projeto açaí vida verde implantação itapuã 2016
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IMPLANTAÇÃO DA CULTIVAR AÇAÍ BRS-PARÁ EM SISTEMA
AGROFLORESTAL IRRIGADO
ITAPUÃ DO OESTE/RO
Junho - 2016
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Empresa: Vida Verde Produtos Naturais e Orgânicos
Proprietário: Luiz Fernando Pires - (68) 9224 6256, luizfernando.luz@hotmail.com
Endereço: Rodovia BR-364, KM 593, Itapuã do Oeste/RO
Consultor Técnico - Leonardo Pool - (69) 9267-7089, flamaassessoria@gmail.com;
Rodovia BR-364, KM 605, Itapuã do Oeste/RO
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INTRODUÇÃO –
Nos últimos anos tem se formado uma consciência mundial em busca de proteção
à saúde de todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva, por meio de produtos
saudáveis, ambientes equilibrados e justiça social, proporcionando benefícios para a
sociedade em geral. A crescente preferência dos consumidores por produtos considerados
saudáveis e amigáveis com o meio ambiente impõe um desafio ao setor produtivo,
influenciando na forma de manejo das culturas.
Os alimentos e bebidas provenientes da agricultura orgânica são cada vez mais
comuns nos mercados consumidores brasileiros. Novos canais de distribuição e de
comercialização possibilitaram que os produtos orgânicos alcançassem maior número de
consumidores, tornando a demanda mais regular.
O Brasil encontra-se entre os maiores produtores de orgânicos do mundo, conforme
relatório The World Orgânica Agricultura, elaborado pelo Ressarce Instituto off Orgânica
Agricultura (FIBL) e pela Internacional Federativo off Orgânica Agricultura Movimentes
(IFOAM) e (FIBL/INFOAM, 2010). Segundo dados do Censo Agropecuário 2006, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta com 4,93 milhões de hectares de
área destinada ao cultivo de produtos orgânicos
Entre os diversos recursos vegetais da Amazônia, o açaizeiro se destaca pela
abundância e por produzir importantes alimentos para as populações locais, sendo, também
a principal fonte de matéria-prima para a agroindústria de palmito no Brasil. As concentrações
de açaizais em áreas de terra firme foi estimulada pelo reflexo imediato da valorização do
produto, que conquistou novos mercados e vem se tornando uma importante fonte de renda
e de emprego.
A extração de açaí continua sendo a principal finalidade da utilização do açaizeiro,
embora tenha surgido nos últimos anos uma grande diversidade de alternativas para a cultura,
tais como o aproveitamento da palmeira pelas indústrias alimentícias, de corantes naturais,
de cosméticos, de fármacos, de celulose e papel, geração de energia e artesanato.
Com a expansão do mercado de frutos de açaí, além do manejo de populações
naturais de açaizeiro, localizadas nas várzeas do estuário do Rio Amazonas, o cultivo da
espécie está se expandindo em áreas de terra firme. Os pomares de açaizeiro implantados
nessas áreas têm sido estabelecidos em terras degradadas ocupadas anteriormente com
pastagens ou com outras culturas agrícolas de trato convencional que priorizam o uso de
agrotóxicos e outros insumos.
Atentos às transformações qualitativas de consumo dos mercados regional e
internacional, a implantação de Agrossistemas ou Sistemas Agroflorestais (SAF’s)
proporciona um modelo que privilegia um espaço equilibrado de produção, sendo um
ambiente saudável de trabalho, com uma produção de qualidade superior e maior
produtividade de forma sustentável, sem a necessidade de conversão de novas áreas de
floresta para produção.
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JUSTIFICATIVA –
Atualmente, existem três principais comunidades no entorno do Empreendimento,
denominadas “Rei do Peixe”, “Américo Ventura” e “Linhas 110 a 119”, onde 42 famílias
(aproximadamente 168 pessoas), vivem das atividades rurais, pesca e extrativismo de
produtos florestais não madeireiros, como o açaí solteiro, da espécie Euterpe Precatoria, com
uma produção extrativista local na ordem histórica de 400 t/fruto/ano, entre março e junho,
com rendimento de 200 t/polpa/ano no município de Itapuã do Oeste. (MMA, 2006)
O plantio de açaizeiro irrigado em áreas de terra firme, baseado em boas práticas
agroecológicas de produção (BPP), constitui alternativa para se obter açaí “fora da época”,
maximizando sua produção com técnicas inovadoras, alcançando preço do produto de quatro
a cinco vezes superior ao preço da época da safra e a colheita em condições menos inóspitas
do que nas várzeas.
