para a transferência de tecnologia de institutos de pesquisas e
universidades para as indústrias envolvidas na produção de vacinas. A Divisão de
Desenvolvimento de Vacinas estruturou-se na parceria do IMTEV com companhias públicas e
privadas envolvidas na produção de vacinas, dentre elas a Hertape Calier Saúde Animal.
Nesta divisão, realizaram-se (1) ensaios pré-clínicos; (2) produção de vacinas em condições
GMP (good manufacturing practice); e (3) ensaios clínicos de vacinas que já se encontravam
em estágio avançado de desenvolvimento. No âmbito do Instituto do Milênio foram
desenvolvidos conhecimentos relevantes para o desenvolvimento da Leish-Tec®.
No que diz respeito ao desenvolvimento da Leish-Tec®, coube à Hertape Calier Saúde
Animal a formulação e o desenvolvimento do produto, que envolveu etapas como
escalonamento GMP, testes clínicos da vacina em cães22 e registros legais (MAPA e CNTBio)
(ABRANTES, 2008)23. Vale observar que a parceria com a empresa ofereceu a possibilidade
de o produto ser testado em escala industrial, de forma adequada, em condições que não se
verificam no âmbito da universidade (PATENTES..., 2006).
No entanto, a empresa se deparou com o problema de escalonamento. O termo
escalonamento, ou scale-up, se refere à etapa produtiva de se tirar o produto da bancada e
colocá-lo em escala industrial. No Brasil, o problema de escalonamento que, não só a Hertape
Calier Saúde Animal, mas que várias outras empresas que utilizam tecnologia em seus
21 Esta rede nacional de pesquisa foi renovada em 2008, como Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento de Vacinas (2009-2010). Para a participação neste instituto, a Hertape Calier Saúde Animal utiliza sua estrutura para a realização de testes clínicos tais como: a) Testes clínicos e Produção de Vacinas em Condições GMP com a Hertape Calier Saúde Animal; e b) Testes pré-clínicos com roedores, cães e primatas (Biomanguinhos-FIOCRUZ, Hertape Calier Saúde Animal, FIOCRUZ, UFMG, UNIFESP, USP). A continuidade desta participação propiciará o contínuo aprimoramento da Leish-Tec® bem como o desenvolvimento de outra vacina. 22 Cabe salientar que anteriormente à parceria com a Hertape, a UFMG já havia realizado testes da vacina de leishmaniose em camundongos. 23 ABRANTES, Cristiane. Industries: strategies of innovation and marketable product discoveries. 2008. Transcrição do trabalho apresentado no Workshop de Prospecção em Biotecnologia, organizado pelo Cedeplar/UFMG. em dez. 2008. Não publicado.
161
processos produtivos enfrentam, se refere à falta de infra-estrutura e de profissionais que
intermedeiem a relação entre universidade e empresa24. Estes profissionais seriam os
responsáveis por analisar a viabilidade econômica e definir processos de produção em escala
de um produto fruto desta interação. Neste caso específico, este papel tem sido feito pela
própria Hertape Calier Saúde Animal. A empresa verifica o custo do produto desenvolvido
por pesquisadores, dizendo se é ou não comercializável. Ademais, utiliza tecnologia própria
para testar os princípios das moléculas. A pesquisa desenvolvida pelo grupo é, então,
customizada, flexível ao direcionamento dado pela empresa.
De toda forma, os entrevistados observaram que ambas as partes tiveram uma
interação constante nas etapas de formulação e desenvolvimento da Leish-Tec®, para os fins
da realização de testes e procedimentos necessários e da busca de soluções
conjuntas. Segundo Christiane Abrantes, “o processo é feito com a presença e interação das
duas partes o tempo todo”.
A cooperação entre a UFMG e a Hertape Calier Saúde Animal gerou uma patente.
Além disso, foram desenvolvidas no ICB/UFMG duas teses de doutorado, três dissertações de
mestrado e uma monografia de bacharelado envolvendo o antígeno da leishmaniose. Foram
publicados ainda seis artigos em periódicos especializados por pesquisadores diretamente
envolvidos no desenvolvimento da vacina, sendo dois deles referentes ao diagnóstico e quatro
à vacina propriamente dita. Este caso de sucesso serviu como espelho para outros grupos de
pesquisa, que agora procuram a empresa para estabelecerem parcerias.
Christiane Abrantes ressaltou a elevada importância de clientes na sugestão de novos
projetos e da linha de produção da empresa na contribuição para a conclusão de projetos já
existentes. A bióloga também destacou as universidades, institutos públicos de pesquisa,
concorrentes e atividades cooperativas de joint-ventures como fontes de informação que
sugeriram novos projetos e que contribuíram para a conclusão de projetos já existentes.
24 Uma solução para este problema é a construção de centros de escalonamento como o CDTS/FIOCRUZ (Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde / Fundação Oswaldo Cruz) no Rio de Janeiro, no campus de Maguinhos da FIOCRUZ. Tais centros são comuns a várias empresas que necessitam fazer o escalonamento de seus produtos e o utilizam por um certo período de tempo. Estes oferecem a infra-estrutura física e a formação de recursos humanos necessários para tal etapa de maturação de um produto. Infelizmente, o CDTS/FIOCRUZ é o único no país e não consegue suprir a demanda de empresas que necessitam de tal serviço. Sem estes centros, fica muito oneroso para uma empresa sozinha arcar com os custos desta etapa produtiva, que é de uso temporário e constitui estrutura muito complexa e de alto custo e, conseqüentemente, comprar os processos produtivos, junto às tecnologias, do exterior.
162
6.4. Conclusões
A investigação realizada nesta seção procurou mapear as interações entre a infra-
estrutura de C&T e o setor produtivo no estado de Minas Gerais. A análise realizada permitiu
constatar que se constituiu ao longo do tempo em Minas Gerais uma sólida infra-estrutura de
C&T. Esta caracteriza-se por uma rede complexa de universidades públicas e privadas,
centros tecnológicos, institutos de pesquisa e instituições de fomento à pesquisa e à inovação
tecnológica, com destaque em âmbito nacional. Sobressaem-se as universidades federais e as
instituições estaduais de pesquisa, revelando a grande participação do setor público na
formação desta infra-estrutura. No entanto, percebe-se que esta infra-estrutura foi,
historicamente, pouco aproveitada, de modo que não se estabeleceram conexões consistentes
com o setor produtivo capazes de favorecer o maior desenvolvimento das atividades
inovativas no estado. Esta argumentação é corroborada pelos indicadores grau de interação e
densidade de interação de grupos de pesquisa e unidades produtivas do estado de Minas
Gerais elaborados a partir do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Os dados do Diretório de Grupos de Pesquisa apontam também para o fato de que os
grupos de pesquisa em Minas Gerais que possuem uma interação mais intensa com o setor
produtivo são justamente aqueles nas áreas produtivas tradicionais do estado, tais como
Ciências Agrárias e Engenharias. A pesquisa permitiu a constatação de que tais grupos
interativos estão mais concentrados nas universidades federais do estado, instituições que
apresentam maior densidade de interação com o setor produtivo. Outra observação relevante
se refere à conexão entre as áreas de conhecimento e setores de atividades mais interativos.
Nestes últimos, destaca-se a indústria de transformação demandante de conhecimentos
específicos de engenharias e atividades econômicas do estado que estão historicamente
ligadas à agricultura e possuem forte vínculo com as áreas de Agronomia e demais Ciências
Agrárias.
A capacitação científica liderada pela UFMG nas áreas de Ciências da Saúde e
Ciências Biológicas, especificamente nas áreas de parasitologia, bioquímica e microbiologia
gerou algumas interações significativas entre os grupos da universidade e algumas empresas.
O estudo de caso é um bom exemplo deste fato. Entretanto, os dados das Tabelas
apresentados na seção dois não revelam um alto volume de interação entre empresas e grupos
de pesquisa das áreas de ciências biológicas e da saúde.
163
O caso estudado da empresa Hertape Calier e os grupos de pesquisa da UFMG revelou
uma interação universidade-empresa bem sucedida. Esta parceria resultou no lançamento da
vacina recombinante Leish-Tec®, contra a leishmaniose visceral canina, em 2008. A
possibilidade de diversificar sua lista de produtos com tecnologia nacional inovadora foi o
principal motivo que levou a empresa a buscar interações com os grupos de pesquisa. Para os
grupos de pesquisa, por sua vez, o relacionamento permitiu o aprendizado sobre o
desenvolvimento de produtos em escala comercial.
Em síntese, seria de responsabilidade das empresas as etapas de formulação e
desenvolvimento dos produtos em escala comercial, bem como a padronização e adequação
dos mesmos às exigências dos órgãos reguladores e fiscalizadores. Essas etapas justificariam
o aporte significativo de capital por parte da empresa no desenvolvimento de produtos, com o
intuito de viabilizar a sua comercialização. Os pesquisadores da universidade, por outro lado,
seriam responsáveis pela realização de pesquisa básica.
O caso ainda revela que, apesar do sucesso desta interação, faltam no estado, e mesmo
no país, condições de infra-estrutura e recursos humanos que favoreçam o relacionamento
universidade-empresa. O exemplo do escalonamento de produtos é uma dificuldade que a
Hertape Calier Saúde Animal e várias outras empresas enfrentam.
Assim, os principais problemas da estrutura científica e tecnológica do estado de
Minas Gerais e em última instância do Brasil foram abordados neste capítulo, tanto pelos
dados do Diretório de Grupos do CNPq, quanto pelos relatos abordados no estudo de caso.
Considera-se necessária a discussão de políticas públicas que visem integrar os agentes
reguladores e fomentadores do setor público, o sistema financeiro, o setor produtivo e as
instituições de ensino e pesquisa. Esta integração é importante para a superação das
deficiências apresentadas e para promoção do desenvolvimento econômico do estado.
164
7. FINANCIAMENTO DAS ATIVIDADES INOVATIVAS EM MINAS GERAIS
Esta seção apresenta dados sobre um conjunto de informações do Diretório dos
Grupos de Pesquisa do CNPq até agora pouco explorado: os “tipos de remuneração” que
grupos de pesquisa em universidades e instituições de pesquisa recebem de (ou concedem a)
empresas e outras instituições. Os dados relativos aos grupos de pesquisa situados em Minas
Gerais permitem um mapeamento preliminar do relacionamento financeiro desses grupos com
as empresas e outras instituições com as quais mantêm interação. Dessa forma, esta seção
trata de um tema importante mas ainda não tratado de forma adequada na literatura da
economia da tecnologia: a articulação entre finanças e inovação.
Em termos mais gerais, os padrões de interação entre as empresas e as universidades
dependem de forma crucial da forma como as empresas alocam recursos para as universidades
(seja através de repasse de recursos financeiros, de bolsas, de insumos). A condição financeira
das empresas, por sua vez, dependem de diversas condições, entre as quais o relacionamento
com o sistema monetário-financeiro é crucial. Mesmo que o sistema financeiro não aloque
diretamente recursos para as atividades inovativas e de P&D, a eficiência do sistema
financeiro é crucial para criar condições para as empresas investirem em inovação. Pela
própria natureza do investimento inovativo (características de risco e incerteza, tempo de
maturação, imprevisibilidade de resultados etc), já tão discutido na literatura (ver Arrow,
1962, para uma discussão clássica e Rosenberg, 1991, para uma confirmação atualizada
dessas características), o peso do financiamento próprio dessas atividades é a norma.
O objetivo específico desta seção é analisar como as relações de cooperação entre
empresas industriais e universidades são financiadas. Para dar conta dessa investigação, esta
seção sugere uma correspondência entre o que a PINTEC define como “cooperação” entre
empresas e universidades e institutos de pesquisa e cinco “tipos de relacionamento” que
constam no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. Como será apresentado ao longo
desta seção, há uma razoável correspondência quantitativa entre os dados da PINTEC-IBGE e
do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq: a PINTEC encontra 820 empresas que
realizam cooperação com universidades e institutos de pesquisa localizados no Brasil,
enquanto o Diretório de Grupos de Pesquisa (Censo 2004) identifica 966 empresas industriais
com os três tipos de relacionamento afins. Essa evidência inicial autoriza a proposta de
investigação desta seção.
165
Esta seção utiliza, portanto, os dados da PINTEC-IBGE 2005. Além da identificação
específica das 820 empresas com cooperação, a PINTEC permite a construção de um contexto
no qual essa cooperação ocorre, através da identificação de três elementos importantes: em
primeiro lugar, as empresas inovativas que investem em P&D, em segundo lugar a
importância das universidades e institutos de pesquisa para essas empresas e em terceiro lugar
a origem dos recursos investidos em inovação e em P&D por essas empresas.
O objetivo específico desta seção é analisar como as relações de cooperação entre
empresas industriais e universidades são financiadas, através de uma análise exploratória para
o caso de Minas Gerais. Segundo a PINTEC existem 62 empresas com cooperação com
universidades e, de acordo com os dados do Diretório do CNPq, 91 empresas industriais com
relacionamentos compatíveis com a definição do IBGE de cooperação. A partir desse sub-
conjunto (que indica uma coerência entre as duas bases), as informações relacionadas aos
“tipos de remuneração” são apresentadas.
7.1. Finanças e Inovação
As investigações sobre os Sistemas Nacionais de Inovação em geral, focam no papel
das instituições e nos processo interativos de aprendizado e de geração de conhecimento nas
empresas. Porém poucos têm sido os esforços de incorporar a dimensão financeira, e o
insumo financeiro vem recebendo pouca atenção no processo inovativo. Schumpeter já
ressaltava, em sua obra de 1912, a importância do sistema bancário no crescimento
econômico, destacando as circunstâncias nas quais os bancos poderiam ativamente estimular a
inovação e o crescimento futuro ao identificar e financiar investimentos produtivos (LEVINE,
1997).
