novela de - megapro.com.br · fala: rÔmulo — não precisa dizer nada, vânia. eu não te culpo...
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 1
MANO A MANO
Novela de
Rômulo Guilherme
Criada e escrita por:
Rômulo Guilherme
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 2
CENA 01/QUARTO RÔMULO E VÂNIA/INT/NOITE
CONTINUA IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA.
VÂNIA MUITO ABALADA DIANTE DE RÔMULO.
VÂNIA — (SE CULPANDO) Como eu podia imaginar
que não era você. Ele era igualzinho. E o
desgraçado me envolveu de um jeito, me
conquistou...
VÂNIA COMEÇA A CHORAR. RÔMULO APROXIMA-SE DELA E
LHE ABRAÇA. DEPOIS LIMPA SUAS LÁGRIMAS, ENQUANTO
FALA:
RÔMULO — Não precisa dizer nada, Vânia. Eu não te culpo
por isso. Sei que errei com você, assumo isso. E
sem querer ele acabou preencheu as lacunas que
deixei aberta no nosso relacionamento.
VÂNIA — Eu te amo, Rômulo! Nunca iria te trair.
RÔMULO — Eu também te amo, Vânia.
RÔMULO BEIJA VÂNIA E ELES FICAM ABRAÇADOS POR
ALGUNS SEGUNDOS.
RÔMULO — (CARINHOSO) Pra tudo na vida tem um jeito,
meu amor. Menos pra morte, que não é esse caso.
Pelo contrário. Estamos falando de vida nova.
Uma gravidez. Uma vida que está crescendo
dentro de você. (T) Eu vou criar esse filho como
se ele fosse meu. Vamos ser a família completa
que sempre planejamos ser, Vânia.
VÂNIA — (ALIVIADA) Obrigada, meu amor!
VÂNIA ABRAÇA RÔMULO E ELES FICAM JUNTINHOS.
CORTA PARA:
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 3
CENA 02/MANSÃO/RUA/EXT/NOITE
REMO, NA CHUVA, OBSERVA A JANELA DO QUARTO DE
RÔMULO. VÊ AS SOMBRAS DE RÔMULO E VÂNIA ABRAÇADOS.
REMO — Então ele voltou. Assumiu o lugar que era
meu. (T) Isso não vai ficar assim. Esse lugar agora
me pertence, Rômulo. Você precisa sair de cena
de uma vez por todas!
CLOSE DE REMO COM UMA EXPRESSÃO SÉRIA, CARREGADA.
CORTA PARA:
CENA 03/QUARTO LUÍSA/INT/NOITE
LUÍSA DEITADA NA CAMA, PENSATIVA.
CORTA PARA:
CENA 04/QUARTO TADEU/INT/NOITE
TADEU NA JANELA, OLHANDO PRO CÉU, DISTANTE.
CORTA PARA:
CENA 05/QUARTO MARIANA/INT/NOITE
MARIANA NA FRENTE DO COMPUTADOR, ESCREVENDO NO
SEU DIÁRIO.
MARIANA — (VOZ) Quem disse que amar é fácil? Não tem
manual de instrução pra se amar. Simplesmente se
ama. Entramos num turbilhão de sentimentos
quando nos envolvemos com outra pessoa: é
amor, felicidade, dor, ciúmes, culpa...
MARIANA CONTINUA DIGITANDO.
CORTA PARA:
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 4
CENA 06/QUARTO FELÍCIA/INT/NOITE
RAFAEL RECOSTADO NA CAMA. FELÍCIA DORMINDO DO SEU
LADO. ELE PENSATIVO, COM UMA EXPRESSÃO CARREGADA.
ELE OLHA PRA FELÍCIA E RESOLVE LEVANTAR. ESTÁ
INQUIETO, INCOMODADO. VAI ATÉ A JANELA E RESPIRA
FUNDO.
RAFAEL — Nunca vou te esquecer, Mariana!
CORTA PARA FELÍCIA, QUE ESTÁ VIRADA PRO OUTRO LADO,
ABRINDO OS OLHOS NESSE MOMENTO.
