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TRIBUNAL DE CONTAS DE ESTADO DE SANTA CATARINA
D IRET OR I A DE CONT R OL E DA ADM I NI ST R AÇ ÃO EST ADUAL
INS PET ORI A 3
D IV I S ÃO 7
PROCESSO No: RLA 09/00519398
UNIDADE GESTORA:
CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A. - AGÊNCIA
REGIONAL DA CRICIÚMA INTERESSADO: ANTONIO MARCOS GAVAZZONI – DIRETOR
PRESIDENTE DA CELESC DISTRIBUIÇÃO S .A .
RESPONSÁVEIS: ENALDO DOS SANTOS – GERENTE DA AGÊNCIA
REGIONAL - PERÍODO DE 17/07/2007 A 31/12/2010 EDUARDO PINHO MOREIRA – DIRETOR
PRESIDENTE DA CELESC DISTRIBUIÇÃO S .A . NO
PERÍODO DE 16/01/2007 A 07/08/2008
ASSUNTO: AUDITORIA DE ATOS DE PESSOAL
RELATÓRIO DE REINSTRUÇÃO Nº
TCE/DCE – 00276/2011
Senhor Coordenador,
Tratam os autos de auditoria de Atos de Pessoal realizada na
Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição S/A., com audiência
procedida dos responsáveis e respectivas justificativas encaminhadas para a
análise e reinstrução.
1. INTRODUÇÃO
Em cumprimento ao que determinam a Constituição Estadual (art.
59, inciso IV), a Lei Complementar 202/00 (art. 1º, incisos V e IX) e o
Regimento Interno deste Tribunal (Resolução n°. TC 06/01 – art. 46, inciso VI),
a Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição foi auditada pela
Diretoria de Controle da Administração Estadual - DCE, deste Tribunal de
Contas, com base no Planejamento de Auditoria (fl. 03/05), Matriz de
Planejamento (fls. 07/09) e Matriz de Procedimentos (fls. 10 e 11), autorizados
pela Presidência desta Casa em 31/07/2009 (fl. 03) e efetuados por meio do
Ofício n.º TCE/DCE/AUD. 11.275/2009 (fl. 06).
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A auditoria executada no período de 10/08/2009 a 14/08/2009, na
Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição, abrangeu a verificação
dos atos de pessoal relativos ao exercício de 2008, com eventual distensão em
relação ao exercício de 2009.
Os presentes autos tratam apenas de auditoria dos atos de pessoal,
enquanto que os registros contábeis, as questões financeiras e outros atos da
gestão administrativa do mesmo período fazem parte do processo RLA
09/00540087, em tramitação nesta Casa.
Devido a restrições apontadas na conclusão do Relatório de
Instrução (fls. 708/711), foi procedida audiência dos responsáveis em
cumprimento ao Despacho do Relator (fl. 713), com a remessa de justificativas
e documentos de fls. 723 a 925, pelos mesmos.
Conforme documento de fl. 927, o processo foi encaminho para a
reinstrução, considerando o atendimento dos Ofícios de Audiência nº 18.573 e
18.574 de 10/12/09, com posterior juntada dos documentos de fls. 929 e 930.
2. DA REINSTRUÇÃO
O Relatório de Instrução traz em sua conclusão de fls. 707 a 711, a
sugestão para que seja procedida a AUDIÊNCIA dos responsáveis à época, Sr.
Enaldo dos Santos - Gerente da Agência Regional da CELESC Distribuição de
Criciúma/SC e do Sr. Eduardo Pinho Moreira - ex-Diretor Presidente da
CELESC Distribuição S/A, para a apresentação de justificativas a respeito das
seguintes irregularidades:
3.1. DE RESPONSABILIDADE DO SR. EDUARDO PINHO MOREIRA: 3.1.1. Pela previsão (e efetivação) da cedência de empregado da Estatal à Fundação Celos de Seguridade Social no plano de cargos e salários da Companhia, sem amparo legal, implantado em maio/2007, eis que a legislação que trata sobre o assunto (Decreto Estadual n. 1.344/2004) não prevê a possibilidade da cessão de empregado de sociedade de economia mista a entidade de caráter privado, em afronta ao princípio da legalidade previsto no art. 37 da Constituição Federal/88. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (item 2.7 do presente relatório); 3.1.2. Remuneração do empregado Evacir Bolan da CELESC à Fundação Celos de Seguridade Social, sem ressarcimento de tais valores pela Fundação Celos. Tal pagamento caracteriza ato de má gestão do Administrador, gerando despesa desnecessária à Companhia, ferindo o art. 153 da Lei 6.404/76. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.7. do presente relatório).
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3.2. DE RESPONSABILIDADE DO SR. ENALDO DOS SANTOS: 3.2.1. Pagamento de horas extras em excesso ao permitido por lei - restrição de ordem legal, com infringência aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, bem como às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho 2006/2007 e 2007/2008, respectivamente (item 2.5.1. do presente relatório). 3.2.2. Descumprimento do item 5.4.3 da Instrução Normativa I-132.0018, relativamente ao empregado Sérgio Martins Barcelos, haja vista que nos meses de março e maio, ambos do exercício de 2008, não foi garantido ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final de semana por mês. Tal ato, além de afrontar Normativa Interna da Companhia, também infringe o art. 67 da CLT, através do qual é assegurado ao empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas – que deverá coincidir com o domingo (item 2.5.2 do presente relatório); 3.2.3. Descumprimento de normas da própria Companhia – Instrução Normativa I-134.0010 - na concessão do adicional de periculosidade convocável, no que se refere aos itens 5.7.2., 5.7.4. e 5.7.7., vez que em 44 (quarenta e quatro) situações não foi respeitado o interregno de 3 meses entre uma convocação e outra; somente poderia ter sido convocado outro empregado para trabalhar em área de risco se não houvesse possibilidade do serviço ser executado por outro empregado credenciado ou convocado para aquele mês; e, foram convocadas 9 (nove) chefias para a realização de trabalho em condições de periculosidade, sem a caracterização da situação de emergência, vez que foram convocados de forma habitual. Tal ato se caracteriza como ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.5.3. do presente relatório); Sugere-se, ainda, seja RECOMENDADO ao Presidente da Companhia que ofereça cursos de atualização jurídica aos empregados lotados no Departamento Jurídico da Agência Regional de Criciúma, o que se faz necessário para um bom desempenho do profissional e para o resultado dos processos em que a Companhia é parte (item 2.6. do presente relatório). Também sugere-se o ENCAMINHAMENTO de ofício à Delegacia Regional do Trabalho, visando que proceda a fiscalização da Companhia, quanto ao descumprimento do período mínimo de descanso (11 horas) entre uma jornada de trabalho e outra, previsto no art. 66 da CLT.
O Relator do processo, em Despacho de fl. 713, expressa o
entendimento de que na presente etapa processual é impertinente a
determinação ou recomendação para a adoção de providências por parte da
Unidade, cujos aspectos deverão ser apreciados no momento em que for
julgado o mérito.
Quanto à comunicação de determinado fato à Delegacia Regional do
Trabalho, também, sugerida na conclusão do referido relatório, entendeu o
Relator de não ser pertinente neste momento, devendo-se aguardar a
manifestação dos Responsáveis.
Por último, o Relator determina a realização de audiência dos
Responsáveis para que apresentem justificativas quanto aos itens 3.1 e 3.2 e
respectivos subitens.
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Seguido a ordem apresentada na conclusão do Relatório de
Instrução e considerando as justificativas encaminhadas pelos Responsáveis,
passa-se a análise de reinstrução:
2.1. Pela previsão (e efetivação) da cedência de empregado da Estatal à Fundação Celos de Seguridade Social no plano de cargos e salários da Companhia, sem amparo legal, implantado em maio/2007, eis que a legislação que trata sobre o assunto (Decreto Estadual n. 1.344/2004) não prevê a possibilidade da cessão de empregado de sociedade de economia mista a entidade de caráter privado, em afronta ao princípio da legalidade previsto no art. 37 da Constituição Federal/88. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (item 2.7, fls. 706/708).
