produção orgânica animal - organicsnet · 2011. 9. 9. · auxiliaram o desenvolvimento das...
Post on 10-Dec-2020
2 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Produção Orgânica Animal
Arcangelo Augusto Signor
Ana Paula Zibetti
Aldi Feiden
Carlos Alberto Richa
Governador do Estado do Paraná
Alípio Leal Secretária da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI
Douglas Jardelino de Camargo Instituto Água Viva – Presidente
Alcibiades Luiz Orlando Reitor da Unioeste
José Dilson Silva de Oliveira Diretor Geral da Unioeste Campus Toledo
Wilson Rogério Boscolo Líder do GEMAq
Fábio Manz - Diretor da Editora
Conselho Editorial Instituto Água Viva/GFM - Instituído em 23/04/2009 – Ata 06/09
Fábio Bittencourt, Zootecnista Instituto Água Viva
Adilson Reidel, Engenheiro de Pesca Instituto Federal do Paraná Campus Foz do Iguaçu
Altevir Signor, Engenheiro de Pesca Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Toledo
André Gentelini, Engenheiro de Pesca Universidade Federal de Alagoas Campus Polo Penedo
José Dilson Silva de Oliveira, Químico e Farmacêutico Bioquímico Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Toledo
Josemar Raimundo da Silva Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Toledo
Wilson João Zonin, Engenheiro Agrônomo Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Marechal Cândido Rondon
Rafael Lazzari, Zootecnista Universidade Federal de Santa Maria CESNORS
Alberto Feiden, Engenheiro Agrônomo EMBRAPA Pantanal
Caroline Stefany Depieri Análise e Revisão do Texto
Ana Paula Zibetti Projeto Gráfico e Capa
Arcangelo Augusto Signor
Ana Paula Zibetti
Aldi Feiden
Produção Orgânica Animal
Toledo – PR
2011
GFM
Gráfica & Editora
© 2011 by Instituto Água Viva
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a autorização escrita e prévia dos detentores do copyright.
Impresso no Brasil Obra financiada pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI e Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná, com recursos do Fundo Paraná.
Ficha Catalográfica elaborada por: Marilene de Fátima Donadel CRB 9/924
Produção orgânica animal / organização de Arcangelo Augusto Signor, P964 Ana Paula Zibetti e Aldi Feiden.-- análise e revisão do texto de Caroline Stefany Depieri. -- Toledo : GFM Gráfica & Editora, 2011. 138 p. ; il. ISBN: 978-85-60308-21-7 1. Agricultura orgânica 2. Nutrição animal 3. Produção animal 4. Animais – Alimentação e rações 5. Produtos orgânicos 5. Alimentos naturais I. Signor, Arcangelo Augusto, Org. II. Zibetti, Ana Paula, Org. III. Feiden, Aldi, Org.
CDD 20. ed. 631.584 636.085
GFM Gráfica & Editora
Rua Rui Barbosa, 2791 - Vila Industrial
CEP 85905-060 - Toledo - PR
Telefone: 45 3055-3176
e-mail: imagemgrafica@uol.com.br
Instituto Água Viva
Estrada da Usina, KM 5, Tecnoparque
85.900-790, Toledo, PR - Brasil
Telefone: (0xx45) 3252-961
e-mail: contato@institutoaguaviva.org.br
Prefácio
Este trabalho, caracterizado por seus organizadores A. A.
Signor, A. P. Zibetti e A. Feiden, também autores em colaboração de
alguns de seus capítulos, traz importante contribuição acerca dos
fundamentos e dos elementos necessários à produção orgânica animal.
Trata de aspectos relevantes e imprescindíveis à atividade de produção
de alimentos de valor nutritivo elevado, saudáveis e equilibrados para o
consumo humano, perpassando questões voltadas à sua viabilidade
quanto à produção e impactos sobre os recursos naturais.
Tais considerações são relevantes quando se busca na atividade
a auto-suficiência na produção de alimentos, a partir das criações de
animais que de alguma forma despertem o interesse econômico e que
possam atender às demandas da sociedade quanto ao consumo de
alimentos de boa qualidade, livres de substâncias danosas à saúde,
como agrotóxicos, drogas hormonais, tranqüilizantes sintéticos,
corantes e outras substâncias, abrangendo ainda o respeito ao animal,
pelo estabelecimento de condições adequadas ao seu conforto e saúde,
bem como de normas de manejo que evitem o sofrimento, estresse ou
alteração do comportamento dos animais.
Este livro revela em sua essência a consubstanciação de um
propósito de trazer ao leitor informações de grande valor técnico,
algumas derivadas de pesquisas levadas a efeito sobre o tema,
desenvolvidas por pesquisadores vinculados à Unioeste, com suporte
do Instituto Água Viva e contando com parcerias as mais diversas e de
extrema importância.
Esta integração, portanto, por si só, evidencia um expressivo
valor que coaduna positivamente interesses imediatos voltados ao
desenvolvimento de um trabalho que tem o objetivo primordial de
atender às demandas de uma sociedade que busca uma alimentação
nutricionalmente saudável, num processo que permite agregar valor à
produção e renda digna ao produtor, por intermédio do
aproveitamento racional dos recursos produtivos e promovendo o
desenvolvimento social e econômico no meio rural.
José Dilson Silva de Oliveira, Dr.
Licenciado em Química e Farmacêutico-Bioquímico
Docente do Curso de Química e do Curso de Mestrado em
Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca
Diretor Geral da Unioeste, Campus de Toledo-PR
Nota dos Autores
O conteúdo desse trabalho foi obtido por meio de estudos da
legislação vigente, um levantamento de informações e através do
desenvolvimento de pesquisas relacionadas à produção orgânica
animal, realizadas com o intuito de desenvolver tecnologias e
metodologias que possam ser difundidas de uma maneira clara e
prática para facilitar o entendimento e suas técnicas específicas.
Justifica-se pela importância da produção animal orgânica para
agregação de valor aos alimentos e grãos produzidos neste sistema de
produção que se encontra em pleno crescimento e desenvolvimento,
necessitando ainda de informações técnicas consolidadas.
O propósito do trabalho foi o desenvolvimento de formulações
específicas para a alimentação suplementar das diferentes espécies e
fases de crescimento, a fim de aperfeiçoar o sistema vigente.
Arcangelo Augusto Signor
Ana Paula Zibetti
Aldi Feiden
Agradecimentos
À SETI – Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior e à Fundação Araucária pelo apoio aos projetos de pesquisa e
extensão que permitiram o desenvolvimento desse trabalho e pela
criação do Programa Universidade Sem Fronteiras, assim como dos
Centros Mesorregionais de Difusão de Ciência e Tecnologia, dos quais
se destaca o CEMDITEC.
Aos produtores, Arquimedes Signor de Boa Vista da Aparecida -
PR; Adir da Silva de Coronel Vivida; Valter Kist de Entre Rios do Oeste;
Osmar Pereira de Guaraniaçu; Itamar Jose de Oliveira de Guaíra; José
Carlos Feiden e Olivar Kaizer de Marechal Candido Rondon que cederam
espaço em suas propriedades para a instalação dos experimentos e
participaram no desenvolvimento dos trabalhos de campo. Bem como
aos técnicos, associações e cooperativas ligadas aos produtores
envolvidos, que de forma direta ou indireta também colaboraram no
processo.
Às empresas que forneceram parte dos ingredientes e
auxiliaram o desenvolvimento das pesquisas, em especial a Gebana de
Capanema e a Tectron de Marechal Cândido Rondon e Francisco Beltrão
do Paraná.
À Prefeitura Municipal de Toledo e à Unioeste pelo apoio com
estruturas físicas e de pesquisadores para realização dos trabalhos.
Enfim, a todos pesquisadores e extensionistas, que dedicaram
um tempo em especial, seja para a condução ou avaliação dos
experimentos, bem como aos que se dedicaram na revisão e elaboração
dos textos, tornando este trabalho uma realidade.
Arcangelo Augusto Signor
Ana Paula Zibetti
Aldi Feiden
Dedicatória
In memoriam
Aos amigos e estudantes Ronan e Ítalo
No decorrer de nossas vidas ganhamos novos amigos que nos
enriquecem, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que r-evela de nós
mesmos. Ter um amigo é muito mais do que ter alguém para conversar,
pois a amizade se constrói com carinho, compreensão, confiança entre
muitos outros fatores. Esta foi a amizade construída com os colegas
Ronan Roger Rorato e Ítalo Rafael Paixão. Hoje, eles são mais do que
nossos amigos, eles se tornaram anjos da guarda.
Ronan Roger Rorato era engenheiro de pesca e mestrando do
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Recursos Pesqueiros e
Engenharia de Pesca da UNIOESTE – Toledo. Como técnico do GEMAq
auxiliou no desenvolvimento de diversos projetos no Grupo. Ele ainda
era um dos responsáveis pela realização das atividades de pesquisa na
estrutura do Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Rio Iguaçu
(CDT-Iguaçu), em Boa Vista da Aparecida.
Ítalo Rafael Paixão era acadêmico de engenharia de pesca e
iria se formar no final deste ano (2011). Como integrante do GEMAq,
participava do projeto "Suplementação de Vitamina A em dietas para o
Jundiá Rhamdia Voulezi". Na academia, Ítalo participou do Centro
Acadêmico de Engenharia de Pesca, sendo responsável por organizar
eventos. Também participou de diversos eventos relacionados a área e
atuou como voluntário em um projeto do Grupo de Pesquisas GETECH.
Antes de serem ótimos profissionais, Ronan e Ítalo ocupavam
o maior cargo no GEMAq, o de amigos leais. Muitas pessoas afirmam
ter esta qualidade em seu perfil. No entanto, ser amigo é algo
transparecido nas atitudes. A amizade é um dos sentimentos mais
importantes que existe, porque sua existência na vida de um ser
humano é a principal prova de que ele não está sozinho.
Ser amigo é mais do que simplesmente se divertir nos bons
momentos, é também advertir o outro diante de um erro e consolar nas
situações que envolvem tristeza. Amigo é companheiro, uma presença
que nos impulsiona e torna qualquer dificuldade mais fácil de ser
encarada. Uma amizade só se constrói com base em muita confiança,
respeito e fidelidade. A amizade é algo que levamos para o resto de
nossas vidas.
Pelos colegas do Instituto Água Viva e GEMAq.
Sumário
Capítulo 1.................................................................................................. 3
Agropecuária Orgânica como Alternativa de Desenvolvimento
Sustentável ........................................................................................... 3
Capítulo 2................................................................................................ 15
Assistência Técnica e Extensão Rural para Agricultura Familiar ........ 15
Capítulo 3................................................................................................ 23
Normas de Produção Orgânica Animal .............................................. 23
Capítulo 4................................................................................................ 39
Processamento de Rações Orgânicas ................................................. 39
Capítulo 5................................................................................................ 47
Produção Orgânica de Suínos ............................................................. 47
Capítulo 6................................................................................................ 57
Produção Orgânica de Bovinos de Leite ............................................. 57
Capítulo 7................................................................................................ 67
Produção Orgânica de Peixes ............................................................. 67
Capítulo 8................................................................................................ 75
Produção Orgânica de Aves de Corte ................................................. 75
Capítulo 9................................................................................................ 83
Produção Orgânica para Aves de Postura .......................................... 83
Capítulo 10 .............................................................................................. 89
Aspectos Econômicos da Produção Orgânica de Aves ....................... 89
ANEXO I ................................................................................................... 95
Instrução Normativa n.o 64 – 18 de Dezembro de 2008 .................... 95
ANEXO II ......................................................
Instrução Normativa n.o 28 – 08 de Junho de 2011 ......................... 105
ANEXO III .....................................................
Fotos dos Experimentos com Rações Orgânicas .............................. 129
..........................................105
..........................................129
3
Capítulo 1
Agropecuária Orgânica como Alternativa de Desenvolvimento
Sustentável
Ana Paula Zibetti1
Arlindo Fabrício Corrêia2
Arcangelo Augusto Signor3
Em 1950 o modelo de produção de alimentos baseou-se sob a
ótica imediatista com a utilização do pacote tecnológico da Revolução
Verde4, dispondo a implantação de mecanização, emprego de produtos
químicos, melhoramento genético, bem como introdução de
monoculturas5, a fim de aumentar a produção. Por outro lado acabou
por provocar impactos sociais e ambientais impulsionando o êxodo
1 Engenheira Agrônoma, Especialista em Agricultura Biodinâmica.
2 Engenheiro Agrônomo. Mestrando em Energia na Agricultura.
3 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
4 Revolução verde: Fenômeno conhecido durante a primeira metade do século XX,
quando o uso de agrotóxicos, fertilizantes químicos e companhia, uso de implementos agrícolas mais desenvolvidos e o aporte da biotecnologia foram responsáveis por uma série de mudanças especialmente para a ciência agronômica. Fundamentava-se na melhoria do desempenho dos índices de produtividade, por meio da substituição dos moldes de produção vigentes na época (RICARDO, et al., 2008). 5 Monocultura é a produção ou cultura de apenas um único tipo de produto agrícola
como, por exemplo: soja, milho ou algodão. Está associada aos latifúndios.
4
rural e consolidando processos de contaminação de solo e água além da
maciça eliminação de biodiversidade.
Somente a partir das décadas de 60 e 70 iniciaram constantes
alertas e constatações sobre a contaminação ambiental devido à
imensa degradação dos recursos naturais pelo uso abusivo de produtos
químicos, manejos indevidos de solos e de diversas reservas naturais
importantes, que estariam ameaçando as bases de sustentação da vida.
A agricultura tornou-se a principal fonte difusa de poluição no planeta,
afetando desde a camada de ozônio, os pinguins na Antártida, até o
próprio homem. Movidos pelos interesses em preservar o meio
ambiente, diversos países tomaram a frente para o desenvolvimento de
debates para solucionar os problemas eminentes (ROEL, 2002).
O primeiro grande evento foi a Conferência de Estocolmo,
realizado em 1972 na Suécia. Porém, somente em 1992 foi realizada
uma ação internacional mais concreta envolvendo diversos países,
resultando na ECO-92 ou RIO-92, Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. Esse
evento foi responsável por estruturar uma responsabilidade comum
sobre o planeta e buscar meios de conciliar
o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção
dos ecossistemas (CORDANI, et al., 1997).
A partir do conhecimento desses problemas, foi aparecendo no
mercado produtos oriundos de agriculturas alternativas às
convencionais, hoje denominado orgânico. Com o desenvolvimento
desses movimentos alternativos6, surgiu a necessidade de criar uma
organização em nível internacional, tanto para o intercâmbio de
6 Movimentos de agricultura orgânica: diversas escolas alternativas surgidas a partir do
contexto da revolução verde. As mais conhecidas são as agriculturas biodinâmica, ecológica, natural, biológica, alternativa e agroecológica, cada qual com suas particularidades, porém embasadas nas técnicas de produção orgânica.
5
experiências como para estabelecer os padrões mínimos de qualidade
desses produtos diferenciados.
O termo “agricultura orgânica” foi definido através da fundação,
em 1972, da Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura
Orgânica - IFOAM, que a partir de sua criação passou a estabelecer as
normas para que os produtos pudessem ser vendidos com o seu selo
comprovando o manejo orgânico. Tais normas, além de proibirem os
agrotóxicos e restringirem a utilização dos adubos químicos, também
incluíam ações de conservação dos recursos naturais e aspectos éticos
nas relações sociais e no trato com os animais (KHATOUNIAN, 2001).
A agricultura orgânica tornou-se o setor de maior crescimento
dentro do mercado de alimentos segundo pesquisas realizadas pelo
Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica – FIBL, em 2009. Pode-se
observar essa expressiva contribuição através de sua extensão,
somando 37,2 milhões de hectares de áreas produzidas em todo o
globo, sendo a Austrália o país no topo dos maiores produtores, com
mais de 12 milhões de hectares. A América latina também ocupa local
de destaque no ranking, representada principalmente pela Argentina e
Brasil, possuem cerca de 2,78 e 1,77 milhões de hectares em áreas
orgânicas plantadas, respectivamente (WILLER, 2011). A Maior
contribuição de alimentos orgânicos no Brasil é da região sudeste com
60%, seguida da região sul, com 25% da produção orgânica total, com
destaque para as hortaliças, frutas tropicais, leite e derivados, grãos,
cana, café, mel e erva mate (IBGE, 2006).
O produto orgânico é identificado principalmente devido às
suas qualidades de alimento saudável e de proteção ao meio ambiente,
porém o termo abrange muitas outras particularidades intrínsecas. Os
métodos de produção orgânica adotam não somente o resguardo dos
recursos naturais e a produção de alimentos livre de contaminantes,
mas também abrangem todo o contexto do desenvolvimento
6
econômico e social da propriedade e das pessoas que dependem dela
(ROEL, 2002).
Os princípios da agricultura orgânica são aplicáveis a qualquer
tipo de produto, seja de origem animal ou vegetal, permitindo sua
produção e utilização nos mais diferentes ambientes, podendo valer-se
de todos os recursos naturais disponíveis, de forma sustentável. A
natureza sofre mudanças e adaptações constantemente, abraçando os
sistemas de produção orgânicos que seguem os mesmos ritmos
naturais. Dessa forma, a determinação do manejo para este o
organismo agrícola está atrelada com fatores como o clima, situação
geográfica, nível de infestação, quantidade de cobertura, variedade
utilizada, mercado entre outros (DAROLT, et al., 2002; TRIVELLATO, et
al., 2003).
Esses métodos não costumam seguir uma única linha, pois se
busca a avaliação individual da propriedade, tratando-a como um
organismo único e vivo. Porém suas bases são formadas num sólido
princípio do respeito à capacidade natural de produção das plantas,
animais e solos (THOMPSON, et al., 1999), prevalecendo à minimização
dos impactos ambientais e a reciclagem dos resíduos gerados pelo
processo de produção.
De modo geral, a agricultura orgânica depende fortemente de
medidas preventivas para garantir seu sucesso produtivo e
fundamenta-se na redução consciente, com base em conhecimentos
técnicos, da restrição inflexível do uso de insumos como fertilizantes,
herbicidas, pesticidas e outros produtos de síntese química que não são
autorizados pelas normas de produção orgânica vegetal e animal, além
da adoção de práticas de conservação de solo. A diversificação temporal
e espacial das culturas e a integração do componente animal, também
são ferramentas-chave para o sucesso desses sistemas de produção,
pois possibilita a otimização dos recursos naturais e o aproveitamento
7
dos benefícios proporcionados pelo sinergismo entre as espécies
(LUDKE, et al., 2003).