O reconhecimento dessa importante lacuna na abordagem evolucionista (O’Sullivan,
2004) contribui para tentativas de melhor explorar o tema. Recentemente essa importante
lacuna tem sido objeto de trabalhos vinculados à elaboração evolucionista: Chesnais (2004),
Perez (2002) e O’Sullivan (2004).25
25 Entre as contribuições anteriores mais importantes, destacam-se Christensen (1992) e Goodcare & Tonks (1995). No Brasil, autores como Mello (1994), Erber (1999), Campelo (2000) e Corder & Salles-Filho (2006)
166
A importância do financiamento aos investimentos em inovação é apontada como um
significativo gargalo estrutural ainda não solucionado pelos instrumentos e mecanismos de
apoio recentemente criados em vários países. Se por um lado a internacionalização,
desregulamentação e globalização dos mercados financeiros sinalizam a possibilidade de
recursos a custos mais baixos, por outro as características desse tipo de investimento, como
longo prazo de maturação, incerteza e risco, remontam à necessidade da existência de arranjos
institucionais nacionais.
Como os resultados do processo inovativo nem sempre são previsíveis, fomentá-lo e
financiá-lo ainda consiste em um desafio para as instâncias financeiras, que não podem
enfrentar com os instrumentos clássicos. Portanto, são necessárias ações governamentais para
construir instrumentos alternativos de financiamento aos investimentos em inovação
(SALLES-FILHO & CORDER, 2003).
A literatura aponta que as atividades voltadas à inovação são financiadas de modo
distinto daqueles voltados a outras formas de investimento. Instrumentos financeiros
específicos têm sido desenvolvidos. A inovação apresenta, como se sabe, duas características
específicas que a diferencia, do ponto de vista econômico, de outras formas de investimento:
um risco extremamente elevado e informações imperfeitas sobre a sua viabilidade. Estas
características tornam impossíveis quantificações ex-ante dos custos e da lucratividade
potencial.
Tais características fazem com que os bancos e os próprios mercados de ações sejam
muito rarefeitos a financiar o processo inovativo. Restam duas formas: o auto-financiamento e
a constituição de instituições específicas para o financiamento. Esta segunda forma será o
objeto deste trabalho. Porém deve ser enfatizado, inicialmente, que estudos empíricos
convergem no sentido de mostrar que a grande parte dos gastos com inovação são auto-
financiados pelas empresas, a partir de lucros retidos. Himmelberg e Petersen (1994) mostram
que o investimento em P&D das empresas norte-americanas é ligado a seu fluxo de caixa
passado. Este tipo de argumentação é utilizado para sustentar que as PMEs estão em
desvantagens em relação às grandes empresas no que se refere a esta forma de financiamento
e que é para tais empresas que deve ser voltada a constituição de instituições específicas para
o financiamento da inovação.
têm contribuições para o tema.
167
A literatura também sugere que a utilização do auto-financiamento é muito
influenciada pela política implícita de C,T&I, basicamente a política macroeconômica e a
política comercial. Assim, investimentos em atividade inovativas são influenciados
positivamente pela estabilidade macroeconômica (alto crescimento do PIB, baixa inflação e
baixa taxa de juros) que favorecem os investimentos de longo prazo e negativamente pelas
políticas que aumentam a incerteza e instabilidade (altas taxas de juros e de câmbio, por
exemplo). Ademais, algumas especificidades dos sistemas nacional de inovação que se
refletem ao nível microeconômico também são importantes – positiva e negativamente – para
definir as estratégias das empresas com relação ao uso de auto-financiamento (por exemplo, o
regime de concorrência, barreiras à entrada, direitos de propriedade, ambiente institucional
etc. (JAUMOTE & PAIN, 2005) na medida em que afetam a lucratividade esperada. A
abordagem de Sistema Nacional de Inovação apresenta-se, portanto, como instrumento útil no
entendimento e contextualização do financiamento à atividade de inovação nos países.
Para localizar o caso brasileiro, é útil a referência de uma sistematização de
informações estatísticas relacionadas ao tema compiladas por Herskovic (2007).
Herskovic elaborou o Gráfico 15 (abaixo) a partir de dados de PIB per capita (para a
riqueza das nações), patentes e artigos científicos por milhão de habitantes (para a produção
científico-tecnológica), crédito ofertado pelo sistema bancário e capitalização de mercado das
empresas listadas na bolsa de valores (para a dimensão financeira). O Gráfico 1 indica uma
correlação entre dados relativos à riqueza das nações, produção científico-tecnológica e a
dimensão monetário-financeira.
168
Gráfico 15
Gráfico 15: Logaritmo de PIB per capita (2003), TEC (variável que engloba a produção científica e tecnológica, média do período 1999-2003) e FIN (variável que engloba a dimensão dos bancos e das bolsas de valores, dados para 2003). FONTE: HERSKOVIC (2007), elaboração a partir do USPTO, ISI e Banco Mundial.
Para além de uma pista empírica em relação a essa correlação geral, que fortalece os
argumentos em relação ao padrão de causalidade discutido nessa seção, e para os objetivos
desta seção, os dados desse Gráfico são úteis para contextualizar a posição do Brasil, servindo
assim de introdução à próxima seção. Herskovic (2007, pp. 42-44) aplica técnicas de
agrupamento para diferenciar os países no espaço tecnologia e finanças (grosso modo, o eixo
xy do Gráfico 15). O resultado indica que o Brasil encontra-se no grupo dos países em
posição intermediária (no mesmo grupo do México, África do Sul, Argentina). O grupo acima
é composto por países de alta renda per capita, alta produção científica e tecnológica e
sistemas monetário-financeiros bem desenvolvidos (Estados Unidos, Japão e Alemanha, por
exemplo, estão nesse grupo).26 No grupo abaixo estão os países mais pobres (Bolívia, Gana,
Marrocos, por exemplo).
26 As diferenças entre esses três países em termos dos sistemas financeiros foram extensivamente discutidas por Zysman (1982).
169
A identificação da posição brasileira, então, serve como uma introdução à próxima
seção, na qual os dados para o Brasil são apresentados. Essa posição sugere que as
investigações sobre o caso brasileiro devam levar em conta particularidades como a existência
de um sistema de inovação imaturo e de um sistema financeiro não-funcional.
Uma vez localizado o caso brasileiro, vale uma referência a um estudo sobre o Brasil:
Crocco et al (2008) analisam as relações existentes entre patentes (como indicador de
atividade inovativas) e variáveis bancárias, no nível municipal. Entre as principais conclusões
desta seção destacam-se: 1) “existe uma forte concentração espacial das variáveis crédito,
patentes e artigos científicos, sendo que o grau de concentração é maior para a última variável
e menor para a primeira”; 2) “a análise do modelo logit ordenado mostrou que variações
positivas no crédito, acesso bancário (proxy de centralidade) e produção científica aumentam
as chances de uma localidade ter um maior número de patentes registradas”; 3) “a concessão
de crédito na localidade se torna o elemento viabilizador” das atividades tecnológicas que
resultam em patentes”.
Em um diálogo com os objetivos específicos desta seção, Crocco et al (2008)
articulam uma conexão entre o papel da provisão de crédito por bancos e as atividades
internas de P&D, na medida em que “a conexão aqui sugerida entre sistema bancário e
inovação certamente passa por inúmeros canais intermediários, que merecem investigação
também detalhada” Para Crocco et all (2008), “...os dados disponibilizados pela PINTEC-
IBGE, por exemplo, indicam que 90% das atividades de P&D realizadas no país são
financiadas por recursos próprios (Henriques, 2007). Esses dados sugerem a necessidade de
maiores investigações sobre a articulação entre a estrutura interna das empresas e a
disponibilidade de crédito, pois a influência de melhores condições de oferta de crédito pode
operar sobre a capacidade inovativa das empresas ao permitir uma maior mobilização interna
de recursos para atividades carregadas de risco como a P&D. Mesmo que a firma financie a
inovação com recursos próprios, outras necessidades de investimento ficariam desfavorecidas,
o que exigiria captação de recursos externos para tais fins (como por exemplo capital de giro
especifico ou não para o processo inovativo)”.
170
7.2. Metodologia
Este trabalho utiliza duas bases de dados: (1) dados da última Pesquisa de Inovação
Industrial – PINTEC, realizada pelo IBGE; (2) dados provenientes do Diretório dos Grupos
de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para os dados da PINTEC foi solicitada um conjunto de tabulações especiais, que
permitiriam inferir três conjuntos de informações: (1) empresas inovativas que investem em
atividades de P&D; (2) a importância atribuída às universidades e institutos de pesquisa pelas
empresas que realizam P&D; (3) origem dos recursos investidos nas atividades de inovação e
em P&D por este conjunto de empresas.
Para as informações do CNPq foram analisados como os relacionamentos interativos
entre os grupos de pesquisa e o setor produtivo são remunerados. Há 10 tipos de remuneração
entre os grupos de pesquisa e o setor produtivo que estão listados no Quadro 1. Cada líder do
grupo pode atribuir até três tipos de remuneração decorrente de relacionamentos interativos
com o setor produtivo.
Quadro 1 - Tipos de remuneração entre os grupos de pesquisa e o setor produtivo.
1 Transferência de recursos financeiros do parceiro para o grupo 2 Transferência de recursos financeiros do grupo para o parceiro 3 Parceria sem a transferência de recursos de qualquer espécie envolvendo
exclusivamente relacionamento de risco 4 Fornecimento de bolsas para o grupo pelo parceiro 5 Transferência de insumos materiais para as atividades de pesquisa do grupo 6 Transferência de insumos materiais para as atividades do parceiro 7 Transferência física temporária de RH do parceiro p/ atividades de pesquisa do grupo 8 Transferência física temporária de RH do grupo para as atividades do parceiro 9 Parceria com transferência de recursos de qualquer espécie nos dois sentidos
10 Outras formas de remuneração que não se enquadrem em nenhuma das anteriores Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq.
Os dados que serão apresentados foram coletados na internet por meio do sítio do
CNPq na Plataforma Lattes. Para a extração dos dados foram feitas, primeiramente, consultas
no “Plano Tabular” referentes ao Censo de 200427. Os dados referentes ao Brasil foram
27 Refere-se às informações em 21 de outubro de 2004.
171
obtidos por meio de consultas no Plano Tabular que fornecem as informações agregadas.
Para Minas Gerais foi construída uma base de informação, no nível dos microdados,
i.e., de cada grupo de pesquisa, a partir de consultas realizadas na base corrente. A fim de
reunir um conjunto maior de informações sobre os tipos de relacionamentos e os tipos de
remuneração, foram coletados dados referentes aos Censos 2004 do Diretório dos Grupos de
Pesquisa. As buscas na base corrente foram realizadas entre 28/01/2008 e 10/03/2008.
7.3. Uma Articulação entre a PINTEC e o Diretório do CNPq
Duas importantes bases de dados, a PINTEC e o Diretório dos Grupos de Pesquisa do
CNPq permitem uma investigação que por um lado identifique a importância atribuída pelas
empresas às universidades (PINTEC) e, por outro lado, como os grupos de pesquisa nas
universidades e institutos de pesquisa se relacionam com as empresas (Diretório CNPq). Esta
seção busca avaliar essas duas bases de forma indicar as informações mais relevantes para
essa análise combinada e bi-direcional.
7.3.1. A PINTEC-IBGE 2005
A PINTEC 2005 investigou 91.055 empresas industriais no Brasil, com 10
empregados ou mais. Dessas, 30.377 empresas (33% do total) declararam a implementação de
inovação de produto e/ou processo. Desse subconjunto, 19.951 empresas declararam gastos
com atividades inovativas e 5.046 empresas declararam gastos com atividades de pesquisa e
desenvolvimento (P&D).
Para uma qualificação das atividades inovativas dessas 30.377 empresas, é necessário
mencionar um dado relativo ao grau de importância atribuído a diversas atividades inovativas
(ver Tabela 28). De longe, a atividade considerada mais importante é “aquisição de máquinas
e equipamentos”: 19.844 (65%) empresas consideram “alto” o grau de importância dessa
172
atividade. Essa resposta indica onde está a ênfase das atividades inovativas do país, e de certo
modo o seu caráter pouco sofisticado.28
Em segundo lugar, está a atividade “treinamento”, cuja importância é alta para 13.572
(44%) empresas.
As atividades internas de P&D são consideradas de alta importância para 5.040
(16,6%) empresas e a aquisição externa de P&D para 1.203 (3,9%) empresas.
A distribuição dos gastos das 19.951 empresas em atividades inovativas totalizou R$
34,41 bilhões. Desse total, 15.680 empresas gastaram quase a metade (R$ 16,65 bilhões) com
aquisição de máquinas e equipamentos. Por sua vez, as 5.046 empresas que investiram em
P&D interno gastaram R$ 7,11 bilhões.
Essa cansativa apresentação de dados é útil para dois propósitos. Primeiro, permite
indicar o significado relativo das empresas que investem em P&D. Segundo, permite uma
comparação com dados da PINTEC 2003 (utilizados em trabalho anterior, ver Rapini et al,
2006): infelizmente não houve mudanças significativas entre as duas PINTECs, pois na
anterior, relativa ao ano de 2003, foram investigadas 84.262 empresas industriais, das quais
28.036 implementaram inovações e 4.941 investiram em P&D.