Esta área plantada com 100 hectares de Açaí “BRS-Pará” em SAF irrigado tem
potencial para produzir 10 t/fruto/ha/ano, com um rendimento de 25 t/polpa/ano, a partir do
Ano 03. Adicionados ainda outros 100 hectares disponíveis para enriquecimento da Reserva
Legal com a espécie Euterpe Precatoria (Açaí solteiro) (60 ind./ha), podemos estimar uma
produção anual de 35 t/ano de polpa de açaí, a partir do Ano 15, além da produção local.
Estas boas práticas de produção permitem a Certificação Orgânica da produção
em Sistema Agroflorestal - SAF, acessando o exigente mercado externo com um produto
diferenciado em qualidade, com a garantia de origem e mais valorizado por possuir qualidade
técnica, respeito social e ambiental.
O mercado de bebidas orgânicas deve crescer cerca de 38%, conforme dados da
Apex-Brasil. O suco 100% orgânico e o chá verde orgânico continuarão a experimentar
crescimento mais dinâmico de 17% e 14%, respectivamente. Existe espaço para novas
marcas de bebidas orgânicas à base de chocolate e com sabor de frutas e vegetais.
Este empreendimento apoia o desenvolvimento territorial criando empregos e
gerando renda em uma região carente de oportunidades econômicas e disseminando práticas
ambientalmente sustentáveis na atividade rural, produzindo alimentos com qualidade,
traduzindo em realidade as melhores expectativas e anseios das populações locais,
associando esta atividade ao fortalecimento do capital humano e social no município.
Esta atividade produtiva pode ainda sequestrar 80 ton./CO2/ano em vinte anos, de
acordo com Moutinho & Nepstad, 2004, contribuindo significativamente para absorver
carbono, manter estabilidade dos sistemas ambientais (ciclagem de água, ciclagem de
nutrientes, conservação de biodiversidade e integridade de bacias), compensando as
emissões de gases de efeito estufa.
A Rodovia Interoceânica, que liga Rondônia ao Peru, permite a integração
econômica com a América Andina e abre o corredor de exportações de produtos com valor
agregado para os países asiáticos e para a Costa Oeste Americana, contribuindo para a
consolidação do desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia.
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Características Geoambientais da Área de Abrangência do Empreendimento
Considerando que a situação socioespacial da área de influência do
empreendimento Açaí Vida Verde é importante para o dimensionamento das projeções de
investimento e retorno, incluímos além de Itapuã do Oeste também os municípios de Porto
Velho, Candeias do Jamari e Ariquemes, no eixo da Rodovia BR-364, bem como as zonas
rurais dos municípios de Rio Crespo, Alto Paraíso e Cujubim, integrantes do Território
Madeira-Mamoré e do Território Vale do Jamari, como potenciais mercados fornecedores e
consumidores.
Área de Abrangência do Empreendimento
Para caracterização socioeconômica extraímos as informações dos Planos
Territoriais de Desenvolvimento Rural Sustentável elaborados pelo Centro de Estudos da
Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia – RIOTERRA e pelo Ministério de Desenvolvimento
Agrário – MDA, publicados em 2015:
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“Itapuã do Oeste: O município de Itapuã do Oeste possui uma área de 4.081,43 Km², com uma densidade
demográfica de 1.9 habitantes por quilômetro quadrado. Nos últimos anos vem sofrendo um fenômeno de
diminuição populacional. Em 2005, Itapuã do Oeste possuía 8.412 habitantes, no entanto, em 2007, este número
foi reduzido para 7.905 habitantes.
