os desafios da escola pÚblica paranaense na … · que orienta as atividades escolares, produzindo...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O CURRÍCULO E A FORMAÇÃO DOCENTE: UM DESAFIO DO PROFESSOR FRENTE A UMA ESCOLA INCLUSIVA
Professora: Katia Elizabeth Drosda Senn*
Orientadora: Professora Drª. Sandra Salete de Camargo Silva**
Resumo: O objetivo deste artigo é discutir juntamente com os educadores, conceitos de adaptação e flexibilização curriculares no contexto educacional inclusivo, buscando estabelecer Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica. Para tanto o estudo buscou investigar por meio de pesquisa dirigida aos professores do Ensino Regular e equipe pedagógica, concepções a respeito da educação desse alunado. A amostra da pesquisa foi composta por 22 educadores do ensino regular, que possuem alunos que apresentam deficiência intelectual. Objetivando uma discussão na busca de garantir aos estudantes com deficiência intelectual, acesso e permanência no contexto escolar, buscando e organizando alternativas para que eles estejam incluídos em todas as atividades, por meio da formação docente, visando, não somente a inserção no espaço físico, mas possibilidades de avançar em níveis mais elevados de ensino. A educação concebida no princípio da diversidade, significa ensinar em um contexto educacional no qual as diferenças individuais são destacadas e aproveitadas, proporcionando a flexibilização e o enriquecimento curricular com a participação ativa de todos os estudantes, garantindo assim o desenvolvimento acadêmico, pessoal e social. Palavras-chave: Inclusão, Currículo, Adaptação e Flexibilização.
1. INTRODUÇÃO
O estudo justificou-se pela necessidade de se desenvolver um trabalho com
profissionais da rede regular comum da Educação Básica afim de relacionar e incluir
o tema diversidade de alunos que se encontram no processo educativo e que,em
alguns casos necessitam de adaptações e flexibilizações curriculares. Iniciaram-se
os estudospor intermédio de uma rigorosa revisão histórica em torno da Educação
Especial.
Entende-se também que, a perspectiva da Educação Inclusiva é dirigida a
todas as pessoas matriculadas e frequentando a escolarização, sem nenhum tipo de
discriminação. A escola em todos os seus segmentos necessita estar preparada, e
com a possibilidade de dar respostas educativas a todos os alunos nela incluídos.
Beyer (2006, p.81) afirma:
[...] a inclusão escolar dos alunos com necessidades especiais é um desafio porque confronta o (pretenso) sistema escolar homogêneo com uma heterogeneidade inusitada, a heterogeneidade dos alunos com condições de aprendizagem muito diversas. E isto inquieta os professores em geral.
Os professores têm buscado respostas para questões pontuais: Como incluir
alunos com deficiência escolar no contexto escolar? O que, e como esse aluno
aprende? Quem pode estar na escola regular? Inclusão é apenas para socializar o
aluno? Como se dá o processo de ensino e de aprendizagem? Essas questões e
preocupações tem muita relevância, instigando-os assim a buscar conhecimento que
os possibilite a agir de maneira a dar conta da diversidade que vem se
apresentando.
A inclusão não é apenas colocar os alunos com deficiência em sala de aula,
mas sim, possibilitar o convívio e aceitação das diferenças. Para que isso se efetive
é muito importante a participação do professor do ensino regular, os quais devem
possibilitar a aprendizagem por meio de um trabalho pedagógico, adequando,
observando as diferenças específicas e especiais de cada aluno, dando condições
de envolvê-los no processo de aprendizagem, com as concepções e flexibilizações
necessárias.
2. A EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA: UMA QUESTÃO ATUAL
Atualmente, evidencia-sena escola uma grande diversidade de alunos,dentre
eles, alguns comdeficiência que necessitam de formas alternativas de ensino que
favoreça suas aprendizagens, muitas vezes de adaptações e flexibilizações no
currículo.Compreende-se, ao longo do estudo realizado,a necessidade de refletir
acerca da revisão histórica que se deu em torno da Educação Especial em uma
perspectiva inclusiva.
