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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
UNIDADE DIDÁTICA
PROFª PDE: DORALICE DA CRUZ CAMARGO
ORIENTADOR: PROF. JORGE PAGLIARINI JUNIOR
GOIOERÊ
2011
Material Didático Pedagógico, apresentado à Secretária de Estado da Educação – SEED, como parte dos requisitos do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, em parceria com a FECILCAM - Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão, na área de História sob orientação do Prof. Jorge Pagliarini Junior a ser implementado no CEEBJA Goioerê, do Município de Goioerê – Pr.
SUMÁRIO
1 IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................. 4
2 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 5
3 UNIDADE I – HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL ..................................................... 8
4 UNIDADE II – ESTUDO SOBRE RELAÇÕES DE TRABALHO NO
MUNICÍPIO DE GOIOERÊ NAS DÉCADAS DE 70-80 ...................................... 13
4.1 O MUNICÍPIO EM QUESTÃO ........................................................................... 13
4.2 ORIGEM DO NOME .......................................................................................... 13
5 UNIDADE III - ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS E
DISCUSSÃO DE CONCEITOS .......................................................................... 16
6 AMPLIANDO O CONHECIMENTO .................................................................... 18
7 UNIDADE IV - ENSINAR/APRENDER ATRAVÉS DAS FONTES ..................... 20
8 UNIDADE V – NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ........................................... 26
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32
4
1 IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE/Goioerê: Doralice da Cruz Camargo
Área: História
NRE: Goioerê
Professor Orientador: Jorge Pagliarini Junior
IES vinculada: FECILCAM – Faculdade de Ciências e Letras de Campo
Mourão
Escola de implementação: CEEBJA GOIOERÊ
Público alvo da intervenção: Jovens e Adultos – Ensino Fundamental –
Fase II
Tema de estudo na Intervenção: Estudo sobre relações de trabalho no
município de Goioerê nas décadas de 70-80: a História local a partir de narrativas e
produção de acervo histórico
5
2 APRESENTAÇÃO
O presente trabalho tem a finalidade de apresentar à produção do material
pedagógico, aqui apresentado em forma de Unidade Didática, em cumprimento as
atividades do Programa de desenvolvimento Educacional – PDE, na área de
História, turma 2010 com o tema: Estudo sobre relações de trabalho no
município de Goioerê nas décadas de 70-80: a História local a partir de
narrativas e produção de acervo histórico. A perspectiva desse trabalho
encontra-se inserida na proposta curricular delineada no documento das Diretrizes
curriculares de História para a rede pública da educação básica do Estado do
Paraná (2008), onde propõe a articulação entre História Local e Universal.
O objetivo deste material pedagógico é propiciar aos alunos através da
compreensão das fontes, a produção de narrativas históricas sobre as relações de
trabalho ocorridas no município, com recorte temporal nas décadas de 70 e 80,
observando mudanças e permanências sócio-econômicas, bem como a catalogação
e estudo de objetos que revelam valor histórico, que culminará com a formação de
um acervo que servirá de material para posteriores estudos que possa vir a
contribuir para formação da consciência histórica dos cidadãos que estão dentro da
sala de aula.
Nosso estudo pensado na historia local será desenvolvido no CEEBJA
Goioerê, com alunos jovens a adultos nas séries finais do Ensino Fundamental –
Fase II, no município de Goioerê e, portanto se faz oportuno enfatizar que através do
discurso da narrativa ou através do estudo dos objetos, pretende-se aqui não
pontuar apenas o discurso dominante, mas também valorizar os saberes que os
alunos trazem para a sala de aula, com possibilidades de contribuir para a
construção de conceitos históricos e posterior conhecimento.
Segundo Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli:
(...) Muitas vezes, o aluno já possui idéias próprias sobre o mundo social - o significado de economia, família, poder -, as quais foram sendo construídas em sua própria história de interações social e cultural e baseadas nelas. Daí a importância de ter como ponto de partida as representações dos alunos, mas não centralizar e deter o ensino nesses conhecimentos, pois certas compreensões podem ser insuficientes para explicar a realidade. Os conhecimentos trazidos
6
para a sala de aula podem ser considerados marco inicial e assimiladores, servindo para dar significado aos conteúdos históricos trabalhados (...). ( SCHIMIDT e CAINELLI, 2010, p.83e84)
No decorrer da implementação, serão trabalhados diversos conceitos, através
de leituras informativas de textos acessíveis aos alunos da modalidade EJA, bem
como pesquisas e reflexões sobre: patrimônio histórico, história local, memória e
narrativas, visando contribuir para o conhecimento histórico dos alunos. A
característica principal desta ação é instigar a curiosidade do aluno, para que tenha
realmente o desejo de pesquisar e compreender os conceitos citados.
