oficina de jornalismo literário 2013

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TÉCNICAS TEXTUAIS NO

JORNALISMO LITERÁRIO PROF. EDUARDO ROCHA

DINÂMICA DA OFICINA

Abertura

Leitura de Textos

Apresentação das Técnicas Literárias

Exercício de observação

Produção textual

Sarau literário

Publicação no Blog

CONCEITO DE JORNALISMO LITERÁRIO

Modalidade de prática da reportagem de

profundidade e do ensaio jornalístico utilizando

recursos de observação e redação originários da

(ou inspirados pela) literatura.

Traços básicos: imersão do repórter na realidade,

voz autoral, estilo, precisão de dados e

informações, uso de símbolos (inclusive

metáforas), digressão e humanização.(Edvaldo

Pereira Lima)

CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO

LITERÁRIO

Emprego de técnicas literárias;

Profunda observação;

Profunda pesquisa de campo;

Criatividade;

Grande caracterização dos personagens;

Ambientação do fato narrado;

Fuga das regras do texto jornalístico; convencional.

E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO?

•Ir além do factual

•Ir além da objetividade

•Ir além dos dados

estatísticos

•Ir além do lead

E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO?

O Jornalismo Literário:

•Humaniza o texto

•Aprofunda a reportagem

•Trabalha a linguagem

•Observa os detalhes

•Vai além do lead

TÉCNICAS LITERÁRIAS

1. Técnicas de abertura

2. Construção cena a cena

3. Reprodução de diálogos

4. Foco narrativo

5. Fluxo de consciência

1. TÉCNICAS DE ABERTURA

1) Citação Direta

2) Citação Indireta

3) Pergunta

4) Frase Nominal

CITAÇÃO DIRETA

É a abertura com uma frase. Deve ser utilizada em

casos especiais

Possui um caráter argumentativo muito forte, pois

vem respaldado na frase de um personagem

importante dentro da história

EXEMPLO DE CITAÇÃO DIRETA

"Os computadores não são máquinas

simpáticas", diz o canadense Sidney Fels,

professor da Universidade da Colúmbia Britâncica.

Em busca de uma melhor interação, o cientista

desenvolveu o Glove Talk, uma espécie de luva

feita por realidade virtual que é capaz de

transformar sons em linguagem de sinais, usada

por sudos-mudos. Fels também é o inventor do

Iamascope, um caleidoscópio que identifica o rosto

do usuário e toca melodias conforme este se

movimenta.

Época 29 de junho

CITAÇÃO INDIRETA

É a utilização do discurso indireto na abertura do

texto.

Indicada quando não se lembra literalmente da

uma frase

EXEMPLO DE CITAÇÃO INDIRETA

Ser ou não

Disse Alexandre Dumas que Shakespeare, depois de Deus, foi o poeta que mais criou. Aos 37 anos, já escrevera 21 peças e inventara uma forma de soneto. Era um rico proprietário de terras e sócio do Globe Theatre, de Londres. Suas peças eram representadas regularmente para a rainha Elizabeth I. Na Tragégia de Hamlet, Prícipe da Dinamarca, publicada em 1603, Shakespeare superou a si mesmo, tomando uma antiga história escandinava de fraticídio e vingança e transformou-a numa tragédia sombria sobre a condição humana, traduzida quase 1000 vezes e encenada sem cessar. Sarah Bernhardt, John Gielgud, Laurence Olivier, John Barrymore e Kenneth Branagh, todos buscaram entender o melancólico dinamarquês.

Veja - especial do Milênio

PERGUNTA

Recurso que desperta o interesse do leitor, pois o

leva a refletir sobre a indagação que está sendo

feita

EXEMPLO DE ABERTURA COM PERGUNTA

Onde estão os melhores programas da TV a cabo? Que programas merecem que se reserve um bom tempo para a televisão? Quais as diferenças entre canais que oferecem programação do mesmo gênero? Onde encontrar bons documentários, filmes inéditos, notícias ao vivo, transmissões esportivas?

A equipe da revista da TV sentou-se na frente da televisão, de controle remoto em punho, e apresenta este número especial, concebido como um guia da TV que os gaúchos assinam. Que ninguém se enrosque nos cabos, nas antenas ou na informação. Televisão por assinatura é toda modalidade que se paga pra acessar. (...)

Zero Hora, 27 de junho de 1999

FRASE NOMINAL

Quando utilizamos uma ou duas frases nominais

para explicá-la na sequência do texto

EXEMPLO DE ABERTURA

COM FRASE NOMINAL

Garra. Determinação. Entusiasmo. Esse é o

espírito que parece estar de volta ao Estádio

Olímpico. Desde os tempos de Felipão como

técnico do tricolor não se via um time com tanto

afinco no gramado do Olímpico.