Nesse sentido, para um melhor entendimentoda proposta de inclusão na
escola, Jannuzzi (2004) discorre acerca da retomada ao passado, que possibilita
clarear o presente e assim vislumbrar novas perspectivas as quais incitaram a
percorrer novas direções.
Na história de povos antigos, fica evidente a existência de pessoas com
deficiência, desde os tempos mais remotos da civilização, embora não existam
muitos registros sobre o assunto.
De acordo com Shimazaki e Mori (2012), na antiguidade haviam duas
posturas com relação ao tratamento oferecido as pessoas com deficiência: um era
de aceitação e tolerância, enquanto outro era de menosprezo, eliminação e até
mesmo extermínio. Este período é caracterizado pela ignorância e não aceitação do
ser diferente.
Bianchett (2000) afirma que na Idade Média, a Igreja condenava o infanticídio
de deficientes, ao mesmo tempo, pregava que as anormalidades e deficiênciaseram
oriundas de causas sobrenaturais conferidos por bruxas, demônios entre outros
espíritos maléficos, sendo necessária a exorcização para se obter a cura.
Com a influência do cristianismo assume-se outra postura, diante da
deficiência, colocando-os como “criaturas de Deus”, com almas e, portanto não
poderiam ser abandonados, e assim, deveriam ser assistidos nas suas
necessidades básicas, porém ainda não havia preocupação quanto a educação e
seu desenvolvimento (MONTOAN,1997).
Até o século XVIII, quase não havia estudos científicos referentesà deficiência
intelectual, e ainda, os estudos que foram realizados não diferenciavam “doença
mental” de “deficiência mental” (SHIMAZAKI e MORI, 2012).
Foi com avanços do conhecimento científicoocorridos na modernidade, a
respeito do desenvolvimento humano, que veio a preocupação com a educabilidade
de pessoas com deficiência intelectual. Ao estudar estes casos no séc. XIX Pinel,
Itard, Esquirol, Seguim, Morel, Down entre outros, constataram a importância dessas
pessoas em receberem atendimento educacional, além do atendimento médico.
Montessori,influenciada por Itard e Seguim, construiu os conceitos psicológicos de
deficiênciamental, os quais eram fundamentados em perspectivas orgânicas e
psicológicas.
De acordo Shimazaki e Mori (2012) professores e pesquisadores sugerem
que pessoas com deficiência intelectual, quando incluídas em situações de ensino e
aprendizagem, podem atingir níveis mais elaborados de aprendizagem,
independentemente do nível de QI.
A proposta de inclusão, numa perspectiva inovadora teve início nas décadas
de 80 e 90, normatizando que os sistemas educacionais passem a ser responsáveis
em criar condições de promover uma educação de qualidade a todos, fazendo as
adequações necessárias, que atendam às necessidades especiais. Em consonância
com a Constituição Federal de 1998, o artigo 20, que prevê o atendimento
educacional especializado e a inclusão escolar, fundamentada na atenção à
diversidade, exigindo mudanças estruturais nas escolas comuns e especiais.
Com o propósito de acolher, reconhecendo as diferenças no contexto escolar,
se faz necessário um embasamento teórico e metodológico que norteiem o
atendimento desses alunos, para que o processo de aprendizagem e participação
social se efetive. De acordo com a Conferência Mundial de Educação para Todos,
em Jomtiem, Tailândia, março de 1990, no item 5 do artigo III: “As necessidades
básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção
especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação
aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do
sistema educativo”. Esta afirmação também está fundamentada em um dos
princípios da Declaração de Salamanca (1994, p.8) que diz:
Acreditamos e proclamamos que: [...] as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades.