Os dados da PINTEC permitem investigar o papel das universidades e institutos de
pesquisa como fontes de informação para as atividades inovativas. Das 30.377 empresas com
atividades inovativas, 1.836 empresas consideram “alto” o grau de importância das
universidades e institutos de pesquisa como fontes de informação. Dentre as fontes de
informação investigadas, “clientes e consumidores” são as fontes mais importantes (12.975
empresas ou 42% do total empresas consideram “alta” o grau de importância dessa fonte).
Em seguida vêem “fontes internas: outras áreas” (12.648 empresas), “fornecedores” (12.237),
“feiras e exposições” (11.352 empresas) e “redes de informação informatizadas” (11.199).
O número de empresas que considera as universidades altamente importantes como
fonte de informação para suas atividades inovativas (1.836) é bastante próximo do total de
empresas que consideram atividades internas de P&D altamente importantes (2.247),
“instituições de testes, ensaios e certificação” (2.268), “centros de capacitação profissional e
capacitação técnica” (2.078) e “empresas de consultoria e consultores independentes” (1.874).
28 Para uma comparação internacional, ver Viotti, Baessa & Koeller (2005, p. 668). Nessa comparação, o Brasil aparece entre os países que tem uma maior participação relativa do tópico dispêndio com aquisição de máquinas e equipamentos (52%), abaixo de Portugal (69%) e um pouco abaixo da Itália (50%). Como referência de um país mais avançado tecnológico, na Alemanha essa proporção é de 28%.
173
Há forte correlação entre empresas que realizam P&D interno e externo e a atribuição
de importância para universidades: apenas 3,9% das empresas que não investem em P&D
atribuem às universidades o grau de importância alto, porcentagem que multiplica-se por mais
de seis vezes quando o subconjunto é o das empresas que têm P&D interno e externo (25,0%).
Essa correlação é muito relevante para a agenda de pesquisa do nosso grupo.
A cooperação com universidades e instituições de pesquisa localizadas no Brasil foi
declarada por 820 empresas. O padrão de correlação com as atividades de P&D repete-se
aqui, com maior intensidade: 77,6% das empresas com cooperação com universidades e
institutos de pesquisa têm atividades de P&D, internas e/ou externas.
Um dado fornecido pelas tabulações especiais do IBGE indica a força e importância
do financiamento público para essas iniciativas de cooperação: no país, 378 empresas
responderam SIM à questão 158 da PINTEC (“participação em projetos de P&D e inovação
tecnológica em parceria com universidades e institutos de pesquisa, com apoio financeiro
público”). Se os dois dados estão articulados como seria passível de suposição, 46,1% das
empresas com cooperação têm financiamento público para tanto.
Finalmente, em termos das “fontes de financiamento”, PINTEC 2005 apresenta as
diferenças em relação as fontes para atividades inovativas e para as atividades de P&D. Para
as atividades inovativas, os recursos próprios respondem por 84% dos gastos, as fontes
externas de caráter público por 10% e as fontes externas de caráter privado 6%. Para as
atividades de P&D, 93% dos gastos provêem de recursos próprios, 6% de fontes externas de
caráter público e 1% de fontes externas de caráter privado.
Para os objetivos deste trabalho, é importante ressaltar o entrelaçamento entre os
gastos de P&D, a maior propensão a atribuir importância às universidades como fonte de
informação e a maior probabilidade de estabelecimento de relações de cooperação com
universidades e institutos de pesquisa. Por isso, as condições de financiamento são relevantes
para o aperfeiçoamento da interação entre universidades e empresas, uma condição essencial
para o amadurecimento do sistema de inovação brasileiro.
174
7.3.2. O Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq
Esta seção apresenta os dados referentes aos tipos de remuneração estabelecidos entre
os grupos de pesquisa e o setor produtivo nas relações interativas para o Brasil. A Tabela 59,
abaixo, apresenta a distribuição dos tipos de remuneração em cada Unidade da Federação. De
acordo com o Censo 2004 do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, 2.151 grupos de
pesquisa, declararam relacionamentos com 2.786 unidades do setor produtivo.
No país, o tipo de remuneração de maior magnitude entre os grupos de pesquisa e o
setor produtivo, foi a transferência de recursos financeiros do parceiro para o grupo de
pesquisa, que abarca 31% do total. Em segundo esta a transferência de insumos materiais para
as atividades do grupo (21%), e em terceiro o fornecimento de bolsas para o grupo (13%). Em
quarto, estão as parcerias que envolveram exclusivamente, relacionamentos de risco com
somente 7,1% do total dos tipos de remuneração. A transferência física temporária de recursos
humanos também foi significativa, sendo 5% do total (ou 399) do parceiro para o grupo, e
3,4% (ou 264) do grupo para o parceiro.
175
UF
Grupos com interação
Unid. Setor prod.
Recursos
financeiros p/ grupo
Recursos
financeiros p/ parceiro
Bolsas
Parceria c/ risco
Insumos p/ grupo
Insumos
p/ parceiro
RH p/ grupo
RH p/ parceiro
Parceria
c/ recursos
Outros
Total AC 1 6 0 0 2 0 3 3 0 3 1 0 12 AL 10 12 9 0 5 1 4 0 0 0 0 2 21 AM 28 24 12 0 9 16 7 0 4 2 1 4 55 BA 111 163 155 11 72 21 78 17 27 20 28 39 468 CE 52 82 40 4 23 11 34 5 8 7 7 19 158 DF 61 98 52 10 28 16 55 4 12 23 11 21 232 ES 16 28 15 1 10 10 12 0 4 0 4 4 60 GO 43 75 51 0 13 10 33 6 11 0 6 7 138 MA 14 16 5 0 5 3 6 1 2 1 3 3 29 MT 19 28 10 0 5 9 6 0 9 0 3 6 48 MS 11 13 8 0 5 2 3 1 1 1 1 1 23 MG 226 367 297 17 132 65 241 16 61 41 34 82 986 PA 52 57 35 5 40 7 33 6 5 9 13 12 165 PB 36 46 31 1 16 6 25 0 8 3 5 15 110 PR 183 347 230 13 80 68 140 16 35 17 58 101 758 PB 87 149 106 0 32 20 71 13 13 10 12 46 323 PI 3 18 6 2 2 13 8 0 3 0 8 13 55 RJ 259 329 235 26 74 48 138 13 46 26 28 114 748 RN 24 40 16 4 15 3 22 2 6 7 2 9 86 RS 265 417 349 19 175 61 228 21 52 29 46 99 1079 RR 2 2 0 0 1 0 2 0 1 0 0 0 4 SC 163 290 231 14 107 34 121 12 31 17 31 49 647 SP 464 746 558 41 187 133 298 40 55 46 54 160 1572 SE 15 15 7 0 3 1 12 2 5 1 1 7 39 TO 6 8 5 0 2 2 5 0 0 1 0 2 17 Total 2151 2786 2463 168 1043 560 1585 178 399 264 357 815 7832
Tabela 59: Tipos de remuneração, por UF, Brasil, 2004.
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Plano Tabular, Censo 2004.
São Paulo possui o maior número de grupos de pesquisa (em total de 464) que
declararam relacionamentos com o setor produtivo (746 unidades). O estado foi responsável
por 20% (1.572) de toda a remuneração estabelecida entre os grupos e seus parceiros. Os tipos
de remuneração estabelecidos, de certa forma, replicam o panorama nacional, sendo: 35% na
transferência de recursos financeiros para o grupo; 18% transferência de insumos materiais
para as atividades de pesquisa do grupo; 11% bolsas para o grupo; 8,5% parcerias que
envolvem exclusivamente riscos.
Minas Gerais está em quarta posição, em termos de grupos de pesquisa (226) com
interação com unidades do setor produtivo (367). Contudo, em termos do total de tipos
remuneração, o estado ocupa a terceira posição, com 986 que representam 12% do total
176
nacional. Isto é um indicador de que, no estado, as interações entre os grupo de pesquisa e o
setor produtivo foram remuneradas de uma forma mais diversificada. Os tipos de
remuneração se distribuem da seguinte forma: 30% transferência de recursos financeiros para
o grupo; 24% transferência de insumos materiais para as atividades de pesquisa do grupo;
13% bolsas para o grupo; 6,6% parcerias que envolvem exclusivamente riscos. Minas Gerais
foi o estado que apresentou o maior número de transferências físicas temporárias de recursos
humanos para os grupos (em total de 61) e para os parceiros (41).
A Tabela 60 apresenta a distribuição dos tipos de remuneração de acordo com as
grandes áreas do conhecimento. As grandes áreas de engenharias e de ciências agrárias
apresentam o maior número de grupos de pesquisa com relacionamento com o setor
produtivo, sendo 747 e 434, respectivamente.
Na grande área de engenharias, apesar dos tipos de remuneração seguirem o padrão
nacional, a transferência de recursos financeiros para o grupo apresenta maior peso relativo
(sendo 37% na grande área, versus 31% na média nacional). As bolsas para os grupos
possuem maior peso relativo na grande área de ciências exatas e da terra (17% versus 13% da
média nacional) e as parcerias envolvendo risco na grande área de ciências da saúde (10%
versus 7% da média nacional).
Tabela 60 - Tipos de remuneração, por grande área do conhecimento, Brasil, 2004.
Tipos de remuneração
C. Agrárias
C.
Biológicas
C.
Saúde
C. Exatas e da Terra
Engenharias
Humani dades*
Total Transf. recursos financeiros p/ grupo 480 200 124 227 1.267 165 2.463 Transf. recursos financeiros p/ empresa 41 18 11 7 66 25 168 Bolsas 160 82 63 127 517 94 1.043 Parceria envolvendo risco 113 59 56 44 188 100 560 Insumos materiais p/ grupo 436 130 148 156 626 89 1.585 Insumos materiais p/ empresa 54 19 16 20 56 13 178 Transferência de RH para o grupo 109 42 26 32 155 35 399 Transferência de RH para a empresa 70 13 15 28 83 55 264 Parceria com transferência de recursos 84 37 39 22 142 33 357 Outros 184 64 75 101 288 103 815 TOTAL 1731 664 573 764 3388 712 7.832 Grupos pesquisa com relacionamento 434 224 236 248 747 262 2151 Unidades do setor produtivo 684 319 270 335 1301 411 3320
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Plano Tabular, Censo 2004. Nota: Reúne as áreas de: Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Lingüística, Letras e Artes.
177
7.3.3. A Cooperação entre Empresas e universidades: conexão entre as duas bases
O principal ponto de contato entre as duas bases (e que indica a consistência dessa
articulação) é uma comparação entre o número de empresas industriais que declaram à
PINTEC relações de cooperação com universidades e o total de empresas que os grupos de
pesquisas declaram ao Diretório do CNPq ter interação. Em 2004, 2.768 empresas e
instituições interagiram com grupos do CNPq. Um rápido levantamento das classes CNAE
desse conjunto informa que 1.086198 empresas são classificadas nas indústrias extrativas e de
transformação.
Para um melhor ajuste entre as duas bases, é necessário compatibilizar a definição de
cooperação pela PINTEC-IBGE com os tipos de relacionamento como definidos pelo CNPq.
Para a PINTEC-IBGE, “cooperação para a inovação significa a participação ativa em projetos
conjuntos de P&D e outros projetos de inovação com outra organização (empresa ou
instituição). Isto não implica, necessariamente, que as partes envolvidas obtêm benefícios
comerciais imediatos” (PINTEC-IBGE, 2007, p. 149). Essa definição pode ser
compatibilizada com cinco dos 14 “tipos de relacionamento” que constam no Diretório dos
Grupos de Pesquisa do CNPq (i- Pesquisa científica sem considerações de uso imediato dos
resultados; ii- Pesquisa científica com considerações de uso imediato dos resultados; iii-
Transferência de tecnologia desenvolvida pelo grupo para o parceiro; iv- Atividades de
engenharia não-rotineira inclusive o desenvolvimento de protótipo cabeça de série ou planta-
piloto para o parceiro; e v- Atividades de engenharia não-rotineira inclusive o
desenvolvimento e fabricação de equipamentos para o grupo).
Uma pesquisa na base dos grupos de pesquisa indica a existência de 966 empresas que
estiveram envolvidas com esses cinco tipos de relacionamento.
Embora entre essas 966 empresas industriais existam empresas com menos de 10
empregados (que estão fora do universo da PINTEC), é notável a proximidade da informação
do Diretório do CNPq com as 820 empresas com cooperação encontradas pela PINTEC.
Por isso, justifica-se investigar a relação entre as duas bases para Minas Gerais.
178
7.4. O Financiamento das Atividades de Cooperação em Minas Gerais
Com a articulação realizada na seção anterior, o objetivo desta seção é focalizar em
Minas Gerais. Inicialmente, trata-se de adequar ao máximo as duas bases para Minas Gerais.
Para localizar o conjunto das empresas com cooperação com universidades e institutos de
pesquisa em Minas Gerais, esta seção inicia-se apresentando o mesmo roteiro de síntese das
informações da PINTEC-IBGE.
7.4.1. Minas Gerais na Pintec
Em Minas Gerais a PINTEC 2005 investigou 10.861 empresas industriais com 10
empregados ou mais. Dessas, 3.202 empresas (29,5% do total, contra 33% no país)
declararam a implementação de inovação de produto e/ou processo. Desse subconjunto, 1.771
empresas declararam gastos com atividades inovativas e 344 empresas declararam gastos com
atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Quanto ao grau de importância das diversas atividades inovativas para a inovação,
essas 3.202 empresas inovativas consideraram que a atividade mais importante é “aquisição
de máquinas e equipamentos”: 2.186 empresas consideram “alto” o grau de importância
dessa atividade (68,2% do total, contra 65% para o Brasil).