Apesar do crescimento da atividade, ainda persistem lacunas
tecnológicas em alguns setores que, de certa forma atrapalham o
desenvolvimento da agricultura orgânica, como por exemplo, as
atividades de produção de carnes e derivados para o consumo humano,
que cresce em um ritmo acelerado, mostrando-se com grande potencial
para o mercado de orgânicos, porém ainda representada por uma
parcela muito pequena.
Um dos principais fatores que dificultam esse crescimento está
intimamente relacionado com a alimentação dos animais sob manejo
orgânico, pois independente da espécie, o trato deve ser total ou em
sua maioria de procedência orgânica ou de empresas que garantam
essa qualidade através de um certificado, emitida por entidades
certificadoras ou processos de certificação. Porém, nesse mercado
agropecuário específico existem poucas empresas que desenvolvam
rações ou outro tipo de trato alimentar disponível aos produtores.
Por isso torna-se necessário o processamento de rações nesses
padrões, de forma eficaz, para garantir uma boa produção e atender às
exigências nutricionais dos animais de forma adequada, permitindo a
estocagem para uso em períodos críticos, principalmente nas fases
iniciais de criação, como forma de viabilizar economicamente a
utilização deste alimento inerte no sistema de criação orgânico.
Certificação de Produtos Orgânicos
A certificação dos produtos orgânicos possibilita a geração da
credibilidade adequada a diferentes realidades sociais, culturais,
políticas, institucionais, organizacionais e econômicas. Podem ser
certificadas, entidades de diferentes perfis desde associações e
cooperativas de produtores, pessoas físicas ou jurídicas que trabalham
8
com a produção agropecuária, empresas de insumos agrícolas (adubos,
substratos e sementes), empresas distribuidoras e empresas
processadoras de produtos orgânicos (CAMPANHOLA, et al., 2001).
A regulamentação da qualidade de produtos alimentares
iniciou-se na França, no século XX (1919), quando se criou a
denominação “Apelação de Origem” para o setor vinícola artesanal se
contrapor ao avanço das vinícolas industriais, estando, portanto a
política voltada para a proteção de micro setores (FONSECA, 2002).
A institucionalização da agricultura orgânica no mundo teve
início em 1972, com as normas privadas da IFOAM, essa normatização
serviu de referência para a comercialização dos produtos orgânicos no
mundo até a década de 90 e para o estabelecimento de outras normas
locais e regulamentos técnicos em diferentes países. No Brasil, desde a
década de 70, as organizações de produtores e consumidores, além de
técnicos, desenvolvem práticas seguindo os princípios da agricultura
orgânica. Em 1994, iniciou-se a discussão para a regulamentação da
agricultura orgânica no país, que foi oficialmente reconhecida em maio
de 1999, com a publicação da Instrução Normativa nº 007, do MAPA.
Em dezembro de 2003, foi publicada a Lei 10.831, definindo e
estabelecendo condições obrigatórias para a produção e a
comercialização de produtos da agricultura orgânica. Na seqüência, em
2008 e 2009 foram editadas cinco Instruções Normativas específicas
quanto a agricultura orgânica, a I.N. nº 54 que trata das comissões da
produção, a I.N nº 64 dos sistemas de produção primária animal e
vegetal, a I.N. nº 17 do extrativismo sustentável e as I.N. nº 18, do
processamento e nº 19, dos mecanismos de controle e informação da
qualidade, que regulamentam a atividade de acordo com a lei citada e
com o Decreto 6.323 que criou o Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade Orgânica (SisOrg).
Ainda em 2009, foi publicado o Decreto nº 6.913/09, que trata
dos produtos fitossanitários com uso aprovado para o uso nesse
9
sistema e produção (BRASIL, 2003; BRASIL, 2007; FONSECA, 2009). Mais
recentemente, devido às crescentes demandas no setor, foram
publicadas nos meses de maio e junho de 2011 as Instruções
Normativas 24 e 28, que regulamentam e definem aspectos técnicos
para uso e cadastro de produtos fitossanitários para o uso na
agricultura orgânica e para as atividades relacionadas com a Produção
Aquícola, respectivamente.
A legislação brasileira prevê três diferentes maneiras de garantir
a qualidade orgânica dos seus produtos: a Certificação, os Sistemas
Participativos de Garantia - SPG e o Controle Social para a Venda Direta
sem Certificação. Os chamados Sistemas Participativos de Garantia,
junto com a Certificação, compõem o Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade Orgânica – SisOrg. Nessa cadeia, cabe ao Ministério da
Agricultura, Abastecimento e Pecuária, credenciar, acompanhar e
fiscalizar os organismos. Já os organismos, mediante prévia habilitação
do MAPA, farão a certificação da produção orgânica e deverão atualizar
as informações dos produtores para alimentar o cadastro nacional de
produtores orgânicos. Estes órgãos, antes de receber a habilitação do
Ministério, passarão por processo de acreditação do Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).
Para que a acreditação seja feita por meio de uma Instituição
Certificadora, para um produtor ou grupos deles, os mesmos devem
entrar em contato com alguma empresa devidamente credenciada para
fazer a auditoria do projeto e avaliar as conformidades da produção
orgânica. Para que seja feito através do Sistema Participativo de
Garantia – SPG, os produtores devem passar por um processo de
avaliação pelo Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade –
OPAC. O Brasil foi o primeiro país a regulamentar o SPG e são
caracterizados pelo controle social e responsabilidade solidária,
possibilitando a geração da credibilidade adequada a diferentes
10
realidades sociais, culturais, políticas, institucionais, organizacionais e
econômicas (BRASIL, 2008 a; BRASIL, 2008 b).
Para os agricultores familiares que queiram realizar a venda
direta ao consumidor, sem intermediários e também sem a necessidade
dos processos normais de certificação, é possível desde que todos os
membros participantes estejam vinculados a uma Organização de
Controle Social – OCS. Essas organizações podem ser formadas por
grupos, associações, cooperativas ou consórcios, com ou sem
personalidade jurídica, de agricultores familiares. Para que a
Organização seja reconhecida pela sociedade e ganhe credibilidade, é
preciso que entre os participantes exista uma relação de organização,
comprometimento e confiança. A OCS ainda deve orientar os
produtores de forma correta sobre a regulamentação técnica sobre a
produção orgânica nacional e quando necessário, deverá consultar a
Comissão da Produção Orgânica - CPOrg da unidade onde estiver
situada para auxílio e esclarecimentos.
Atualmente a identificação de um produto orgânico, seja em
redes de supermercados, feiras ou entregas a domicilio, é facilitada pela
utilização de certificados de garantia. Até 2010, para identificar um
produto orgânico comercializado no mercado nacional ou internacional,
era utilizado o selo da certificadora responsável. A partir de janeiro de
2011, todos os produtos orgânicos brasileiros precisam ter em suas
embalagens um selo unificado de garantia, do Sistema Brasileiro de
Avaliação da Conformidade Orgânica - SisOrg, certificado pelo
Ministério da Agricultura. Só podem utilizar esse selo os produtores que
forem acreditados por algum processo de certificação: por uma
Certificadora credenciada ou pelo SPG. Deve constar juntamente com o
selo do SisOrg, o selo da empresa e as informações da OPAC,
respectivamente.
Os produtos orgânicos oriundos do sistema de venda direta da
Organização de Controle Social – OCS, não podem fazer uso do SisOrg,
11
uma vez que não passam por um processo de certificação formal. A
legislação determina que o produtor deva estar com a Declaração de
Cadastro disponível no momento da venda direta, pois este é
documento que comprova a sua legalidade e a qualidade do seu
produto. Porém é permitido que seja colocado no rótulo do produto,
quando existir, ou nos pontos-de-venda, a expressão: PRODUTO
ORGÂNICO PARA VENDA DIRETA POR AGRICULTORES FAMILIARES
ORGANIZADOS, NÃO SUJEITO À CERTIFICAÇÃO, DE ACORDO COM A LEI
Nº 10.831, DE 23 DE SETEMBRO DE 2003 (BRASIL, 2008 a).
Referências Bibliográficas
AROEIRA, L. J.M., PACIULLO, D.S.C. e FERNANDES, E. N. Produção
Orgânica: enfoque leite, suas implicações e consequências. [A. do
livro] Paulo C. Stringheta e José N. Muinz. Alimentos Orgânicos:
Produção, Tecnologia e Certificação. Viçosa : UFV, 2003.
BRASIL. Controle social na venda direta ao consumidor de produtos
orgânicos sem certificação. Brasília : Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abasteciemento - MDA;, 2008. p. 24. ISBN: 978-85-99851-46-3.
—. DECRETO Nº 6.323, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2007. Prefira
Orgânicos. [Online] 27 de Dezembro de 2007. [Citado em: 10 de Março
de2011.]http://www.prefiraorganicos.com.br/media/5905/decreto_63
23_de_27-12-2007.pdf.
—. LEI Nº 10.831, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003. Prefira Orgânicos.
[Online] 23 de Dezembro de 2003. [Citado em: 10 de Março de 2011.]
http://www.prefiraorganicos.com.br/media/5806/lei_n-10831_de_23-
12-2003.pdf.
—. Mecanismos de controle para a garantia da qualidade orgânica.
[ed.] Coordenação de Agroecologia. Brasília: Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abasteciemento - MDA , 2008. p. 58. ISBN: 978-85-99851-48-
7.
12
CAMPANHOLA, C., VALARINI, P.J. A agricultura orgânica e seu potencial
para o pequeno agricultor. Cadernos de Ciência e Tecnologia. setembro
- dezembro de 2001, Vol. 18, 3, pp. 69 - 101.
CORDANI, U.G., MARCOVITCH, J., SALATI, E. Avaliação das ações
brasileiras após a Rio-92. Scielo. [Online] Abril de 1997. [Citado em: 10
de Março de 2011.] Estud. av. v.11 n.29.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141997000100019&lng=en&nrm=iso. doi: 10.1590/S0103-
40141997000100019.
DAROLT, M.R., SKORA NETO, F. Sistema de plantio direto em
agricultura orgânica. Revista Plantio Direto. Julho - Agosto de 2002, Vol.
n. 70, pp. 28 - 30.
FONSECA, M.F.A.C. Agricultura Orgânica: Regulamentos técnicos e
acesso aos mercados Regulamentos técnicos e acesso aos mercados.
Rio de Janeiro : PESAGRO-RIO, 2009. ISBN 978-85-62557-01-9.
FONSECA, M.F. Certificação de sistemas de produção e processamento
de produtos orgânicos de origem animal: História e perspectivas.
Caderno de Ciência e Tecnologia. Maio - Agosto de 2002, Vol. 19, 2, pp.
267-297.
IBGE. Censo Agropecuário: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da
Federação. Rio de Janeiro : Instituto Brasiliero de Geografia e
Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2006.
ISSN 0103-6157.
KHATOUNIAN, A.C. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu :
Agroecológica, 2001. ISBN 85-88581-26-4.
LUDKE, J.V. et al. Sistema orgânico de produçãso de aves e ovos. [A. do
livro] Paulo C. Stringheta e José N. Muniz. Alimentos Orgânicos:
Produção, Tecnologia e Certificação. Viçosa : UFV, 2003.
13
RICARDO, B., CAMPANILI, M. Almanaque Brasil Socioambiental. São
Paulo : Instituto Socioambiental , 2008. ISBN: 978-85-85994-45-7.
ROEL, A.R. A Agricultura orgânica ou ecológica e a sustentabilidade da
agricultura. Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Março de
2002, Vol. 3, 4.
THOMPSON, P.B., NARDONE, A. Suintable livestock production,
methodological and ethical challenges. Livestock Production Science.
61, 1999, Vol. 2, pp. 111-119.
TRIVELLATO, M.D.,FREITAS, G.B. Panorama da Agricultura Orgânica. [A.
do livro] Maria D. TRIVELLATO e Gilberto B. FREITAS. [ed.] Paulo C.
STRINGHETA e José N. MUNIZ. Alimentos Orgânicos: Produção,
Tecnologia e Certificação. Viçosa : UFV, 2003, p. 452.
WILLER, H. Organic Agriculture in Europe 2009: Production and
Market. Research Institute of Organic Agriculture FiBL. [Congresso].
Nuremberg, Alemanha : BioFach, 2011.
14
15
Capítulo 2
Assistência Técnica e Extensão Rural para Agricultura Familiar
Aldi Feiden1
Sidnei Klein2
Irineu Frederico Feiden3
A extensão rural no Mundo e no Brasil foi conduzida por
profundas transformações durante sua existência, sendo por entre
meios teóricos e práticos, desencadeados pelos processos
contemporâneos e as distintas mudanças no setor agrário.
Impulsionada no final da segunda guerra mundial, a Extensão
Rural em seus diferentes formatos estabeleceram-se através do
incremento econômico de países como Estados Unidos, através do
aumento das exportações alimentícias para países em
desenvolvimento. O Brasil promoveu então sua economia sob a ótica de
aumento produtivo agrícola, o que provocou grande aceleração no
desenvolvimento da agricultura como conhecemos atualmente e
impulsionou a urbanização brasileira, atrelado ao fato de alavancar a
1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciências Ambientais.
2 Engenheiro de Pesca, Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
3 Biólogo, Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
Fabrício Martins Dutra 4
Biólogo, Mestrando em Zoologia.4
16
exigência tecnológica no campo após a “Revolução Verde”. Esse período
também foi marcado pelo encolhimento da população rural através do
êxodo rural.
Em 1948, surge no Brasil a primeira instituição de Assistência
Técnica e Extensão Rural, a ACAR (Associação de crédito e Assistência
Rural), no Estado de Minas Gerais. Atuando com crédito rural, com
ênfase em tecnificação da produção. Em 1952 passou por uma
reavaliação de seus serviços, agregando então os processos educativos
capazes de provocar mudanças de atitudes, conhecimentos e
habilidades.
Nos anos 60 os investimentos em linhas de crédito foram
deixados de lado e direcionados para modernização da agricultura,
induzida pelo aumento no estímulo de produção e produtividade. Em
meados da década de 80, a redemocratização e a promulgação da
Constituição Federal de 1988, estabeleceu dever da União em manter
Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER – pública e gratuita aos
pequenos produtores. Em 1991, a lei agrícola reforçou os direitos dos
pequenos agricultores ao acesso de ATER de forma gratuita.
Em 2003, foram promulgados a missões e serviços dos órgãos
públicos de ATER, bem como as metodologias e ações a serem
executadas pelos extensionistas, sustentados em conceitos de base
agroecológica.
Assistência Técnica e Extensão Rural: Instrumento de
fortalecimento
O serviço de ATER constitui um importante instrumento de
apoio ao desenvolvimento rural. No Brasil esta importância torna-se
maior se analisarmos a realidade do país e considerarmos o imenso
problema social que hoje nos defrontamos, ou seja, o elevado número
de brasileiros que não tem acesso aos fatores básicos e indispensáveis
17
de cidadania: alimentação, educação, saúde, emprego, e
sustentabilidade (NETO, 1999).
“A construção de contextos de sustentabilidade poderá
servir de guia para que as ações da extensão rural se
distanciem gradualmente do caminho perverso representado
pela intensificação tecnológica que desconsidera as agressões
ao meio ambiente - e suas consequências de médios e longos
prazos, a exclusão social de importantes segmentos da
sociedade e a perda de autonomia das populações rurais em
relação aos seus anseios e projetos de desenvolvimento. Além
disso, ajudaria recuperar formas de organização social e de
conhecimento e saber local, que se contraponham ao modelo
de desenvolvimento hegemônico, tratando de potencializar a
máxima ecológica, que propõe agir localmente e pensar
globalmente. Em poucas palavras, meio ambiente e sociedade
constituem os dois pilares básicos de toda e qualquer proposta
de extensão rural dirigida à promoção da qualidade de vida, à
inclusão social e ao resgate da cidadania no campo, e isto
implica a busca permanente de contextos de sustentabilidade
crescente” (CAPORAL e COSTABEBER, 2000).
Segundo Silva (1998), para se estabelecer um compromisso com
os agricultores familiares deve se buscar e adotar os seguintes
princípios:
Assegurar, com exclusividade aos agricultores
familiares, assentados por programas de reforma agrária, extrativistas,
ribeirinhos, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e
aqüiculturas, povos da floresta, seringueiros, e outros públicos definidos
como beneficiários dos programas do MDA/SAF, o acesso a serviço de
18
assistência técnica e extensão rural pública, gratuita, de qualidade e em
quantidade suficiente, visando o fortalecimento da agricultura familiar.
Contribuir para a promoção do desenvolvimento rural
sustentável, com ênfase em processos de desenvolvimento endógeno,
apoiando os agricultores familiares e demais públicos, na
potencialização do uso sustentável dos recursos naturais.
Adotar uma abordagem multidisciplinar e
interdisciplinar, estimulando a adoção de novos enfoques
metodológicos participativos e de um paradigma tecnológico baseado
nos princípios da Agroecologia.
Estabelecer um modo de gestão capaz de democratizar
as decisões, contribuir para a construção da cidadania e facilitar o
processo de controle social no planejamento, monitoramento e
avaliação das atividades, de maneira a permitir a análise e melhoria no
andamento das ações.
Desenvolver processos educativos permanentes e
continuados, a partir de um enfoque dialético, humanista e
construtivista, visando a formação de competências, mudanças de
atitudes e procedimentos dos atores sociais, que potencializem os
objetivos de melhoria da qualidade de vida e de promoção do
desenvolvimento rural sustentável.
Esse conjunto de princípios proporciona estabelecer um novo
ambiente educacional a campo a parti da socialização dos conceitos
entre os profissionais, as universidades e o publico alvo, de forma a
aprimorar conhecimentos a ser oferecido por cada um.
Para Silva (1988), os novos processos de assistência exigem dos
técnicos o conceito de educação informal, onde o foco e a
interatividade entre técnico e agricultor, sendo os agricultores
protagonistas e os técnicos agentes apoiadores em fomentar este
processo, tais como:
19
Apoiar ações múltiplas e articuladas de Assistência
Técnica e Extensão Rural, que viabilizem o desenvolvimento econômico
equitativo e solidário, nas comunidades e territórios rurais, levando em
conta a dimensão ambiental.
Garantir a oferta permanente e contínua de serviços de
Ater, que sejam presentes e atuantes em todas as regiões rurais
brasileiras, de modo a atender a demanda de todos os agricultores
familiares do país.
Apoiar ações destinadas à qualificação e aumento da
produção agropecuária, pesqueira e extrativista, com ênfase à
produção de alimentos básicos.