Neste sentido, a inclusão não é apenas e simplesmente matricular o aluno
com necessidades especiais no ensino regular, é possibilitar a aprendizagem,
aceitando as diferenças. Frente a esse desafio é fundamental que ocorra uma
reflexão com os professores das escolas regulares sobre quem é este aluno, e quais
as práticas pedagógicas possíveis para acesso, permanência e aprendizagem na
classe comum, garantidos na Declaração de Montreal (2004): “Todas as pessoas
com deficiências intelectuais são cidadãos plenos, iguais perante a lei e como tais
devem escrever seus direitos com base no respeito, nas diferenças e nas suas
escolhas e decisões individuais”.
Pelo Decreto nº 3298 de 1999, que regulamenta a lei nº 7853/89, coloca a
educação especial como transversal que perpassa todos os níveis e modalidades de
ensino, com ênfase a regular. A educação especial passa a assumir outro
significado e, sendo definida como proposta pedagógica, que tem por objetivo
assegurar recursos, serviços especializados e atendimento às necessidades
especiais dos alunos. Neste contexto, a educação especial deixa de ser organizada
de forma paralela à educação comum.
No Estado do Paraná a inclusão tem ocorrido num processo gradativo
procurando respeitar as diferenças e necessidades educativas especiais dos alunos
inseridos no ensino regular/comum.
O Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional – SEED
oferece aos alunos com necessidades educativas especiais uma Rede de Apoio na
perspectiva da inclusão, a qual busca dar respostas educacionais para as
necessidades especiais desses alunos, por meio de serviços especializados, tais
como: Classe Especial, Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar
– SAREH, Atendimento Pedagógico Domiciliar, Programa de Escolaridade Regular
com Atendimento Especializado – PERAE – Área da Surdez, Sala de Recursos,
Centro de Atendimento Especializado, Instrutor Surdo – Área da Surdez, Tradutor e
Intérprete de Libras/Língua Portuguesa/TILS – Área da Surdez, Professor de Apoio
Permanente em Sala de Aula, Professor de Apoio em Sala.
Isso possibilita o acesso, permanência e aprendizagem de aluno de inclusão
em todos os níveis de ensino, por onde perpassa a Educação Especial, construindo
novas maneiras de trabalhar cooperativamente, respeitando a singularidade dos
sujeitos.
Assim, compreender a possibilidade de adaptações e flexibilizações
curriculares e metodológicas para atender os alunos com necessidades
educacionais especiais se faz necessário na trajetória deste trabalho.
3. PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E CURRÍCULO: ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS
No contexto escolar são realizadas discussões constantes a respeito da forma
de melhor ensinar ao público cada vez mais heterogêneo que adentra os portões da
escola. O currículo destaca-se como questão conflituosa nesse debate
contemporâneo. É importante ressaltar que se trata de uma tarefa complexa, quão
necessária.
Recorremos a Coll (1999) que sinaliza que currículo consiste em um projeto
que orienta as atividades escolares, produzindo guias de ações úteis aos
professores. É nele que contempla as diversidades que existem no contexto escolar,
de acordo com Alencar, deve-se possibilitar a todas as pessoas participar da vida
social assim como resguardar a sua dignidade e igualdade de direitos, que é muito
importante na educação com foco no exercício da cidadania.
O termo currículo foi descrito pela primeira vez em dicionário, no ano de 1663,
com o sentido de curso, em especial um curso regular de estudos numa escola ou
numa universidade. Ainda, ensina que no vocabulário educacional possui o
significado de curso de estudos, o currículo passou a ser descrito como trajetória,
percurso, ampliando-se para uma concepção aberta de projeto de formação, no
contexto de uma dada organização (PACHECO,2005,p.30).
Nesse sentido, o currículo uma função social, a qual expressa o momento
histórico das intenções sociais e as relações que estabelece com o conhecimento,
deve se adaptar e modificar-se, de acordo com MEC/SEESP, (2008, p. 23):
A transformação da escola não é, portanto, uma mera exigência da inclusão escolar de pessoas com deficiência e/ou dificuldades de aprendizado. Assim sendo, ela deve ser encarada como um compromisso inadiável das
escolas, que terá a inclusão como consequência.