A economia é pouco diversificada, tendo como seu principal fomentador o setor de serviços, seguido
pela indústria, comércio e, por fim, a agropecuária. A agricultura é pouco desenvolvida, principalmente a
Agricultura Familiar que não se distancia dos limites da pobreza, caracterizando-se por uma atividade que beira
os limites da subsistência. Tal situação é agravada pela baixa qualidade do solo; a falta de assistência técnica; a
falta de organização dos produtores rurais e com a incipiente verticalização da produção através da
agroindustrialização. Tal fator proporciona o desperdício de produtos regionais (pupunha, cupuaçu e açaí) que
poderiam ter utilidade na incrementação da renda familiar.
A pecuária também segue a mesma tendência, não tendo destaque no ranking estadual de produção
leiteira nem de gado de corte. Aproveitando à hidrografia, fomentada pelo lago da UHE Samuel, a atividade
pesqueira se destaca no município esbanjando grande diversidade de pescados e incrementa a economia familiar.
Candeias do Jamari: A primeira informação populacional referente ao novo município foi levantada em 1996,
quando Candeias do Jamari tinha uma população total de 10.636 habitantes, dos quais 6.839 residiam na área
urbana. Conforme demonstrado nas tabelas abaixo, nos levantamentos subsequentes, a população total do
município se eleva para 13.107 habitantes, em 2000, e 16.736 em 2007. A estimativa do IBGE para a população
de Candeias do Jamari no ano de 2009 era de 17.547 habitantes.
Ariquemes: O povoado surgiu com o nome de Papagaios, sendo fundado por seringueiros e seringalistas, por
volta de 1880. Com a instalação, por Rondon, de um posto telegráfico às margens do rio Jamari, a localidade
passou a ser chamada de Arikeme em homenagem aos indígenas da região.
Em 1943, com a criação do Território Federal do Guaporé, a localidade de Ariquemes passou a ser distrito
de Porto Velho. A região foi uma das responsáveis pelo ciclo da cassiterita na década de 1960, e a partir da década
seguinte atraiu milhares de trabalhadores devido aos PADs Burareiro e Marechal Dutra, fazendo com que fosse
planejada outra área urbana com o mesmo nome.
O município limita-se ao norte, com Alto Paraíso e Rio Crespo; ao sul, Monte Negro e Cacaulândia; a
leste, Theobroma, Vale do Anari e Machadinho D’Oeste; e a oeste, Alto Paraíso e Buritis. Atualmente apresenta
área territorial de 4.426,576 km² e densidade demográfica 20,41 hab./km². (IBGE/2010)
A cobertura original dos Territórios Rurais Madeira-Mamoré e Vale do Jamari (Mapa de Vegetação do
IBGE/SUDAM, 1989) aponta para a Floresta Ombrófila Densa Submontana (Ds) e Aberta (As). O solo com maior
incidência é o Latossolo Amarelo Álico, com sérias limitações ao desenvolvimento de culturas exigentes em
condições ideais de fertilidade e acidez, tais como: arroz, milho e feijão, levando à adoção de modelos produtivos
com base na aptidão natural da região – os Sistemas Agroflorestais (SAF) com essências amazônicas.
A hidrografia é constituída pelas bacias dos rios Madeira, Guaporé, Jamari e Machado. Há internamente
as micro bacias dos rios Candeias, Preto do Candeias, Jacy-Paraná, Mutum-Paraná e Mamoré.
O clima predominante na região é de transição do equatorial para o tropical quente-úmido, com estações
seca e chuvosa. Segundo Koppen, citado no Projeto RADAM BRASIL (1978), o clima predominante no estado
é o tipo "Am", que corresponde às florestas tropicais com chuvas do tipo monção, com precipitação pluviométrica
média anual varia entre 1750mm e 2750mm. As temperaturas médias anuais ficam em torno de 24º C e os valores
da Umidade Relativa entre 80% a 85%. A insolação é de cerca de 1908 horas/ano e o período seco corresponde
aos meses de maio a setembro.