CORTA PARA:
CENA 07/ATELIÊ CARLOS/INT/NOITE
CARLOS ESTÁ MEXENDO NO SEU MATERIAL DE PINTURA,
QUANDO MARIANA ENTRA.
MARIANA — Oi, pai.
CARLOS — Achei que estava dormindo, filha.
MARIANA — Estou sem sono. Não consigo dormir. Minha
cabeça está há mil, pensando.../
CARLOS — (COMPLETA) No Rafael, acertei?
MARIANA — Pensando em como o amor é complicado.
CARLOS — O amor não é complicado, minha filha. Quem
o complica somos nos mesmo, que o vivemos,
muitas vezes de uma maneira meio torta,
estranha...
OS DOIS SORRIEM.
MARIANA — Mas eu estou segura na minha decisão de ter
colocado um ponto final nessa história. Ele vai ser
pai. Eu não quero me sentir culpada por estar
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 5
impedindo essa criança de ter uma família
completa.
CARLOS — Acho se trata mais de um ponto e vírgula, do
que propriamente um ponto final.
MARIANA — Falando em ponto final, resolveu como vai
colocar um basta nas falsificações de quadros?
CARLOS — Chamei o Clark e a Adélia pra conversar e
dizer pra eles que não vou mais falsificar quadros
nenhum.
MARIANA — Não acha melhor falar com a polícia primeiro,
pai? Esses dois são perigosos. Não sei do que eles
são capazes de fazer.
CARLOS — Deixa comigo, filha. Eu sei o que estou
fazendo. Primeiro eu vou resolver essa situação
com os dois, depois sim, vou até a polícia e abro
todo o jogo, conto tudo o que fiz.
MARIANA — (PREOCUPADA) Aí, pai. Não estou gostando
disso.
CARLOS — Não foi eu quem resolveu entrar nessa
história? Pois então, eu vou dar um jeito de sair
dela.
MARIANA, ANGUSTIADA, ABRAÇA CARLOS.
MARIANA — Não quero te perder também, pai.
CARLOS — Não vai me perder filha. Sei que vou ter que
pagar pelo que fiz de errado. E depois disso só
vou pintar os quadros que pintava antes, de
paisagem, auto-retratos e só isso, nada de
falsificar obras famosas. Nunca mais. Eu
prometo!
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 6
MARIANA — Isso mesmo. Tenho certeza que mamãe está
morrendo de orgulho de você.
CARLOS — Sua mãe faz tanta falta...
MARIANA — Sabe o que eu acho que você está precisando,
pai? Arrumar uma namorada!
CARLOS ACHA GRAÇA.
MARIANA — Tô falando sério. Podemos fazer um perfil seu
num aplicativo de encontros amorosos...
MARIANA CONTINUA FALANDO, EMPOLGADA, SEM ÁUDIO.
CORTA PARA:
CENA 08/QUARTO CARLOS/INT/NOITE
CARLOS ESTÁ DORMINDO.
ATRAVÉS DE EFEITO O ESPÍRITO DE FALECIDA ESPOSA DE
CARLOS APARECE. ELA FICA OLHANDO DOCEMENTE PARA
CARLOS, ATÉ QUE SE APROXIMA E ACARÍCIA SEU ROSTO.
CARLOS MEXE UM POUCO, COMO SE TIVESSE SENTINDO
REALMENTE O CARINHO DELA.
CAROLINA — (DOCE) Cuidado, meu amor... Cuidado!
FUSÃO PARA:
CENA 09//PRAIA/CALÇADÃO/EXT/DIA
PLANOS GERAIS DA PRAIA, ATÉ CHEGAR NO CALÇADÃO, ONDE
FRANCISCA E ARMANDO CAMINHAM DE MÃOS DADAS
CONVERSANDO, COMO UM CASAL CARINHOSO E AMOROSO.
CORTA PARA:
CENA 10/PRAIA/QUIOSQUE/EXT/DIA
FRANCISCA E ARMANDO PEGAM O COCO E AFASTAM-SE UM
POUCO.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 7
ARMANDO — Que bom que tudo terminou bem.