A escola precisa promover o movimento de educação para todos, adaptando
o currículo ao seu Projeto Político Pedagógico (PPP), o qual não deve ser calcado
em uma cultura comum e homogênea. É necessário considerar a resolução 04/09 do
MEC, que considera, como condição fundamental, o acesso ao currículo flexível que
promova a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos
mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação
(BRASIL,2008) prevê que os espaços escolares devem disponibilizar atividades de
atendimento especializadas e ainda o enriquecimento curricular.
O currículo dessa forma, necessita ser modificado, com a finalidade de
atender a diversidade existente nas relações sociais, as possibilidades dessas
mudanças serão contempladas num currículo adaptado e flexível.
As Adaptações Curriculares possibilitam outras ações educativas, que visam
auxiliar na aprendizagem de alunos de inclusão. Frente às dificuldades de
aprendizagem desses alunos e com base no princípio da individualização do ensino,
se faz necessário fundamentar-se em alguns critérios que definam: o que o aluno
deve aprender; como e quando aprender; que forma de organização de ensino é
mais eficaz para o processo de aprendizagem; o que avaliar; como avaliar e quando
avaliar o aluno. Fundamentando-se em alguns estudos de operacionalidade de Silva
(2004) podemos dizer que:
Modificação organizacional das atividades realizadas em sala – deve-se buscar uma forma de organização do espaço, que favoreça o processo pedagógico para possa vir a beneficiar o aluno com necessidades educacionais especiais; tais como: materiais didáticos modificados, estímulo
à cooperação.
Tais modificações nos objetivos e nos conteúdos consistem na seleção de
objetivos, sequência e eliminação de conteúdos secundários, tendo em mente o que
pretendemos atingir, após essa reflexão a respeito das aprendizagens consideradas
mínimas para cada etapa, ano, ou ciclo. Procura reestruturar o planejamento,
considerando os conteúdos mais importantes e imprescindíveis para que o aluno
possa compreender as etapas posteriores, bem como, quais seriam as
aprendizagens mais urgentes para este aluno e ainda as que favorecem a sua
integração escolar e social a médio e em longo prazo.
Outras são as modificações na metodologia e na didática que implica mexer
na ação direta do professor frente ao aluno, necessitando reflexões entre o professor
e a equipe pedagógica a cerca de quais seriam as práticas pedagógicas mais
eficientes diante das necessidades específicas do aluno de inclusão. Modificações
no tempo (temporalidade) visam considerar o tempo previsto para a realização das
atividades, como algo sujeito a modificações conforme a necessidades específicas
dos alunos.
Por modificação nas avaliações (técnicas e instrumentos) compreendem-seas
avaliações que precisam ser processuais e diagnósticas, e ainda ocorrer de formas
bastante variadas, de modo a verificar os progressos reais com o intuito de detectar
as possíveis falhas eredirecionar as estratégias. Quando necessário, deve-se
considerar a introdução de métodos alternativos específicos e modificação na
organização.
O reconhecimento da diversidade presente em sala de aula está em
consonância ao conceito de necessidades educacionais especiais, conforme Blanco
(no prelo, p. 02) enfatiza:
[...] qualquer aluno que tenha dificuldades em seu processo de aprendizagem, seja qual for à causa, receba as ajudas e recursos especiais dos quais necessite, seja de forma temporária ou permanente, no contexto educacional mais normalizado possível. (BLANCO, no prelo, p. 02).
Ainda buscando aporte em Blanco, as necessidades educacionais especiais
podem provir de particularidades do aluno, tais como seu histórico de educação
familiar, seu histórico educacional, privação cultural, o viver em ambientes marginais,
o pertencer a minorias étnicas e culturais, dentre outras.
