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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI TEIXEIRA
POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DA SAÚDE DA INFÂNCIA NO
MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES
Mogi das Cruzes, SP
2014
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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI TEIXEIRA
POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DA SAÚDE DA INFÂNCIA NO
MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Políticas Públicas Área de concentração: Realidade Regional, Qualidade de Vida e Dignidade Humana.
Orientadora Profa. Dra. Ivone Panhoca
Mogi das Cruzes, SP
2014
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FICHA CATALOGRÁFICA Universidade de Mogi das Cruzes - Biblioteca Central
Teixeira, José Eduardo Cavalcanti
Políticas públicas na área de saúde da infância no Município de Mogi das Cruzes / José Eduardo Cavalcanti Teixeira. – 2014.
79 f.
Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas) - Universidade de Mogi das Cruzes, 2014
Área de concentração: Realidade Regional: Qualidade de Vida e Dignidade Humana
Orientador: Profª Drª Ivone Panhoca
1. Políticas públicas 2. Saúde pública 3. Infância 4. Mogi das Cruzes I. Panhoca, Ivone
CDD 614
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“Nosso tesouro está na colmeia de nosso conhecimento. Estamos sempre voltados à
essa direção, pois somos insetos alados da natureza, coletores do mel da mente”.
(F. Nietzsche, 1886)
“Aquele que deseja aprender a voar, um dia precisa, primeiro aprender a ficar de
pé, caminhar, correr, escalar e dançar. Não se aprende a voar voando”.
(F. Nietzsche, 1879)
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DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar a Nossa Senhora Aparecida, minha santa protetora que sempre
esteveao meu lado.
À minha esposa Nana, companheira amada, pela sua compreensão, incentivo e
auxílio constante.
Aos meus filhos, Leandro e Raffaella, as forças propulsoras de minha caminhada.
A meus pais, Júlio e Lena, pelo exemplo de vida .
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AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Ivone Panhoca, pelos seus conhecimentos,
competência, paciência , zelo e exigência na busca da perfeição.
Aos professores do Curso de Mestrado da Universidade de Mogi das Cruzes, de
forma especial, à Coordenadora Prof.ªDr.ª Luci de Melo Bonini, amiga
incentivadora.
À Prof.ªDr.ª Elza Maria Tavares da Silva pela revisão realizada
.
À amiga Simone Cristina de Mello de Carvalho pela competência e paciência para
comigo.
Aos colegas de classe pelos bons momentos vividos.
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RESUMO
É clara a necessidade de políticas públicas na área de saúde da criança, em especial aquelas que venham ao encontro das necessidades de famílias de baixa renda, assim, este trabalho teve como objetivo: identificar e descrever a situação da municipalização da saúde em Mogi das Cruzes, mais especificamente dos programas de assistência à criança e à gestante com o foco na prevenção e promoção da saúde em seus aspectos legais e comparar resultados locais com os resultados nacionais, com o grande índice de natalidade no país e as preocupações com a diminuição da mortalidade infantil como um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, tornam-se evidentes as necessidades de programas de saúde para população de 0 a 6 anos, visando à adequação fisiológica /orgânica /psicossomática, como suporte existencial. Ao identificar ações públicas de saúde, pretendeu-severificar se estas existem e, se têm o alcance que se espera e amparam a população-alvo no seu desenvolvimento corpóreo /fisiológico, para um adequado desenvolvimento. Para obtenção dos resultados, fez-se uma revisão da literatura acerca das políticas públicas e seu papel no desenvolvimento do país; buscou-se refletir sobre as ações públicas de saúde, no geral, com destaque para o SUS em suas duas décadas e meia de existência; em seguida foram buscados documentos que apresentassem dados sobre os programas de saúde voltados à infância no município de Mogi das Cruzes, bem como documentos legais que comprovassem as políticas existentes no município que são fornecidos pelos órgãos públicos locais, assim como dados obtidos em banco de dados como o DATASUS e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fez-se uma análise dos programas de saúde implementados no município, de modo a comparar seus resultados aos resultados nacionais nos últimos anos.. Fez-se uma análise dos programas de saúde implementados no município, de modo a comparar seus resultados aos resultados nacionais nos últimos anosEstes resultados podem auxiliar na avaliação das políticas em andamento colocando-as à disposição dos pesquisadores a fim de que se construam indicadores locais mais acurados para se obteríndices melhorese mais específicos que possam auxiliar na tomada de decisões em planejamentos futuros.
Palavras – Chave: Políticas Públicas, Saúde Pública, Infância, Mogi das Cruzes.
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ABSTRACT
It’s clear the necessity of public policies in the area of the health of children,
especially those that meet the necessities of low income families. So, this work had
the aim to identify and describe the situation of the municipalization of health in Mogi
das Cruzes, more specifically of programs of support for children and pregnant
women, focusing the prevention and promotion of health in its legal aspects and
comparing local results with the national ones. Due to the great birth rate in the
country and the concerns about the decrease of child mortality as one of the Goals of
the Development of the Millenium, the necessity of health programs for children from
0 to 6 years of age, become evident, aiming physiological/ organic/ psychosomatic
adequacy, as an existential support. By identifying health public actions, we intend to
check if they exist, if they reach what they are supposed to and if they support the
target population so that their corporeal/ physiological development is appropriate. To
obtain the results, we made a review of the readings about public policies and the
role they play in the development of the country; we tried to reflect about health
public actions in general, focusing at SUS in its two decades and a half of existence;
afterwards we looked for documents that presented data about the health programs
aimed at childhood in Mogi das Cruzes, as well as documents that showed the
existing policies in the city that are provided by public bodies and data got from data
banking like DATASUS and InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). We
analyzed the health programs implemented in the city, in order to compare their
results to the national ones in the last years.The results showed that a lot of efforts
have been made to supply the demand of health in Mogi das Cruzes, mainly those
aiming the children health, to reduce child mortality and ensure a better quality of life
to them, not only within the family but also at school. These results can help in the
evaluation of ongoing policies, putting them at the researchers disposal in order to
have more accurate indicators for more specific results that will help in taking
decisions for future plans.
Key Words: Public Politics, Public Health, Childhood, Mogi das Cruzes.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1LINHAS DE CUIDADO PRIORITÁRIAS NA ÁREA TÉCNICA DE
SAÚDE DA CRIANÇA E ALEITAMENTO MATERNO 33
FIGURA 2 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO 38
FIGURA 3 COBERTURA DA ATENÇÃO BÁSICA IMPLANTADA A
PARTIR DE 2011 40
FIGURA 4 PIRÂMIDE ETÁRIA - MOGI DAS CRUZES, SÃO E PAULO
BRASIL 48
FIGURA 5 TAXAS DE MORTALIDADE INFANTIL, SEGUNDO
DEPARTAMENTOS REGIONAIS DE SAÚDE – DRS E
MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO: 2007-2011 53
FIGURA 6 NASCIDOS VIVOS EM 2010 – BRASIL POR REGIÃO 54
FIGURA 7 NÚMERO DE ÓBITOS INFANTIS (MASCULINOS E
FEMININOS) NOTIFICADOS EM 2013 E NOS ÚLTIMOS 9
ANOS PRECEDENTES – MOGI DAS CRUZES 55
FIGURA 8 NÚMERO DE ÓBITOS INFANTIS (MASCULINOS E
FEMININOS) NOTIFICADOS EM 2013 E NOS ÚLTIMOS 9
ANOS PRECEDENTES – BRASIL 55
FIGURA 9 NÚMERO DE ÓBITOS INFANTIS (MASCULINOS E
FEMININOS) NOTIFICADOS EM 2013 E ÚLTIMOS QUATRO
ANOS PRECEDENTES – MOGI DAS CRUZES 56
FIGURA 10NÚMERO DE ÓBITOS INFANTIS (MASCULINOS E
FEMININOS) NOTIFICADOS EM 2013 E ÚLTIMOS QUATRO
ANOS PRECEDENTES – BRASIL 56
FIGURA 11 NÚMERO DE ÓBITOS DE TODAS AS CAUSAS EVITÁVEIS
– BRASIL 58
FIGURA 12 NÚMERO DE ÓBITOS EVITÁVEIS, SEGUNDO O TIPO DE
EVITABILIDADE – BRASIL 59
FIGURA 13 NÚMERO DE ÓBITOS DE TODAS AS CAUSAS EVITÁVEIS
– MOGI DAS CRUZES 59
FIGURA 14 NÚMERO DE ÓBITOS EVITÁVEIS, SEGUNDO O TIPO DE
EVITABILIDADE – MOGI DAS CRUZES 60
FIGURA 15 COBERTURA VACINAL BÁSICA (%) POR TIPO 61
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IMUNOBIOLÓGICO – MENOS DE 1 ANO – MOGI DAS
CRUZES
FIGURA 16 COBERTURA VACINAL BÁSICA (%) POR TIPO
IMUNOBIOLÓGICO – MENOS DE 1 ANO – BRASIL 61
FIGURA 17 MAPA DE INDICADORES DOS OBJETIVOS DO MILÊNIO –
2010 62
FIGURA 18 NÚMERO DE ÓBITOS DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL
NOTIFICADOS EM 2013 – MOGI DAS CRUZES 68
FIGURA 19 NÚMERO DE ÓBITOS DE MULHERES EM IDIADE FÉRTIL
NOTIFICADOS EM 2013 – BRASIL 68
FIGURA 20 NÚMERO DE ÓBITOS DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL,
NOTIFICADOS EM 2013, SEPARADOS POR IDADE - MOGI
DAS CRUZES 69
FIGURA 21 NÚMERO DE ÓBITOS DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL,
NOTIFICADOS EM 2013, SEPARADOS POR IDADE – BRASIL 69
