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Proposta N° 7041
Situação do APC: Em revisão pelo autor
Autor: DANIELE ANDREA JANOWSKI
Estabelecimento: NICOLAU COPÉRNICO, C E - E FUND MÉDIO
Ensino: E F 5/8 SERIE
Disciplina: EDUCACAO FÍSICA
Conteúdo: GINÁSTICA
Cor do conteúdo: AZUL
1. Paraná
Título: Escolas combatem obesidade no Paraná
Texto:
A atitude tomada pelo Governo do Estado do Paraná em relação a venda de
alimentos nas cantinas escolares foi uma medida importante para restringir o consumo de
produtos com pouco valor nutricional e alto teor de gorduras. Esta ação deve ter
continuidade na ação educativa dos professores mostrando aos alunos a importância de
uma alimentação balanceada e rica em nutrientes para a saúde. O texto na íntegra encontra-
se em anexo.
(anexo)
Hora do recreio. A criançada se aglomera em volta da cantina à procura das mais
variadas guloseimas. Doces, salgadinhos, sorvetes e refrigerantes estão entre as preferidas
dos alunos. A cena que imaginamos acima pode ser vista na maioria das escolas brasileiras,
menos nas situadas no estado do Paraná. Isso porque, no último mês de junho, o governo
paranaense criou uma lei que proíbe a venda de alimentos com alto valor calórico e baixo
valor nutricional nos estabelecimentos de ensino do estado, tanto públicos quanto
particulares.
A medida causou muita polêmica entre os estudantes. A maioria se mostrou
inconformada com o fato de não ter mais à disposição, nas prateleiras das cantinas, doces e
salgadinhos. “Não gostei muito disso, pois sempre costumo comprar uns docinhos na hora
do intervalo”, conta Bruno de Oliveira, aluno da 6.ª série do Colégio Paranaense, de
Curitiba. “Quando a cantina do colégio não vender mais doces, vou comprar na banquinha
da frente”, planeja. Segundo o governo, o principal objetivo da nova lei é fazer com que os
estudantes comam alimentos mais saudáveis, como sanduíches e sucos naturais, em vez de
guloseimas ricas em calorias. As escolas têm até o final deste ano para se adequarem à
nova regulamentação.
“Sério? Não acredito!”. Essa foi a reação da aluna Juliana Valdivieso, do Grupo
Escolar D. Pedro II, ao tomar conhecimento do fim da venda de guloseimas nas cantinas
das escolas. Acostumada a fazer “uma boquinha” na hora do recreio, a estudante, que está
na 5.ª série, além de ter ficado surpresa, lamenta a atitude. “É uma pena. Tudo o que eu
mais gosto de comer eles vão proibir”, conta, referindo-se aos salgadinhos, refrigerantes e
balas. O aluno Matheus Sales Pereira Neto, do Colégio Pinheiro do Paraná, também se
mostrou contrariado. “Quem são eles para dizer o que eu devo ou não comer? Acho que
cada um tem o direito de comer o que quiser”, diz.
Desaprovações à parte, o Ministério Público informou que, depois que estiver
esgotado o prazo de 180 dias para as instituições se adaptarem à nova lei, serão feitas
visitas aos colégios do estado para ver se eles estão cumprindo-a. Apesar de a maioria dos
alunos ter ficado frustrada com a medida, alguns simpatizaram com a idéia. “Achei uma
boa atitude, pois hoje em dia não temos muitas opções de alimentos saudáveis na cantina,
como sanduíches naturais e suco de frutas. E os alunos que não gostam muito de
salgadinhos e doces não vão mais precisar trazer lanche de casa”, afirma Elisa Dinelli,
aluna da 6.ª série do Colégio Paranaense, uma das poucas a concordar com a proposta do
governo.
Segundo a nutricionista Sheyla Santos Quelle Alonso, a principal medida que o
estado deveria tomar é conscientizar as crianças sobre a importância de terem uma
alimentação saudável. “Acho importante e válida esse tipo de ação; entretanto, deveria
haver também um trabalho de educação e orientação para que as crianças soubessem o
porquê dessas restrições. O caminho não é a proibição, mas, sim, a educação”, ressalta. Já
para a professora e nutricionista Isa de Pádua Cintra, a nova lei é apenas um começo. Ela
afirma que o papel dos pais na alimentação dos filhos é outro fator que deve ser levado em
conta. “Essa medida tomada pelo governo do Paraná é positiva, mas não é só isso o que
deve ser feito. Acredito que esse é apenas um passo, pois ainda há muito a se fazer, a
começar pelos pais, que devem prestar mais atenção na alimentação dos filhos. Muitas
vezes são eles que preparam o lanche das crianças, e o que se vê dentro da lancheira?
Doces e salgadinhos. Acho que a mudança deve começar por aí”, opina.
http://www.educacional.com.br/reportagens/obesidade/obesidade_parana.asp
acesso em 20/11/2007.
2. Problematização do Conteúdo
Chamada para a Problematização: A mudança de hábitos de vida dos alunos através
das atividades físicas, da ginástica e dos cuidados com o corpo para a manutenção da
saúde.
Texto:
Quando nos encontramos frente a frente com os alunos objetivando a construção de
conhecimentos e saberes, na efetivação da prática educacional relativa a disciplina, surge a
confrontação operacional entre teoria e prática. É onde nos damos conta de que algumas
metodologias ou instrumentos utilizados apresentam ou não os resultados que
consideramos satisfatórios. Entramos não mais no terreno das abstrações teóricas, mas no
momento real de “ser professor”, momento no qual são apresentadas as variáveis que irão
influenciar diretamente no trabalho discente, as características de cada turma, de cada
escola ou da sociedade, as particularidades de cada professor, um ser humano com virtudes
e defeitos e com uma singularidade definida que o faz ser e fazer segundo seus próprios
afetos e capacidades.
