o romantismo - poesia

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Breve apresentação sobre o movimento romântico e sua poesia.

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A Poesia Romântica

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:Ideologia Burguesa;Subjetivismo;Sentimentalismo;Idealização;Evasão;Harmonia com a natureza;Liberdade;Nacionalismo.O Culto do Passado

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:

Sentimentalismo: o “eu” torna-se o centro do universo – egocentrismo. As razões do coração opõem-se ao racionalismo clássico;

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:

Supervalorização do amor: o amor foi encarado como o valor mais importante da vida em oposição àquele mais cultivado pela burguesia: o dinheiro;

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:

Mal-do-século: o poeta sentimental, que supervalorizava o amor, sentia-se frustrado e desajustado diante da realidade, o que gerava uma sensação de angústia, tédio, insatisfação e melancolia (spleen).

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:

Evasão: tentando encontrar saídas para esse estado de angústia, o romântico desenvolveu mecanismos de fuga da realidade:

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:

Evasão no tempo: o romântico procurou raízes da nacionalidade na Idade Média cavalheiresca e cristã e criou heróis nacionais – Walter Scott > Robin Hood;

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:

Evasão no espaço: o romântico exalta a natureza, concebida como extensão do próprio “eu” – se o poeta é triste, o cenário natural também o é, com uma predileção pelas paisagens noturnas;

A Poesia RomânticaCaracterísticas fundamentais:

A morte: essa foi a fuga mais radical, a solução definitiva de todos os conflitos.

A Poesia RomânticaCONTEXTO HISTÓRICO

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Art. 11º. A livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem: todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, embora deva responder pelo abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei.

A Poesia RomânticaA poética Romântica: Influências

Mito do “bom selvagem” de Jean J. Rousseau;

A Poesia RomânticaA poética Romântica: Influências

Alemanha: em fins do século XVIII, o movimento Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto) é responsável por uma onda de emotividade levada ao extremo. O sentimentalismo presente em Os sofrimentos do jovem Werther, romance de Goethe que conta a história de um jovem que se mata por causa de um amor impossível, tornou moda na Europa o suicídio;

A Poesia RomânticaA poética Romântica: Influências

Inglaterra: Sir Walter Scott, autor de Ivanhoé, escrevendo romances históricos, iniciou uma corrente de superstições e fantasmas. Lord Byron, mostrou que que a vida do artista confundia-se com a própria obra, ele é a expressão do ideal romântico: além de escrever poesia ultrarromântica, cheia de pessimismo, participou de lutas pela independência da Grécia.

A Poesia RomânticaO Romantismo no Brasil:

Contexto Histórico

Revolução Francesa / Ascensão da Burguesia;Chegada da Família Real (1808);Capital: Rio de Janeiro;Independência do Brasil (1822).

A Poesia RomânticaO Romantismo no Brasil

Primeira obra intencionalmente romântica da literatura brasileira: Suspiros poéticos e saudades

(1836), de Gonçalves de Magalhães.

A Poesia RomânticaO Romantismo no Brasil

Guardai os louros vossos,Guardai-os, sim, qu'eu hoje os renuncio.Adeus, ficções de Homero!Deixai, deixai minha almaEm seus novos delírios engolfar-se,[...]Só de suspiros coroar-me quero,[...]Só quero suspirar, gemer só quero,E um cântico formar co'os meus suspiros;

A Poesia RomânticaFases da poesia romântica brasileira

Primeira fase (1830 a 1840):

Nacionalismo; Indianismo; Cor local.

Principais representantes:

Gonçalves Dias* Porto Alegre

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

Antônio Gonçalves Dias nasceu a 1° de agosto de 1823, nos arredores de Caxias, no Maranhão. Filho de português e mestiça, após a morte do pai é mandado pela madrasta, em 1838, a Coimbra para estudar Direito. Ao longo do curso, participa do grupo de poetas medievalistas que se reunia em torno do periódico “O Trovador”. Formado em 1844, retorna ao Maranhão e conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, que lhe inspiraria mais tarde o poema” Ainda uma vez – adeus!”.

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

É incumbido de missões de estudos ao Norte e à Europa. Faleceu de regresso ao Brasil em 31 de Janeiro de 1864, quando o navio em que viajava, o “Ville de Boulogne”, naufragou nas costas do Maranhão. Além dos primeiros cantos, deixou: Leonor de Mendonça, teatro (1847), segundos cantos e Sextilhas de Freis Antão (1848), últimos Cantos (1851), Os Timbiras (1857), Dicionário da Língua Tupi (1858), Obras Póstumas (6 vols., 1868-1869). 

