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Organização e Gestão doTrabalho Social

Autoria: M.e Flavia Gomes Pires

Revisão: M.e Emanuel Jones Xavier Freitas

Apresentação da Disciplina

Veremos os principais conceitos sobre aOrganização e a Gestão do Trabalho Social noServiço Social, bem como os conceitos quecompõem os pressupostos fundamentais daformação profissional, ou seja, base teórica emetodológica do Serviço Social.

Aula 1

Análise da trajetória teórico-prática do Serviço Social

Análise da Trajetória Teórico-Prática doServiço Social

É um convite a ir além das análises do ServiçoSocial, ampliando nosso olhar para as relaçõessociais que compõem a sociedade e, assim,refletir sobre a questão social e suasmanifestações em múltiplas dimensões.

Os fundamentos do Serviço Social foram

estruturados no final do século XIX, momento da

consolidação do processo de industrialização,

denominado Revolução Industrial.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=jt-o3EBQPMU

Filme: A Revolução Industrial na Inglaterra

Pré-Revolução Industrial

Pequenas propriedades.Produção agrícola familiar.Manufatura – Sistema Doméstico.Máquina de tear.Relações Pessoais – laços.

Pós-Revolução Industrial

Grandes fábricas.Técnicas agrícolas. Produção em massa.Máquinas a vapor.Relações hierárquicas.

Alguns Elementos dessa Transição

Vale destacar que nesse período...

Há um aprofundamento das “disparidadeseconômicas, sociais e regionais, na medida emque favorece a concentração social, regional eracial de renda, prestígio e poder” (IAMAMOTO,2004, p. 132).

O Serviço Social no Brasil destaca-se pelo:

Processo de profissionalização e legitimação

vinculado às instituições assistenciais.

Forte corporativismo de Estado.

Presença de uma política econômica industrial.

Forte ligação com a Igreja Católica.

O Serviço Social, sob influência da Igreja Católica,tem por concepção a doutrina filosófica de SãoTomás de Aquino.

Tomás de Aquino foi um teólogo do século XIII(1225–1274). Seu pensamento marcou a teologiacristã ao estabelecer e fundamentar uma relaçãoentre filosofia e teologia, entre razão e fé.

A noção de pessoa humana e as relações entreIgreja e Estado contribuíram para a formaçãoprofissional das primeiras assistentes sociais.

Para São Tomás de Aquino, o saber teológico nãoestá acima do saber filosófico, assim como a fé nãosubstitui a razão.

Seu pensamento colaborou para a construção daconcepção de homem no Serviço Social, a partir dasideias:

Dignidade da pessoa humana.

Sociabilidade essencial da pessoa humana.

Perfectibilidade humana.

Para São Tomás, o homem é um ser social.Assim, na convivência com outros homens,encontrará a felicidade.

Acredita que a vida em sociedade necessite deuma ordem disciplinar que oriente as ações e oscomportamentos dos homens (cf. PrincípiosBásicos do Neotomismo na apostila, p. 6).

Aula 2

O Neotomismo e a Perspectiva Positivista do Serviço Social

Neotomismo

Na década de 1930, inicia-se o Serviço Socialbrasileiro com ações desenvolvidas pela IgrejaCatólica. Até os anos 1940 ele se consolidainstitucionalmente.A partir dessa década, o país inicia um processode industrialização, em que se evidenciam asexpressões da questão social e, sob a influêncianorte-americana, a abordagem profissional se dáno estudo de Caso, Grupo e Comunidade.

Para Martinelli (1997), o referencial tradicional

conservador da profissão é questionado pela

categoria, pois não representava um projeto

construído pelos profissionais, mas sim um

projeto construído pela burguesia baseado no

referencial ideológico da Igreja Católica e que

nos atribuiria, inclusive, uma identidade.

O Serviço Social na Concepção TeóricaPositivista

A perspectiva positivista não permite uma visãoda teoria no âmbito do verificável, daexperimentação e da fragmentação. Ela acreditaem mudança desde que esteja dentro de umaordem estabelecida.

Dentro do Serviço Social, o positivismo se apresentacomo uma proposta de trabalho ajustadora, comobjetivo de aperfeiçoar os instrumentos e técnicasde intervenção que, segundo Yazbek, configuramuma “busca de padrões de eficiência, sofisticação demodelos de análise, diagnóstico e planejamento;enfim, uma tecnificação da ação profissional que éacompanhada de uma crescente burocratização dasatividades institucionais” (1984, p. 71).

Vale destacar que:

Na abordagem positivista, as relações sociais

são apreendidas a partir de suas vivências

imediatas, utilizando, para isso, fatos e dados

que nos trazem informações imediatas e

objetivas.

O Serviço Social – do Desenvolvimentismoao Movimento de Reconceituação

Nos anos 1960, as gestões de JK –desenvolvimentista – e Jânio Quadros – governohumanista – apresentam um cenário favorável àredefinição da ação profissional.

O Desenvolvimentismo assenta-se na teoriaeconômica centrada no crescimento econômicocom ênfase na industrialização e forte presençae intervenção do Estado em nome dodesenvolvimento social.

O período é denominado de sociedade urbano-industrial, pois com a política desenvolvimentistaemerge novo estilo de vida, propagado porrevistas, pelo cinema – sobretudo norte-americano – e televisão. As cidades semodernizam com prédios e casas de arquiteturalivre.