Entre as finalidades mais autênticas e legítimas da Educação Física e sua realização na prática, onde seu profissional se coloca face a face – ou corpo a corpo – diante daqueles que estão sob sua orientação, é que se interpõem as barreiras que precisam ser vencidas. (MEDINA.1985, p.8)
Ocorre então dentro desta relação professor x alunos o ambiente da aprendizagem,
mais ou menos ideal, porém, sempre único e impossível de ser reproduzido em outro
contexto.
Para a implementação de formas de trabalho que priorizem os alunos, que os levem
a entender o corpo e a compreender suas necessidades e seus anseios, devemos
primeiramente vê-los com novos olhos e interpretá-los de acordo com suas singularidades.
Melhorar a qualidade de vida dos alunos refere-se a fatores individuais e a tomada de uma
postura crítica em relação as suas condições de vida e seus meios de subsistência.
Devemos estar atentos para fatores sociais que determinam, muitas vezes, condições
precárias e falta de condições básicas de saúde como moradia, alimentação, assistência
médica e demais fatores preponderantes para o bem estar humano, porém podemos sim
trabalhar com os conhecimentos pertinentes a nossa área na busca de cidadãos críticos e
conscientes da importância da prática da atividade física, da importância da saúde e de uma
busca constante por viver cada vez melhor.
A problematização requer que seja feita a averiguação acerca de quais atividades e
com que freqüência os alunos praticam atividades físicas, seja na escola ou em atividades
cotidianas e, como apresenta-se o conhecimento destes alunos frente a atividade física
relacionada a saúde.
Este trabalho busca modos de interferir positivamente no desenvolvimento das
aulas de Educação Física levando conhecimentos e estimulando à prática de atividades
físicas prazerosas e com significação aos alunos. Não podemos desvincular do tema das
diversas interferências sociais como a saúde individual, mas podemos sinalizar algumas
atitudes que podem atenuar e corroborar para a manutenção da saúde e do bem-estar de
nossos alunos.
BIBLIOGRAFIA
MEDINA, João Paulo S. A Educação Física cuida do corpo e “mente”. 4ª ed.
Campinas: Papirus, 1985. 96 p.
3. Sugestão de Leitura
3.1. Categoria: Revista Científica
Sobrenome: GONÇALVES
Nome: Aguinaldo
Sobrenome Autor: PIRES
Nome Autor: Giovani De Lorenzi
Título do artigo: Educação Física e saúde
Título da revista: Motriz
Local da Publicação
Volume ou tomo: 5
Fascículo: 1
Página inicial:15
Página final:17
Disponível em (endereço WEB):
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/revista.htm
Data de Publicação (mês.ano): Junho/1999
Comentários:
O artigo sinaliza que “não é ativo quem quer, mas quem consegue” suscitando uma
discussão bastante interessante que permeia o texto e na qual procuram relacionar a saúde
com a sociedade.
Citam exemplos de como sugestões de atividades como do projeto “mexa-
se”ocasionaram uma conhecida epidemia de doença articular do joelho.
Neste trabalho encontramos boas reflexões e ponderações sobre o tema Educação
Física e saúde.
3.2. Categoria: Revista Científica
Sobrenome: GUEDES
Nome: D. P.
Título do artigo: Educação para a saúde mediante programas de Educação Física
escolar
Título da revista: Motriz
Local da Publicação
Volume ou tomo: 5
Fascículo: 1
Página inicial:
Página final:
Disponível em (endereço WEB):
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/revista.htm
Data de Publicação (mês.ano): Junho/1999
Comentários:
O artigo discute a Educação Física escolar como componente curricular e a
formação do professor da disciplina. Cita a importância da preocupação dos profissionais
com a aquisição e manutenção da saúde, mas somente através de exercícios físicos.
Enfatiza a formação através de conteúdos e conhecimentos que estimulem um estilo de
vida permanentemente ativo e para que façam parte do seu cotidiano ao longo de toda a sua
vida.
3.3. Categoria: Revista Científica
Sobrenome:NAHAS
Nome:Markus V
Sobrenome Autor:BEM
Nome Autor: Maria H.L.
Título do artigo: Perspectivas e tendências da relação teoria e prática na Educação
Física
Título da revista: Motriz
Local da Publicação
Volume ou tomo:3
Fascículo:
Página inicial:
Página final:
Disponível em (endereço WEB):
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/revista.htm
Data de Publicação (mês.ano): Dezembro/1997
Comentários:
Analisa as perspectivas e tendências em foco na contemporaneidade. Coloca a
corporeidade como um fator central para a qualidade de vida mesmo que no sentido mais
espiritual do que na corporeidade vivenciada. Fala de uma formação técnica mais crítica e
reflexiva.
Os autores entendem que a Educação Física brasileira está em crise e isso pode
tanto significar perigo como oportunidade.
Discutem a relação teoria/prática e estabelecem três concepções e abordagens em
torno do tema.
4. Imagens
Comentários e outras sugestões de Imagens:
A imagem demonstra a mudança de hábitos motores pela inatividade física
transformando e moldando os corpos.
*A imagem acima foi enviada para devida validação pela equipe do Portal dia-a-dia
educação sob o número 1979.
