poesia romântica no brasil

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As três gerações românticas da poesia brasileira.Fiz download desses slides, adaptei-os e acrescentei outros para poder trabalhar em sala de aula. Espero que gostem! :)

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Romantismo no BrasilAs três gerações românticas

Professora:Ana Karina

1ª Geração: Literatura e Nacionalidade

COMO CONSTRUIR A IDENTIDADE LITERÁRIA DE UM PAÍS?

Início do século XIX

Um pouco de História...

• Em 1808, por conta da Revolução de Porto, a monarquia portuguesa foge para o Brasil.

• Com a corte no Rio de Janeiro, o rei implementou melhorias na cidade:

• Portos do país foram abertos.

• Escolas foram construídas.

• Se criou a primeira imprensa oficial do país, Imprensa Régia.

• D. João VI, trouxe para o Brasil um grupo de artistas franceses que ensinaram os brasileiros a desenhar e pintar.

Qual a relação entre a independência política e o Romantismo brasileiro?

Criando a nação• Com a Proclamação da Independência em 1822,

os intelectuais brasileiros puderam criar a imagem de uma nova nação, separada de Portugal.

• Os estrangeiros escolheram os símbolos nacionais e descreveram os costumes dos nativos e catalogaram a fauna e a flora.

• A missão dos próximos textos, seria de apresentar ao mundo a nova face do Brasil. Os textos divulgavam os índios e a natureza exuberante.

Como os viajantes estrangeiros influenciaram a escolha dos símbolos literários da nossa

identidade cultural?

Símbolos da nação• Várias missões estrangeiras compostas por

cientistas e artistas vieram ao Brasil para coletar espécimes, fazer desenhos, enfim, registrar o novo reino.

• Auguste de Saint-Hilaire, veio na Missão Artística Francesa (1816) e Carl Friedrich von Martius veio na Missão Artística Austríaca (1817).

• Eles identificaram o índio e a natureza como símbolos da identidade brasileira e também trouxeram ideias nacionalistas da Europa.

Poesia Indianista•Segundo Gonçalves de Magalhães:

“Cada povo tem sua literatura própria, como cada homem seu caráter particular, cada árvore seu fruto

específico.”

•Os poetas queriam divulgar uma identidade nacional da literatura, que ao mesmo tempo mostrasse o amor à pátria e pudesse se livrar das influências Portuguesas.

Nativistas ou Indianistas• Textos escritos para mostrar a beleza da natureza e a

imagem dos Índios, definindo a identidade brasileira.

• Poetas e romancistas escreviam esses tipos de texto também são chamados assim.

• José de Alencar (romancista) e Gonçalves Dias (poeta) foram importantes autores românticos indianistas.

• Iracema de José de Alencar é uma obra famosa representante dos nativistas.

“Bom Selvagem”

• Rousseau, famoso filosófo do século XVIII acreditava que todas as pessoas eram iguais e boas quando nascem, e o tempo iria diferenciá-las uma das outras, tornando-as melhores ou piores.

• A partir de sua tese, os indianistas viarm na imagem do índio a capacidade de demonstrar o espírito do homem livre e incorruptível, uma imagem idealizada dos índios.

• Na Europa, essa imagem foi passada através do cavaleiro medieval.

Iniciando o Romantismo...• Alguns escritores que moravam em Paris, o Grupo

de Paris, resolveu criar uma revista que trataria dos interesses nacionais.

• Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.

• Criaram em 1836 a revista: A Nitheroy, Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes.

• Gonçalves de Magalhães foi o fundador do Romantismo no Brasil com a publicação de Suspiros poéticos e saudades, em 1836. Esse livro traz poemas que mostram a crença do progresso da humanidade.

Como se caracterizou a produção literária da primeira geração romântica?

Projeto Literário do Romantismo

•Afirmação da identidade brasileira

•Resgate do índio e da natureza exuberante como símbolos da nação

Canção do Exílio (1843)Gonçalves Dias

Minha Terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeia como lá.

Nosso céu tem mais estrelas Nossas várzeas tem mais flores Nossos bosques tem mais vida

Nossa vida mais amores

Em cismar sozinho, a noite Mais prazer encontro lá;

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá;

Em cismar - sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras Onde canta o sabiá,

★ Um Brasil acolhedor★ Ufanismo★ Por conta da questão nacionalista,os autores passam a cantar o amor à sua pátria.