FRANCISCA — Graças a Deus! Não quero nem pensar nos
perigoso que meu filho correu.
ARMANDO — Vocês também correram perigo, minha
querida. Vivendo debaixo do mesmo teto com
esse estranho, que mostrou não ser flor que se
cheire.
FRANCISCA — O estranho nessa história é que tudo poderia ter
sido o contrário.
ARMANDO — Como assim?
FRANCISCA — Eu poderia ter criado o Remo no lugar do
Rômulo, se tivesse sido ele o abandonado na
minha porta ao invés do Rômulo e vice-versa,
entende?
ARMANDO — Entendi. Mas a vida é cheia de mistérios, não
é?
FRANCISCA CONCORDA.
ARMANDO — Esse é mais um deles, do qual nunca vamos ter
resposta. A vida quis assim e pronto!
FRANCISCA — Agora é dar tempo ao tempo pra tudo se ajeitar
e voltar ao que era antes.
ARMANDO — Como diz aquela música do Milton: “nada será
como antes”
FRANCISCA — É. Pode ser que seja isso mesmo.
ARMANDO — Que tal falarmos sobre o nosso casamento?
FRANCISCA — Nossa, com tudo o que aconteceu nem tive
tempo pra pensar sobre isso.
ARMANDO — Mas não desistiu, né?
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FRANCISCA — É claro que não. Você é o homem da minha
vida, Armando. Sempre foi meu grande sonho me
casar com você. Mas a vida resolveu adiar esse
momento, que finalmente vai se realizar.
ARMANDO — Um amor de juventude que nos uniu e será
vivendo um amor maduro que vamos nos casar.
FRANCISCA — E finalmente teremos um final feliz.
OS DOIS DÃO UM SELINHO E SEGUEM CAMINHANDO.
CORTA PARA:
CENA 11/FERRO-VELHO/EXT/NOITE
REMO CAMINHA ENTRE OS CARROS. ATÉ QUE CHEGA NO
CARRO ONDE ESCONDEU O DINHEIRO. QUANDO ABAIXA-SE
PRA ENTRAR NO CARRO, LEVA UM GRANDE SUSTO AO VER O
CACHORRO QUE TOMA CONTA DO LOCAL, SENTADO NO
BANCO, ESTRAÇALHANDO O DINHEIRO QUE ELE ESCONDEU.
VEMOS VÁRIAS NOTAS DESTRUÍDAS, ESPALHADAS. REMO
FICA DESESPERADO. ASSIM QUE O CACHORRO LHE VÊ,
COMEÇA A ROSNAR. REMO AFASTA-SE, REVOLTADO, SEM
ACREDITAR NO QUE ACONTECEU.
REMO — Cachorro desgraçado! Me ferrei novamente!
CORTA PARA:
CENA 12/QUARTO RÔMULO E VÂNIA/INT/DIA
RÔMULO E VÂNIA ESTÃO ABRAÇADINHOS NA CAMA.
VÂNIA — Como é bom acordar do lado do meu
verdadeiro Rômulo.
RÔMULO — Como a vida é engraçado. Esses dias mesmo
estava vivendo num mosteiro, sem saber nada da
minha vida, perseguido por bandidos, e agora
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 9
estou aqui, de volta na minha casa, pra minha
vida, ao lado de você, da minha família.
VÂNIA — De onde nunca mais você vai sair!
RÔMULO LEVANTA.
RÔMULO — Preciso ir atrás de uma pessoa, Vânia.
VÂNIA — Quem?
RÔMULO — Do Marmita.
VÂNIA — (ESTRANHA) Marmita?
RÔMULO — É. Eu falei dele pra vocês ontem. O amigo do
Remo. Ele me ajudou muito. É uma boa pessoa.
Esteve do meu lado esse tempo. Me apaguei a ele
e queria lhe ajudar.
VÂNIA — Cuidado, meu amor. Não quero você correndo
mais nenhum risco.
RÔMULO — Prometo que vou me cuidar.
RÔMULO DÁ UM BEIJO EM VÂNIA E VAI PRA SUÍTE.
