reflexÃo da historiografia da africa no entendimento dos contos e lendas da criaÇÃo na cultura...

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REFLEXÃO DA HISTORIOGRAFIA DA AFRICA NO ENTENDIMENTO DOS CONTOS E

LENDAS DA CRIAÇÃO NA CULTURA AFRICANA

Analise equivocada da África que recebeu de estudiosos ocidentais.

Associado ao racionalismo, método que surge no séc. de XVI até o séc. XIX.

Os pensadores do séc. XIX, embasados no

racionalismo, vêem os africanos como “seres” sem cultura e incapazes

de produzir história.

Leila Hernandez no livro África na Sala de Aula, mostra três pontos da literatura que negam a existência da

história daAfrica, são eles:

A África como um estado de selvageria, incapaz de

produzir cultura e história.

A distinção entre europeus e

africanos, e os africanos entre si.

Africano como sujeito sem

“vontade racional.

Esses pensadores ditos “bem-dotados”, se vêem

no direito de formular uma noção de mundo,

legitimados no cientificismo.

Dando origem a uma “ciência”, chamada de

racismo ou racialismo, que prevê a superioridade através das diferenças

biológicas.

Os racialistas vão “usar” a áfrica como um

laboratório para suas teorias, e mostrar a

“barbárie” dos povos africanos:

Qual foi o motivo para que os europeus

negassem a história no continente Africano?

A história ocidental baseada em fontes

escritas não concebe que povos sem escrita tenham

história. Os povos sem escrita são majoritários

na África, onde a tradição oral é a fonte primordial.

A Tradição oral tem dois tipos de portadores, como cita Leila Hernandez, que

são os tradicionalistas e os

griôs.

Os tradicionalistas “elite” de guardiões da

palavra, tem ligação com o divino e suas revelações são

fidedignas. Portadores da gênese do cosmo, e da

criação.

Griôs, livres da rigidez tradicional. Usando a dança e coreografias e música, esses

narradores contam os grandes feitos dos heróis, a

origem do mundo , etc.

Meados do séc. XX, a historiografia da África foram tratadas de forma crítica, questionando toda a

literatura sobre África. Fontes africanas:

Na tradição oral, passada pelos Griôs e Tradicionalistas.

Em crônicas islâmicas no séc. XVIII.

•Pela Arqueologia através dos objetos-testemunho.

•Manuscritos europeus do século XV ao início do XX.

Através das produções de historiadores africanos

podemos ver uma história da África sem os

preconceitos europeus.

História da África, sem estudo

aprofundado.

CONSTRUINDO PONTES NO ESTUDO DAS ORIGENS NA PERSPECTIVA

MITOLOGICA

Mitologia:Estudo e interpretação do mito de uma determinada

cultura.

Mito:Narrativa fabulosa, referente a deuses que encarnam as

forças da natureza.

O Mito

Narrativo;

Pedagógico;

Julgamento sobre a origem do Homem e do

Mundo.

O Mito; A ReligiãoA Ciência.

Fontes do conhecimento humano

Ciência e religião não explicam os mitos;

Mito X Filosofia

Mito

Filosofia

Narra o passado;Origem através de genealogias;

Não se importa com contradições.

Explica como e porque, no passado, presente e no futuro;

Explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais;

O Mito hoje

Desejos inconscientes os quais a razão não pode preencher

adequadamente;

Herança do passado.

Heróis de histórias em quadrinhos;

Encarnação de personagens; Rituais de passagem.

Religião ...

Apresenta respostas que outros

conhecimentos não dão. (Mitológico,

filosófico, empírico e o científico)

A criação do mito contribui para

satisfazer a necessidade espiritual de

sobrevivência das civilizações.

Criação por um ser

supremo

Os estudiosos do séc. XIX pensavam que o tema da criação por um ser

supremo era inerente de uma cultura avançado. Pesquisas, observaram

essa crença entre povos primitivos da África, América, Austrália e outras

partes.

