os avieiros

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Os avieiros do tejo e o escaroupim Autores: Filipe Seara;Inês Caramelo;Joana Félix; Leonor Cardoso

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Do Tejo

Conheça esta cultura que mudou o Rio Tejo

Os

Avieiros

E ainda a entrevista ao avieiro Sr. Fernando Luís Antão

ÍNDICE

O que atrai os Avieiros ao Tejo?…

EM BUSCA DE UM TEJO… MELHOR!

O rio Tejo sempre atraiu muitos pescadores vindos de longe. De inverno, várias famílias, rumaram a sul por não conseguirem ganhar o seu sustento nas suas terras pois quer em Vieira de Leiria quer na Murtosa, a agitação das águas e a ausência de porto de mar, impedia a pratica a pesca. No rio Tejo a abundância de sável levou-os a procurar aqui o seu ganha-pão.

A alguns quilómetros de

Salvaterra de Magos, na margem esquerda do rio Tejo existe uma pequena aldeia, o Escaroupim, povoada por um povo fruto de uma das muitas migrações internas em Portugal.

Eram os nómadas dos rios, os chamados avieiros.

O inverno em Vieira de Leiria era de tal maneira rigoroso que impedia que os barcos penetrassem mar a dentro. Com a falta do seu ganha-pão durante tinham de se dedicar a outras atividades.

Uns foram empregados nas serrações dos pinhais vizinhos, outros deixaram a sua terra e partiram pelo rio Tejo onde a pesca do sável lhes assegurava uma melhor qualidade de vida.

Com o passar dos tempos, o processo migratório cessa e acabam por fixar-se nas margens do rio.

O nomadismo acabou pois as gerações vindouras fixaram-se por estas paragens. A aldeia do Escaroupim é um desses exemplos.

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Com a fixação definitiva,

surgiu a necessidade de possuir um domicílio mais estável, resistente e confortável. Com o tempo ergueram-se pequenas barracas, de caniço, construídas margens do rio Tejo.

Adquiriam madeira

sempre que as condições económicas o permitiam. Assim nasceu a aldeia do Escaroupim, com uma estrutura muito irregular.

As casas foram levantadas

a pouco e pouco conforme as possibilidades de cada família.

Faziam do Tejo a sua vida e

este fê-los viver décadas de isolamento, de costas voltadas para a lezíria. Eram diferentes. As suas raízes estavam longe, a sua cultura e modo de vida confirmavam essa diferença.

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É uma casa de construção simples que possui um conjunto de características que lhe dava um toque de individualismo e de especificidade cultural.

É uma casa de pequenas dimensões, pintada com cores vivas e assenta em pilares como proteção das constantes inundações do Tejo. O acesso faz-se através das escadas exteriores que se ligam à varanda e onde se abrem as portas.

O interior da casa é arrumado e asseado onde se destacam três espaço: a cozinha, a sala e os quartos.

Nas paredes, como elementos de decoração, predominam os quadros com motivos religiosos e de natureza morta.

Não existem portas de interior sendo substituídas por cortinas de alegres ramagens.

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Maria Cassilda Antão Rabita nasceu em Benfica do Ribatejo, há 70 anos. Com apenas um mês de vida veio com os seus pais, Manel Rabita e Maria Antão, para a aldeia do Escaroupim, com de melhorarem as condições de vida; para que seu pai pescasse para poder sustentar a família. Curiosamente, Maria Cassilda, nunca foi à pesca. Aos 11 anos de idade foi trabalhar para a mata do estado, onde foi arejar os clipes. Toda a sua vida trabalhou no campo, passando por variados trabalhos, como é exemplo da vindima. Maria Cassilda considera o trabalho de campo bastante duro pois exige muito da pessoa; os dias pareciam muito curtos, umas vezes, mas outras pareciam que nunca mais acabavam. Tudo o que sabe, aquilo que aprendeu, está apenas relacionado com o trabalho de campo e, a prova disso é que é analfabeta.

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Segundo Maria Cassilda, trabalhar no campo, era extremamente rígido, mas como era a única coisa que sabia fazer tinha que se contentar com aquilo que tinha, mesmo que o ordenado fosse 14 escudos. Para esta senhora a agricultura tinha uma vantagem comparando com a pesca; tinha pagamento certo, já na pesca era difícil de prever o lucro. Na sua vida de trabalho - conta - o mais importante era ter um bom relacionamento com os patrões e com os colegas de profissão. Hoje em dia, já sem trabalhar, encarrega-se de preservar a “Casa do Avieiro” no Escaroupim. Esta é uma espécie de pequeno museu, decorada por Cassilda, e que tem o objetivo manter viva a memória das casas típicas avieiras.

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A mulher teve um papel de relevo na família avieira. Não era apenas mãe e esposa mas também a ajudante e companheira da faina. Na pesca ela é que controlava e remava o barco enquanto o homem lançava as redes e ajudava no concerto destas.

Depois das pescarias fazia grandes caminhadas, com a canastra à cabeça, para vender o peixe nas vilas e lugarejos em volta.