Foi observado durante a auditoria realizada na Agência Regional de
Criciúma, que o funcionário Evacir Bolan, além das atividades normais de um
assistente administrativo, cargo para o qual foi contratado pela Agência
Regional de Criciúma, também prestava atendimento e orientação aos
participantes da CELOS, ativos e aposentados, em tudo o que se refere aos
benefícios e assistências por ela concedidas, de acordo com os regulamentos
e leis específicas.
Em análise ao Catálogo de Cargos, parte integrante do Plano de
Cargos e Salários – PCS - da CELESC, que tem como objetivo principal
organizar e formalizar a estrutura funcional da empresa, verificou-se que o
serviço desempenhado pelo Assistente Administrativo à Fundação CELOS está
previsto dentro das atividades a serem desempenhadas pelo empregado.
O documento de fl. 362 traz as atividades desempenhadas pelo
empregado Evacir Bolan, de onde se destaca: “Prestar atendimento e
orientação aos participantes da Celos, ativos e aposentados, em tudo o que se
refere aos benefícios e assistências concedidas, de acordo com os
regulamentos e leis específicas”.
Em consulta ao site da Fundação CELOS (documento de fl. 403 e
404), observou a instrução que o empregado da CELESC está relacionado
dentre os prepostos da CELOS, o que demonstra que se está diante do
instituto da cessão de empregado/servidor público à entidade privada.
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A disposição de servidores, no âmbito estadual, foi regulamentada
pelo Decreto Estadual n.º 1.344, de 14 de janeiro de 2004. Dispõe o art. 1º do
referido Decreto, in verbis:
Art. 1º Havendo imperiosa necessidade de serviço ou indicação para provimento de cargo comissionado, o servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Desta forma, verifica-se que o instituto da cessão de servidores é
cabível apenas entre os órgãos da administração direta e entidades da
administração indireta, não se aplicando a entidades de natureza privada,
como é o caso da Fundação CELOS.
Ao analisar a ficha financeira do empregado Evacir Bolan (exercício
de 2008) – fl. 407, constatou-se que tais serviços são remunerados única e
exclusivamente pela CELESC, sem nenhum ressarcimento pela Fundação
CELOS, o que representa mais uma irregularidade.
Nesse escopo, concluiu a Instrução que são três as ilegalidades
encontradas em relação aos serviços prestados pelo empregado Evacir Bolan
à Fundação CELOS: a) cessão do empregado Evacir Bolan da CELESC à
Fundação CELOS de Seguridade Social sem amparo legal; b) previsão da
cedência de empregado da Estatal à Fundação CELOS no plano de cargos e
salários da Companhia, sem amparo legal, eis que a legislação que trata sobre
o assunto não prevê a possibilidade da cessão de empregado de sociedade de
economia mista a entidade de caráter privado; c) remuneração do empregado
cedido pela Estatal, sem ressarcimento de tais valores pela Fundação CELOS.
Tais irregularidades, de responsabilidade do Sr. Eduardo Pinho
Moreira, afrontaram o princípio da legalidade, previsto no art. 37 da
Constituição Federal, tratando-se de ato de liberalidade praticado pelo
Administrador Público à custa da Companhia, vedado pela alínea “a” do §2º do
art. 154 da Lei 6.404/76.
Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 891/898).
O Sr. Eduardo Pinho Moreira inicia suas justificativas com a
conceituação de alguns termos utilizados no Catálogo de Cargos da Celesc
Distribuição (fls. 892/894). Acredita que a conclusão pelo “instituto da cessão”,
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relatada pela Instrução, ocorreu devido à interpretação equivocada, por culpa
da própria Empresa, que na atualização do Plano de Cargos e Salários de
2007 não apresentou de forma clara a inclusão nas atribuições do Cargo de
Assistente Administrativo o mecanismo de atendimento aos empregados da
empresa participantes da CELOS.
Com base nos conceitos e atribuições do Cargo de Assistente
Administrativo relatados, argumenta que todos os empregados da Celesc
Distribuição, ocupantes desse cargo, podem exercer as inúmeras atividades
elencadas, entre as quais, a de prestar atendimento e orientação aos
participantes da CELOS, o que, no seu entender, não caracteriza o “instituto da
cessão”, como preconizaram na Instrução. Ressalta que essa atividade é
apenas uma dentre tantas executadas pelo referido empregado que, além de
não ser a principal, é realizada de forma muito esporádica, não deixando
dúvidas de que presta o seu labor única e exclusivamente para a empregadora
Celesc Distribuição S/A.
Informa que todos os empregados da Agência Regional de Criciúma
– ARCRI - são associados à Fundação Celesc de Seguridade Social – CELOS,
bem como é sabido que a Fundação CELOS possui portal na internet com
todos os caminhos de acessos a todos os usuários cadastrados, porém é
notório que há empregados que possuem maior dificuldade para lidar com o
mundo cibernético e o acesso fácil aos portais da internet. Assim, é natural que
exista na ARCRI, bem como nas demais Agências Regionais da Empresa por
todo o Estado, um empregado que, no exercício de suas atribuições de
Assistente Administrativo da empregadora e patrocinadora Celesc, realize de
forma muito esporádica dentre suas funções, também a de prestar atendimento
e orientação aos participantes da CELOS, que nada mais são que empregados
da Celesc Distribuição S.A.
Dessa forma, alega que é imprescindível reconhecer que entre as
atividades e tarefas do Assistente Administrativo, algumas possam ter relação
com a CELOS, o que efetivamente possui estreita relação com suas atividades,
uma vez que são do interesse dos empregados como participantes
contribuintes conforme legislação específica, e a Empresa como patrocinadora
legal da Fundação.
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Encerra suas justificativas alegando que o Assistente Administrativo
tão somente colabora com alguns participantes empregados da Empresa em
caso de eventual dúvida. Não se trata, pois, de disposição do empregado para
a CELOS, já que se trata de mera colaboração e, sem qualquer prejuízo de
suas ocupações funcionais.
Quanto à inclusão das atividades questionadas no Catálogo de
Cargos anexo ao Plano de Cargos e Salário de 2007, informa que a Diretoria
de Gestão Corporativa – DGC, em seu posicionamento através do documento
1289/10 assim se posicionou: “Caso haja entendimento e incorra em erro
manter esta atividade sendo desempenhada por empregado da Celesc, o
DPGP se compromete a excluí-la das atividades do Assistente Administrativo
na atualização do Catálogo de Cargos”.
Análise das justificativas apresentadas.
A Instrução apontou três ilegalidades em relação aos serviços
prestados pelo Assistente Administrativo Evacir Bolan, da Agência Regional de
Criciúma, sendo duas questionadas neste item: a) cessão do mesmo à
Fundação CELOS de Seguridade Social sem amparo legal; e, b) previsão da
cedência de empregado da Estatal à Fundação CELOS no plano de cargos e
salários da Companhia, sem amparo legal.
As justificativas apresentadas se resumem ao entendimento
expresso de que o Assistente Administrativo tão somente colabora com alguns
participantes da Fundação CELOS por serem empregados da Celesc e em
caso de eventual dúvida, o que, segundo o Responsável, não se trata de
disposição de empregado à CELOS, pois se refere à mera colaboração e sem
qualquer prejuízo de suas ocupações funcionais.
Observa-se, também, nas suas argumentações a afirmação de que
existe um empregado em todas as Agências Regionais da Celesc espalhadas
pelo Estado (no total de 16), que no exercício de suas atribuições de Assistente
Administrativo realizam, de forma esporádica, a prestação de atendimento e
orientação aos empregados participantes da Fundação CELOS.