5. Sítio
5.1. Título do Sítio: Saúde Total
Disponível em (endereço web):
http://www.saudeparavoce.com.br/artigos/atividadefisica/default.asp
Acessado em (mês.ano): Novembro/2007
Comentários:
Neste site encontram-se artigos relativos a ginástica, exercícios físicos, alimentação
e qualidades físicas, bem como dicas de saúde.
5.2. Título do Sítio: Scielo
Disponível em (endereço web): http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/
Acessado em (mês.ano): Outubro/2007
Comentários:
O scielo é um site muito respeitado no meio acadêmico e com conteúdos científicos
excelentes. Nele estão ótimos textos relevantes a atividade física, saúde, corporalidade,
sexualidade e outros temas relativos a Educação, Educação Física e demais áreas.
5.3. Título do Sítio: educacaofisica.org
Disponível em (endereço web):
http://educacaofisica.org/joomla/index.php?option=com_content&task=view&id=152&Ite
mid=2
Acessado em (mês.ano): Outubro/2007
Comentários:
O site traz notícias e publicações pertinentes a educação física, saúde e atividade
física. Atualmente existe nele um artigo com o título "Educação Física Escolar na
Perspectiva da Promoção da Saúde: Um Estudo de Revisão", de autoria de Mauro V.G. de
BARROS, Fernando José de P. CUNHA, Agostinho G.da SILVA JÚNIOR, muito
interessante. Uma notícia cita que o Brasil é campeão mundial em consumo de remédios
para emagrecer. O site também possui textos muito bons sobre temas variados dentro da
Educação Física.
5.4. Título do Sítio: GEPEMENE
Disponível em (endereço web): http://www.uel.br/grupo-
pesquisa/gepemene/conteudo.asp?Area=LinhasDePesquisa&Id=2
Acessado em (mês.ano): Outubro/2007
Comentários:
O site é de um grupo de pesquisa da Universidade Estadual de Londrina - UEL no
qual é possível acessar várias produções na área de Educação Física. Este site traz
subsídios e informações interessantes sobre temas relevantes a Educação Física Escolar.
6. Sons e Vídeos
Categoria: Vídeo
Título: Atividades Físicas
Direção: Ministério da Saúde
Produtora: Ministério da Saúde
Duração (hh:mm): 00:13
Local da Publicação: TV ESCOLA
Ano:
Disponível em (endereço web):
Comentário:
O programa faz parte da série Viva Legal, ensino fundamental.
Traz dicas sobre atividade física na prevenção de doenças, alimentação, combate ao
sedentarismo, como e porquê da atividade física indicando como nossas decisões e
escolhas permeiam a nossa saúde e bem-estar.
É um vídeo interessante para o início da abordagem do tema Educação Física e
saúde.
Disponível no acervo de: Cinemateca
7. Notícias
Categoria: Revista on-line
Sobrenome: BUZZACHERA
Nome: Cosme Franklim
Sobrenome Autor: ELSANGEDY
Nome Autor: Hassan Mohamed
Sobrenome Autor: KRINSKI
Nome Autor: Kleverton
*Título da Notícia/Artigo: Excesso de adiposidade corporal e tempo de
televisão/games em escolares da rede municipal-Curitiba
*Nome da revista: Efdeportes.com/ Revista Digital
Disponível em (endereço WEB): http://www.efdeportes.com/
*Acessado em (mês.ano): Novembro/2007
Comentários:
O artigo traça um paralelo entre o tempo gasto em frente a TV e games e os estados
nutricionais de normalidade, pré-obesidade e obesidade entre escolares de 11 a 14 anos
pertencentes à rede Municipal de Curitiba-PR. A pesquisa revela que os mais obesos são os
que ficam mais tempo em inatividade. Faça a leitura completa do artigo no anexo.
(anexo)
Excesso de adiposidade corporal e tempo de televisão/games em escolares da rede municipal
de ensino da cidade de Curitiba - PR
Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte.
Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, Paraná. (Brasil)
Cosme Franklim Buzzachera Daniele Cristina Vitorino | Hassan Mohamed Elsangedy
Kleverton Krinski | Sergio Gregorio da Silva
franklin_buzz@yahoo.com.br
Resumo
O objetivo do presente estudo foi descrever o tempo gasto em frente à TV/games relativo aos estados nutricionais de normalidade, pré-obesidade e obesidade em escolares pertencentes à rede municipal de ensino da cidade de Curitiba - PR. Participaram do estudo 311 escolares (sexo masculino, n=135; sexo feminino, n=176) com idade entre 11 e 14 anos. Os estados nutricionais de normalidade, pré-obesidade e obesidade foram determinados conforme os pontos de corte estabelecidos por Cole et al. (2000). O tempo de TV/games médio foi determinado através do método de auto-recordatório. Para a análise estatística utilizaram-se medidas de tendência central, variabilidade e freqüência relativa. O estado nutricional de pré-obesidade foi mais elevado em todas as idades no sexo feminino quando comparado ao sexo masculino, exceto aos 12 anos. Em relação ao excesso de adiposidade corporal, valores elevados foram encontrados aos 11 anos nas meninas (27%) e aos 14 anos nos meninos (22,9%). Além disso, verificou-se que indivíduos obesos tendem a passar mais tempo em frente a TV/games quando comparado à indivíduos não-obesos, independente do sexo. Desse modo, sugere-se que programas de saúde publica preconizem o incentivo a prática de hábitos saudáveis entre os escolares, desencorajando a manutenção de um estilo de vida sedentário, contribuindo assim para a redução dos elevados valores de adiposidade corporal observados.
Unitermos: Inatividade física. Obesidade. Crianças.