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LISTA DE TABELAS
Quadro1. População residente em Mogi das Cruzes, São Paulo e Brasil por
faixa etária e sexo – 2010 (para efeito comparativo) 47
Tabela1. NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR TIPO DE SERVIÇO
PRESTADO SEGUNDO TIPO DE ESTABELECIMENTO – DEZ
2009 50
Quadro 2. Síntese de desafios e potencialidades dos Municípios-
Polo/Oficina de gestores SUS, estratégia Brasileirinhos, 2010.... 35
Quadro 3. MORTES EVITÁVEIS 57
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIS Ações Integradas de Saúde
BIREME Biblioteca Regional de Medicina
CAE Conselhos de Alimentação Escolar
CAPS Sistema de Caixas de Aposentadorias e Pensão
CCA Centro da Criança e Adolescente
CLPS Consolidação das Leis da Previdência Social
CMMC CâmaraMunicipal de Mogi das Cruzes
CME Campanha de Merenda Escolar
CNA Comissão Nacional de Alimentação
CNAE Campanha Nacional de Alimentação Escolar
CNME Campanha Nacional de Merenda Escolar
CNRS Comissão Nacional de Reforma Sanitária
CNS Conferência Nacional de Saúde
CONASP Conselho da Administração de Saúde Previdenciária
CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde
DAE Departamento de Alimentação Escolar
D.O.U Diário Oficial da União
DPE Desnutrição proteico – energética
DPT-D1 Difteria, Tétano e Pertussis (coqueluche)
EBBS Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis
E.S.F Estratégia de Saúde da Família
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations
FGV Fundação Getúlio Vargas
Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz
Firjan Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
IAPs Institutos de Aposentadoria e Pensão
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IDI Índice de Desenvolvimento Infantil
IFDM Índice Federal de Desenvolvimento Municipal
INPS Instituto Nacional de Previdência Social
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IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LILACS Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde
LOM Lei Orgânica do Município
LOPS Lei Orgânica da Previdência Social
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
MDS Ministério do Desenvolvimento Social
MS Ministério da Saúde
Nupad Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico
ODM Objetivos do Milênio
OMS Organização Mundial da Saúde
ONG Organização não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
PACS Programa de Agentes Comunitários da Saúde
PCCN: Programa de Combate às Carências Nutricionais
PIASS Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento
PIB Produto Interno Bruto
PME Programa de Merenda Escolar
PMMC Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição
PNI Programa Nacional de Imunizações
PNS Plano Nacional de Saúde
PNTN Programa Nacional de Triagem Neonatal
PRONAN Programa Nacional de Alimentação e Nutrição
P.S.F Programa de Saúde da Família Nordeste
RC Rede Cegonha
SIM Sistema Integrado de Mortalidade
SISNASC Sistema Integrados de Nascimentos
SISPACTO Sistema de Informação ao Cidadão Pactuado
SCIELO ScientificElectronic Library Online
SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados
SAMDU Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência
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SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados
SISPACTO Sistema de Informação ao Cidadão Pactuado
SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade
SMS Secretaria Municipal de Saúde de Mogi das Cruzes
SNS Sistema Nacional de Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
TMI Taxa de Mortalidade na Infância
UBS Unidade Básica de Saúde
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
UNICEF United NationsChildren's Foundation
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................ 17
1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS E REFLEXÕES..................... 18
1.2 FEDERALISMO E PROTEÇÃO SOCIAL: POLÍTICAS DE SAÚDE
NO BRASIL........................................................................................ 20
1.3 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: BREVE PANORAMA
HISTÓRICO E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS
PROGRAMAS EXISTENTES................................................................... 24
1.3.1. A ATENÇÃO À SAÚDE PARA A POPULAÇÃO DE 0 A 6 ANOS. 29
1.3.1.1 DIRETRIZES NACIONAIS PARA AÇÕES CENTRALIZADAS
PARA A SAÚDE DA INFÂNCIA............................................................... 33
2 MÉTODO ............................................................................... 43
2.1 NATUREZA DO ESTUDO................................................................... 43
2.2CAPTAÇÃO DE DADOS..................................................................... 43
2.3ANÁLISE DOS DADOS....................................................................... 45
3POLÍTICASDE SAÚDE DESTINADAS À INFÂNCIA NO
MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES...................................... 46
3.1 O MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES.............................................. 46
3.2 PROGRAMAS DE REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL......... 51
3.2.1 A BUSCA DA REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL.............. 51
3.2.2 COBERTURA VACINAL.................................................................. 60
3.2.3 DEMAIS PROGRAMAS DA REDE MUNICIPAL DE
ATENDIMENTO INFANTIL, PREVENÇÃO E CUIDADOS...................... 63
3.2.3.1 PROGRAMA ACONCHEGO......................................................... 63
3.2.3.2 PROGRAMA DE COMBATE ÀS CARÊNCIAS NUTRICIONAIS. 64
3.2.4 OUTROS PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E CUIDADOS............. 65
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3.2.5 PROGRAMAS DESTINADOS ÀS MULHERES............................... 67
4CONCLUSÃO......................................................................... 72
REFERÊNCIAS 75
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18
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas duas décadas e meia, desde o advento da Constituição Federal
de 1988, uma especial atenção à saúde da criança vem sendo dispensada pelos
órgãos públicos nacionais, estaduais e municipais.
Como gestor público na área da saúde, há mais de duas décadas, tenho
assistido a diferentes tomadas de decisões neste setor com o objetivo de melhoria
da qualidade de vida da população brasileira. Ao longo deste tempo, as políticas de
Saúde no Brasil se fortaleceram com a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS),um dos mais bem projetados no mundo na área. Apesar de ineficiente, em
muitos aspectos ainda, e tendo em vista uma crescente demanda por saúde no
território nacional, em consequência do crescimento demográfico do país, os
programas de saúde vêm se destacando pela capacidade de dar conta de inúmeras
situações, quando há vontade política dos gestores nas diferentes esferas.
É clara a necessidade de políticas públicas na área de saúde da criança, em
especial aquelas que venham ao encontro das necessidades de famílias de baixa
renda. E é importante, aqui, refletir sobre as ações públicas de saúde, pois há a
necessidade de se verificar se elas satisfazem a população a quem se dirigem e se
fornecem o amparo e o suporte desejado no que diz respeito ao desenvolvimento
físico-mental-emocional do segmento da população ao qual se voltam. Assim, este
trabalho teve como objetivo: identificar e descrever a situação da municipalização da
saúde em Mogi Das Cruzes, mais especificamente dos programas de assistência à
criança e à gestante como foco na prevenção e promoção da saúde em seus
aspectos legais e comparar resultados locais com os resultados nacionais.
Pretendeu-se compreender o papel do Estado na garantia nos direitos
fundamentais do cidadão, na área da Saúde e refletir sobre o papel do Sistema
Único de Saúde (SUS) como uma política de saúde que abriga inúmeros programas
de saúde existentes nas três esferas administrativas: federal, estadual e municipal.
A escolha da população-alvo se deu em função de que é neste curto período
que as estruturas físicas e intelectuais e de aprendizagem emergem e estabelecem,
-
19
nas crianças, suas fundações para o resto da vida (AGUIAR; NASCIMENTO e
BARKER, 2007).
Com grande índice de natalidade no país e as preocupações com a
diminuição da mortalidade infantil como um dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio, tornam-se evidentes as necessidades de programas de saúde para
população de 0 a 6 anos, visando à adequação fisiológica /orgânica /psicossomática,
como suporte existencial. Ao identificar ações públicas de saúde, pretende-se
verificar se elas existem e, se têm o alcance que se espera e amparama população-
alvo no seu desenvolvimento corpóreo /fisiológico, para um adequado
desenvolvimento.
Para obtenção dos resultados, fez-se uma revisão da literatura acerca das
políticas públicas e seu papel no desenvolvimento do país; buscou-se refletir sobre
as ações públicas de saúde, no geral, com destaque para o SUS em suas duas
décadas e meia de existência; em seguida fez-se o levantamento de documentos
que apresentam dados sobre os programas de saúde voltados à infância no
município de Mogi das Cruzes, bem como documentos legais que comprovassem as
políticas existentes no município que são fornecidos pelos órgãos públicos locais,
assim como dados obtidos em banco de dados como o DATASUS e o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso foi feita uma análise dos
programas de saúde implementados no município, de modo a comparar seus
resultados aosresultados nacionais nos últimos anos.
