o sofrimento de renoir

Post on 16-Apr-2017

4.979 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

Renoir - O impressionista que pintou pela dor

Le Moulin de la Galette (1876)

“Quando olhamos as pinturas de Renoir, é fácil esquecer que ele carregava um grave

problema (…). Pintar foi quase uma necessidade física e, às vezes, uma cura,

como se desejasse criar sobre a tela aquelas coisas que era obrigado a perder na vida real por causa de sua limitação”, relatava

um artigo publicado há alguns anos no ‘British Medical Journal’.

O balanço, 1876 A primeira saída, 1877

O almoço dos remadores, 1880-1881

No jardim, 1885 Os guarda-chuvas, 1886

As grandes banhistas (Les Grandes Baigneuses)Pierre-Auguste Renoir, 1884-1887

Renoir en 1893

Poucos sabem que o grande pintor impressionista, Pierre-Auguste Renoir

(1841-1919), sofreu em seus últimos 25 anos de vida uma dolorosa e severa artrite

reumatóide.

Auto retrato

Cavaletes com roldanas e pincéis

atados às suas mãos deformadas foram alguns dos

recursos que Renoir teve que empregar

para poder continuar pintando.

Foi graças a um dos netos do pintor, Paul

Renoir, que foram revelados, durante o 13º Congresso Europeu de Reumatología

(Ámsterdam, 1995), alguns aspectos até então desconhecidos da enfermidade de

seu avô.

Renoir

O fato é que não se conservou o histórico médico de Renoir mas, graças às fotografías

mostradas pela família, às suas cartas pessoais e às notas biográficas de pessoas próximas, “é possível ter-se uma idéia do

curso de sua enfermidade", comentava um texto assinado por vários reumatólogos

holandeses.

Acredita-se que sua artrite tenha começado quando tinha 50 anos e que tenha se manifestado de forma mais

agressiva na década seguinte; durante os últimos anos de sua vida o deixou

praticamente inválido.

1896- Renoir com 55 anos. Observando a imagem de perto, pode-se visualizar o inchaço das

articulações.

1903- Aqui vemos que a artrite se tornou mais agressiva. A fotografia revela que

Renoir, com a idade de 62 anos, se esforça para mantener seu cigarro inseparável em

suas mãos deformadas.

Uma serie de imágens mostra como a enfermidade afetou suas pernas e seus

pés.

Em 1901, con 60 anos de idade, quando seu filho caçula Claude (Coco) nasceu, Renoir teve que usar uma bengala

para caminhar.

Em 1890, com a idade de 49 anos, Renoir se casou com Aline Charigot, de 26, com

quem teve três filhos: Pierre, Jean e Claude (Coco).

Pierre Renoir 1890 Jean Renoir 1901 Claude Renoir (Coco) 1910

Aline Charigot (1885), esposa de Renoir

Aline com Pierre, 1887

Em 1908, para Renoir se tornou difícil caminhar com uma só bengala e o pintor começou a utilizar duas.

A partir de 1912, Renoir passou a usar uma cadeira de rodas. Nesta foto está sentado ao lado de suas pinturas e de sua modelo e nora,

Catherine Hessling, "Dédée“(Quadro: Loira com a rosa, 1915)

As bandagens eram utilizadas para absorver o suor e evitar mais danos às mãos.

1915. Renoir com seus sapatos de lã devido à grave deformidade dos pés.

A grave artrite lhe causou dores terríveis. Os ossos se dobravam e a carne secava

(sofria de suor por síndrome constitucional que o levou a uma extrema caquexia).

À esquerda: Renoir em 1915. A imagem mostra a caquexia reumatóide. À direita: podemos ver a

magreza de seu rosto no "Auto retrato", pintado em 1910.

Em 1907 pesava 49 quilos e mal podia sentar-se. Depois de 1910 não pode mais locomover-se com

muletas e permanceu prostrado em uma cadeira de rodas.

Aqui o vemos em uma

cadeira de rodas.

A terapia a que Renoir foi submetido se baseou em exercícios físicos, purgantes e antipirina, um derivado das pirazolonas.

Não obstante, parece que ele limitava seu uso por que temia que prejudicasse sua

criatividade artística.

Também passava longas temporadas com sua família em alguns balneários

do sul da França (Vichy, Bourbonne-les-Bains e Aix-les-Bains) para beneficiar-se

do calor.

Renoir acreditava que esses períodos lhe eram realmente benéficos. Por isso, quando

já não podia mais locomover-se, mandou construir a casa de Les Collettes, em Cagnes-Sur-Mer, próxima a Niza, onde passava longo

tempo ao ar livre, entre as oliveiras.

A Granja Les Collettes

1917 - Renoir nos jardins de Cagnes-sur-Mer. Quando precisava ir a lugares nos quais que era difícil chegar em cadeira de rodas, era carregado por seus

amigos e familiares.

1919

Porém isso não o impediu de continuar pintando - segundo seu neto - mais de 400 telas, período no qual também não deixou de viajar e enrolar seus cigarros.

Em 1915, no primeiro verão desde o início da 1ªguerra mundial, Renoir visitou o túmulo de

sua mãe em Essoyes, e depois viajou novamente para Paris. Nesta cidade o pintor,

que estava com 78 anos, sentado na sua cadeira de rodas, foi ver seus quadros favoritos do Louvre: François Boucher,

Delacroix e Corot, e a ‘As bodas de Canaã,’ de Veronese, pintura grande e transbordante de cor, junto à qual, de acordo com o desejo

de Renoir, em um lugar de honra, estava pendurado seu pequeno estudo com o retrato

de Madame Charpentier de 1877.

Retrato de Madame Charpentier, 1877

De volta a Cagnes continuou pintando até concluir sua composição 'Descanso após o

banho'. Algumas horas antes de morrer devido a uma grave pneumonia, pintou uma natureza morta: uma cesta com maçãs que lhe havia trazido seu filho, o cineasta Jean

Renoir.

1916

Suas últimas palavras dizem muito do espírito lutador do pintor:

“Hoje aprendi algo”

Pierre-Auguste Renoir morreu no dia 3 de dezembro de 1919, por causa de uma forte

pneumonia, e foi enterrado em Essoyes, junto à sua esposa Aline Charigot.

Aline Charigot ,1854- 1915

Túmulo da familia Renoir em Essoyes

Museu Renoir em Cagne-Sur-Mer

Auto retrato de Renoir. 1875

Menino com gato, 1868 O passeio, 1870

Leitoras, 1874 O camarote ,1874

O final das férias de 1879 No terraço - 1881

Baile na Cidade, 1883 Baile em Bougival, 1883 Baile no campo, 1883

Menino na praia de Yport, 1883 Menina com chicote, 1885

Criança com gato, 1887 Menina com espigas, 1888

Depois do banho, 1888 Lavadeiras em Baltimore, 1888

Jovens tocando piano, 1892 No Prado, 1892

Retrato de Julie Manet, 1894 Gabrielle com Jean, 1896

Banhista de cabelo loiro, 1906

Banhista sentada secando a perna, 1914

Banhistas (1818-19)

Mulher no toucador, 1918

O concerto, 1919

Música - L’Amour rêve (André Gagnon)

Pierre Auguste RenoirPierre Auguste Renoir(Limoges 1841, Cagnes-sur-Mer (Limoges 1841, Cagnes-sur-Mer

1919)1919)

top related