o desafio dos orgânicos
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
O DESAFIO DOS ORGANICOSO Paraná aumentou sua produção, mas ainda encontra problemas para abastecer os pontos de venda
Revista SUPERMIX 29
A preocupação com a qualidade
de vida, saúde e meio ambiente é
crescente entre as pessoas. A busca por
produtos orgânicos cresce na mesma
proporção. No entanto, a oferta ainda
não acompanha esse movimento. Os
custos da conversão da lavoura, despesas
com a mão de obra, dificuldades com
a certificação e a pouca variedade
de produtos estão entre os principais
desafios a serem vencidos para que a
freqüência dos orgânicos aumente na
mesa dos consumidores.
Nos últimos dez anos, o Paraná registrou
um salto expressivo na produção de
orgânicos. Segundo
dados do Instituto
Paranaense de Assistência
Técnica e Extensão
Rural (Emater), em
1997 o Estado contava
com 450 produtores
rurais e registrava uma
produção de quatro
mil toneladas. Na safra
2007/2008, a produção
passou para 124 mil
toneladas com mais de
cinco mil produtores
atuando na agricultura
orgânica. No entanto,
esse volume ainda
não é suficiente para
abastecer o mercado.
Na visão do engenheiro agrônomo e
coordenador Estadual de Olericultura da
Emater, Iniberto Hamerschmidt, “deve
haver muito investimento na produção
para abastecer o mercado, uma vez que
o consumidor está exigindo produtos
orgânicos não só na alimentação, mas no
vestuário e cosméticos”.
Da mesma forma que os consumidores
passam por dificuldades na hora de
encontrar os produtos orgânicos,
os supermercados também têm
dificuldades para conseguir manter os
estoques e a variedade nas gôndolas.
Um levantamento feito pelo Instituto
Paranaense de Desenvolvimento
Econômico Social (Ipardes) em
2007 apontou que as grandes redes
supermercadistas de Curitiba ofertam
produtos orgânicos nas suas lojas,
no entanto encontram problemas
de logística. As redes de porte médio
procuram seguir a tendência das
grandes redes. Já nas lojas de bairro,
com redes menores ou supermercados
de lojas únicas, há pouca oferta de
orgânicos, e as opções existentes se
resumem a produtos de mercearia seca
mais comuns, como açúcar mascavo
e farinhas. No interior do Estado, como
na região Oeste, por exemplo, aponta
o Ipardes, associações de produtores
negociam diretamente com os
proprietários de supermercados de
redes locais ou regionais. Isso reduz a
burocratização nas negociações e traz
vantagens para a logística, transporte e
entrega.
Na avaliação da coordenadora estadual
do setor de Agronegócio do Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) do Paraná, Andreia Claudino,
o alto preço, a pouca variedade e
quantidade disponível, são pontos
que precisam ser equalizados para
que haja aumento no consumo dos
orgânicos. “Conscientização ecológica
do consumidor e do varejista, com
mudanças comportamentais, e um
trabalho efetivo de marketing alertando
para o uso destes produtos
são o grande desafio para os
próximos anos”, afirma Andreia.
Orgânicos no mundo
No cenário internacional, os
mercados que mais cresceram
nos últimos anos foram os do
Reino Unido e dos Estados
Unidos, onde as cadeias de
supermercados, junto com
políticas públicas, criaram
condições favoráveis para os
produtos orgânicos. De acordo
com Júlia Guivant, professora da
Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), na América
Latina alguns países estão com o
mercado interno em expansão,
mas grande parte da produção é
destinada à exportação. O abastecimento
se dá através das associações de
produtores rurais que comercializam
diretamente com os supermercados,
como ocorre no Uruguai, Costa Rica,
Honduras, Peru, Argentina e em algumas
regiões do Brasil.
“CONSCIENTIZAÇÃO ECOLÓGICA DO CONSUMIDOR E DO VAREJISTA, COM MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS, E UM TRABALHO EFETIVO DE MARKETING ALERTANDO PARA O USO DESTES PRODUTOS SÃO O GRANDE DESAFIO PARA OS PRÓXIMOS ANOS”.[ANDREIA CLAUDINO]
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