Os Agentes do Discurso

• O contexto de produção da primeira geração foi influenciado pela propaganda nacionalista que tomou conta do país:

1) Com os textos dos participantes das missões estrangeiras

2) Com a concretização da independência política

Contexto de Circulação

• A fundação da imprensa Régia facilitou o processo da impressão dos jornais e revistas. Ela abriu portas para mais publicações.

• Além da Nitheroy, mais duas revistas foram utilizadas para fazer a divulgação dos textos dos primeiros românticos. A Minerva Brasiliense(1843-1845) e Guanabara(1849-1856)

Linguagem do Romantismo

• Versos indianistas não seguiam a liberdade formal do Romantismo. Eles tinham métria e rimas.

• Os autores davam rimas aos poemas de uma forma que ficassem semelhantes aos sons dos tambores, para aproximar os leitores das culturas indígenas.

• Poetas também usavam como ferramenta a caracterização da natureza brasileira, fazendo a mesma o cenário do poema. Era usada essa imagem para expressar os sentimentos dos índios.

Características do Romantismo

•Nacionalismo, ufanismo

•Exaltação à natureza

•Índio como grande heroi

•Sentimentalismo

I-Juca PiramaGonçalves Dias

No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos — cobertos de flores,Alteiam-se os tetos d’altiva naç ão; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão.

São rudos, severos, sedentos de gló ria, Já pré lios incitam, já cantam vitó ria, Já meigos atendem à voz do cantor: São todos Timbiras, guerreiros valentes! Seu nome lá voa na boca das gentes, Condão de prodígios, de gló ria e terror!

(...)

No centro da taba se estende um terreiro, Onde ora se aduna o concílio guerreiro Da tribo senhora, das tribos servis: Os velhos sentados praticam d’outrora, E os moç os inquietos, que a festa enamora,Derramam-se em torno dum índio infeliz.

•Estrofes compostas de 6 versos de 11 sílabas métricas :(hendecassílabos)

•As pausas no interior dos versos, indicam sua divisão rítmica- quebram em duas unidades.

•Por meio dessa estrutura, o autor consegue construir a imagem da cerimônia realizada pelos índios.

Como se caracterizou a poesia indianista de Gonçalves Dias?

Gonçalves Diasos índios, a pátria e o amor

Quem foi ele?

• Grande nome da primeira geração romântica brasileira.

• Origem mestiça: filho de comerciante português e uma cafuza.

• Foi para Portugal: fez Direito em Coimbra.

• Descobriu textos românticos de Almeida Garrett e Alexandre Herculano, que o influenciaram.

Obras Principais

• Primeiros Cantos (1846)

• Leonor de Mendonça (1847) - peça de teatro

• Segundos Cantos (1848)

• As Sextilhas do Frei Antão (1848)

• Últimos Cantos (1851)

Os temas abordados• Natureza

• Pátria

• Religião

• Em suas obras pode-se encontrar:

• O casamento (expressão dos sentimentos)

• A idealização

• A religião e a natureza mostram o entusiasmo da conexão entre o poeta e o romantismo.

O Canto do GuerreiroIAqui na florestaDos ventos batida,Faç anhas de bravosNão geram escravos,Que estimem a vidaSem guerra e lidar.- Ouvi-me, Guerreiros.- Ouvi meu cantar. IIValente na guerraQuem há, como eu sou?Quem vibra o tacapeCom mais valentia?Quem golpes dariaFatais, como eu dou?- Guerreiros, ouvi-me;- Quem há, como eu sou?

•O índio é o eu – lírico e guerreiro.•Na pergunta, podemos ver outra subentendida: - quem há como os brasileiros, descendentes de seres tão nobres. •Vemos a imagem de nacionalidade definida pelos símbolos pátrios: - cenário: selva - eu - lírico : relata guerra e caçada (atividades típicas)

Poemas Líricos• O lirismo aborda os principais temas

românticos:

• os encantos da mulher amada

• a natureza e os sentimentos mais arrebatados, como:

★ sofrimento da vida

★ solidão

★ morte

O Amor Romântico

• Versos que associam os temas do amor e da morte- o olhar dos grandes autore europeus.