Abstract
The purpose of this study was to describe the time watching TV/games relative to nutritional states (normality, pre-obesity and obesity) within a sample of students in public schools of Curitiba - Parana. The sample was constituted by 311 students of public schools (boys, n=135; and girls, n=176), with age between 11-14 years. The nutritional states of pre-obesity and obesity were determined in according to cutoff points proposed by The International Obesity Task Force (Cole et al., 2000). The amount of time spent watching TV/games were obtained by self-recorded method. The statistical analysis used measures of central tendency, variability and relative frequency. The nutritional status of pre-obesity was higher between girls when compared to boys, exception to the 12-years-old. In relation to excessive body adiposity, the elevated values were verified in the ages of 13 years in girls (27%) and 14 years in boys (22.9%). Moreover, independently of it gender, was observed that obese individuals remained a higher time watching TV/games when compared to non-obese individuals. Therefore, the inclusion of health public programs on scholar ambient is recommended, with a purpose of education above health habits between students, avoiding the sedentary life-styles, thus contributing to reduction of elevated values of body adiposity.
Keywords: Physical inactivity. Obesity. Children.
Introdução
Um elevado aumento na prevalência de pré-obesidade e obesidade infanto-juvenil tem sido
observado em diversos países desenvolvidos (Troiano et al., 1995; Reilly e Dorosty, 1999) e em
desenvolvimento (Wang et al., 2002; Galal e Hulett, 2005) nas últimas décadas. De acordo com
Wang et al. (2002), uma elevação na prevalência de pré-obesidade (4,1% para 13,9%) em
crianças brasileiras foi verificada entre os anos de 1975 e 1992. Esse processo de transição
nutricional poderia ser devido às inúmeras modificações temporais ocorridas nos padrões
alimentares e/ou comportamentais, resultando em um aumento na prevalência de hábitos
sedentários entre os jovens, e consequentemente contribuindo para uma elevação no risco para
diversas doenças na idade adulta (Mijailovic et al., 2001; Field et al., 2005).
O enorme tempo gasto em frente da televisão em jogos eletrônicos (ou games) têm sido
considerado um dos principais hábitos sedentários associados aos estados nutricionais de pré-
obesidade e obesidade infanto-juvenil, devido prioritariamente à sua baixa demanda energética e
elevada exposição a produtos industrializados (Brown, 2006). Em estudo conduzido por Janssen et
al. (2004), envolvendo 5890 crianças canadenses com idade entre 11-16 anos, verificou-se uma
associação direta entre IMC e tempo diário gasto em frente à televisão/games. Ainda, uma relação
inversa entre IMC e tempo diário gasto na realização de atividade física foi observada.
Nesse contexto, recentes posicionamentos oficiais de instituições de saúde pública ligadas
ao cuidado de crianças e adolescentes tem indicado a diminuição no tempo diário gasto em frente
da televisão/games como um meio fundamental para a redução da elevada prevalência de
excessiva adiposidade corporal verificada na população jovem (AAP, 1999; US Preventive Services
Task Force, 2006). Apesar disso, poucos estudos nacionais buscaram investigar o tempo diário
gasto nessas atividades em crianças e adolescentes brasileiras (Fonseca et al., 1998). Desse modo,
o objetivo do presente estudo foi descrever o tempo gasto em frente à TV/games relativo aos
estados nutricionais de normalidade, pré-obesidade e obesidade em escolares pertencentes à rede
municipal de ensino da cidade de Curitiba - PR.
Procedimentos metodológicos
O presente estudo adotou delineamento de pesquisa observacional transversal, descritivo,
sendo desenvolvido na cidade de Curitiba - Paraná. A amostra foi composta por 311 escolares
(sexo masculino, n=135; sexo feminino, n=176) com idade entre 11 e 14 anos, pertencentes à
rede municipal de ensino.
As variáveis antropométricas massa corporal (MC, em kg; balança marca Tanita, modelo
2204, precisão de 0,1 kg), estatura (EST, em cm; estadiômetro marca Sanny, modelo Standard,
precisão de 0,1cm) e índice de massa corporal (IMC, em kg/m2) foram obtidas conforme
procedimentos propostos por Crawford (1996).
Para a determinação dos estados nutricionais de normalidade, pré-obesidade e obesidade,
os pontos de corte de IMC propostos por Cole et al. (2000) foram utilizados. O tempo diário gasto
em frente à TV/games foi determinado através do método auto-recordatório, mediante emprego
de questionário estruturado, conduzido por um pesquisador previamente treinado.
Para a análise estatística, utilizaram-se medidas de tendência central e variabilidade, como
também de freqüência relativa na determinação dos estados nutricionais. Todos os procedimentos
foram determinados mediante emprego do software Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS, versão 13.0) for Windows.
Discussão de resultados
O excesso de adiposidade corporal entre crianças e adolescentes tem sido considerado um
importante problema de saúde pública global (AAP, 1999), pois envolve tanto países desenvolvidos
(Troiano et al., 1995; Reilly e Dorosty, 1999) como também aqueles em desenvolvimento (Wang et
al., 2002; Galal e Hulett, 2005). As rápidas modificações ocorridas nos padrões nutricionais e
comportamentais na população jovem nas últimas décadas poderiam ter exacerbado esse
problema, contribuindo para a sedimentação de inúmeros hábitos sedentários decorrentes das
facilidades proporcionadas a sociedade hodierna. Apesar de considerado um dos principais hábitos
sedentários contribuintes para a ocorrência de novos casos de pré-obesidade entre crianças e
adolescentes, o tempo diário gasto em frente à televisão e jogos eletrônicos (games) tem sido
pouco estudado nos jovens brasileiros. Desse modo, o presente estudo buscou descrever o tempo
gasto em frente à TV/games relativo aos estados nutricionais de normalidade, pré-obesidade e
obesidade em escolares pertencentes à rede municipal de ensino da cidade de Curitiba - PR.