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

Gonçalves Dias foi o primeiro poeta autenticamente brasileiro, na sensibilidade e na temática, e das mais altas vozes do lirismo Brasileiro. A ele se deve a entrada pela primeira vez em uma literatura realmente Brasileira e Nacional.  

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

Destacou-se na poesia lírico-amorosa, indianista e nacionalista. A temática principal de seus poemas era a valorização das maravilhas da natureza pátria, na qual o índio ocupou seu lugar de destaque, tendo como influência as ideias de Rousseau, com o mito do “Bom Selvagem”.

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

O índio era o foco da literatura, pois era considerada uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos.

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

Soube manejar com habilidade numerosos ritmos, vários tipos de versos e diversas formas de composição. Já no lirismo sentimental conseguiu não apenas descrever com eloquência os encantos da mulher amada, mas também particularizar um modo de ver a natureza em profundidade, tratar os dissabores da vida, dos sofrimentos e da morte, bem como traduzir o gosto e o sentimento da solidão.

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

Sua obra poética, lírica ou épica, enquadrou-se na temática americana , isto é, de incorporação dos assuntos e paisagens brasileiros na literatura nacional, fazendo-a voltar-se para a terra natal, marcando assim a independência em relação a Portugal

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

Ao lado da natureza local, recorreu aos temas em torno do indígena, o homem americano primitivo, tomado como o protótipo de brasileiro, desenvolvendo, com José de Alencar na prosa, o movimento do “Indianismo”, que conferiu caráter nacional à literatura brasileira.

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864) 1° Geração - Nacionalista-Indianista

Características Principais

• O culto e exaltação da natureza, vista quase sempre como reflexo de Deus;

• Tendência para a solidão, em contato com a natureza, longe da sociedade;

• Derramamento lírico, em que o poeta extravasa as emoções e sentimentos de forma livre e espontânea;

Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864)

1° Geração - Nacionalista-Indianista

• Metrificação variada e livre, sem o rigor formalista da poesia clássica.

• Repetição de palavras que reforça a ideia que se quer transmitir

• O uso frequente de reticências e interjeições como recurso que expressa bem os estados da alma.

A Poesia RomânticaCanção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;

As aves que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar - sozinho, à noite -

Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;

Sem que ainda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Gonçalves Dias

A Poesia RomânticaI-Juca Pirama

Meu canto de morteGuerreiros, ouvi:

Sou filho das selvas,Nas selvas cresci;

Guerreiros, descendoDa tribo tupi

Da tribo pujante,Que agora anda errante

Por fado inconstante,

Guerreiros, nasci:Sou bravo, sou forte,Sou filho do Norte;

Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi.

Atividades1. (ENEM/2001)

Texto I

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.[...]

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar — sozinho, à noite —Mais prazer eu encontro lá;Minha terra tem palmeiras

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeirasOnde canta o Sabiá.

DIAS, G. Poesia e prosa completas.Rio de Janeiro: Aguilar,

1998.

Atividades1. (ENEM/2001)

Texto IICanto de regresso à Pátria

Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o marOs passarinhos daqui

Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosasE quase tem mais amores

Minha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de láNão permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morraSem que volte pra São Paulo

Sem que eu veja a rua 15E o progresso de São Paulo

ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São Paulo: Círculo do Livro, s/d

Atividades1. (ENEM/2001)

Os textos 1 e 2, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que:

a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se revestem os dois textos.

b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto 2, que valoriza a paisagem tropical realçada no texto 1.

c) o texto 2 aborda o tema da nação, como o

texto 1, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira.

d) o texto 1, em oposição ao texto 2, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.

e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.

Atividades3. (UEM-PR)

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.[...]

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar — sozinho, à noite —Mais prazer eu encontro lá;Minha terra tem palmeiras

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeirasOnde canta o Sabiá.

DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar,

1998.