Assegurar que as ações de Ater contemplem todas as
fases das atividades econômicas, da produção à comercialização e
abastecimento, observando as peculiaridades das diferentes cadeias
produtivas.
Privilegiar os Conselhos como fóruns ativos e co-
responsáveis pela gestão da Política Nacional de Ater, no âmbito
municipal, estadual e federal, de modo a fortalecer a participação dos
beneficiários, e de outros representantes da sociedade civil, na
qualificação das atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Desenvolver ações de capacitação de membros de
Conselhos ou Câmaras Técnicas de Ater (ou similares), apoiando e
incentivando a formação e qualificação dos conselheiros.
Promover uma relação de participação e gestão
compartilhada, pautada na co-responsabilidade entre todos os agentes
do processo de desenvolvimento, estabelecendo interações efetivas e
permanentes com as comunidades rurais.
Desenvolver ações que levem à conservação e
recuperação dos recursos naturais dos agroecossistemas e à proteção
dos ecossistemas e da biodiversidade.
Viabilizar serviços de Ater que promovam parcerias
entre instituições federais, estaduais, municipais, organizações não-
20
governamentais e organizações de agricultores familiares e demais
públicos anteriormente citados, estimulando a elaboração de planos de
desenvolvimento municipal, territorial e/ou regional, assim como a
formação de redes solidárias de cooperação interinstitucional.
Estimular a participação da Ater nos processos de
geração de tecnologias e inovações organizacionais, em relação
sistêmica com instituições de ensino e de pesquisa, de modo a
proporcionar um processo permanente e sustentável de fortalecimento
da agricultura familiar.
Orientar estratégias que permitam a construção e
valorização de mercados locais e a inserção não subordinada dos
agricultores e demais públicos da extensão no mercado globalizado,
visando gerar novas fontes de renda.
Garantir que os planos e programas de Ater, adaptados
aos diferentes territórios e realidades regionais, sejam construídos a
partir do reconhecimento das diversidades e especificidades étnicas, de
raça, de gênero, de geração e das condições socioeconômicas, culturais
e ambientais presentes nos agroecossistemas.
Viabilizar ações de Ater dirigidas especificamente para a
capacitação e orientação da juventude rural, visando estimular a sua
permanência na produção familiar, de modo a assegurar o processo de
sucessão.
Rodrigues et al (2002) sugere que tais propostas têm um forte
conteúdo de mobilização e organização social, explicitados nas suas
estratégias: privilegiar o uso de metodologias participativas; valorizar os
distintos saberes (científico e popular); incorporar uma visão holística
(que compreenda os processos sócio-econômicos em sua relação com o
ambiente); estimular dinâmicas de participação ativa das populações,
através de diagnósticos e planejamentos em conjunto; estimular
parcerias em todos os níveis; estimular formas associativas; respeitar as
diferenças de gênero, de culturas, de grupos de interesses; buscar a
21
inclusão social; tomar o agroecossistema como uma unidade básica de
análise, planejamento e avaliação dos sistemas de produção agrícola;
apoiar a implementação da Reforma Agrária e o fortalecimento da
Agricultura Familiar. Os objetivos definidos também destacam o caráter
social deste trabalho: a sustentabilidade, a estabilidade, a
produtividade, a equidade e a qualidade de vida.
Neste novo tempo, o verdadeiro papel da extensão rural passa
a ser o de provocador e auxiliar as mudanças sonhadas e desejadas
pelos cidadãos que vivem no meio rural. E de que neste cenário, o
agente de mudanças – o extensionista rural – deve entender a
necessidade de assumir, cada vez mais, o papel de auxiliar do
desenvolvimento local, por um lado, incorporando no seu dia-a-dia os
interesses dos agricultores, suas famílias e suas organizações e, por
outro lado, colocando-os acima dos interesses da instituição da qual faz
parte (NETO 199).
Referências Bibliográficas
CAPORAL, F.R., COSTA BEBER, J.A. Agroecologia e desenvolvimento
rural sustentável: perspectivas para uma nova extensão rural. In:
Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v.1,
n.1, p.16-37, jan./mar. 2000.
NETO, P.C.L. Agricultura Familiar: desafios para a sustentabilidade.
Revista de Política Agrícola, Ministério da Agricultura e do
Abastecimento- Ano VII, número 03 jul;ago e set 1999.
RODRIGUES, A.B. et. al. Desafios para a extensão rural: o "social" na
transição agroecológica. Agroecol. e Desenv. Rur. Sustent., Porto
Alegre, v.3, n.3, Jul/Set 2002.
RUAS, E.D. et. al. Metologias participativas de extensão rural para o
desenvolvimento sustentável – MEXPAR, Belo Horizonte, 2006. 134 p.
22
SEMINÁRIO NACIONAL DE ASSISTENCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL,
1997, Brasília, DF. Anais. Brasília, DF: PNUD, 1997.
SILVA, A.M. Políticas nacional de assistência técnica e extensão rural
no Brasil: Avanços e desafios. Disponível em:
<http://www.alasru.org/cdalasru2006/15%20GT%20Argileu%20Martins
%20da%20Silva.pdf>. Acesso em 05/01/2011.
SOUZA, D.M. Extensão Rural e Desenvolvimento Sustentável. Porto
Alegre, v.2, n.1/2, jan/ago 2006.
23
Capítulo 3
Normas de Produção Orgânica Animal
Ana Paula Zibetti1
Arcangelo Augusto Signor 2
Elenice Souza dos Reis Goes3
Quando falamos sobre a produção animal sob o sistema
orgânico, é comum pensarmos em um esquema primitivo, abandonado
ou “largado”, sem o uso de qualquer insumo químico ou produto
veterinário. Mas essa é uma visão simplista e incompleta do que
realmente é observado, isso porque apesar da evolução e da procura
por esses produtos, ainda estamos engatinhando nesse processo,
porém com boas perspectivas de crescimento.
Para melhor compreensão do sistema de cultivo orgânico e das
práticas que devem ser adotadas em uma propriedade serão descritos
neste capítulo alguns aspectos relevantes sobre as normas de produção
orgânica. As informações aqui descritas foram extraídas da Instrução
1 Engenheira Agrônoma, Especialista em Agricultura Biodinâmica.
2 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
3 Administradora e Engenheira de Pesca, Mestranda em Zootecnia.
24
Normativa nº 64 de 18 de Dezembro de 2008, a qual regulamenta e
estabelece normas técnicas para o Sistemas Orgânicos de Produção
Animal e Vegetal no Brasil, baseada na Lei 10.831 de 23 de Dezembro
de 2003.
As normas de produção Orgânica no Brasil deverão ser seguidas
por qualquer pessoa física ou jurídica que seja responsável pelo
processo de conversão ou de produção orgânica em uma unidade de
produção. É importante ressaltar que cada unidade de produção deverá
elaborar um plano de manejo orgânico, que será melhor explicado
neste capítulo. Este plano de manejo deve ser previamente aprovado
pelos órgãos competentes de Avaliação da Conformidade Orgânica.
As instruções para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal,
dadas pela IN. nº 64 fazem menção apenas as espécies animais de
Bovinos, Bubalinos, Ovinos, Caprinos, Equinos, Suínos, Aves, Coelhos e
Abelhas. Os aspectos técnicos para Pesca e Aquicultura são
regulamentados pela Instrução Normativa nº 28 de 08 de Junho de
2011.
Para iniciar um processo de criação animal sob sistemas
orgânicos de produção, levando em consideração que a unidade de
produção anteriormente adotava práticas convencionais, faz-se
necessário que todo o processo passe por um período de conversão.
Tanto para esse período como para o manejo orgânico, é necessário um
profundo conhecimento agronômico e ecológico, como também das
particularidades da propriedade, como por exemplo, dos recursos
humanos existentes.
O período de conversão da unidade varia de acordo com o tipo
de exploração e a utilização anterior da área, além de considerar a
situação ambiental atual, essa avaliação é feita por uma pessoa
responsável devidamente credenciado pelos órgãos competentes.
25
Para a produção vegetal, considera-se uma área orgânica em
que estejam estabelecidas ou foram implantadas culturas anuais, áreas
em pousio ou pastagens perenes que estejam sob o manejo orgânico à
pelo menos 12 meses; ou 18 meses para o caso de culturas perenes.
No caso da produção animal, os períodos estabelecidos para
que os animais possam ser considerados orgânicos dependerá da
espécie e do período de vida deste, como descrito a seguir.
Para aves de corte devem-se considerar os animais
que tenham pelo menos três quartos (¾) ou mais de vida sob manejo
orgânico;
Para aves de postura devem-se considerar os animais
que tenham pelo menos setenta e cinco (75) dias sob manejo
orgânico;
Para bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos leiteiros
devem-se considerar os animais que tenham pelo menos 180 dias
sob manejo orgânico;
Para bovinos, bubalinos e equídeos para corte
devem-se considerar os animais que tenham pelo menos doze (12)
meses sob manejo orgânico, sendo que esse período represente três
quartos (¾) ou mais de vida dos animais;
Para ovinos, caprinos e suínos para corte devem-se
considerar os animais que tenham pelo menos seis (6) meses sob
manejo orgânico, sendo que esse período represente três quartos (¾)
ou mais da vida dos animais;
Ao iniciar o processo, todas as unidades de produção devem
possuir um Plano de Manejo Orgânico, onde estão descritas e
26
detalhadas a área a ser utilizada e o planejamento de práticas agrícolas,
industriais e afins, incluindo uma lista de insumos possíveis de serem
utilizados. O responsável pelo processo produtivo deve manter este
plano de manejo sempre atualizado a cada ano para ser apresentado no
momento da Verificação da Conformidade Orgânica4.
Todas as atividades desenvolvidas durante o processo de
conversão deverão estar estabelecidas neste plano. Deverá conter o
histórico de utilização da área, manejo dos resíduos, conservação do
solo e da água, as práticas do manejo vegetal e animal, procedimentos
de pós-colheita, processamento, comercialização e as relações
trabalhistas.
A conversão do manejo da produção agrícola convencional,
apesar de se iniciar pela eliminação total do uso de insumos químicos
sintéticos, não trata da simples substituição destes insumos por outros
permitidos. A definição dos processos de produção é feita através de
um enfoque sistêmico, procurando fechar o ciclo de nutrientes, otimizar
o fluxo energético e promover o equilíbrio entre as diversas espécies
que habitam o ambiente.
Aspectos gerais sobre os Sistemas Orgânicos de Produção
Vegetal
Considerando a relação direta dos animais com o seu ambiente
de convívio e sua alimentação, deve-se também adequar a unidade
4 A Verificação da Conformidade Orgânica é o processo de certificação da Unidade
Produtiva. Este processo é realizado por algum Organismo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) devidamente cadastrado no MAPA. A avaliação pode ser feita por um processo de auditoria, através de uma Empresa Certificadora (OAC) ou por um processo participativo, através de um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC).
27
produtiva nos aspectos de produção vegetal para se obter sucesso na
criação animal.
Dessa forma, é importante observar que em sistemas orgânicos
de produção vegetal há uma forte relação entre as práticas relacionadas
à conservação do solo e à nutrição das plantas, favorecendo
consequentemente o controle de patógenos do solo, do mesmo modo
que proporciona plantas mais resistentes a problemas fitossanitários,
através da nutrição equilibrada das plantas, e pelo desenvolvimento da
resistência sistêmica induzida.
A escolha do local de implantação é condição essencial para o
êxito de um sistema orgânico de produção. Deve-se optar por locais
apropriados para cada tipo de produto agrícola que se deseja cultivar,
levando em consideração o tipo de solo, posição geográfica, direção dos
ventos, disponibilidade de água, culturas antecedentes, histórico de
pragas e doenças do local e proximidade de vizinhos convencionais.
Com relação aos fatores de manejo do solo e o preparo das
áreas, deve-se observar que as variáveis que determinam a qualidade
do solo são essencialmente aquelas propriedades (químicas, físicas ou
biológicas) que têm grande influência no crescimento das culturas,
como agregação, retenção de água, teores de nutrientes, presença de
patógenos, biomassa microbiana, etc. Dessa forma, o manejo deve ser
orientado mais ao solo do que à planta, com o incremento de matéria
orgânica e a manutenção constante da cobertura do solo; através da
utilização de adubos verdes, compostos de pilha ou laminar, restos
culturais e outros.
Além desses cuidados quanto ao manejo, é essencial que o
preparo das áreas, principalmente quanto ao preparo primário do solo,
seja feito de modo a não causar uma desestruturação do mesmo, o
revolvimento deve ser o mínimo possível e realizado apenas quando
28
necessário. Deve-se priorizar os processos biológicos para a quebra da
camada adensada ou compactada como por exemplo, o uso de práticas
de rotação de culturas e de adubos verdes.
O uso de adubos orgânicos em solos tropicais proporciona
significativas melhorias em suas propriedades físicas, químicas e
biológicas, obtendo boas respostas em níveis de produção.
Para a manutenção da fertilidade do solo e proporcionar uma
nutrição adequada às plantas, se faz necessário o manejo dos
nutrientes do solo, que se obtêm através do uso preferencialmente de
adubos orgânicos ou em menor freqüência ou associados, o uso de
fertilizantes minerais naturais, conhecidos como pó-de-rocha.
Recomendam-se aos produtores que realizem um monitoramento
periódico do solo através análises, para que acompanhe o processo e
verifique a eficácia de suas práticas de manejo.
As medidas fitossanitárias e práticas de controle de plantas
daninhas são igualmente importantes no processo de produção
orgânica, porém esses problemas podem ser reduzidos ou até mesmo
anulados com o estabelecimento do equilíbrio ano-a-ano no processo
produtivo, pela prevenção de pragas, doenças e o impedimento do
desenvolvimento de plantas invasoras, através das práticas de
conservação e manejo do solo.
De acordo com os princípios da agricultura orgânica, a atividade
animal deve estar, tanto quanto possível, integrada à produção vegetal,
visando a otimização da reciclagem de nutrientes, à menor dependência
de insumos externos e à potencialização de todos os benefícios diretos
e indiretos advindos dessa interação (AROEIRA et al., 2003).
29
Sistema Orgânico de Produção Animal
Assim como para a produção vegetal, existem diversas regras
para a produção orgânica animal, regulamentada pela Instrução
Normativa nº 64. Essas normas, relatadas de maneira simplificada nesse
capítulo se referem apenas aos aspectos gerais para a produção animal,
cabendo ao responsável pela unidade de produção adequar a sua
realidade às normas nacionais vigentes.
No geral os sistemas orgânicos de produção orgânica animal
devem adotar práticas que visem o bem-estar animal em todas as fases
do processo produtivo para que o animal conviva de forma harmoniosa
com os outros indivíduos e com o ambiente que está instalado. Para
isso é essencial que seja ofertado um local de criação adequado para
cada espécie, utilizando instalações higiênicas e funcionais.
Faz-se necessário também, disponibilizar água de boa qualidade
e em quantidade adequada, isenta de agentes químicos e biológicos
que possam comprometer a saúde e vigor dos animais ou a qualidade
dos produtos. Bem como ofertar uma alimentação saudável, nutritiva e
balanceada, de acordo com as necessidades de cada espécie.
Além de proporcionar um ambiente harmônico para os animais
o responsável pela unidade, deve manter a higiene e saúde dos animais,
compatível com a legislação sanitária vigente e utilizar apenas os
produtos permitidos para a produção orgânica, além de adotar técnicas
sanitárias preventivas e destinar de forma correta os resíduos da
produção.
Para uma melhor compreensão desse sistema de produção,
podem ser observados neste capítulo alguns detalhes do manejo animal
que são restritos ou permitidos para o manejo orgânico, citados na
Instrução Normativa nº 64, como podem ser observados a seguir.
30
DOS SISTEMAS PRODUTIVOS E DAS PRÁTICAS DE MANEJO
ORGÂNICO ANIMAL
Permitido:
O uso de inseminação artificial, cujo sêmen
preferencialmente seja de animais vindos de sistemas orgânicos de
produção;
Permitido com restrições:
O corte de dentes e ponta de chifres, a castração, o
mochamento e as marcações, quando realmente necessários, deverão
ser efetuados na idade apropriada visando reduzir processos dolorosos
e acelerar o tempo de recuperação;
A iluminação artificial será permitida desde que se
garanta um período mínimo de 8 (oito) horas por dia no escuro.
O sistema semi-intensivo será permitido desde que
respeitados os princípios de bem-estar animal e em acordo com o
estabelecido pelo OAC ou pela OCS;
A doma de animais, quando feita em unidades de
produção orgânica, deve ser realizada seguindo os princípios da doma
racional;
Proibido:
As técnicas de transferência de embrião e fertilização in
vitro e outras técnicas que utilizem indução hormonal artificial;
A debicagem das aves, o corte da cauda de suínos,
assim como a inserção de "anel" no focinho, a descorna de animais e
qualquer outro tipo de mutilação;
A prática da muda forçada em aves de postura, nem o
uso de estímulos elétricos ou tranquilizantes químicos no manejo de
animais;
31
O sistema intensivo e a retenção permanente em
gaiolas, correntes, cordas ou qualquer outro método restritivo aos
animais;
Utilizar em serviço animais feridos, enfermos, fracos ou
extenuados ou obrigar animais de serviço a trabalhos excessivos ou
superiores às suas forças por meio de torturas ou castigos.
Com relação ao transporte, pré-abate e abate de animais,
inclusive de animais doentes ou descartados, deverão ser atendidos os
princípios básicos de respeito ao bem-estar animal; redução de
processos dolorosos; procedimentos de abate humanitário; e a
legislação específica para esses fins, sendo que todas as práticas
deverão ser aprovadas previamente pelo OAC ou OCS responsáveis.
DA AQUISIÇÃO DOS ANIMAIS
Permitido:
Adquirir animais de sistemas orgânicos de fora da
unidade;
Permitido com restrições:
Adquirir animais convencionais quando não houver
disponibilidade de animais orgânicos, desde que aprovado pelo OAC ou
pela OCS e que atendam aos seguintes requisitos:
Os animais adquiridos tenham idade em que possam ser
recriados sem a presença da mãe;
O plantel reprodutivo adquirido não ultrapasse a quantidade
máxima de 10% ao ano em relação ao número de animais
adultos, da mesma espécie, na unidade de produção;
Os animais adquiridos sejam necessários à implantação de um
novo componente de produção animal na unidade.
32
Todos os animais oriundos de unidades de produção
não orgânicas deverão ser identificados e alojados em ambiente isolado
para evitar a contaminação do sistema orgânico.
O período de isolamento será de, no mínimo, três
meses para ruminantes e equídeos, dois meses para suínos e um mês
para aves e coelhos, onde os animais deverão receber o manejo
orgânico.