O estado nutricional de pré-obesidade foi mais prevalente em todas as idades no sexo
feminino quando comparado ao sexo masculino, exceto aos 12 anos. Em relação ao excesso de
adiposidade corporal, os valores mais elevados foram encontrados aos 11 anos nas meninas (27%)
e aos 14 anos nos meninos (22,9%) (Tabela 1).
De acordo com os resultados demonstrados na Tabela 2, verificou-se que indivíduos
obesos tendem a diariamente passar mais tempo em frente à TV/games quando comparado aos
indivíduos não-obesos, independente do sexo, corroborando os achados de outros estudos que
indicam uma associação positiva entre esse hábito sedentário e o IMC (Janssen et al., 2004;
Brown, 2006)
Conclusões
Uma elevada prevalência de pré-obesidade e obesidade foi observada entre os jovens
escolares da rede municipal de ensino da cidade de Curitiba - PR. Além disso, verificou-se que
indivíduos apresentando maior adiposidade corporal permaneciam um maior tempo em frente a
TV/games diariamente. Desse modo, sugere-se que programas de saúde publica preconizem o
incentivo a prática de hábitos saudáveis entre esses escolares, desencorajando a manutenção de
um estilo de vida sedentário, reforçando a importância da prática regular de exercícios físicos,
contribuindo assim para a redução dos elevados valores observados de adiposidade corporal.
Referências
• TROIANO, R.P.; FLEGAL, K.M.; KUCZMARSKI, R.J.; CAMPBELL, S.M.; JOHNSON, C.L.
Overweight prevalence and trends for children and adolescents: The National Health and
Nutrition Examination Surveys, 1963 to 1991. Arch. Pediatr. Adolesc. Med., v.149, p.1085-
1091, 1995.
• REILLY, J.J.; DOROSTY, A.R. Epidemic of obesity in UK children. Lancet. v.354, p.1874-
1875, 1999.
• WANG, Y.; MONTEIRO, C.A.; POPKIN, B.M. Trends of obesity and underweight in older
children and adolescents in the United States, Brazil, China, and Russia. Am. J. Clin. Nutr.
v.75, p.971-979, 2002.
• GALAL, O.M.; HULETT, J. Obesity among schoolchildren in developing countries. Food.
Nutr. Bull. v.26, p.S261-266, 2005.
• MIJAILOVIC, V.; MICIC, D.; MIJAILOVIC, M. Effects of childhood and adolescent obesity on
morbidity in adult life. J. Pediatr. Endocrinol. Metab. v.14, p.S1339-S1344, 2001.
• FIELD, A.E.; COOK, N.R.; GILLMAN, M.W. Weight status in childhood as a predictor of
becoming overweight or hypertensive in early adulthood. Obes. Res. v.13, p.163-169,
2005.
• BROWN, D. Playing to win: video games and the fight against obesity. J. Am. Diet. Assoc.
v.106, p.188-189, 2006.
• JANSSEN, I.; KATZMARZYK, P.T.; BOYCE, W.F.; KING, M.A. Overweight and obesity in
Canadian adolescents and their associations with dietary habits and physical activity
patterns. J. Adolesc. Health. v.35, p.360-367, 2004.
• FONSECA, V.M.; SICHIERI, R.; DA VIEGA, G.V. Factors associated with obesity among
adolescents. Rev. Saude Publica. v.32, p.541-549, 1998.
• CRAWFORD, S.M. Physical Assessment. In: DOHERTY, D. Measurement in Pediatric
Exercise Science. Champaign, IL: Human Kinetics, 1996.
• COLE, T.J.; BELLIZI, M.C.; FLEGAL, K.M.; DIETZ, W.H. Establishing a standard definition
for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ. v.6, p.1240-1243,
2000.
• AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Committee on Public Education. Media education.
Pediatrics. v.104, p.341-343, 1999.
• U.S. PREVENTIVE SERVICES TASK FORCE. Screening and interventions for overweight in
children and adolescents: recommendation statement. Am. Fam. Physician. v.73, p.115-
119, 2006.
8. Destaques
Título: Saúde debate obesidade infantil
Fonte: http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/161415
Comentário: Destaco esta matéria pelo crescente interesse dos setores da saúde nos
municípios pela necessidade de conscientização em relação a obesidade infantil e as
doenças que podem surgir nestes indivíduos no decorrer de suas vidas. A matéria refere-se
a Semana de Prevenção da obesidade infantil promovida pela Secretaria de Saúde de
Maringá. As atividades voltadas para os pais, crianças e profissionais de saúde, tiveram
como objetivo orientar sobre a importância de manter hábitos saudáveis de alimentação e
de vida. Leia a notícia na íntegra no anexo.
(anexo)
Texto: Cidades | Semana de prevenção | Atualizado Quarta-feira, 10/10/2007 às
17h21
Saúde debate obesidade infantil
Juliana Daibert
daibert@odiariomaringa.com.br
A Secretaria de Saúde de Maringá realiza até o dia 16 a Semana de Prevenção da
Obesidade Infantil. As atividades começaram na segunda-feira e são voltadas para os pais,
crianças e profissionais de saúde. Orientar sobre a importância de manter hábitos saudáveis
de alimentação e de vida é o principal objetivo da semana.
“No mundo dos alimentos saudáveis”, peça teatral apresentada por alunos das
escolas Jesuína Jesus de Freitas, Carlos Démia, Presidente Kennedy e colégio Paraná,
encenada para estudantes do colégio Marista, abriu a semana.