1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS E REFLEXÕES
Tendo em vista que o tema desta dissertação está voltado às “Políticas
Públicas na Área da Saúde”, as definições e conceitos adquirem relevância reflexiva.
Para discorrer sobreeles partimos do pressuposto filosófico de Paulo Freire
(FREIRE, 2007, p.60) de que “o ato de conhecer envolve um movimento dialético
que vai da ação à reflexão sobre ela e desta a uma nova ação”.
Política e Políticas Públicas estão relacionadas com o poder social. “Enquanto
política é um conceito amplo, relacionado com o poder, as políticas públicas
-
20
correspondem a soluções específicas de como manejar os assuntos públicos”.
(LAHERA, 2004, p.7). No idioma inglês, distinguem-se claramente dois termos
politics e policies. Politics refere-se à política e seus engendramentos, suas
articulações dentro ou fora do governo, a construção do consenso e luta pelo poder,
enquanto policies são entendidas como ações de governo.
Secchi (2010) afirma que seguidores da escola de pensamento sistêmico das
ciências políticas entendiam as políticas públicas como um produto do processo
político que transforma demandas e apoios em decisões e ações.Assim, a política é
uma atividade humana, ligada ao exercício do poder sobre o homem, como afirma
Secchi (idem) e vem conectada à obtenção e manutenção dos recursos necessários
para a manutenção do contrato social, consequentemente, do poder.
Para Rodrigues (2011, p.52):
As Políticas Públicas são resultantes de atividade de política, envolvem mais de uma decisão política e requerem várias ações estratégicas destinadas a programar objetivos desejados.
Claro está que como se tratam de ações de vários agentes que têm
interesses nas políticas determinadas, seus resultados garantem, ou não, a
permanência do poder. Embora a política possa ser a arte de unir os homens,
segundo JohannesAlthusius(1603 apud DIAS e MATOS (2012), ela também pode ter
o papel de desagregá-los se não entendida pelos seus atores como um
conglomerado de procedimentos administrativos ou não, que mantém estreita
relação com o poder (DIAS e MATOS,idem).
O termo Política vem da Grécia antiga, de polis, que se refere à cidade, à vida
em sociedade, e, também, empregado para definir o Estado como sujeito em seus
atos de domínio, por meio da construção do consenso ou mesmo da luta pelo poder,
já a Política Pública possui objetivos sociais, buscando a convivência pacífica entre
pessoas diferentes napólis, na convivência pacífica entre todos, ou pelo menos na
melhor forma de resolução dos conflitos, sempre visando ao bem comum
(ARISTÓTELES, 2008).
A Política e a Política Pública se apresentam como objetos reativos das
reflexões das ações da sociedade, visando ao atendimento das necessidades
geradoras de bem estar.
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21
Não se pode subestimar a importância do papel da gestão de Políticas Públicas para a promoção da justiça social e a consolidação da democracia no país. É a gestão que traduz valor social, reproduz continuidades ou imprime mudanças na forma pelo qual o Estado e as sociedades se relacionam (RODRIGUES, 2011 contra capa).
Outros conceitos enfatizam o papel da política pública na solução de
problemas e todas convergem, basicamente, isto é, para o dilema em torno de ideias
e interesses. Pode-se também acrescentar que, por concentrarem o foco no papel
dos governos, essas definições deixem de lado o aspecto conflituoso e os limites
que cercam as decisões dos governos.
Jogar o jogo da política democrática, ética, e da justiça social é o desafio que os gestores de Políticas Públicas têm de enfrentar para planejar, administrar, extrair recursos e formatar políticas redistributivas que busquem promover sociedades mais iguais e mais livres, num contexto mundial de profundas mudanças econômicas, demográficas e ideológicas.(Rodrigues2011, p.78).
Apesar de terem abordagens diferentes, as definições de políticas públicas
assumem, em geral, uma visão abrangente do tema, sob uma perspectiva de que o
todo, ou seja, a distribuição de bens e serviços públicos com igualdade é mais
importante que para indivíduos isolados. Elas repercutem no desenvolvimento
econômico e social, envolvendo, neste sentido, muitos estudiosos em diferentes
áreas do conhecimento tais como: economia, ciência política, sociologia,
antropologia, geografia, planejamento, gestão e ciências sociais aplicadas etc.–que
vêm contribuindo para avanços teóricos e empíricos(SOUZA, 2005).
O conceito de políticas públicas não se esgota, pelo contrário, reconstrói-se ao
longo do tempo, na medida em que as noções de Estado e Sociedade vão ficando
mais complexas, como apontado por Secchi (2010, p.2): “[...] política pública é uma
orientação à atividade ou passividade de alguém, uma política pública possui dois
elementos intencionalidade pública e resposta a um problema público”.
1.2 FEDERALISMO E PROTEÇÃO SOCIAL: POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Federalismo, conceitualmente, constitui uma divisão de poder entre as
diversas regiões que compõem um país (LANGEMANN, 2011). Trata-se da relação
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22
entre diversas unidades de uma Federação e como Governo Federal. Refere-se a
um sistema político em que unidades federativas, Municípios, Estados, e Distrito
Federal, apesar da independência entre si, formam um todo, caracterizando um
governo central e federal que gerencia seus componentes. Este modelo,
relativamente, recente de Estado, representa a unificação político/administrativa,
mantendo a autonomia de cada Estado, tendo como característica a
descentralização administrativa, pois a concretização dos direitos fundamentais e,
consequentemente, os direitos sociais, partem do pressuposto que é necessário
pensar globalmente e agir localmente.
Para Barbosa (2013) a definição de Estado Federal é uma forma de
organização e de distribuição do poder estatal onde um governo central não impede
que sejam divididas responsabilidades e competências entre ele e os Estados-
membros.
Historicamente, o federalismo foi introduzido no Brasil com a proclamação
da República (1889), mas foi com o advento da Constituição de 1988 que ocorreu a
ampliação das competências dos Estados-membros estabelecendo um papel de
destaque para os Municípios, além de conceder autonomia ao Distrito Federal,
semelhante àquela adotada para as demais Unidades da Federação. O Federalismo
no Brasil preserva o ideário da unidade na diversidade, sendo esse um fator
determinante.
A Constituição brasileira determina quais as competências de cada uma das
partes que compõem a Federação. Ainda que um aspecto prejudicial do federalismo
tenha sido a má repartição de competências entre os entes federativos,
centralizando a maior parte dos poderes nas mãos da União, em detrimento dos
estados membros e municípios, há um exemplo de resultado positivo, destacado por
Castro (2012, p. 1022):
Na área da política de Saúde, a instituição do Sistema Único da Saúde –SUS, promoveu a unificação dos serviços públicos da área, assim como a universalização do acesso a eles.Também organizou sua oferta de forma descentralizada, com a participação pactuada dos diversos níveis do governo: união, estados e municípios.
Um exemplo de Federalismo positivo foi a implantação pelo Brasil do Sistema
Único de Saúde (SUS), que transformou a saúde em dever constitucional partilhado
-
23
por todas as esferas governamentais, por meio de uma gestão participativa, com o
envolvimento dos estados, municípios e comunidades locais, deixando de ser
exclusividade da União.
A regionalização do SUS adveio de uma necessidade de integrar arranjos
institucionais estabelecidos entre entes federados, para garantir o direito á saúde da
população, dando-se aí destaque para as figuras regionais como instâncias
administrativas.
O estado federalista divide-se em regiões, e estas por sua vez, podem ser
conceituadas como um agrupamento de elementos linguísticos, interculturais e
políticos em uma localização geográfica delimitada. O regionalismo desperta um
sentimento de pertencimento, faz emergir determinadas características e certas
demandas que tem suas raízes em fatores históricos.O Brasil, país com imensa
extensão territorial, possui uma infinidade de regionalismos. Sua população foi
formada pela miscigenação de diversas nacionalidades, que, por sua vez,
misturaram-se com os nativos que o habitavam. O povoamento do país ocorreu de
forma dessemelhante em várias áreas diversas e longínquas entre si (FRIAS;
SZWARCWALD e LIRA, 2011).
Assim, o federalismo, como já se expôs anteriormente, é a unidade na
diversidade, e no marco referencial da saúde, exposto na Carta Magna expressa
dois pontos importantes, os artigos 196 e 198, onde o primeiro afirma que o direito à
saúde: “deverá ser garantido mediante políticas econômicas e sociais que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação" , e o segundo
expressa que:
As ações e serviços públicos de saúde serão organizados em uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único de saúde, de acordo com as seguintes diretrizes: 1) o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; 2) a descentralização com direção única em cada esfera de governo e 3) a participação comunitária.
Neste sentido, um dos grandes desafios no cenário federalista nacional é
assegurar o cumprimento constitucional de descentralização, de garantir aos
poderes locais o desenvolvimento de suas políticas de saúde, educação, segurança
-
24
entre outros, uma vez que o Brasil tem mais cinco mil municípios, em 27 unidades
da federação, distribuídos num território de dimensões continentais, que
consequentemente trazem características regionais desiguais. Um federalismo que
não concentra, nem pulveriza (FRIAS; SZWARCWALD e LIRA 2011) (DOURADO e
ELIAS, 2011).