Aprender conceitos históricos é construir uma grade de referência que auxilie o aluno em sua interpretação e compreensão da realidade social, facilitando a leitura do mundo em que vive. Ensinar conceitos históricos não é impor o uso abusivo de termos técnicos e definições abstratas nem memorização de palavras e de seu significado. O trabalho em conceitos no ensino deve ter como referência a concepção de história com que se trabalha e que servirá de orientação para o tratamento metodológico dos conteúdos. (SCHIMDT e CAINELLI, 2005, p.63).
Nesse sentido, busca-se que o aluno entenda que estudar História é refletir
sobre ações dos seres humanos dentro do tempo e do contexto em que viveram. É
realizar uma viagem no “fundo do baú”, onde muitos objetos, documentos e
utensílios têm muito a nos contar, além da história contada por nossos familiares; é
fazer entenderem que somos construtores da História e que, ao transitarmos entre
presente e passado encontramos muitas respostas para as questões atuais, como
afirma Boschi
É o presente que faz aflorar questões objetivas e concretas que nos desafiam – e com essas questões em mente é que buscamos respostas no passado. Trocando em miúdos, a História serve para que o homem conheça a si mesmo – assim como suas afinidades e diferenças em relação aos outros. Saber quem somos permite definir para onde vamos (BOSCHI, 2007, p.12).
Assim podemos afirmar que o ensino de História estará contribuindo para a
percepção do aluno como sujeito histórico e, consequentemente para a formação de
um cidadão crítico e consciente de suas responsabilidades sociais.
7
UNIDADE I HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL
Estudo sobre relações de trabalho no município de Goioerê nas décadas
de 70-80
8
3 UNIDADE I – HISTÓRIA LOCAL/REGIONAL
Os estudos históricos pautados num olhar local têm contribuído
significativamente para a produção do conhecimento histórico em níveis muitas
vezes pouco contemplados. As diferentes analogias entre escalas e recortes
diferenciados, quando pensados a partir de questões locais, resumem-se a própria
experiência de vida dos alunos e professores, sem que, muitas vezes, se tenha
material didático já produzido, ou toda uma discussão sistematizada, indicações,
metodologias e leituras conceituais específicas para sua elaboração. Uma
contribuição que vem ao encontro dessas preocupações é a utilização do acervo
histórico, e as possíveis narrativas a partir desse material. Essas preocupações
norteiam esse projeto implementação.
Neste sentido, as continuidades da aplicação nas aulas visam elaborar toda
uma problematização sobre relações de trabalho que marcam o conhecimento
histórico sobre o trabalho no município de Goioerê, Paraná, entre as décadas de
1970-1980. Para tanto, pretende-se a aplicação desde material didático, bem como
reflexões e leituras em torno da utilização dessa temática na sala de aula.
Especificamente pretende-se formar um acervo histórico pautado no recolhimento
pelos alunos de objetos que possam no decorrer das aulas, orientarem uma gama
de debates em torno das relações de trabalho local.
Tal discussão será acompanhada da valorização do uso de narrativas orais
por parte dos alunos e demais sujeitos da comunidade envolvidos direta ou
indiretamente nas atividades. O significado de se repensar políticas do Estado,
conquistas e resistências de moradores na sociedade a partir de relações de
trabalho lidam ainda com outra problemática: a discussão de identidades.
Considerando-se que o projeto será desenvolvido com alunos da EJA, seus
objetivos e alcances ganham ainda novos desafios, nesse caso, demonstrar aos
alunos o significado da contribuição de suas histórias de vida para o estudo de
História.
O acervo produzido será exposto à comunidade escolar e moradores da
localidade ligados ao colégio. As narrativas de vida poderão ainda ser rediscutidas
em outras aulas de História, explorando o professor o significado da subjetividade
nos estudos históricos. Por fim, será elaborado um modelo de fichamento dos
9
objetos expostos, com o intuito de se potencializar o uso dos objetos em aulas
futuras.
Estudando o município onde vive e a complexidade das relações, oportuniza
ao aluno um exercício teórico metodológico para trabalhar espaço (município de
Goioerê) e tempo (décadas de 70 e 80). Possibilitando ao aluno uma visão ampla e
abrangente de um contexto histórico maior. Principalmente em relação às fontes
históricas.