Cada unidade de saúde vai desenvolver atividades com alunos de escolas próximas,
sempre com foco na prevenção da doença durante a semana. Haverá apresentação de
teatro, recreação, palestras e capacitações.
Quem tinha consulta marcada para a manhã desta quarta-feira no NIS Iguaçu, por
exemplo, assistiu a uma aula sobre a pirâmide alimentar e recebeu uma cartilha produzida
pela Secretaria com informações sobre a importância da atividade física e da alimentação
correta para uma vida saudável.
Uma pesquisa feita no ano passado pela nutricionista Caroline Filla Rosaneli,
coordenadora do curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-
PR), em nove centros municipais de educação infantil de Maringá revelou que 78% das
crianças ouvidas estão com peso normal para a idade, 8% estão acima do peso esperado
para a idade e 3,5% têm o peso abaixo do esperado para a idade.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 15% das
crianças brasileiras estão obesas.
A preocupação com a obesidade infantil e suas conseqüências no decorrer da vida
adulta de quem já briga com a balança desde pequeno ganharam reforço durante a
Conferência Municipal de Saúde, realizada em julho. A inclusão de nutricionistas na
equipe de saúde das unidades básicas foi uma das propostas aprovadas.
De acordo com a pediatra Paula Sabioni, coordenadora da Saúde da Criança da
Secretaria, atualmente o atendimento na unidade é feito pelo pediatra ou médico do
Programa Saúde da Família.
http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/161415
acesso em: 07/11/2007
9. Investigação Disciplinar
Título: Atividade física e saúde
Texto:
Dentro das diretrizes curriculares observa-se o desenvolvimento corporal e a
construção da saúde como um elemento articulador dentro dos conteúdos propostos para a
disciplina. Este trabalho está inserido no conteúdo ginástica para salientar a importância da
mesma como uma atividade física voltada para a manutenção da saúde e para a prevenção
de doenças, freqüentes hoje em nossa sociedade em todas as idades. Obviamente que a
saúde em amplo aspecto não pode ser adquirida somente a partir da vontade individual,
mas nos é possível ensinar meios com os quais nossos alunos podem ter a curto e longo
prazo uma melhora substancial em sua qualidade de vida a partir de mudanças de atitude.
Citando Guedes,
O estado de ser saudável não é algo estático. Pelo contrário, torna-se necessário adquiri-lo e construí-lo de forma individualizada constantemente ao longo de toda a vida, apontando para o fato de que saúde é educável e, portanto deve ser tratada não apenas com base em referenciais de natureza biológica e higienista, mas sobretudo em um contexto didático-pedagógico.(GUEDES, p.11, 1999).
O professor, dentro da disciplina de Educação Física, deve discutir aspectos
relevantes a saúde, à atividade física e a ginástica para levantar questões acerca dos
conhecimentos pertinentes a disciplina como meio de estimular a reflexão e evitar alguns
males associados ao sedentarismo que afetam a juventude, a idade adulta e a terceira idade,
e que podem propiciar a construção de um pensamento mediador que o leve a aproveitar a
vida conservando a saúde corporal.
A problematização requer que seja feita a averiguação acerca de quais atividades e
com que freqüência os alunos praticam atividades físicas, seja na escola ou em atividades
cotidianas e, como se apresenta o conhecimento destes alunos frente à atividade física
relacionada à saúde.
O exercício físico deve ser trabalhado enquanto conteúdo da ginástica enfocando a
importância deste para a manutenção da saúde física e seus benefícios frente as atividades
cotidianas como meio de prevenção de males musculares, articulares e ósseos. É necessária
a intervenção direta do professor na execução e na correção dos exercícios ginásticos nas
aula, de modo a colocar a ginástica como um saber escolar e um conteúdo fundamental
quando a escola visa educar para a vida.
O objetivo deste trabalho é encontrar modos de interferir positivamente nas aulas de
Educação Física levando conhecimentos e estimulando à prática de atividades e exercícios
físicos que tragam prazer e conhecimento aos alunos. Não podemos desvincular o tema das
diversas interferências sociais a que está condicionado, mas podemos sinalizar algumas
atitudes que podem atenuar e corroborar para a manutenção da saúde e do bem-estar de
nossos alunos. Conjuntamente à má alimentação, a inatividade das crianças possui
relevância no aumento da obesidade infantil. Se o computador e o vídeo game substituíram
o pega-pega e o jogo infantil, a mudança de hábitos gerou a mudança dos corpos.
Como profissionais da educação temos a condição de preparar melhor nossos
alunos para a vida e não podemos deixar de tratar conteúdos dentro da disciplina que
suscitam a discussão sobre os males que surgem em nossa sociedade. Obesidade,
hipertensão, anorexia, arteriosclerose, diabetes, osteoporose e outros males podem ser
prevenidos ou minimizados com a atividade física e uma alimentação equilibrada, e ,
quanto antes hábitos saudáveis sejam compreendidos e que certos cuidados sejam tomados
melhores serão os resultados futuros na vida dos alunos.
Existem temas que devem ser discutidos como a questão da inclusão, da
mistificação do corpo, valores sociais que atuam na concepção do corpo pela sociedade e o
limite e as possibilidades singulares de cada ser social em relação a estes temas.