DA NUTRIÇÃO DOS ANIMAIS
Permitido:
A utilização de alimentos da própria unidade de
produção ou de outra sob manejo orgânico;
A formação e o manejo de pastagens, capineiras e
legumineiras;
A produção de silagem, feno e outros produtos e
subprodutos de origem vegetal de sistemas orgânicos;
O uso de suplementos minerais e vitamínicos, desde
que os seus componentes não contenham resíduos contaminantes
acima dos limites permitidos e que atendam à legislação específica.
Permitido com restrições:
Utilização de aditivos na produção de silagem como:
bactérias lácticas, acéticas, fórmicas e propiônicas ou seus produtos
naturais ácidos, quando as condições não permitam a fermentação
natural, mediante autorização do OAC ou da OCS.
Utilização de outras substâncias na alimentação animal
se estiver na lista do Anexo IV da Instrução Normativa nº 64 e mediante
prévia aprovação pelo OAC ou OCS.
Em casos de escassez ou em condições especiais, será
permitida
33
a utilização de alimentos convencionais, proporcional à
ingestão diária, com base na matéria seca, de:
Até 15% para animais ruminantes; e
Até 20% para animais não ruminantes.
O uso de alimentação artificial, preferencialmente com leite da
mesma espécie animal, quando houver a impossibilidade do
aleitamento natural.
Proibido:
A utilização de qualquer tipo de matéria prima ou
substâncias oriundas de transgenia;
A utilização de compostos nitrogenados e não protéicos
e nitrogênio sintético na alimentação de animais em sistemas orgânicos
de produção.
Os mamíferos jovens deverão ser amamentados pela mãe ou
por fêmea substituta durante o período mínimo de:
90 (noventa) dias para bovinos, bubalinos e equídeos;
42 (quarenta e dois) dias para suínos; e
45 (quarenta e cinco) dias para ovinos e caprinos.
DAS INSTALAÇÕES PARA O MANEJO ANIMAL
As instalações devem oferecer boas condições de temperatura,
umidade e ventilação, garantindo que os animais assumam seus
movimentos naturais. Devem ser assegurados, o contato social,
movimento e descanso; alimentação, reprodução e proteção,
proporcionando o bem-estar dos animais.
34
Com relação aos espaços para a criação animal, deve ser
observado os seguintes aspectos:
Para aves poedeiras e frangos de corte adultos:
A lotação máxima em galpão é de 6 aves/m2 e na área
externa, mínimo de 3m2/ave;
Os ninhos devem ter área de no mínimo 120 cm2 para
cada 8 aves;
Os puleiros devem apresentar, no mínimo, 18 cm
lineares por ave.
Para vacas de leite, a lotação máxima em alojamento deve
respeitar a relação de, no mínimo, 6m2 por animal;
Para bovinos de corte, a lotação máxima em alojamento deve
respeitar a relação de, no mínimo, 1,5m2 para cada 100 kg de peso vivo;
Para leitões acima de 40 dias e até 30 kg, a lotação máxima para
galpão deve respeitar a relação de, no mínimo, 0,6 m2 para cada animal;
Para suínos adultos, a lotação máxima para galpão deve
respeitar a relação mínima:
0,8m2 para cada animal com até 50 kg de peso vivo;
1,1m2 para cada animal com até 85 kg de peso vivo;
1,3m2 para cada animal com até 110 kg de peso vivo.
Deve ser considerada a obrigatoriedade de acesso à área
externa com sol e a forragem verde.
A cerca elétrica é permitida desde que seja desenhada,
construída, usada e mantida de modo que, quando os animais a
toquem, apenas sintam um ligeiro desconforto e devem passar por um
período de adaptação ao seu uso.
35
As instalações, os equipamentos e os utensílios devem ser
mantidos limpos e desinfetados adequadamente utilizando apenas as
substâncias permitidas.
Na confecção das camas, os materiais utilizados devem ser
naturais e livres de resíduos de substâncias não permitidas para uso em
sistemas orgânicos de produção.
As instalações de armazenagem e manipulação de dejetos,
incluindo as áreas de compostagem, deverão evitar o excesso de
umidade.
A madeira para instalações e equipamentos não pode ser
tratada com substâncias que não estejam permitidas e devem ser
provenientes de extração legal.
DA SANIDADE ANIMAL
Somente poderão ser utilizadas na prevenção e tratamento de
enfermidades as substâncias constantes no Anexo III da Instrução
Normativa nº 64, presentes no Anexo I deste livro.
É obrigatório manter o registro de toda terapêutica utilizada
nos animais, constando:
Data de aplicação;
Período de tratamento;
Identificação do animal; e
Produto utilizado.
Todas as vacinas e exames determinados pela legislação de
sanidade animal serão obrigatórios.
O animal, em hipótese alguma pode sofrer, em caso de
enfermidade ou algum outro problema em que não existe solução com
36
medidas dos sistemas orgânicos, podem ser utilizados produtos
convencionais, nesse caso o animal deverá ser identificado e alojado em
ambiente isolado, sendo que ele e seus produtos não poderão ser
vendidos como orgânicos. O período de carência a ser respeitado para
que os produtos dos animais tratados possam voltar a ter o
reconhecimento como orgânicos deverá:
Ser duas vezes o período de carência estipulado na bula
do produto;
Em qualquer caso, ser de no mínimo 48 horas.
DO BEM-ESTAR ANIMAL
Os sistemas de produção devem ser idealizados de forma que
sejam produtivos e respeitem as necessidades e o bem estar dos
animais.
Em sistemas orgânicos de produção animal devem ser
respeitadas:
A liberdade nutricional: os animais devem estar livres de
sede, fome e desnutrição;
A liberdade sanitária: os animais devem estar livres de
feridas e enfermidades;
A liberdade de comportamento: os animais devem ter
liberdade para expressar os instintos naturais da espécie;
A liberdade psicológica: os animais devem estar livres
de sensação de medo e de ansiedade; e
A liberdade ambiental: os animais devem ter liberdade
de movimentos em instalações que sejam adequadas a sua espécie.
37
É proibida a alimentação forçada dos animais e no caso de
ruminantes, devem-se respeitar as necessidades de pastoreio e a
ingestão diária de fibras.
Para sistemas orgânicos de produção, deve-se dar preferência
por animais de raças adaptadas às condições climáticas e ao tipo do
manejo empregado.
Todo manejo deve ser realizado de forma a não gerar estresse
aos animais e a permitir o atendimento das liberdades animais
O manejo deve ser realizado de forma calma, tranquila e sem
agitações, sendo vedado o uso de instrumentos que possam causar
medo ou sofrimento aos animais.
As pastagens cultivadas devem ser compostas de vegetação
arbórea suficiente para propiciar sombreamento necessário ao bem-
estar da espécie em pastejo.
Em caso de pastagens cultivadas sem áreas de sombreamento,
determina-se um prazo de 5 (cinco) anos para estabelecimento de
vegetação arbórea suficiente.
Em resumo, os métodos alternativos de tratamento animal,
devem proporcionar um ambiente agradável aos animais, fazendo uso
dos recursos produtivos locais de forma racional, utilizar o mínimo de
insumos externos, minimizar o uso de fontes de energia não renováveis
e ainda promover o desenvolvimento social e econômico no ambiente
rural.
Referências Bibliográficas
BRASIL. LEI Nº 10.831, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003. Prefira Orgânicos.
[Online]. [Citado em: 10 de Março de 2011.]
38
http://www.prefiraorganicos.com.br/media/5806/lei_n-10831_de_23-
12-2003.pdf.
—. Mecanismos de controle para a garantia da qualidade orgânica.
[ed.] Coordenação de Agroecologia. Brasília : Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abasteciemento - MDA , 2008. p. 58. ISBN: 978-85-99851-48-
7.
—. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 64, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2008.
Prefira Orgânicos. [Online]. [Citado em: 10 de Março de 2011.]
http://www.prefiraorganicos.com.br/media/5921/instrucao_normativa
_n-64-de-dezembro-2008.pdf
—. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 28, DE 8 DE JUNHO DE 2011. Prefira
Orgânicos. [Online]. [Citado em: 07 de Julho de 2011.]
http://www.prefiraorganicos.com.br/media/57239/in28aquiculturaorg
anicaversaopublicada.pdf
39
Capítulo 4
Processamento de Rações Orgânicas
Wilson Rogério Boscolo1
Altevir Signor2
Fabiana Dieterich3
No mercado agropecuário existem diferentes concentrados para
a alimentação de animais, porém poucos são os produtos que podem
ser destinados à nutrição sob sistema orgânico. Isso porque para o uso
nesse sistema é necessário que na sua formulação contenha
ingredientes orgânicos e também que o produto seja isento de toxinas,
hormônios, aditivos estimulantes sintéticos, promotores de
crescimento, uréia, entre outros.
O desenvolvimento de técnicas de criação de animais no
sistema orgânico pode gerar um aumento na demanda por alimentos
orgânicos. Alguns produtos orgânicos apresentam uma agregação
financeira que varia de 30 a 40% com relação a produtos convencionais.
Deste modo, pode gerar uma melhor renda, aos pequenos produtores
1 Zootecnista, Doutor em Produção Animal.
2 Engenheiro de Pesca, Doutor em Zootecnia.
3 Engenheiro de Pesca, Doutoranda em Aquicultura.
40
rurais, especialmente na cadeia de bovinocultura leiteira, com grande
abrangência regional e muito adotada por esses agricultores.
O alimento em forma de ração, através de uma correta
formulação, pode ser produzido na unidade de produção, utilizando-se
da produção vegetal disponível no local, e incentivando a cadeia de
produtos orgânicos de forma generalizada.
O processamento das rações é uma prática realizada em
alimentos ou rações completas, visando a melhoria da qualidade e
aumentando a digestibilidade de nutrientes, viabilizando a inibição de
fatores anti-nutricionais e proporcionando melhor aproveitamento dos
ingredientes.
Processos distintos são empregados para produção de rações,
desde uma simples moagem até processos sofisticados e de elevado
custo operacional, como por exemplo: peletização e extrusão. Estes
processos visam facilitar o manejo alimentar e melhorar o desempenho
produtivo, assim como aumentar a utilização de ingredientes e
proporcionar melhores condições de estocagem. Estes procedimentos
propiciam modificações benéficas ao amido cru, melhorando a
digestibilidade dos nutrientes (JAYARAM e SHETTY, 1981).
A moagem dos ingredientes apresenta grande influência sobre o
aproveitamento dos nutrientes, porém, ingredientes finamente moídos
apresentam maior custo de produção devido ao aumento no consumo
de energia e tempo de moagem durante o processo (MEURER et al.,
2003). Entretanto, a eficiência da digestão está diretamente relacionada
entre a superfície de exposição das partículas alimentares e as secreções
digestivas, que é maior e melhor para as partículas menores (SOARES et
al., 2003). O grau de moagem dos alimentos ainda pode alterar as
propriedades dos grânulos das rações, principalmente quando
peletizadas e extrusadas.
41
Rações Fareladas
As rações fareladas são as mais interessantes para o produtor,
uma vez que seu preparo é simples e pode ser feita na propriedade
reduzindo custos. Estas rações se baseiam em uma porcentagem de
ingredientes protéicos e energéticos, dentro de uma quantidade pré
determinada pelos nutricionistas da área de ciências agrárias, os quais
elaboram em função da espécie rações que atendam a exigência do
animal. Através da informação das quantidades adequadas de cada
ingrediente, o produtor deve primeiramente separar os ingredientes
macros como o milho, farelo de soja, triguilho, triticale ou outros e
realizar em seguida a moagem. Posteriormente deve adicionar os
ingredientes que não necessitam ser desintegrado como o calcário
calcítico, o fosfato bicálcico, sal comum, suplemento mineral e
vitamínico e óleo quando necessário e outros. Posteriormente, deve
misturar todos os ingredientes em uma caixa ou tambor e depois
armazenar em local seco e arejado.
Rações Peletizadas
O processo de peletização consiste em compactar
mecanicamente a ração farelada através do aquecimento proporcionado
pelo atrito mecânico durante a prensagem da ração pelos rolos
compressores contra uma matriz (MILLAN et al., 1987), combinado com
calor, umidade e pressão (FANCHER, 1996). Rações peletizadas, quando
comparadas às extrusadas são mais vantajosas com relação ao
transporte e armazenamento, pois têm menor volume, com relação ao
manejo alimentar, reduz perdas quando comparadas ao alimento
farelado, principalmente durante a alimentação dos animais.
42
As rações peletizadas apresentam maior custo operacional e
utilizam equipamentos maiores. Para seu processamento, não impede
que seja feito em uma propriedade, porém, o consumo deve justificar o
seu uso, pois o custo de instalação e gastos com energia podem
inviabilizar a produção, uma alternativa é o processamento através de
associações ou cooperativas. No processo de peletização, os
ingredientes devem ter uma moagem bem fina, abaixo de 1,0mm. Pois
durante o processo, a ração passa por uma matriz com buracos finos e
uma moagem grosseira pode trancar os orifícios da matriz.
Rações Extrusadas
O processo de extrusão de uma ração é mais oneroso que a
peletização. As rações extrusadas são muito utilizadas para peixes e para
pet (cães e gatos). O processamento consiste em utilizar dietas
fareladas, finamente moídas, abaixo de 1,0mm durante a moagem,
posteriormente são submetidas a uma alta pressão, umidade e calor,
provocando a gelatinização do amido. Após este processo esta ração
passa por um processo de secagem, em função da elevada umidade,
posteriormente deve ser resfriada para reduzir a temperatura para o
armazenamento. Os equipamentos utilizados apresentam um elevado
custo o que inviabiliza um produtor ter em sua propriedade de pequeno
porte, uma vez que o comércio desta ração é em sua maioria para
peixes e pet. Nos casos de grandes quantidades de áreas de aquicultura,
a produção da própria ração pode reduzir os custos, pois a ração é a
parte mais onerosa da produção aquícola.
Uma das características mais importante deste processo é que
as rações para peixes são fornecidas em água, permanecendo na
superfície, isso facilita a observação do consumo, além de reduzir o
impacto ambiental devido a estabilidade dos grânulos de ração na água.
43
Rações Orgânicas
O alimento orgânico é produzido em sistemas que não
empregam agrotóxicos (inseticidas, herbicidas, fungicidas, nematicidas),
fertilizantes químicos e organismos geneticamente modificados. Esses
elementos são excluídos do processo de produção, transformação,
armazenamento e transporte, privilegiando a preservação da saúde do
homem, dos animais e do meio ambiente, com respeito ao trabalho
humano (DAROLT, 2007).
A produção de proteína animal para consumo humano tem se
mostrado como uma das atividades com enorme potencial de
crescimento. Porém ainda é necessário desenvolver alternativas
eficientes e atrativas, como por exemplo, o fornecimento de rações
orgânicas para suplementação alimentar. Dessa forma otimiza-se a
produção animal e facilita a entrada no mercado de carnes e derivados
com certificado de origem orgânica.
No mercado de produtos orgânicos de origem animal existe uma
enorme lacuna a ser preenchida e com um grande potencial para a
produção. O Brasil possui características favoráveis para o
aproveitamento desse mercado. Todavia, ainda não há informações
sobre a utilização dessa forma de trato alimentar, como por exemplo:
formulação, eficiência e dados sobre o fornecimento de rações
orgânicas.
São necessários mais estudos para conhecer a influência e a
viabilidade desse tipo de suplementação na alimentação de animais
como aves, suínos, bovinos e peixes. E esta é a proposta deste trabalho,
fortalecer os conceitos e de forma clara, demonstrar os resultados,
difundir metodologia de aplicação e orientar os produtores no processo.
44
Para o processamento da ração orgânica é imprescindível utilizar
ingredientes de origem orgânica e também verificar quais são as
substâncias de uso permitido para cada tipo de animal na legislação,
além de conhecer as características específicas de cada espécie ou raça
do animal a ser utilizado.
Referencias Bibliográficas
DAROLT, M.R. Alimentos orgânicos um guia para o consumidor
consciente. Cartilha. 2ª edição revista e ampliada, Londrina: IAPAR, 36
p. 2007.
DIEMER, O., SIGNOR, A.A., BUENO, G.W., BITTENCOURT, F., WEIRICH, C.
Sistema integrado de produção de rações orgânicas para utilização na
alimentação animal. Anais do IX SEU - Seminário de Extensão da
Unioeste, Toledo – PR, 2009.
FANCHER, B.I. Feed processing using the annular gap expander and its
impacto n poultry performance. Journal of Applied Poultry Research,
v.5, n.4, p.386-394, 1997.
IPARDES. O mercado de orgânicos no Paraná: caracterização e
tendências. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social e Instituto Agronômico do Paraná – Curitiba: IPARDES, 2007.
188p.
JAYARAM, M.G.; SHETTY, H.P.C. Formulation, processing and water
stability of two new pellted fish feeds. Aquaculture, v. 23, p. 355-359,
1981.
45
MEURER, F. et al. Influência do processamento da ração no
desempenho e sobrevivência da tilápia do nilo durante a reversão
sexual. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.2, p.262-267, 2003a.
MILLAN, L.M. et al. Tecnologia de fabricación de piensos para la
acuicultura. In. MONTEROS, J. E. de los; LABARTA, U. Alimentacion en
aquicultura. Madri: Comisión Asesora de Investigación Científica y
Técnica, 1987. p. 131-166.
SOARES-JUNIOR, M.S. et al. Substituição de farelo de soja por soja
integral em rações extrusadas para aqüicultura. Pesquisa Agropecuária
Tropical, v.34, n.1, p.29-37, 2004.
46
47
Capítulo 5
Produção Orgânica de Suínos
Carlos Eduardo Weirich1
Arcangelo Augusto Signor2
Flavia Renata Potrich3
A suinocultura desempenha papel importante na alimentação
humana, não é por acaso que é a carne mais consumida no mundo.
Segundo Roppa (1999), atinge 44% do consumo global, contra 29% da
bovina e 23% da carne de aves. O maior produtor mundial é a China,
produzindo cerca de 36,9 milhões de toneladas por ano, também é a
campeã no consumo desse tipo de carne, os EUA detêm a segunda
maior produção, com 8,2 milhões de toneladas. Já no Brasil o quadro
muda um pouco, os bovinos dominam 52% do mercado, seguido das
aves 34% e depois os suínos com apenas 15%, ocupando o oitavo lugar
no ranking dos produtores, com 1,6 milhões de toneladas por ano.