A descentralização traz novos modelos de negociações diretas entre
governos locais, somando benefícios no que tange à aproximação dos cidadãos nos
processos decisórios (DOURADO e ELIAS, 2011).
Outra forma de endossar a participação maior da sociedade foi a criação dos
Conselhos de Saúde (CS), em atendimento aos preceitos constitucionais, pois são
eles que representam a participação democrática para o estabelecimento de
Políticas Públicas, que atendam às necessidades da população.
A criação dos Conselhos de Saúde (CS), como instância institucionalizada de participação social, sem dúvida significa uma conquista da sociedade civil em busca da construção de uma perspectiva mais democrática em saúde. Em realidade, espera-se que os C.S possibilitem novas formas de interação entre governo e sociedade, que resultem em novos padrões de governo baseados na gestão democrática com centro em três pilares fundamentais: maior responsabilidade dos governo sem formular políticas públicas consentâneas com as necessidades da população;reconhecimento dos direitos sociais;e abertura de canais para ampla participação da sociedade. Os C.S podem alcançar uma democracia de alta intensidade se contemplarem satisfatoriamente as seguintes dimensões : a partilha do poder, a reciprocidade o reconhecimento (SHIMIZU, 2012, p.2276).
Os objetivos e resultados estabelecidos pela implantação do Sistema Único
de Saúde no Brasil é um fenômeno que resultou das idéias de construção
doWelfareState, ou o Estado de Proteção Social, que fundou a distribuição de
serviços sociais, pois estava voltado à cobertura das várias formas de risco da vida
da população, tornando-se, num mecanismo para assegurar direitos e garantias
individuais à população trabalhadora.
A esse tema, Arretche(1995, p.3) explica que:
O fenômeno WelfareState experimentou incontestável expansão e até mesmo institucionalização no período pós-guerra, sendo que a partir daí se generalizou e ganhou dimensões quase universais, como um conjunto articulado de proteção social, assegurando o direito à aposentadoria, educação, saúde etc.
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Nessa esteira da proteção, emergem políticas que garantem a saúde, a
educação e outros bens e serviços públicos no seio da Constituição Federal, que em
suas duas e meia décadas de existência, caminha, ainda, lentamente em muitas de
suas propostas de garantir a igualdade e a proteção dos direitos aos cidadãos.
Para tanto, amunicipalização dos serviços de saúde prevê uma maior
racionalização administrativa, controle financeiro e participação democrática. Os
contornos do modelo de atenção estão configurados nos princípios constitucionais
da universalidade, equidade e integralidade da assistência, que se refletem nas leis
orgânicas dos municípios em todo território nacional.
1.3 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: BREVE PANORAMA HISTÓRICO E
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROGRAMAS EXISTENTES.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, pode-se definir saúde como
“um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não meramente a
ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1948).
Como se vê, o conceito citado vai além da mera saúde do corpo, por isso
quando se estudaas políticas públicas Rodrigues (2011) observa queelasdevem ser
capazes de conter programas e ações que planejem adequadamente a oferta de
bens e serviços públicos de qualidade, daí o papel do gestor na promoção da justiça
social e na consolidação da democracia no país.
A assistência à saúde em sua primeira grande inovação veio à luz em 1949,
no segundo governo Vargas, ao ser criado o Serviço de Assistência Médica
Domiciliar de Urgência (SAMDU). O marco se estabelece por suas características
diferenciadas compostas por atendimento médico domiciliar, inexistente no
atendimento de então pelo setor público anterior, que era fundamentado no Sistema
de Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPs), criado em 1923 e substituídos mais
tarde pelos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs) que congregavam
trabalhadores por setores de atividades. Dada as diferenças entre as formas de gerir
recursos para os trabalhadores, vozes se uniram para a criação de um sistema
unificado (BERTOLLI FILHO, 2008).
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26
Já em 1960, surge a Lei n. 3807, que criou a Lei Orgânica da Previdência
Social (LOPS), regulamentada, no mesmo ano, pelo decreto número 48959/68,
normalizando a uniformização do atendimento, embora persistissem problemas com
o orçamento, já que havia diferenças entre institutos de classes trabalhadoras
distintas. Mesmo com o crescimento significativo do número de categorias
profissionais e a maior abrangência das coberturas em quatro décadas, a
Previdência Social, no início dos anos 60, estava longe de alcançar a sua
universalização. Para Bertolli Filho (2008),no final do período desenvolvimentista do
governo de Juscelino Kubitschek, década de 60, os segurados da previdência
somavam mais de 5 milhões (4 milhões ativos e o restante aposentados e
pensionistas), um percentual de apenas 7,3% de um contingente populacional de 70
milhões de pessoas.
O modelo de sistema de saúde pós 64 criou a medicina preventiva e o Centro
de Estudos Brasileiros de Saúde foi o principal agente de difusão desta nova
consciência, pois se pretendia uma reforma sanitária adequada aos limites
financeiros impostos pela crise econômica(MERTHY; QUEIROZ, 1993).
O caminho percorrido em direção à consolidação das responsabilidades no
setor da saúde entre 1966 a 1976, foi o fortalecimento da previdência social num
trabalho conjunto entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Previdência Social.
Assim, em 1966 foi criado, pelo Decreto de Lei n. 72, o Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), que tinha como objetivo corrigir as distorções da
segmentação institucional e aumentar a eficiência do sistema, introduzindo
modificações na LOPS e no extinto SAMDU e, mais tarde, considerado o maior
avanço em abrangência de cobertura (BERTOLLI FILHO, 2008).
Já na década de 1970, em função de uma expansão acentuada de receitas e
necessidade política de estender a preocupação social do regime autoritário, ocorreu
a ampliação de direitos sociais da época, como a extensão da previdência ao
trabalhador rural e a criação do benefício mensal aos idosos não contribuintes.
Observam-se, então, os avanços da assistência à saúde, embora lentos, começam a
dar mostras de uma tendência à reorganizaçãodo setor sob forma sistêmica, sendo
então promulgada a Lei n. 6229 de 17 de julho de 1975, dispondo sobre organização
do Sistema nacional de Saúde (SNS) que definiu dois grandes campos institucionais:
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a) o do Ministério da Saúde, de caráter normativo, com ação executiva voltada para
as medidas e os atendimentos de interesse coletivo, inclusive vigilância sanitária; e
b) o do Ministério da Previdência e Assistência Social, com atuação voltada para o
atendimento médico-assistencial individualizado. Era um novo espaço de atuação a
partir da assistência médica individual e de medidas de alcance coletivo voltadas à
população de baixa renda (BERTOLLI FILHO, 2008; MERTHY; QUEIROZ, 2011).
Uma das preocupações que afeta a área da Saúde, sempre foi o saneamento
básico e, segundo Bertolli Filho (2008), o Programa de Interiorização de Ações de
Saúde e Saneamento (PIASS), aprovado pelo o Decreto n. 76307 de 1976, foi criado
com linhas de ação ajustadas a esse propósito. O objetivo do PIASS era dotar as
comunidades do Nordeste - de até 20 mil habitantes - de uma estrutura básica e
permanente de saúde pública capaz de contribuir na solução dos problemas médico
- sanitários de maior reflexo social. O Programa foi estendido às demais regiões a
partir de 1979, marcando, desde seu começo, um ponto importante de inflexão na
forma de atuação da previdência.
Com o governo Geisel (1974-1979), em meio a uma crise econômica
instalada, começa a emergir a denominada abertura política surgindo as demandas
por reivindicações por melhorias e serviços e ações de saúde.Nesse momento,
consolida-se no país o movimento pela Reforma Sanitária, com os seguintes
propósitos: 1) a melhoria das condições de saúde da população; 2) o
reconhecimento da saúde como direito social universal; 3) a responsabilidade estatal
na provisão das condições de acesso a esse direito; 4) a reorientação do modelo de
atenção, sob a égide dos princípios da integralidade da atenção e da equidade; 5)a
reorganização do sistema com a descentralização da responsabilidade pela provisão
de ações e serviços.Essas propostas foram legitimadas na VII Conferência Nacional
de Saúde (CNS) em 1986.
A década de 80, em particular a sua primeira metade, foi bastante fértil para o
processo de articulação intra-setorial, configurando o que se pode chamar de 'fase
das estratégias racionalizadoras’ (MERCADANTE, 2002). Em 1982 as Ações
Integradas de Saúde (AIS) deslocaram recursos financeiros da previdência para o
setor público e acentuou-se o processo de estruturação Sistema Unificado
Descentralizado de Saúde (SUDS)que mais tarde se transformaria no SUS.
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28
No mesmo ano, foi estabelecido o Plano de Reorientação da Assistência à
Saúde no âmbito da Previdência Social (CONASP), que propunha controlar os
gastos com saúde e buscava viabilizar a expansão da cobertura na assistência
hospitalar, a eliminação da capacidade ociosa do setor público e a melhoria da
operação da rede por meio do aumento da produtividade, da racionalização e da
qualidade do serviço, Neste ponto, pensava-se na integração mediante convênios
entre os sistemas públicos estaduais e municipais à prestação de serviços de saúde.