A abordagem da história local e regional é um dos eixos temáticos dos
Parâmetros Curriculares Nacionais, segundo este documento deve prevalecer no
ensino de História:
Estudos comparativos, distinguindo semelhanças e diferenças, permanências e transformações de costumes, modalidades de trabalho, divisão de tarefas, organizações do grupo familiar e formas de relacionamento com a natureza. A preocupação com os estudos de história local é a de que os alunos ampliem a capacidade de observar o seu entorno para a compreensão de relações sociais e econômicas existentes no seu próprio tempo e reconheçam a presença de outros tempos no seu dia-a-dia. (PCN – HISTÓRIA, p. 40)
E o documento ainda relata que:
É fundamental a percepção de que o “eu e o “nós” são distintos de “outros” de outros tempos, que viviam, compreendiam o mundo, trabalhavam, vestiam-se e se relacionavam de outra maneira. Ao mesmo tempo, é importante a compreensão de que o “outro” é, simultaneamente, o “antepassado”, aquele que legou uma história e um mundo específico para ser vivido e transformado. (p. 27)
Como podemos observar o ensino da história local há muito vem sendo
discutida e documentada, também nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná
está claro a inserção deste importante conteúdo: “Para os anos finais do Ensino
fundamental propõe-se, nestas Diretrizes, que os conteúdos temáticos priorizem as
histórias locais e do Brasil, estabelecendo - se relações e comparações com a
história mundial”. (D. C. E. – HISTÓRIA, 2008, p.68- grifo nosso)
A história local é aqui discutida como possibilidade de escrita da História, pois
esta permite uma maior compreensão do aluno em relação ao seu entorno,
conhecendo o passado mais perto dos seus espaços: escola, bairro, cidade, e, por
10
possuir problemas significativos da história do presente, como desemprego,
corrupção, violência, como nos afirma Jungblut:
[...] a história local propicia ao pesquisador uma idéia mais imediata do passado, permitindo que a memória nacional possa ser encontrada ou re-encontrada, ouvida, lida nas esquinas, nas ruas, nos bairros... Fazer história, e mais, fazer história local é estabelecer relações entre à micro e a macro-história; é privilegiar o particular, sem desprezar o geral, numa complementação entre ambas. (JUNGBLUT, 2008, p.44)
Nesse sentido, a história local coloca o aluno diretamente em contato com
dados concretos, reais, possibilitando um envolvimento maior deste na disciplina.
Podemos utilizar o ensino da história local como uma metodologia na prática
pedagógica da disciplina de História, pois partiremos do próximo para o mais
distante e, assim discutir acontecimentos históricos a partir de dados conhecidos, e
talvez até vivenciados, pelos alunos ou por seus familiares. Com certeza a utilização
desta estratégia garantirá aos alunos uma melhor apropriação do conhecimento
histórico.
De acordo com Schmidt e Cainelli Conhecer a história local e discutir as
relações sócio-econômicas existentes é despertar no aluno o interesse de
aprofundar seus conhecimentos e relação com a comunidade onde vivem e atuam.
E as autoras ainda ressaltam:
É importante observar que uma realidade local não contém em si mesma a chave de sua própria explicação, pois os problemas culturais, políticos, econômicos e sociais de uma localidade explicam-se, também, pela relação com outras localidades, outros países e, até mesmo, por processos históricos mais amplos. (SCHMIDT e CAINELLI, 2010, p.138)
Para essa compreensão contamos também com a contribuição do historiador
Raphael Samuel:
Ao invés de considerar a localidade por si mesma como objeto de pesquisa, o historiador poderá escolher como ponto de partida algum elemento da vida que seja por si só, limitado tanto em tempo como em espaço, mas usado como uma janela para o mundo. (RAPHAEL SAMUEL,1990, p.229)
11
Justifica-se, assim, a relevância do conhecimento da história Local/regional,
além da metodologia a valorização e o respeito pelo patrimônio histórico-cultural da
localidade e região, para a preservação da memória da comunidade em que está
inserido e para o processo de construção da identidade do aluno. Não “silenciar a
multiplicidade de vozes” dos diferentes sujeitos torna-se primordial no processo de
ensino-aprendizagem de história.
12
UNIDADE II ESTUDO SOBRE RELAÇÕES DE TRABALHO NO
MUNICÍPIO DE GOIOERÊ NAS DÉCADAS DE 70-80
13
4 UNIDADE II – ESTUDO SOBRE RELAÇÕES DE TRABALHO NO MUNICÍPIO
DE GOIOERÊ NAS DÉCADAS DE 70-80
4.1 O MUNICÍPIO EM QUESTÃO
O município de Goioerê está localizado no Noroeste do estado do Paraná, a
540 km da capital Curitiba. Próximo das cidades de Campo Mourão e Umuarama.