Atividades3. (UEM-PR)Sobre o poema, escrito em Coimbra, Portugal, é correto afirmar:

a) O poema retrata o sofrimento do eu-lírico em função da distância da mulher amada. O termo "Sabiá", recorrente nos versos, refere-se figurativamente ao amor feminino.

b) A utilização dos termos "cá" e "lá" atém-se principalmente à necessidade de criar rimas, mais do que ao desejo do poeta de estabelecer o contraste entre espaços distintos.

c) Para o eu-lírico, estar exilado não significa necessariamente estar longe da terra, mas das suas referências de infância, fator que acentua a

expressão saudosista do poema.

d) Nesse poema, é possível reconhecer uma dialética amorosa trabalhada entre o desejo sexual pela mulher e sua idealização. O desejo se configura pelo verso "Mais prazer encontro eu lá" e a idealização, pelos versos "Não permita Deus que eu morra/ Sem que eu volte para lá".

e) A ênfase na exuberância da paisagem é estruturada a partir do jogo de contrastes entre a natureza tropical e a natureza europeia. Os versos da segunda estrofe reiteram a grandiosidade paisagística brasileira, além de enfatizarem a identidade do eu-lírico.

Atividades4. UFPE

“Minha terra tem palmeiras

onde canta o sabiá

As aves que aqui gorjeiam

não gorjeiam como lá”.

Do poema Canção do Exílio, do romântico Gonçalves Dias, resultou uma série de paráfrases e paródias de poemas que cantam as saudades da terra. uma delas foi a de Chico Buarque, da qual se apresenta um fragmento a seguir:

Sabiá

“Vou voltar ainda vou voltar para meu lugar

E é ainda lá que eu hei de ouvir cantar uma sabiá...

Vou deitar à sombra de uma palmeira que já não há

Colher a flor que já não dá...”

Considerando as semelhanças e diferenças entre os dois poemas, assinale a alternativa incorreta.

Atividades4. UFPE

a) o primeiro poema, representando o Romantismo,

apresenta uma visão otimista da pujança da natureza brasileira, enquanto o segundo, representando o Modernismo, atualiza criticamente o dito e expressa a consciência pessimista das carências e da destruição da natureza na terra natal.

b) Gonçalves Dias descreve a sua terra com formas

verbais no tempo presente; Chico Buarque o faz numa tensão entre o futuro e o presente, que se mostra negativo.

c) em ambos os poemas, o advérbio lá refere-se a um lugar de que estão distantes as vozes do eu poético.

d) a musicalidade dos versos, a rima, a métrica o

sentimento de perda que compõem a poesia

saudosista do Romantismo são retomados nos versos de Chico Buarque.

e) assim como o texto atual, os versos do poeta

maranhense fazem apologia da infância, dos amores

vividos e das belezas naturais de seu país, preservadas pela ação dos nativos.

Atividades5. (PUC-RS) Para responder à questão, ler o texto que se segue.

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.[...]

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;Em cismar — sozinho, à noite —

Mais prazer eu encontro lá;Minha terra tem palmeiras

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeirasOnde canta o Sabiá.

DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar,

1998.

Atividades5. (PUC-RS) Para responder à questão, analisar as afirmativas que seguem, sobre o texto.

I. Através do texto, o poeta realiza uma viagem introspectiva a sua terra natal - ideia reforçada pelo emprego do verbo "cismar".

II. A exaltação à pátria perdida se dá pela referência a elementos culturais.

III. "Cá" e "lá" expressam o local do exílio e o Brasil, respectivamente.

IV. O pessimismo do poeta, característica determinante do Romantismo, expressa-se pela saudade da sua terra.

Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas:

a) a I e a II, apenas;

b) a I e a III, apenas;

c) a II e a IV, apenas;

d) a III e a IV, apenas;

e) a I, a II, a III e a IV.

A Poesia RomânticaFases da poesia romântica brasileira

Segunda fase (1840 a 1850):

Ultrarromantismo; Mal-do-século

Spleen Excessos do subjetivismo e do emocionalismo

Pessimismo Escapismo - evasão

Principais representantes: Junqueira Freire

Casimiro de Abreu Álvares de Azevedo*

Álvares de Azevedo (1831 - 1852)2° Geração – Mal-do-século

Lira dos Vinte Anos (1853): nos mais de trinta poemas que compõem a primeira parte, o eu lírico volta-se para o que caracteriza a poesia ultrarromântica: aborda o sentimento amoroso de modo onírico e mórbido.

Álvares de Azevedo (1831 - 1852)2° Geração – Mal-do-século

Lira dos Vinte Anos (1853): o eu lírico, a todo instante, refere-se ao temor de amar, há certo pudor em relação à volúpia, que se manifesta livremente apenas no mundo imaginário, no mundo visionário, platônico.

