paratormonio e calcitonina
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FISIOLOGIA
CALCITONINA E PARATORMÔNIO
campinas
Maio/2011
Trabalho apresentado á disciplina de fisiologia do curso de farmácia, sob orientação da Prof.ª Andréia Cristina Zago da silva, para obtenção parcial de nota.
Universidade São Francisco
FISIOLOGIA
CALCITONINA E PARATORMÔNIO
Campinas
Mai/2011
2
Sumário
Página
Introdução.............................................................................................. 04
Objetivo ................................................................................................. 05
Cálcio, Fosfato e a Vitamina D ..............................................................06
Paratormônio (PTH) ...............................................................................08
Calcitonina .............................................................................................10
Patologias
Hipoparatireoidismo ...............................................................................12
Hiperparatireoidismo ..............................................................................13
Raquitismo .............................................................................................15
Osteomalacia .........................................................................................16
Caso especial: Osteoporose em mulheres na menopausa ...................17
Conclusão ............................................................................................. 19
Referências Bibliográficas..................................................................... 20
3
Introdução
A fisiologia do metabolismo de cálcio e fosfato, a formação de ossos e dentes,
bem como a regulação de vitamina D, do paratormônio (PTH) e da calcitonina estão
intimamente interligados. A concentração extracelular do cálcio iônico, por exemplo,
é determinada pela interação entre a absorção intestinal, a excreção renal e a
captação/ liberação óssea deste elemento; cada um desses processos, por sua vez,
é regulado pelos hormônios mencionados acima.
4
Objetivo
Correlacionar os efeitos fisiológicos da Calcitonina e do Paratormônio -
também conhecido pela sigla PTH, sobre seus efeitos fisiológicos e a utilização de
cálcio em formulações por mulheres na menopausa.
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Cálcio, Fosfato e a Vitamina D
O cálcio desempenha um papel fundamental em muitos processos fisiológicos;
citando apenas alguns estão: a formação óssea; a contração dos músculos
esqueléticos, cardíacos e lisos; a coagulação sanguínea; e a transmissão de impulsos
nervosos.
O cálcio está presente 98,9% nos ossos, 1% nas células e 0,1% no líquido
extracelular. Portanto os ossos podem servir como reservatórios, liberando cálcio em
casos de declínio na concentração do líquido extracelular e armazenando o mesmo em
casos de excesso.
Em aproximadamente 85% do fosfato corpóreo se encontra armazenado nos ossos,
14 a 15% nas células, e menos de 1% no líquido extracelular. Embora a concentração
de fosfato no líquido extracelular não seja tão bem regulada como a concentração de
cálcio, o fosfato desempenha diversas funções importantes, sendo controlado por
muitos dos fatores reguladores do cálcio.
A mudança nos níveis de fosfato no líquido extracelular, desde valores bem abaixo
do normal até concentrações de até duas ou três vezes acima, não provoca importantes
efeitos imediatos sobre o organismo. Porém leves aumentos ou quedas do íon cálcio no
líquido extracelular podem provocar efeitos fisiológicos extremos imediatos.
O osso compõe-se de uma matriz orgânica resistente, fortalecida por depósitos de
sais cristalinos que compõem-se basicamente de cálcio e fosfato. A fórmula do sal
cristalino predominante, conhecido como hidroxiapatita, é:
Ca10(PO4)6(OH)2
Continuamente ocorre a remodelagem óssea devido à ação de osteoblastos que
atuam na neoformação óssea constante, e de osteoclastos que correspondem a
grandes células fagocitárias multinucleadas, derivadas de monócitos ou células
semelhantes a monócitos formadas na medula óssea. O controle da atividade absortiva
óssea dos osteoclastos é feita pelo hormônio PTH, discutido mais adiante.
A vitamina D exibe um potente efeito em aumentar a absorção de cálcio a partir do
trato intestinal; além disso, apresenta efeitos significativos sobre a deposição e a
absorção óssea, contudo essa vitamina em si não é a substância ativa real indutora
destes efeitos, em vez disso a vitamina D deve sofrer uma série de reações no fígado e
nos rins, convertendo-se no produto final ativo, o 1,25-diidroxicolecalciferol, também
conhecido como 1,25(OH2)D3, como na figura 1.