Sua economia é baseada na agricultura.
O território goioerense tendo sentido o domínio de outros povos a partir do
início do século XVIII, permaneceu praticamente desabitado.
Em 1950 Carlos Scarpari e seu irmão mais velho, Francisco Scarpari
juntamente com Wladimir Antonio Neves Scarpari, filho de Francisco, estabeleceram
de forma pioneira às margens do rio Goioerê, fundando ali as primeiras fazendas de
café.
Embalados pelas notícias do surgimento de inúmeras cidades os Scarpari
fundaram a Imobiliária Sociedade Goio – Erê. Cujo objetivo era fundar uma cidade
em suas terras.
O povoamento do solo se fez a galope, sem precedentes nos fatos de
colonização.
As primeiras famílias a adquirirem lotes foram as de Júlio Castilho.
Um fator de progresso na região foi à construção de importante rodovia,
ligando Campo Mourão a Cascavel e passando pela localidade de Goioerê,
permitindo agilidade no transporte.
Através da Lei Estadual nº 48 de 10 de agosto de 1955, foi criado o município
de Goioerê, com território desmembrado de Campo Mourão.
4.2 ORIGEM DO NOME
O Município recebeu este nome devido durante sua colonização as primeiras
fazendas de café se estabeleceram as margens do Rio Goioerê, nome que provém
14
da língua Caingangue, nação indígena que habitou (e ainda habita) várias regiões
do Paraná.
Goio – Água Erê – Limpa – Clara: Goioerê = Água Limpa ou Água Clara.
(Adaptado de Antonio Correia Paz Junior)
15
UNIDADE III ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS E DISCUSSÃO
DE CONCEITOS
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5 UNIDADE III - ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS E DISCUSSÃO DE
CONCEITOS
Podemos aprender História através dos objetos?
O que eles podem revelar através da memória e narrativas dos
seus donos?
É o que pretendemos descobrir no decorrer de nossos estudos, sabendo que
o nosso objetivo é conhecer sobre as relações de trabalho no município.
Buscamos saber que objetos são esses? Quem os utilizava? Como era
utilizado? Continua ainda em uso nos tempos atuais?
Costumamos guardar coisas e objetos que trazem recordações de pessoas
queridas ou de uma determinada época de nossas vidas, que tem significados
especiais para nós. Que podem ser vestimentas, fotos, ferramentas, utensílios e as
mais variadas formas de objetos.
Para o professor:
Discutindo conceitos
A relação estudos históricos e utilização de acervos históricos, se mostra
significativa para a produção do conhecimento histórico. Assim, tal problemática se
torna importante ferramenta para o estudo da história local, quando acompanhada
de discussões conceituais e metodológicas.
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O historiador Ulpiano Bezerra de Meneses, trás a reflexão sobre “Objeto
antigo, objeto histórico compondo acervos”, que pela sua historicidade produz
conhecimento e reponde as indagações do presente:
O objeto antigo, obviamente, foi fabricado e manipulado em tempo anterior ao nosso, atendendo às contingências sociais, econômicas, tecnológicas, culturais etc. desse tempo. Nessa medida, deverá ter vários usos e funções, utilitários ou simbólicos. No entanto, imerso na nossa contemporaneidade, decorando ambientes, integrando coleções ou institucionalizado no museu, o objeto antigo tem todos seus significados, usos e funções anteriores drenados e se recicla, aqui e agora, essencialmente, como objeto–portador–de-sentido. (MENESES, 1992, p.12).
A pretensão de se trabalhar com objetos relacionados às atividades
econômicas dos moradores do município é justamente esta, dos alunos perceberem
o valor histórico agregado a cada objeto porque existe uma história ligada a eles, e
que consequentemente estarão produzindo o conhecimento histórico a partir do
auxílio de outras fontes, isto por que:
A História deve contribuir para uma reflexão por parte do aluno, sobre os problemas de seu tempo e da realidade em que vive. Assim ele se situará da maneira consciente no mundo, conhecendo sua herança pessoal e coletiva, entendendo por que e quando participar das atitudes, valores e memórias de sua comunidade. (BOITO, 2007, p.12)
Nesse sentido acreditamos que a interação entre alunos, a partir do debate
sobre materiais relacionados ao mundo do trabalho, fomentará caminhos possíveis
para estudarmos a história do município de Goioerê, Paraná, entre os anos de 1970
- 1980, de maneira que, o olhar e diálogo a partir dos objetos propiciam narrativas de
vida e podem vir a ser reutilizados no cotidiano escolar para despertar o
conhecimento histórico de outros tempos e lugares.