A não implementação em sua totalidade, não impediu que se tornassem as bases
para novas Políticas Públicas de expansão de cobertura, como observa BertolliFilho
(2008).
A partir de 1985 um amplo movimento político setorial crescia, tendo como
pontos relevantes a realização da VIII CNS (1986). Os trabalhos técnicos
desenvolvidos pela Comissão Nacional de Reforma Sanitária (CNRS-MS)
estabeleceram a partir daí o reconhecimento da saúde como direito inerente à
cidadania, o dever do Estado na promoção desse direito, a instituição de um Sistema
Único de Saúde, tendo como princípios a universalidade e integralidade da atenção,
a descentralização, atendendo as tendências internacionais de garantir acesso a
bens e serviços públicos de modo equitativo.
Esse foco estaria refletido no texto constitucional, em seu art. 194, tendo
como conceito de seguridade social: “[...] um conjunto integrado de ações de
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social". O novo conceito impôs uma
transformação radical no sistema de saúde brasileiro, primeiro reconhecendo a
saúde como direito social; definindo um novo paradigma para a ação do Estado na
área. Fonte –(BRASIL, 1988).
As atribuições e competências das três esferas do governo foram
regulamentadas pelas Leis n. 8080 de 1990 e n. 8142,também do mesmo ano, que
demarcaram as linhas gerais de ação, assim, o Brasil passava a configurar no
cenário mundial reorganizando-se e pautando-se nas políticas públicas voltadas à
área de saúde como "[...] um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade, destinados a dar suporte dentro de metas objetivadas pela
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OMS assegurando os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social
(BERTOLLI FILHO, 2008).
O Brasil começa a acertar os ponteiros do relógio com a OMS ao adotar
políticas públicas com foco nos cuidados de saúde primários, ensino sanitário, luta
contra doenças sexualmente transmissíveis e não transmissíveis, campanhas de
vacinação com maior amplitude, incentivo a pesquisas na área. O direito à saúde,
mesmo após a Constituição Cidadã, ainda não se havia tornado uma realidade
universal, como ainda não o é hoje, mas constava na constituição, denominada de
cidadã. A população, ainda,está dividida entre os que têm planos de saúde, os que
são atendidos pela rede pública e os que não têm acesso a nenhum tipo de socorro
médico (PESSINI, 1998).
Como se vê, nessa progressão histórica apresentada, houve uma tentativa de
reversão do quadro de pobreza e das lacunas de atendimento de necessidades
básicas tais como alimentação, vestuário, habitação e qualidade de vida, onde se
incluiu a saúde preventiva como vetores de bem estar coletivo, antagônicos aos não
atendimentos que nos remeteriam ao estado de pobreza. O binômio saúde/pobreza
nos levou a crises econômica/educacional/moral/ecológicas que continuam cavando
uma lacuna ainda maior na formação das gerações futuras. A proposta de um
sistema de saúde que buscasse a igualdade colocava o país na contra história da
pobreza e da segmentação a que o Brasil havia se submetido durante séculos
(MENICUCCI, 2009).
O SUS é a mais ambiciosa e abrangente política pública de saúde já
formulada no país e vem se mantendo, mesmo num país que vive na periferia do
capitalismo, marcado pelas desigualdades sociais. Mas há ainda uma longa estrada
a percorrer, pois mesmo agasalhando todos os programas existentes e abrangendo
uma ampla gama de cobertura desde o atendimento inicial ambulatorial até a ponta
final (transplantes de órgãos)é necessário vontade política, incentivos econômicos e
fiscais (ELIAS, 2004).
O SUS, criado pela Constituição de 1988, traz um conceito amplo de
atendimento à saúde ofertando consultas, internações, exames diagnósticos nas
diversas áreas, promovendo campanhas de vacinação, prevenção e vigilância
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sanitária. O atual projeto se fundamenta em ações de promoção, prevenção e
assistência à saúde( MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1988/1990).
O Pacto da Saúde, em 2006, ampliou o êxito do processo de
descentralização, na tentativa de reduzir o protagonismo do Ministério da Saúde na
sua relação direta com os municípios e fortalecendo a participação dos estados
(DOURADO; ELIAS, 2011). Esta descentralização, trouxe novos desafios para os
municípios, que buscaram, nas normas estabelecidas de distribuição e gestão dos
programas e estratégias, as diretrizes para a criação dos programas locais.
1.3.1. A atenção à Saúde para a população de 0 a 6 anos
O Ministério da Saúde tem voltado suas atenções ao desenvolvimento da
criança na faixa de 0 a 6 anos ao definir que a primeira infância constitui
provavelmente o melhor investimento social existente, pois é nessa faixa de idade
que a criança estabelece a arquitetura cerebral da vida. Pesquisas mostram que um
bebê estabelece, em média, 700 conexões cerebrais por segundo, chegando a ter,
aos 12 meses, o dobro de conexões de uma pessoa adulta, mas este
desenvolvimento pode não ocorrer plenamente se essas conexões não forem
utilizadas e estimuladas. Por isso é importante que governo e sociedade invistam na
formação, na educação, na saúde e nos diferentes aspectos que cercam a vida das
crianças brasileiras, em especial na primeira infância, com foco nos primeiros três
anos, prioridade esta também integrante de seus programas(MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2011).
O objetivo primário das políticas públicas deve ser a promoção de ações para
proteção e, para o cuidado com a população, estas devem ser estabelecidas no
campo da ação social, educativa, preventiva e curativa, assim estabelecidas no
Brasil a partir da Lei n.8080 de 90 que dispõe preliminarmente:
Art.1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.
Art.2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo oEstado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
§1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que
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assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
§2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.
O SUS consagra a saúde como um direito universal, logo dentro do panorama
federalista como se viu, o esforço de atingir este ideal deve advir de articulações de
poder e de financiamento entre os entes da federação, mas não tem sido sempre
assim. Sucupira (1998) afirma que na atenção à saúde aos menores de cinco anos,
nas décadas anteriores, só eram valorizados os aspectos de crescimento e
desenvolvimento apenas para os primeiros anos de vida. A autora ainda afirma que
alguns hospitais universitários, nos seus prontuários, têm campos específicos onde
se registram estágios de desenvolvimento e crescimento como os atos de sentar,
andar falar e controlar os esfíncteres o que limita a formação do pediatra na
compreensão da propedêutica do escolar e do adolescente.
Alguns documentos internacionais, mesmo antes de emergir a preocupação
com a redução da mortalidade infantil e com o desenvolvimento saudável da criança
e do adolescente, surgem no cenário mundial debates que começam a caracterizá-
los como sujeito de direitos específicos. Dentre os vários documentos internacionais
que garantem os direitos das crianças temos: Declaração dos Direitos da Criança,
de 1959, na qual a criança é reconhecida como ser vulnerável. A esta segue o Pacto
Internacional Relativo aos Direitos Civis e Políticas (1966) que já enumerava os
direitos e garantias das crianças e dos adolescentes. Em seguida o Pacto
Internacional sobre os Direitos Econômicos expressam a proteção das crianças
contra as diversas formas de exploração; já em 1969 a Convenção Americana de
Direitos Humanos desenha a garantia da proteção da criança e da família e o
recebimento de denúncias do não cumprimento ou violação dos direitos das crianças
e, em 1989, a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU em que a criança
passa a ser sujeito de direito (PEDUTO et al., 2012).
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.8069, veio a lume em
1990, dele destacam-se os seguintes artigos:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
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esta Lei, assegurando-se-lhes, por Lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades , a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, moral ,espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito à proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005)
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
Como se vê, na esteira dos documentos internacionais, o Brasil reconhece os
direitos da criança e do adolescente dando ênfase, entre outras prioridades, à
saúde. Assim, muitos programas vêm buscando alcançar as necessidades de saúde
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11185.htm#art2
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das crianças e consequentemente, de suas mães, de modo a garantir desde o
nascimento as condições necessárias para o crescimento saudável do futuro
cidadão.
A Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, do Ministério
da Saúde, elabora diretrizes políticas e técnicas para atenção integral à saúde da
criança de zero a nove anos e apoia a implementação delas nos estados e
municípios, vindo ao encontro dos compromissos do Brasil com os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio e do Pacto de Redução da Mortalidade Materna e
Neonatal e,ainda, do Pacto pela Saúde e do Programa mais Saúde, conforme
demonstra aFigura 1.
