O DRAMA DO SOFRIMENTO DO

JUSTOPr. Eid Marques

Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas? Por que coisas boas acontecem a pessoas ruins?

Por que o justo sofre? Por que aqueles que andam com Deus provam nesta vida o cálice amargo da dor? Por que o justo precisa cruzar desertos escaldantes, atravessar vales escuros e pisar caminhos cheios de espinhos?

Por que o justo enfrenta pobreza, enfermidade e privações enquanto muitos que blasfemam o nome de Deus parecem viver uma vida folgada, com o corpo sadio, cercados de riquezas e glórias humanas?

Você já fez perguntas com estas?

Esse não é um problema simples nem fácil de responder. O sofrimento do justo é um dos temas mais complexos da Bíblia, e precisamos fazer algumas reflexões. Convido você a ler o Salmo 73. Nele vemos algumas verdades importantes.

1. O Sofrimento do Justo  

Asafe, ao ver a prosperidade do ímpio e sentir na carne a dor das provações, abriu seu coração para Deus e disse: “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado.”

Salmos 73:13,14

O mesmo Asafe ainda pergunta: “Ó Deus, até quando o adversário afrontará?...”

Salmos 74:10

O apóstolo Paulo chega a dizer que todos aqueles que quiserem viver piedosamente em Cristo serão perseguidos.

2 Timóteo 3:12

A vida Cristã não é uma sala vip nem um parque de diversões, mas uma arena de muitas lutas, uma saga de muitas lágrimas, um combate disputado sem descanso e sem pausas.

O Senhor nunca nos prometeu ausência de luta; prometeu-nos vitória segura. Ele nunca nos prometeu uma caminhada fácil; prometeu-nos chegada certa. Ele nunca nos prometeu ausência de aflição na jornada; prometeu-nos consolo no vale. Ele nunca nos prometeu um paraíso na terra; prometeu-nos bem-aventurança no céu.

A diferença entre um justo e um ímpio não está necessariamente nas circunstâncias que ambos enfrentam. O Senhor Jesus disse que só há dois tipos de pessoas no mundo: aqueles que constroem sua casa sobre a areia e aqueles que a constroem sobre a rocha.

Sobre ambas as casas, acontecem as mesmas coisas: cai a mesma chuva no telhado, sopra o mesmo vento na parede e bate o mesmo rio no alicerce. Uma casa cai, mas a outra fica em pé. O que distingue o justo do ímpio é que este constrói na areia, e aquele, na rocha. A casa deste cai, e a daquele fica em pé no meio da tormenta.

Asafe está sendo castigado e, a cada manhã, afligido. Não é poupado de aflições. Ao mesmo tempo, os ímpios estão prosperando. Estão cercados de amigos. Na sua boca, há riso; e na sua casa, riqueza. As coisas parecem invertidas.

Aqueles que servem a Deus parecem castigados, e os que desandam a boca para blasfemar contra Deus parecem premiados. Mas esse quadro é apenas um lado da moeda. Os justos têm Deus como herança, mas a herança dos ímpios será como a cinza de uma fornalha. Os ímpios ficarão desamparados, enquanto os servos de Deus serão exaltados e glorificados.

A grande pergunta que se levanta é: Se Deus é bom, por que há tanto mal no mundo? Se Deus nos ama, por que sofremos? Se somos filhos de Deus, por que ele não nos poupa da aflição? Se Jesus Cristo já levou sobre si os nossos pecados e as nossas dores, por que ainda padecemos enfermidades?

2. As Tensões que o Sofrimento do Justo Produz 

Se somos filhos do rei e herdeiros com Cristo, por que ainda enfrentamos privações financeiras? Não é simples conjugar o amor de Deus com o sofrimento do justo.

Poderíamos compreender facilmente a razão dos homens maus colherem os frutos da sua semeadura maldita, mas, como explicar o sofrimento daqueles que andam na inocência e vivem com integridade de coração?

Como explicar que Jó, sendo o melhor homem do seu tempo, sofreu os maiores golpes na sua saúde, na sua família e na sua vida financeira? Como entender que Paulo, o maior de todos os apóstolos, enfrentou prisões, cadeias, açoites e passou o final de seus dias numa masmorra romana antes de ir para a guilhotina para ser decapitado?

Como entender que o precursor do Messias, João Batista, foi humilhantemente decapitado por ordem de um rei bêbado?

Asafe está em crise porque, ao ver a prosperidade dos ímpios, percebeu que as vidas deles pareciam ser melhores do que a sua. O ímpio tinha dinheiro, saúde, amigos, prazeres, e ele, Asafe conservando-se piedoso e íntegro, estava sendo amassado como o barro pelas várias provas da vida.

Sim, o sofrimento do justo ainda nos aflige. Ainda nos aflige ver um crente piedoso padecendo de uma enfermidade grave. Ainda nos aflige ver os servos de Deus privados dos frutos da terra, enquanto os ímpios que abrem a boca contra Deus se fartam com o melhor deste mundo.

É importante saber, porém, que a vida não se limita apenas ao que acontece aqui na terra. Há ainda uma eternidade pela frente.

E como ela será?

3. O Sofrimento de hoje não se compara com as glórias da Eternidade!

Romanos 8

18

Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.

Deus jamais nos prometeu tranquilidade nesta vida. Recebemos poder não para escapar do sofrimento, mas para enfrentá-Io e vencê-lo. Jesus disse: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”

João 16:33

Ser cristão não é estar isento contra as tempestades da vida. Aqueles que constroem sua casa sobre a rocha enfrentam as mesmas circunstâncias daqueles que a constroem sobre a areia. A grande diferença não é o que nos acontece, mas em quem pomos a nossa confiança na hora da tempestade.

Nós não temos apenas consolo e segurança no sofrimento aqui, mas também a promessa segura da bem-aventurança na vida por vir. Enquanto os ímpios acordarão para uma condenação inevitável e eterna, os salvos, que sofreram, acordarão para uma eternidade de alegria imensa.

Esse foi o grande consolo de Asafe, quando lhe abriu Deus os olhos para o discernimento. Toda a recompensa do ímpio está neste mundo. Toda glória que possui limita-se apenas a esta vida. Os justos, entretanto, têm o Senhor como herança e a glória por vir. O melhor da nossa vida está pela frente.

Salmos 7323 Todavia, estou sempre contigo, tu me

seguras pela minha mão direita.

24 Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória.

25 Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.

26Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.

Salmos 73

27Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo.

28Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos.

O apóstolo Paulo diz: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.”

Romanos 8:18

Paulo, ainda, continua: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.”

2 Coríntios 4:17-18

A nossa recompensa não está aqui. Caminhamos para a Casa do Pai, para o

Paraíso, para a Cidade santa, a Nova Jerusalém, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima, e onde, com um corpo de glória, reinaremos com Cristo pelos séculos dos séculos.

Então, o sofrimento do justo não será mais lembrado, pois as glórias do céu nos encherão de uma alegria tal que não haverá mais espaço para se pensar na dor!

Um dia Deus enxugará dos

nossos olhos toda lágrima!Pr. Eid Marques