pressuposto, subentendido e ironia

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PRESSUPOSTO, SUBENTENDIDO E IRONIA

POLIFONIA, DIALOGISMO, MARCADORES POLIFÔNICOS E RECURSOS PERSUASIVOS

POLIFONIA E/OU DIALOGISMO

Bakhtin lançou a idéia de polifonia; Esse autor partiu de uma crítica ao objetivismo abstrato que via a língua

como um sistema monológico; Para ele, a palavra não é monológica e sim plurivalente e o dialogismo

uma condição constitutiva do sujeito; Bakhtin afirma que o ser humano não pode ser concebido fora de suas

relações sociais, portanto a linguagem é social; Ainda segundo Bakhtin, qualquer manifestação de comunicação

(enunciação) será definida pelas reais condições de enunciação, ou seja, a situação social do momento;

POLIFONIA E/OU DIALOGISMO

Concluindo, a polifonia é parte integrante e essencial de qualquer enunciação;

A polifonia analisa o fato de que ocorrem em um mesmo texto diferente vozes que se expressam;

Todo discurso é formado por diversos discursos.

POLIFONIA E PROPAGANDA

Fundamental em propaganda é entender o momento sócio-histórico da enunciação;

Em propaganda, como em qualquer enunciado, a palavra é orientada para o interlocutor e em função do interlocutor;

O produtor do texto publicitário procura antecipar as representações feitas pelo interlocutor e através disso, estabelece estratégias de formulação da mensagem (BRANDÃO, 1991);

A mensagem (a enunciação) é, portanto, sempre resultado da interação entre locutor e interlocutor;

O QUE É ENUNCIAÇÃO

Para Bakhtin:– É uma alocução, ela sempre instaura o outro (esteja ele presente ou

não), seja de maneira implícita ou explícita, é o produto da interação entre dois indivíduos socialmente definidos;

– É formada tanto por elementos lingüísticos (verbais) como por elementos não-verbais;

– A enunciação individual é um fenômeno puramente sociológico.

O QUE É ENUNCIAÇÃO

Para Ducrot:– é “o acontecimento constituído pelo aparecimento

de um enunciado” (p.168). A realização de um enunciado é um acontecimento único, dá-se existência a algo que não existia antes e que deixará de existir depois. É uma aparição momentânea;

POLIFONIA SEGUNDO DUCROT

A tese de Ducrot (1987) contempla duas idéias básicas. A primeira é a que atribui para a enunciação um ou mais sujeitos que seriam sua origem. A segunda é aquela que vê a necessidade de diferenciar entre os diversos sujeitos ao menos duas modalidades de personagens: os locutores e os enunciadores.

Os locutores são aqueles que são apresentados no enunciado como seus responsáveis. Diferem do chamado ser empírico ou ator empírico do enunciado, que é aquele que efetivamente produz o enunciado. No nosso caso seria o produtor do texto publicitário.

POLIFONIA SEGUNDO DUCROT

Já os enunciadores são os seres cujas vozes estão presentes na enunciação, mas que não são responsáveis pela ocorrência de palavras, ou seja, não é atribuída ao enunciador (ou enunciadores) nenhuma palavra, usando aqui o sentido material do termo. Ducrot (1987, p.193) afirma então que “o locutor, responsável pelo enunciado, dá existência, através deste, a enunciadores de quem ele organiza os pontos de vista e as atitudes”.

A diferenciação entre locutor e ser empírico de imediato nos remete à polifonia. Em propaganda normalmente temos o apagamento total do ser empírico, do autor ou produtor efetivo do texto publicitário, em prol do locutor que conversará com o interlocutor dentro de um repertório adequado a esse.

EXEMPLO

Analisemos este texto:

– Relógio do Shopping Iguatemi. Ele se pergunta por que nunca tinha tempo para ficar com o filho. Pai, como funciona este relógio? Ta vendo a água lá em cima daquela bola...Ele ia explicando e o garoto maravilhado com o relógio. Mas para que serve o tempo, pai? Como é que as crianças conseguem fazer este tipo de pergunta? Tempo serve para medir as coisas que a gente faz. A hora que você tem que ir pra escola. A hora de acordar, de dormir. Daqui a pouco, por exemplo, eu tenho que deixar você na casa da sua mãe. Ele esperava o tradicional por quê? Mas o garoto não fez a pergunta. Devia estar se acostumando. Devia estar crescendo. Engraçado como as crianças crescem rápido. Do telefone celular, ligou primeiro para a ex-mulher, depois para a empresa. Comprou dois sorvetes e ficaram horas sentados, sem pressa, olhando o relógio de água do Shopping Iguatemi.

Shopping Iguatemi. Onde a vida acontece.

Análise do exemplo

Vejamos como as vozes se manifestam:

– No início, do trecho que vai de “Relógio do Shopping...”.até “tempo para ficar com o filho”, temos a presença do locutor (daqui para frente L). Em seguida entra a voz do filho (daqui para frente E1), um dos enunciadores, no trecho “Pai como funciona esse relógio?” Logo em seguida vem a voz do pai (daqui para frente E2), o outro enunciador, respondendo: “Tá vendo a água lá em cima daquela bola...”. Em seguida temos novamente a presença de L em “Ele ia explicando e o garoto maravilhado com o relógio”. Novamente o E1 perguntando: Mas para que serve o tempo pai?”. Retorna L no trecho” Como é que as crianças conseguem fazer esse tipo de pergunta?”. Na seqüência temos E2, no trecho que vai de” Tempo serve para medir...”até tenho que te deixar na casa da sua mãe”. No trecho seguinte temos o retorno de L: desde “Ele

esperava o tradicional por quê? Mas...” até o final do texto.

MARCADORES OU ÍNDICES POLIFÔNICOS

São determinadas formas lingüísticas que funcionam como marcadores, como indicativos da presença de outras vozes compondo o discurso Há diversos marcadores ou índices polifônicos. Vamos nos concentrar em:

– Pressuposto - o conceito de pressuposto implica idéias não expressas de maneira explícita e que são conseqüência do sentido de certas palavras ou expressões contidas na frase. É enunciado pelo locutor, mas é partilhado com outras vozes e até mesmo com toda a comunidade em que se insere (Ducrot, 1987) ;

MARCADORES OU ÍNDICES POLIFÔNICOS

Subentendido - pode ser definido como insinuações presentes numa frase ou num conjunto de frases e que não são marcadas lingüisticamente;

Ironia - ocorre quando o enunciador subverte sua própria enunciação, podendo ocorrer tal subversão sem que exista contestação de um determinado gênero ou mesmo de um texto anteriormente existente. Brait (1996) afirma que o “ironista” busca encontrar maneiras de chamar a atenção do interlocutor para o discurso e através de tal procedimento, conquistar sua adesão. Sem essa adesão do interlocutor, a ironia não se concretiza.

Ironia

Subentendido

Pressuposto

Subentendido e ironia

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