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Figula 1. Ativação da vitamina D3 e a sua atuação na concentração plasmática do Cálcio
Conforme é possível observar na figura 1, através de mecanismos de feedback
negativo a concentração de 25-Hidroxicolecalciferol inibe a transformação de
colecalciferol no fígado, impedindo assim a ação excessiva da vitamina D quando o
consumo de vitamina D3 está alterado; e a concentração plasmática de cálcio iônico
inibe a secreção do PTH que age na transformação de 25-Hidroxicolecalciferol em
1,25(OH2)D3 nos túbulos proximais dos rins.
O 1,25(OH2)D3 por si só atua como um tipo de “hormônio” para promover a absorção
intestinal de cálcio. Esse efeito ocorre principalmente por meio do aumento da formação
de uma proteína ligante do cálcio nas células epiteliais intestinais. Embora o fosfato
costume ser absorvido com facilidade, o fluxo deste elemento através do epitélio
gastrintestinal é intensificado pela Vitamina D. Essa vitamina também aumenta a
absorção de cálcio e fosfato pelas células epiteliais dos túbulos renais e, dessa forma,
tende a diminuir a excreção dessas substâncias na urina.
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Pele
Produção de colecalciferol (Vitamina D3)
Proteína
ligada
ao cálcio
ATPase
estimulada
pelo cálcio
Fosfatase
alcalina
25-Hidroxicolecalciferol
1,25(OH2)D3
Absorção intestinal do cálcio
Fígado
RimPTHAtivação
Inibição
Inibição
Concentração plasmática de cálcio iônico
Paratormônio (PTH)
O PTH é produzido pelas glândulas paratireóides, localizadas posteriormente à
glândula tireóide – uma atrás de cada pólo superior e inferior da tireóide. Este hormônio
é um dos fatores mais importantes para o controle da reabsorção do cálcio nos rins e
consequentemente para o controle da excreção do cálcio.
Este hormônio apresenta dois efeitos sobre o osso na absorção de cálcio e fosfato.
Um deles corresponde a uma fase rápida que se inicia em minutos e exibe um aumento
progressivo em algumas horas. Essa fase resulta na ativação de células ósseas já
existentes (principalmente os osteócitos) para promover a absorção de cálcio e fosfato.
A segunda fase é mais lenta, exigindo alguns dias ou até semanas para seu pleno
desenvolvimento, esta fase provém da proliferação de osteoclastos, seguida pela
reabsorção osteoclástica bastante acentuada no próprio osso, e não meramente na
absorção óssea dos sais de fosfato de cálcico.
Fase rápida da absorção de cálcio e fosfato (osteólise) - Ao aumento de quantidade
de PTH, a concentração do cálcio iônico no sangue começa a se elevar dentro de
minutos, antes que seja possível o desenvolvimento de novas células ósseas. O PTH
provoca a remoção dos sais ósseos de duas áreas:
1. Matriz óssea, nas proximidades dos osteócitos já existentes.
2. Nas adjacências dos osteoblastos presentes ao longo da superfície óssea.
As membranas plasmáticas de osteócitos e osteoblastos possuem receptores para o
PTH, este hormônio pode ativar intensamente a bomba de cálcio, induzindo a remoção
dos íons cálcio do líquido ósseo para o extracelular. Quando esta bomba atua de forma
acentuada, a concentração de íons cálcio declina do líquido ósseo, assim sais de
fosfato de cálcio são absorvidos a partir do osso, esse efeito chama-se osteólise.
Fase lenta da absorção óssea e liberação do fosfato cálcico (ativação de
Osteoclastos) – Este é o efeito mais conhecido e evidente do PTH, ativando os
Osteoclastos. Porém estas células não possuem receptores para o PTH, assim
acredita-se que os osteócitos e osteoblastos emitam um sinal secundário, ainda
desconhecido, que irá ativar os osteoclastos, iniciando assim sua tarefa de
engolfamento do osso em semanas ou meses.
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A ativação do sistema osteoclástico ocorre em dois estágios:
1. Ativação imediata dos osteoclastos já formados
2. Formação de novos osteoclastos.
Alguns dias de excesso do PTH costumam levar ao desenvolvimento satisfatório do
sistema osteoclástico, mas esse crescimento pode continuar durante meses sob intensa
estimulação desse hormônio.