A CELESC Distribuição S/A., como empresa patrocinadora legal da
Fundação Celesc de Seguridade Social – CELOS, tem suas atribuições legais
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restritas aos repasses relativos a contrapartida correspondente a cada
empregado participante da Fundação e a cessão de empregado para exercer o
cargo de Diretor da mesma, quando solicitado. Os benefícios concedidos por
meio da Fundação são de responsabilidade da mesma e não da CELESC.
Assim, a orientação sobre os direitos dos empregados e o uso dos benefícios
concedidos, é atribuição da Fundação CELOS, pois para isto ela foi criada.
Observando as argumentações de fl. 925, onde consta relato de que
“o objetivo de manter esta relação com a Fundação, é orientar os empregados
e seus aposentados sobre informações pertinentes aos benefícios concedidos
por meio desta, tais como: previdência complementar, assistência médica e
odontológica e pecúlio”, benefícios administrados pela Fundação CELOS, não
se pode concordar com a justificativa de que se trata de mera colaboração e
sem qualquer prejuízo das ocupações funcionais do referido empregado.
A prestação de serviços à Fundação CELOS, por empregado da
CELESC, já foi objeto de análise em outras auditorias realizadas nas Agências
Regionais da CELESC, como observado nas Agências de Regionais de
Chapecó e de Tubarão e registrado no Processo nº APE – 07/00399500, em
tramitação nesta Casa, onde foi sugerida a regularização do apontado. Nessas
auditorias foi observado, inclusive, horários pré-definidos para tais
atendimentos, como por exemplo: “as segunda, quartas e quintas feiras pela
manhã”, portanto, dentro do expediente normal de trabalho na Companhia.
Dessa forma, fica caracterizada a prestação de serviços à Fundação
CELOS, entidade privada, e sem amparo legal conforme questionado pela
Instrução. Sendo ilegal tal atividade, esta situação se agrava quando justificado
pelo responsável que o fato ocorre em todas as Agências Regionais da
CELESC Distribuição. Inclusive com o conhecimento do Responsável quando
confirma que o Catálogo de Cargos, parte integrante do Plano de Cargos e
Salários da CELESC, inclui entre as atividades desempenhadas pelos
Assistentes Administrativos, a de “prestar serviços aos participantes da Celos,
ativos e aposentados, em tudo que se refere aos benefícios e assistências
concedidas, de acordo com os regulamentos e leis específicas”.
Independentemente de ser atividade esporádica ou de mera
colaboração, conforme justificativas do Responsável, trata-se de atividade de
responsabilidade da Fundação CELOS e não atribuição de empregado da
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CELESC. No mínimo, conforme relata a instrução, deveria haver o
ressarcimento financeiro pela prestação de tais serviços, por parte da
Fundação CELOS.
Ao proceder dessa forma, o Administrador deixou de exercer as
atribuições que a lei e o estatuto lhe conferiram para lograr os fins e no
interesse da companhia, conforme previsto no art. 154, da Lei nº 6.404/76, o
que caracteriza ato de liberalidade à custa da Empresa, vedado pelo parágrafo
segundo, letra “a”, do mesmo artigo citado.
Permanecem, assim, as irregularidades relativas à prestação de
serviços, por empregado da CELESC Distribuição, no atendimento e orientação
aos participantes da Fundação CELOS, inclusive aposentados que não
possuem mais ligação com a empresa, em relação aos benefícios e
assistências concedidos por aquela, bem como a previsão de tais atividades no
Catálogo de Cargos, parte integrante do Plano de Cargos e Salários da
Empresa, sem amparo legal.
Tais irregularidades afrontam o princípio da legalidade, previsto no
art. 37 da Constituição Federal e ao disposto no art. 154, caput e § 2º, letra “a”,
da Lei nº 6.404/76. A prática de tal ato, com grave infração a norma legal, deixa
o responsável Sr. Eduardo Pinho Moreira, sujeito a multa prevista no art. 70,
inciso II, da Lei Complementar nº 202/2000.
2.2. Remuneração do empregado Evacir Bolan da CELESC à Fundação Celos de Seguridade Social, sem ressarcimento de tais valores pela Fundação Celos. Tal pagamento caracteriza ato de má gestão do Administrador, gerando despesa desnecessária à Companhia, ferindo o art. 153 da Lei 6.404/76. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.7, fls. 706/708).
A Instrução aponta irregularidades em relação aos serviços
prestados pelo empregado Evacir Bolan à Fundação CELOS, conforme
verificado em inspeção in loco e relatado no item anterior. Além das
irregularidades na cessão de empregado a referida Fundação e da previsão
desta cedência no Plano de Cargos e Salário da Empresa (item 2.1 deste
relatório), foi questionada a remuneração do empregado Evacir Bolan sem
qualquer ressarcimento por parte da Fundação CELOS.
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Justificativas apresentadas pelo responsável (fl. 898).
O Responsável Sr. Eduardo Pinho Moreira apresenta as seguintes
justificativas:
Para esse ponto em especial, considerando todo o discorrido no item anterior e de que a Empresa entende que o “instituto da seção” não está caracterizado na situação do empregado Evacir Bolan, não se faz necessário o ressarcimento do respectivo salário como preconizam os Analistas Fiscais de Controle Externo.
Análise das justificativas apresentadas.
Registra a Instrução (fls. 707/708) que, no âmbito estadual, a
disposição de servidores foi regulamentada pelo Decreto Estadual nº 1.344, de
14 de janeiro de 2004. Dispõe o art. 1º do referido Decreto, in verbis:
Art. 1º Havendo imperiosa necessidade de serviço ou indicação para provimento de cargo comissionado, o servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Desta forma, verificou-se que o instituto da cessão de servidores é
cabível apenas entre os órgãos da administração direta e entidades da
administração indireta, não se aplicando a empresas/entidades de natureza
privada, como é o caso da Fundação CELOS.
No mesmo Decreto citado observa-se a seguinte disposição - § 2º
do art. 1°: “§ 2º O ônus da remuneração do servidor cedido caberá ao órgão ou
entidade de destino ou mediante ressarcimento”.
O Responsável justifica apenas que já discorreu sobre o tema no
item anterior (2.1) e, como entende que não ficou caracterizado a situação de
cedência de empregado à referida Fundação, não se faz necessário o
ressarcimento de salário.
A análise sobre a cessão de servidor público da Administração
Estadual consta do item anterior (2.1), onde ficou demonstrado, com
fundamento no art. 1º do Decreto Estadual nº 1.344/2004, que tal fato só é
cabível apenas entre órgãos e entidades pertencentes à mesma Administração.
Contudo, cabe ressaltar que a cessão de servidores para entidade
de previdência complementar de seus empregados foi tema de consulta
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formulada a este Tribunal pela própria CELESC, autuada no Processo nº CON
– 03/06370824, com o seguinte entendimento constante do item 6.2.3, da
Decisão nº 4038/2003:
6.2.3. A cessão de servidores de empresas públicas ou de sociedades de economia mista para outros órgãos ou entidades da Administração Pública e para entidade de previdência complementar de seus empregados, de qualquer esfera administrativa, somente se deve operar com o compromisso da entidade cessionária em promover o ressarcimento à entidade cedente das despesas com remuneração e encargos sociais do servidor cedido, para não caracterizar desvio de finalidade para a qual foi criada a entidade e preservar os interesses dos acionistas minoritários;
A decisão indicada foi clara ao afirmar que a cessão de servidor, no
caso consultado, somente deve operar com o compromisso da entidade
cessionária em promover o ressarcimento à entidade cedente das despesas
com remuneração e encargos sociais do servidor cedido.
Posteriormente, este Tribunal, ao apreciar o Processo APE –
04/03395216 – Atos de Pessoal do exercício de 2003, através do Acórdão nº
1403/2005, decidiu em seu item 6.4: “Determinar à CELESC que atente para o
cumprimento do disposto no item 6.2.3 da Decisão n. 4038/2003, exarada na
Sessão Ordinária de 26/11/2003 no Processo n. CON-306370824”.