1 Biólogo, Mestre em Agronomia.
2 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
3 Bióloga, Mestranda em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
48
Para colaborar ainda mais com a baixa popularidade da carne
suína, os suinocultores vêm observando uma redução significativa nas
margens de lucro, em função dos altos custos investidos em edificações
e na modernização de equipamentos para o sistema de criação
intensivo, além do incremento unilateral em genética e nutrição, que
contribuíram para o descaso com o conforto e bem-estar animal.
Devido a esse crescimento insustentável, a ideia de um
consumo consciente, ganha espaço neste novo século, guiados pelas
exigências dos consumidores contemporâneos na busca de produtos
que tragam algum benefício à saúde e que sejam social e
ecologicamente corretos (DAROLT, 2011). Sendo assim, alguns desses
métodos de criação como por exemplo o confinamento em sistemas
convencionais intensivos, estão sendo substituídos por alternativas que
privilegiem o conforto animal além de outras características que
resultem em produtos com mais qualidade.
Dentre as alternativas que surgiram nessa linha, o sistema de
criação de suínos ao ar livre, desenvolvido inicialmente na França, onde
ficou conhecido como sistema "plein air" e que vem sendo pesquisado e
adaptado às condições do Brasil pelo Centro Nacional de Pesquisa de
Suínos e Aves da EMBRAPA e pelo Instituto Agronômico do Paraná, tem
ganho força nesse setor.
Assim como os processos de produção orgânica, que incluem os
mesmos conceitos de sustentabilidade e conforto animal, visando
também à promoção e preservação da biodiversidade e dos recursos
genéticos de raças suínas em perigo de extinção. Muitas destas foram
absorvidas ou substituídas por raças melhoradas, precoces e com
índices de produtividades mais altos, onde ao mesmo tempo, são
menos resistentes às doenças e mais exigentes quanto ao manejo
sanitário, trato alimentar e custo energético.
49
Produção de Ração Orgânica para Suínos
Com o intuito de criar resultados úteis aos produtores, para
auxiliar e incrementar o processo produtivo buscou-se através de
pesquisa, o desenvolvimento de rações específicas.
A aproximação desse estudo com os sistemas produtivos foca
na busca de benefícios dentro do modelo de produção orgânica, através
do desenvolvimento de um trato alimentar suplementar e seguro que
auxilie na melhoria dos sistemas produtivos fortalecendo o trabalho
rural foi o objetivo principal deste trabalho. Buscar informações por
meio dos resultados de produção que possam ser repassados aos
produtores e assim tornar-se ferramentas úteis e de incremento ao
processo produtivo.
Com isso, adotou-se o desenvolvimento de uma ração
específica para a produção orgânica, estruturando sua formulação de
acordo com a necessidade dos animais e utilizando-se de ingredientes
provenientes da agricultura orgânica. O alimento em forma de ração,
através de uma correta formulação, pode ser produzido na unidade de
produção, utilizando-se da produção vegetal disponível no local, e
incentivando a cadeia de produtos orgânicos de forma generalizada.
Entre os meses de setembro e dezembro de 2009, foi
desenvolvido um trabalho que avaliou o desenvolvimento e o
desempenho da ração orgânica para suínos teve início no dia 17 de
setembro de 2009, com a finalidade de observar o desempenho das
formulações orgânicas por meio de pesquisas nas propriedades rurais a
sua desenvoltura frente às rações comerciais. A conclusão da pesquisa a
campo aconteceu no dia 30 de dezembro do mesmo ano, seguida da
avaliação laboratorial.
50
Para os testes de campo, o método utilizado propôs a utilização
de um espaço de engorda original, alocado em uma propriedade rural,
em que houvesse um sistema em funcionamento, onde os resultados
pudessem refletir o dia-a-dia da atividade e as adaptações necessárias
para a produção orgânica. Dessa forma, utilizou-se um total de 18
animais, separando-os metade para alimentação orgânica e a outra
metade fazendo uso de ração comercial convencional. Os mesmos
foram alocados em seis baias com área distinta de 4,00 m² em estrutura
de alvenaria, comumente utilizada para produção convencional, onde 3
animais dividissem o espaço. As rações orgânica e comercial foram
distribuídas de forma equivalente em 3 baias cada, onde os animais
alimentavam-se exclusivamente da ração (orgânica ou comercial)
durante o período experimental como forma de melhor monitorar o
crescimento dos mesmos.
As rações foram formuladas de forma equivalente com
diferença de dosagem para as fases de crescimento dos animais.
Os ingredientes utilizados foram: milho, farelo de soja, óleo
vegetal, fosfato bicálcico, calcário calcítico e enriquecido com
suplementos vitamínicos e minerais. Estes foram triturados em peneiras
de 0,02 mm e misturados até permanecerem homogêneos, originando
a ração farelada. A tabela 1 demonstra a quantidade acrescentada para
cada 100 kg de ração, sendo específico para as fases Pré Inicial, Inicial e
Crescimento.
Figura 1. Animais utilizados no experimento de suínos
51
Tabela 1. Composição das rações para suínos nas fases pré-inicial, inicial
e crescimento.
Rações
Ingredientes Pré-Inicial Inicial Crescimento
Orgânica Orgânica Orgânica
Milho - - - Milho orgânico 62,19 61,28 66,77 Farelo de soja - - - Farelo de soja orgânico
34,65 35,6 30,23
Concentrado protéico - - - Óleo vegetal - - - Fosfato bicálcico 1,62 1,63 1,36 Calcário calcítico 1,00 0,95 1,11 Suplemento mineral¹ 0,10 0,10 0,10 Suplemento vitamínico1 0,10 0,10 0,10 Sal comum 0,34 0,34 0,33
¹ Manganês 30.00mg; zinco 100.000mg; ferro 50.000mg; cobre 8.000mg e iodo 800mg. Selênio 300mg; vit. A 6.000.000UI; vit. D3 1.400.000UI; vit. B1 1.000mg; vit. B2 4.000UI; vit. B6 2.000mg; vit. B12 15.000mcg; ácido fólico 350mg; niacina 25.000mg; biotina 100mg; vit. K3 2.000mg; ácido pantotênico 10.000mg e vit. E 24.000UI.
O experimento foi conduzido da seguinte forma: os animais
foram alimentados duas vezes ao dia, suprindo a saciedade dos animais
e evitando sobras de alimentação. Foi ofertada água limpa e fresca à
vontade através de bebedouros do tipo chupeta, monitorando a
temperatura para fins foi monitorada diariamente na parte da manhã e
da tarde mantendo médias em torno de controle para 22ºC à 25,00ºC
durante o experimento, até atingirem aproximadamente 40 KG de peso
vivo.
Após atingirem esse peso, os animais que estavam sendo
testados, passaram por período de jejum para a depuração,
52
encaminhando na seqüência para o abate e feita então à avaliação para
determinação de parâmetros de desempenhos zootécnicos.
Foi avaliado o ganho de peso diário, ganho de peso final,
consumo de ração, conversão alimentar e sobrevivência. Destacando
(Figuras 2 e 3).
Um fator de grande importância nas análises foi o rendimento
dos cortes padrões destinados ao mercado consumidor, que é a parte
útil destinada à comercialização, como podemos observar na tabela
abaixo. Assim sendo foi primordial ao final da pesquisa realizar o abate
de alguns animais afim de se obter os dados comparativos e qualitativos
atribuídos às rações orgânicas (Figura 4 e 5).
Os resultados obtidos (Tabela 2) demonstram que em todas as
fases os animais alimentados com ração orgânica apresentaram
resultados zootécnicos inferiores. Os resultados de peso final, ganho de
peso, consumo de ração e índice de conversão alimentar, nos mostram
que a mesma não atendeu todas as expectativas desejadas.
Avaliamos que os parâmetros analisados devem ser aplicados
em um sistema previamente adaptado ao manejo de produção
orgânico. Nesse caso, não foi levado em consideração a utilização de
raças mais rústicas e adaptadas, bem como não foi considerada a
necessidade dos animais de passarem pelo menos uma parte do dia ao
ar-livre, com pastejo e diversificação do trato alimentar. A ração deve
ser utilizada como forma de alimentação suplementar, considerando as
condições variadas de fornecimento de alimentos de acordo
principalmente com a época do ano e condições ambientais de
disponibilidade variada com alimentação de época e a estiagem
prejudicadora da qualidade das pastagens. Outro item que impõe a
inferioridade da ração orgânica foi a utilização de raças e linhagens
53
“modernas” e altamente exigentes em alimentação que alia altos
índices nutricionais e palatabilidade.
Figuras 1 e 2. Pesagem dos animais
54
Figura 3. Animais utilizados no experimento de suínos
Figura 4 e 5. Avaliações do rendimento corporal dos suínos.
55
Tabela 2. Desempenho zootécnico dos suínos
Desempenho zootécnico
Ingredientes Pré-Inicial 7
dias Inicial 12
dias Crescimento 25
dias
Orgânico Orgânico Orgânico
Peso inicial (kg) 7,75 8,13 10,67 Peso final (kg) 8,13 10,67 22,38 Ganho de peso (kg) 0,65 2,53 11,72 Consumo de ração (kg) 3,31 7,25 30,92 Conversão alimentar 5,20 2,97 2,73 Sobrevivência (SO) 100 100 100
O baixo crescimento dos animais alimentado com rações
orgânicas pode estar relacionados a falta de palatabilizantes,
encontradas em rações comerciais, sendo estes estimulantes no
consumo de rações por parte dos animais. Contudo pode ser utilizar
como alternativa para aumento no consumo de rações orgânicas a
incorporação de ingredientes como glúten de milho, leite em pó, açúcar
mascavo ou ate mesmo extrato de poupa de frutas, de forma a
proporcionar alimentos com sabores mais agradáveis e assim
aumentando o consumo pelos animais. A fim de confirmar a veracidade
desta informação devem-se promover novos trabalhos acima de
palatabilizantes naturais e seu incremento em rações orgânicas.
Observa-se também que o teste de analise de rendimento não
apresentou diferença aparente, a não ser no ganho de peso dos
animais, sendo possível este estar diretamente relacionado com o nível
de consumo de ração pelos animais, uma vez que a ração orgânica não
apresenta palatabilidade aparente.
56
Referências Bibliográficas
DAROLT, M.R. Produção de Suínos ao Ar Livre: Alternativa para os
Produtores Orgânicos. 2001. Disponível
em:<http://www.planetaorganico.com.br/trabdsuino.htm>. Acessado
em: 10 de janeiro de 2011.
ROPPA, L. O vice-versa da criação de suínos. Revista Globo Rural. Ano
14, N. 165, julho, 1999. p. 46-50.
57
Capítulo 6
Produção Orgânica de Bovinos de Leite
Talita Gabriela Dieterich1
Arcangelo Augusto Signor2
Odair Diemer3
A produção animal sob sistema orgânico certificado ainda é
pouco difundida no País, mas já existem criações de cabras e vacas
leiteiras, bovinos de corte, bem como a produção de ovos e mel,
embora em pequena escala, sendo a maioria comercializada na venda
direta ao consumidor, ou nos canais tradicionais (abatedores,
matadouros e frigoríficos), muitas vezes sem a qualificação adequada
ou o selo que identifica o produto orgânico (FONSECA, 2000).
A produção de carne sob sistema orgânico ainda é muito
pequena, pois se deve obedecer a certos critérios bem específicos,
estabelecidos por normas rígidas. Já a produção de leite é mais
difundida, sendo a maior parte da produção, na sua forma líquida,
destinada para o consumo próprio, de familiares e vizinhos, sendo mais
1 Médica Veterinária, Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenhara de Pesca.
2 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
3 Engenheiro de Pesca, Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
58
comum a venda dos sub produtos, como queijo e iogurte vendidos em
pequena escala diretamente em cestas domiciliares ou em feiras
específicas. À nível nacional, podemos citar os estados do Rio Grande
do Sul, São Paulo e Minas Gerais como (AROEIRA; FERNANDES. 2002).
A produção de leite no Brasil vem passando por significativas
alterações nas últimas décadas, partindo de um patamar de 15 bilhões
de litros produzidos por ano no início dos anos 90 para alcançar os 23
bilhões de litros de leite em 2004 (Dürr, 2005). No entanto, esta
produção é proporcional sobre a convencional, havendo pouca
informação referente à produção orgânica.
A produção orgânica de leite dos agricultores familiares é ainda
pequena, porém ajuda a incrementar o montante produzido no Brasil.
O mercado de produtos orgânicos brasileiro movimenta cerca de U$
120 milhões por ano, onde os maiores importadores são Europa, Japão
e Estados Unidos (REVISTA ARCO, 2001).
De acordo com Bumbieres Junior et al. (2007), a alimentação
dos bovinos de leite compõe um ponto chave no sucesso da exploração
leiteira, haja vista que os custos com a nutrição dos animais
correspondem com mais da metade do total na produção, exercendo
grande influência sobre a rentabilidade do processo produtivo.
Quando o produtor toma a decisão de produzir leite orgânico, é
fundamental que se busque informações com relação às normas
vigentes para produção e formas de certificação. Bem como orientações
sobre venda e agregação de valor aos produtos, para garantir o sucesso
da atividade. Com essa iniciativa, a família será a primeira beneficiada
obtendo um produto para subsistência de boa qualidade e isento de
contaminantes, além de beneficiar o próprio rebanho com as alterações
no manejo, maior qualidade e diversidade na alimentação e questões
fitossanitárias.
59
Para garantir que o sistema funcione adequadamente, é
fundamental que os animais recebam uma alimentação adequada às
suas necessidades, para a criação de bovinos leiteiros os gastos com a
alimentação correspondem com mais da metade dos custos, sendo este
o ponto chave no sucesso da exploração leiteira. Para isso, além de
proporcionar aos animais, um pasto saudável é importante que seja
também disponibilizado algum suplemento alimentar nutritivo e que
esteja de acordo com as normas previstas na legislação orgânica.
Produção de Ração Orgânica para Bovinos de Leite
No mercado agropecuário existem diferentes concentrados
para a alimentação de ruminantes, como bovinos de leite. Para os
mesmos, complementar a alimentação com dietas balanceadas e
especiais reflete na quantidade e qualidade do produto final – leite –
interferindo diretamente na renda do produtor. Diferentemente, para a
produção orgânica, há uma grande dificuldade em encontrar
suplementos ou rações para essa finalidade. Neste caso, os ingredientes
devem ser provenientes de cultivos orgânicos e que aleguem a origem
através do selo, com a segurança da isenção de toxinas, hormônios, uso
de aditivos estimulantes sintéticos, promotores de crescimento, uréia,
restos de abatedouros, entre outros descritos na Instrução Normativa
n.o 64 de 18 de dezembro de 2008.
Entende-se que a ração é um alimento concentrado e
balanceado para uma atividade especial, pode ser estocado e utilizado
conforme a necessidade e exprime maior segurança à atividade,
eliminando os riscos de períodos com estiagem ou adversidades
climáticas. Buscando uma metodologia para a produção da ração no
local, nas propriedades, foi realizado um estudo, a fim de gerar
conhecimento aos produtores e incentivar o segmento de produção
60
leiteira orgânica. O trabalho buscou desenvolver a formulação
necessária para atender as necessidades dos animais, realizando testes
e utilizando ingredientes adequados que possam ser obtidos na
propriedade ou que sejam fáceis de ser encontrados.
O trabalho com ração orgânica para bovinos de leite teve seu
início no dia 23 de fevereiro de 2010 e finalizada no dia 16 de março de
2010, realizando testes aplicados em conjunto aos produtores rurais,
utilizando da propriedade rural como um amplo ambiente de pesquisa e
promovendo a interação entre sua aplicabilidade para o campo.
Para a realização do trabalho, foram utilizados animais mestiços
das raças Holandesa e Jersey, com peso médio de 389 Kg. Os animais
tinham acesso ao pasto e como complemento alimentar, recebiam a
ração farelada orgânica durante a ordenha ou de acordo com a
necessidade do animal.
Os ingredientes utilizados para a formulação encontra-se na
tabela 1. Foram utilizados compostos de matérias primas como: milho e
farelo de soja orgânicos, fosfato bicálcico, uréia, sal, calcário e de
suplemento mineral e vitamínico adequado a espécie (que não
contenham substâncias restritas ou proibidas para a produção
orgânica). Neste caso, houve um equívoco no momento da formulação
da ração, fazendo uso da substância uréia que não é permitida para
esse sistema de criação, porém o erro só foi verificado após a condução
do experimento.
A formulação correta, proposta para a alimentação de bovinos
de leite orgânicos encontra-se na tabela 2. Sua composição é adequada
a esses animais, sendo permitido para o manejo animal orgânico,
porém sugere-se que seja feito maiores estudos para comprovação
científica de sua eficácia.
61
Tabela 1. Composição percentual e formulação da ração utilizada para
experimento (Não permitida para uso em sistemas orgânicos).
Ingredientes %
Milho 71,22 Farelo de soja 24,44 Fosfato bicálcico 1,59
Uréia 1,00 Sal comum 0,77 Calcário calcítico 0,77
Suplemento mineral e vitamínico 0,20
Nutrientes
Umidade (%) 8,19 Proteína bruta (%) 20,18
Matéria mineral (%) 5,20
Tabela 2. Proposta de formulação de ração orgânica para bovinos de
leite.
Ingredientes %
Milho 63,67
Farelo de soja 33,00
Fosfato bicálcico 1,59
Calcário calcítico 0,77
Suplemento mineral e vitamínico 0,20
Sal comum 0,77
As rações podem ser processadas de forma farelada ou
peletizada (péletes), porém para o processo em péletes é necessário o
62
aporte de equipamentos mais sofisticados e específicos. Inicialmente,
os alimentos milho e farelo de soja, devem ser desintegrados em
moinho com peneiras de 2 mm, adicionando posteriormente os demais
ingredientes e misturando de forma homogênea.
Tabela 3. Produção e composição química do leite
Parâmetros Orgânica
Produção diária (kg) 14,44±2,59 Gordura 0,64 Proteína 3,27 Lactose 4,45 Sólidos 9,52 CCS (x1000/ml) 24,00
A ração desenvolvida nesse trabalho, composta na tabela 1,
demonstrou bom índice produtivo atingindo 14,44 kg de leite por dia.
Esta produção superou a produção quando comparados com os índices
da alimentação com ração comercial. Os teores de gordura, proteína,
lactose, sólidos e contagem de células somáticas obtiveram bons níveis.