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6 AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Texto 01
As atividades desenvolvidas no município de Goioerê, nas décadas de 70 e
80, eram essencialmente agrícolas, onde a maioria da população vivia no campo. O
produto que era a ”mola propulsora” da economia na época era o café, seguido de
outras culturas de subsistência, como: arroz, feijão e outros.
Para desenvolver suas atividades, as pessoas utilizavam diversas
ferramentas e utensílios que as auxiliavam no desempenho de suas funções no
campo, seja nas lidas domésticas, no cultivo das plantações ou no trato dos animais.
Estamos justamente em busca de tais objetos e, é através deles que
pretendemos descobrir, conhecer e entender como se deu a dinâmica do trabalho
desenvolvido no município e as relações dos sujeitos nele envolvidos.
Atividades
Os alunos vão “garimpar” esses objetos junto a antigos moradores, familiares,
amigos, vizinhos e até eles próprios. Trarão esses objetos para o almoxarifado da
escola, para posteriores análises, catalogação e fichamento com dados e
informações que serão agregadas aos mesmos ao logo do nosso estudo.
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UNIDADE IV ENSINAR/APRENDER ATRAVÉS DAS FONTES
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7 UNIDADE IV - ENSINAR/APRENDER ATRAVÉS DAS FONTES
Memórias e Narrativas
Uma “ferramenta” importante que podemos utilizar como fonte de estudo e
conhecimento são as memórias e narrativas das pessoas que viveram ou ainda
vivem no município, também dos próprios alunos, já que nosso estudo envolve a
EJA – Educação de Jovens e Adultos e contamos com pessoas idosas no nosso
quadro de alunos. Muitos dos quais poderão trazer ricas contribuições de
experiências vivenciadas.
Com o objetivo de ampliar o conhecimento dos alunos a respeito do município
onde moram, sua história, desenvolvimento e as múltiplas relações dos sujeitos. Os
alunos serão orientados para a realização de entrevistas.
ENTREVISTA
1. Identificação:
( ) Aluno
( ) Professor
( ) Pai ou mãe
( ) Moradores da década de 70 e 80
2. Em que ano veio morar no município de Goioerê?
3. Que atraiu você e sua família a vir?
4. Já residia em Goioerê nas décadas de 70 e 80? ( ) sim ( ) não
5. Foi morar? ( ) campo ( ) cidade
6. O local onde morava era? ( ) próprio ( ) de outra pessoa
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7. Em que atividade você ou sua família trabalhavam?
8. Para desenvolvê-las que ferramentas utilizavam?
9. O que sabe a respeito das mudanças ocorridas no município como
consequência da chamada “geada negra”?
10. O conhecimento que tem foi porque vivenciou ou alguém lhe contou a
respeito?
11. Quais fatos/acontecimentos relevantes ocorridos nas décadas de 70 e 80
marcaram sua memória?
12. Das transformações ocorridas no município, o que gostou e o que não
gostou? Por quê?
Os resultados da entrevista serão comparados, analisados e discutidos pelos
alunos, a fim de possibilitar a produção de narrativas históricas contextualizando,
dentro do tema proposto. Ao produzir registros os alunos estarão valorizando os
relatos e memórias de antigos moradores que viveram ou ainda vivem no município
dando também sua contribuição.
Para o professor:
Discutindo conceitos
Trabalhar com a história oral é uma maneira de não se prender somente à
história oficial é dar voz as memórias de quem vivenciou no seu dia-a-dia e que
normalmente ficam esquecidas.
ALESSANDRO PORTELLI, um dos principais historiadores orais, discute a
importância da história oral, recursos de muitas pesquisas qualitativas, no que diz
respeito à subjetividade do expositor que fornece às fontes orais o elemento
precioso que nenhuma outra fonte possui em medida igual.
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A subjetividade, o trabalho através do qual as pessoas constroem e atribuem o significado à própria experiência e à própria identidade, constitui por si mesmo o argumento, o fim mesmo do discurso. Excluir ou exorcizar a subjetividade como se fosse uma fastidiosa interferência na objetividade factual do testemunho quer dizer, em última instância, torcer o significado próprio dos fatos narrados. (PORTELLI, 1996, p.60)
A narrativa oportuniza a romper os silêncios e motiva os sujeitos a expressar
com entusiasmo as experiências vividas dando a ela especial significado.