CORTA PARA:
CENA 13/CASA DEYSE/SALA/INT/DIA
GABRIEL ESTÁ PRONTO PRA IR PRA ESCOLA, PARADO DE
FRENTE PRA DEYSE, SENTADA NO SOFÁ.
DEYSE — Não está esquecendo nada?
GABRIEL — Não. E minha mãe, vó?
DEYSE — (MENTINDO) Ela está bem, Gabriel. Ligou
ontem avisando que por causa da chuva iria
dormir na casa de uma amiga e hoje iria direto pro
trabalho.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 10
GABRIEL — Tô com saudade dela.
DEYSE — Eu também, Gabriel.
DEYSE CONTROLA-SE PRA NÃO CHORAR, DISFARÇANDO.
DEYSE — Agora vamos, que já estamos em cima da hora.
DEYSE E GABRIEL SAEM.
CORTA PARA:
CENA 14/ESCOLA GABRIEL/FRENTE/EXT/DIA
DEYSE E GABRIEL ESTÃO ABRAÇADOS.
DEYSE — Vovó te ama e vai sempre cuidar e amar você,
Gabriel. Agora entra e estuda direitinho. Mais
tarde eu te busco.
GABRIEL ENTRA. ACENA PRA DEYSE. UM AMIGO DELE
APARECE E ELES SEGUEM CAMINHANDO, CONVERSANDO.
DEYSE FICA MEXIDA POR ESTAR MENTIDO. SENTE O CORAÇÃO
PESADO.
CORTA PARA:
CENA 15/BANCO/SALA MAURO/INT/DIA
MAURO ESTÁ TRABALHANDO. DEYSE ENTRA DE ROMPANTE
SURPREENDENDO MAURO.
DEYSE — (ALTERADA) Onde está minha filha?
MAURO — Como a senhora conseguiu entrar aqui?
DEYSE — (TOM) Fala, Mauro! Eu sei que você fez
alguma coisa com ela.
MAURO — Eu vou chamar os seguranças!
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 11
MAURO PEGA O TELEFONE E DISCA. DEYSE RAPIDAMENTE
DESLIGA A CHAMADA QUE ELE, TIRA O TELEFONE DE SUA
MÃE E LHE ENCARA.
DEYSE — (FIRME) Escuta bem o que vou te dizer: eu
vou descobrir o que você fez com minha filha, seu
desgraçado. E pode ter certeza de uma coisa: se
você tiver feito o que meu coração diz que você
fez eu vou acabar com sua vida!
DITO ISSO, DEYSE VAI EMBORA, BATENDO A PORTA.
MAURO — Que mulher louca!
CORTA PARA:
CENA 16/MANSÃO VENÂNCIO/SALA JANTAR/INT/DIA
VENÂNCIO, BELARMINO, MAURÍCIO TOMAM CAFÉ.
MAURÍCIO — Como você consegue colocar a cabeça no
travesseiro e dormir diante de tanta coisa errado
que você já fez, Venâncio?
VENÂNCIO LÊ SEU JORNAL, SEM NEM OLHAR PRA MAURÍCIO.
VENÂNCIO — Se você está querendo me provocar, você não
vai conseguir.
BELARMINO — Não começa, Maurício.
MAURÍCIO — Para de ficar defendendo o Venâncio, pai. O
senhor devia sentir é vergonha por ficar
acobertando as coisas errados que o Venâncio faz
pra ficar usufruindo do dinheiro dele.
VENÂNCIO — O mesmo dinheiro que você e seu filho
usufruem morando aqui na minha casa.
MAURÍCIO — Não pense que eu me sinto confortável
morando com você não, Venâncio. Pelo contrário.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 12
Se eu vim morar aqui foi porque estava realmente
necessitado e até hoje me arrependo pelo dia que
bati naquela porta te pedindo pra me acolher junto
com o Douglas. O Rafael que fez certo de ter dado
o fora daqui. Tenho certeza que ele será muito
mais feliz ao lado da mãe dele, matando saudade
dela, depois de ficarem separados durante todo
esse tempo por sua culpa.