Atuação no sistema renal e digestório
O rim é responsável por regular a concentração de fosfato no líquido extracelular,
alterando sua excreção de acordo com a concentração plasmática. Por outro lado, o
PTH também aumenta a reabsorção tubular renal do cálcio, ao mesmo tempo em que
diminui a reabsorção de fosfato. A excreção do cálcio na urina segue os mesmos
princípios da excreção do sódio, ou seja, sendo cerca de dois terços do cálcio do filtrado
glomerular são reabsorvidos nos túbulos proximais e a reabsorção do cálcio restante
depende da concentração dos íons cálcio no sangue. Não fosse o efeito do PTH sobre
os rins, a perda contínua de cálcio na urina provocaria uma consequente diminuição da
concentração do mesmo no líquido extracelular e nos ossos.
O cálcio é pouco absorvido pelo tubo intestinal, por possuir compostos insolúveis, já
o fosfato é facilmente absorvido, exceto quando há excesso de cálcio proveniente da
dieta. Como o PTH atua na formação do 1,25(OH2)D3 (vide figura 1), ele também
intensifica a absorção de cálcio e fosfato presente no intestino.
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Calcitonina
A calcitonina, um hormônio peptídeo secretado pela glândula tireóide, tende a
diminuir a concentração plasmática do cálcio e, em geral, atual como antagonista ao
PTH. No entanto quantitativamente o papel da calcitonina é bem menor que o PTH na
regulação da concentração de cálcio iônico. Também tem a propriedade de diminuir os
níveis de fosfatos no sangue.
O principal fator de secreção da calcitonina é o aumento da concentração plasmática
do cálcio iônico (hipercalcemia), através da ação das células C tiroideanas através de
um mecanismo de feedback positivo, isso é o oposto do que ocorre com o PTH que é
estimulado na diminuição da concentração deste íon.
A calcitonina diminui a concentração sanguínea do cálcio iônico com rapidez,
iniciando em minutos após a injeção desse hormônio, de duas formas:
1. O efeito imediato consiste na redução de atividade dos osteoclastos e
desviando o equilíbrio do efeito osteolítico em favor da deposição de cálcio
nos sais cálcicos ósseos intercambiáveis.
2. O segundo e mais prolongado efeito é a diminuição da formação de novos
osteoclastos. Além disso, como a reabsorção osteoclástica induz
secundariamente à atividade osteoblástica, a queda do número de
osteoclastos é seguido pela queda do número de osteoblastos, assim ocorre
a diminuição da ação de ambas as células ósseas. Sendo assim o efeito
sobre o cálcio do plasma é basicamente transitório, durando no máximo
algumas horas ou dias.
A calcitonina também tem efeitos secundários sobre o uso do cálcio nos túbulos
renais e intestino, eles atuam de forma oposta ao PTH, mas parecem ser de pouco
importância, sendo raramente levados em consideração.
Os efeitos da calcitonina são fracos sobre a concentração de cálcio plasmático, pois
a qualquer redução da concentração de cálcio iônico pela calcitonina, leva a uma
potente estimulação da secreção do PTH dentro de horas, o que acaba quase
superando o efeito da calcitonina. Também devido às taxas de absorção e deposição de
cálcio em indivíduos adultos ser baixas, e mesmo após o retardo na velocidade de
absorção da calcitonina, isso se reflete como um efeito muito leve sobre a concentração
plasmática iônica do cálcio. Porém este efeito é maior em crianças, devido a atividade
remodeladora dos ossos ser maior.
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Quando a glândula tireóide é removida, e a calcitonina não é mais secretada, a
concentração sanguínea de íons cálcio a longo prazo não sofre alteração mensurável—
demonstrando, também, o maior efeito do sistema de controle do hormônio
paratireóideo; todavia, o controle final a longo prazo da concentração de íons cálcio é
exercido pelo hormônio paratireóideo e pela vitamina D no controle da absorção
intestinal de cálcio e de sua excreção na urina.
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Patologias
HIPOPARATIREOIDISMO
Quando as glândulas paratireóides não secretam uma quantidade suficiente do PTH,
a reabsorção osteocítica do cálcio permutável diminui e os osteoclastos tornam-se
quase totalmente inativos, como consequência, a reabsorção de cálcio do osso fica tão
deprimida que o nível de cálcio nos líquidos corporais diminui.