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Figura 1. Linhas de cuidado prioritárias na Área técnica de Saúde da Criança e
aleitamento Materno
Fonte: Ministério da Saúde (2011)
1.3.1.1 Diretrizes nacionais para ações descentralizadas para a saúde da infância
A seguir, pontuam-se algumas dessas orientações advindas do Ministério da
Saúde para as ações descentralizadas de estados e municípios:
a) Incentivo e Qualificação do Acompanhamento, do Crescimento e
Desenvolvimento: O acompanhamento do crescimento faz parte da atenção à
saúde da criança e tem início pelo controle de vacinação por meio da
Caderneta de Saúde da Criança – Passaporte da Cidadania, pois ela é um
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instrumento de registro e orientaçõesque auxilia no acompanhamento do
crescimento infantil e segundo o MS o uso adequado da caderneta mantém o
vínculo da criança e sua família com os serviços de saúde;
b) Atenção à Saúde do Recém-Nascido: que orienta a organização da
rede integral de assistência à mulher, à gestante e ao recém-nascido;
c) Promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, que contempla as
seguintes estratégias: Rede Amamenta Brasil, Rede brasileira deBancos de
Leite Humano, Iniciativa Hospital Amigo da Criança, Proteção legal ao
aleitamento materno e mobilização social, Monitoramento dos indicadores de
aleitamento materno;
d) Prevenção da violência e promoção da cultura de Paz: diretrizes e
parâmetros de atenção à saúde, prevenção e cuidados de crianças em
situação de risco;
e) Vigilância à mortalidade infantil e fetal: medidas de prevenção de óbitos
evitáveis. Aqui o MS recomenda a criação de comitês Estaduais e Municipais
de prevenção do óbito infantil e fetal como estratégia de gestão da assistência
à saúde e a redução da mortalidade infantil e fetal;
f) Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis (EBBS): este
programa visa a fortalecer o conjunto de esforços desenvolvido para
articulação, interação e desenvolvimento de ações voltadas à saúde da
mulher e da criança até os seis anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).Dessa
forma,buscar integrar ações de modo a atender um número cada vez maior
da população infantil.
A seguir apresenta-se um quadro da orientação da gestão da primeira
estratégia (Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis)realizada em 5
municípios brasileiros, no ano de 2010:
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Quadro2
Fonte:MINISTÉRIO DA SAÚDE( 2010)
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g) Brasil Carinhoso: Segundo o Ministério da Saúde (2012), o programa
BrasilCarinhoso foi lançado em 2012, pelo governo Federal e objetiva
beneficiar cerca de dois milhões de famílias que possuam crianças de até 0 a
6 anos em sua formação. O Programa tem caráter intersetorial, entre moradia,
saneamento e outras, sendo uma delas melhorar os serviços de saúde
preparando-os para atender famílias mais necessitadas. Na área da saúde,
este programa expandiu a distribuição de doses de vitamina A para crianças
entre 6 meses e 5 anos nas UBS e em campanhas de vacinação, e aumentou
a oferta de sulfato ferroso para evitar a deficiência de ferro e a anemia, que
prejudicamo desenvolvimento infantil. Este programa, também distribui
gratuitamente medicamentos para asma, a segunda maior causa de
internação e óbito de crianças, segundo o Ministério do Desenvolvimento
Social (MDS; s/d).
h)Triagem Neonatal - TESTE DO PEZINHO (PNTN): Os estados brasileiros,
em sua totalidade, contam com os serviços de referência e postos de coleta
de sangue para realização do Teste do Pezinho. Segundo a Rede Promenino,
este programa já alcançou 83% de cobertura para crianças nascidas em
2011, contra um índice de 56% em 2000, o que significa que já se avançou
muito. (REDE PROMENINO, 2012).
i) Triagem auditiva neonatal – TESTE DA ORELHINHA: Desde 2010 a Lei
Federal 12.303 tornou obrigatória a realização gratuita do exame denominado
Emissões Otoacústicas em todos os hospitais do território nacional. Este teste
é um exame para detectar se o recém-nascido tem problemas de audição.
Após a sua realização é possível iniciar o diagnóstico e o tratamento das
alterações auditivas precocemente. O Conselho Federal de Fonoaudiologia e
outras entidades brasileiras recomendam que o exame seja realizado na
maternidade antes da alta hospitalar. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
(i).Calendário de Vacinação: Criado em 1973o Programa Nacional de
Imunizações (PNI) estabelece normas e estratégias de utilização dos
imunobiológicos.A partir de 2004, o PNI ampliou sua área de atuação junto à
população brasileira e o Ministério da Saúde estabeleceu três calendários
obrigatórios de vacinação: o Calendário Básico de Vacinação da Criança, o
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Calendário de Vacinação do Adolescente e o Calendário de Vacinação do
Adulto e Idoso. Estes calendários determinam as vacinas, o número de doses,
a idade e o período em que devem ser tomadas para garantir uma proteção
efetiva(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Da descrição acima, observa-se o avanço dos marcos legais e das políticas
de saúde voltadas à infância. As diretrizes expostas demonstram que há ações a
serem realizadas em todo o território nacional, o que se espera é que haja vontade
política nos poderes locais para que a instituição de programas de saúde seja
efetivada, porque nem sempre foi assim no Brasil.
Um breve olhar para a história da organização do Estado Moderno Brasileiro
demonstra que na área da saúde a população estava sujeita a um quadro que se
caracterizava pelas chamadas `doenças pestilenciais´ como a cólera, febre amarela,
tuberculose, tifo, malária, varíola, gripe espanhola e várias outras. As ações de
saúde visavam a quase que exclusivamente ao controle das doenças epidêmicas,
nas áreas fundamentais para a economia. Foi no governo de Rodrigues Alves, em
1902, que surgiu o programa de saneamento do Rio de Janeiro e de combate à
febre amarela em São Paulo, e foi Oswaldo Cruz, com um modelo trazido de Cuba,
que implantou as campanhas sanitárias, buscando o combate às epidemias rurais e
urbanas (BERTOLLI FILHO, 2008).
Além dessas campanhas sanitárias e de ações de saneamento básico, com o
objetivo de pesquisar e desenvolver vacinas, também foi criado o Instituto
Soroterápico de Manguinhos, posteriormente denominado Instituto Oswaldo Cruz. A
introdução da vacina contra varíola no Brasil em 1932 estabeleceu o primeiro
instrumento legal de obrigatoriedade da vacinação antivariólica brasileira.
(BERTOLLI FILHO, 2008)
Da década de 30 para cá, o quadro de imunização foi se expandindo.
Atualmente, entre as várias ameaças de epidemias que eventualmente surgem no
cenário nacional ou mundial, há programas momentâneos de vacinação, mas é na
carteirinha de vacinação da criança que se tem um bom exemplo de ações
preventivas desde o nascimento.O calendário de vacinação de 2012 foi assim
estabelecido como se observa na figura 3.
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FIGURA 2 – Calendário de Vacinação
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
j) Programa da Saúde da Família: o MS instituiu, em 1994, o Programa de
Saúde da Família. A implantação do PSF tem como objetivo melhorar a saúde
da população num modelo assistencial de atenção baseado na promoção,
proteção, diagnóstico precoce, tratamento e recuperação da saúde. A
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Saúdeda Família é entendida como uma estratégia de reorientação do
modelo
assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são
responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias,
localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações
de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e
agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A
responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes
saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente
definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012)
Este programa, iniciado em 1994, apresentou um crescimento expressivo
nos últimos dez anos, no entanto precisa ser sustentada por um processo que
permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais no âmbito dos
municípios e pela produção de resultados positivos nos indicadores de saúde e de
qualidade de vida da população (FREITAS,MANDÚ, 2009).
Segundo o Departamento de Atenção Básica (MS, 2010) assim se descrevem
as responsabilidades das esferas gestoras em Atenção Básica:
Federal - Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica; - Co-financiar o sistema de atenção básica; - Ordenar a formação de recursos humanos; - Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção básica; - Manter as bases de dados nacionais. Estadual - Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu território; - Regular as relações inter-municipais; - Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos em seu território; - Co-financiar as ações de atenção básica; - Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu território. Municipal - Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território; - Contratualizar o trabalho em atenção básica; - Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e
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gerência); - Co-financiar as ações de atenção básica; - Alimentar os sistemas de informação; - Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.
Como se vê, ao longo do processo histórico da universalização da saúde no
Brasil, muitos avanços vêm sendo atingidos, embora ainda haja desafios a serem
enfrentados. Na figura 4, tem-se a cobertura da atenção básica em todo o território
nacional de acordo com os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio:
Figura 3. Cobertura da atenção básica implantada a partir de 2011
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Fonte: DATASUS/SAGE 2012
As dimensões continentais brasileiras, a geografia do território nacional ainda
são barreiras para a oferta de serviços de saúde de qualidade, embora o mapa
acima mostre uma abrangência grande. Uma das questões que o país ainda
enfrenta na redução das desigualdades é a corrupção que impede que programas
sociais continuem atendendo as populações carentes.
l)Programa de Merenda Escolar: a história da merenda escolar pode ser
avaliada por uma trajetória longa, segundo o IPEA:
Há cerca de meio século nasceu no Brasil o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), política pública contínua que representa um dos maiores programas de alimentação e nutrição do mundo e o maior da América do Sul (IPEA, 2012).
Dessa forma, o programa cresceu e passou da sopa, para uma
complementação alimentar, já que programas iniciados por organismos como a ONU
e a FAO, desde a década de 50, já haviam detectado a carência alimentar em mães
e crianças, o que poderia aumentar os índices de mortalidade infantil no mundo.