Considerando que estes mesmos alunos podem apresentar uma experiência
de aprendizagem diferenciada, dependendo do contexto educativo no qual estejam
inseridos, nos remete a considerar o Projeto Político Pedagógico da escola.
4. PDE E A FORMAÇÃO DOCENTE: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE consiste em um
programa do Governo do Estado do Paraná que promove atividades da formação
continuada em educação e possibilita a promoção do professor para o nível III da
carreira, conforme previsto no Plano de Carreira do Magistério Estadual.
Considerado pela sua eficiência e qualidade social uma importante política
pública de Estado em ação conjunta com as universidades públicas do Paraná,
possibilitando aos professores da Educação Básica, através de atividades teórico-
práticas orientadas, um significativo resultado de produção de conhecimento e
mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense.
O PDE proporciona desde 2007 aos professores da rede pública estadual
subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais
sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática.
Como subsídio do Governo Estadual o professor que ingressa por processo
de seleção no PDE tem garantido o direito a afastamento remunerado da totalidade
sua carga horária efetiva no primeiro ano e de vinte e cinco porcento no segundo
ano do programa.
O programa oferece atividades presenciais e a distância e disponibiliza apoio
e meios tecnológicos para os professores.
Considerando que tal política pública de Estado atende ànecessidade de
profissionais, Negrão enfatiza a importância do PDE:
[..] adequadamentepreparados para desempenhar as funções pedagógicas especificas, em nenhum momento, foi tão evidenciada. No entanto, um professor nunca define sozinho o seu próprio saber profissional. Ao contrário, esse saber é produzido socialmente, como resultado de uma negociação entre diversos grupos, o que significa dizer que não existe profissão e conhecimento sem reconhecimento social, como nos mostra a história da pedagogia e da educação, a maneira de os professores ensinarem é estabelecida com o tempo e com as mudanças sociais [...] (NEGRÃO, 2008, p. 168).
Nesse sentido, após as aulas de fundamentação teórica e metodológica
necessária à formação docente, realizaram-seos encaminhamentospara a
elaboração de um projeto de intervenção pedagógica na escola e posteriormente a
divulgação do projeto para os professores, durante a semana pedagógica da escola
de origem. Dessa maneira, o projeto foi apresentado de acordo com sua justificativa
e objetivos. Vale ressaltar que o projeto despertou o interesse dos profissionais de
educação, que se prontificaram em participar de um grupo de estudos.
O grupo foi formado com 22 professores de diversas áreas do
conhecimento.Os professores se disponibilizaram a participar dos encontros aos
sábados, pela manhã. Como atividade inicial, responderam a um questionário com a
função apontar um breve diagnóstico do grupo acerca da Educação Especial e
inclusiva.
Dos 22 professores pesquisados em relação a alguns posicionamentos
acerca da temática foram elencadas questões relevantes para as discussões a
serem realizadas nos grupos de estudos.
Gráfico 1 - Formação para trabalhar com alunos com DI
Fonte: Autora, 2014
Observa-se no gráfico que os professores foram indagados sobre a formação
para atendimento educacional aos educando com necessidades especiais,
preferencialmente na rede regular de ensino, apenas 20% dos professores tem tal
formação. Dessa forma, ressalta-se que o poder público e as IES não possibilitam
condições reais para que a inclusão de fato ocorra.
Outra questão que merece destaque dentre as intervenções pedagógicas no
atendimento aos alunos com necessidades educacionais, consiste no processo de
20%
80%
Formação de professores para trabalhar com alunos com DI
Sim
Não
discriminação que alguns alunos sofrem, muitas vezes assistidos por adultos que
deveriam estar intervindo em tal prática preconceituosa.
Gráfico 2 - Presenciou algum tipo de discriminação em relação aos alunos com deficiências
Fonte: Autora, 2014.