O Hipoparatireoidismo é muito menos comum do que o hiperparatireoidismo. As
principais causas incluem:
Remoção acidental cirúrgica das paratireóides durante a tireoidectomia,
devido a dificuldade de da localização das glândulas paratireóides. Elas se
assemelham com um outro lóbulo da glândula tireóide.
Ausência congênita.
Hipoparatireoidismo autoimune, uma síndrome de deficiência poliglandular
hereditária causada por auto anticorpos contra órgão endócrinos múltiplos.
Infecções fúngicas crônicas envolvendo a pele e as membranas mucosas
são por vezes encontradas nestes indivíduos, sugerindo um defeito
subjacente na função das células T.
As principais manifestações clínicas do hipoparatireoidismo referem-se a
hipocalcemia e incluem irritabilidade neuromuscular aumentada (formigamento,
espasmos musculares, caretas faciais e espasmo ou tetania carpopedais sustentados),
arritmias cardíacas e ocasionalmente, elevação das pressões intracranianas e
convulsões. As alterações morfológicas geralmente são discretas, mas podem incluir
catarata, calcificação dos gânglios basais cerebrais e anomalias dentárias.
Em certas ocasiões é utilizado o hormônio PTH no tratamento do
hipoparatireoidismo. Todavia, devido ao elevado custo desse hormônio e também a
pouca duração de seus efeitos, que no máximo é de algumas horas, e considerando-se
a tendência do organismo a desenvolver anticorpos contra ele, tornando-o cada vez
menos ativo, o tratamento do hipoparatireoidismo com hormônio PTH é raro atualmente.
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HIPERPARATIREOIDISMO
Quando o nível de cálcio nos líquidos corpóreos se eleva acima do normal, o
sistema nervoso se torna deprimido e as atividades reflexas do sistema nervoso central
mostram-se lentas. O hiperparatireoidismo provoca intensa atividade osteoclástica no
osso, o que eleva a concentração de íons cálcio do líquido extracelular, deprimindo em
geral (mas nem sempre) a concentração de íons fosfato, devido à maior excreção renal
desses íons.
Embora no hiperparatireoidismo leve possa ocorrer deposição de novo osso rápido o
suficiente para compensar o aumento da reabsorção osteoclástica, no
hiperparatireoidismo grave a absorção osteoclástica logo sobrepuja a deposição
osteoblástica, de modo que o osso pode ser quase totalmente devorado. Com efeito, a
razão pela qual o indivíduo portador de hiperparatireoidismo procura o médico é quase
sempre uma fratura óssea. As radiografias do osso revelam extensa descalcificação e,
em certas ocasiões, grandes áreas císticas em saca-bocado do osso, repletas de
osteoclastos, na forma do denominado "tumor" de células gigantes.
Naturalmente, múltiplas fraturas dos ossos debilitados podem resultar de
traumatismo leve, especialmente nos locais em que surgem cistos. A doença óssea
cística do hiperparatireoidismo é denominada osteíte fibrosa cística.
O hiperparatireoidismo ocorre de duas formas principais, a primária e a secundária.
A primeira condição apresenta uma superprodução autônoma e espontânea de PTH,
enquanto a segunda ocorre tipicamente como fenômenos secundários em indivíduos
com insuficiência renal crônica.
O hiperparatireoidismo primário é um dos distúrbios endócrinos mais comuns, sendo
uma importante causa da hipercalcemia. Na maioria dos casos, o hiperparatireoidismo
primário é provocado por um adenoma paratireoideano esporádico e, menos
comumente, por hiperplasia das paratireóides. As manifestações esqueléticas incluem
reabsorção óssea, osteóte fibrosa cística e “tumores marrons”. As alterações renais
incluem nefrolitíase (cálculos) e nefrocalcinose. As manifestações clínicas podem ser
resumidas como “ossos dolorosos”, cálculos renais, dores abdominais e queixas
psíquicas.
O hiperparatireoidismo secundário é provocado por qualquer condição associada à
depressão crônica do nível sérico de cálcio, uma vez que o cálcio baixo leva à
hiperatividade compensatória (hipertrofia compensatória) das paratireóides. A
insuficiência renal é a causa mais comum de hiperparatireoidismo secundários.