A "sopa escolar" constituiu a primeira forma de suplementação alimentar; era preparada nas residências das famílias e transportada até as escolas. Nessa época, entretanto, não havia a preocupação com o estado nutricional da criança que recebia o alimento, pois, a desnutrição protéico-energética — DPE, deficiência só identificada na década de 30, ainda não se definia como tal. O que se pretendia era minimizar a fome das crianças que chegavam à escola sem ter ingerido qualquer alimento. (MAZZILLI, 1997, p.12)
A partir de 1947 institui-se o Programa de Merenda Escolar (PME), adotando-
se a partir desta data a expressão Merenda Escolar. Nas décadas de 1950 e 1960
foi estendida a todo o território brasileiro a distribuição de leite em pó desnatado dos
programas de ajuda alimentar implantados pela ONU/FAO/UNICEF (ARCANJO e
HANASHIRO, 2010).
A criação da Comissão Nacional de Alimentação (CNA) em 1954, na visão de
Arcanjo e Hanashiro (2010), foi um avanço no sentido de racionalizar os Programas
de Merenda Escolar existentes e ampliar seu espectro de abrangência. Foi
substituída, em 1955, pela Campanha de Merenda Escolar (CME), subordinada ao
Ministério da Educação, que editou a primeira Cartilha da Merenda Escolar tendo no
texto de introdução de Josué de Castro. A inclusão do Programa Nacional de
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Merenda Escolar com o objetivo de combate à fome e à desnutrição. Assim,foi
considerado um marco histórico.
O objetivo principal do programa é distribuir uma refeição /aluno do ensino Fundamental da rede pública de ensino nos 200 dias letivos de forma universalizada, suprindo as necessidades nutricionais referentes ao período em que o mesmo estiver na escola. Desta forma, pressupõe-se o estabelecimento de um estado fisiológico adequado à aprendizagem e, ao mesmo tempo, cria-se um forte atrativo à frequência do aluno(STOLARSKI,
2005, p.16).
Em 1994, por meio da Lei 8.913,teve início o processo de descentralização
da Merenda Escolarque, segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) em 1998, 70% dos municípios brasileiros já haviam consolidado a
descentralização deste programa, sob o gerenciamento do FNDE.
Como se observou, diversos programas de assistência à criança foram
desenhados pela União para que eles se estruturem nos municípios. O MS organiza
o sistema integrado, distribui recursos aos municípios, capacita gestores para
implantação, gerenciamento e inserção dos dados no DATASUS.
Com base nos programas descritos, até aqui, pretende-se demonstrar como
eles se desdobram no município de Mogi das Cruzes.
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CAPÍTULO 2
MÉTODO
2.1 Natureza do estudo
Este estudo caracteriza-se como um estudo descritivo com base bibliográfica
e documental. De acordo com Gil (2009), as pesquisas descritivas possuem como
objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma
experiência. A pesquisa bibliográfica voltou-se para a compreensão da história da
institucionalização da saúde no Brasil, principalmente as políticas nacionais
relacionadas à saúde da infância. Já a pesquisa documental se ateve , num primeiro
momento ao levantamento de dados e legislação federal acerca da descentralização
da Saúde e da criação do SUS, da elaboração das diretrizes básicas para a criação
de programas de proteção à infância e à maternidade expostas nos documentos
oficiais do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, e em seguida
ateve-se à busca de documentos locais, do município de Mogi das Cruzes e seus
arranjos locais para a elaboração de programas de proteção à infância que refletem
as diretrizes nacionais.
Optou-se por descrever a situação da municipalização da saúde da criança e
da gestante, com o foco na prevenção e promoção da saúde em seus aspectos
legais no município de Mogi Das Cruzes. Para tanto reuniram-se informações sobre
os programas de saúde no município, suas características e o perfil da população
atendida e dados oferecidos pelo DATA-SUS, comparou-se estes dados ao dados
nacionais.
2.2 Captação de dados
Como o objetivo deste estudo é identificar e descrever a situação da
municipalização da saúde em Mogi Das Cruzes, mais especificamente dos
programas de assistência à criança e à gestante com o foco na prevenção e
promoção da saúde em seus aspectos legais e comparar resultados locais com os
resultados nacionais, buscou-se, inicialmente, uma revisão da literatura sobre o
conceito de políticas públicas e o cenário brasileiro federativo na distribuição, o
processo de descentralização ocorrido ao longo dos 25 anos de criação do SUS.
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A revisão de literatura foi realizada por meio de pesquisas bibliográficas
utilizando sites, livros e revistas eletrônicas enfocando temas relativos aos objetivos
estabelecidos. A busca de dados científicos deu-se em bases virtuais de dados tais
como: PORTAL CAPES, SCIELO, LILACS, BIREME e MEDLINE, utilizando-se como
descritores: Políticas Públicas X Saúde, Políticas Públicas X Saúde na Primeira
Infância, Políticas Públicas X Saúde Preventiva, Políticas Públicas X Saúde Curativa,
Políticas Públicas X Descentralização; Políticas Públicas X Infância. Os dados
obtidos passaram por um critério de seleção tendo como base objetividade,
relevância científica e objetivos almejados no presente estudo.
Foi feita análise de documentos emanados do poder público, conforme
disposto na Constituição Federal Brasileira de 1988, que, dentre outros direitos,
definiu como requisitos indispensáveis à aplicação de políticas públicas os princípios
da universalidade e equidade na oferta e acessos de ações e serviços,
administrados de maneira descentralizada, através de gestão integrada dos três
poderes federativos, com participação em nível municipal da comunidade. Estes
documentos foram buscados nos sítios do Ministério da Saúde, incluindo aí o DATA-
SUS e o Departamento de Atenção Básica, Ministério da Educação e Ministério do
Desenvolvimento Social. Buscaram-se dados demográficos e socioeconômicos no
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA).
Para os atos normativos do município de Mogi das Cruzes, foram consultados
os arquivos disponibilizados pelo site da Câmara Municipal e da Prefeitura Municipal
a fim de se conhecer os programas oferecidos pelo município e que o cidadão possa
pesquisar para obter informações. No site da Prefeitura, há uma navegabilidade fácil
e quando se buscam os programas na área da saúde as informações, embora
breves, constam separadas em índices relativamente simplesde encontrar. Na
Câmara Municipal há um mecanismo de busca de legislação por palavras chave e
por assunto e quando se coloca o assunto ‘Saúde’ e as palavras-chave ‘criança’ ou
‘infantil’, obtém-semuitos resultados. Há leis arquivadas desde a elaboração da Lei
Orgânica do Município (LOM), Plano Diretor, as políticas públicas e a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Plano Plurianual (PPA).
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46
Os documentos analisados dizem respeito às aplicações das Políticas
Públicas no município de Mogi das Cruzes, visando aspectos de saúde preventivos e
curativos. Os dados coletados mostram os processos de proposição das ações e os
atores envolvidos, passam pelas matérias publicadas pelos órgãos públicos locais,
estaduais e federais e chegam às formas pelas quais se deu, de forma efetiva, a
implementação das ações.
2.3 Análise dos dados
Buscou-se uma forma de compreensão e interpretação dos fenômenos
relacionados às Políticas Públicas, usando-se ferramentas descritivo-analíticas
aplicadas a dados, considerados os objetivos deste estudo.
A fim de se analisar o atual cenário das políticas municipais de saúde, optou-
se por comparar resultados locais com os resultados nacionais, a partir de
mecanismos oferecidos pelo DATASUS, por onde podem ser acessados os dados
nacionais, regionais ou municipais acerca dos assuntos tratados, entre eles
mortalidade infantil e mortalidade materna, abrangência dos serviços de assistência
à saúde em todo o território nacional e local, e demais dados que assegurassem
uma comparação segura.
A grande dificuldade foi a obtenção dos dados num único ano, uma vez que
cada órgão do governo publica dados referentes à população estudada em
diferentes setores, a partir de diferentes recortes temporais. Em virtude desta
dificuldade, optou-se por aproximar os dados em torno de 2010 em virtude da
publicação do resultado do Censo nacional pelo IBGE. Para efeitos deste estudo, os
resultados entre 2009 e 2011 foram os escolhidos, poisbuscam aproximar mais
fielmente os resultados obtidos e facilitam a sua discussão.
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CAPÍTULO 3
POLÍTICAS DE SAÚDE DESTINADAS À INFÂNCIA NO MUNICÍPIO
DE MOGI DAS CRUZES – RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 O MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES
O município de Mogi das Cruzes está situado na região leste da Grande São
Paulo, no Alto Tietê, é o maior município, em área, da Grande São Paulo, com 713,
291 km².
Mogi das Cruzes nasceu paralela às ações do bandeirantes rumo ao interior
do Estado de São Paulo. O Rio Tietê, do tupi-guarani Mboygi – que significa rio das
cobras, deu o nome à cidade, fundada em 1560. Gaspar Vaz Guedes foi
responsável pela abertura da primeira estrada entre a capital do estado e a
freguesia, iniciando o povoado, posteriormente elevado à "Vila", com o nome "Vila
de Sant'Anna de Mogi Mirim". O fato foi oficializado em 1º de setembro, dia em que
se comemora o aniversário da cidade (PMMC, 2013).