Portanto, a alimentação de bovinos de leite com essa formulação, pode
ser realizada sem comprometer a produção diária e a composição
química do leite. Porém esta formulação (tabela 1) não poderá ser
utilizada para a alimentação dos animais devido ao uso de uréia em sua
composição, sendo sugerido a formulação da tabela 2 para os sistemas
orgânicos, embora ainda sem comprovação por meio de experimentos.
A contagem de células somáticas é um mecanismo muito
eficiente para diagnosticar a incidência de mastite e a presença de
63
processos inflamatórios nas mamas dos rebanhos leiteiros. A mastite é
considerada a doença que mais onera a produção de leite, acarretando
graves prejuízos econômicos aos produtores e à indústria leiteira.
Figura 1.
Figura 2.
64
Figura 3.
Figura 4.
O desenvolvimento de técnicas de criação de animais no
sistema orgânico pode gerar um aumento na demanda por alimentos
orgânicos. Alguns produtos orgânicos apresentam uma agregação
financeira que varia de 30 a 40% com relação a produtos convencionais.
Desde modo, pode gerar uma melhor renda, aos pequenos produtores
rurais, especialmente na cadeia de bovinocultura leiteira, com grande
abrangência regional e muito adotada por esses agricultores.
65
Dados sobre a produção de leite orgânico são escassos,
principalmente quando alimentados ingredientes certificados orgânicos
ou rações orgânicas. Assim sendo, mais pesquisas são necessárias para
comprovar a eficiência desta alimentação e principalmente para o
fortalecimento da produção orgânica de origem animal.
A melhor conclusão que podemos perceber nesta pesquisa é
que a alimentação de bovinos de leite com concentrado orgânico ou
ração orgânica pode ser realizada sem comprometer a produção diária
e a composição química do leite.
Referências Bibliográficas
AROEIRA, L. J., FERNANDES, E.N. Produção orgânica de leite como
alternativa para a produção familiar. 2002. Disponível em:
<http://www.planetaorganico.com.br/TrabAroeira.htm>. Acesso em: 12
de janeiro de 2011.
BUMBIERIS-JUNIOR, V.H., JOBIM, C.C., SILVA, D.C., ZAMBOM, M.A.,
ARRUDA, D.S.R., ARTIBANO, V. Produção e qualidade do leite de vacas
da raça Holandesa alimentadas com silagens de grama estrela
(Cynodon nlemfuensis Vanderyst). Acta Scientiarum Animal Scienc.
Maringá, v. 29, n. 1, p. 7178, 2007.
DÜRR, J.W. Organização da cadeia produtiva para a qualidade do leite.
Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. 2005. Disponível em: http://
www.cbql.com.br, acesso em 15 de março de 2010.
FONSECA, M.F.A.C. Cenário da produção e da comercialização dos
alimentos orgânico. Worshop sobre produção orgânica de leite.
Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, 2000.
66
ARCO. Produtos orgânicos: Naturalmente Rentáveis. Revista Arco, n.1,
p. 8-10.2001.
67
Capítulo 7
Produção Orgânica de Peixes
Dacley Hertes Neu1
Juliana Cristina Veit2
Arcangelo Augusto Signor3
A aquicultura orgânica difere da convencional, pois prima pela
produção em harmonia com o meio ambiente, utilizando práticas que
procuram se assemelhar às condições naturais dos organismos. Há,
porém, muitas questões que devem ser esclarecidas para que se
alcance uma eficiência produtiva, caso da alimentação, do manejo, do
bem estar animal e do controle do efluente produzido.
No Brasil as normas estabelecidas através de padrões para o
cultivo de peixes tropicais orgânicos são pouco difundidas e com pouca
expressão de produção. Por ainda não ter definidos os critérios para
produção de peixes e organismos aquáticos para produção orgânica,
busca-se orientações através das instituições de acreditação. Uma das
1 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
2 Nutricionista, Mestrando em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
3 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
68
certificadoras desta atividade no Brasil é a certificadora Instituto de
Mercado Ecológico - IMO Control (BOSCOLO et al. 2010).
Segundo a IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de
Agricultura Orgânica) uma definição adequada para agricultura orgânica
seria de “um sistema produtivo que sustenta a saúde dos solos,
ecossistemas e pessoas. Ele se baseia em processos ecológicos,
biodiversidade e ciclos adaptados as condições locais ao invés de utilizar
insumos que causem efeitos adversos. A agricultura orgânica combina
tradição, inovação e ciência para beneficiar o meio ambiente
compartilhado e promover relações justas e boa qualidade de vida para
todos envolvidos”. Na mesma linha de raciocínio funciona a aquicultura
orgânica (LIMA, 2009).
Atualmente o cultivo de peixes tem se destacado no cenário da
produção nacional de carnes para a alimentação humana. Um dos
principais sistemas de produção responsável por este aumento
expressivo na produção é o sistema de criação intensivo em tanques-
rede.
Este sistema permite a produção em ambientes existentes e
inexplorado ate o surgimento deste modelo de produção, que é os
grandes reservatórios de hidrelétricas, açudes, lagos e lagoas,
permitindo o aumento da produção. A produção tem alcançado
recordes nacionais e vem apresentando grande crescimento, neste
sentido o Brasil apresenta um enorme potencial hídrico o que coloca
como um dos grandes produtores mundiais, além da produção e
insumos para as formulações de rações para estes animais.
A piscicultura orgânica é a criação de peixes com alimentos
naturais, por exemplo: plâncton, nécton, bentos ou vegetais, ou com
ração orgânica, utilizando preferencialmente alevinos ou pós-larvas de
cultivos orgânicos. Esse tipo de produção deve conservar o ambiente e
69
proteger os consumidores, proibindo-se o uso de terapêuticos
sintéticos, produtos químicos e organismos geneticamente modificados.
(MOURA E MELLO; AMBROSANO; 2007).
Entretanto, a maior dificuldade para a expansão do setor
traduz-se na obtenção de uma ração orgânica em escala comercial. É
importante lembrar também que a matéria-prima orgânica tem sua
produção muito limitada e acarreta um custo maior que a convencional,
elevando o valor final das dietas comerciais e, consequentemente, dos
organismos produzidos (MOURA E MELLO; AMBROSANO. 2007).
Produção de Ração Orgânica para Pescado
Para a produção de peixes orgânicos é necessário a formulação
de rações com ingredientes orgânicos. As rações utilizadas na produção
de peixes devem ser peletizada ou extrusada, dependendo da espécie e
de acordo com o hábito alimentar do peixe, principalmente na fase de
criação. Os ingredientes devem ser moídos em moinho tipo martelo,
posteriormente adiciona-se o suplemento mineral e vitamínico
específico para a espécie (que não contenha substâncias restritas ou
não permitidas para os sistemas orgânicos) e sal. Posteriormente esta
ração farelada deve ser processada na forma peletizada ou extrusada,
dependendo das possibilidades de cada produtor.
70
Tabela 1 - Ração formulada com ingredientes certificados orgânicos.
Ingredientes %
Farelo de soja orgânico 35,37
Milho orgânico 20
Trigo integral orgânico 18,63
Farinha de tilápias 25
Suplemento mineral e vitamínico 0,70
Sal comum 0,30
Total 100,00
Nutrientes
Energia digestível (kcal/kg) 3200
Proteína bruta (%) 36
Fósforo total (%) 0,90
Gordura (%) 5,31
Os peixes devem ser alimentados no mínimo duas vezes ao dia,
preferencialmente no horário da manhã e outra no período da tarde. O
fornecimento da ração deve ser controlado, pois fornecer rações em
excesso pode provocar aumento do índice de conversão e diminuição
do lucro. A ração é o componente mais caro do manejo e a margem
deve corresponder entre 60 a 70% do custo total de produção.
O acompanhamento da qualidade de água, através de kits
colorimétricos ou equipamentos portáteis e o crescimento dos peixes,
através do peso total dos animais e do consumo de ração possibilitando
o cálculo de conversão alimentar, devem ser acompanhado
periodicamente para a verificação da qualidade dos animais e da
eficiência do sistema de produção.
71
Os resultados observados em testes comparando a eficiência da
ração orgânica mostram que esse sistema é viável ao produtor, uma vez
que apresentam índices semelhantes aos observados para a produção
convencional. Estes dados podem estar relacionados à qualidade
nutricional do alimento orgânico, podendo ser superior comparado ao
convencional. Porém, esse sistema ainda é um campo pouco explorado
pelas pesquisas científicas que, apesar de não haver uma opinião
comum com relação à evidência da qualidade nutricional superior dos
alimentos orgânicos, se mostra importante para a qualidade de vida do
produtor e consumidor.
Figura 1.Tanques-rede instalados onde foi realizado o experimento.
72
Figura 2.Detalhe do tanque-rede para a condução do experimento.
Observe na tabela abaixo alguns dados obtidos em testes com
ração orgânica.
Tabela 2. Desempenho produtivo dos jundiás alimentados com ração
orgânica.
Variáveis Valor
Peso final (g) 52,81 Ganho de peso (g) 37,8 Conversão alimentar 0,93 Sobrevivência (%) 98,33
Rendimento corporal
Peixe eviscerado (%) 88,99 Gordura visceral (%) 1,84 Índice hepatossomatico (%) 2,44
Composição química
Matéria seca (%) 25,27 Proteína bruta (%) 15,46 Matéria mineral (%) 2,94
73
Através da utilização da tabela de significância do teste
triangular, foi observado que o número de respostas corretas para
estabelecer uma diferença significativa é de treze. Porém para os filés
fritos apenas cinco pessoas identificaram a amostra diferente e para os
filés defumados onze pessoas identificaram a amostra diferente,
portanto, não houve diferença significativa (P>0,05) entre as amostras,
o que torna esse resultado bastante relevante, pois o cultivo de peixes
no sistema orgânico está de acordo com os princípios da segurança
alimentar e nutricional buscando a sustentabilidade econômica e
ambiental.
A substituição da alimentação comercial pela ração orgânica
pode ser realizada sem comprometimento no desempenho zootécnico,
rendimento, composição, sanidade, saúde e análise sensorial dos peixes
cultivados, desde que atribuído a forma correta de alimentação e
formulação da ração para os animais.
Referências Bibliográficas
BOSCOLO, W.R, SIGNOR, A.A., COLDEBELLA, A., BUENO, G.W., FEIDEN,
A. Rações orgânicas suplementadas com farinha de resíduos de peixe
para juvenis da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Ciência
Agronômica, v. 41, n. 4, p. 686-692, out-dez, 2010.
LIMA, J.S. Aquicultura Orgânica e Modernidade. Diário de Bordo, Diário
de Bordo. Informativo do PET-Pesca – UFRPE, Edição Especial, n. 39,
Ano XV, p.9. 2009.
MOURA E MELLO, M.A.M., AMBROSANO, E.J. Piscicultura orgânica.
2007. Disponivel em:
<ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/piscicultura_organica.pdf> . Acesso em:
12 de janeiro de 2011.
74
75
Capítulo 8
Produção Orgânica de Aves de Corte
Arlindo Fabrício Corrêia1
Douglas Jardelino de Camargo2
Arcangelo Augusto Signor 3
A avicultura no Brasil foi uma das atividades que mais se
desenvolveu nas últimas décadas, caracterizando-se atualmente pelo
confinamento das aves em ambiente fechado e total controle sobre o
processo produtivo. Mas os altos custos deste modelo de produção,
baseado em equipamentos e insumos caros, geraram diversos
problemas técnicos e econômicos, que dificultaram a produção e
reduzem a margem de lucro do produtor, causando impactos
ambientais (PICOLI, 2004).
Em relação à avicultura orgânica sob a ótica do consumidor, o
que se vislumbra são alimentos mais naturais e livres de transgenia,
resíduos de antibióticos, dioxinas e outros, prejudiciais à sua saúde
(VALLE, 2003). No sistema orgânico de produção de aves busca-se
1 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Energia na Agricultura.
2 Engenheiro de Pesca, Mestrando em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
3 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
76
produzir alimentos saudáveis, de elevado valores nutricionais e isentos
de contaminantes, preservando a biodiversidade em que se insere o
sistema produtivo. (ARENALES, 2003).
Também é importante introduzir um novo conceito, ainda difícil
de ser explicado sobre exemplos concretos, pois não atingimos o
estágio de detectar aspectos tão sutis, que é a chamada energia
espiritual ou força vital do alimento. Este conceito, proposto por Mokiti
Okada (Japão, 1882 - 1955), filósofo e fundador da Agricultura Natural,
está baseado numa doutrina espiritualista, segundo a qual, o homem é
um ser dual formado por espírito e matéria. Para uma nutrição e bem-
estar verdadeiros, ele necessita de alimentos puros, obtidos através de
processos de produção que estejam de acordo com as leis da natureza.
Portanto, esses alimentos carregam uma elevada energia vital, para
suprir e manter a saúde do homem, tornando-o assim um ser capaz de
construir uma sociedade sadia, justa e equilibrada (DEMATTÊ FILHO e
MENDES, 2001).
O processo de alimentação de frangos de corte orgânicos é
estabelecido a partir de diferentes critérios e normas da legislação
nacional. Para a utilização de rações na criação orgânica, como
suplementação da alimentação natural dos animais, os ingredientes
devem ser de origem orgânica e de forma balanceada e equilibrada a
fim de satisfazer a necessidade nutricional destes. Há ainda, a
possibilidade da inserção de ingredientes não orgânicos quando não
houver disponibilidade, até um limite de 20% (com base na matéria
seca). O desenvolvimento de um produto para a alimentação de frangos
de corte é o foco desse trabalho, construindo uma alternativa que
possa ser facilmente adotada e com resultados benéficos aos
produtores, consumidores e comerciantes de produtos orgânicos, além
de garantir segurança e qualidade aos alimentos com a valorização justa
dos mesmos.
77
O objetivo do estudo de processamento de rações orgânicas
para aves de corte é o desenvolvimento de um produto para a
alimentação desses animais, como uma alternativa que possa ser
facilmente adotada e que mostre resultados benéficos aos produtores,
consumidores e comerciantes de produtos orgânicos, garantindo
segurança e qualidade aos alimentos com a valorização justa dos
mesmos.
Produção de Ração Orgânica para Aves de Corte
Para auxiliar o desenvolvimento do setor de aves de corte,
buscou-se uma alternativa que seja viável ao preços mais competitivos.
Buscar alternativas viáveis de fornecimento de alimento para as aves é
fundamental para esse desenvolvimento. A ração orgânica com 20% de
proteína bruta atende as exigências nutricionais dos frangos em
crescimento.
Os ingredientes utilizados, como milho e farelo de soja, devem
ser desintegrados em moinho com peneiras de 2 mm e posteriormente
adicionados os outros ingredientes, homogeneizando a mistura em
seguida.
O armazenamento deve ser em local seco, arejado e limpo,
evitando assim problemas com mofos, fungos, roedores e pássaros
indesejáveis. Por conta desta ração não conter antifúngicos e
antioxidantes não se deve armazenar as rações por períodos
prolongados (recomenda-se em torno de 60 dias). Na tabela 1 é
descrito a formulação e a quantidade total de nutrientes na mistura.
Durante os testes, o desempenho dos frangos foi medido por
meio do registro do peso inicial, peso final, consumo de ração além da
conversão alimentar. Com noventa dias os animais apresentaram peso
médio de abate.
78
Tabela 1. Ração orgânica para aves em crescimento
Ingredientes %
Milho orgânico 64,833
Farelo de soja orgânico 31,600 Calcário calcítico 1,300 Fosfato bicálcico 1,600 Sal comum 0,433 Suplemento mineral e vitamínico
0,200
Total 100
Nutrientes
Energia metabolizável 3070
Proteína bruta (%) 20,00
Cálcio (%) 1,50 Fósforo disponível (%) 0,50
Tabela 2. Desempenho produtivo de aves
Parâmetros Orgânicos
Peso inicial (g) 46,40
Peso final (kg) 2,18
Ganho de peso (kg) 2,14
Consumo de ração (kg) 7,01
Conversão alimentar 3,32
Sobrevivência (%) 70,00
79
Figura 1. Animais utilizados para o experimento em “área de
vadiagem”.
Figura 2. Animais utilizados para o experimento.
80
Figura 3. Animais utilizados para o experimento.
Figura 4. Animais utilizados para o experimento.
Os resultados das aves alimentadas com rações orgânicas não
apresentaram um desempenho superior comparado às aves
alimentadas com ração convencional, a base de suplementos
comerciais. Este dado reflete-se principalmente devido a falta de
aminoácidos nas rações orgânicas, ingrediente muito requerido pelas
81
aves em crescimento e que integra as diferentes rações comerciais.
Porém, a diferença de 152 gramas no ganho de peso e maior índice de
conversão alimentar não significou perda produtiva ao produtor.
Na fase inicial pode ocorrer mortalidade dos frangos
alimentados com rações convencionais, porém similar. Os dados foram
satisfatórios quanto às qualidades visuais tanto dos orgânicas. Este fato
ocorreu nos testes, pois os animais em seus primeiros dias de vida
receberam uma ração comercial que contêm palatabilizantes e por isso
é mais atrativa aos mesmos. Quando a alimentação foi alterada os
animais começaram a morrer evitando se alimentar. Em outro caso,
quando os animais foram alimentadas desde o primeiro dia de vida com
ração orgânica não foi registrado mortalidade. Por isso recomenda-se
desde o início a utilização da alimentação orgânica para animais que
futuramente serão comercializados orgânicos.
O uso de ração orgânica como principal fonte de alimentação a
frangos de corte não superou a ração comercial, mas obteve
desempenho similar ao produto comercial. Há necessidade de conhecer
melhor os atrativos da ração comercial e buscar alternativas disponíveis
para melhorar os resultados da ração orgânica. Contudo, pode ser
utilizada normalmente pois gerará bons resultados, desde que sejam
adaptados às condições do sistema a partir do seu nascimento,
evitando mudanças na alimentação para não gerar estresse.
Referências Bibliográficas
ARENALES, M.C. Produção orgânica de aves de postura e corte.
Agroecologia hoje, ano III, n. 18, p. 11-13, Janeiro/Fevereiro 2003.
DEMATTÊ-FILHO, L.C., MENDES, C.M.I. Viabilidade técnica e econômica
na criação alternativa de frangos. In: Conferência APINCO 2001 de
Ciência e Tecnologia Avícolas, 2., 2001, Campinas. Anais. Campinas:
FACTA, 2001. p.255-266.
82
PICOLI, K. P. Avaliação de sistemas de produção de frangos de corte no
pasto. 2004. 75 f. Dissertação de Mestrado em Agroecossistemas.
Universidade Federal de Santa Catarina – Centro de Ciências Agrárias,
Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas. Florianópolis. 2004.