Assim, embora não oficializada a cessão do empregado da CELESC
Distribuição à Fundação CELOS, mas caracterizada a prestação de serviços à
Fundação, caberia, segundo entendimento deste Tribunal acima exposto, o
ressarcimento dos valores relativos à remuneração do empregado Evacir
Bolan, por parte da Fundação CELOS.
Tal procedimento caracteriza ato de má gestão do Administrador,
gerando despesas desnecessárias à Companhia, com descumprimento do
Dever de Diligência, previsto no art. 153 da Lei nº 6404/76, bem como deixou
sua administração de exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe
conferiram para lograr os fins e no interesse da Companhia, conforme disposto
no art. 154 da mesma Lei citada.
Além da prática de ato com grave infração a norma legal, relatado no
item anterior (2.1), deixou o responsável Sr. Eduardo Pinho Moreira de cumprir,
injustificadamente, decisão deste Tribunal de Contas em processo de consulta
da própria CELESC, estando sujeito à multa prevista no art. 70, da Lei
Complementar nº 202/2000.
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2.3. Pagamento de horas extras em excesso ao permitido por lei - restrição de ordem legal, com infringência aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, bem como às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho 2006/2007 e 2007/2008, respectivamente (item 2.5.1, fls. 683/690).
O serviço extraordinário está regulamentado pela Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT, que determina a obrigatoriedade do registro em cartão-
ponto ou fichas de controle individualizadas, que demonstrem o início e o fim
de cada jornada diária.
Sua remuneração deve ser calculada conforme normas constantes
nos Acordos Coletivos de Trabalho – ACT’s que, por sua vez, devem obedecer
aos ditames da CLT.
Os serviços extraordinários na Agência Regional de Criciúma são
regulamentados através de Instruções Normativas e Acordos Coletivos,
dividindo o serviço extraordinário em: horas extras com 50% e 100% de
remuneração por dia trabalhado, adicional noturno, adicional de periculosidade
e de excesso, serviço de sobreaviso.
A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, no art. 58, define a
duração normal do trabalho dos empregados até 8 (oito) horas diárias. Acerca
do regime de horas extras o artigo 59 da CLT dispõe o seguinte:
“Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 02 (duas), mediante acordo escrito entre o empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.”
Nesse passo, o procedimento para a remuneração das horas
extraordinárias, exercidas pelos empregados da Agência Regional de Criciúma,
está definido no Acordo Coletivo de Trabalho 2006/2007, cláusula 24,
reproduzida pelo Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2008, cláusula 28, nos
seguintes termos (fls. 98 e 99):
Para os empregados que venham a ser convocados formalmente pelas respectivas chefias para prorrogação da jornada de trabalho, a Celesc fica autorizada a manter, alternativamente, como forma de pagamento, um Sistema de Compensação de Horas Extras, com horas creditadas por opção do empregado. Parágrafo Primeiro – A compensação de que trata o “caput” desta Cláusula será negociada entre o empregado e sua chefia imediata, conforme critérios e procedimentos estabelecidos na Instrução Normativa I – 132.0043, observando as seguintes condições: a) o Sistema de Compensação de Horas Extras terá como limite máximo 40 (quarenta) horas de saldo para crédito ou para débito;
944
b) as horas incluídas no Sistema de Compensação de Horas Extras deverão ser compensadas trimestralmente ou pagas nos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro de cada ano, sendo referentes ao trimestre anterior, ficando expressamente proibida a transferência e/ou acúmulo do saldo existente, seja positivo ou negativo; c) havendo desligamento de empregado com saldo no Sistema de Compensação, o valor será incluído ou deduzido no cálculo da respectiva rescisão, até o limite de crédito da rescisão. d) não poderão ser creditados dias de férias e/ou licença prêmio no Sistema de Compensação de Horas Extras; e) as horas de sobreaviso não serão objeto de compensação, sob qualquer hipótese. Parágrafo Segundo – A Celesc manterá a sua sistemática de remuneração de horas extraordinárias, inclusive quanto às horas a serem compensadas, assim expressa: a) com 100% (cem por cento) do valor da hora normal, o trabalho exercido em domingos e feriados; b) com 50% (cinqüenta por cento) o valor da hora normal, o trabalho exercido aos sábados ou que ocorra em dias úteis além da jornada normal de trabalho; Parágrafo Terceiro – Os empregados que trabalham em regime de turnos de revezamento obedecerão ao regulamento próprio constante no Terceiro Termo Aditivo ao Acordo Coletivo de Trabalho 2001/2002, firmado em 14/03/2002. Parágrafo Quarto – A presente Cláusula será revista 6 (seis) meses após sua implantação na Empresa, ressalvado o disposto nos Parágrafos Segundo e Terceiro, podendo resultar essa revisão em Termo Aditivo ao presente Acordo Coletivo de Trabalho firmado entre a Celesc e o STIEEC.
Ocorre, entretanto, que, conforme se pode verificar na Tabela 3 (fls.
684/688), vários empregados da Agência ultrapassaram o limite de 40 horas
mensais permitido pelos acordos coletivos no decorrer do ano de 2008, bem
como o limite de 2 horas diárias previsto no art. 59 da CLT (fls. 155/198).
Na referida tabela, percebe-se, principalmente, que dos 217
(duzentos e dezessete) empregados da Regional, 82 (oitenta e dois) realizaram
horas extras de forma continuada (19,35%).
Sobre o elevado número de horas extras realizadas pelos
empregados da Companhia, ressaltou a Instrução as recomendações
constantes do Acórdão nº 1403/2005, de 18/07/05, deste Tribunal de Contas,
referente ao Processo APE - 04/003395216 - Atos de Pessoal do exercício de
2003, que deveriam estar sendo observadas pela Companhia a partir daquela
data.
Observou que a liberdade dada aos empregados da Agência em
realizar serviços extraordinários além do permitido resulta em acréscimos na
remuneração, ultrapassando, muitas vezes, o salário normal, conforme se pode
verificar na tabela abaixo, a título de exemplo.
945
Tabela n. 4: valor recebido por alguns empregados a título de horas extras no mês de janeiro/2008.
Nome do empregado Remuneração – R$ Valor percebido a título de horas extras – R$
Gilmar Desidério 1.771,95 3.153,64
Antonio Desidério 1.807,57 2.691,69
Antônio da Conceição 1.899,78 3.790,48
Dorildo Julio Henrique 1.771,95 2.436,09
Emilio Fortunato 2.460,70 2.725,86
Luiz Carlos Fernandes 2.364,68 2.909,45
Vitorino Calores Machado 1.541,53 1.884,17
Sérgio L de Souza 1.423,58 2.326,38
Afranio M da Rosa 1.409,49 1.771,98
Mario C Leitão 1.214,06 3.000,08
Sergio Luiz Mota 1.121,17 2.079,91
Roberto F de Souza 1.166,69 1.747,64
Rogério de A Silva 1.526,27 2.259,17
Jaziel Menezes Campos 1.481,38 2.385,11
Valdemar da Silva 1.226,20 1.462,48
Cleber B Silva 1.166,69 1.549,02
Diego M Nesi 1.226,20 1.545,05
Antonio Carlos de Luca 1.771,95 2.220,45
Total 28.351,84 41.938,65
Além disso, a continuidade deste procedimento dá oportunidade aos
empregados de requererem direitos trabalhistas com consequências
desfavoráveis à Empresa, nos termos da súmula n. 291 do TST, in verbis:
Súmula Nº 291 do TST. HORAS EXTRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A supressão, pelo empregador, do serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas suplementares efetivamente trabalhadas nos últimos 12 (doze) meses, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão.
Como se não bastasse, em muitos casos, conforme pode-se verificar
nos controles de frequência dos empregados (fls. 200/255), também não foi
respeitado o intervalo interjornada previstos nos arts. 66 e 67 da CLT.