• Um dos mais conhecidos poemas líricos: “Se se morre de amor”, ilustra a visão do amor recorrente em suas obras.

• No poema, o amor romântico é definido como algo que leva o indivíduo a agir de modo deslumbrado, ao mesmo tempo que lhe permite a compreensão de todas as coisas. O apaixonado vive em agitação por conta do amor.

A Natureza Transfigurada

• No lirismo há outra descrição da filiação romântica do poeta: o gosto por temas como

★ solidão

★ sofrimento amoroso

• A natureza surge nesses poemas para acolher o sujeito que sofre e muitas vezes concretiza o estado do espírito.

• Poema exemplar: “Leito de Folhas Verdes”

Leito de Folhas VerdesPor que tardas, Jatir, que tanto a custo À voz do meu amor moves teus passos? Da noite a viraç ão, movendo as folhas,Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu sob a copa da mangueira altivaNosso leito gentil cobri zelosaCom mimoso tapiz de folhas brandas,Onde o frouxo luar brinca entre flores.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,Já solta o bogari mais doce aroma!Como prece de amor, como estas preces,No silêncio da noite o bosque exala.(...)

A flor que desabrocha ao romper d'alvaUm só giro do sol, não mais, vegeta:Eu sou aquela flor que espero aindaDoce raio do sol que me dê vida.

Sejam vales ou montes, lago ou terra,Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,Vai seguindo apó s ti meu pensamento;Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!

Meus olhos outros olhos nunca viram,Não sentiram meus lábios outros lábios,Nem outras mãos, Jatir, que não as tuasA arazó ia na cinta me apertaram.

Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes À voz do meu amor, que em vão te chama! Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil A brisa da manhã sacuda as folhas!

2ª Geração: Amor, mortee exageros comportamentais

• Ao contrário da poesia da primeira geração,agora os poetas estavam voltados para si e não para a busca da identidade nacional.

• Mal do século: pessimismo, atração pela noite, pelo vício e pela morte, temas macabros e satânicos

Lord Byron (1788-1824)

• Poeta europeu, dividido entre a vida luxuosa das cortes, a literatura e as mulheres. Possuía um estilo boêmio. Foi acusado de ter casos extra-conjugais e relações incestuosas com a irmã. É o autor de Don Juan.

Características literárias• Fuga da realidade para o

mundo dos sonhos, da fantasia e da imaginação (escapismo, evasão);

• Saudosismo (saudade da infância e do passado);

• Interesse pelo amor e pela morte: fuga total e definitiva da vida, solução para os sofrimentos;

• Subjetivismo, pessimismo, egocentrismo

• Sentimento de solidão,

• Idealização da mulher: ser virginal e etéreo

• Gosto pela noite e pela natureza sombria

• sarcasmo, ironia.

• Atração pelo vício, temas macabros e satânicos

Características literárias

Locus horrendus:Locus horrendus: natureza tempestuosanatureza tempestuosa

• O cenário preferido pelos poetas ultrarromânticos é tempestuoso. As forças incontroláveis da natureza – raios, chuvas, ventos – simbolizam o sofrimento interno dos poetas.

Atração pela noite

•Somente no contexto dos sonhos a natureza será apresentada em tons mais positivos, assumindo uma feição paradisíaca.

•Cenários de escuridão, lugares ermos, cemitérios e praias abandonadas são os refúgios para os sofredores.

O mal do século: e a sedução da morte

• A ideia de morrer tem sentido positivo porque garante o término da agonia de viver. É no contexto das desilusões e da maneira pessimista de encarar a própria existência que a morte surge como solução.

Amor e morte: as virgens pálidas

• Os românticos temiam a realização amorosa: mulheres pálidas, etéreas, angelicais.

• Há erotismo e sensualidade, mas o amor é sempre platônico.

• Visão dualista: atração e medo; desejo e culpa

Álvares de Azevedo (1831-1852)

• Principal autor ultrarromântico. 

• Morreu antes de completar 21 anos.

• Sua poesia ora explora as angústias amorosas, ora as ridiculariza.

• Suas principais obras são: Lira dos vinte anos e Noite na Taverna.

Lembrança de morrerLembrança de morrer

Quando em meu peito rebentar-se a fibraQue o espírito enlaça à dor vivente,Não derramem por mim nem uma lágrimaEm pálpebra demente.