VENÂNCIO — (TOM) Já chega, Maurício! Cale sua boca,
antes que.../
MAURÍCIO — (EM CIMA, FIRME) Antes que o quê? Você
me mate? Como fez com seu sócio? Ou então me
coloque numa casa de repouse e me entupa de
remédio como fez com a Neide? Você é um
sujeito baixo, nojento e asqueroso, Venâncio.
Tenho vergonha de ser seu irmão e um dia você
pagará muito caro por isso. Escute o que estou te
dizendo. A hora da vingança está se aproximando!
MAURÍCIO LEVANTA E SAÍ.
VENÂNCIO — Eu devia enxotá-lo da minha casa junto com
aquele imprestável do filho dele.
BELARMINO — Você escutou o que ele disse no final,
Venâncio?
VENÂNCIO — O Maurício é um imbecil, pai. Um sujeito
patético, que me dá é dó, pena. Se ele achou que
me assustou com essas ameaças coitado dele. Sou
muito mais poderoso do que ele e do que possa vir
a fazer comigo.
BELARMINO — (PREOCUPADO) Não sei. Não gostei nada do
tom dele. É bom você se preocupar, Venâncio.
VENÂNCIO — Vou me preocupar é com a Neide. Essa sim
quem não perde por esperar...
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 13
CORTA PARA:
CENA 17/PRAÇA/EXT/DIA
NEIDE E FELÍCIA TERMINAM DE SE ABRAÇAREM. RAFAEL
OBSERVA.
FELÍCIA — Não sabe como estou feliz em conhecer a
senhora. Finalmente estou conhecendo minha
sogra.
NEIDE — Me chame de você.
FELÍCIA — (BRINCA) Espero que nossa relação seja
muito boa, diferente do que acontece no caso de
muitas sogras e noras que vivem implicando uma
com a outra.
NEIDE — Se você faz meu filho feliz, você me faz feliz,
Felícia.
FELÍCIA — Se depender de mim farei seu filho o homem
mais feliz do mundo.
FELÍCIA TERMINA DE FALAR OLHANDO PRA RAFAEL, QUE
SORRI SEM GRAÇA, SEM JEITO.
NEIDE — (BRINCA) Mas em todos os casos, prometo
ser bem boazinha com você.
OS TRÊS RIEM.
FELÍCIA — Viu Rafael, já conquistei sua mãe.
RAFAEL — Fico feliz em ver que vocês se deram bem.
NEIDE — Eu dou minha bênção pra união de vocês e
desejo que sejam muito felizes!
RAFAEL — Obrigado, mãe!
FELÍCIA — Quero que a senhora more com a gente.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 14
NEIDE É PEGA DE SURPRESA.
NEIDE — Eu morar com vocês?
FELÍCIA — É. O que acha da idéia, Rafa?
RAFAEL — Eu acho ótima. Uma ótima idéia.
FELÍCIA — Pois então. Sei que é muito importante você
passar o tempo que perdeu ao lado do Rafael e vai
ser muito bom pra ele ter a mãe do lado.
RAFAEL — Você aceita, mãe?
NEIDE — Não quero atrapalhar o casal.
FELÍCIA — Não vai atrapalhar nada. Vai ser um prazer.
NEIDE — Se é assim, aceito. Quero recuperar todo esse
tempo que fiquei longe do meu filho.
NEIDE ABRAÇA RAFAEL. FELÍCIA SORRI FORÇADO. MAS VIRA
AS COSTAS E MOSTRA QUE NÃO FICOU NADA SATISFEITO COM
O QUE PROPÔS.
CORTA PARA:
CENA 18/LOJA PÉROLA/INT/DIA
PÉROLA E FELÍCIA.
PÉROLA — (SURPRESA) Você fez isso? Convidou a mãe
dele pra morar com vocês?
FELÍCIA — Fiz isso pra agradar o Rafael. Sei o quanto o
aparecimento da mãe dele foi importante e mexeu
com ele. Quero conquistá-lo ainda mais com essa
atitude, entendeu?