A História Oral é uma metodologia para o ensino de História que permite
compreender a percepção que os indivíduos possuem de si como atuantes na
História que possibilita aos alunos a construção de narrativas.
Busca-se perceber a contribuição de como as versões históricas se
manifestam nas formas como os alunos da EJA compreendem os relatos históricos
de seu município e investigar qual contribuição das histórias contadas pelos antigos
moradores do município de Goioerê tem na construção do conhecimento e
compreensão histórica dos alunos.
Para aprofundar a compreensão dos alunos a respeito da relevância da
narrativa histórica e valorização da memória dos sujeitos. Será trabalhado um
recorte do filme: Narradores de Javé.
Ficha técnica:
Título: Narradores de Javé
Duração/gênero: 100 min., comédia
País/Ano: Brasil, 2003
Direção: Eliane Caffé
Sinopse do filme:
História do povoado do Vale de Javé, situado no sertão baiano, que está
prestes a ser inundado para a construção de uma enorme usina hidrelétrica. Para
salvar dessa terrível situação a comunidade tenta preparar um documento oficial
contando todos grandes acontecimentos de sua história, para que Javé possa
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escapar da destruição. Como a maioria dos moradores é analfabeta, a primeira
tarefa é encontrar alguém que possa escrever as memórias dos moradores.
Análise fílmica
Após, pretende-se fazer uma contextualização da história de Javé com a
história local.
Com base na experiência e o drama vivido pelos moradores de Javé,
responda:
a) Você acha importante o registro das memórias de um povo ou localidade?
b) Se o povo de Javé o tivesse feito, poderia ter salvado aquela
comunidade? Justifique.
c) O que os moradores entendiam por “História oficial”?
d) Só as pessoas “importantes”, fazem história? De sua opinião
e) Será que nosso município também possui memórias históricas? Onde elas
estão registradas?
f) Costuma guardar fotos e objetos que lembram pessoas, época e
acontecimentos?
g) Faz registros e anotações para que as lembranças não se percam?
Segundo SCHMIDT e CAINELLI, podemos definir fonte histórica como
“fragmentos ou indícios de situações vividas, passíveis de ser explorada pelo
historiador”. (2004, p.13).
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Para ajudar na compreensão a respeito das Fontes Históricas, leia o
texto:
Texto 01
É por meio dos diversos registros das ações humanas, dos documentos, dos
depoimentos de pessoas, de fotografias, objetos e roupas, que obtemos
informações, dados e evidências sobre o real vivido por homens e mulheres nos
diversos tempos e espaços. Todos os registros e ações humanas são fontes de
estudo da História. Portanto, a história como experiência humana, torna-se objeto de
estudo e investigação importantes para o conhecimento e construção de identidade
e cidadania.
(Adaptado de Marta Souza Lima Brodbeck)
Após leitura do texto objetiva-se fazer uma reflexão junto aos alunos para que
percebam como as fontes estão presentes no seu cotidiano.
Que tipo de documentos pessoais pode-se utilizar como fonte histórica?
Será que eles também podem nos contar História?
Neste sentido colabora o historiador quando enfatiza:
Que envolve de tal forma que o próprio aluno se perceba um sujeito histórico,
capaz de interagir com o meio que está inserido. É importante que compreenda que
todas essas formas de registros são denominadas fontes históricas, e a História é
contada por meio delas.
Existem também outras fontes que podem nos auxiliar no conhecimento
histórico.
As fontes primárias são consideradas documentos históricos tais como: utensílios, mobiliários, roupas, ornamentos pessoais ou coletivos, armas, símbolos, instrumentos de trabalho, construções, templos, casas, sepulturas, esculturas, moedas, restos humanos ou de animais, ruínas e nomes de lugares. Os documentos escritos também são fontes primárias assim como as fontes visuais: caricaturas, fotografias, gravuras, filmes, vídeos, programas de TV, entre outros. (CAINELLI, 2004, p.96)
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UNIDADE V
NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
26
8 UNIDADE V – NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Guardamos fotos e objetos de pessoas queridas porque, ao fazermos isso
guardamos lembranças que tem significados para nós e nossa história. Os objetos,
as lembranças, os documentos e as fotografias fazem parte do Patrimônio
Histórico das pessoas, dos grupos e das nações.
Mas afinal o que vem a ser Patrimônio Histórico?