Descansem o meu leito solitárioNa floresta dos homens esquecida,À sombra de uma cruz, e escrevam nelas— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—

A ironia: Namoro a Cavalo Eu moro em Catumbi. Mas a desgraçaQue rege minha vida malfadada,Pôs lá no fim da rua do CateteA minha Dulcinéia namorada.

Todo o meu ordenado vai-se em floresE em lindas folhas de papel bordado,Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,Algum verso bonito... mas furtado...

Casimiro de Abreu(1839-1860)

• Produziu uma poesia “bem-comportada”

• Sobressaem os temas: saudade, natureza e desejo, porém sem o pessimismo dos demais poetas da época. 

• As figuras femininas não se associam à ideia de morte.

• Saudosismo: saudade da infância inocente e ingênua.

Meus oito anosMeus oito anos

Oh! Que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

Como são belos os diasDo despontar da existência!- Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;O mar - é lago sereno,O céu - um manto azulado,O mundo - um sonho dourado,A vida - um hino d'amor!

3ª Geração romântica:3ª Geração romântica:O Condoreir ismoO Condoreir ismoA poesia social

Contexto Histórico• Entre 1860 e 1870: a

poesia volta-se para o Social.

• 1850- Lei Eusébio de Queiroz: fim do tráfico negreiro

• 1850- Prosperidade da cultura cafeeira.

O CondoreirismoO Condoreirismo• Os poetas das décadas de 60 e

70 adotam princípios libertários: escrevem então sobre o horror da escravidão e outros temas sociais.

• O condor, ave da Cordilheira dos Andes capaz de voar em altitudes bem altas, é escolhido como símbolo da liberdade, daí o nome Condoreirismo.

• Vitor Hugo, escritor francês, recomendava: “a arte de hoje não deve buscar apenas o belo, mas sobretudo o bem”.

Projeto literário da Projeto literário da terceira geraçãoterceira geração

• Poesia engajada: denunciar, por meio da poesia, as injustiças sociais.

• Intenção de atingir um público maior.

• Os poemas são declamados em praças, saraus e teatros.

CaracterísticasCaracterísticas

• Poesia composta para ser declamada.

• Uso de vocativos e exclamações

• Gosto pelas imagens exageradas, hiperbólicas, que provocam impacto no leitor e despertam emoções.

Deus! ó Deus! onde estás quenão respondes? Em que mundo, em qu'estrelatu t 'escondes Embuçado nos céus?Há dois mil anos te mandeimeu grito, Que embalde desde entãocorre o infinito...Onde estás, Senhor Deus?...

Embuçado: encoberto, ocultoEmbalde: inutilmente, em vão

ALVES, Castro. Obras Completas

Vozes d'ÁfricaVozes d'África 

Castro Alves (1847-1871)  • Diferente dos autores da primeira e

segunda geração, o sentimento da natureza é substituído pelo da humanidade; a ordem do coração é trocada pela do pensamento.

• É conhecido como “o poeta dos escravos”.

• Dois poemas se destacam em sua produção: Vozes d’Africa e O navio negreiro.

A poesia lírica: a erotização feminina

•Poesia lírica diferente da dos poetas ultrarromânticos: as virgens inacessíveis são substituídas por mulheres reais, lascivas, sedutoras.

•Amor erotizado

A vez primeira que eu fitei Teresa,Como as plantas que arrasta a correnteza,A valsa nos levou nos giros seus...E amamos juntos... E depois na sala"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala...

E ela, corando, murmurou-me: "adeus."

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...E da alcova saía um cavaleiroInda beijando uma mulher sem véus...Era eu... Era a pálida Teresa!"Adeus" lhe disse conservando-a presa...E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"

O adeus de O adeus de TeresaTeresa

Passaram tempos... sec'los de delírioPrazeres divinais... gozos do Empíreo...... Mas um dia volvi aos lares meus.Partindo eu disse — "Voltarei!... descansa!...Ela, chorando mais que uma criança,Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"Quando voltei... era o palácio em festa!...E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestraPreenchiam de amor o azul dos céus.Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!Foi a última vez que eu vi Teresa!...E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"

Reposteiro: cortinaEmpíreo: celestial

O adeus de O adeus de TeresaTeresa

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