Álvares de Azevedo (1831 - 1852)2° Geração – Mal-do-século

Características fundamentais:Amor platonizado e com tendências

eróticas;Reflexo dramático do adolescente;Contraste entre sonhar o amor e a

fuga de sua posse;A poesia com um tom de desespero

e a profunda intuição da morte próxima.

A Poesia RomânticaEra uma noite: - eu dormia...E nos meus sonhos reviaAs ilusões que sonhei!E no meu lado senti...Meu Deus! por que não morri?Por que no sono acordei?

No meu leito adormecida,Palpitante e abatida,A amante de meu amor,Os cabelos recendendo

Nas minhas faces correndo,Como o luar numa flor!

Álvares de Azevedo

Casimiro de Abreu (1839 - 1860)2° Geração – Mal-do-século

Vivendo três anos em Portugal, onde elaborou boa parte de Primaveras, Casimiro de Abreu desenvolveu o sentimento de exílio, que tanto perseguia os românticos. Inspirado em Gonçalves Dias, escreveu uma série de poemas impregnados de nostalgia da terra natal, denominados Canções do exílio. Neles, contudo, não chega a alcançar o nível de seu modelo.

Casimiro de Abreu (1839 - 1860)2° Geração – Mal-do-século

No entanto, não é apenas a saudade do Brasil e a correspondente sensação de estar exilado que anima a sua lírica. O que o consagrou foi a nostalgia (tipicamente romântica) daquelas realidades pessoais que ficam para trás: a mãe, a irmã, o lar, a infância. Tornou-se, por excelência, o poeta da "aurora da vida", do tempo perdido, das emoções da meninice. Mesmo sabendo que a infância não significa o paraíso, sucumbiu à doçura dessas lembranças.

Casimiro de Abreu (1839 - 1860)2° Geração – Mal-do-século

À parte isso, o poeta atrai o leitor com o ritmo fácil, a singeleza do pensamento, a ausência de abstrações, o caráter recitativo e o tratamento sentimental que empresta ao tema, garantindo a eternidade de pelo menos um poema, “Meus oito anos”:

Casimiro de Abreu (1839 - 1860)2° Geração – Mal-do-século

“Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!”

Casimiro de Abreu (1839 - 1860)2° Geração – Mal-do-século

“Como são belos os diasDo despontar da existência!- Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;O mar é - lago sereno,O céu - um manto azulado,O mundo - um sonho dourado,A vida - um hino d'amor!”

A Poesia RomânticaFases da poesia romântica brasileira

Terceira fase (1850 a 1860):

Condoreirismo Temas sociais e políticos

Liberdade Tom retórico exaltado

Pré-realismo

Principais representantes: Fagundes Varela Castro Alves*

Castro Alves (1847 - 1871)3° Geração – Condoreirismo

A poesia da terceira geração ficou conhecida como condoreira, nome cuja raiz remete ao pássaro andino condor, ave solitária que atinge grandes altitudes e, por isso, tem uma visão mais abrangente do horizonte.

Castro Alves (1847 - 1871)3° Geração – Condoreirismo

Embora romântico, sobretudo pelo que tem de defesa da liberdade, sua poesia é oposta à de seus antecessores.

Castro Alves (1847 - 1871)3° Geração – Condoreirismo

Sua arte mostra-se grandiloquente e apelativa, visando despertar o povo brasileiro para as questões sociais.

Castro Alves (1847 - 1871)3° Geração – Condoreirismo

Seu principal tema é a questão do negro escravo.

A Poesia RomânticaIV

Era um sonho dantesco… o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho.

Em sangue a se banhar.Tinir de ferros… estalar de açoite…Legiões de homens negros como a

noite,Horrendos a dançar…

Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretasRega o sangue das mães:

Outras moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente…

E da ronda fantástica a serpenteFaz doudas espirais …

Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos… o chicote estala.E voam mais e mais…

Presa nos elos de uma só cadeia,A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!Um de raiva delira, outro

enlouquece,Outro, que martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,

E após fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,Diz do fumo entre os densos

nevoeiros:"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!…"

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .

E da ronda fantástica a serpenteFaz doudas espirais…

Qual um sonho dantesco as sombras voam!…

Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E ri-se Satanás!…

Castro Alves

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