PÉROLA — Entendi. Mas agora vai ter que agüentar a
sogra morando na mesma casa.
FELÍCIA — Sacrifícios pra um bem maior.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 15
CORTA PARA:
CENA 19/SALA TERAPEUTA/INT/DIA
VÂNIA, CONSTRANGIDA, DIANTE DO TERAPEUTA.
TERAPEUTA — Então, Vânia. Na última sessão você não disse
nada, ficou calada. Hoje está pronta pra se abrir e
contar o que trouxe você até aqui?
VÂNIA CONCORDA.
TERAPEUTA — Estou pronto pra te ouvir.
VÂNIA RESPIRA FUNDO E RESOLVE FALAR.
VÂNIA — (EMOCIONADA) Eu sou uma cleptomaníaca!
INSERT DE CENAS ONDE VÂNIA FURTA OBJETOS .
SOBRE AS IMAGENS:
VÂNIA — (OFF) Eu pego objetos que pra mim não tem
valor nenhum. Mas o que vale pra mim não é o
objeto em si, mas o ato de pegá-lo, a emoção que
sinto, o prazer, a adrenalina correndo por minhas
veias, diante da possibilidade de ser pega a
qualquer momento. É um prazer inexplicável.
CORTA DE VOLTA PARA VÂNIA E O TERAPEUTA.
VÂNIA — Quando vem essa vontade o mundo para e foco
apenas no objeto que visualizo e não consigo me
controlar até obtê-la. Mas aí depois vem a culpa, o
remorso pelo que fiz. Me sinto a pior pessoa do
mundo...
VÂNIA CONTINUA FALANDO, SEM ÁUDIO.
CORTA PARA:
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 16
CENA 20/TERAPIA/RECEPÇÃO/INT/DIA
FRANCISCA LÊ UMA REVISTA, ESPERANDO POR VÂNIA.
VÂNIA SAÍ DA SALA, DESPEDE-SE DO TERAPEUTA E VAI
ENCONTRAR COM FRANCISCA, QUE LEVANTA E LHE ABRAÇA.
FRANCISCA — Então, como foi?
VÂNIA — Eu consegui. Eu consegui falar tudo dessa vez.
CORTA PARA:
CENA 21/FAVELA MACAQUINHA/INT/DIA
PLANOS GERAIS DA FAVELA. MÚSICA: “VAI MALANDRA”.
CORTA PARA:
CENA 22/CASA ARMANDO/COZINHA/INT/DIA
VELMA, TADEU E BEBEL.
VELMA — Tá lembrando da consulta de pré-natal que
você tem amanhã, não é, Bebel?
BEBEL — Tô, mãe.
TADEU — É pra saber se é menino ou menina?
VELMA — Vamos pedir pra médica a ultrassonografia.
Estou curiosa pra saber se vou ser avó de uma
menina ou de um menino.
BEBEL — Eu tenho certeza que é uma menina. Ela será
minha bonequinha e se chamará: Beyoncé, como
minha diva.
TADEU — Não inventa moda, Bebel.
BEBEL — A filha é minha e eu ponho o nome que eu
quiser.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 17
VELMA — E o Douglas não te procurou mais, Bebel?
BEBEL — Me ligou esses dias, mas não atendi. Quero que
ele se dane!
TEMPO.
VELMA — Quero aproveitar que estamos os três reunidos
aqui pra contar uma coisa pra vocês.
TADEU — Vai contar quem é o nosso pai? Pois até hoje
não sabemos que é ele.
VELMA — Vou sim. E ele sempre esteve perto de vocês.
BEBEL — Como assim?
TADEU — Ele mora aqui na favela?
VELMA — O pai de vocês é o Carlos Cabral. Mais
conhecido como Cacau.
TADEU E BEBEL SE OLHAM, SURPRESOS.
TADEU — (CHOCADO) Aquele bandido é o nosso pai?
VELMA — É sim.
TADEU — (REVOLTADO) Já podia mesmo esperar isso.
Mãe bandida, pai bandido.
BEBEL — Não fale assim, Tadeu.