Trata-se, portanto, de restrição de ordem legal, com infringência aos
artigos 58, 59, 66 e 67 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Além
disso, também há a afronta às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos
2006/2007 e 2007/2008, respectivamente.
Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 725/731).
O responsável, Sr. Enaldo dos Santos, Chefe da Agência Regional
de Criciúma, apresenta um longo arrazoado de fls. 725 a 731, utilizando a
946
frente e verso das folhas, para justificar as ponderações efetivadas na
conclusão do Relatório de Instrução nº 193/2009. Alega que a Agência de
Criciúma desenvolve suas atividades da mesma forma que as outras Agências
da CELESC, em consonância com a filosofia da empresa, buscando cumprir a
legislação e as normas vigentes.
Salienta que todo trabalho da Agência tem como premissa maior a
excelência do atendimento ao consumidor, e para tanto, busca o efetivo
cumprimento dos padrões estabelecidos pela Agência Reguladora – ANEEL
através das Resoluções 24/2000, 456/2000, 505/2001, 615/2002 e 061/2004,
entre outras, destacando que a não obtenção de índices ali estabelecidos torna
a empresa sujeita as penalidades financeiras revertidas à própria ANEEL, ou
ao cliente.
Elenca obrigações da empresa por ser distribuidora de energia
elétrica bem como as dificuldades de manutenção das redes de distribuição
onde decorre uma grande demanda de serviços quando em eventos advindos
da incidência de intempéries climáticas, como no caso de fortes ventos,
enchentes, frio e calor intensos e descargas atmosféricas, cujas atividades
decorrentes apresentam proporções volumosas de serviços. Por tais motivos, o
atendimento ao consumidor não pode se restringir aos horários estabelecidos
para o cumprimento da jornada diária do funcionário.
Indica a quantidade de empregados executores de horas extras no
ano de 2008, com pagamentos conforme estabelecido em Acordo Coletivo de
Trabalho e seus Termos Aditivos, para afirmar que não há nenhuma
irregularidade que possa ensejar em penalidade ao Chefe da Agência, já que a
situação em questão é agravada pelo fato de ser limitado o número de
eletricistas na Agência, e a falta de um deles por motivo de férias, de licença-
prêmio, auxílio-doença, e para cumprimento dos turnos de revezamento, induz
a necessidade de convocação de outro profissional, e em sequência, leva ao
pagamento obrigatório de horas extras excedentes. Alega, ainda, que “qualquer
mudança no quadro de pessoal, ou na política de gestão da empresa, não será
decisão da Regional, mas da Diretoria da empresa, já que tais questões
ultrapassam as competências do Chefe da Agência”.
Quanto às medidas tomadas na tentativa de minimizar o impacto da
execução de horas extras e consequente sobrecarga dos empregados, informa
947
que foram suprimidos turnos de revezamento na modalidade interrupto e
imposto o mínimo de um final de semana de folga absoluta no mês, sem
prorrogações de desligamentos, além de atuar-se intensivamente na
manutenção preventiva com equipe de manutenção em linhas energizadas
(Linha Viva), o que logicamente não resulta em atividade fora do turno normal.
Contudo, a demanda de trabalhos apontadas através de inspeções na baixa e
alta tensão, é muito intensa e a necessidade de intervenção torna-se iminente.
Análise das justificativas apresentadas.
Os questionamentos efetuados pela Instrução destacam a realização
contínua de serviços extraordinários por vários empregados da Regional de
Criciúma, ultrapassando o limite de 40 (quarenta) horas mensais permitido
pelos acordos coletivos (cláusula acima transcrita) no decorrer do ano de 2008,
bem como o limite de 2 horas diárias previsto no art. 59 da CLT, oportunizando
aos mesmos a obtenção de vantagens financeiras permanentes através de
requerimentos junto a Justiça do Trabalho, nos termos da súmula nº 291 do
TST.
As justificativas apresentadas são no sentido de que a Agência de
Criciúma desenvolve suas atividades da mesma forma que as outras Agências
da CELESC, em consonância com a filosofia da empresa, buscando cumprir a
legislação e as normas vigentes. Salienta que todo trabalho da Agência tem
como premissa maior a excelência do atendimento ao consumidor, e para
tanto, busca o efetivo cumprimento dos padrões estabelecidos pela Agência
Reguladora – ANEEL. Para atingir tais objetivos reconhece que a situação em
questão é agravada pelo fato de ser limitado o número de eletricistas na
Agência, o que gera o pagamento obrigatório de horas extras excedentes.
Tais alegações não justificam os questionamentos da instrução, haja
vista que afrontam às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos 2006/2007 e
2007/2008, respectivamente, e infringem as normas legais ditadas pelos artigos
58, 59, 66 e 67 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
Alega, ainda, que as modificações no sistema de horas extras
utilizados na Companhia, não podem ser fruto de uma resolução autônoma e
nem regionalizada, mas sim de uma decisão tomada pela Diretoria.
948
Quanto a esta alegação cabe registrar as normas constantes do item
5.1.2, da Instrução Normativa da própria Celesc nº I-132.0043: “Em vista da
natureza diferenciada de um órgão para outro e das reais necessidades de
horas extras, cabe essencialmente à chefia imediata, gerenciar as horas extras
de forma criteriosa e com o menor dispêndio possível”.
Observa-se, assim, que não se trata de modificação no sistema de
horas extras normatizado pela Companhia, mas sim de gerenciá-lo de forma
criteriosa e com o menor dispêndio possível.
Ressalte-se que os apontamentos relativos aos serviços
extraordinários em excesso e continuados praticados pela Celesc, tanto pela
Administração Central como pelas Agências Regionais, constam de relatórios
de auditorias de vários exercícios, com recomendação expressa constante do
Acórdão nº 1403/2005, de 18/07/2005 - Processo APE-04/03395216, nos
seguintes termos:
6.3 Recomendar à CELESC a adoção de providências visando: 6.3.1. À realização de concurso público no intuito de suprir a carência de pessoal existente na Companhia, evitando, assim, o pagamento excessivo de horas-extras (item 3.1 a 3.6 do Relatório DCE); 6.3.2. Às modificações necessárias no sistema de registro de frequência dos empregados, para facilitar a averiguação das horas ordinárias e extraordinárias efetivamente laboradas. 6.4. Determinar à CELESC que atente para o cumprimento do disposto no item 6.2.3 da Decisão nº 4038/2003, exarada na Sessão Ordinária de 26/11/2003 no Processo nº CON - 306370824. 6.5. Determinar à Diretoria de Controle da Administração Estadual - DCE, deste Tribunal, que adote providências visando à verificação do atendimento das recomendações e determinação constantes dos itens 6.3 e 6.4 desta deliberação, procedendo à realização de diligências, inspeção ou auditoria que se fizerem necessárias.
Permanece assim a restrição de ordem legal no pagamento de horas
extras em excesso, com infringência aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, além de contrariar normas
acordadas nas cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho
2006/2007 e 2007/2008, respectivamente, e recomendação deste Tribunal.
2.4. Descumprimento do item 5.4.3 da Instrução Normativa I-
132.0018, relativamente ao empregado Sérgio Martins Barcelos, haja vista que nos meses de março e maio, ambos do exercício de 2008, não foi garantido ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final de semana por mês. Tal ato, além de afrontar Normativa Interna da Companhia, também infringe o art. 67 da CLT, através do qual é assegurado ao empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas – que deverá coincidir com o domingo (item 2.5.2).