Em segundo lugar, está a atividade “treinamento”, cuja importância é alta para 1.273
empresas (39,7%).
As atividades internas de P&D são consideradas de alta importância para 351 (10,9%,
contra 16,6% no país) empresas e a aquisição externa de P&D para 69 empresas (2,2%, contra
uma média nacional de 3,9%).
Os gastos das 3.202 empresas mineiras em atividades inovativas totalizaram R$ 3,09
bilhões. Desse total, 1.469 empresas gastaram mais da metade (R$ 1,63 bilhões) com
aquisição de máquinas e equipamentos. Por sua vez, as 344 empresas mineiras que investiram
em P&D interno gastaram R$ 0,46 bilhões.
179
Uma comparação com dados da PINTEC 2003: também em Minas Gerais não houve
mudanças significativas entre as duas PINTECs. Em 2003 foram investigadas 10.028
empresas industriais, das quais 3.503 implementaram inovações e 410 investiram em P&D.
No entanto, ao contrário do caso do Brasil, entre 2003 e 2005 em Minas Gerais cai tanto o
número de empresas com atividades inovativas como o número de empresas com atividades
internas de P&D.
Quanto ao papel das universidades e institutos de pesquisa como fontes de informação
para as atividades inovativas, das 3.202 empresas mineiras com atividades inovativas, 178
empresas consideram “alto” o grau de importância das universidades e institutos de pesquisa
como fontes de informação. Dentre as fontes de informação investigadas, “fornecedores” e
“fontes internas: outras áreas da empresa” estão empatadas como as fontes mais importantes
(ambas com 1.460 empresas ou 45,6% do total empresas das empresas inovativas): essa é
uma importante diferença com os dados do Brasil, na medida em que “fornecedores”
ocupam o terceiro lugar e “fontes internas: outras áreas da empresa” o segundo lugar. Em
seguida vêem
“clientes ou consumidores” (1.345 empresas), “feiras e exposições” (1.245 empresas) e “redes
de informação informatizadas” (1.135 empresas mineiras).
Outra diferença importante entre os dados de Minas Gerais e do Brasil é a posição
relativa das universidades: 178 empresas consideram as universidades altamente importantes
como fonte de informação para suas atividades inovativas, um total bastante próximo mas
superior ao número de empresas que consideram atividades internas de P&D altamente
importantes (146). Com números também próximos estão “instituições de testes, ensaios e
certificação” (204), “centros de capacitação profissional e capacitação técnica” (194) e
“empresas de consultoria e consultores independentes” (140).
Há também em Minas Gerais forte correlação entre empresas que realizam P&D
interno e externo e a atribuição de importância para universidades: apenas 4,5% das empresas
mineiras que não investem em P&D atribuem às universidades o grau de importância alto
(valor superior à média nacional), porcentagem que multiplica-se por três vezes quando o
subconjunto é o das empresas que têm P&D interno e externo (15,6%). No caso dos dados
para o Brasil, a multiplicação é por seis vezes (a média é de 25% nesse último caso).
Das 62 empresas com cooperação com universidades no Brasil, 26 realizam P&D
interno, 4 P&D externo e 23 os dois tipos de P&D. Apenas 9 empresas com cooperação não
têm investimentos em P&D. Em termos proporcionais, 85,5% das empresas que têm
180
cooperação assumem atividades de P&D (um lembrete: essa porcentagem para o país
alcançava 76,6%).
Finalmente, em termos das “fontes de financiamento”, PINTEC 2005 encontra
novamente a singularidade de Minas Gerais. Os recursos próprios respondem por 82% dos
gastos, as fontes externas de caráter público por 13% e as fontes externas de caráter privado
5%. Para as atividades de P&D, 70% dos gastos provêem de recursos próprios e 30% de
fontes externas de caráter público.
As diferenças aqui são importantes. Em primeiro lugar, a porcentagem: em Minas
Gerais, como visto, 70% das atividades de P&D são financiadas com recursos próprios. O
segundo lugar é ocupado por Santa Catarina, com 80% do financiamento assumido por
recursos próprios. Em segundo lugar, a ordem: para a média nacional e para os outros 12
estados que constam da desagregação estadual da PINTEC (dados disponíveis no site do
IBGE), a participação dos recursos próprios é sempre superior para o caso das atividades de
P&D. Apenas Minas Gerais conta com maior participação dos recursos próprios para o
financiamento de atividades inovativas.29
Com essa informação, é possível compreender que o financiamento público a
atividades de cooperação com universidades e institutos de pesquisa também seja mais
significativo em Mians Gerais. Conforme a PINTEC, em Minas Gerais 35 entre 62 empresas
com cooperação receberam financiamento público (56,5%, superior à média nacional de
46,1%).
7.4.2. Empresas com cooperação com universidades e IPs em Minas Gerais
Para articular as duas bases, foi realizado o mesmo procedimento que identificou as
966 empresas industriais que estiveram envolvidas com esses cinco “tipos de relacionamento”
que na base do CNPq são compatíveis com a definição de cooperação do IBGE. O resultado é
a definição de 91 empresas industrias (indústrias extrativas e de transformação) com relação
29 Essa posição é similar à encontrada na PINTEC 2003, na qual os recursos próprios das empresas respondiam por apenas 68% do total desses gastos (24% provinham de fontes externas públicas e 8% de fontes externas de caráter privado) (Henriques, 2007, p. 35).
181
com os grupos de pesquisa de Minas. Conforme a PINTEC, existem 62 empresas de Minas
com cooperação com universidades e institutos de pesquisa.
Esta seção discute as características dessas 91 empresas e seu relacionamento com os
grupos.
A Tabela 61 traz a distribuição das 91 empresas em relação aos tipos de
relacionamento com os grupos de pesquisa. Na Tabela há dupla contagem, visto que cada
empresa pode ter até três tipos de relacionamento com os grupos de pesquisa. Tem-se que 69
empresas estiveram envolvidas em atividades de pesquisa cientifica voltadas para o uso
imediato dos resultados, 25 empresas estiveram envolvidas em atividades de pesquisa sem
considerações de uso imediato dos resultados, 51 empresas em relacionamentos que
envolveram a transferiram tecnologia e 11 empresas em interações voltadas para atividades de
engenharia não-rotineira.
Tabela 61 - Distribuição das 91 empresas industriais com cooperação com universidades e
institutos de pesquisa, de acordo com o “tipo de relacionamento” com o grupo de pesquisa, Minas Gerais, 2004.
Tipos de relacionamento Número de
empresas Pesquisa científica com considerações de uso imediato dos resultados 69 Transferência de tecnologia 51 Pesquisa científica sem considerações de uso imediato dos resultados 25 Atividades de engenharia não-rotineira 11
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, 2004.
O envolvimento dessas 91 empresas com cooperação é diferenciado, na medida que
algumas empresas concentram um grande número de contatos com grupos de pesquisa. A
Tabela 4 ordena essas empresas de acordo com o total de grupos de pesquisa que mantêm
relações de cooperação. Em primeiro lugar está a ARACRUZ CELULOSE que interagiu com
12 grupos de pesquisa, sendo seguida pela ACESITA e USIMINAS, ambas com
relacionamentos com 6 grupos de pesquisa. Em quarto esta a Cenibra com interações com 4
grupos de pesquisa, sendo seguida pela International Paper do Brasil, com interação com 3
grupos. As demais empresas, Petrobras, Biomm, Valle, Maxtron, Bahia Sul Celulose, Viracel
Celulose e Villares Metal, tiveram relacionamentos colaborativos com 2 grupos de pesquisa,
cada uma.
182
Tabela 62 - Empresas industriais com cooperação com universidades e institutos de pesquisa, ordenadas de acordo com o total de grupos de pesquisa com que mantêm cooperação, Minas Gerais, 2004.
Nome das Empresas Número de Grupos
de Pesquisa ARACRUZ 12 ACESITA 6 USIMINAS 6 CENIBRA 5 V&M DO BRASIL 4 INTERNATIONAL PAPER 3 PETROBRÁS, VALLE, BIOMM, MAXTRON, BAHIA SUL CELULOSE, VIRACEL CELULOSE, VILLARES METAL.
2
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa, Censo 2004.
Observa-se que as empresas mais interativas são dos setores de fabricação de celulose,
papel e produtos de papel e de metalurgia. Isto pode sugerir para comportamento setorial
especifico em termos de rotinas de atividades inovativas, mas que há interesse por
relacionamentos colaborativos com universidades e institutos de pesquisa. Os dados da Tabela
62 podem sugerir que a especialização tecnológica dessas empresas tem uma importante
contribuição do conhecimento científico gerado nas instituições de pesquisa.
A observação dessa interação do ângulo oposto (das universidades e institutos de
pesquisa para as empresas) também revela alguma concentração na cooperação. As 91
empresas tiveram relacionamento com apenas 63 grupos, distribuídos em 13 universidades
e/ou institutos de pesquisa. O grupo de pesquisa da UFV, “Programa de Melhoramento da
Cana-De-Açúcar”, lidera a lista com interação com 12 empresas industriais. Em seguida está
o grupo da UFMG, “Tecnologia e Inspeção de Leite e Produtos Derivados”, com interação
com 6 empresas industriais. A seguir vêm 3 grupos com interação com 5 empresas, 2 grupos
com 4 empresas, 7 grupos com 3 empresas, 16 grupos com 2 empresas, e os restantes, 33
grupos declarando interagir com apenas 1 empresa.
A Tabela 63 apresenta os 7 grupos que interagem com maior número de empresas
industriais (e suas respectivas instituições). Tem-se 3 grupos da Universidade Federal de
Viçosa (UFV), 2 grupos da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e 2 grupos da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
183
Instituição Nome do Grupo Área do conhecimento
Número empresas
UFV Programa de Melhoramento da Cana-De-Açúcar Agronomia 12 UFMG Tecnologia e Inspeção de Leite e Produtos Derivados Veterinária 6 UFV Patologia Florestal Agronomia 5 UFV Doenças Florestais Rec. Florestais,
eng florestal 5
UFLA Mecanização Instrumentação e Agricultura de Precisão Eng. Agrícola 5 UFMG Laboratório de Ecologia e Fisiologia de
Microorganismos Microbiologia 4
UFLA Pedologia e Qualidade Ambiental Agronomia 4
Tabela 63 - Grupos de pesquisa de universidades e institutos de pesquisa que mantêm cooperação com maior número de empresas industriais, Minas Gerais, 2004.
Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa, Censo 2004.
Por fim, a Tabela 64 apresenta como as 91 empresas remuneraram os relacionamentos
em cooperação com os grupos de pesquisa. A Tabela 64 traz a distribuição das empresas em
cada tipo de remuneração. Há dupla contagem, visto que os grupos de pesquisa podem
informar até três tipos de remuneração que recebem das empresas.
Tabela 64 - “Tipos de remuneração” adotados pelas 91 empresas industriais com cooperação com grupos
de pesquisa, Minas Gerais, 2004.
Tipos de remuneração Número de empresas
Transferência de insumos materiais para as atividades de pesquisa do grupo 66 Transferência de recursos financeiros para o grupo 61 Fornecimento de bolsas para o grupo 22 Transferência física temporária de RH para o grupo 11 Parceria envolvendo exclusivamente relacionamento de risco 6 Transferência física temporária de RH para o parceiro 5 Transferência de recursos financeiros para o parceiro 5 Parceria com transferência de recursos de qualquer espécie 3 Transferência de insumos materiais para as atividades do parceiro 2 Outras formas de remuneração 4 Total 185 Fonte: Elaboração CEDEPLAR/UFMG a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa, Censo 2004.
O tipo de remuneração mais comum entre essas 91 empresas industriais é
“transferência de insumos materiais para as atividades de pesquisa do grupo”, mencionado por
grupos de pesquisa em relação a 66 empresas. O segundo lugar é ocupado pelo tipo de
remuneração “transferência de recursos financeiros para o grupo”, relacionado a 61 empresas.
É interessante comparar essa ordenação com a encontrada no Quadro 1 no qual o primeiro
lugar está “transferência de recursos financeiros para o grupo”. Por fim, o fornecimento de
184
bolsas para o grupo ocupa, como na situação geral nacional, a terceira posição entre os tipos
de remuneração.
7.4.3. Conclusões
Esta seção busca compatibilizar duas importantes bases de dados sobre ciência e
tecnologia no país. Para compatibilizar essas duas bases, uma leitura dirigida dos dados da
PINTEC 2005 é realizada, indicando o contexto no qual são apontadas as empresas com
cooperação com universidades e institutos de pesquisa.
A sugestão desta seção é a de que o que a PINTEC identifica como cooperação pode
ser capturado no Diretório dos Grupos de Pesquisa através de uma focalização nas empresas
industriais e a escolha de cinco tipos de relacionamento. A compatibilidade entre os números
das duas bases é um apoio a essa hipótese.
Através deste processo, é possível investigar como as empresas que mantêm
cooperação com as universidades e institutos de pesquisa comportam-se em termos da
interação com grupos (há uma disparidade no número de contatos por empresa), em termos do
tipo de relacionamento que mais privilegiam (as atividades de pesquisa sem aplicação
imediata). Ao mesmo tempo, é possível investigar o sentido oposto dessa interação, com a
indicação de que essas 91 empresas relacionam-se com apenas 63 grupos de pesquisa.