VALLE, J.C.V. O mercado para frango orgânico. Agroecologia hoje, ano
III, n. 18, p. 25, Janeiro/Fevereiro 2003.
83
Capítulo 9
Produção Orgânica para Aves de Postura
Ana Paula Zibetti
1
Juliana Alice Lösch2
Dacley Hertes Neu3
Uns as chamam de “pé duro”, outros de “pé sujo dos terreiros”.
Enquanto no Sudeste do país são conhecidas como “colonial”, no
Nordeste recebem o nome de “capoeira”. Não importa os nomes ou
apelidos. As galinhas caipiras, resultantes do cruzamento aleatório de
várias raças, vêm atraindo os produtores por serem rústicas e
resistentes à doenças. O baixo custo, a alta rentabilidade e a qualidade
da carne e dos ovos são vantagens que favorecem a criação das tão
conhecidas galinhas caipiras, coloniais ou “pé-duro”. O gasto, em
relação aos investimentos, é mínimo, as instalações, são de fácil
construção e podem ser feitas com materiais encontrados na
propriedade como pedaços de bambu ou madeiramento velho, para a
construção de um abrigo onde esses animais possam se proteger contra
predadores, chuva e vento forte. (REVISTA RURAL, 2006).
1 Engenheira Agrônoma, Especialista em Agricultura Biodinâmica.
2 Engenheira de Pesca, Mestranda em Zootecnia.
3 Engenheiro de Pesca, Doutorando em Zootecnia.
84
Atualmente existem nichos de mercado dispostos a pagar mais
caro por ovos orgânicos e caipiras. A tendência é que ocorra uma
diminuição no preço do ovo orgânico, o mais caro dos três, cujo preço é
de três a cinco vezes maiores que o tradicional. O ovo caipira ocupa a
segunda posição no quesito preço. “Para o produtor, é o ovo mais
lucrativo dos três. Tem um preço médio que é dobro do convencional,
porém sua produção em larga escala é mais difícil. Uma granja do
sistema tradicional de médio porte tem cerca de 200 mil aves. Já uma
do método caipira tem cerca de 6 mil animais. No orgânico, são criadas,
em média, cerca de 3 mil poedeiras (RTS, 2009).
A utilização de rações orgânicas para poedeiras apresenta
inclusão de ingredientes orgânicos, suplementando a alimentação para
atender a exigências destes animais em produção. As rações devem ser
elaboradas a base alimentos como milho e farelo de soja obtidos
diretamente da propriedade ou adquiridos de produção ou empresas
certificadas.
Produção da Ração Orgânica para Aves de Postura
As rações apresentam nutrientes semelhantes às rações
comerciais disponíveis no mercado, assim sendo, o produtor que deverá
elaborá-las de acordo com as normas a fim de certificá-la como
orgânica. Os ingredientes utilizados (principalmente milho e farelo de
soja) devem ser desintegrados em moinho com peneiras de 2 a 3 mm,
adicionando posteriormente os demais ingredientes e
homogeneizando. O armazenamento deve ser em local seco, arejado,
limpo evitando assim problemas com mofos, fungos e com roedores.
Como a ração não contém antifúngicos e antioxidantes não se deve
armazená-la por períodos prolongados. Na tabela 1 encontra-se
descrita a formulação desse suplemento.
Veja na tabela 1 os ingredientes e quantidades utilizadas.
85
Tabela 1. Rações orgânicas para aves de postura
Ingredientes %
Milho orgânico 55,508
Farelo de soja orgânico 32,476
Calcário calcítico 9,149
Fosfato bicálcico 1,490
Sal comum 0,500
Óleo de soja 0,478
Suplemento mineral e vitamínico 0,400
Total 100
Figura 1. Animais utilizados para o experimento.
86
Figura 2. Animais utilizados para o experimento.
Em testes realizados foi verificado que as aves alimentadas com
rações orgânicas proporcionaram maior produção de ovos comparados
às aves alimentadas com ração convencional. Foi observado também
que os ovos oriundos da produção orgânica apresentaram maior peso
médio, porém não apresentaram diferença no tamanho.
Um estudo realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da Universidade de São Paulo mostrou que os ovos de galinhas criadas
soltas possuem cerca de quatro vezes mais vitamina "A" que os ovos de
granja (GUIA RURAL ,1991). Além dessa vantagem, o ovo de galinha
caipira, criada em sistema orgânico, não contém resíduos de
antibióticos e de outros produtos químicos, pois não recebem rações
comerciais. Já as galinhas de granja, tanto as criadas em galpões como
em gaiolas, em sua maioria, são alimentadas com rações comerciais que
apresentam antibióticos e produtos químicos.
Quanto ao conteúdo do ovo, a análise realizada pela Faculdade
de Ciências Farmacêuticas, procurou determinar os teores de
carotenóides totais e de retinol. Os Carotenóides Totais são as
substâncias (pigmentos) que dão a cor avermelhada à gema do ovo.
87
Entre eles, o que existe em maior quantidade na gema é o
betacaroteno, uma pró-vitamina A, isto é, uma substância que se
transforma em vitamina A depois de absorvida pelo organismo humano
ou animal.
O Retinol é outro nome dado a vitamina A, essencial para
regeneração da pele e das mucosas. Na análise da USP, o ovo caipira
continha três vezes mais retinol que o ovo de granja. Além disso, os
carotenóides, também se transformam em vitamina A no organismo
humano. Assim, a quantidade final dessa vitamina no ovo caipira, nesta
pesquisa, ficou em torno de quatro vezes a existente no ovo de granja.
Referências Bibliográficas
GUIA RURAL. Manual de Agricultura Orgânica. São Paulo: Editora Abril,
1991. p. 53-55.
REVISTA RURAL. Galinha caipira - A Verdadeira galinha dos ovos de
ouro. 2006. Disponível em:
<http://www.revistarural.com.br/edicoes/2006/Artigos/rev101_galinha
.htm>. Acesso em: 10 de janeiro de 2011.
RTS. Tecnologia ajuda na produção de ovos orgânicos. 2009. Disponível
em:<http://www.rts.org.br/noticias/destaque-2/tecnologia-ajuda-na-
producao-de-ovos-organicos>. Acesso em: 10 de janeiro de 2011.
88
89
Capítulo 10
Aspectos Econômicos da Produção Orgânica de Aves
Josemar Raimundo da Silva1
Jaqueline Marcela Azambuja de Freitas2
Arlindo Fabrício Corrêia3
Devido à baixa capacidade de investimento das propriedades da
agricultura familiar no Brasil, no tocante às garantias para acesso ao
crédito oficial, e pelo fato de não haver uma política de subsídios à
produção familiar, uma parcela dos produtores buscam melhorar a
tecnificação das suas atividades. Estes processos levaram a um
destaque das propriedades mais organizadas, as quais obtiveram
produção em escala econômica, que proporciona condições para mais
investimentos na qualidade dos seus produtos para o mercado.
Diante deste fenômeno, as modalidades de produção
claramente se definiram em basicamente três tipos, a saber: integrado,
cooperativo e independente. Uma das formas do produtor buscar
agregar valor ao produto, diferenciando e buscando um maior apelo de
1 Economista, Mestre em Engenharia de Produção.
2 Engenheira de Pesca, Mestranda em Zootecnia.
3 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Energia na Agricultura.
90
mercado, em face da busca por parte do consumidor de produtos mais
saudáveis é a produção de alimentos orgânicos, tanto vegetais como
animais.
Em face disso, uma das formas de inserir esta modalidade de
produtos na dieta do consumidor, com um bom potencial de mercado,
é a utilização dos grãos para a produção animal orgânica, sob a
confiança por parte do consumidor onde os animais alimentados com
alimentos orgânicos estão livres de antibióticos, anabolizantes e outros
produtos que podem agregar resíduos à carne e subprodutos.
Outro fator importante que repercute de forma acentuada na
demanda por alimentos orgânicos é o preço de mercado praticado.
Estes preços, caso sejam muito elevados, podem gerar uma barreira de
acesso a tais produtos, dependendo da classe e renda dos
consumidores.
Assim, com o objetivo de proporcionar aos produtores de
orgânicos uma opção de agregar valor aos grãos produzidos nas suas
propriedades, ou então possibilitar a agregação de valor à sua produção
animal, que tem como gargalo da produção a formulação de rações e
sua disponibilização ao mercado com garantia de eficiência, foi
desenvolvido o projeto intitulado “Sistema Integrado de Produção
Rações Orgânicas para Utilização na Alimentação Animal”, visando
avaliar o desempenho de rações para diferentes espécies animais em
sistemas de produção familiar.
O projeto teve por objetivo avaliar rações orgânicas que
atendam as exigências nutricionais de peixes, aves, suínos e bovinos de
leite a partir de insumos orgânicos certificados, para contribuir com a
difusão da atividade de produção animal no sistema orgânico nas
regiões oeste e sudoeste do Paraná.
91
O projeto foi desenvolvido pelo Instituto Água Viva, utilizando
ingredientes orgânicos cedidos pela empresa Cataratas do Iguaçu
Produtos Orgânicos Ltda - Gebana Brasil, e com apoio tecnológico da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, envolvendo a
instalação de unidades demonstrativas, experimentos junto a
produtores familiares com as espécies animais, e a realização de visitas
técnicas, organização de seminários e cursos de curta duração sobre a
produção de rações animais orgânicas para difusão dos resultados aos
agricultores familiares.
O trabalho beneficiou os pequenos produtores rurais das
regiões oeste e sudoeste do Paraná, que já produzem grãos orgânicos e
assim poderão agregar maior valor a seus produtos através da produção
de animais com certificação de produto orgânico, além de beneficiar
outros clientes da Gebana do Brasil em demais estados e países.
Os resultados demonstram que é possível produzir rações
orgânicas para peixes, aves e bovinos de leite com bom desempenho
zootécnico. No entanto, para os suínos, observou-se que os animais
alimentados com rações orgânicas apresentaram perdas no
crescimento quando comparado à ração comercial, podendo ser
justificadas pela ausência do uso de promotores de crescimentos,
palatabilizantes e aminoácidos sintéticos utilizados nas rações
comerciais convencionais e que não foram adicionados nas rações
orgânicas, por não serem permitidos pela legislação.
Neste sentido, as pesquisas sobre nutrição destes animais no
sistema orgânico carecem de mais informações a fim de desenvolver
rações que atendam as exigências dos animais sem prejudicar a
produtividade necessária.
Em específico, para analisar a questão econômica, foi realizado
o levantamento de dados para avaliar se dentro de um determinado
92
preço de mercado e das condições de produção haveria lucratividade
em curto-prazo para produção de aves, suínos e peixes.
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Peso Inicial kg 1 1 1
Período de Criação dias 42 42 42
Ganho de Peso Médio kg/dia 0,04313 0,05189 0,05190
Ganho de Peso Total kg 1,81 2,18 2,18
Consumo de Ração kg 7,48 7,91 7,04
Conversão Alimentarkg ração/
kg carne4,13 3,63 3,23
Taxa de Sobrevivência % 90,00 85,00 81,00
Rendimento da Carcaça % 69,77 74,29 74,27
Peso Final (In Natura) kg 2,81 3,18 3,18
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Custo da Ração R$/kg 0,78 0,67 0,90
Custo da Ração Consumida R$/kg 3,22 2,43 2,91
Custo Unitário Pintainho R$ 2,00 2,00 2,00
Custo Unitário Frango R$ 5,22 4,43 4,91
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Peso Final Vivo kg 2,81 3,18 3,18
Preço de Venda R$/kg 4,50 4,50 5,85
Receita Unitária/Frango R$ 12,65 14,31 18,60
Lucro Unitário R$ 7,43 9,88 13,70
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Peso Final Limpo (Carcaça) kg 1,96 2,36 2,36
Preço de Venda R$/kg 6,00 6,00 7,80
Receita Unitária/Frango R$/kg 11,77 14,17 18,42
Lucro Unitário R$/kg 6,55 9,74 13,51
Dados Levantados
Valores Calculados
Variáveis
Cu
sto
sR
ec
eit
a e
Lu
cro
(IN
NA
TU
RA
)
Rec
eit
a e
Lu
cro
(AB
AT
IDO
E L
lMP
O)
Dad
os
Zo
oté
cn
ico
s
Variáveis
Variáveis
Variáveis
93
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Peso Inicial kg 1 1 1
Período de Criação dias 42 42 42
Ganho de Peso Médio kg/dia 0,04313 0,05189 0,05190
Ganho de Peso Total kg 1,81 2,18 2,18
Consumo de Ração kg 7,48 7,91 7,04
Conversão Alimentarkg ração/
kg carne4,13 3,63 3,23
Taxa de Sobrevivência % 90,00 85,00 81,00
Rendimento da Carcaça % 69,77 74,29 74,27
Peso Final (In Natura) kg 2,81 3,18 3,18
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Custo da Ração R$/kg 0,78 0,67 0,90
Custo da Ração Consumida R$/kg 3,22 2,43 2,91
Custo Unitário Pintainho R$ 2,00 2,00 2,00
Custo Unitário Frango R$ 5,22 4,43 4,91
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Peso Final Vivo kg 2,81 3,18 3,18
Preço de Venda R$/kg 4,50 4,50 5,85
Receita Unitária/Frango R$ 12,65 14,31 18,60
Lucro Unitário R$ 7,43 9,88 13,70
Unidade Comercial Convencional Orgânico
Peso Final Limpo (Carcaça) kg 1,96 2,36 2,36
Preço de Venda R$/kg 6,00 6,00 7,80
Receita Unitária/Frango R$/kg 11,77 14,17 18,42
Lucro Unitário R$/kg 6,55 9,74 13,51
Dados Levantados
Valores Calculados
Variáveis
Cu
sto
sR
ec
eit
a e
Lu
cro
(IN
NA
TU
RA
)
Re
ce
ita
e L
uc
ro
(AB
AT
IDO
E L
lMP
O)
Da
do
s Z
oo
téc
nic
os
Variáveis
Variáveis
Variáveis
94
Referências Bibliográficas
FIGUEIREDO, A.M., SANTOS, P.A., SANTOLIN, A., REIS, B.S. Integração na criação de frangos de corte na microrregião de Viçosa – MG:
viabilidade econômica e análise de risco. RER, Rio de Janeiro, vol. 44,
nº 04, p. 713-730, out/dez 2006 – Impressa em dezembro 2006.
95
ANEXO I
Instrução Normativa n.o 64 – 18 de Dezembro de 2008
96
97
ASPECTOS RELEVANTES DA INSTRUÇÃO NORMATIVA n.o 64 de 18 de
Dezembro de 2008
O conteúdo apresentado no Anexo I deste livro faz menção à
alguns pontos importantes citados na IN em questão, a qual
regulamenta e estabelece normas técnicas para o Sistemas Orgânicos
de Produção Animal e Vegetal. Essas normas deverão ser seguidas por
qualquer pessoa física ou jurídica que seja responsável pelo processo de
conversão ou de produção orgânica em uma unidade de produção.
É importante ressaltar que as substâncias de que são tratadas
nesta IN, deverão ser utilizadas de acordo com o que estiver
estabelecido no plano de manejo orgânico de cada unidade de
produção e este deve ser previamente aprovado pelos órgãos
competentes de Avaliação da Conformidade Orgânica.
As instruções para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal,
dadas pela IN. 64 que estão descritas no Capítulo 3 e complementadas
no presente anexo, se referem apenas às espécies animais de Bovinos,
Bubalinos, Ovinos, Caprinos, Equinos, Suínos, Aves, Coelhos e Abelhas.
Os aspectos técnicos para Pesca e Aquicultura serão tratados a parte no
Anexo II deste livro através da Instrução Normativa n.o 28 de 08 de
Junho de 2011.
A seguir estão dispostos alguns itens importantes da IN tratada.
98
Tabela 1. ANEXO II - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS PARA USO
NA SANITIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA
PRODUÇÃO ANIMAL ORGÂNICA
Substância
Hipoclorito de Sódio
Peróxido de Hidrogênio
Cal e cal virgem
Ácido Fosfórico
Ácido Nítrico
Álcool Etílico
Ácido Peracético
Soda Cáustica
Extratos Vegetais
Microrganismos (Biorremediadores)
Sabões e Detergentes Neutros e Biodegradáveis
Sais Minerais Solúveis
Oxidantes Minerais
Iodo
99
Tabela 2. ANEXO III - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS NA
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ENFERMIDADES DOS ANIMAIS
ORGÂNICOS
Substância
Enzimas
Vitaminas
Aminoácidos
Própolis
Microrganismos
Preparados homeopáticos
Fitoterápicos
Extratos vegetais
Minerais
Veículos (proibido os sintéticos)
Sabões e detergentes neutros e biodegradáveis
100
Tabela 3. ANEXO IV - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS PARA A
ALIMENTAÇÃO DE ANIMAIS EM SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO
Substâncias Condições de uso
Resíduos de origem
vegetal
Melaço Utilizado como aglutinante nos alimentos
compostos
Farinha de algas Algas marinhas tem de ser lavadas a fim de
reduzir o teor de iodo
Pós e extratos de plantas
Extratos protéicos
vegetais
Leite, produtos e
subprodutos lácteos
Lactose em pó somente extraída por meio
de tratamento físico
Peixe, crustáceos e
moluscos, seus produtos
e subprodutos
Permitidas para animais de hábito onívoro.
Os produtos e subprodutos não podem ser
refinados
Sal marinho O produto não pode ser refinado
Vitaminas e pró-
vitaminas
Derivadas de matérias-primas existentes
naturalmente nos alimentos.
Quando de origem sintética, o produtor
deverá adotar estratégias que visem à
eliminação do seu uso num prazo máximo
de cinco anos a contar da data de
publicação desta Instrução Normativa.