949
A Instrução, ao analisar as escalas de sobreaviso e seu controle de
horas, expõe às fls. 690 e 691 sobre sua origem e toda a regulamentação. Na
sequência, a Instrução relata alguns casos de sobreaviso verificados in loco,
através da elaboração da Tabela 5 (fls. 691/692), para concluir:
“Em uma primeira análise às escalas de sobreaviso, constantes às
fls. 536/560, verificou-se que a Agência Regional está seguindo o disciplinado
pela Instrução Normativa n. I-132.0018, ou seja, na elaboração das escalas
nenhum dos empregados constou em mais de 3 (três) escalas consecutivas,
que somam 180 horas. Entretanto, em análise às horas de sobreaviso
efetivamente prestadas pelos empregados constatou-se que o empregado
Sérgio Martins Barcelos extrapolou o limite de 180 horas nos meses de março
e maio. Nesse passo, conclui-se que não foi respeitado pela Agência Regional
o item 5.4.3 da Instrução Normativa I-132.0018, relativamente ao empregado
Sérgio Martins Barcelos, vez que nos meses de março e maio, ambos do
exercício de 2008, o funcionário realizou horas de sobreaviso de forma
continuada, ou seja, em mais de 3 escalas consecutivas, de forma que não foi
garantida ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final de
semana por mês, em afronta, também, ao art. 67 da CLT”.
Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 731/733).
O responsável, Sr. Enaldo dos Santos, após transcrever itens da
Instrução Normativa I-132.0018 que disciplina o sobreaviso na CELESC, traz
observações sobre o cargo ocupado pelo empregado Sérgio Martins Barcelos à
época e sobre as horas registradas conforme escalas, salientando que todas
as convocações tiveram a confirmação acordada com o empregado, e que o
mesmo mostrou-se sempre solícito, disponibilizando-se quando oportuno,
principalmente diante das necessidades apresentadas na emergência e da
responsabilidade com toda a sociedade intrínseca ao cargo exercido.
Para o mês de março/2008, justifica que os sobreavisos foram
efetivamente executados nos períodos de 01 à 03/03, de 07 à 10/03 e 28 à
31/03. Devido à necessidade ficou, também, de sobreaviso das 18 horas do dia
14 até às 24 horas do dia 15/03/2008, contudo, o mês de março de 2008 teve
cinco finais de semana. Justificativa idêntica é apresentada para o mês de
950
maio/2008 com feriado junto ao final de semana, anexando cópias das escalas
relativas aos meses questionados.
Ressalta a excepcionalidade do caso, haja vista, tratar-se de apenas
um caso, ocorrido em 2 meses durante o ano todo, além de o próprio relatório
afirmar que a elaboração das escalas realizadas pela Agência Regional de
Criciúma, seguir o disciplinado pela referida Instrução Normativa.
Análise das justificativas apresentadas.
Questiona a Instrução o descumprimento do item 5.4.3 da Instrução
Normativa I-132.0018, relativamente ao empregado Sérgio Martins Barcelos,
haja vista que nos meses de março e maio, ambos do exercício de 2008, não
foi garantido ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final
de semana por mês.
Conferindo as escalas de sobreaviso juntadas pelo Responsável às
fls. 835 e 836 e as justificativas apresentadas, observa-se que o empregado
Sérgio Martins Barcelos não consta escalado para o final de semana, dias 22 e
23 de março (fl. 835) e para o final de semana, dias 17 e 18 de maio (f. 836),
cumprindo, assim, o limite de 3 (três) escalas consecutivas previsto na
Instrução Normativa I-132.0018, item 5.4.3 e o descanso de pelo menos um
final de semana de cada mês, previsto no art. 67, da Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT.
Portanto, as justificativas e documentos apresentados pelo
responsável sanearam a irregularidade apontada neste item.
2.5. Descumprimento de normas da própria Companhia –
Instrução Normativa I-134.0010 - na concessão do adicional de periculosidade convocável, no que se refere aos itens 5.7.2., 5.7.4. e 5.7.7., vez que em 44 (quarenta e quatro) situações não foi respeitado o interregno de 3 meses entre uma convocação e outra; somente poderia ter sido convocado outro empregado para trabalhar em área de risco se não houvesse possibilidade do serviço ser executado por outro empregado credenciado ou convocado para aquele mês; e, foram convocadas 9 (nove) chefias para a realização de trabalho em condições de periculosidade, sem a caracterização da situação de emergência, vez que foram convocados de forma habitual. Tal ato se caracteriza como ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.5.3).
951
A Instrução, após definir conceitos e discorrer sobre a legislação
pertinente ao adicional de periculosidade (fls. 693/694), apresenta tabelas que
retratam a carga horária de trabalho exercida pelos empregados da Agência
em atividade de risco, por setor da Regional (fls. 695/705), especificando as
irregularidades observadas, para concluir pelo descumprimento de normas da
própria Companhia - Instrução Normativa I-134.0010 - no que se refere aos
itens 5.7.2, 5.7.4 e 5.7.7, vez que na maioria dos casos não foi respeitado o
interregno de 3 meses entre uma convocação e outra, onde somente poderia
ter sido convocado empregado para trabalhar em área de risco se não
houvesse possibilidade do serviço ser executado por outro empregado
credenciado ou convocado para aquele mês, bem como a convocação de
chefias para a realização de trabalho em condições de periculosidade, sem a
caracterização da situação de emergência, vez que foram convocados de
forma habitual.
Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 733/737).
Alega o responsável, Sr. Enaldo dos Santos, que os casos
elencados pelo relatório, que em tese ferem a normativa da empresa, na
realidade se justificam pela natureza do serviço prestado, bem como pela
emergência do atendimento das ocorrências, lembrando-se que se trata de
serviços que colocam em risco a segurança dos consumidores, e até mesmo
do sistema elétrico da empresa, não podendo prevalecer a normativa interna
em detrimento a segurança dos consumidores.
Observa que os casos que se enquadram na ausência do interregno
de 3 meses entre uma convocação e outra (alínea “d”, do item 5.8.1, da I-
134.0010), foi devidamente cumprida pelo Chefe da Agência Regional de
Criciúma quando o mesmo solicitou ao Diretor da Área autorização para as
referidas convocações, com as devidas liberações, devido a impossibilidade de
manter o referido interregno constantes de cada requerimento encaminhado,
nos termos da Instrução Normativa citada.
Sobre a convocação dos ocupantes de chefias para a realização de
trabalho em condições de periculosidade, alega que há distinção entre as
funções de chefe de divisão e de chefe de supervisão. O chefe de divisão está
952
hierarquicamente superior ao chefe de supervisão, enquanto a Instrução
Normativa veda o direito à percepção do adicional de periculosidade quando o
empregado desempenhar função superior ou igual a de chefe de divisão.
Ao especificar os casos de convocação de chefias indicados no
relatório, informa que somente o Sr. Jânio Canela e o Sr. Célio Bolan eram
chefes de divisão na época dos fatos, ainda assim, estavam os mesmos
autorizados pelo Diretor da Área, conforme documento em anexo, reiterando a
ausência de responsabilidade do Chefe da Agência. Já os outros funcionários
relacionados pela instrução eram chefes de supervisão, portanto não possuíam
função superior ou igual a chefe de divisão, estando autorizados a serem
convocados nos termos da Instrução relacionada.
Ressalta que o Manual de Procedimentos que trata da autorização
do empregado para executar serviços em eletricidade e/ou instalações elétricas
e pagamento do adicional de periculosidade, analisado pelo Tribunal de Contas
com fundamento na I-134.0010, foi devidamente revogado pela Deliberação nº
84/2009 e substituído pela Instrução Normativa I-134.0016, que eliminou as
restrições apontadas no relatório da Instrução.
Comenta as alterações ocorridas (fls. 735 a 737), e conclui:
“Assim, verifica-se que o procedimento tomado pelo Chefe da Agência de Criciúma não era específico dessa Regional, mas era procedimento padrão de todas as Agências Regionais e da Administração Central, comprovando que não havia nenhuma ilicitude em sua ação, mas sim, preocupação com o desempenho das atividades desenvolvidas pela empresa. Tanto pode-se constar que a própria normativa interna fora modificada, exatamente para se adequar a realidade dos fatos, e as normas trabalhistas, que em momento algum foram desrespeitadas, quanto ao pagamento do adicional de periculosidade”.