Certamente você já ouviu alguém falar a respeito dos bens que possui, do
patrimônio da família, etc. Isso são bens particulares. Quando referimos a patrimônio
histórico cultural na forma coletiva, são bens públicos que marcam a cultura e
identidade de um povo em relação a outros povos e outras culturas.
O Patrimônio Cultural é um bem importante que recebemos de herança e que
ajuda a contar nossa historia pessoal e coletiva. Por isso deve ser guardado e
protegido.
Patrimônio indica bens e valores materiais e imateriais que tenham
significados para a sociedade.
No Brasil o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
divide o Patrimônio Cultural em dois grupos: Imaterial e Material.
Reflita
PATRIMÔNIO IMATERIAL
É aquele que representa as práticas culturais de um povo transmitidas de
geração em geração, produzindo sentimento de identidade e continuidade,
contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e a criatividade
humana, que expressão conhecimentos e técnicas, instrumentos, festas populares,
danças, lendas e lugares reconhecidos por comunidades como parte integrante do
seu Patrimônio Cultural.
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PATRIMÔNIO MATERIAL
Podem ser compostos de bens móveis e imóveis:
Bens móveis: pinturas, esculturas, artesanato, acervos cinematográficos e
fotográficos, documentos, objetos, artefato, utensílios.
Bens imóveis: sítios arqueológicos e paisagísticos, cidades, igrejas, casas,
castelos, praças e bens individuais.
Fonte: htt://www.brasil.gov.br/sobre cultura/patrimônio/patrimonial-material-e-imaterial
Após a leitura responda:
1) Você sabe o que é um bem?
2) Quais são seus bens? Quais são os objetos mais antigos de sua família?
3) O que seria um bem cultural? Por que eles são importantes?
Pesquisa investigativa
a) No município de Goioerê existem bens considerados patrimônio cultural?
b) Quais? Vamos descobri-los?
Obs. Os alunos poderão pesquisar em livros, revistas e sites que trazem
informação sobre o município.
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O OBJETO NA SALA DE AULA –
Outra fonte histórica
Como já discutimos muitas pessoas que viveram ou ainda vivem no município
de Goioerê ainda guardam objetos e recordações relacionadas às atividades de
trabalho da época.
Mas afinal que objetos são estes?
Seriam vestimentas, tralhas, ferramentas, utensílios? Vamos pesquisar para
descobri-los?
Pesquisa
a) Procure saber junto a familiares ou amigos se tem algum objeto que eram
utilizados nos afazeres agrícolas da época, como: peneiras, moinho manual de moer
café, torradores, foices, machados, enxadas, vestimentas, botas, chapéus e outros.
b) Será que esses objetos podem nos revelar suas histórias através da
memória e narrativas de quem os utilizou?
c) Qual era função desses objetos?
d) Seu uso mudou?
e) Tais objetos ainda têm utilidade ou foram substituídos por outros mais
modernos?
Complete o quadro de acordo com as informações obtidas:
Utensílios/objetos Antes Hoje
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Os alunos farão pesquisa sobre os objetos de estudo, a intenção é incentivá-
los a conseguir o máximo de informação possível e fazê-los pensar o objeto, a
memória, como patrimônio capaz de transmitir conhecimento histórico-cultural.
− Cada aluno pesquisará quatro objetos;
− Coletar objetos dos antigos moradores e dos próprios alunos, relacionados
às atividades que desempenhavam;
− Catalogar tais objetos organizando informações referentes aos objetos
históricos;
− Organizar depoimentos e registro das memórias através de narrativas
escritas realizadas pelos alunos, que vão dispô-las em murais que ficarão
expostas juntamente com os objetos que vão compor o acervo.
O ponto relevante desta atividade será a produção das narrativas, pois
através das mesmas espera-se verificar a compreensão que os alunos tiveram a
respeito das fontes.
Discutindo conceitos:
Muitas vezes esquecemos que o local é o primeiro espaço de atuação do
homem e, portanto tudo o que nos cerca, de certa forma, é História. Nesse sentido,
devemos estar atentos ao nosso entorno. Mis do que observar acontecimentos,
devemos entendê-los de maneira crítica. De acordo com a professora Circe
Bittencourt o conhecimento histórico não se limita aos fatos, pois não se limita a
apresentar o fato no tempo e no espaço acompanhado de uma série de documentos
que comprovam sua existência. É preciso ligar o fato a temas e sujeitos que o
produziram para buscar uma explicação. (BITTENCOURT, 2009, p.183)
O conhecimento histórico é o hoje tentando entender o passado, e tudo o que
nos permitir entender como era o passado deve ser considerado um documento
histórico, até mesmo objetos e lembranças de nossos familiares.