13
EFEITOS DA HIPERCALCEMIA NO HIPERPARATIREOIDISMO
Algumas vezes, o hiperparatireoidismo pode determinar elevação do nível
plasmático de cálcio por até 12 a 15 mg/dl e, raramente, até mais. Os efeitos desses
níveis elevados de cálcio, como já dito, consistem em depressão do sistema nervoso
central e periférico, fraqueza muscular, constipação, dor abdominal, úlcera péptica, falta
de apetite e diminuição do relaxamento do coração durante a diástole.
Intoxicação paratireóidea e calcificação metastática. Quando, em raras ocasiões,
são secretarias quantidades extremas de hormônio paratireóideo, o nível de cálcio nos
líquidos corporais se eleva rapidamente e atinge valores muito altos. Mesmo a
concentração de fosfato do líquido extracelular quase sempre aumenta
acentuadamente, em lugar de diminuir, como acontece normalmente, talvez pelo fato de
os rins não serem capazes de excretar com rapidez suficiente todo o fosfato que está
sendo absorvido do osso. Por conseguinte, o cálcio e o fosfato dos líquidos corporais
tornam-se muito supersaturados, de modo que os cristais de fosfato de cálcio (CaHPO4)
começam a se depositar nos alvéolos dos pulmões, nos túbulos renais, na glândula
tireóide, na área da mucosa gástrica produtora de ácido e nas paredes das artérias em
todo o corpo. Essa extensa deposição metastática de fosfato de cálcio pode aparecer
dentro de poucos dias. Formação de cálculos renais no hiperparatireoidismo. A maioria
dos pacientes com hiperparatireoidismo leve exibe alguns sinais de doença óssea e
poucas anormalidades gerais em consequência da elevação do cálcio. Todavia,
possuem tendência extrema para formar cálculos renais. A razão disso é que todo
excesso de cálcio e de fosfato absorvido do intestino ou mobilizado dos ossos no
hiperparatireoidismo é excretado pelos rins, ocasionando elevação proporcional das
concentrações urinárias dessas substâncias. Em consequência, os cristais de fosfato de
cálcio tendem a precipitar-se nos rins, formando cálculos de fosfato de cálcio. Além
disso, verifica-se o desenvolvimento de cálculos de oxalato de cálcio, visto que o
oxalato, até mesmo em níveis normais, determina a precipitação de cálcio quando os
níveis deste último estão elevados. Como a solubilidade da maioria dos cálculos renais
é pequena em meio alcalino, a tendência à formação de cálculos renais é
consideravelmente maior na urina alcalina do que na urina ácida. Por esse motivo, as
dietas ácidas e as substancias acidificantes são quase sempre utilizadas no tratamento
dos cálculos renais.
14
RAQUITISMO
O raquitismo ocorre principalmente nas crianças em consequência da deficiência de
cálcio ou de fosfato no líquido extracelular. Todavia, em geral, o raquitismo é devido
mais à falta de vitamina D do que à carência dietética de cálcio ou de fosfato. Se a
criança for adequadamente exposta à luz solar, o 7-desidrocolesterol na pele torna-se
ativado pelos raios ultravioleta e forma a vitamina D; que impede o desenvolvimento do
raquitismo, ao promover a absorção de cálcio e de fosfato do intestino, conforme
discutido no início deste capítulo.
As crianças que permanecem dentro de casa durante todo o inverno geralmente não
recebem quantidades adequadas de vitamina D, a não ser que seja fornecido algum
suplemento na dieta. O raquitismo tende a ocorrer especialmente durante a primavera,
porque a vitamina D formada durante o verão anterior é armazenada no fígado e ainda
disponível para uso nos primeiros meses de inverno. Além disso, a absorção de cálcio e
de fosfato dos ossos pode evitar o aparecimento de sinais clínicos de raquitismo nos
primeiros meses de deficiência de vitamina D.
Concentrações plasmáticas de cálcio e de fosfato no raquitismo. Habitualmente, a
concentração plasmática de cálcio no raquitismo está apenas ligeiramente deprimida,
enquanto o nível de fosfato apresenta-se acentuadamente diminuído. Isso decorre do
fato de que as glândulas paratireóides evitam a queda do nível de cálcio, promovendo a
absorção óssea toda vez que o nível de cálcio começa a diminuir. Por outro lado, não
existe um sistema regulador satisfatório para evitar a redução do nível de fosfato, e o
aumento da atividade paratireóidea eleva, na realidade, a excreção urinária de fosfatos.