Trabalhar com a Educação Física no ensino fundamental torna-se um desafio frente
às diversidades da adolescência, hoje cada vez mais precoce de nossos alunos. Prepará-los
para a vida adulta é também função da escola, e para tanto, aspectos como a valorização do
corpo e as atitudes positivas que são coadjuvantes a uma vida mais saudável tornam-se um
fator decisivo para a sua formação. O objetivo é pontuar a Educação Física como disciplina
que pode fornecer subsídios e conhecimentos que possam auxiliar na construção de postura
crítica em relação aos acontecimentos e fatos vivenciados.
BIBLIOGRAFIA
GUEDES, D.P. Educação para a saúde mediante programas de Educação Física
escolar. Revista Motriz, v 5, n. 1, junho/1999.
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/revista.htm. Acesso em 09/07/2007.
10. Proposta de Atividades
Título: Atividades
Texto:
As atividades propostas visam fundamentar o tema a partir de um apanhado de
dados feitos na comunidade com o objetivo situar o aluno e a evolução da sociedade local
com os conhecimentos a serem abordados em sala de aula.
O trabalho foi elaborado para aplicação em uma turma (30 a 45 alunos),
preferencialmente da sétima série do ensino fundamental ou adaptável a outras séries.
A avaliação das atividades é sempre diagnóstica já que pode existir divisão de
tarefas entre alunos ou grupos de alunos, segundo a finalidade e o objetivo a ser alcançado
já que estas sugestões não são estanques pois dependem da evolução e do interesse
diferenciado da clientela a que se destina.
● Elaborar um questionário para que os alunos apliquem aos avôs ou pessoas da
terceira idade da comunidade, onde sejam perguntados sobre questões relativas aos
hábitos de vida em sua infância e adolescência. Incluir questões sobre alimentação,
atividades em casa, na lavoura, relacionamentos interpessoais com parentes e
vizinhos, religiosidade, criminalidade, sexualidade, obesidade, mortalidade infantil
e juvenil, prevalência de doenças, ocupação do tempo livre, lazer, e demais
questões relacionadas a realidade local (imigrantes, peculiaridades...); Pode-se fazer
entrevista com as pessoas em sala de aula.
● Debater com os alunos o estilo de vida deles (alimentação, hábitos de higiene,
sedentarismo, cooperação em atividades domésticas, atitudes que consideram
positivas...);
● Traçar um paralelo entre os hábitos atuais e antigos, onde houve mudanças;
● Discutir valores sociais e suas mudanças;
● Utilizar aulas expositivas, pesquisas, vídeos, pesquisas na internet, leitura de texto e
reportagens para aprofundar os temas abordados (qualidade de vida, saúde,
doenças, corporeidade, atitudes positivas, alimentação, obesidade, bem-estar,
afetividade, sexualidade e demais assuntos que possam surgir);
● Pesar e medir os alunos, ensinar o cálculo do IMC, explicar e situá-los na tabela;
● Nas aulas práticas estimular o aluno que perceba seu corpo, salientando a unidade e
singularidade de cada um e a necessidade do respeito as diferenças, incentivar a
superação e discutir sobre os limites do corpo;
● Trabalhar e incentivar a ginástica em todas as suas manifestações como forma de
melhorar a aptidão física e as capacidades físicas;
● Discutir a importância da ginástica no contexto histórico social e sua implicação na
melhoria do estilo de vida das pessoas.
● Estar atento na postura corporal dos alunos, estimular a auto-correção postural para
sentar, andar, etc.
11. Contextualização
Título: Atividade física e saúde
Texto:
A grande barreira a ser ultrapassada pelos professores de Educação Física não é a
do conhecimento científico ou da prática da atividade física, mas sim de como, com estes
saberes atingir de forma positiva um grupo heterogêneo de alunos, com histórias e anseios
diferenciados. Como cita VAGO em seu artigo: “Enfim, mais do que nunca, é preciso
praticar a educação física como tempo e lugar de afirmar e reafirmar a vida como ato de
resistência e de criação.” (VAGO. 1999, p.44). Não podemos deixar de lado as
subjetividades, os anseios e as perspectivas de vida que eles têm frente ao futuro.
A aquisição de hábitos saudáveis como a prática prazerosa da atividade física, a
alimentação sem excessos e a consciência da necessidade de preservação do corpo, são
conhecimentos que devem ser trabalhados e discutidos dentro do ambiente escolar.
A análise da sociedade na qual se insere a escola revela mudanças de hábitos
ocorridas nesta localidade com o passar do tempo. Há poucos anos atrás estávamos em um
meio voltado a agricultura familiar onde os instrumentos de trabalho restringiam-se a
ferramentas de uso braçal e de tração animal. Onde os alimentos eram produzidos sem
utilização de defensivos agrícolas, aonde a ida a cidade era feita a pé, a cavalo ou em
carroças, mas acima de tudo onde a família reunia-se para conversar. Chegou então o novo
tempo, da industrialização, da mecanização, dos alimentos processados e da televisão.
Muitos valores foram substituídos, houve avanços em muitas áreas e muitos retrocessos
nas relações humanas. Perdeu-se o hábito de compartilhar e unir família e vizinhos para a
colheita ou para a divisão do trabalho. O advento das novas tecnologias e descobertas
científicas afetou diretamente no modo de vida das pessoas, a “... maior mecanização das
tarefas do cotidiano destinadas ao ser humano vem induzindo modificações significativas
nos padrões de vida de toda a população” (GUEDES, p.12, 1999). As facilidades advindas
com a mecanização na agricultura e com o uso de produtos químicos que transformaram o
trabalho, dando a possibilidade de menor esforço físico para a realização de tarefas,
deveriam ter propiciado mais lucro com menos trabalho. Por outro lado vemos o uso
indiscriminado e sem cuidados de proteção no uso de defensivos tornando-os uma nova
forma de minar a saúde dos agricultores. Não são poucos os relatos feitos pelos alunos em
relação ao desenvolvimento de doenças e casos de morte por intoxicação com estes
produtos, principalmente, referente à cultura do fumo. O homem do campo está mais
inativo e mais exposto aos males da modernidade.