Zero Hora - 21 de junho de 1999

2 - NARRAÇÃO CENA A CENA

Construção cena a cena (cena presentificada) –

é o relato detalhado do acontecimento à medida

que ele se desenvolve, desdobrando-o como em

uma projeção cinematográfica. Mas, como a vida

do personagem não transcorre somente no

universo de suas ações diretas, pode-se

estabelecer relações com acontecimentos

paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para

o destino do biografado

EXEMPLO DE

NARRAÇÃO CENA A CENA

Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno grupo de policiais. Todos uniformizados. Passeiam pela sala e olham a biblioteca. Riem com sarcasmo. Pegam o livro História da Diplomacia. "Assim que os kosovares descendentes de albaneses também querem ser diplomatas?" Mudam o tom da conversa. Gritam. "Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma mala", ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo irás para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem sequer poderás voltar a sonhar com Kosovo", profetizam.

3 - REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS

Reprodução do diálogo das personagens –

segundo Tom Wolfe, os diálogos são um dos

recursos que mais envolvem o leitores.

REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS - EXEMPLO

Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses da área onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O salão forma um “L” e não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras, ao lado esquerdo e ao fundo, peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas máquinas de costura. E outros dois balcões de madeira. São antigos, de imbuia. “Tem mais de cem anos”, diria mais tarde seu Mascarin. São usados para riscar moldes e cortar tecidos. Um velho rádio, da Motorádio, está sintonizado numa emissora AM que toca Nelson Gonçalves quando eu chego. O aparelho completa a decoração do ateliê. É como se eu abrisse uma porta para o passado. Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção. - Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.” - Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito para falar. Estamos no fim de carreira.

(CONTINUAÇÃO) A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado

da roça, fez o que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora de procurar emprego, um ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo. Nessa época, por volta de1950, São Carlos tinha talvez centenas de alfaiatarias. - Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin. - 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira vez para corrigir o colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se conheceram. Seu Peixe tinha 10 anos de idade. Os cabelos estão brancos. É um homem esguio, alto mesmo, quase um metro e noventa de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os efeitos dos anos quando ele se levanta, para os cumprimentos. É homem frágil. - Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente. Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de costura, por várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O olhar se fixa e se perde em algum ponto. Parece querer relembrar fatos, pessoas, lugares e histórias enquanto seu Mascarin ativa na memória os tempos em que São Carlos era a capital dos alfaiates brasileiros.

4 - FOCO NARRATIVO

Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a

perspectiva pela qual é contada a história. Pode

ser:

Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador-

personagem (1ª. Pessoa).

FOCO NARRATIVO

Narrador-observador

Exemplo:

“Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força em se mostrar amável por causa da visita convidada para a pescaria, vinha mal-humorado daquelas cinco léguas cabritando na estrada péssima. Alias o fazendeiro era de pouco riso mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos que o mumificavam naquele esqueleto agudo e taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.

FOCO NARRATIVO Narrador- personagem – quando o narrador

participa da história

Exemplo

“Vai então, empacou o jumento em que eu vinha

montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela,…” “mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.” -Memórias Póstuma de Brás Cubas,de Machado de Assis.

FLUXO DE CONSCIÊNCIA

Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de

consciência é como instalar uma câmera na

cabeça da personagem, retratando fielmente sua

imaginação, seus pensamentos. Como o

pensamento, a consciência não é ordenada.

Presente e passado, realidade e desejos, falas e

ações se misturam na narrativa.

FLUXO DE CONSCIÊNCIA

Exemplo

Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar

Victoria Street. Porque só Deus sabe porque amamos

tanto isto, o concebemos assim , elevando-o,

construindo-o à nossa volta, derrubando-o, criando-o

novamente a cada instante, mas até as próprias

megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às

portas (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se

podia resolver o seu caso, ela tinha a certeza, com leis

parlamentares por esta simples razão: porque amam a

vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa, Ulisseia,

1982, pp.5-6)

EXERCÍCIO

A partir da matéria jornalística fornecida, construa um texto utilizando as técnicas literárias.

BIBLIOGRAFIA

JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias.

Disponível em: http://migre.me/5KNuv . Acesso em 7.set.2011

LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo,

Manole, 2004

PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos,

Disponível em: http://migre.me/5KNkI . Acesso em 7.set.2011

SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível

em Fonte: http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em

5.ago.2011

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