Efeito do raquitismo sobre o osso.
Durante o raquitismo prolongado, o acentuado aumento compensador da secreção
de hormônio paratireóideo determina absorção osteoclástica extrema do osso; isso, por
sua vez, torna o osso progressivamente mais fraco e impõe estresse físico acentuado
sobre o osso, resultando em rápida atividade osteoblástica. Os osteoblastos depositam
grandes quantidades de osteóide que não se calcifica, devido à quantidade insuficiente
de tons cálcio e fosfato. Em conseqüência, o osteóide recém-formado, não calcificado e
muito fraco substitui gradualmente o ossomais velho que está sendo reabsorvido.
Tetania no raquitismo. Nos estágios iniciais do raquitismo, quase nunca ocorre
tetania, porque as glândulas paratireóides estimulam continuamente a absorção
osteoclástica do osso, mantendo, portanto, um nível quase normal de cálcio no líquido
extracelular. Todavia, quando os ossos sofrem depleção total de cálcio, o nível desse
15
elemento pode cair rapidamente. A medida que o nível sanguíneo de cálcio cai para
valores inferiores a 7 mg/dl, surgem os sinais habituais de tetania, e a criança pode
morrer por espasmo respiratório tetânico, a não ser que lhe seja administrado cálcio por
via venosa, aliviando imediatamente a tetania.
Tratamento. Naturalmente, o tratamento do raquitismo depende do suprimento
adequado de cálcio e de fosfato na dieta, bem como da administração de grandes
quantidades de vitamina D. Se a vitamina não for administrada, haverá pouca absorção
intestinal de cálcio e de fosfato.
OSTEOMALACIA
A osteomalacia refere-se ao raquitismo do adulto e quase sempre é denominado
"raquitismo adulto". Os adultos normais raramente apresentam grave deficiência
dietética de vitamina D ou de cálcio, visto não haver necessidade de grandes
quantidades de cálcio para o osso em crescimento como ocorre nas crianças.
Todavia, verifica-se a ocorrência ocasional de grave deficiência de vitamina D e de
cálcio em consequência de esteatorréia (incapacidade de absorver gorduras), visto que
a vitamina D é lipossolúvel, e o cálcio tende a formar sabões insolúveis com a gordura;
consequentemente, na esteatorréia, a vitamina D e o cálcio tendem a ser eliminados
nas fezes. Nessas condições, o adulto apresenta ocasionalmente absorção deficiente
de cálcio e de fosfato, o que pode levar ao desenvolvimento de raquitismo adulto,
embora isso quase nunca evolua para o estágio de tetania — apesar de ser
frequentemente causa de grave incapacidade óssea.
Osteomalacia e raquitismo, causados por doença renal.
O "raquitismo renal" é um tipo de osteomalacia resultante de lesão renal prolongada.
A causa dessa condição consiste principalmente na incapacidade dos rins lesados de
formar 1,25-diidroxicolecalciferol, a forma ativa da vitamina D. Nos pacientes cujos rins
foram totalmente removidos ou destruídos e que estão sendo tratados por hemodiálise,
o problema do raquitismo renal é quase sempre muito grave.
Outro tipo de doença renal que leva ao raquitismo e a osteomalacia é a
hipofosfatemia congênita, resultante da diminuição congênita da reabsorção de fosfatos
pelos túbulos renais. Esse tipo de raquitismo deve ser tratado com compostos de
fosfato, em lugar de cálcio e de vitamina D, sendo por isso denominado raquitismo
resistente à vitamina D.
16
Caso especial: Osteoporose em mulheres na menopausa
Os estrogênios inibem a atividade osteoclástica nos ossos e, portanto, estimulam o
crescimento ósseo. Depois da menopausa, quase nenhum estrogênio é secretado pelos
ovários. Essa deficiência leva a:
1. Maior atividade osteoclástica nos ossos.
2. Diminuição da Matriz óssea.
3. Diminuição do depósito de cálcio e fosfato ósseos.
Em algumas mulheres este efeito é extremamente grave, e a condição resultante é a
osteoporose. Na medida em que a osteoporose pode enfraquecer os ossos e levar a
fraturas ósseas, uma grande proporção das mulheres pós-menopausa são tratadas com
estrogênio para prevenir os efeitos osteoporóticos.