Ao focar a saúde como meta, difícil de ser alcançada quando falamos de um grupo
de indivíduos com meios de vida diversos, não podemos deixar de entendê-la como a
reunião de requisitos fundamentais. As relações interpessoais presentes no dia a dia de
cada um, seja em família, com o círculo de amigos ou na escola devem ser considerados
pontos relevantes frente a busca pela saúde. O sentir-se bem em compartilhar ou em ajudar
outras pessoas também pode trazer benefícios ao ser humano. Hoje, em nossa sociedade,
vemos a perda constante de atitudes positivas para com o grupo em prol de um crescente
egoísmo e preocupação excessiva no ter mais que o outro. Resgatar o humano dentro do
ser humano é uma tarefa importante para que a vida torne-se mais leve e menos focada na
mera obtenção de bens, valores e posição social. Passa-se grande parte da vida no trabalho
e na aquisição de capital, que possamos dentro da escola valorizar o ser e não o ter, que
possamos discutir a exploração do corpo no mundo do trabalho e os comprometimentos
futuros em relação a saúde. Que aprendamos a ser um corpo com limites e diferenças.
Outro ponto relevante aparece quando abordamos a sexualidade e das doenças
sexualmente transmissíveis. Percebemos hoje uma maior liberalidade em relação ao sexo
aonde a banalização do corpo vem de encontro aos valores distorcidos de uma sociedade
consumista. Assistimos ao amadurecimento sexual precoce e, muitas vezes forçado, de
nossas alunas que sem que haja maturação psicológica e afetiva, se vêem mães aos 12 anos
de idade, colocando um novo cidadão no mundo sem ao menos sequer entender sua própria
cidadania. Seja pela televisão ou em relações sociais muitas vezes conflituosas, crianças e
adolescentes são impelidos para comportamentos nos quais não tem a possibilidade e o
discernimento para refletir seus atos. Este é um fator determinante quando falamos em
valorização do corpo para a construção da saúde. Sem reflexão torna-se difícil a mudança
de atitude. Sem a participação da família as barreiras aumentam e as dificuldades se
multiplicam. As mudanças corporais provenientes da maturação sexual ocorrem no período
que compreende a 5ª a 8ª série do ensino fundamental, e torna-se um elemento a mais a ser
considerado na relação do indivíduo e seu corpo.
Encontramos em nossas escolas um crescente número de crianças acima do peso
ideal, caracterizando o aparecimento precoce da obesidade sinalizando o aumento da
prevalência deste mal em nossa sociedade já na infância e na adolescência. Principalmente
fatores relacionados à alimentação e a inatividade são as principais causas da obesidade
juntamente com os fatores genéticos. Mesmo trabalhando com indivíduos de classes
sociais distintas percebe-se que seu aparecimento não é exclusivo de uma ou outra faixa
social. A substituição de alimentos tradicionais como o feijão e o arroz, pelas massas,
produtos bastante calóricos e alimentos processados e industrializados nos trouxeram uma
alimentação diferenciada e com mais atrativos as crianças.
A falta de conscientização dos pais influi diretamente nos hábitos alimentares dos
filhos, bem como o distanciamento das relações familiares, principalmente na sociedade
atual onde as mães estão inseridas no mercado de trabalho e tem menos tempo para
estarem com os filhos. ”Muito deste tempo que as crianças passam sozinhas é dominado
pela televisão e pelos jogos eletrônicos, substituindo-se deste modo uma cultura
historicamente rica de interações lúdicas tradicionalmente existentes entre pais e filhos”.
(NETO, p.135,1995).
BIBLIOGRAFIA
GUEDES, D.P. Educação para a saúde mediante programas de Educação
Física escolar. Revista Motriz, v 5, n. 1, junho/1999.
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/revista.htm. Acesso em 09/07/2007.
NETO, Carlos Alberto Ferreira. Motricidade e jogo na infância. Rio de Janeiro:
Sprint, 1995.
VAGO, Tarcísio Mauro. Início e fim do século XX: Maneiras de fazer educação
física na escola. Cadernos CEDES, ano XIX, n. 48, agosto/99.
http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v1948a03.pdf. Acesso em 08/06/07.
12. Perspectiva Interdisciplinar
Título: Atividade física e saúde
Texto:
Ao abordar o tema saúde em Educação Física, existe a necessidade de correlacioná-
lo a outras disciplinas que podem trazer novas perspectivas em relação a conhecimentos e
contextualizações.
Na disciplina de ciências, principalmente os conteúdos desenvolvidos na sétima
série do ensino fundamental, relacionados ao corpo humano, apresentam conhecimentos
fundamentais para a abordagem de diversos temas na Educação Física como, por exemplo,
o funcionamento dos sistemas e órgãos do corpo, questões pertinentes a manutenção da
saúde, alimentação, obesidade, gasto de energia, importância da higiene, sexualidade e
sexo, saúde e doença, e outros temas que possam surgir a partir de debates relativos ao
tema.
Em História podemos discutir como a atividade física e os modos de vida afetaram
e afetam a saúde e os hábitos das pessoas no decorrer dos anos. O capitalismo é um dos
conteúdos previstos em história na 7ª série onde podemos discutir o consumismo, os
padrões sociais vigentes, a questão do emprego e do trabalho no contexto das conquistas
do trabalhador e da utilização do tempo livre.
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