Análise das justificativas apresentadas.
Argumenta o responsável que, segundo a Instrução Normativa I-
134.0010, item 5.8.1, letra d, cabe à chefia de Departamento ou Agência
Regional solicitar ao Diretor da Área a liberação da exigência quando há a
impossibilidade de manter o interregno entre as convocações do mesmo
empregado, entendimento reforçado pela Deliberação nº 344, de 27/12/2005,
que preconiza que os empregados que recebem o adicional de periculosidade
na modalidade convocável só poderão ser requisitados pelo Diretor da área.
953
Alega, ainda, que o procedimento tomado pelo Chefe da Agência de
Criciúma não era específico dessa Regional, mas era procedimento padrão de
todas as Agências Regionais e da Administração Central, comprovando que
não havia nenhuma ilicitude em sua ação. Informa, também, que esta
disposição constante da I-134.0010 foi devidamente revogada pela Deliberação
nº 84/2009 e substituída pela I-134.0016.
Sobre as justificativas acima, cabe esclarecer que, de fato, os
questionamentos efetuados pela instrução não são específicos da Regional de
Criciúma, haja vista os apontamentos das mesmas irregularidades constantes
das inspeções realizadas nas Agências de Chapecó e Tubarão, bem como na
Administração Central, juntadas nos Processos nºs. APE 07/00399500 e APE
07/00399410, em tramitação nesta Casa.
Observa-se que, conforme justificativa do Responsável, cabe à
Chefia da Agência Regional solicitar a liberação das exigências na convocação
para a modalidade convocável, para o Diretor da Área autorizar o ato. Quem
provoca o procedimento, indicando o empregado para a convocação, é o Chefe
da Agência.
No caso específico da Agência Regional de Criciúma, a Instrução
relatou as seguintes situações:
a) Adicional de periculosidade convocável pago durante todo o ano
de 2008, o que descaracteriza a situação de emergência prevista no item 5.7.7,
do Manual de Procedimentos, com desrespeito ao item 5.7.2 do mesmo
Manual que determina a existência de um interregno de 3 meses entre as
convocações.
Esta situação foi verificada nos pagamentos aos empregados: Jorge
Luiz Freitas, Jânio Canela e Celso Bolan (fl. 695); Jorge Luiz dos Santos e
Emerson M. Custódio (fl. 697); Janio Venturini, Ariovaldo Machado, Rogério de
Souza Soares, Arlei Eusébio, Estácio Antonio Fagundes Neto, Laerte de
Oliveira, Sandro Pedroso, Edilson Medeiros Nazário, Mário Euclides Zeferino,
Márcio Dal Farra e Mateus B. Brum (fls. 697/698; Clóvis Luiz Caporal (fl. 699);
Júlio César Silveira, Rildo D. Liberato Machado, Ariel Antônio Pereira, Nivaldo
Comin e Ruben M. de Oliveira (fl. 700); Nério Kejelin, Roberto dos Santos, José
Roberto dos Santos, Maurício Casagrande, Donizete Medeiros Prudência,
Eduardo Luiz Ferraro, Salvador da Silva e Márcio José Peruchi (fl. 701);
954
Amilcar Daniel Cesa, Humberto Roberg e Zulnei Casagrande (fl. 702); Itamar
da Silva Selau, Ivone Souza C. C. de Faria, Sergio Martins Barcelos, Rogério
dos Santos, Jorge Ricardo Bernardino, Cesar Furlaneto, Adilson José Feltrin e
Marcelo de V. Oliveira (fls. 703/704); Wamilton Silva, Luiz Carlos de Souza,
Luiz Carlos Alves, Pedro Acácio dos Santos e Cristiano C. Constantino (fls.
704/705).
As justificativas apresentadas não eliminam as exigências para as
convocações para atividades de risco com direito ao adicional na modalidade
convocável, definidas no Manual de Procedimentos – Instrução Normativa I-
134.0010. Conforme o referido Manual, estão previstos os pagamentos do
referido adicional na modalidade fixo – código 215, para quem trabalha
diariamente em área de risco, e o adicional na modalidade de convocável –
código 278, para os empregados convocados para executar, quando
necessário, serviços em área de risco.
Portanto, o adicional na modalidade convocável corresponde a uma
excepcionalidade com a caracterização de situação de emergência e o
interregno de 3 meses entre as convocações do mesmo empregado e não a
atividade permanente, conforme verificado in loco, permanecendo a
irregularidade apontada.
b) Empregados que, apesar de estarem ocupando cargos de chefia,
receberam adicional de periculosidade convocável durante todo o exercício de
2008, em desacordo com o que disciplina o item 5.7.7 do Manual de
Procedimentos da Companhia – código I-134.0010: Janio Canela e Celso
Bolan (fl. 695); Laerte de Oliveira (fl. 697); Arlei Antonio Perego (fl. 700); Nerio
Kejelin (fl. 701); Amilcar Daniel Cesa e Humberto Roberg (fl. 702); Sérgio
Martins Barcelos (fl. 703); e Luiz Carlos de Souza (fl. 704).
Alega o responsável que há distinção entre as funções de chefe de
divisão e de chefe de supervisão. O chefe de divisão está hierarquicamente em
nível superior ao chefe de supervisão, enquanto a Instrução Normativa veda o
direito à percepção do adicional de periculosidade quando o empregado
desempenhar função superior ou igual a de chefe de divisão.
Esta justificativa confere com o disposto na referida Instrução. Houve
um equívoco na interpretação das funções de chefe de divisão e chefe de
supervisão. Sendo a função de chefe de divisão superior a de chefe de
955
supervisão e, a Instrução Normativa I-134.0010 especificar em seu item 5.7.7
que não devem ser convocadas chefias, cujo nível hierárquico seja igual ou
superior à Divisão, fica saneada a restrição quanto a estas convocações.
Contudo, o próprio Responsável informa que “somente o Sr. Jânio
Canela e o Sr. Célio Bolan eram chefes de divisão na época dos fatos,...”.
Mesmo com autorização do Diretor da Área, o recebimento do adicional de
periculosidade convocável durante todo o exercício de 2008, descaracteriza a
excepcionalidade das convocações, solicitadas pelo Chefe da Agência, o que
afronta o que disciplina o item 5.7.7, da referida Instrução Normativa.
A informação de que as disposições constantes da I-134.0010 foram
devidamente revogadas pela Deliberação nº 84/2009 e substituída pela I-
134.0016, não saneiam as restrições, haja vista tratar-se de revogação
posterior a ocorrência dos fatos apontados.
Permanece assim a irregularidade na convocação dos Chefes de
Divisão Senhores Jânio Canela e Célio Bolan.
c) Empregados que foram convocados para realizarem trabalho de
risco quando haviam outros empregados com o mesmo cargo que poderiam ter
realizado o trabalho, desrespeitando o item 5.7.4 do aludido Manual de
Procedimentos que disciplina: “só deverá ser convocado para trabalhar em
condições de periculosidade quando houver impossibilidade do serviço, objeto
da convocação, ser executado por profissional credenciado, ou outro que foi
convocado para aquele mês”.
Nessa situação foram relacionados os seguintes empregados:
Ariovaldo Machado, Rogério de Souza Soares e Mário Euclides Zeferino (fls.
697/698); Clóvis Luiz Caporal (fls. 698/699); José Roberto dos Santos e Marcio
José Peruchi (fl. 701); Zulnei Casagrande (fls. 702/703); Rogério dos Santos,
Jorge Ricardo Bernardino e Adilson José Feltrin (fls. 703/704).
Sobre este questionamento, o Responsável alega apenas que as
disposições constantes do item 5.7.4, também foram revogadas pela
Deliberação nº 48/2009. Contudo, observa-se que a revogação ocorreu no ano
de 2009, posteriormente aos fatos questionados.