A Malha viária é composta por estradas vicinais coletoras, rodovias estaduais e rodovias federais, com
especial importância a BR-364, que liga o município de Itapuã do Oeste ao Centro-Sul do Brasil e ao Oceano
Pacífico no Peru, passando por Rio Branco/AC. Do porto de Porto Velho chega-se ao Oceano Atlântico, passando
por Manaus/AM e Belém/PA. Do porto de Guajará-mirim, acessa-se Bolívia e Vale do Guaporé. Porto Velho
conta ainda com um Aeroporto Internacional.
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Imagem da Propriedade
Memorial Descritivo
Fazenda São Joaquim
Rodovia BR-364, KM 593, Itapuã do Oeste/RO
Proprietário: Luiz Fernando Pires da Luz
Propriedade rural com área total de 200 hectares.
A área de pastagem é de 87 hectares.
Área de Reserva Legal de 102 hectares, para enriquecimento fenológico.
Área de Produção do Viveiro (400 x 80) = 3,2 hectares
Área do Viveiro (25 x 65) = 0,16 hectares
Área Administrativa (Escritório, Almoxarifado, Depósito) = 100m²
A área de residência ocupa 02 hectares, incluindo tanque de peixes, pomar e barracão.
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Fluxograma do Empreendimento:
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Construção do Viveiro e Produção de mudas
É necessária a instalação de um Viveiro permanente, com área de 1.625m² (25X65), para a produção anual de 45.000 mudas frutíferas, predominantemente da cultivar Açaí BRS-Pará, abrigadas em ambiente favorável e dispostas de forma regular, visando obter material botânico de qualidade para plantação em local definitivo:
Requisitos:
1.1) Terreno com inclinação entre 1% a 3%, para facilitar a execução dos tratos
culturais e o acesso e trânsito de máquinas, veículos e pessoas;
1.2) Área protegida dos ventos, com canteiros de areia lavada e drenagem em brita,
evitando-se o excesso de umidade e aparecimento de pragas e doenças;
1.3) Estrutura em palanques de madeira, coberto com sombrite sobre arame, forma
uma estrutura leve e durável que apresenta a melhor relação custo/benefício.
1.4) Poço Artesiano e Caixa D’água próximos, reduzindo os custos de implantação,
manutenção e funcionamento do sistema de irrigação;
1.5) Barracão com área de 80m² para Substrato, Trator e implementos.
1.6) Sacolas com 15 cm de largura e 25 cm de altura; Adubo e Fertilizante; Sementes;
1.7) Substrato (20% de pó de serragem, 60% de solo e 20% de esterco curtido);
1.8) Ferramentas (Pás, Enxadas, Carriolas, etc.) e EPI’s.
1.9) Escritório, Depósito e Almoxarifado em alvenaria, com área de 80 m²;
1.10) Viveiristas, Engenheiro Agrônomo (ART), Gerente (Remunerações e encargos);
CULTIVARES
Açaí BRS-Pará
Espaçamento 5 X 5 = 400 mudas/hectare
Área de 100 hectares x 400 mudas = 40.000 mudas de Açaí BRS-Pará
Perda / Reposição = 5% = 2.000 mudas
Total de mudas de Açaí BRS-Pará = 42.000 mudas
Espaçamento 3 X 3 = 1.111 mudas/hectare
Área de 100 hectares x 1.111 mudas = 111.100 mudas de Açaí BRS-Pará
Perda / Reposição = 5% = 5.600 mudas
Total de mudas de Açaí BRS-Pará = 116.700 mudas
Maracujá-Amarelo e/ou Banana FHIA 18
Espaçamento 2,5 X 2,5 = 1.600 mudas/hectare
Área de 100 hectares x 1.600 mudas = 160.000 mudas de Banana FHIA 18
Perda / Reposição = 5% = 8.000 mudas
Total de mudas de Banana FHIA 18 = 168.000 mudas
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Sistema elevado de Irrigação por nebulização.
Prático e de rápida instalação, reduzido custo dos materiais e economia de água e
energia elétrica. O sistema é composto de uma linha de alimentação principal de 50 mm de
diâmetro, da qual derivam 18 linhas secundárias de 20 mm, sendo 9 de um lado e 9 do outro.