Já os dados relativos a tipos de remuneração indicam que entre as empresas com
cooperação em Minas Gerais “transferência de recursos financeiros para o grupo” ocupa
apenas o segundo lugar. Isso é um tema para posterior e cuidadosa investigação.
Finalmente, há uma questão também para investigação posterior: dado o peso do
financiamento público para a cooperação universidade-empresa no estado, será que ele está
estimulando relações estáveis, de mútuo aprendizado ou apenas projetos de cunho imediatista
visando o acesso a recursos públicos disponíveis, sem maiores repercussões no longo prazo.
Questões de uma agenda de pesquisa mais abrangente sobre o tema.
185
8. EDITAIS - ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS INSTITUIÇÕES MINEIRAS
Propomos neste trabalho, construir indicadores baseados nos resultados dos editais de
alguns órgãos de fomento tais como FAPEMIG, FINEP e CNPq, objetivando avaliar o montante
de recursos aplicados, às áreas as quais se destinam as instituições contempladas, entre outras
varáveis, que possam dar suporte às políticas de Ciência e Tecnologia e contribuir para a
indução do desenvolvimento científico e tecnológico, ampliar a transparência e o controle das
ações da SECTES e integrar as entidades que compõem o sistema de C, T&I em Minas Gerais.
Neste relatório foram contemplados os resultados referentes aos editais da Fundação de
Amparo a Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG, uma das vinculadas da SECTES, nos anos de
2007 e 2008. Este recorte temporal é proposital, visto que o Governo do Estado de Minas Gerais
passa, a partir de 2007, a destinar o montante de 1% da receita do Estado à Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG, conforme estabelecido na
constituição estadual, o que tornou a mesma, em 2007, na segunda maior agência estadual de
fomento a pesquisa do país, ficando atrás apenas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo - FAPESP, que desembolsou em 2007 o total de R$549,57 milhões. Neste ano, o
orçamento final da FAPEMIG resultou em R$188 milhões, entre recursos próprios e externos.
Nesta linha, o objetivo deste trabalho é o de fazer um levantamento a respeito dos
dispêndios com pesquisa no Estado de Minas Gerais, através dos editais publicados nos anos de
2007 e 2008 pela FAPEMIG, com o intuito de levantar o quanto se gasta em pesquisa no
Estado, dando subsídios à elevação de Minas Gerais à segunda posição no número de patentes
solicitadas junto ao INPI no ano de 2005.
A avaliação destes editais se torna importante para poder mostrar o empenho da
FAPEMIG como uma agência de fomento à pesquisa no Estado de Minas Gerais, não se
restringindo à apenas uma área de pesquisa e, sim tentando abranger a maior diversificação
possível no número de áreas a serem pesquisadas. Logo, a avaliação dos editais publicados pela
FAPEMIG mostra também que diversas instituições são beneficiadas com o apoio à pesquisa
por esta instituição de fomento, dentre elas estão instituições privadas, estaduais, municipais e
federais.
186
8.1 Análise Geral dos Editais
A Tabela 21 mostra o valor contratado e o número de propostas aprovadas por edital
publicado no ano de 2007. Verifica-se que no edital Universal foram contratadas 846 propostas,
o que acarretou na contratação de aproximadamente R$22 milhões, o que representa 31,18% do
total1 dos editais e indica também que, em média, cada proposta contratada recebeu,
aproximadamente, R$26 mil. Logo, o edital Universal é o maior em volume de propostas e valor
contratados. Em seguida, outro importante edital, o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas
– PAPPE, contratou o valor de R$20 milhões, aproximadamente, representando 28,03% do
total, com 70 propostas contratadas e, em média, cada proposta recebeu R$282 mil,
aproximadamente.
O edital Mestres e doutores também merece destaque, já que o mesmo se destina à
contratação por empresas públicas ou privadas de pesquisadores com a qualificação de mestrado
e/ou doutorado para o desenvolvimento de projetos de inovação que visem a elaboração de um
novo produto dentro da empresa e estruturar o processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D)
dentro da empresa. A FAPEMIG, através deste edital, contratou 17 propostas o que gerou um
investimento de quase R$2 milhões, sendo que cada proposta recebeu, em média,
R$108.286,45. O investimento feito pela FAPEMIG através deste edital na contratação de
mestres e doutores por empresas públicas e privadas mostra a importância que esta instituição
dá à disseminação da pesquisa científica e na implementação da mesma em empresas que ainda
não têm esta cultura e no fortalecimento da pesquisa em empresas que já possuem a cultura de
elaborar pesquisas para o desenvolvimento de um novo produto, por exemplo.
1 No total de editais considerados neste trabalho faltam os editais números: 03/2007 (Programa pesquisador
mineiro); 08/2007 (Apoio à criação e/ou manutenção de núcleo de inovação tecnológica – NITs); e 09/2007.
187
Tabela 65 - Valor contratado e número de propostas aprovadas por edital publicado pela FAPEMIG em
2007.
Edital Valor (R$)
(a) Propostas
(b) Valor (%)
Média (a/b)
Universal 21.946.238,68 846 31,18 25.941,18
PAPPE 19.728.788,00 70 28,03 281.839,83
Biocombustíveis 3.597.554,00 13 5,11 276.734,92
Grupos emergentes 3.161.551,00 36 4,49 87.820,86
Agronegócios 2.533.454,00 33 3,60 76.771,33
Popularização 2.522.993,00 40 3,59 63.074,83
Extensão 2.132.117,00 55 3,03 38.765,76
Aquisição de livros 2.003.000,00 16 2,85 125.187,50
Manutenção equipamentos 1.863.787,00 31 2,65 60.122,16
Mestres e doutores 1.840.869,64 17 2,62 108.286,45
Minero Metalúrgico 1.823.889,00 12 2,59 151.990,75
BIPDT 1.224.000,00 117 1,74 10.461,54
Bioensaios 1.469.257,00 11 2,09 133.568,82
Recursos Hídricos 1.387.211,36 13 1,97 106.708,57
Florestas Renováveis 965.129,00 16 1,37 60.320,56
TI 892.302,00 11 1,27 81.118,36
Incubadoras 812.415,88 16 1,15 50.775,99
Periódicos 471.010,00 33 0,67 14.273,03
TOTAL 70.375.566,56 1386 100,00 50.776,02
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
188
Como pode ser verificado na Tabela 65, o total de editais publicados pela FAPEMIG
contratou 1.386 propostas em um valor total de R$70 milhões, aproximadamente, sendo que
cada uma das propostas contratadas receberam, em média, o valor de R$50.776,02. O valor total
dos editais publicados representou 37,26% do orçamento total da FAPEMIG para o ano de
2007, que foi de R$188.876.330,00. Mostrando, mais uma vez, a importância que tem a
FAPEMIG no apoio à pesquisa no Estado de Minas Gerais.
Gráfico 16 - Participação percentual, por edital, no valor total dos editais no ano de 2007 (%).
31,18
28,03
5,11 4,493,60 3,59 3,03
20,96
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
Unive
rsal
PAPPE
Bioco
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stíveis
Grupo
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Agron
egóc
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Pop
ularizaç
ão
Exten
são
Outros
Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
No Gráfico 16 pode-se verificar a participação percentual dos principais editais, em
valor, divulgados pela FAPEMIG no ano de 2007. Neste Gráfico percebe-se que o edital
Universal e o edital PAPPE abrangem a maior parte do valor total liberado nos editais, cada um
representa 31,18% e 28,03%, respectivamente. O edital de biocombustíveis, elemento
importante para a pesquisa com o intuito de diversificar os combustíveis hoje utilizados para
que os mesmos se tornem menos poluentes, representa, segundo o Gráfico 16, 5,11% do valor
total contratado pela FAPEMIG através dos editais em 2007. Este edital recebeu, de acordo com
a Tabela 65, o valor de R$3,6 milhões, aproximadamente, sendo que foram contratadas 13
propostas. Pode-se verificar também que as pesquisas destinadas ao agronegócio mineiro
receberam o valor de R$2,5 milhões, aproximadamente, e contratou 33 propostas no total dos
189
editais e, pelo Gráfico 16, verifica-se que o edital de agronegócio representa 3,6% do valor total
dos editais.
O Gráfico 17 mostra o valor total contratado por edital no ano de 2007, ele mostra uma
melhor visualização da Tabela 65. Sendo que neste Gráfico, foram selecionados os principais
editais em valor neste ano e os demais foram considerados como outros editais. Vale destacar
que os editais considerados como outros receberam um valor aproximado de R$14.750 mil, o
que representa em relação ao total dos editais 20,96%.
Gráfico 17 - Valor contratado por edital para o ano de 2007.
0,00
5.000.000,00
10.000.000,00
15.000.000,00
20.000.000,00
25.000.000,00
R$
Uni
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al
PAPP
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emer
gent
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Agr
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ócio
s
Popu
lari
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o
Ext
ensã
o
Out
ros
Edital
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
A Tabela 22 mostra o valor contratado e o número de propostas aprovadas por edital
publicado no ano de 2008 pela FAPEMIG. Verifica-se que no edital Universal foram
contratadas 737 propostas, o que acarretou na contratação de aproximadamente R$23 milhões, o
que representa 41,81% do valor total2 dos editais de 2008. Se este valor for comparado ao ano
de 2007, essa elevação na participação do edital Universal representa, em termos absolutos, um
aumento de 10,63 pontos percentuais a mais que no ano de 2007 e um valor total de
aproximadamente R$1 milhão a mais que no ano anterior. Porém, o número de propostas do ano
de 2008 reduz-se em 14,79% aproximadamente. Em seguida aparece o edital PPM (Programa
Pesquisador Mineiro) com 183 propostas contratadas, o que resultou em um valor de R$7.776
mil, sendo que este valor representa 14,12% do valor total contratado pelos editais para o ano
2008.
2 No total de editais considerados neste trabalho faltam os editais números: 20/2008 (Programa de apoio a núcleos de excelência – PRONEX); e 21/2008 (Programa primeiros projetos).
190
Tabela 66 - Valor contratado e número de propostas aprovadas por edital publicado pela FAPEMIG em
2008.
Edital Valor (Em R$)
(a) Propostas
(b) Valor (%)
Média (a/b)
Universal 23.016.811,04 737 41,81 31.230,41
PPM 7.776.000,00 183 14,12 42.491,80
Biocombustíveis 3.906.372,39 21 7,10 186.017,73
Aquisição de livros 2.334.171,00 17 4,24 137.304,18
Mestres e doutores 2.164.284,38 17 3,93 127.310,85
Extensão 2.038.240,94 42 3,70 48.529,55
Popularização 2.032.320,18 24 3,69 84.680,01
APL Eletroeletrônico 2.001.087,65 13 3,63 153.929,82
Manutenção de equipamentos
1.751.848,97 34 3,18 51.524,97
NITs 1.474.043,85 19 2,68 77.581,26
Resíduos sólidos 1.044.776,97 12 1,90 87.064,75
TIB 1.001.934,75 12 1,92 83.494,56
BIPDT 939.600,00 93 1,71 10.103,23
Pesquisa em Educação 623.948,33 14 1,13 44.567,74
Publicação de periódicos 622.837,18 19 1,13 32.780,90
Biotecnologia 602.031,82 5 1,09 120.406,36
Incubadoras 597.491,16 11 1,09 54.317,38
Etanol 582.199,00 2 1,06 291.099,50
TI 340.478,21 5 0,62 68.095,64
BDCT Regional 201.600,00 6 0,37 33.600,00
TOTAL 55.052.077,82 1286 100,00 42.808,77
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
191
Outra comparação que se pode fazer é em relação ao edital de Mestres e doutores. Em,
2008 contratou-se, através deste edital, 17 propostas no valor total de aproximadamente
R$2.100 mil, o que representou 3,93% do valor total dos editais, sendo que cada proposta
recebeu, em média, o valor de R$127.310,85. Em relação ao ano de 2007 o número de propostas
não foi alterado. Já o valor contratado em 2008, aumentou em 17,57% em relação ao ano
anterior. Esta elevação no valor contratado para este edital mostra que se tem uma importância
grande, por parte das empresas e por parte da FAPEMIG, o investimento em mão-de-obra
qualificada para a realização de pesquisas e desenvolvimento das empresas.
A Tabela 66 mostra ainda que o valor total dos editais publicados pela FAPEMIG foi de
pouco mais de R$55 milhões, sendo que foram feitas 1.286 propostas, ou seja, 100 propostas a
menos que em 2007 e, exatamente, R$15.323.488,74, ou 27,83% a menos que o mesmo ano.
Além disso, cada uma das propostas contratadas em 2008 recebeu, em média, R$42.808,77. O
valor total dos editais publicados no ano de 2008 representou 24,17% do orçamento total da
FAPEMIG para o ano de 2008, que foi de R$227.757.318,00. Neste ponto vale destacar que não
foram analisados os outros investimentos em pesquisa da FAPEMIG, apenas os recursos
disponibilizados em editais.
No Gráfico 18 pode-se verificar a participação percentual dos principais editais, em
valor, divulgados pela FAPEMIG no ano de 2008. Neste Gráfico percebe-se que o edital
Universal e o edital PPM abrangem a maior parte do valor total liberado nos editais, cada um
representa 41,81% e 14,12%, respectivamente, ambos representam 55,93% do total. O edital de
biocombustíveis mostra mais uma vez a importância dada a este segmento, representa, segundo
o Gráfico 18 no ano de 2008, 7,10% do valor total contratado pela FAPEMIG através dos
editais, contra apenas 5,11% em 2007, elevando em 2 pontos percentuais sua participação no
valor total dos editais. Este edital recebeu, de acordo com a Tabela 66, o valor de R$3,9
milhões, aproximadamente, sendo que foram contratadas 21 propostas, 8 propostas a mais que
no ano anterior.
