o meu lugar

Post on 10-Jul-2015

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Lifestyle

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Hoje eu acordei, e não estava em lugares costumeiros. Acordei em um tempo novo, em uma nova época, em um novo mundo.

Levantei-me da cama.

Meus pés tocam algum tipo de solo empoeirado, ríspido e frio.

Mas a sensação é agradável.

Cheiro de terra, de mato, de chuva fina de uma manhã escura e cinzenta.

Caminho a passos lentos, suaves, a gravidade parece diminuta nesse lugar.

O ambiente é denso, e não vejo um palmo diante de meu rosto.

O puro vazio assusta-me sobremaneira.

Não há ninguém, não há ruídos, não há sequer um rastro de sonoridade ou presença.

Apenas a solidão de um espaço obscuro e sinistro.

Paro diante de uma porta.

Madeira judiada pelo tempo, de um tom que mistura o nublado do firmamento e os reflexos do breu.

Com um rugido que parecia interminável e ensurdecedor, empurro aquele imenso portal para o desconhecido.

Nada além de uma visão inerte, figuras desconexas, muitos degraus e vasto terreno ocre.

Corro. O fôlego me falta, o ar gelado não penetra em meus pulmões, apenas o som apavorado de meus passos no chão surdo de terra batida.

Não há retorno.

Não há saídas.

Passado esse portal, neste caminho que oscila entre o familiar e o novo, não existem meios de voltar.

Apenas duas opções: ou enfrento o desafio, arriscando-me ao tão conhecido, particular e ao mesmo tempo cotidiano possível sofrimento do platonismo, ou estanco a caminhada, e ainda assim enfrento a dor de não tê-lo vivido.

O resultado de ambas as escolhas, eu não sei.

Mas sei que tenho todo o corpo, toda a alma e a essência do que sou, unidos e presos a essa neblina.

Neblina agora quente, amaciada pelo alvo brilho que emana daquela boca ao se abrir em malicioso sorriso.

Hei de permanecer nesta nova terra desconhecida, e desbravar toda a magnitude que teus apetrechos oferecerem-me...

...pois que não sou mais eu sem ser presente neste território.

Amo este lugar.

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