Todos esses mitos, porém, possuem características

comuns:

(1) Criação por um ser supremo;(2) o ser supremo é onisciente e todo-poderoso;

(3) o ato de criação é consciente, deliberado, planejado;

(3) Criação por uma matéria primordial.

(4) a divindade desaparece até que se produza algum acontecimento

catastrófico; e (5) a criação é um paraíso que se desfaz por causa de um pecado.

Reginaldo Prandi, sociólogo da USP, pesquisou sobre os

orixás no seu livro, Mitologia dos Orixás.

O livro apresenta 301 mitos sobre Nanã,

Xango, Oxalá, Oxumare, Ogum, e mais. Descrevendo

mitos, sobre a criação do homem:

Nanã fornece a lama para a

modelagem do homem

Dizem que Olorum encarregou Oxaláde fazer o mundo e modelar o ser

humano,o orixá tentou vários caminhos.

Tentou fazer o homem de ar.Não deu certo, se desvaneceu.

Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou

dura.

De pedra a tentativa foi pior.

Fez de fogo e o homem se consumiu

Tentou azeite, água e até vinho-de-palma, e

nada.

Nanã Burucu veio em seu Socorro.

Apontou para o fundo do lago onde retirou uma porção da lama

para Oxalá,o barro do fundo da lagoa onde Morava,

que é Nanã.

Oxalá criou o homem, o

modelou no barro.

Com o sopro de Olorum ele caminhou.

Com a ajuda dos orixás povoou a

Terra

Mas tem um dia que o

homem morree seu corpo tem que

retornar à terra,voltar a natureza de

Nanã Burucu.Nanã , quer de volta

tudo o que é seu.

.

A Origem e a concepção do Mundo: Aiyé e Órun - cultura

afro-brasileira

Na mitologia afro-brasileira encontramos que outrora o órun e

oáiyé não estavam separados. Houve uma falta grave, a separação em

decorrência desta falta

Em seguida criou-se o Sánmo, o céu atmosfera,

a conseqüência da separação do órun. Olórun, enraivecido,

soprou o seu òfurufá, ar divino que,

transformando-se em atmosfera constituiu o

sánmo ou céu.

A cabaça formada por duas metades unidas,

dos “terreiros” do candomblé representa o

órun e o àiyé – a representação do

universo, da UNIDADE entre o órun e o àiyé: o

TODO.

Criação da Terra e do Primeiro Ser Humano

“Nada existia além do ar. Olórum era uma massa infinita de ar, quando

começou a mover-se , a respirar, uma parte do ar transformou-se em massa

de água originando Órinsànlá.

O ar e as águas moveram-se e uma

parte transformou-se em lama, barro. Desse barro originou-se uma bolha , primeira matéria dotada de forma, avermelhado e

lamacento.

Òlorúm admirou esta forma e SOPROU sobre

ela, o seu hálito e dando-lhe vida.

Nasceu, Òlorúm, Êsu (Exu) o mensageiro, o proto-Exú, Êsu-Yangi, o símbolo do elemento

procriado.

Exu é o resultado do hálito divino, o

elemento-origem da vida. Exú, como o

primeiro ser criado é o portador do Axé a energia dinâmica.

Apresentamos tradições (Mitos) semelhantes ao relato bíblico das muitas

encontradas na África. Nos resta aceitar a hipótese de que esses mitos procedem igualmente de uma mesma

raiz histórica, a saber a TRADIÇÃO ADÂMICA

Todos narram à sua maneira, um fato

que realmente aconteceu e ficou

marcado.por muitas gerações, na

memória dos povos

A distorção, foi se tornando mais

acentuada a medida que os descendentes de

Adão mergulhavam no politeísmo , perdendo de

vista o aspecto monoteísta de Deus que

vinha desde o Éden.

Prof. Matusalém Alves

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