101
Enzimas Desde que de origem natural
Microorganismos
Ácido fórmico
Ácido acético
Ácido láctico
Ácido propiônico
Para uso apenas para ensilagem
Sílica coloidal
Diatomita
Sepiolita
Bentonita
Argilas cauliníticas
Vermiculita
Perlita
Utilizados como agentes glutinantes,
antiaglomerantes e coagulantes (aditivos
tecnológicos)
Sulfato de sódio
Carbonato de sódio
Bicarbonato de sódio
Cloreto de sódio
Sal não refinado
Carbonato de cálcio
Lactato de cálcio
Gluconato de cálcio
Calcário calcítico
Fosfatos bicálcicos de
osso precipitados
Fosfato bicálcico
Permitidos desde que não contenham
resíduos contaminantes oriundos do
processo de fabricação
102
desfluorado
Fosfato
monocálcicodesfluorado
Magnésio anidro
Sulfato de magnésio
Cloreto de magnésio
Carbonato de magnésio
Carbonato ferroso
Sulfato ferroso mono-
hidratado
Óxido férrico
Iodato de cálcio anidro
Iodato de cálcio hexa-
hidratado
Iodeto de potássio
Sulfato de cobalto mono
ou heptahidratado
Carbonato básico de
cobalto monohidratado
Óxido cúprico
Carbonato básico de cobre
monohidratado
Sulfato de cobre penta-
hidratado
Carbonato manganoso
Permitidos desde que não contenham
resíduos contaminantes oriundos do
processo de fabricação
103
Óxido manganoso e óxido
mangânico
Sulfato manganoso mono
ou tetrahidratado
Carbonato de zinco
Óxido de zinco
Sulfato de zinco mono ou
heptahidratado
Molibdato de amônio
Molibdato de sódio
Selenato de sódio
Selenito de sódio
104
105
ANEXO II
Instrução Normativa n.o 28 – 08 de Junho de 2011
106
107
ASPECTOS RELEVANTES DA INSTRUÇÃO NORMATIVA n.o 28 de 08 de
Junho de 2011
O conteúdo apresentado no Anexo II deste livro faz menção a
alguns pontos importantes citados na IN em questão, a qual
regulamenta e estabelece normas técnicas para os Sistemas Orgânicos
de Produção Aquícola. Essas normas deverão ser seguidas por qualquer
pessoa física ou jurídica que seja responsável pelo processo de
conversão ou de produção orgânica em uma unidade de produção.
É importante ressaltar que as substâncias de que são tratadas
nesta IN, deverão ser utilizadas de acordo com o que estiver
estabelecido no plano de manejo orgânico de cada unidade de
produção e este deve ser previamente aprovado pelos órgãos
competentes de Avaliação da Conformidade Orgânica.
A seguir estão dispostos alguns itens importantes da IN tratada
108
Tabela 1. ANEXO I - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS NA
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ENFERMIDADES DOS ANIMAIS
ORGÂNICOS
Substância
Enzimas
Vitaminas
Aminoácidos
Própolis
Microrganismos
Preparados homeopáticos
Fitoterápicos
Extratos vegetais
Minerais
Veículos (proibido os sintéticos)
Sabões e detergentes neutros e biodegradáveis
109
Tabela 2 – ANEXO II - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS PARA
USO NA SANITIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
NA AQUICULTURA ORGÂNICA
Substância Uso
Ozônio
Na ausência de animais da aquicultura.
Agente oxidante e antimicrobiano de amplo
espectro, sendo usado principalmente para
o tratamento da água.
Cloreto de sódio
Na presença de animais da aquicultura.
Utilizado como tratamentos profiláticos e
para controle de parasitos, fungos e
bactérias.
Hipoclorito de sódio
Na ausência de animais da aquicultura.
Utilizado somente para desinfetar
utensílios/apetrechos de pesca.
Hipoclorito de cálcio
Na ausência de animais da aquicultura.
Utilizado como desinfetante para o
tratamento da água e higienização de
estruturas.
Álcool etílico Na ausência de animais da aquicultura.
Utilizado para desinfecção de utensílios.
Ácido húmico
Na ausência de animais da aquicultura.
Utilizado como um herbicida natural, em
grandes concentrações; em baixas
concentrações funciona como um
coadjuvante no processo de fertilização.
110
Ácidos peroxiacéticos
Na ausência de animais da aquicultura. Atua
contra um amplo espectro de bactérias e
microorganismos.
Iodóforos Na ausência de animais da aquicultura.
Antisséptico e desinfetante de materiais.
Sulfato tribásico de
cobre
Na ausência/presença de animais da
aquicultura. Utilizado como fungicida ou
fungistático.
Permanganato de
potássio
Na presença de animais da aquicultura.
Utilizado no controle de bactérias externas,
alguns protozoários e crustáceos parasitos e
fungos.
Ácidos peracéticos e
peroctanóico
Na ausência/presença de animais da
aquicultura. Elimina fungos, vírus e bactérias
em forma vegetativa e/ou esporulada.
Calcário (carbonato de
cálcio)
Na ausência/presença de animais da
aquicultura. Utilizado para corrigir o pH.
111
Tabela 3 – ANEXO III - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E PRODUTOS
AUTORIZADOS PARA USO EM FERTILIZAÇÃO E CORREÇÃO DO SOLO EM
SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO AQUÍCOLA
Substâncias e
Produtos
Restrições, descrição, requisitos de composição e
condições de uso
Condições Gerais
Condições adicionais
para as substâncias e
produtos obtidos de
sistemas de produção
não-orgânicos.
Composto
orgânico,
vermicomposto
e outros
resíduos
orgânicos de
origem vegetal e
animal
· Definição da
quantidade a ser
utilizada em função do
manejo e da fertilidade
do solo tendo como
referência os parâmetros
técnicos de
recomendações
regionais, de forma a
evitar possíveis impactos
ambientais.
· Desde que os limites
máximos de
contaminantes não
ultrapassem os
estabelecidos no Anexo
V;
· Permitido somente
com a autorização do
OAC ou da OCS.
Excrementos de
animais
· Proibido aplicação nas
partes aéreas
comestíveis quando
utilizado como adubação
de cobertura;
· Permitidos desde que
· Permitido somente
com a autorização do
OAC ou da OCS;
· Permitidos desde que
compostados e
bioestabilizados;
112
seu uso e manejo não
causem danos à saúde e
ao meio ambiente;
· Definição da
quantidade a ser
utilizada em função do
manejo e da fertilidade
do solo tendo como
referência os parâmetros
técnicos de
recomendações
regionais de forma a
evitar possíveis impactos
ambientais.
· O produto oriundo de
sistemas de criação com
o uso intensivo de
alimentos e produtos
veterinários proibidos
pela legislação de
orgânicos só será
permitido quando na
região não existir
alternativa disponível,
desde que os limites de
contaminantes não
ultrapassem os
estabelecidos no
Anexo V. O produtor
deverá adotar
estratégias que visem à
eliminação deste tipo de
insumo num prazo
máximo de cinco anos a
partir da publicação
desta Instrução
Normativa
Interministerial.
Adubos Verdes
Biofertilizantes
obtidos de
· Permitidos desde que
seu uso e manejo não
· Permitidos desde que a
matériaprima não
113
componentes de
origem vegetal
causem danos à saúde e
ao meio ambiente.
contenha produtos não
permitidos pela
regulamentação da
agricultura orgânica.
· Permitido somente
com a autorização do
OAC ou da OCS.
Biofertilizantes
obtidos de
componentes de
origem animal
· Permitidos desde que
seu uso e manejo não
causem danos à saúde e
ao meio ambiente;
· Permitidos desde que
bioestabilizados;
· O uso em partes
comestíveis das plantas
está condicionado à
autorização pelo OAC ou
pela OCS.
· Permitidos desde que a
matériaprima não
contenha produtos não
permitidos pela
regulamentação da
agricultura orgânica;
· Permitido somente
com a autorização do
OAC ou da OCS.
Produtos
derivados da
aquicultura e
pesca
· Permitidos desde que
bioestabilizados;
· O uso em partes
comestíveis das plantas
está condicionado à
autorização pelo OAC ou
pela OCS.
· Restrição para
contaminação química e
biológica.
114
Resíduos de
biodigestores e
de lagoas de
decantação e
fermentação
· Permitidos desde que
seu uso e manejo não
causem danos à saúde e
ao meio ambiente;
· Permitidos desde que
bioestabilizados;
· O uso em partes
comestíveis das plantas
está condicionado à
autorização pelo OAC ou
pela OCS;
· Este item não se aplica
a resíduos de
biodigestores e lagoas
que recebam
excrementos humanos.
· Permitidos desde que
os limites máximos de
contaminantes não
ultrapassem os
estabelecidos no
Anexo V;
· Permitido somente
com a autorização do
OAC ou da OCS;
· O produtor deverá
adotar estratégias que
visem à eliminação
deste tipo de insumo
num prazo máximo de
cinco anos a partir da
publicação desta
Instrução Normativa
Interministerial.
Inoculantes,
microorganismos
e enzimas
· Desde que não sejam
geneticamente
modificados ou
originários de
organismos
geneticamente
modificados;
· Desde que não causem
danos à saúde e ao
115
ambiente.
Pós de Rocha
· Desde que os teores de
metais pesados não
ultrapassem os níveis
máximos
regulamentados.
Argilas · Desde que proveniente
de extração legal.
Fosfatos de
Rocha,
Hiperfosfatos e
Termofosfatos
Sulfato de
potássio e
sulfato duplo de
potássio e
magnésio
· Desde que obtidos por
procedimentos físicos,
não enriquecidos por
processo químico e não
tratados quimicamente
para o aumento da
solubilidade;
· Permitido somente
com a autorização do
OAC ou da OCS em que
estiverem inseridos os
agricultores familiares
em venda direta.
Micronutrientes
116
Carbonatos,
óxidos e
hidróxidos de
cálcio e
magnésio
(Calcários e cal)
Turfa · Desde que proveniente
de extração legal.
Preparados
Biodinâmicos
Enxofre
elementar
· Desde que autorizado
pelo OAC ou pela OCS.
Substrato para
plantas
· Permitidos desde que
obtido sem causar dano
ambiental.
· Proibido o uso de
radiação;
· Permitido desde que
sem enriquecimento
com fertilizantes não
permitidos nesta
Instrução Normativa
Interministerial.
Produtos,
subprodutos e
resíduos
industriais de
origem animal e
vegetal
· Definição da
quantidade a ser
utilizada em função do
manejo e da fertilidade
do solo
tendo como referência
· Proibido o uso de
vinhaça amônica;
· Permitidos desde que
não tratados com
produtos não
permitidos nesta
117
os parâmetros técnicos
de recomendações
regionais de forma a
evitar possíveis impactos
ambientais.
Instrução Normativa
Interministerial.
Escórias
industriais de
reação básica
· Permitidas desde que
autorizadas pelo OAC ou
pela OCS.
118
Tabela 4 – ANEXO IV - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERMITIDAS PARA A
ALIMENTAÇÃO DE ORGANISMOS AQUÁTICOS EM SISTEMAS
ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO
Substâncias Condições de uso
Resíduos de origem
vegetal
Melaço Utilizado como aglutinante nos alimentos
compostos
Farinha de algas Algas marinhas tem de ser lavadas a fim de
reduzir o teor de iodo
Pós e extratos de plantas
Extratos protéicos
vegetais
Leite, produtos e
subprodutos lácteos
Lactose em pó somente extraída por meio
de tratamento físico
Peixe, crustáceos e
moluscos, seus produtos
e subprodutos
Permitidas para animais de hábito onívoro.
Os produtos e subprodutos não podem ser
refinados
Sal marinho O produto não pode ser refinado
Vitaminas e pró-
vitaminas
Derivadas de matérias-primas existentes
naturalmente nos alimentos.
Quando de origem sintética, o produtor
deverá adotar estratégias que visem à
eliminação do seu uso até 19 de Dezembro
de 2003
Enzimas Desde que de origem natural
119
Microorganismos
Ácido fórmico
Ácido acético
Ácido láctico
Ácido propiônico
Para uso apenas para ensilagem
Sílica coloidal
Diatomita
Sepiolita
Bentonita
Argilas cauliníticas
Vermiculita
Perlita
Utilizados como agentes glutinantes,
antiaglomerantes e coagulantes (aditivos
tecnológicos)
Sulfato de sódio
Carbonato de sódio
Bicarbonato de sódio
Cloreto de sódio
Sal não refinado
Carbonato de cálcio
Lactato de cálcio
Gluconato de cálcio
Calcário calcítico
Fosfatos bicálcicos de
osso precipitados
Fosfato bicálcico
desfluorado
Permitidos desde que não contenham
resíduos contaminantes oriundos do
processo de fabricação
120
Fosfato
monocálcicodesfluorado
Magnésio anidro
Sulfato de magnésio
Cloreto de magnésio
Carbonato de magnésio
Carbonato ferroso
Sulfato ferroso mono-
hidratado
Óxido férrico
Iodato de cálcio anidro
Iodato de cálcio hexa-
hidratado
Iodeto de potássio
Sulfato de cobalto mono
ou heptahidratado
Carbonato básico de
cobalto monohidratado
Óxido cúprico
Carbonato básico de
cobre monohidratado
Sulfato de cobre penta-
hidratado
Carbonato manganoso
Óxido manganoso e
Permitidos desde que não contenham
resíduos contaminantes oriundos do
processo de fabricação
121
óxido mangânico
Sulfato manganoso mono
ou tetrahidratado
Carbonato de zinco
Óxido de zinco
Sulfato de zinco mono ou
heptahidratado
Molibdato de amônio
Molibdato de sódio
Selenato de sódio
Selenito de sódio
122
Tabela 5 – ANEXO V – RELAÇÃO DE VALORES DE REFERÊNCIA
UTILIZADOS COMO LIMITES MÁXIMOS DE CONTAMINANTES
ADMITIDOS EM COMPOSTOS ORGÂNICOS, RESÍDUOS DE BIODIGESTOR,
RESÍDUOS DE LAGOA DE DECANTAÇÃO E FERMENTAÇÃO, E
EXCREMENTOS ORIUNDOS DE SISTEMA DE CRIAÇÃO COM O USO
INTENSO DE ALIMENTOS E PRODUTOS OBTIDOS DE SISTEMAS NÃO-
ORGÂNICOS
Elemento Limite
(mg kg-1 de matéria seca)
Arsênio 20
Cádmio 0,7
Cobre 70
Níquel 25
Chumbo 45
Zinco 200
Mercúrio 0,4
Cromo (VI) 0,0
Cromo (total) 70
Coliformes Termotolerantes (número
mais provável por grama de matéria seca
- NMP/g de MS)
1.000
Ovos viáveis de helmintos (número por
quatro gramas de sólidos totais - n° em
4g ST)
1
Salmonella sp Ausência em 10g de
matéria seca
123
Tabela 6 – ANEXO VI - RELAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E RÁTICAS PARA
MANEJO, CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS NOS VEGETAIS E
TRATAMENTOS PÓS-COLHEITA NOS SISTEMAS ORGÂNICOS DE
PRODUÇÃO.
Substâncias e práticas Descrição, requisitos de composição e
condições de uso
Agentes de controle
biológico de pragas e
doenças
O uso de preparados viróticos, fúngicos ou
bacteriológicos deverá ser autorizado pelo
OAC ou pela OCS;
É proibida a utilização de organismos
geneticamente modificados.
Armadilhas de insetos,
repelentes mecânicos e
materiais repelentes
O uso de materiais com substância de ação
inseticida deverá ser autorizado pelo OAC
ou pela OCS.
Semioquímicos
(feromônio e
aleloquímicos)
Quando só existirem no mercado produtos
associados a substâncias com uso proibido
para agricultura orgânica, estes só poderão
ser utilizados em armadilhas ou sua
aplicação deverá ser realizada em estacas
ou em plantas não-comestíveis, sendo
proibida a aplicação por pulverização.
Enxofre Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Caldas bordalesa e Necessidade de autorização pelo OAC ou
124
sulfocálcica pela OCS.
Sulfato de Alumínio
Solução em concentração máxima de 1%.
Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Pó de Rocha Respeitados os limites máximos de metais
pesados constantes do Anexo V.
Própolis
Cal hidratada
Extratos de insetos
Extratos de plantas e
outros preparados
fitoterápicos
Poderão ser utilizados livremente em
partes comestíveis os extratos e preparados
de plantas utilizadas na alimentação
humana;
O uso do extrato de fumo, piretro,
rotenona e Azadiractina naturais, para uso
em qualquer parte da planta, deverá ser
autorizado pelo OAC ou pela OCS sendo
proibido o uso de nicotina pura;
Extratos de plantas e outros preparados
fitoterápicos de plantas não utilizadas na
alimentação humana poderão ser aplicados
nas partes comestíveis desde que existam
estudos e pesquisas que comprovem que
não causam danos à saúde humana,
aprovados pelo OAC ou OCS
Sabão e detergente
neutros e Biodegradáveis
125
Gelatina
Terras diatomáceas Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Álcool etílico Necessidade de autorização OAC ou pela
OCS.
Alimentos de origem
animal e vegetal
Desde que isentos de componentes não
autorizados por esta Instrução Normativa
Interministerial.
Ceras naturais
Óleos vegetais e
derivados
Desde que autorizado pelo OAC ou pela
OCS;
Desde que isentos de componentes não
autorizados por esta Instrução Normativa
Interministerial.
Óleos essenciais
Solventes (álcool e
amoníaco)
Uso proibido em pós-colheita
Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Ácidos naturais Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Caseína
Silicatos de cálcio e
magnésio
Respeitados os limites máximos de metais
pesados constantes do Anexo V.
Bicarbonato de Sódio
Permanganato de
potássio
Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Uso proibido em pós-colheita.
126
Preparados
homeopáticos e
Biodinâmicos
Carbureto de cálcio
Agente de maturação de frutas
Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Dióxido de carbono, gás
de nitrogênio (atmosfera
modificada) e tratamento
térmico
Necessidade de autorização pelo OAC ou
pela OCS.
Bentonita
Algas marinhas, farinhas
e extratos de algas
Desde que proveniente de extração legal.
Desde que sem tratamento químico.
Cobre nas formas de
hidróxido, oxicloreto,
sulfato, óxido e
octanoato.
Uso proibido em pós-colheita Uso como
fungicida.
Necessidade de autorização pela OAC ou
pela OCS, de forma a minimizar o acúmulo
de cobre no solo. Quantidade máxima a ser
aplicada: 6 kg de cobre/ha/ano.
Bicarbonato de potássio Necessidade de autorização pela OAC ou
pela OCS.
Óleo mineral
Uso proibido em pós-colheita.
Necessidade de autorização pela OAC ou
pela OCS.
Etileno Agente de maturação de frutas.
Fosfato de ferro Uso proibido em pós-colheita
Uso como moluscicida.
127
Termoterapia
Dióxido de Cloro
Espinosade
Necessidade de autorização pela OAC ou
OCS.
Adotar medidas para minimizar risco de
desenvolvimento de resistência e danos às
espécies de insetos não-alvo, predadores e
parasitóides.
128
ANEXO III
Fotos dos Experimentos com Rações Orgânicas
130
131
Este livro foi impresso em papel Couché Fosco 90g
pela Gráfica Imagem (GFM Gráfica & Editora) em
Toledo, Paraná.
imagemgrafica@uol.com.br
+55 (45) 3055-3085 | 3055-3176
top related