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Reflexão:
Vamos pensar juntos:
a) Podemos dizer que um monumento histórico, mundialmente conhecido
como o Coliseu romano é tão importante quanto um objeto que está no
município de Goioerê?
b) Será que qualquer objeto pode ser considerado patrimônio histórico?
Fig.04. Disponível em: <http://tudotudomaistudomesmo.blogspot.com/2011/03/tods-no-coliseu-de-
roma.html>. Acesso em: 03 ago. 2011.
Fig.05 - Disponível em: http://lista.mercadolivre.com.br/moinho-para-cafe-manual-nr3>. Acesso em: 03 ago. 2011.
ESTRATÉGIA DE AÇÃO:
Apresentação da Proposta e de objetos de estudo: uma peneira, um par de
botas e um moedor manual de café, fazendo uso da TV pendrive e material
impresso. Sondagem conceitual inicial.
- Você conhece estes objetos?
- Para que serve?
- Conhece alguém que usou ou ainda utiliza estes objetos?
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Pesquisa bibliográfica acerca do tema sobre relações de trabalho no
município entre os anos de 1970-1980. (divisão por equipes de quatro alunos).
Estudo das fontes históricas; análise e discussão dos resultados da pesquisa.
Coleta e catalogação de objetos.
Elaboração e preenchimento de questionários para se discutir os objetos do
acervo a partir de questões relevantes ao conhecimento histórico;
Apresentação de seminários sobre os objetos; em grupo.
Organização do acervo; organização de painéis sobre história regional com
narrativas a partir do mundo do trabalho;
Apresentação dos trabalhos desenvolvidos à comunidade e exposição do
acervo.
POSSÍVEIS RESULTADOS
A avaliação será contínua, processual, através dos seguintes instrumentos:
interesse e participação do aluno nas atividades propostas, como: pesquisa,
entrevista, coleta de objetos, construção de narrativas, organização do material,
exposição, debates e outros. No final pretende-se a formação do acervo pelos
alunos.
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REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. BOITO, Dirce Josefina Longhi. Fontes históricas no ensino da história local. Trabalho apresentado a Secretaria de Estado da Educação – PDE/2007. BOSCHI, C.C. Por que estudar História? São Paulo: Ática, 2007. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: SEF/MEC, 1997. JUNGBLUT, César Augusto. História regional. Associação Educacional Leonardo da Vinci (ASSELVI) – Indaial: ASSELVI, 2008. MENESES, Ulpiano T. Bezerra. A história cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais. Revista Instituto de Estudos Brasileiros. São Paulo, 1992, p.9-24. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica. Curitiba: SEED-PR, 2008. PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio cultural: consciência e preservação. São Paulo: Brasiliense, 2009. SCHIMIDT, Maria Auxiliadora Marlene Cainelli. História local e o ensino da História. São Paulo, 2004. PAZ JUNIOR, Antonio Correia. Retratos de uma história - Goioerê 50 anos. Secretaria de Estado e Cultura. Imprensa Oficial do Paraná. Sesquicentenário, 2005. PAZ JUNIOR, Antonio Correia. Memórias de minha terra. Goioerê: Sensação, 2003. PORTELLI, Alessandro. A Filosofia e os fatos: narração, interpretação e significado nas memórias e nas fontes orais. Tempo: revista do Departamento de História da UFF, Rio de Janeiro, vol. 1, nº2, p.59-72, 1996. SAMUEL, Raphael. História local e história oral. Rev.Bras. de História. São Paulo, v.9nº19, pp.219-243, set.89/fev.90. SCHMIDT, Maria Auxiliadora Marlene Cainelli. Ensinar história: pensamento e ação na sala de aula. São Paulo: Scipione, 2010.
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FONTES:
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Disponível em:<http://www.iphan.gov.br> Acesso em: 10/05/2011. Portal Brasil.gov.br. História. Disponível em <HTTP://www.brasil.gov.br> Acesso em 12/05/2011.
Fig.01: Disponível em: <http://arrastao.org/406706.html>. Acessado em 03/08/11 Fig.02: Disponível em: <http://lista.mercadolivre.com.br/moinho-para-cafe-manual-nr3> Acessado em 03/08/11 Fig.03: Disponível em: <http://www.royalmaquinas.com.br/loja/website/168/870/ construcao-civil/peneira-para-cafe-60-cm-reforcada.html> Acessado em 03/08/11 FILMOGRAFIA: Narradores de Javé. Eliane Caffé. Brasil, 2003, 100 min.
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