No Gráfico 18 pode-se verificar que o edital de aquisição de livros passou a representar
4,24% do valor total dos editais de 2008, com o valor de R$2.334.171,00, com 17 propostas
contratadas, enquanto que em 2007, o valor contratado por este edital foi de R$2.003.000,00,
com 16 propostas contratadas, o que representava 2,85% do valor total dos editais publicados no
ano. Em 2008, cada proposta contratada recebeu, em média, o valor de R$137.304,18, ou seja,
R$12.116,68 a mais que no ano anterior.
192
Gráfico 18- Participação percentual, por edital, no valor total dos editais no ano de 2008 -%
41,81
14,12
7,10
4,24
3,93
3,70 3,
693,63
3,18
2,68
11,91
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
Uni
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al
PPM
Bio
com
bust
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NIT
s
Out
ros
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
8.2 Análise dos Editais por tipo de Instituição
Como analisado anteriormente o valor total contratado dos editais publicados pela
FAPEMIG por edital, é importante também analisar a distribuição desses recursos. Assim, a
Tabela 23 mostra o valor liberado junto com o número de propostas contratadas e a participação
no valor total dos editais, por tipo de instituição, para os anos de 2007 e 2008. Então, a partir
desta Tabela pode-se analisar o quanto foi liberado em valor no total dos editais e o número de
propostas contratadas pelos editais publicados pela FAPEMIG nos anos 2007 e 2008.
Logo, percebe-se que as instituições federais são as que mais tiveram valor liberado nos
editais dos anos de 2007 e 2008, em um total de aproximadamente R$38.700 mil e R$42.300
mil, respectivamente. Estes valores representaram respectivamente, 55,02% e 76,91% do valor
total liberado pelos editais. E estas instituições tiveram respectivamente 983 e 974 propostas
contratadas em um total de 1386 e 1286 propostas para os anos de 2007 e 2008, o que
representa 70,92% e 75,74% do total de propostas contratadas nos anos de 2007 e 2008.
193
Tabela 67 - Valor liberado, número de propostas contratadas e participação no valor total dos editais, por
tipo de instituição (2007 e 2008).
Valor (R$) Propostas Valor (%) Propostas (%)
2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008
Municipais 47.605,00 22.670,18 2 1 0,07 0,04 0,14 0,08
Estaduais 7.037.612,60 5.390.622,28 222 202 10,00 9,79 16,02 15,71
Federais 38.719.985,00 42.340.837,66 983 974 55,02 76,91 70,92 75,74
Privados 24.570.363,96 7.297.947,70 179 109 34,91 13,26 12,91 8,48
Total 70.375.566,56 55.052.077,82 1386 1286 100,00 100,00 100,00 100,00
Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
Como pode ser observado na Tabela 67, as instituições privadas aparecem em segundo
lugar no que diz respeito a valores liberados nos editais de 2007 e 2008. O valor liberado pelos
editais desses anos a essas instituições representa, em 2007, 34,91% e este percentual é reduzido
para 13,26% do valor total liberado pelos editais em 2008. Essa redução na participação do
valor total liberado pelos editais da FAPEMIG em 2008 que também pode ser verificada no
Gráfico 10, onde o mesmo apresenta a participação do valor contratado por tipo de instituição
no valor total liberado pelos editais para os anos de 2007 e 2008, pode ser explicada pela não
publicação neste ano do edital PAPPE, que liberou em 2007 o valor de R$19.728.788,00. A
Tabela 67 mostra ainda que o número de propostas que as instituições privadas tiveram
contratadas pela FAPEMIG, através dos editais, foram de 179 para 2007 e 109 para 2008, o que
representou respectivamente, 12,91% e 8,48% do total de propostas contratadas para estes anos.
As instituições estaduais apresentam maior número de propostas contratadas nos anos de
2007 e 2008 que as instituições privadas, porém, em valor liberado pelos editais para as
instituições estaduais é inferior às instituições privadas. Dessa forma, as instituições estaduais
obtiveram recursos da ordem de aproximadamente R$7 milhões em 2007 e reduziu este valor
em 2008 para aproximadamente R$5.400 mil, uma redução de 30,55%. O número de propostas
contratadas destas instituições também reduziu em 2008 em relação a 2007. Em 2007 o número
de propostas contratadas foi de 222, enquanto que em 2008 esse número caiu para 202, o que
representou uma queda de 9,9%, sendo que as propostas representavam 16,02% do total de
propostas contratadas em 2007 e 15,71% em 2008.
194
As instituições municipais merecem destaque pelo fato de as mesmas terem reduzido o
número de propostas contratadas junto à FAPEMIG, através dos editais, em 50% e reduziram
em aproximadamente 110% o valor liberado pelos editais pela FAPEMIG. Se em 2007 a
participação das instituições municipais foi de 0,14% do total de propostas contratadas pela
FAPEMIG, em 2008 essa participação caiu para apenas 0,08%.
No Gráfico 19, como dito anteriormente, será mostrado a participação percentual do
valor total dos editais por tipo de instituição para os anos de 2007 e 2008. Nele pode se verificar
melhor que as instituições federais se sobressaem em relação às demais, apresentando
participação de mais de 50% do valor total liberado pelos editais em 2007 e em 2008 este
percentual se elevou para mais de 80%, o que mostra a importância das instituições federais
para a pesquisa em Minas Gerais.
Gráfico 19 - Participação percentual do valor total dos editais por tipo de instituição (2007
e 2008).
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
%
Mun
icipais
Estad
uais
Fede
rais
Priv
ados
Tipo de Instituição
2007
2008
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
O setor privado também se mostra importante quando aparece logo atrás das federais
com participação de mais de 30% em 2007 e mais de 10% em 2008 do valor total liberado pelos
editais da FAPEMIG. Lembrando que para o ano de 2008 a FAPEMIG não divulgou o edital
PAPPE, que se destina exclusivamente às empresas para que as mesmas invistam em pesquisa,
195
sendo que em 2007 este edital liberou recursos de mais de R$19 milhões para as empresas
privadas.
As instituições estaduais aparecem em terceiro lugar quando se trata de liberação de
recursos através dos editais da FAPEMIG. As mesmas, de acordo com o Gráfico 10,
representam exatamente 10% do valor total liberado pelos editais para o ano de 2007 e
permanecem praticamente constante no ano seguinte, representando 9,79% do total de recursos
liberados pela FAPEMIG através de seus editais.
Assim, a Tabela 67 e o Gráfico 19 mostram a diversificação das instituições que
realizam pesquisa no Estado de Minas Gerais nos anos de 2007 e 2008. Dentre estas
instituições, estão universidades federais, privadas e estaduais, institutos de pesquisa privados,
estaduais, municipais e federais. No âmbito privado recebem recursos dos editais empresas de
diversos setores. A tabela e o gráfico mostram também a importância que a FAPEMIG tem
como agência de fomento à pesquisa no Estado de Minas Gerais. E isso fica demonstrado,
conforme pode ser visualizado no capítulo de patentes, que estas instituições realizaram, no
período de 1980-2005, o pedido junto ao INPI de 421 patentes, sendo que dessas 421, 179
foram pedidos de patentes de instituições federais, 215 de instituições privadas e 27 eram de
instituições estaduais.
a) Instituições municipais
Na seção anterior foram feitas análises dos editais por tipo de instituição, nesta seção
pretende-se fazer uma análise por tipo de instituição, porém mostrando as empresas que
participam destes editais.
Assim, analisando primeiramente as instituições municipais verifica-se que tiveram
propostas contratadas a Fundação Municipal de Cultura (FMC) de Belo Horizonte e o Museu
Histórico Abílio Barreto (MHAB), cada um com uma proposta contratada. A FMC teve
liberados recursos da ordem de R$13.545,00, o que representa 0,02% do total de recursos
liberados pela FAPEMIG através dos editais. Já o MHAB recebeu da FAPEMIG, através de
seus editais, a quantia de R$34.060,00, o que representa 0,05% do valor total liberado através
dos editais.
196
Tabela 68- – Participação das instituições municipais nos editais publicados pela FAPEMIG, para os anos de
2007 e 2008.
Instituição Valor (R$) Propostas Valor (%)
Propostas (%)
2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008
FMC¹ 13.545,00 22.670,18 1 1 0,02 0,04 0,08 0,07
MHAB² 34.060,00 0,00 1 0,00 0,05 0,00 0,08 0,00
TOTAL Municipal 47.605,00 22.670,18 2 1 0,07 0,04 0,16 0,07
TOTAL GERAL 69.151.566,56 55.052.077,82 1269 1286 100 100 100 100
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
¹ Fundação Municipal de Cultura.
² Museu Histórico Abílio Barreto
Para o ano de 2008 apenas a FMC teve uma proposta contratada no valor de
R$22.670,18, o que representou 0,04% do valor total liberado pelos editais para este ano e
0,07% do total de propostas contratadas pela FAPEMIG através dos editais publicados.
Neste sentido, o Gráfico 20 mostra o valor liberado por instituição municipal para os
anos de 2007 e 2008. Nele se pode visualizar melhor o que foi dito acima. A FMC em 2007
representava 28,45% do valor total liberado para as instituições municipais, enquanto que o
MHAB representava 71,55% do total de recursos liberados para estas instituições. Já para o ano
de 2008, como a FMC foi a única instituição municipal a ter proposta contratada pela
FAPEMIG, esta instituição representou a totalidade dos recursos liberados para as instituições
municipais no ano.
Assim, tanto o Gráfico 20 quanto a Tabela 68 mostram a pequena participação das
instituições municipais, quando o assunto é pesquisa. A FAPEMIG liberou mais de R$50
milhões em editais destinados a este fim, nos anos de 2007 e 2008, e as instituições municipais
participaram com menos de 1% do valor total liberado tanto em 2007 quanto em 2008.
197
Gráfico 20 - Valor (Em R$) por instituição municipal (2007 e 2008).
13.545,00
22.670,18
34.060,00
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
30.000,00
35.000,00
R$
FMC MHAB
Instituições
2007
2008
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
b) Instituições Estaduais
As instituições estaduais se dividem em vinculadas à Secretaria de Estado de Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior (SECTES) e não vinculadas à SECTES. Na Tabela 69, que
mostra a participação das instituições estaduais nos editais publicados pela FAPEMIG em 2007
e 2008, elas aparecem no total de 10 instituições, sendo que dessas 10, cinco são vinculadas à
SECTES e cinco são não vinculadas à SECTES. Uma outra nota se torna necessária, duas
instituições, uma vinculada e outra não vinculada à SECTES (HEMOMINAS e IGA – Instituto
de Geociência Aplicada), não tiveram propostas contratadas pela FAPEMIG em 2008 e uma
instituição vinculada à secretaria não obteve propostas contratadas pela FAPEMIG em 2007
(FHA – Fundação Helena Antipoff).
Sabendo disso cabe destacar que a EPAMIG é a instituição estadual com maior número
de propostas contratadas (93) e, por consequência, o maior valor liberado pelos editais, pouco
mais de R$3.800 mil no ano de 2007. O número de propostas contratadas pela FAPEMIG junto
à EPAMIG representou 6,71% do total de propostas contratadas no ano de 2007. Quando
comparado ao ano de 2008, este percentual reduz-se para 6,38%, ou seja, 0,33 pontos
percentuais. E também como consequência da redução no número de propostas contratadas, o
valor liberado para a EPAMIG pela FAPEMIG no ano de 2008 foi reduzido para
aproximadamente R$1.900 mil, uma redução de 103,05% em relação ao ano anterior.
198
Merece destaque também a UNIMONTES que no ano de 2007 aparece em segundo
lugar neste “ranking” com o número de 62 propostas contratadas no valor de aproximadamente
R$1 milhão. Estas 62 propostas contratadas pela FAPEMIG representaram 4,47% do total de
propostas contratadas pela FAPEMIG no ano de 2007. Já em 2008 o número de propostas caiu
para 61, uma proposta a menos que no ano anterior, porém o valor liberado pela FAPEMIG para
esta instituição aumentou em aproximadamente 10,14%, no valor de R$1.100
aproximadamente. Vale destacar que no ano de 2008 a UNIMONTES perdeu a segunda
colocação em valor liberado pela FAPEMIG para o CETEC, o qual conseguiu a liberação de
R$1.280 aproximadamente, sendo que o CETEC teve a contratação de 19 propostas no ano de
2008, contra 26 propostas contratadas no ano anterior.
Tabela 69 – Participação das instituições estaduais nos editais publicados pela FAPEMIG, para os anos de
2007 e 2008.
Valor (R$) Propostas Valor (%) Propostas
(%)
2007 2008 200
7 200
8 2007 2008 2007 2008
EPAMIG (NV) 3.852.734,00 1.897.433,03 93 82 5,47 3,45 6,71 6,38
UNIMONTES (V) 1.039.436,00 1.144.789,05 62 61 1,48 2,08 4,47 4,74
UEMG (V) 768.845,00 409.477,28 18 14 1,09 0,74 1,30 1,09
CETEC (V) 706.030,00 1.279.383,44 26 19 1,00 2,32 1,88 1,48
FUNED (NV) 584.228,00 453.511,82 14 15 0,83 0,82 1,01 1,17
FJP (NV) 31.139,00 118.424,54 3 7 0,04 0,22 0,22 0,54
HEMOMINAS (NV)
25.200,00 --- 3 --- 0,04 --- 0,22 ---
IGA (V) 19.200,00 --- 2 --- 0,03 --- 0,14 ---
FHEMIG (NV) 10.800,00 77.071,16 1 3 0,02 0,14 0,07 0,23
FHA (V) --- 10.531,96 --- 1 --- 0,02 --- 0,08
Total Estadual 7.037.612,00 5.390.622,28 222 202 10,00 9,79 16,02 15,71
Total Geral 70.375.566,5
6 55.052.077,8
2 138
6 128
6 100,0
0 100,0
0 100,0
0 100,0
0
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.Nota: (V): Instituição vinculada à SECTES; (NV): Instituição não vinculada à SECTES.