Apesar de se ter fixado no Ribatejo, a mulher avieira conservou o seu traje de origem.

Usava saia de padrão normalmente axadrezado, do um tom castanho amarelado. Usava blusa, sempre manga comprida, bastante colorido e muito enfeitado, com rendas ou bordados. Nunca dispensava quer o avental quer o lenço, peças essenciais em todas as situações, quer no rio, quer em casa ou em festas.

Esta mulher geralmente andava descalça e só usava chinelas em dias de festas.

O seu grande desejo

concentrava-se em ter um cordão de ouro com algumas medalhas.

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Sendo a pesca a actividade principal do avieiro condicionava o seu vestiário que devia ser muito prático.

O seu traje era normalmente formado por camisa axadrezada, em tons de castanho e amarelo, e calças de fazenda ou cotim, normalmente arregaçadas.

A cabeça era protegida com uma boina de pala curta.

A cinta preta e os pés descalços são a imagem de marca do pescador avieiros. Só em ocasiões de festa é que usava calças compridas e calçava tamancos.

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O Casamento

O casamento avieiro era normalmente entre pessoas desta comunidade e era realizado de forma discreta.

A ida à igreja ou ao

registo civil passava despercebido para o resto da população embora a boda durasse três dias, dias estes, em que se fugia à alimentação tradicional e se comia praticamente só carne.

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No período anterior à fixação dos avieiros, a sua residência era uma barraca precária e provisória, nas margens do Rio Tejo, ou a própria bateira varada, atracada na margem.

A bateira - barco típico - tinha várias divisões: uma que servia de quarto e onde estes dormiam; outra que servia de cozinha - a divisão mais pequena- dividida apenas por uma pequena tábua; uma outra que servia de oficina, local onde decorria o trabalho dos pescadores

Com o tempo os

pescadores sentiram necessidade de adaptar o barco, vindo da terra natal, pois o rio era bem diferente do mar que anteriormente navegavam.

Às baterias seguiram-se os saveiros, barcos mais pequenos e de construções simples, mas que ofereciam boa estabilidade.

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A Fixação no Tejo A fixação definitiva levou à

necessidade de encontrar uma habitação mas estável, resistente e confortável. Assim, pouco a pouco, as margens do Tejo foram conquistadas, as pequenas barracas foram melhoradas à medida das melhores condições económicas de cada um e surgem diversas aldeias típicas.

A casa avieira derivou das tradições

habitacionais da praia de Vieira de Leiria. Esta contraria a casa ribatejana. Enquanto a ribatejana era caiada, a avieira era pintada com cores alegres. Dizia-se que, assim, disfarçavam as amarguras da vida.

A aldeia do Escaroupim sugiu com a

melhoria das condições de vida da população ribeirinha. Como não foi planeada manteve uma configuração muito irregular. Tal como a vida dos avieiros as casas foram levantadas aos abanões, conforme as suas posses.

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Avieiro Sr. Fernando Luís Antão

Entrevista

Tertúlia do Tejo -De onde são provenientes os seus antepassados? SR. Fernando – “Os meus antepassados,áh os meus familiares … . Olhe o meu pai, coitado, Deus o tenha, nasceu lá para cima para a Vieira. O resto da minha família é de cá do Escaroupim, mas eu sou do Porto de Muge.”

No passado dia 23 de Maio, Quarta-feira, pela tarde dentro, a Tertúlia do Tejo esteve no Escaroupim para entrevistar um avieiro e perceber os seus sentimentos. Foi o Sr. Fernando Luís Antão, de 82 anos, hoje reformado ,que nos relatou alguns pormenores do seu quotidiano.

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Tertúlia do Tejo– Se pudesse teria optado por outro estilo de vida, ou profissão? SR. Fernando – “Não! Era difícil que hoje não fosse aquilo que sou. Nasci num barco e por lá fiquei... sou pescador. Ou melhor, fui pescador, com muito gosto e prazer.” Tertúlia do Tejo – Ainda se lembra da sua vida de pescador? SR. Fernando - “Sim muito, estou sempre a lembrar-me desses tempos, os meus melhores.”

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Tertúlia do Tejo - Foi Feliz como pescador? SR. Fernando - Fui feliz a fazer aquilo que fiz e todos à minha volta também estavam felizes, isso é o que mais importa. Tertúlia do Tejo - Muito obrigado pela sua atenção senhor Fernando.

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Agrupamento de Escolas de Salvaterra de Magos Geografia A

Autores

Filipe Seara - Inês Caramelo Joana Félix - Leonor Cardoso

10ª Ano - Turma E

Ano Letivo de 2011-2012

Docente- Profª Manuela Batista

Redol ia para a Ribeira do Tejo ouvir as histórias dos pescadores e das varinas, viveu no Pinhão e conheceu a vida dos trabalhadores dos

barcos e teve algumas experiências com estes pescadores. A partir destas experiências escreveu vários romances, dos quais se

destaca “Avieiros”, de 1942.

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