Conforme o exposto, as justificativas do Responsável não eliminam
os questionamentos efetuados pela Instrução.
956
Assim, permanecem as irregularidades apontadas no item 2.5.3 do
Relatório Instrução nº 193/09 (fls. 693/705) pelo descumprimento de normas da
própria Empresa previstas no Manual de Procedimentos - Instrução Normativa
I-134.0010, itens 5.7.2, 5.7.4 e 5.7.7, na concessão do adicional de
periculosidade convocável, por convocar continuamente os mesmos
empregados, inclusive chefias, transformando o “convocável” em permanente
(fixo), deixando de conceder o adicional fixo, código 215, nos termos do art.
149, § 4º, da CLT e Decreto nº 93.412/86, para favorecer certos empregados
da Regional com o adicional convocável, bem como na convocação para
realização de trabalho de risco quando haviam outros empregados com o
mesmo cargo que poderiam ter realizado o trabalho.
Tratam-se de atos com grave infração a norma legal, infringindo o
princípio da economicidade previsto no art. 70, da Constituição Federal, art.
149, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e Decreto nº 93.412/86,
estando o responsável Sr. Enaldo dos Santos sujeito a multa prevista no art.
70, inciso II, da Lei Complementar nº 202/2000.
2.6. DAS RECOMENDAÇÕES
A Instrução sugere na conclusão do Relatório de Instrução,
recomendar ao Presidente da CELESC a observação constante do item 2.6 e o
encaminhamento de ofício à Delegacia Regional do Trabalho comunicando fato
observado na auditoria, relativo ao descumprimento de período mínimo de
descanso entre uma jornada de trabalho e outra, previsto no art. 66 da CLT.
Seguindo o entendimento do Relator do processo, expresso no
Despacho de fl. 713, ratifica-se o exposto pela instrução para ser apreciado
nesta fase processo, ou seja: RECOMENDAR ao Presidente da Companhia
que ofereça cursos de atualização jurídica aos empregados lotados no
Departamento Jurídico da Agência Regional de Criciúma, o que se faz
necessário para um bom desempenho do profissional e para o resultado dos
processos em que a Companhia é parte, conforme relatado às fls. 705/706,
item 2.6, do relatório de instrução.
957
Quanto à comunicação de determinado fato à Delegacia Regional do
Trabalho, sugerida na conclusão do referido relatório, observa-se que o
responsável não justificou o fato questionado, permanecendo a restrição
apontada. Contudo, considerando a alegação de que o fato relatado é
agravado pelo limitado número de eletricistas na Agência Regional de Criciúma
e, considerando a recomendação deste Tribunal para a adoção de providências
visando à realização de concurso público no intuito de suprir a carência de
pessoal existente na Companhia (Acórdão nº 1403/2005, item 6.3.1), entende
esta reinstrução, neste momento, em reiterar tal recomendação, alertando o
Ordenador de Despesa para a possibilidade de fiscalização por parte da
Delegacia Regional do Trabalho, haja vista a infringência à norma constante da
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, por parte da Companhia, na
realização de horas extras em excesso, impedindo os empregados ao direito
de período mínimo de descanso entre uma jornada de trabalho e outra (art. 66
da CLT).
3. CONCLUSÃO
Considerando que foi efetuada a audiência dos Responsáveis,
conforme consta nas fls. 714 e 715 dos presentes autos;
Considerando que as justificativas e documentos apresentados são
insuficientes para elidir na sua totalidade as irregularidades apontadas pelo
Órgão Instrutivo, constantes do presente Relatório;
Considerando os apontamentos das mesmas irregularidades
constantes das inspeções realizadas nas Agências Regionais de Chapecó e
Tubarão, bem como na Administração Central da CELESC, juntadas nos
Processos nºs. APE 07/00399500 e APE 07/00399410, em tramitação nesta
Casa;
Considerando o que mais dos autos consta, sugere-se:
3.1. Conhecer do Relatório de Auditoria realizada na Agência
Regional da CELESC Distribuição de Criciúma, com abrangência sobre Atos de
Pessoal relativos ao exercício de 2008, com eventual distensão em relação ao
exercício de 2009, para considerar irregulares os atos a seguir discriminados,
958
com fundamento no art. 36, parágrafo 2º, alínea “a”, da Lei Complementar nº
202/2000, conforme tratado no presente processo.
3.2. Aplicar aos Responsáveis abaixo relacionados, com fundamento
no art. 70, inciso II, da Lei Complementar nº 202/2000 c/c o art. 109, inciso II,
do Regimento Interno, as multas pelas irregularidades praticadas, fixando-lhes
o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação deste Acórdão no DOTC-e -
Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Contas, para comprovarem ao Tribunal
o recolhimento das multas ao Tesouro do Estado, ou interpor recursos na forma
da lei, sem o que, fica desde logo autorizado o encaminhamento das dívidas
para cobrança judicial, observado o disposto nos arts. 43, II, e 71 da Lei
Complementar n. 202/2000.
3.2.1. Ao Sr. Eduardo Pinho Moreira, CPF nº 117.829.276-20, ex-
Diretor Presidente da CELESC Distribuição S.A., face a(o):
3.2.1.1. previsão (e efetivação) da cedência de empregado da
Estatal à Fundação Celesc de Seguridade Social - CELOS no plano de cargos
e salários da Companhia, sem amparo legal, eis que a legislação que trata
sobre o assunto (Decreto Estadual n. 1.344/2004) não prevê a possibilidade da
cessão de empregado de sociedade de economia mista à entidade de caráter
privado, pois afronta o princípio da legalidade previsto no art. 37 da
Constituição Federal/88 e o disposto no art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76,
conforme item 2.1 do presente relatório;
3.2.1.2. ausência de ressarcimento da remuneração paga ao
empregado Evacir Bolan da CELESC pela prestação de serviços à Fundação
Celesc de Seguridade Social – Fundação CELOS, o que caracteriza ato de má
gestão do Administrador, gerando despesa desnecessária à Companhia e
ferindo o disposto art. 153 da Lei 6.404/76, bem como por haver deixado de
exercer suas atribuições que a lei e o estatuto lhe conferiram para lograr os fins
e no interesse da Companhia, conforme disposto no art. 154 da mesma Lei
citada, conforme item 2.2 do presente relatório.
3.2.2. Ao Sr. Enaldo dos Santos, CPF nº 600.597.459-91, Gerente
da Agência Regional da CELESC Distribuição de Criciúma, face a(o):
959
3.2.2.1. pagamento de horas extras em excesso, com infringência
aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da Consolidação das Leis do Trabalho –
CLT, e às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho 2006/2007 e
2007/2008, respectivamente, conforme item 2.3 do presente relatório;
3.2.2.2. descumprimento de normas da própria Companhia –
Instrução Normativa I-134.0010 - na concessão do adicional de periculosidade
convocável, no que se refere aos itens 5.7.2., 5.7.4. e 5.7.7., com afronta ao
princípio da economicidade previsto no art. 70 da Constituição Federal, art.
149, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e Decreto nº 93.412/86,
o que caracteriza ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia,
em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76, conforme Item
2.5 do presente relatório.
3.3. Recomendar à CELESC Distribuição S.A., que ofereça cursos
de atualização jurídica aos empregados lotados no Departamento Jurídico da
Agência Regional de Criciúma, o que se faz necessário para um bom
desempenho do profissional e para o resultado dos processos em que a
Companhia é parte, conforme item 2.6 do presente relatório;
3.4. Reiterar a recomendação constante do item 6.3.1 do Acórdão nº
1403/2005 e alertar o Diretor Presidente da CELESC Distribuição S.A. para a
infringência à norma constante da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
(art. 66), na realização de horas extras em excesso, impedindo os empregados
ao direito de período mínimo de descanso entre uma jornada de trabalho e
outra, conforme item 2.6 do presente relatório.
É a reinstrução.
DCE/INSP.3/DIV.7, em 4 de maio de 2011.
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