Com base nos resultados acima, percebe-se que a maior parte dos
profissionais consultados não presenciou tal prática. O estudo seguinte trata
daformação dos professores em curso na área de Educação Especial.
Gráfico 3 – Professor com curso na área de Educação Especial
Fonte: Autora, 2014.
Os gráficos revelaram que a maioria dos profissionais pesquisados participou
de cursos para o atendimento das necessidades educacionais especiais de cada
criança matriculada.
20%
80%
Presenciou discriminação com alunos com DI
Sim
Não
70%
30%
Participação em cursos na área de Educação Especial
Sim
Não
O gráfico seguinte aponta aexperiência dos professores com alunos DI, no
ensino regular.
Gráfico 4 - Experiência com alunos DI, no ensino regular
Fonte: Autora, 2014.
No gráfico acima, os profissionais afirmam que a inclusão configura-se como
um processo complexo, com amplitude ideológica, sociocultural, política e
econômica.
Em relação ao tempo de atendimento educacional aos alunos com deficiência
intelectual no processo de escolarização, os dados estão explícitos no gráfico a
seguir.
Gráfico 5 - Tempo de atendimento com alunos DI
Fonte: Autora, 2014.
No mesmo sentido, a LDBEN (BRASIL, 1996) destaca sobre a
responsabilidade das instituições de Educação em atender as necessidades de
90%
10%
Experiência com alunos com DI
Sim
Não
30% 30%
10% 0
20%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos oumais
Tempo de atendimento com alunos com DI
Tempo de atendimento comalunos com DI
desenvolvimento da criança. Os dados acima revelam que tal atendimento não se
faz em todos os níveis e etapas da escolarização.
Tal resultado propiciou a investigaçãodo grau de dificuldade que os
professores encontram em sala de aula para atendimento aos alunos com
Deficiência Intelectual, demonstrado no gráfico a seguir.
Gráfico 6 - Grau de dificuldade que você encontra em sala de aula:
Fonte: Autora, 2014.
O resultado não se torna surpreendente, cotejados aos demais apontados na
pesquisa. Corrobora-se com Teruya (2006, p.76) que: “a tarefa do professor como
mediador é fundamental no processo de transformação do individuo através da
linguagem capaz de favorecer a incorporação de um novo saber”.
Os encontros do grupo de estudos proporcionaram muitas discussões
relevantes em relação aos aspectos legais da inclusão, proporcionando muitos
debates e possibilitando orientações quanto aos registros dos docentes nos livros de
chamada e também quanto ao Regimento Escolar.
Os estudos propiciaram uma reflexão acerca do Projeto Político Pedagógico,
seguido de sugestões e adendos no PPP da escola, os quais serão discutidos
juntamente com a concepção de currículo.
Estes estudos possibilitaram reflexões quanto à prática pedagógica dos
professores, os quais consideraram o tema muito importante, as sugestões de
adaptações de pequeno porte considerando que é uma prática possível de ser
aplicada no dia a dia da escola. Ainda consideraram que se faz necessário que
todos os professores do colégio se apropriem dessas sugestões para facilitar a
aprendizagem dos alunos com DI.
90%
0 10%
Grau de dificuldade em relação ao atendimento de alunos com DI
Muito
Pouco
Sem dificuldades
As oficinas possibilitaram aos professores preparar planos de aula
possibilitaramainda ao professor interagir, repensar e reorganizar suas aulas,
buscando outros recursos e procurando adaptar e flexibilizar os conteúdos.
Simultaneamente à Intervenção Pedagógica na escola ocorreram os Grupos
deTrabalho em Rede – GTR atividade integrante do PDEpor meio da interação
virtual entre os Professores vinculados ao Programa e demais da Rede Estadual.
Promovendo assim, a inclusão virtual dosprofessores como forma democratizar o
acesso da Educação Básica aos conhecimentos teórico-práticos específicos das
áreas/disciplinas trabalhados no Programa.