Em cada linha secundária há um registro e 6 nebulizadores distantes 1,80 m entre si. A
distribuição da água é uniforme, fazendo com que as mudas recebam a mesma quantidade,
evitando o desperdício.
Inscrição do Viveiro e Registro de Produtor de mudas
É obrigatório o registro, no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, de
todo viveiro de mudas destinado à exploração comercial ou industrial, inclusive aquele
utilizado para florestamento ou reflorestamento.
Para produção, beneficiamento, reembalagem, armazenamento, análise, comércio,
importação ou exportação de muda, fica a pessoa física ou jurídica obrigada a se inscrever no
Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem).
A pessoa física ou jurídica que importar semente ou muda para uso próprio em sua
propriedade ou em propriedade de terceiro cuja posse detenha, fica dispensada de Inscrição
no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem).
Preparo do solo para o plantio
O preparo do solo tem como objetivo oferecer condições ideais para a semeadura,
germinação, emergência das plântulas, desenvolvimento e produtividade das culturas.
A utilização da adubação verde concorre substancialmente para a redução ou até
mesmo extinguir o uso de agrotóxicos (fungicidas, nematicidas, herbicidas) e de adubos
químicos principalmente os nitrogenados, possibilitando menor custo de produção, menor
risco de intoxicação dos trabalhadores e dos alimentos, o cultivo por vários anos na mesma
área, e receber preço diferenciado pelo produto, seguindo uma tendência mundial de
produção de alimentos mais saudáveis.
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1) Análise de solo.
Faremos análises físico-químicas do solo periódicas, verificando o teor de matéria
orgânica no solo, incrementos de incorporação de nutrientes e grau de fertilidade e
produtividade para cada SAF implantado.
2) Gradeamento. Só para incorporação do adubo verde!!!
A compactação causada por bovinos em geral é superficial, de 5-10 cm.
Manteremos a cobertura do solo, protegendo da chuva e dos raios solares, evitando a
compactação, diminuindo o escorrimento superficial da água da chuva, além de evitar um
aumento excessivo na temperatura, o que levaria à alteração dos ciclos vitais de diversos
organismos, reações bioquímicas e provocaria a desnaturação (destruição) de proteínas.
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3) Cobertura do Solo com Adubação Verde.
O processo de adubação verde com (Mucuna preta, Crotalária Juncea, Gliricídia,
Feijão Guandu, Feijão de Porco), oferece sombreamento e melhoria da qualidade do solo para
cultura principal. A Gliricídia pode ser usada como forragem, feno e silagem ou suas folhas e
ramos como adubo verde, e possibilita corte a cada 70 dias na estação chuvosa e a cada 120
dias, na estação seca. Um hectare produz em torno de 20 toneladas de folhas comestíveis
para o gado, em cada corte. Como podem haver quatro cortes por ano, são oitenta toneladas
anuais por hectare.
Implantação da cultura
Para o cultivo do Açaí BRS-Pará em terra firme o preparo da área deve contemplar
a roçagem e as operações de limpeza e de preparo do solo executadas durante o período da
estiagem. As operações de abertura de covas, para que as mudas se beneficiem da unidade
do solo e possam ter um bom desenvolvimento inicial, devem ser realizadas no início do
período chuvoso. As covas devem ter as dimensões de 40 x 40 x 40 cm e podem ser feitas
com draga, enxadeco ou perfuratriz acoplada à tomada de força de trator.
No plantio a muda é retirada do saco de plástico, preservando o torrão inteiro. A
porção de terra da camada superior da cova (20cm) é misturada com 200g de superfosfato
triplo e 10 litros de esterco de curral curtido. Essa mistura retornará à cova que, após o plantio
da muda, será devidamente preenchida com o solo da camada inferior.
Colheita
Os açaizeiros da primeira safra sempre produzem fora da época normal. Seria
possível efetuar o manejo deixando um estipe em formação no açaizal, permitindo, assim, a
obtenção de uma parte da produção desses novos rebentos.
No primeiro ano da microaspersão, a produtividade média de frutos por touceira é
de 11 kg. A produtividade média do sistema irrigado é de 28,23 kg por touceira em plantas
com 6 anos de idade.