199
Vale notar que para o ano de 2008 todas as outras instituições estaduais, exceto
UNIMONTES, FJP, FHEMIG E CETEC, tiveram redução no valor liberado pela FEPAMIG.
Para se ter uma idéia pode-se verificar o resultado da UEMG. A Universidade Estadual de
Minas Gerais teve, no ano de 2007, 18 propostas contratadas, o que representou 1,30% do total
de propostas contratadas pela FAPEMIG no ano, e um valor liberado de aproximadamente
R$770 mil, o que representava 1,09% do valor total liberado através dos editais. Já para o ano
de 2008 houve uma queda no número de propostas para 14 contratadas, quatro a menos que no
ano anterior, o que passou a representar 1,09% do total de propostas contratadas pela FAPEMIG
em 2008, e um valor de R$410 mil aproximadamente, o que representava 0,74% do total
liberado pelos editais no ano de 2008.
No Gráfico 21 verifica-se a participação percentual do valor total liberado pela
FAPEMIG, por instituição estadual para os anos de 2007 e 2008. Neste Gráfico verifica-se
melhor a redução das instituições no valor total liberado em 2008, com a exceção de
UNIMONTES, FJP e CETEC. Das instituições estaduais que possuíam propostas contratadas
pela FAPEMIG em 2007, cinco reduziram o valor liberado pelos editais.
Através do Gráfico 21 é possível visualizar melhor a participação das instituições
estaduais no ano de 2008 em relação ao ano de 2007. A Fundação HEMOMINAS que
participava com 0,04% do valor total liberado pela FAPEMIG através dos editas no ano de
2007, não teve proposta contratada no ano de 2008, o mesmo ocorrendo com o IGA.
200
Gráfico 21- Participação percentual do valor total liberado pela FAPEMIG, através dos editais, por
instituição estadual (2007 e 2008).
0,04 0,020,03 0,020,040,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00EPAM
IG
UNIM
ON
TES
UEM
G
CETEC
FU
NED
FJP
HEM
OM
INAS
IGA
FH
EM
IG
FH
A
Instituições
% 2007
2008
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
A queda mais brusca na participação das instituições estaduais no valor total liberado
pela FAPEMIG, foi a participação da EPAMIG. Esta instituição participava com 5,47% do total
liberado através dos editais no ano de 2007 e essa participação foi reduzida para 3,45%, ou 2,02
pontos percentuais. Outra instituição que deve ser lembrada é a UEMG, esta instituição
participava do valor total liberado através dos editais da FAPEMIG com 1,09% no ano de 2007
e essa participação foi reduzida para 0,74%, ou 0,35 pontos percentuais.
c) Instituições Federais
A Tabela 26 mostra o valor liberado, o número de propostas contratadas e a participação
no valor total liberado pelos editais da FAPEMIG para os anos de 2007 e 2008. Na Tabela 26
verifica-se a importância da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para a pesquisa no
Estado de Minas Gerais. A UFMG no ano de 2007 conseguiu a liberação junto à FAPEMIG no
valor total dos editais de R$12.800 mil, aproximadamente, sendo que a FAPEMIG havia
contratado 342 propostas junto à UFMG, o que representava, junto ao número de propostas
totais contratadas, 24,68%. Em 2008, houve uma elevação de 13,44% no valor liberado
conseguido pela UFMG, o que passou a ser de aproximadamente R$14.500 mil. Neste mesmo
ano, o número de propostas contratadas também aumentou para 346, o que passou a representar
26,91% do total de propostas contratas pela FAPEMIG através dos editais.
201
Merece destaque também a Universidade Federal de Viçosa (UFV), que em 2007
participou dos editais da FAPEMIG conseguindo a liberação de aproximadamente R$7.300 mil,
com 182 propostas contratadas, o que representava 13,13% do total de propostas contratadas
pela FAPEMIG no ano de 2007. Em 2008, o valor conseguido pela UFV foi de
aproximadamente R$7.600 mil, o que gerou um crescimento dos recursos de 3,80%
aproximadamente. O contraponto fica por conta do número de propostas contratadas pela
FAPEMIG junto à UFV, que recuou, em relação a 2007, para 154 propostas, uma queda de,
aproximadamente, 15,39%. As 154 propostas contratadas representavam em 2008 11,98% do
número total de propostas contratadas pela FAPEMIG através dos editais.
202
Tabela 70- Valor liberado, número de propostas contratadas e participação no valor total dos editais, por
instituição federal (2007 e 2008).
INSTITUIÇÃO Valor (R$) Propostas Valor (%) Propostas (%)
2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008
UFMG 12.800.655,04 14.521.359,06 342 346 18,19 26,38 24,68 26,91
UFV 7.299.927,60 7.577.311,31 182 154 10,37 13,76 13,13 11,98
UFLA 4.887.631,80 4.028.608,17 111 94 6,95 7,32 8,01 7,31
UFOP 2.645.393,00 1.487.138,37 49 35 3,76 2,70 3,54 2,72
UFU 2.594.411,00 3.896.518,15 77 82 3,69 7,08 5,56 6,38
UFJF 2.096.656,00 2.654.331,42 63 73 2,98 4,82 4,55 5,68
EMBRAPA 1.188.312,00 915.413,36 29 17 1,69 1,66 2,09 1,32
UFVJM 827.204,00 851.985,92 21 26 1,18 1,55 1,52 2,02
UFSJ 756.135,00 960.276,18 20 20 1,07 1,74 1,44 1,56
UFTM 621.175,00 1.047.160,67 16 21 0,88 1,90 1,15 1,63
UNIFEI 607.444,00 1.127.922,91 16 29 0,86 2,05 1,15 2,26
UNIFAL - MG 602.824,00 606.616,11 13 15 0,86 1,10 0,94 1,17
CEFET 591.150,20 978.782,18 18 28 0,84 1,78 1,30 2,18
CNEN/CDTN 731.322,36 795.355,71 14 14 1,04 1,44 1,01 1,09
FIOCRUZ 399.460,00 --- 10 --- 0,57 --- 0,72 ---
NCAMC 70.284,00 --- 2 --- 0,10 --- 0,14 ---
LANAGRO --- 183.453,82 --- 2 --- 0,33 --- 0,16
CPRR --- 540.604,32 --- 13 --- 0,98 --- 1,01
Total Federal 38.719.985,00 42.172.837,66 983 969 55,02 76,61 70,92 75,35
Total Geral 70.375.566,56 55.052.077,82 1.386 1.286 100,00 100,00 100,00 100,00
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
203
Merecem destaque também as Universidades Federal de Uberlândia (UFU) e a Federal
de Juiz de Fora (UFJF). No ano de 2007 o valor conseguido por estas instituições as deixava em
quinto e sexto lugares do “ranking” das instituições que mais conseguiram a liberação de
recursos através dos editais da FAPEMIG, um valor aproximado de R$2.600 mil e R$2.100,
respectivamente. Estas duas instituições subiram uma posição cada uma delas no ano de 2008.
Elas conseguiram, em 2008, a liberação de aproximadamente R$3.900 mil e R$2.650 mil,
respectivamente, o que gera um crescimento de 50,19% para a UFU e 26,60% para a UFJF. O
número de propostas, no ano de 2008 aumentou para 82 e 73 propostas contratadas pela
FAPEMIG, respectivamente, o que representava 6,38% e 5,68% do total de propostas
contratadas pela FAPEMIG.
O Gráfico 22 mostra a participação percentual do valor total liberado pela FAPEMIG,
através dos editais por instituição federal para os anos de 2007 e 2008. No Gráfico percebe-se
melhor a maior participação da UFMG, seguida da UFV, no valor total liberado pela FAPEMIG
através de seus editais. Percebe-se melhor também a participação, a partir de 2008 do Centro de
Pesquisas René Rachou (CPRR) e também da LANAGRO (Laboratório Nacional Agropecuário
em Minas Gerais). Percebe-se também a pequena participação do Núcleo de Ciências Agrárias
de Montes Claros (NCAMC) no valor total liberado pela FAPEMIG que era, em 2007 de apenas
0,10% do total liberado e em 2008 o NCAMC não aparece entre as instituições federais que
tiveram pelo uma proposta contratada junto à FAPEMIG.
204
Gráfico 22- Participação percentual do valor total liberado pela FAPEMIG, através dos editais, por
instituição federal (2007 e 2008).
0,1
0
5
10
15
20
25
30
UFM
G
UFV
UFLA
UFO
P
UFU
UFJF
EM
BR
AP
A
UFV
JM
UFS
J
UFTM
UN
IFE
I
UN
IFA
L - M
G
CEFET
CN
EN
/CD
TN
FIO
CR
UZ
NC
AM
C
LA
NA
GR
O
CP
RR
Instituições
%2007
2008
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
Percebe-se através do Gráfico 22 a redução da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP) na participação percentual do valor total liberado pela FAPEMIG através de seus
editais no ano de 2008 em relação a 2007. No ano de 2007 a UFOP participava do valor total
liberado com 3,76%, caindo para 2,70% no ano de 2008. Em 2007 a UFOP aparecia na quarta
posição no “ranking” das instituições federais com maior valor recebido da FAPEMIG para a
realização de pesquisas científicas com aproximadamente R$2.600 mil. Já no ano de 2008 este
valor cai para aproximadamente R$1.500 mil, reduzindo sua participação no ano e caindo para a
sexta posição.
205
d) Instituições Privadas
Muitas instituições privadas participam das chamadas dos editais da FAPEMIG, a
maioria delas recebe mais recursos através do edital PAPPE – Programa de Apoio à Pesquisa
em Empresas. No ano de 2007 foram 114 empresas privadas diferentes com propostas
contratadas junto à FAPEMIG. No ano de 2008 esse número foi menor, já que neste ano não foi
divulgado o edital PAPPE, havia 46 empresas com propostas contratadas junto à FAPEMIG.
Nas Tabelas 71 e 72 aparecem as principais empresas, em valor liberado pela
FAPEMIG, nos anos de 2007 e 2008, dentre ela aparecem, universidades, empresas dos ramos
de finanças, biológicas, genéticas e indústria eletrônica. Dentre estas instituições privadas a
principal é a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC) que teve 30 propostas
contratadas pela FAPEMIG e um valor liberado de R$920.038, o que representava 3,75% do
valor total liberado pelos editais da FAPEMIG. Já no ano de 2008 a PUC teve contratadas pela
FAPEMIG 39 propostas, um aumento de 30% em relação a 2007 e, como consequência, o valor
liberado foi elevado para R$1.361.238,55, que passou a representar, no ano de 2008, 18,65% do
valor total liberado pelos editais neste ano.
Interessante notar que aparece no ano de 2008 a Universidade do Vale do Rio Doce
(UNIVALE) e a Fundação Cultural de Belo Horizonte (UNI-BH). É interessante saber, porque,
geralmente, as Universidades que investem em pesquisa no país são as federais e estaduais. Se
juntar a PUC, UNIVALE e a UNI-BH são 51 propostas contratadas pela FAPEMIG de
universidades privadas. Assim, a UNIVALE aparece na lista com 7 propostas contratadas e um
valor liberado de R$228.815,97. Já a UNI-BH aparece com 5 propostas contratadas e um valor
liberado de R$215.390,85.
Assim, no total das instituições privadas foram contratadas 139 propostas, liberando um
valor total de R$24.570.363,96, no ano de 2007, o que representava 34,9% do valor total
liberado pela FAPEMIG através dos editais. Já no ano de 2008, como era de se esperar, já que
não foi publicado edital do PAPPE, o número de propostas contratadas foi reduzido para 109 e,
como consequência, o valor liberado também foi menor, R$7.297.947,70, o que representou
neste ano 13,26% do valor total liberado pela FAPEMIG.
206
Tabela 71- Valor liberado, número de propostas contratadas e participação no valor total dos editais, por instituição privada (2007).
INSTITUIÇÃO Valor (R$) Propostas Valor (%)
PUC 920.038,00 30 3,75
Seva Engenharia Eletrônica S.A 748.586,00 2 3,05
Biotron Equipamentos Médicos Ltda. 640.866,00 2 2,61
INTEC Consultoria e Assessoria Ltda. 610.675,00 2 2,49
Biodiversa Brasil Identificação de Novas Moléculas 499.229,00 1 2,04
Biotecnica Indústria e Comercio 490.164,00 1 2,00
Nansen S/A Instrumentos de Precisão 485.328,00 1 1,98
Biogenetics Tecnologia Molecular Ltda. 470.399,00 1 1,92
Fabiano Valias de Carvalho-ME 454.511,00 1 1,85
PWP Laboratório Sistemas Eletrônicos LTDA 450.208,00 1 1,84
Cennate Embriões LTDA 450.030,00 1 1,83
RTR Tecnologia Ltda. 440.829,00 1 1,80
Safe Trace S/A 421.653,00 1 1,72
Liveware, Tecnologia a serviço Ltda. 417.740,00 1 1,70
Cedro Market e Finances LTDA 414.938,00 1 1,69
Gene-Núcleo de Genética Medica de Minas Gerais Ltda. 394.744,00 1 1,61
Sonne Energy Indústria e comercio Ltda. 379.231,00 1 1,55
Quíbasa Química Básica 377.238,00 1 1,54
Alergolab Laboratório de Investigação em Alergia Ltda. 376.583,00 1 1,54
DAE INDUSRIA ELETRONICA LTDA 373.821,00 1 1,52
Orteng MCT Transformadores Ltda. 363.352,00 1 1,48
Concert Techonogies S.A 361.650,00 1 1,47
Gestão de Sinistros de Saúde 360.241,00 1 1,47
Metalsoft Sistemas de Gestão Ltda. 355.782,00 1 1,45
Peltier Comercio e Indústria Ltda. 354.540,00 1 1,45
CSC Indústria e Comércio de Produtos Eletronicos Ltda. 353.643,00 1 1,44
Subtotal 11.966.019,00 58 48,70
Outras instituições privadas 12.604.344,96 121 51,30
Total – Instituição privada 24.570.363,96 179 34,9 ¹
Total dos editais 70.375.566,56 1.386 100,00
Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
¹ percentual em relação ao valor total dos editais
.