A participação mo GTR ocorreu com leitura, análise e intervenções nos fóruns
e diários, constata-se que os participantes consideraram o projeto de intervenção
pedagógica e a Produção didática relevante para educação.
As interações evidenciaram a pertinência da problemática levantada na
justificativa do projeto, mostrando que os objetivos são possíveis de serem
alcançados, dessa forma, houve contribuições quanto à articulação teoria-prática.
Também foi discutido a viabilidade quanto a implementação para o público
alvo professores do ensino regular, equipe pedagógica e ainda professores da AEE.
O projeto é necessário para professores do ensino regular envolvidos na
inclusão. Todasas colocações dos educadores participantes deste GTR são
pertinentes e significativas, quando invocam que se deve considerar a diversidade
presente nas salas de aula e ainda possibilitar que os professores das disciplinas
tenham respaldo para trabalhar de maneira mais eficiente.
Para que todos os estudantes estejam inseridos no processo de
aprendizagem houve discussões à cerca de que a inclusão de alunos com algum
tipo de deficiência, visto que é uma realidade, sem volta, sendo assim, todos os
professores necessitam se adequar a essa realidade, buscando recursos e meios,
para que esses alunos sejam incluídos de fato.
Portanto, há muito ainda a ser discutido entre os educadores e profissionais
envolvidos com a educação, pois é direito dos alunos da AEE que a escola busque a
adequação para melhor inseri-los no processo de aprendizagem e não o fato dele
buscar a normalidade, se adequando ao sistema.
Nesse sentido, o PDE contribui como um programa valioso para os
professores participantes, de dimensões respeitáveis em relação ao diálogo entre a
Educação Básica e Ensino Superior na busca da qualidade da educação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de formação PDE, possibilitou que houvesse a oportunidade de
estudo e reflexão, a respeito da educação inclusiva, a qual deve ser diferente e
pensada numa educação para todos. Para tanto a escola regular ao elaborar seu
plano de ensino e sua proposta pedagógica, devendo adequar-se e organizar-se
para atender estudantes de acordo ao que rege a LDB em seu Capítulo V, uma
proposta pedagógica que contemple a todos os seus alunosem suas diferenças, por
meio de um currículo flexível e adaptado. Atendendo as necessidades educacionais
de pequeno porte, com metodologias que possibilitem a todos os estudantes acesso
aos conteúdose permanência na escola.
Dessa forma, o projeto contribuiusignificativamente levando à um repensar,
provocando uma série de mudanças que num primeiro plano devem acontecer no
posicionamento pessoal e profissional de cada professor envolvido e direcionar-se a
toda comunidade escolar, causando reflexos em toda a sociedade.
Ao longo deste estudo, realizaram-se reflexões sobre oprocesso inclusivo e
investigar entre professores do Colégio Adiles Bordin, localizado no município de
União da Vitória - PR, sobre a educação de estudantes que possuem Deficiência
Intelectual. Com base nos dados levantados foi possível perceber que a maioria
dosprofessores entrevistados considera o processo inclusivo como uma época
degrandes mudanças, sentem grandes dificuldades, pois consideram queno
momento nem educadores, nem a escola regular está totalmente preparada para
atender alunos com necessidades especiais e diferenciadas.
Para os professores do ensino regular os grandes obstáculos são: a falta
dequalificação profissional e estruturação da escola comum. Reconhecem que as
pessoas com necessidades especiais tem o direito de receber atendimento no
ensino regular, mas sentem dificuldade em fazê-lo.
Vale ressaltar que a inclusão é benéfica para toda comunidade escolar que
tem oportunidade de conviver com a diferença podendo mudar seus conceitos, seus
posicionamentos, desenvolvendo-se como cidadãos menos preconceituosos. Para
tanto, é imprescindível pensar e discutir formas de possibilitar acesso ao conteúdo
curricular e atendimento educacional que garantam benefícios efetivos a todos.
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