Acondicionamento e transporte
Os frutos, após debulhados, serão acondicionados em caixas plásticas, mais
resistentes, mais higiênicas e não causam danos aos frutos quando empilhadas.
Os frutos serão mantidos cobertos em local limpo, arejado e à sombra, evitando
contaminação por proximidade com animais domésticos, agrotóxicos, materiais de limpeza,
combustível, etc., e serão beneficiados até 24 horas após a colheita, quando mantidos sem
refrigeração, ou até 72 horas quando mantidos sob refrigeração entre 5 e 8ºC.
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Beneficiamento
Para alcançarmos um produto regularizado e de boa qualidade, o beneficiamento
será feito em condições de higiene adequadas, seguindo os padrões exigidos pela legislação
vigente. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como a Agência
Sanitária, regulamentam a produção deste produto.
Na limpeza dos frutos utilizamos água corrente, submergindo-os em água com
cloro, depois lavando-os novamente, e em seguida banhando-os em água morna para
amolecer a polpa. Após a higienização dos frutos e amolecimento da polpa, procede-se o
despolpamento industrial, com auxílio de tanques e despolpadoras de inox com alta
capacidade de processamento, culminando com a pasteurização, embalagem, congelamento
e armazenamento em câmaras refrigeradas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O consórcio tipo SAF com espécies semiperenes é praticado ocupando-se as
entrelinhas dos açaizeiros com as culturas do maracujazeiro (Passiflora edulis) e da bananeira
(Musa spp.), entre outras. Pode-se ainda enriquecer o Sistema com espécies florestais que
fornecem óleos essenciais nobres, como Copaíba (Copaifera sp) e Andiroba (Carapa
guianensis Aubl.).
Entre os itens de custos mais relevantes, destacam-se a mão-de-obra, o consumo
de energia elétrica na irrigação, fertilizantes e adubo orgânico e a depreciação do conjunto de
irrigação. É possível reduzir os custos via aumento da produtividade dos frutos previstos na
entressafra e na redução do uso de mão-de-obra mediante a cobertura com a puerária. A
estimativa de consumo de água por hectare é da ordem de 35.000 L, onde cada touceira de
açaizeiro recebe um volume de água entre 100 L e 120 L.
O custo operacional de produção do açaí obtida na irrigação por microaspersão é
de 50% inferior ao obtido na irrigação por aspersão em Santo Antônio do Tauá (HOMMA et
al., 2007). A obtenção do fruto na entressafra permite cobrir os custos operacionais com lucro
líquido equivalente a quase o dobro do valor de safra.
O Projeto Açaí Vida Verde buscará parcerias para a manutenção e sustentabilidade
econômica das atividades de beneficiamento e comercialização dos produtos das plantações
e do viveiro. Há inúmeras possibilidades que serão fortalecidas a partir do início dos trabalhos,
como parceiras com a comunidade do entorno, órgãos governamentais, entidades do terceiro
setor, universidades particulares, empresas que desenvolvem a concessão florestal e outras
tantas que estiverem dispostas a criar um ambiente socioeconômico favorável para a região.
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BIBLIOGRAFIA
Boas práticas para manejo florestal e agroindustrial de produtos florestais não madeireiros:
açaí, andiroba, babaçu, castanha-do-brasil, copaíba e unha-de-gato / Andréia Pinto; Paulo
Amaral; Carolina Gaia; Wanderléia de Oliveira – Belém/PA: Imazon; Manaus/AM: Sebrae –
AM/2010.
Plano de Manejo de Produtos Florestais Não-Madeireiros- PFNM na Unidade de Manejo III da
FLONA do Jamari/RO: açaí (Euterpe precatoria Mart) e castanha-do-Brasil (Bertholletia
excelsa Bonpl.). AMATA BRASIL. Itapuã do Oeste/2012
Coleção SENAR 116. ISSN 1676-367x – Guia de Certificação de Produtos Orgânicos –
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O Mercado Brasileiro de Produtos Orgânicos - Inteligência Comercial - Instituto de Promoção
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Embrapa Amazônia Oriental - Sistemas de Produção, 4 Processamento, embalagem e
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