O município de Mogi das Cruzes se encontra situado no Departamento
Regional de Saúde-1(DRS-1) com abrangência na grande São Paulo e Alto Tietê,
responsável por coordenar as atividades da Secretaria do Estado da Saúde neste
âmbito, promovendo a articulação intersetorial, com os municípios e organismos da
sociedade civil (PMMC, 2013).
De acordo com o Censo IBGE (2010-2011), os dados sobre Mogi das Cruzes
são apresentados na tabela 1.
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Quadro 2. População residente Mogi das Cruzes, São Paulo e Brasil por faixa etária e sexo, 2010)
FONTE: IBGE( 2012)
Como se observa na tabela 1 esses dados apontam para um número menor
da população objeto deste estudo, em relação ao número de adolescentes e jovens.
A julgar pelos quase 60 mil habitantes de idade entre o a 9 anos, entende-se que as
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políticas de saúde na área da prevenção e da cura precisam, numa certa medida
estar em consonância com as diretrizes emanadas do sistema federal, como se viu
no início deste estudo. É preciso esforço do poder local na implantação de
programas na esteira das necessidades já identificadas e equacionadas pelo SUS.
A seguir as pirâmides etárias mostram distribuição da população residente.
Importante notar que a população é bem jovem em sua grande maioria e enfatiza-se
aqui a população infantil de 0 a 9 anos, que é a segunda na escala populacional,
ficando atrás apenas da população de 20 a 29 anos, muito próximo à tendência
nacional, conforme se vê naFigura1
Figura4. Pirâmide Etária Mogi das Cruzes, São Paulo, Brasil
Fonte IBGE– 2010
O grande contingente demográfico de crianças e adolescentes faz com que
uma das grandes preocupações seja a Saúde. A redução da mortalidade infantil das
crianças menores de 5 anos de idade é um dos objetivos do milênio adotados pelas
Nações Unidas e o Brasil vem buscando, neste contexto, a redução dos índices,
incentivando a criação de banco de dados como o Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações Sobre Nascimentos (SISNAC)
(SANTOS, et al., 2004). Tais informações auxiliam os gestores públicos na área da
saúde na tomada de decisões e no planejamento de ações.
Observa-se que a pirâmide populacional de Mogi das Cruzes está em
consonância com o Estado de São Paulo e o país, tanto em nível municipal como
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nacional o grande contingente de crianças em idade entre 0 a 9 anos torna evidente
a relevância deste trabalho.
Para consolidar a implantação de programas de saúde, o desenvolvimento
econômico é uma chave importante. Entre os municípios da região, Mogi das Cruzes
caracteriza-se como o mais desenvolvido economicamente. Segundo dados do
IBGE de 2011, o PIB atingiu a marca de R$ 9.646.383.000,00, colocando o
município entre os 62 mais ricos do país (IBGE, 2011).
Os municípios mais desenvolvidos em termos sócioeconômicos destacam-se
pelo sucesso significativo na implantação de sua rede de serviços e a
descentralização favorece o município que estabelece mais direta e cotidianamente
o contato com o cidadão e as instituições públicas, pois ela incentiva a participação
social, envolve novos atores e novos arranjos locais que podem ser mais produtivos
(MERTHY e QUEIROZ, 1993; BODSTEIN, SENNA eSOUZA, 1999).
O município alavancou muitas ações políticas de proteção social mais
acentuadamente na década de 90 quando foi promulgada a sua Lei Orgânica, que
destina à saúde seus artigos 179 a 188, deixando claros os papeis de
descentralização, da integração dos serviços com base na regionalização, na
participação da população na gestão e formulação de políticas de saúde,de
assistência à maternidade e à infância, à vigilância sanitária e epidemiológica,
criando também o fundo Municipal da Saúde(PMMC, 2013).
A intenção de alargamento da oferta de serviços no município vem expressa
no Plano Diretor, Lei Complementar 46/2006, que descreve a Política Municipal de
Saúde e aponta para a melhoria e ampliação da oferta de serviços de atendimento,
a informatização e ampliação das unidades de atendimento, ampliação de recursos
humanos, principalmente na estratégia de saúde da família. Destaca-se a ampliação
de programas de planejamento familiar a integração com a Secretaria de
Transportes para remoção e deslocamento de pacientes e a ampliação da oferta de
atendimento 24 horas nas Unidades Básicas de Saúde entre outros pontos (PMMC,
2013).
A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2013 destina R$ 2.215.700,00 para a
assistência à criança e ao adolescente; R$ 25.535.700,00 para a Assistência
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51
Médica; para a Merenda Escolar o orçamento é de R$ 1.579.800,00 e, para o Ensino
de Crianças de 0 a 6 anos, o valor estimado pela lei é de R$ 1.571.940,00. A julgar
pelo orçamento de 2013, observa-se que o desenvolvimento vem fortalecendo a
gestão municipal, que, por sua vez, vem criando propostas de viabilizar e otimizar a
implantação de programas de saúde, destacando-se: 22 Unidades Básicas de
Saúde (três delas com atendimento 24 horas) e todas com atendimento pediátrico,
ginecologia e obstetrícia e vacinação, 03 Centros Médicos Municipais - 2 Pró-Mulher
e 1 Pró-Criança, ambulatório para as gestantes e recém-nascidos - Mãe Mogiana, 11
do Programa de Saúde da Família, 02 Unidades Móveis, 01 Ambulatório de Saúde
Mental, 1 ambulatório de especialidades (ÚNICA), além de 05 Consultórios isolados.
Três hospitais atendem a população SUS dependente - 64,25% da população
mogiana. Um deles é um hospital filantrópico - Santa Casa de Misericórdia e dois
são hospitais estaduais (PMMC, 2013).
A seguir, a tabela 2 apresenta a rede assistencial do SUS no município, que
pode se considerar bem abrangente (dados de 2009).
Tabela 1 Número de estabelecimento por tipo de prestador segundo tipo de
estabelecimento – Dez 2009
Número de estabelecimentos por tipo de prestador segundo tipo de estabelecimento
Dez/2009
Tipo de estabelecimento Público Filantrópico Privado Sindicato Total
Central de Regulação de Serviços de Saúde 2 - - - 2 Centro de Atenção Hemoterápica e ou Hematológica - - - - -
Centro de Atenção Psicossocial 1 - - - 1
Centro de Apoio a Saúde da Família - - - - -
Centro de Parto Normal - - - - - Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde 34 - - - 34 Clinica Especializada/Ambulatório Especializado 4 2 89 - 95
Consultório Isolado - - 126 - 126
Cooperativa - - - - - Farmácia Médica Excepcional e Prog Farmácia Popular 1 - - - 1
Hospital Dia - - - - -
Hospital Especializado - - 1 - 1
Hospital Geral 2 1 4 - 7 Laboratório Central de Saúde Pública – LACEN - - - - -
Policlínica - - 7 - 7
Posto de Saúde - - - - -
Pronto Socorro Especializado - - - - -
Pronto Socorro Geral - - - - -
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Secretaria de Saúde - - - - - Unidade Mista - atende 24h: atenção básica, intern/urg - - - - - Unidade de Atenção à Saúde Indígena - - - - - Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia - - 35 - 35
Unidade de Vigilância em Saúde 3 - - - 3
Unidade Móvel Fluvial - - - - - Unidade Móvel Pré Hospitalar - Urgência/Emergência - - - - -
Unidade Móvel Terrestre 1 - - - 1 Tipo de estabelecimento não informado - - - - -
Total 48 3 262 - 313 Fonte: CNES. Situação da base de dados nacional em10/04/2010.
Nota: Número total de estabelecimentos, prestando ou não serviços ao SUS
Após identificar as ações públicas de saúde, a pergunta estabelecida foi: as
políticas públicas vigentes atendem à população do município de Mogi das Cruzes,
na faixa etária de 0 a 6 anos, amparando-a em suas necessidades para com um
adequado desenvolvimento corpóreo funcional?
Como se vê na tabela anterior,o número de sete hospitais gerais pode ser
considerado um indicador ainda pequeno para o contingente populacional, o que
corrobora a afirmação de Menicucci (2009, p. 1622), que afirma ser ‘o calcanhar de
Aquiles’ do SUS ainda a sua deficiência em leitos hospitalares.
A seguir caracterizam-se os programas de saúde no município, que refletem
as preocupações no cenário nacional, já apresentados anteriormente.
3.2 PROGRAMAS DE REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA NO
MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES
3.2.1 A busca da redução da mortalidade infantil
As primeiras iniciativas para a melhoria da assistência à criança e ao
adolescente se deu em Mogi das Cruzes, em 1997, com a promulgação da Lei 4602,
que dispunha a política municipal de atendimento aos direitos da criança e do
adolescente, criando o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, o fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e
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programas de orientação e
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