TADEU — Você não ouviu o que nossa mãe disse, Bebel?
Nosso pai é aquele bandido do Cacau.
BEBEL — Eu curti. Tenho um pai famoso e respeitado
por todos aqui na favela.
TADEU — Já deu pra mim!
TADEU FICA REVOLADO, LEVANTA, ENCARA VELMA E SAÍ DE
CASA.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 18
VELMA — Onde você vai, Tadeu.
CORTA PARA:
CENA 23/MERCADINHO ARMANDO/INT/EXT/DIA
TADEU APARECE E VAI FALAR COM ARMANDO.
TADEU — O senhor sabia quem era meu pai, vô?
ARMANDO — Sabia sim.
TADEU — E por que não me disse nada?
CORTA PARA VELMA PARANDO PERTO DA ENTRADA, SEM SER
VISTA. FICA ALI ESCUTANDO A CONVERSA.
ARMANDO — Era sua mãe quem devia contar isso pra você e
pra sua irmã, Tadeu. Eu não tinha esse direito. E
por mim vocês nunca saberia disso.
TADEU — Não entendo como a Bebel pode ficar feliz
com essa notícia. Falou como se o Cacau fosse
um exemplo de homem a se seguir e realmente
sentir orgulho.
ARMANDO — Eu já podia imaginar sua reação, sua revolta.
Você é diferente da sua irmã. Tem visões de
mundo, pensamentos opostos...
TADEU — (ABALADO) Como minha mãe pode fazer
isso? Se envolver com esse sujeito, com esse
bandido.
ARMANDO — Sua mãe errou muito na vida, Tadeu. Dei
vários conselhos, tentei abrir seus olhos, mas ela
não me escutava.
TADEU — (SE DANDO CONTA) Então é por isso que
ele sempre me olhava de um jeito estranho. Sentia
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 19
que ele queria me dizer alguma coisa, mas não
dizia nada.
ARMANDO — Sua mãe o fez prometer não contar nada pra
você e nem pra Bebel.
TADEU — Sempre me incomodei com sua presença, por
uma preocupação que ele manifestava ter por mim
e que eu nunca entendi. Não sei se com a Bebel
era assim também.
ARMANDO — Pode ser realmente que ela não tenha escolhido
o melhor pai do mundo pra vocês. Mas o que isso
importa agora?! Você é diferente desse homem
que te deu a vida. Ele apenas te deu a vida e
pronto.
TADEU — O senhor pra mim que foi como um pai. E até
como uma mãe, já que minha mãe ficou sumida,
se não presa, sabe Deus por onde esteve
praticamente durante toda minha adolescência.
ARMANDO — Sei que não deve ser fácil descobrir isso assim.
Mas sabe o que você tem que fazer? É virar essa
página. Tentar lidar com essa questão da melhor
maneira possível. Você não queria saber quem era
seu pai? Pois então, agora você sabe. Não é
porque você descobriu isso que vai mudar alguma
coisa em sua vida. Pelo contrário, você vai ter
motivos agora ainda mais forte pra continuar
sendo esse homem integro, honesto, trabalhador
que você sempre foi!
VELMA APARECE.
VELMA — Eu te amo, meu filho. Sei que não fui a melhor
mãe do mundo, mas saiba que eu sinto um enorme
prazer e orgulho por ser sua mãe! Me dá um
abraço?
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 20
TADEU OLHA PRA ARMANDO E DE VOLTA PRA VELMA. ATÉ
QUE ELES SE ABRAÇAM. VELMA SENTE SEU CORAÇÃO
PULANDO DE ALEGRIA. E ELES FICAM ASSIM, ABRAÇADOS.
CORTA PARA CACAU, DO OUTRO LADO DA RUA,
OBSERVANDO A CENA. TADEU OLHA PRA ELE E O
CUMPRIMENTA COM UM CORDIAL ACENO DE CABEÇA, QUE
CACAU RETRIBUI.
CORTA PARA:
CENA 24/PRAIA/AREIA/EXT/DIA
RÔMULO CAMINHA PELA AREIA, PENSATIVO.
RÔMULO — