os desafios da escola pÚblica paranaense na ......desenvolvimento dos educandos. o pedagogo...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
REGISTRAR É PRECISO PARA DESVELAR A PRÁTICA DOCENTE
Autora: Eliana Zilio Santana1 Orientação: Profª PhD Sônia Maria Chaves Haracemiv2
RESUMO: Este artigo foi produzido a partir do interesse pelo tema frente às dificuldades e
embates que os professores e pedagogos enfrentam no cotidiano escolar, considerando que as informações contidas no Livro Registro de Classe e Fichas Individuais não possibilitam leitura reflexiva da prática docente, fazendo-se necessário um estudo mais aprofundado. O Projeto de Intervenção Pedagógica do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná-SEED, turma 2013, do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná foi desenvolvido visando compreender a importância e relevância dos registros realizados no âmbito escolar, analisando os registros, memória do fazer pedagógico, buscando compreender o fazer pedagógico dos docentes, o perfil das turmas traçados por seus registros, bem como, dimensionar as aproximações e distanciamentos do idealizado no Projeto Político Pedagógico da Escola, na Proposta Pedagógica Curricular, e no Plano de Trabalho Docente, e o que realmente de concreto foi desenvolvido no chão da sala de aula. Portanto, escrever sobre a memória da prática faz pensar e refletir sobre cada decisão que foi tomada e planejada, o que se pretendia alcançar, permitindo o aprimoramento do trabalho e adequá-lo às necessidades dos educandos. Sem essa reflexão da memória, o professor corre o risco de estar sempre improvisando. Assim sendo, não tem a pretensão de se esgotar a discussão, contudo, esse trabalho é parte significativa desse caminhar como instrumento de apoio, reflexão e diálogo, buscando suscitar novas indagações e desconstruções no pensar e no fazer pedagógico, avanços na realização da profissão e na qualidade de ensino, começando pelo repensar do fazer nosso de cada dia.
Palavras-chave: Livro Registro de Classe; Registro como Memória do fazer pedagógico; Desvelando a Prática Docente.
Introdução
O objetivo dessa produção pretende-se levar os profissionais da escola
refletirem e compreenderem a importância do ato de escrever, a potencialidade da
escrita para o processo formativo da docência, visando à compreensão da própria
prática. Para Zabalza (1994), ao escrever o diário, os professores reconstroem suas
ações, explicitam simultaneamente o que são suas ações e qual a razão e o sentido
que atribuem a tais ações.
Infelizmente muitos professores reclamam da atividade de preencher os
diários, alegando não gostar, achar o registro arcaico da forma como é feita
atualmente, ou terem dificuldades para preenchê-los. Corsi (2002) ressalta que as
1 Professora Especialista do PDE 2013. E-mail: elianazilio@yahoo.com.br
2 Professora PhD em Educação da Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação,
Departamento de Teoria e Prática de Ensino. E-mail:sharacemiv@ufpr.br
dificuldades que o professor pode ter ou encontrar ao elaborar os diários podem ser
por causa da falta de tempo, de hábito ou podem, ainda, ser originadas/motivadas
por não perceberem sua utilidade. Isso é corroborado por uma participante do grupo
de Trabalho de Rede-GTR, (2014):
“Não deveriam ter a representação burocrática, mas um referencial do trabalho efetivado em sala de aula”. Esta deveria ser a função do Livro Registro de Classe nas escolas Públicas do Paraná. No entanto grande parte dos professores considera este registro obrigatório, enfadonho e quando não, são feitos em finais de bimestre, não sendo assim, a representação correta da prática em sala de aula (PEDAGOGA GTR 2014).
Segundo Madalena Freire (1996), uma das maiores dificuldades é inserir essa
prática na rotina como uma tarefa indispensável: “A escrita reflexiva é uma arma de
apuração do pensar. E, para fazê-la, é preciso reservar tempo”.
Os Livros Registros de Classe permitem que o professor e os envolvidos
revejam suas práticas docentes, pois, ao lembrarem o que foi trabalhado/realizado e
ao escreverem, reconstroem suas experiências de sala de aula, fazendo-os
refletirem sobre seu trabalho, erros e acertos, dúvidas, possíveis mudanças, o que
proporciona a compreensão dessas práticas, buscando melhorar o seu desempenho
profissional, pois, essa atividade de registro:
[...] envolve conceitos, imagens, a produção de valores, ideais, deveres, direitos, visão de mundo, decifração e desvelamento da realidade, projetos, propostas. Não se trata absolutamente de uma tarefa fácil, mas, com certeza, é muito bonita! É uma das experiências mais fortes e significativas do ser humano: poder participar da formação do outro. Tudo isso pede, pois, do professor uma revisão de compreensão de sua atividade e de sua atitude profissional (VASCONCELLOS, 2007, p.48).
No dia a dia do ambiente escolar, nos deparamos com situações adversas,
falta de organização dos tempos escolares, falta de clareza dos papéis dos
profissionais, pedagogos vistos como meros fiscalizadores, dificuldades de
entendimento e relações conturbadas. Precisamos então, nos embasarmos
teoricamente para que possamos agir.
Buscando propiciar reflexões e estudos, usou-se como metodologia a
pesquisa-ação, relatos e coleta de dados que possibilitassem análise e interpretação
do trabalho de aplicação do material didático-pedagógico na escola e no Grupo de
Trabalho em Rede (GTR).
Foi apresentado aos professores o projeto, a produção do material didático-
pedagógico, os objetivos, a intenção e no desenvolvimento procurou-se sensibilizá-
los e mobilizá-los quanto à participação com interesse. As atividades do material
foram aplicadas em reuniões pedagógicas e nas horas atividades dos professores.
O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) foi realizado entre os meses de março
a maio de 2014, com profissionais da Rede Pública de várias cidades do Paraná.
Teve muitas contribuições importantes, fortalecendo e desvelando muitos pensares,
propiciando reflexão e encorajamento quanto aos desafios e importância do tema.
Para a fundamentação do projeto e do material didático foi realizada a leitura
de vários autores que vem estudando sobre o tema, com o apoio da orientadora da
UFPR para a pesquisa bibliográfica, diálogos e reflexões.
Repensando a importância do registro, do escrever...
O registro através da escrita é uma das primeiras manifestações da
humanidade. Ela está presente em nosso cotidiano desde os tempos primórdios,
onde os povos sentiram a necessidade de registrar através de símbolos tudo o que
faziam. Assim é até hoje, a escrita está presente na vida do ser humano, e através
dela podemos saber de onde viemos, todos os acontecimentos ocorridos até hoje e
serve para uma organização geral no mundo.
Todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem deveriam
compreender que os registros no Livro Registro de Classe e outros registros
realizados na escola ajudam acompanhar o desenvolvimento dos alunos e são
fontes de consultas, de reflexão e aprendizagem do professor, documentam o
trabalho feito, permitindo avaliar a prática pedagógica.
Buscando refletir sobre a importância do registro escrito, como documento
oficial do fazer pedagógico na escola, foi proposto no processo de intervenção,
etapa do PDE, a discussão sobre o filme Narradores de Javé de Eliane Caffé
Rodado (2013) que apresenta a busca do resgate histórico de uma comunidade,
com uma produção escrita de um morador, pois a maioria das pessoas residentes na
mesma era analfabeta. O escriba busca informações junto a todos os moradores do
local a fim de registrar a história desses de forma fidedigna para construir um
documento de valorização patrimonial, único argumento importante na luta e
resistência à construção de uma usina hidrelétrica. A referida construção destruiria
toda história e sonhos de uma comunidade, bem como sua origem e as experiências
contadas e cultivadas. Além disso, o filme retrata a falta de organização e
planejamento de quem tenta registrar os fatos relatados.
Na discussão foi possível estabelecer uma relação com a prática da escola,
onde ação da equipe pedagógica busca dar suporte e subsídios para que os
“registros estabeleçam relação entre o planejado e o realizado”, bem como, que os
registros das práticas docentes estejam articulados com Projeto Político Pedagógico,
Regimento Escolar, Proposta Pedagógica Curricular e principalmente com Plano de
Trabalho Docente. A escrita tem compromisso com a verdade! A valorização dos
documentos, da escrita e do conhecimento são elementos fundamentais para a
existência da cultura escolar.
A atividade levou os profissionais da escola e do Grupo de Trabalho em Rede
perceberem a necessidade e importância dos registros/escrita realizados no
ambiente escolar, oportunizando a cada dia melhorar as práticas, como atitude de
reconhecimento quanto à relevância dos registros como ponto de partida e/ou de
retomada do processo ensino e aprendizagem, quando expressam que:
[...] principalmente em uma época em que as "traquitanas" tecnológicas são muito utilizadas e acabam reduzindo as palavras em meras abreviações. Em qualquer situação devemos perceber a importância do ato de registrar os acontecimentos e ações humanas para reflexão, análise e tomada de atitude, para a ação reflexiva do professor e da ação educativa num contexto geral (PEDAGOGA GTR, 2014.).
Freire (2009), enfatiza a importância de o professor vencer o medo de
escrever, de registrar, de expor suas ideias, tornando-se, assim, autor e assumindo a
autoria de seu pensamento e do conhecimento que constrói em sua prática. O livro
registro faz parte do dia a dia da sala de aula e deve ser construído diariamente.
A relação entre o filme e o registro do Livro Registro de Classe como história
de prática docente ocorre com a escrita enquanto organizadora de um pensamento,
reconstrutora de ações cotidianas e significativas, algo com sentido nas
informações, caminho de reflexão para rever práticas e acompanhar o
desenvolvimento dos educandos. O pedagogo estabelece relação com o "escriba"
do filme, pois cabe a ele orientar e assegurar suporte (tanto teórico-prático quanto
legal) no registro mais fidedigno possível da prática pedagógica. Os Livros Registros
de Classe permitem à comunidade escolar o acompanhamento de todo
desenvolvimento de cada estudante e a capacidade de reflexão sobre a ação do
professor de cada disciplina.
Na falácia, perde-se muita informação importante, detalhes que fazem a
diferença. Detalhes que ajudam no desenvolvimento e crescimento profissional. A
figura do pedagogo é importantíssima neste trabalho. Memória não é história, mas
para que a história se concretize se faz necessários os registros pertinentes a
espaço e tempo que as mesmas aconteceram.
De uma forma geral as pedagogas que participaram do Grupo de Trabalho em
Rede consideram um erro que o repasse das orientações fique apenas na oralidade,
sem registros das ações, pois, quando não se registra pode ficar o dito pelo não dito
e nossas práticas contestadas sem fundamentos.
A maior dificuldade que as pedagogas enfrentam é a demora de alguns
professores para realizar os poucos registros que é solicitado, que ao fazê-los já não
lembram o que e como foi o trabalho pedagógico, assim sendo, observa-se uma
incoerência no registro das notas frente ao processo avaliativo, descumprimento do
Plano de Trabalho Docente, dificuldade na continuidade ao referido plano, dessa
forma, simplesmente preenchem para cumprimento burocrático. Com o registro
diário é possível fazer análise das ações e os reflexos que elas produzem através
dos resultados obtidos pelos alunos.
O registro no livro é o espelho do trabalho do professor, sem o registro fiel e
diário as ações pedagógicas deixam de ser claras, fidedignas, se preenchidos
diariamente possibilitam ler as ações e seus reflexos no resultado alcançado pelos
alunos, retomar os conteúdos, fazer recuperação e revisão de notas, verificar se está
coerente com o Plano de Trabalho Docente e Projeto Político Pedagógico,
possibilitando também a troca de experiências com outros professores.
Como faz diferença no caminhar da vida escolar de um aluno, quando o
docente sabe de onde partir! Uma das dificuldades enfrentada, juntamente com os
professores da Sala de Recursos na EJA, são alunos oriundos de Sala de Recurso
de outras escolas, quando transferidos vem sem relatório, sem nenhuma
observação. Muitas vezes os pais e o aluno sentem vergonha de falar da vida
escolar, o que desencadeia uma série de problemas. Os professores às vezes
demoram a perceber o déficit desse aluno, comprometendo a aprendizagem. O
desejável é que as informações sobre a vida escolar do aluno fossem
disponibilizadas no SERE, ou SEJA.
Dentro de um processo reflexivo do mundo letrado os registros vêm por
refinar no decorrer do tempo à prática pedagógica dos docentes e a verdadeira
intencionalidade, com fins e objetivos a serem atingidos no decorrer dos registros.
Os registros dentro da escola também podem ser visto como uma trajetória histórica
do alunado, pois, ampliam a visão dos avanços e fragilidades, que no decorrer do
processo possam ser sanados. Através dos registros o professor avalia erros e
acertos, como também poder lançar mão de metodologias que venham a enriquecer
e melhorar sua prática, dentro de uma visão coletiva todos podem colaborar para os
possíveis avanços dentro do cotidiano escolar.
Aproximações e distanciamentos da legislação (normatizando a docência) e o registrado (realizado na docência)
O livro de registro de classe é um documento oficial da escola, que legitima a
vida do aluno, assegurando-lhe o direito de ter os registros de sua vida escolar bem
como o acesso aos mesmos. É muito importante frisar que o Livro Registro de
Classe, utilizado em nossas escolas, é um documento que legitima a vida legal do
aluno, deveria explicitar o pretendido e o feito pedagógico, bem como, deveria estar
estreitamente articulado ao Plano de Trabalho Docente, levando em consideração
questões referente à Matriz Curricular, Calendário Escolar, Proposta Pedagógica
Curricular, Plano de Ação da Escola, Regimento Escolar e Projeto Político
Pedagógico. Esses documentos são importantíssimos e devem ser utilizados de
forma coerente e reflexiva, uma vez que:
[...] cada vez mais, principalmente pela experiência que vamos adquirindo, procuramos ser mais detalhistas nas orientações aos professores quanto ao preenchimento do Livro de Registro de Classe. Não falta em nossos discursos a justificativa de que o professor precisa ter muito cuidado e ser bastante claro em seus registros diários para que sua atuação não seja questionada por alunos ou pais descontentes com os resultados, o que é cada vez mais frequente em nossas escolas (PEDAGOGA GTR, 2014.).
Os espaços utilizados para discussão sobre estes documentos, nas escolas
da rede estadual do Paraná, são as Semanas Pedagógicas, Formação em Ação,
Reuniões Pedagógicas, Replanejamentos, Reuniões com o Conselho Escolar e a
Comunidade Escolar, bem como, hora atividade dos professores.
Ao professor, apesar de ser uma tarefa nem sempre prazerosa, devida às
instruções que normatizam a forma única do seu preenchimento, exige por parte
dele, atenção redobrada pela sua vital importância dentro do processo pedagógico.
Nesse caso, a questão que se coloca é a seguinte: atender à legislação e a
documentação vigente (LDB 9394/96, Instrução 07/10, Estatuto da Criança e do
Adolescente(ECA), Regimento Escolar, Projeto Político Pedagógico e Plano de
Trabalho Docente) faz do momento de registro algo meramente burocrático ou
proporciona oportunidade de reflexão sobre a própria prática?
Essas normas e instruções desautorizam que o professor faça uso do livro de
registro como sendo instrumento de uso pessoal. Segundo Warschauer (2001,
p.186), “a escrita do diário é também integradora, pois alia seu caráter pessoal à
referência ao trabalho profissional, favorecendo a integração das dimensões
pessoais e profissionais do professor”. Por isso, é de suma importância a
conscientização do professor de que o Livro Registro não é um documento que ele
preenche como exigência burocrática de seu trabalho, mas sim, e antes de tudo, o
documento que registra suas ações e o ampara na reflexão de seu trabalho, e esta
reflexão possa levar o professor ao enriquecimento de sua vivencia profissional.
Portanto, a escola deve estar sempre atenta à legislação e assegurar o
direito que alunos e pais têm de acesso aos registros didáticos pedagógicos
ocorridos na turma, como: o que foi ensinado, como foi ensinado os conteúdos, o
tempo e os espaços de ensinagem, as estratégias didáticas, os materiais utilizados e
os resultados das aprendizagens, entendendo que isto compõe o trabalho
pedagógico que pressupõe ações democráticas no que se refere à participação e
acompanhamento pela comunidade escolar. Portanto, o preenchimento do Livro de
Registro de Classe se configura, dentro da dinâmica da escola, como um dos atos
mais importantes de legitimação da prática docente, além de servir como
instrumento de reflexão sobre a prática pedagógica. Infelizmente, o que se constata
muitas vezes é que o registro é realizado como mais uma atividade burocrática do
trabalho docente e não como um instrumento que possibilita a reflexão sobre a
própria prática metodológica.
O registro deveria ser realizado no sentido de atender as dimensões
pedagógicas: o planejamento da prática e registros das atividades que foram
realizadas na prática, devendo-se destacar a necessidade de enfatizar a atividade
do registrar os resultados, refletir sobre estes, aplicar uma nova proposta e registrar
o resultado final do processo de ensino e aprendizagem. No entanto, muitos alegam
que: “a quantidade de alunos e a falta de tempo são entraves para que isso ocorra,
já que o registro feito desta forma demanda maior tempo e dedicação por parte do
professor” (PEDAGOGA GTR, 2014).
A equipe pedagógica tem papel fundamental no incentivo à prática de registro
devendo focar no aprimoramento do processo de ensino e de aprendizagem, revisão
das práticas metodológicas, propondo momentos de discussão com o grupo docente
a fim de que vislumbrem a possibilidade de usar os instrumentos de registro docente
de maneira reflexiva.
Na maioria das escolas estaduais são utilizadas diferentes formas de registro
das práticas escolares, medidas disciplinares, comunicados de eventos, tomadas de
decisão avaliativa, como: Ata do Conselho de Classe, na qual os registros das
discussões focam o processo avaliativo; Ata dos Procedimentos Administrativos,
registros das medidas tomadas em relação ao corpo docente, equipe pedagógica,
diretor e funcionários; Ata dos Alunos, na qual se registram as medidas relacionadas
ao aluno, atendendo o Estatuto da Criança e do Adolescente; Ficha de
acompanhamento individual, onde são relatadas as ocorrências do dia a dia,
pedagógicas ou disciplinares; Caderno de contatos telefônicos, registros das
ligações e anotações feitas aos responsáveis; Livro de Registro de Convocação do
Responsável; Formulário de Autorização de Justificativa de faltas dos alunos, em
dias de prova, solicitando 2ª chamada; Ata de Atendimento Domiciliar para educando
no atendimento a saúde, etc. Todas essas formas de registro devem respaldar o
trabalho dos envolvidos no processo, onde cada passo dado dentro da escola deve
ser pautado com alguma forma de registro, já que é um meio de precaução e
legitimação do trabalho realizado na escola. Os registros devem ser redigidos com
clareza, refletindo a veracidade dos fatos, visando garantir e resguardar os direitos e
deveres de alunos, professores e todos os envolvidos no processo.
A análise dos Livros Registros de Classe é a memória do fazer pedagógico,
subsidiando o docente a traçar o perfil das turmas. Infelizmente nem sempre estão
em acordo à legislação vigente e aos documentos presentes na escola que norteiam
e fundamentam toda a escola e o fazer pedagógico.
De acordo com Zabalza (2004) apud Antunes, et al. (2012), os diários
estabelecem uma espécie de círculo de melhoria capaz de nos introduzir em uma
dinâmica de revisão e enriquecimento de nossa atividade como professores. Esse
círculo começa pelo desenvolvimento da consciência contínua, pela obtenção de
uma informação analítica, e vai se sucedendo por meio de outra série de fases, a
previsão da necessidade de mudanças, a experimentação das mudanças, e a
consolidação de um novo estilo pessoal de atuação.
A instrução nº 07/10 da Secretaria Estadual de Educação do Paraná orienta e
normatiza de forma oficial e única o registro de frequência e aproveitamento de
conteúdos estabelecendo normas para o preenchimento do Livro de registro de
Classe padronizando os procedimentos de preenchimentos.
Conforme relato, muitos pedagogos se utilizam de uma apostila com as
principais orientações de preenchimento. Entregam uma cópia para cada professor,
fazem a leitura e discussão do material em momento de hora-atividade. Os registros
com as orientações são feitos em livro próprio da equipe pedagógica, e todos
assinam ao final de cada orientação. Essas orientações deste material tem
embasamento nos documentos oficiais da legislação educacional, assim sendo:
Todos os profissionais da escola devem estar comprometidos e entender a legitimidade dos registros realizados. Fica o desafio de tornar o registro dos professores uma prática consciente e responsável, procurando refletir fielmente o empenho realizado em sala de aula (PEDAGOGA GTR, 2014.).
O Livro Registro é um documento que reflete o trabalho do professor,
mostrando sua atuação e cuidados quanto à frequência dos alunos, a sequência e
coerência nos conteúdos ministrados, consonância entre os documentos escolares,
diferentes instrumentos de avaliação que aplica, observações, quando existentes,
mostrando seu comprometimento e envolvimento com a turma.
Dessa forma, o registrado no Livro Registro de Classe deveria revelar o
trabalho realizado em sala de aula e a conduta do professor. Mesmo que ele seja
manuseado sem a presença do professor, é possível tomar conhecimento das
atividades e relação que se estabeleceu entre professor e aluno, bem como, as
informações contidas devem ser explicitadas.
Muitos compreendem que o livro registro de classe deve estar sempre
atualizado e dentro do ambiente escolar, a maioria das escolas possuem
escaninhos, destinados somente para os livros, onde o professor retira-os no início
da aula e devolve no final. Isso facilita e muito o atendimento aos pais que se
interessam e se preocupam com a vida escolar de seu filho, mesmo quando o
professor não está presente. Os mesmos são orientados, de que o Livro Registro de
Classe é um documento e deve ser guardado em local adequado, garantindo assim
sua consulta, também pela equipe pedagógica e secretaria quando necessário.
Constata-se que alguns os professores não possuem dificuldades em relação
ao desenvolvimento da escrita e cumprimento das instruções quanto ao
preenchimento do livro de registro, pois há algum tempo já iniciaram a discussão
referente à importância e a responsabilidade do preenchimento deste documento.
Para tanto há a necessidade de um acompanhamento diário nas horas atividades,
onde são esclarecidas as dúvidas surgidas durante o processo. Fazem uso do plano
diário de aula, o qual fica junto da pasta de livros registros, para acompanhamento e
organização do professor durante suas aulas. Sendo assim o livro se torna um
instrumento mais fidedigno, onde o professor e pedagogo podem juntos ter um
melhor acompanhamento do trabalho efetivado em sala, pois,
Os registros escolares são poderosas ferramentas para que o educador possa refletir sobre sua prática pedagógica, pois a partir de seus registros este avalia seu alunado como também a sua própria prática. Nesta reflexão o mesmo pode retomar processos por uma nova perspectiva de visão ensino aprendizagem. Garantindo assim avanços para o seu alunado e também resguardando a própria instituição escolar bem como seu processo de avaliação. Pois é através deste que o educador tem respaldo para emitir pareceres sobre os avanços e fragilidades que possam ter seus educandos. (PEDAGOGA GTR, 2014.).
O regimento escolar é um documento, com aprovação do Conselho Escolar,
com capítulo específico, onde constam as atribuições do professor e sua
competência na execução dos procedimentos no que diz respeito ao Livro de
Registro de Classe.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 nos artigos 12 e
13, estabelece:
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009). VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei.(Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001). Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996).
Na referida lei está destacado a importância do professor em velar pelo
cumprimento do seu trabalho docente e execução de sua proposta pedagógica,
referindo-se ao rendimento e frequência do aluno.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no Artigo 53 ressalta que o
aluno tem direito a contestar resultados avaliativos e recorrer às instâncias
superiores, onde está prescrito que:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais (BRASIL, 1990).
No contexto da sociedade brasileira, a educação é o processo que permite
mudança de paradigma na prática pedagógica, desde que a comunidade escolar
esteja atenta à legislação, e seu colegiado, devendo estar instrumentalizada,
visando à superação de estereótipos sobre os registros escolares.
Os registros escritos são fundamentais, pois, deveria partir de uma ação
coletiva, onde os pares, estudassem, dialogassem e refletissem as ações escolares
no todo, possibilitando traçar metas viáveis para serem alcançadas na melhoria da
qualidade de ensino. Esses registros deveriam ser feitos por todos os profissionais
da educação. Para tanto, o professor precisa ter planejamento, organização para
que este instrumento realmente retrate a ação escolar, e a qualquer momento a
escrituração possa ser consultada, “para comprovação de atividades escolares
realizadas e resguardar direitos de docentes e discentes”, com integridade e
veracidade das informações.
Para Garcia; Gomes (2014, p.24 e 25) “O que promove a aprendizagem é o
processo que permite aos sujeitos se perceberem capazes”. “Com base nessa
afirmação como cobrar dos professores um registro fidedigno a prática pedagógica,
se os mesmos não se sentem capazes nem de ministrar as aulas propriamente
ditas? (PEDAGOGA GTR, 2014).
Paulo Freire (1979) relata que “Ensinar exige, primeiro, saber o que se vai
ensinar e, em segundo, saber como ensinar”. Os docentes das escolas, sejam elas
públicas ou particulares, têm muitas dificuldades em trabalhar com os educandos,
que são de uma era diferente da formação desse professor, os quais apresentam
interesses diversos (com certeza a escola não é de maior interesse, pelo atraso em
todos os aspectos em que se encontra), comportamentos diferentes, formação
familiar diferente devido às exigências do mercado financeiro que move o mundo e
por opção de algumas pessoas e sabem fazer uso de recursos tecnológicos, os
quais não são de domínio dos docentes e muitas vezes, não estão presentes no
cotidiano das escolas. Com todos esses paradigmas, como ensinar mantendo a
atenção dos alunos e provocando aprendizagem?(PEDAGOGA GTR, 2014).
Considerando o olhar de hoje sobre o trabalho pedagógico de ontem: a leitura do professor de seus registros em relação a sua ação pedagógica desenvolvida em sala de aula
O Registro de Classe pode ter uma função auto avaliativa, norteadora, de
forma a levar o professor a refletir sobre o domínio do conhecimento e onde ele
precisa melhorar, como instrumento de aprendizagem da docência.
Segundo Zabalza (1994) afirma que “ao escrever sobre sua prática o
professor aprende e (re)constrói seus saberes. (...) os diários permitem focar as
análises nos fatos ocorridos a partir da integração das dimensões referencial e
expressiva” (p.184). As afirmações também são fundamentadas por Mizukami et al.,
(2003) citado por Souza et al., (2011), onde se destaca a potencialidade da escrita
para o processo formativo da docência, pois, ela proporciona a análise sistemática, a
organização do pensamento, o retomar as vivências, enfim, permite pensar sobre e
compreender a própria prática.
Através da escrita dos diários o professor pode rever suas práticas docentes
cristalizadas, porque ao lembrarem e ao escreverem, reconstroem suas experiências
de sala de aula, refletem sobre seu trabalho e compreendem as suas práticas. Assim
sendo, "possibilita analisar a prática pedagógica, visto que instaura um rememorar
sobre o cotidiano em sala de aula, aprimorando aspectos relacionais e didáticos
vinculados ao trabalho docente" (SOUZA; CORDEIRO3, 2007, p. 47 apud SOUZA,
et al., 2011).
Refletindo com o grupo da escola e do GTR quanto às aproximações e
distanciamentos que há entre o Projeto Político Pedagógico, a Proposta Pedagógica
Curricular e o Plano de Trabalho Docente, o que possibilitou registrar a forma como
pensam os profissionais da educação a respeito do tema.
Para o grupo pelos Livros Registros de Classe do ano anterior o professor
pode reelaborar, reestruturar, reorganizar seu Plano de Trabalho Docente. Fazendo
esta análise o professor poderá rever a metodologia que foi abordada em
determinado conteúdo, analisar todos os documentos que são relevantes para a
construção e organização de seu trabalho, pois a prática aperfeiçoa os métodos e
auxilia na elaboração cada vez melhor de sua aula. O professor deve avaliar esse
processo. Fazer as alterações necessárias, trocar experiências com outros
professores (PEDAGOGAS CEEBJA; GTR, 2014).
Na análise dos Planos de trabalhos Docentes das escolas participantes do
grupo PDE da Rede Estadual do Paraná, pedagogas relatam que infelizmente tem
professores que repetem seus planos de um ano para outro, fazendo cópia fiel, onde
mudam apenas a data, utilizando-os por vários anos letivos com os mesmos
objetivos, metodologias e conteúdos desconsiderando, portanto as especificidades
dos alunos em cada novo ano, sendo assim incoerentes para o ano atual de trabalho
(PEDAGOGAS GTR; CEEBJA, 2014).
Sabe-se que há profissionais comprometidos, que aprimoram suas
metodologias, alteram o tempo dos conteúdos, a forma de avaliação, consideram o
Projeto Político Pedagógico, a Proposta Curricular, o Regimento da escola, ao
elaborar o seu planejamento, ou seja, profissionais que não pararam no tempo, que
vem se atualizando e aprimorando suas práticas, demonstrando preocupação com o
processo ensino aprendizagem dos educandos.
Os pedagogos devem auxiliar os professores que demonstram resistência em
determinados assuntos escolares e orientá-los nas dificuldades encontradas em
documentar suas aulas e organizar seus pensamentos, aprimorando assim, a prática
docente.
No relato da maioria dos participantes do Grupo do Trabalho em Rede,
constata-se que o registro não é considerado como um instrumento que possibilita a
reflexão sobre a própria prática. O registro é visto como cumprimento de demanda
burocrática, o que acaba comprometendo o uso destes como ferramenta de reflexão.
Justificam, essa postura, pela falta de tempo, elevado número de alunos atendidos,
por ministrarem aulas em mais de uma escola, excesso de atribuições ao professor,
e assim fazem com que esses registros sejam esvaziados de seu caráter reflexivo.
Percebe-se então que a prática do registro reflexivo deveria ser priorizada como
tema de estudo nos espaços de formação inicial e continuada dos professores. Há
necessidade que as diferentes formas de registrar, bem como, os objetivos e
situações de registros fossem objeto de reflexão no cotidiano escola, sendo que: “Os
professores serão melhores profissionais tanto quanto mais conscientes forem de
suas práticas, quanto mais refletirem sobre suas intervenções” (ZABALZA, 2004, p.
23).
Ao refletir sobre os registros realizados automaticamente pode-se desvelar as
dificuldades ali apresentadas e, a partir daí, juntamente com a equipe pedagógica
conversar e avaliar quais os instrumentos e metodologias pode ser lançado mão
para que se possa avançar, tanto na prática do fazer pedagógico, como também,
delinear de forma consistente e articulada a melhor maneira de legitimar estes
registros, visando assim uma prática transparente, vivenciando as dificuldades, mas
ao mesmo tempo vislumbrando caminhos para os avanços de ambas as partes.
Madalena Freire (1996) leva a refletir passo a passo sobre metodologias e
práticas de ensino, deixando a importância do saber ouvir, do partir do conhecimento
que o aluno trás para não cair no erro de reproduzir o monólogo, o qual vem sendo
ensinado há muito tempo. Outro ponto bem significativo é a construção da aula, os
objetivos que a norteia, a importância do planejamento prévio das hipóteses,
levando o aluno a refletir sobre seu aprendizado.
Conforme relato de uma das participantes do GTR, quando o professor
considera o conhecimento prévio dos alunos para replanejar a aula, ela fica muito
mais produtiva, com troca de ideias e conhecimentos, transformando-o num
planejamento mais dinâmico e criativo, conscientizando os alunos sobre a
importância de aprender determinados temas. Sabe-se também como diz Madalena
Freire (1996), "dentre os instrumentos metodológicos que apoiam a nossa prática
pedagógica, a avaliação e a observação estão diretamente conectadas". O processo
avaliativo deve ser contínuo, priorizando a qualidade onde seja possível diagnosticar
a aprendizagem do aluno voltada para a formação de um aluno crítico, que atua em
seu meio natural e cultural sendo capaz de aceitar, rejeitar ou mesmo transformar
esse meio.
Os Planos de Trabalho Docentes devem ser estruturados e refeitos
continuamente, conforme organização da escola. Há a necessidade de realizar
mudanças nos encaminhamentos metodológicos, diversificando estratégias de
ensino no atendimento a diversidade existente na sala de aula. Porém, infelizmente
percebe-se que alguns professores utilizam o mesmo planejamento em todos os
turnos, desconsiderando as diferenças e singularidades dos sujeitos. A ação mais
comum, a não preocupação do professor ao elaborar o seu plano de trabalho
docente, é o de verificar se este está em consonância com Projeto Político
Pedagógico, no sentido de subsidiar sua ação docente, levando em consideração a
só os conteúdos elencados na Proposta Curricular Pedagógica. Muitas vezes
desconsideram que seu plano de trabalho docente seja uma ferramenta diária de
consulta e adequações, sendo assim:
A escola urge de ações efetivas, a reflexão, o ato de escrever, deve nos conduzir à ação transformadora, que comprometa-nos com a mudança, a novos olhares e novas posturas frente aos registros pedagógicos na tentativa de superar a realidade existente na organização do trabalho pedagógico (PEDAGOGA GTR, 2014).
O Plano de Trabalho Docente é um documento com o objetivo de registrar o
que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer e com quem fazer. É o
norte para as ações do professor. Visa formalizar os diferentes momentos do
processo de planejamento, com ação sistematizada e com justificativas das
decisões a serem tomadas. Na sua construção se faz necessário uma reflexão
individual por parte do professor para tomada de decisão e previsão intencional da
ação educacional. Vai definir a abordagem que fará de determinado conteúdo, como
fará, com quais recursos, quando fará e como se dará a verificação da
aprendizagem dos alunos. Para que essa ação de planejar seja carregada de
sentido, é preciso, pois, que, a partir da disposição para realizar alguma mudança, o
educador veja o planejamento como necessário e possível. Para que o Plano de
Trabalho Docente se efetive é preciso avançar para além do aspecto burocrático e
legal. Este documento necessita ser condição imprescindível para o trabalho
docente, sem o qual não é possível desenvolver o processo ensino-aprendizagem, o
qual deve ser intencional e planejado.
Considerações finais
A construção de uma grande e sólida história começa com o registro dos fatos
para que não fique apenas na memória. O Livro Registro de Classe é o documento
oficial para registrar a história das ações docentes, rendimento escolar dos alunos
durante o ano letivo, bem como um documento que leve o professor a refletir e à:
(“...) fazer as mudanças que acharem pertinentes e necessárias”, acredito ser um dos pontos mais importantes quanto ao registro no Livro de Registro de Classe, pois esta flexibilização no agir e "correção de rota" é que nos levará a encontrar o caminho certo para a aprendizagem efetiva de nossos alunos (PEDAGOGA GTR, 2014).
O trabalho da equipe pedagógica deve ser incansável em relação às
orientações aos professores sobre a importância do registro de suas práticas
pedagógicas, bem como analisar e refletir sobre mudanças pertinentes para uma
melhoria no trabalho docente. O livro registro de classe além de ser um documento
oficial, nos permite em momentos oportunos de reunião pedagógica, hora atividade,
retomadas da ação pedagógica com mais eficácia.
Quem não registra não faz história! Ficar só na oralidade, corre-se o risco de
muitos achismos. Devendo sim, partir dos relatos e experiências, mas
posteriormente, escrever, anotar, para que se possam superar os desafios, ajustar o
que precisa de ajuste e se possível, incrementar e melhorar.
Madalena Freire (1996) enfatiza que, na concepção democrática de
educação, o ato de refletir (apropriação do pensamento) é expressão original de
cada sujeito. Cada educador tem sua marca, o seu modo de registrar seu
pensamento. Mas é através da escrita que se materializa o pensamento, que
mediados pelos registros, reflexões, se constrói o processo de apropriação da
história individual e coletiva.
Apesar de todas as dificuldades se faz necessário buscar meios que
assegurem a aprendizagem dos alunos, onde a individualidade de cada sujeito seja
respeitada. Para que a melhoria da qualidade da educação aconteça, deve-se
repensar a prática educativa, passando necessariamente pela postura do professor
de registrar, historiar, desvelar sua prática, publicizá-la, enfim, escrever é preciso.
REFERÊNCIAS
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