Com a abertura da economia para o capitalestrangeiro, houve enorme desenvolvimentoindustrial. Grandes montadoras automobilísticascomo, por exemplo, Ford, Volkswagen, Willys eGM (General Motors) instalaram-se no estado deSão Paulo, nas cidades de Santo André, SãoCaetano e São Bernardo.

Com a nova indústria, aumentam asoportunidades de empregos nessas cidades,atraindo trabalhadores de todo Brasil,majoritariamente do nordeste rumo ao sudestedo país.

Os migrantes nordestinos, que também fugiamda seca do Nordeste e do desemprego,buscavam trabalho e melhores condições de vidanessas cidades.

Aula 3

Do Desenvolvimentismo ao Movimento de Reconceituação

Nesse novo cenário nacional, faz-se necessária aqualificação profissional para responder àsquestões presentes, tanto do mercado detrabalho como da sociedade.

Na década de 1960, inicia-se um movimento na

categoria para construção dos fundamentos do

Movimento de Reconceituação do Serviço Social.

Este movimento ficou conhecido pela intenção

de ruptura com o viés tradicional e conservador.

Vale destacar:

Nesse período, o Centro Brasileiro de

Cooperação e Intercâmbio Internacional de

Serviços Sociais (CBCISS) organizou cinco

encontros de discussão sobre a profissão.

Seminários de Teorização que ocorreram em:

Araxá/MG, em março de 1967.

Teresópolis/RJ, em janeiro de 1970.

Sumaré/SP, em novembro de 1978.

Alto da Boa Vista/RJ, em novembro de 1984.

Rio de Janeiro/RJ, em junho de 1989.

O Movimento de Reconceituação do Serviço Socialvoltou-se para a construção da crítica à profissão,com seus pressupostos ideológicos, teóricos emetodológicos e a determinadas práticasprofissionais.Com a crítica, buscava-se outra referência para aprofissão que, desde sua emergência, de cunhoconservador, objetivava orientar e redimensionar oexercício profissional do Serviço Social.

Para Yazbek (2010), o Movimento deReconceituação foi composto por uma disputa deprojetos políticos que divergiam no interior daprofissão. Segundo a autora, essa disputaapresenta-se em três vertentes teórico-metodológicas.

Aula 4

Vertentes Oriundas do Movimento de Reconceituação

Vertente Modernizadora

“Trata-se de uma vertente que recupera os componentes

mais estratificados da herança histórica e conservadora da

profissão, nos domínios da (auto)representação e da

prática, e os repõe sobre uma base teórico-metodológica

que se reclama nova, repudiando, simultaneamente, os

padrões mais nitidamente vinculados à tradição positivista

e às referências conectadas ao pensamento crítico-

dialético, de raiz marxiana.”

“Essencial e estruturalmente, esta perspectivafaz-se legatária das características que conferiamà profissão o traço microscópico da suaintervenção e a subordinam a uma visão demundo que deriva do pensamento católicotradicional; mas o faz com um verniz demodernidade ausente no anterior tradicionalismoprofissional, à base das mais explícitas reservasaos limites dos referenciais de extraçãopositivista.” (NETTO, 1992, p. 157.)

A Vertente Modernizadora é caracterizada pelaincorporação e abordagens funcionalistas,estruturalistas e mais tarde sistêmicas (matrizpositivista), voltadas a uma modernizaçãoconservadora e à melhoria do sistema pela mediaçãodo desenvolvimento social e do enfrentamento damarginalidade e da pobreza na perspectiva deintegração da sociedade. Os recursos paraalcançar estes objetivos são buscados namodernização tecnológica e em processos erelacionamentos interpessoais.

(NETTO, 1994, p. 164)

Essas opções configuram umprojeto renovador tecnocráticofundado na busca da eficiência eda eficácia que devem nortear aprodução do conhecimento e aintervenção profissional.

Vertente Inspirada na Fenomenologia

Emerge como metodologia dialógica, apropriando‐se também

da visão de pessoa e comunidade de E. Mounier (1936) edirige-se ao vívido humano, aos sujeitos em suas vivências,colocando para o Serviço Social a tarefa de "auxiliar naabertura desse sujeito existente, singular, em relaçãoaos outros, ao mundo de pessoas" (ALMEIDA, 1980, p.114). Esta tendência que no Serviço Social brasileiro vaipriorizar as concepções de pessoa, diálogo etransformação social (dos sujeitos) é analisada por Netto(1994, p. 201) como uma forma de reatualização doconservadorismo presente no pensamento inicial da profissão.

Vertente Marxista (intenção deruptura)

Remete a profissão à consciência desua inserção na sociedade declasses e no Brasil vai configurar‐se, em

um primeiro momento, como umaaproximação ao marxismo sem orecurso ao pensamento de Marx.

O Movimento de Reconceituação do Serviço Social foi um movimento histórico da

profissão, o movimento que buscou romper com o Serviço

Social tradicional.

Os avanços teóricos e políticos presentesno cotidiano embasaram o currículo de1982. O Movimento de Reconceituação doServiço Social reforça a importância dapesquisa científica e evidencia umcompromisso de classe, valorizando aformação profissional, no tocante aotrabalho profissional, e propõe orompimento com a ideologia dominantepriorizando o vínculo entre o profissional eos interesses dos usuários.

Para Fixar

Os fundamentos do Serviço Social foramestruturados no final do século XIX, sob ainfluência do processo de industrialização.

O Serviço Social esteve próximo à IgrejaCatólica, utilizando a concepção da doutrinafilosófica de São Tomás de Aquino.

A partir da década de 1950, um novo cenáriose configura e, com ele, um novoposicionamento profissional se faz necessário.

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