A osteoporose é a mais comum de todas as osteopatias nos adultos, especialmente
em indivíduos com idade avançada. Difere da osteomalacia e do raquitismo por resultar
mais da diminuição da matriz orgânica do que da calcificação anormal do osso. As
formas mais comuns de osteoporose são a osteoporose senil e a pós-menopausa; a
osteoporose senil afeta todos os indivíduos em fase de envelhecimento, enquanto que a
osteoporose pós-menopausa, obviamente, afeta apenas mulheres após a menopausa.
O pico de massa óssea é alcançado durante o início da fase adulta, mas com o
envelhecimento, em ambos os sexos, a reabsorção óssea começa a ultrapassar a
deposição óssea.
Em adultos existe um equilíbrio dinâmico entre a formação óssea pelos
osteoblastos, sua manutenção pelos osteócitos e a reabsorção pelos osteoclastos. A
osteoporose ocorre quando este equilíbrio é alterado para o favorecimento da
reabsorção. Tal deficiência ocorre em mulheres devido ao declínio nos níveis de
estrogênio associado à menopausa. Os efeitos hipoestrogênicos são atribuídos, em
parte, a um aumento na produção de citocinas que através de mecanismos de
receptores fazem com que osteoblastos se diferenciem em osteoclastos, provocando
uma maior reabsorção óssea.
A prevenção e o tratamento da osteoporose começam com uma dieta adequada de
cálcio, suplementação de vitamina D, e um regime regular de exercícios, iniciando antes
dos 30 anos de idade, a fim de aumentar a densidade óssea. A administração de
bisfosfonato, como o alendronato de sódio, é uma parte importante da estratégia
terapêutica em osteoporose em virtude de melhorar a densidade mineral óssea e
diminui os marcadores bioquímicos da remodelação óssea em pacientes com
17
hiperparatireoidismo primário assintomático. A administração do raloxifeno, um
modulador seletivo do receptor estrogênico, leva a moderada diminuição no cálcio
sanguíneo e nos marcadores bioquímicos da remodelação óssea, sem redução no
cálcio urinário.
Para mulheres, a terapia de reposição hormonal da menopausa leva à supressão da
reabsorção óssea, redução da excreção urinária de cálcio e aumento da densidade
mineral óssea em vários sítios esqueléticos, agonistas seletivos de receptores de
estrogênio são outra classe de drogas que atuam através do aumento de massa óssea
(similar ao estrogênio endógeno), mas sem os efeitos colaterais associados ao uso do
estrogênio. A administração do hormônio da paratireóide também é outra abordagem, e
pode der especialmente aplicável em pacientes que não toleram a terapia com
estrogênios.
18
Conclusão
O mecanismo de ação dos hormônios paratormônio e calcitonina são estreitamente
relacionados à absorção e depósito de cálcio na matriz óssea. Eles regulam a
concentração de cálcio e fosfato no líquido extracelular, que são de suma importância
para uma série de atividades do organismo.
Ao menor desequilíbrio da ação destes hormônios uma série de disfunções, desde
anormalidades no sistema nervoso central até a fragilidade óssea associada à
menopausa na mulher.
O sistema endócrino, em particular aos mecanismos associados ao Paratormônio/
Calcitonina, é essencial para a manutenção da vida de um ser humano, devido a sua
complexidade e o inter-relacionamento dos vários tipos de sistemas de mensageiros
químicos, fazendo com que todo o organismo trabalhe corretamente, promovendo o
bem-estar do indivíduo.
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Referências Bibliográficas:
GUYTON, Artur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 11 ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2006.
Vinay Kumar et al; Robbins, patologia básica. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
Faria, José L. Patologia Geral. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan
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Beers, Mark (organizadores) et al; Manual Merck de informação Médica. 2 ed. São
Paulo: Rocca, 2009.
RUSSO, Luis Augusto T.. Osteoporose pós-menopausa: opções terapêuticas. Arq
Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 45, n. 4, Aug. 2001
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