207
Tabela 72- Valor liberado, número de propostas contratadas e participação no valor total dos editais, por
instituição privada (2008).
INSTITUIÇÃO Valor (R$) Propostas Valor (%)
PUC 1.361.238,55 39 18,65
MINASFUNGI DO BRASIL 291.585,00 1 4,00
Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações/INATEL 258.932,56 3 3,55
UNIVALE - Universidade do Vale do Rio Doce 228.815,97 7 3,14
Fundação Cultural de Belo Horizonte - UNI-BH 215.390,85 5 2,95
SENAI/Itaúna - Centro de Pesquisas Marcelino Corradi 214.500,00 2 2,94
3J Tecnologia Eletrônica Ltda-ME 209.372,40 1 2,87
Sanders do Brasil Ltda Me 198.043,04 1 2,71
Nanum Nanotecnologia ltda 195.368,12 1 2,68
Navtec Eletrônica Ltda 184.100,56 1 2,52
Icoms-Soluções em Comunicação e Interconexão 182.361,31 2 2,50
Patologia Clínica Dr. Geraldo Lustosa Cabral Ltda 180.575,55 1 2,47
Vega Telecom 174.022,40 1 2,38
Fungitec Tecnologia em Microbiologia Ltda 171.800,24 1 2,35
Neomera Indústria e Comércio de Produtos Eletrônicos Ltda 168.255,60 1 2,31
Verditek Fabricação de Equipamentos Eletrônicos Ltda 164.845,78 1 2,26
Fundação de Ensino Superior de Passos 160.900,12 3 2,20
Biquad Tecnologia Ltda EPP 160.598,72 1 2,20
Universidade de Uberaba 159.368,47 7 2,18
Bell´s Relógios Ltda. 158.293,99 1 2,17
ICDesign Engenharia Elétrica Ltda 156.417,74 1 2,14
AG Techonologies Produtos Eletronicos Ltda 151.702,72 1 2,08
Exsto Tecnologia Ltda 148.989,54 1 2,04
LC Indústria Eletrônica Ltda 147.691,94 1 2,02
Cenatte Embriões LTDA 145.417,27 1 1,99
Pentaggono Industrial Exportadora Ltda 142.468,87 1 1,95
GT Gestão e Tecnologia Ltda 130.610,00 1 1,79
Clínica de Hematologia LTDA 110.075,62 1 1,51
208
IRRITRON Indústria e Comércio Ltda 108.780,00 1 1,49
W & D Estúdios LTDA 107.800,15 1 1,48
Alergolab Laboratório de Investigação em Alergia Ltda 91.543,87 1 1,25
JRR Sistemas de Informação e Consultoria Ltda 82.210,50 1 1,13
Associação Tancredo Neves 77.511,20 1 1,06
Subtotal 6.639.588,65 93 90,98
Outras instituições privadas 658.359,05 16 9,02
Total – Instituição privada 7.297.947,70 109 13,26 ¹
Total dos editais 55.052.077,82 1.286 100
¹ percentual em relação ao valor total dos editais
FONTE: Elaboração SPTME/SECTES a partir de dados divulgados pela FAPEMIG.
209
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados relacionados aos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação apontam
aspectos relevantes da realidade do Estado de Minas Gerais, que podem contribuir para a
tomada de decisões e definição de diretrizes relevantes em termos de políticas públicas.
Em relação à produção científica brasileira para o ano de 2008, obteve-se a desagregação
dos dados por instituições, regiões, municípios e disciplinas científicas. Foram selecionados
18.279 artigos publicados com autores filiados a instituições localizadas no Brasil. A produção
científica está distribuída por 137 mesorregiões, sendo que as seis primeiras (São Paulo, Rio de
Janeiro, Porto Alegre, Campinas, Ribeirão Preto e Belo Horizonte) concentram 49,23% da
produção científica nacional. Em relação aos municípios brasileiros, São Paulo ocupa a primeira
posição e Belo Horizonte a quinta. Quatro municípios mineiros encontram-se entre os líderes do
Brasil, representando, conjuntamente, 8,05% da produção científica nacional. Em termos da
produção científica em Minas Gerais, Belo Horizonte lidera a classificação da produção
científica, contando com 44,0% dos artigos indexados ao ISI, sendo seguida por cinco
municípios com as maiores universidades públicas do Estado (UFV, UFLA, UFU, UFJF e
UFOP, respectivamente). Juntos, os seis municípios respondem por 89,2% do total de
publicações do Estado de Minas Gerais.
Quando a Produção científica é desagregada por disciplinas, Ciências Veterinárias e
Agricultura, ocupam respectivamente a primeira e a segunda posição com 67 e 57 artigos no
ISI. Outras disciplinas relacionadas á área da saúde também se destacam, como Odontologia,
Cirurgia Bucal e Medicina.
Sendo assim, pode-se concluir que, no geral, as produções estão concentradas nas
universidades públicas. E que maior participação de produção de universidades e faculdades
privadas ocorre nas áreas de humanidades, sendo uma exceção a PUC Minas, que apresenta
produções bibliográficas e técnicas consideráveis também em outras áreas do conhecimento.
Em relação aos indicadores de depósitos de patentes, quando se analisa o período como
um todo (1980-2005) verifica-se que o Estado de Minas Gerais representa o 4° lugar dentre os
Estados com mais depósitos de pedidos de patentes junto ao órgão competente, o INPI.
Entretanto, analisando-se especificamente o ano de 2005, o Estado de Minas Gerais fica atrás
apenas do Estado de São Paulo, representando 8,46% do total de pedidos de patentes junto ao
INPI, o que mostra que o Estado de Minas Gerais dá passos importantes no que se refere à
210
pesquisa e desenvolvimento e consequente elevação dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e
Inovação do país.
Este relatório mostrou também que os depósitos de pedidos de patentes junto ao INPI,
tanto no Estado de Minas Gerais quanto no Brasil, são, em sua maioria, de pessoas físicas,
representando 52,56% e 59,86% respectivamente. A elevação no número de pedidos de patentes
de pessoa jurídica no período analisado indica que há uma redução do atraso nas atividades
inovativas do Estado de Minas Gerais frente ao Brasil e também a São Paulo.
Verificou-se que há uma concentração em áreas de baixo conteúdo tecnológico
(“consumo de famílias” lidera no Estado e também no país), mas que também existem
diferentes padrões de especialização tecnológica no Estado. Pode-se falar que há uma
similaridade entre os domínios tecnológicos predominantes no Brasil e em Minas Gerais, o que
indica que o Estado mineiro tem participação no perfil das atividades tecnológicas do país, com
grande concentração em setores tradicionais de baixa e média tecnologia (“consumo das
famílias”, “manutenção gráfica”) e pouca ênfase em subdomínios tecnológicos mais avançados
(“química orgânica”, “técnicas nucleares”), assim como acontece no país.
Dentro do Estado de Minas Gerais conclui-se também que, Belo Horizonte é o principal
responsável pelos depósitos de pedido de patentes do Estado, mostrando uma diversificação das
instituições que realizam pesquisa na capital mineira. Dentre estas, encontram-se instituições de
capital privado (Usiminas, Acesita, Samarco), na esfera federal (UFMG), na esfera estadual
(Fapemig, Copasa) e uma sociedade de economia mista (Banco do Brasil), além de uma
empresa estadual que foi adquirida pela iniciativa privada (Telemig).
Por outro lado, pôde-se verificar que não ocorreu no Estado de Minas Gerais uma
mudança significativa entre as classes tecnológicas líderes no período e sub-períodos analisados.
Em relação à interação universidade-empresa em Minas Gerais, podemos concluir que
é fortemente direcionada pelos mecanismos do que se denomina de ‘ciência aberta’. Neste
contexto, ambientes institucionais que propiciam os contatos pessoais e as interações
informais são recomendados no fomento a estas interações. A promoção de congressos e de
seminários que reúnam os diversos atores (universidades, institutos de pesquisa, empresas)
é também recomendada como instrumento capaz de catalisar relacionamentos colaborativos.
211
Além disso, os mecanismos institucionais de transferência de tecnologia recentemente
criados nas universidades aparentam ser relevantes e atuantes em algumas universidades.
Fortalecer estes escritórios é fundamental, como política de incentivo à transferência de
conhecimento e de tecnologia gerada nas universidades.
As incubadoras também vêm desempenhando papel importante, principalmente em
localidades menores, onde a base industrial não é dinâmica. Fortalecer e ampliar os recursos
destinados às incubadoras e às empresas incubadas é necessário e importante principalmente
nestas localidades.
Em relação aos indicadores do monitoramento de editais da FAPEMIG, pode-se concluir
que, se analisados os recursos distribuídos por edital, os editais Universais, PAPPE, PPM e
Bicombustíveis englobaram a maior parte do valor total liberado nos editais. Isto reflete bem o
momento atual da ciência e tecnologia em Minas Gerais, que tem o foco na inovação e nas
áreas portadoras de futuro.
Quando a análise é feita por tipo de instituição, percebe-se que as Federais são as que
mais obtiveram recursos através dos editais nos anos considerados, sobressaindo-se em relação
às demais por apresentarem participação de mais de 50% do valor total liberado em 2007 e de
80% no ano de 2008, o que mostra a importância das Instituições Federais para a pesquisa em
Minas Gerais. Pode-se comprovar por meio desta análise que o aproveitamento das instituições
é compatível com os indicadores de depósitos de patentes.
De acordo com a PINTEC 2005, o número de empresas que receberam apoio do governo
foi de 596 em todo o Estado. Em Minas Gerais houve um aumento no número de empresas que
receberam apoio governamental nos setores de indústria extrativa e de produtos siderúrgicos e
queda nos setores de fabricação de produtos alimentícios e de fabricação de produtos de
minerais não metálicos.
O principal tipo de programa de apoio governamental é o financiamento à compra de
máquinas e equipamentos utilizados para inovar. De 2003 para 2005, houve uma queda no
número de empresas que receberam esse tipo de apoio no setor de fabricação de produtos
alimentícios passando de 115 para 32. Esta queda também pode ser verificada no setor de
fabricação de produtos minerais não metálicos, de 19 para 11 empresas. Notou-se aumento do
apoio governamental neste item para a indústria extrativa, que passou de 15 para 18 empresas
apoiadas, e no setor siderúrgico que passou de 5 para 6.
212
Ressaltamos que apenas 1,09% das empresas inovadoras do Estado beneficiaram-se com
programas de financiamento a projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos
de pesquisa em 2005. Ainda que a participação deste tipo de benefício seja pequena, notou-se
um aumento no número de empresas do setor de produtos siderúrgicos que receberam
financiamento a projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos de pesquisa,
passando de 2 em 2003 para 4 em 2005.
Entre os problemas e obstáculos apresentados pelas empresas que não implementaram
inovações e sem projetos, destacaram-se: riscos econômicos excessivos; elevados custos da
inovação; escassez de fontes apropriadas de financiamento; rigidez organizacional; falta de
pessoal qualificado; falta de informação sobre tecnologia; falta de informação sobre mercados;
escassas possibilidades de cooperação com outras empresas/instituições; dificuldade para se
adequar a padrões, normas e regulamentações; fraca resposta dos consumidores quanto a novos
produtos; escassez de serviços técnicos externos adequados e centralização da atividade
inovativa em outra empresa do grupo.
Verificou-se portanto que o Estado de Minas Gerais está investindo nos programas de
pesquisa e desenvolvimento, além dos programas de inovação, junto com as instituições de
pesquisa do Estado e apoiando, como pôde ser verificado na análise dos editais da FAPEMIG,
as empresas instaladas em território mineiro. Assim, percebe-se que Minas Gerais está se
empenhando em deixar para trás o atraso tecnológico que obteve no decorrer de sua história,
este fato é percebido pelo avanço no número de pedidos de patentes junto ao INPI no ano de
2005.
Por outro lado, é perceptível a necessidade de envolver esforços coletivos para antecipar
e entender as potencialidades, evolução, características e efeitos das mudanças tecnológicas no
Estado. Para tanto, é necessário o envolvimento de diversos atores na formulação e execução de
políticas públicas para esses setores. Neste caso, é função do Estado propiciar uma efetiva
interação entre esses atores e garantir uma representatividade equilibrada de todos os agentes
envolvidos, objetivando realizar novos estudos científicos e tecnológicos, de forma a estabelecer
um panorama preciso do desenvolvimento da C,T&I no Estado.
213
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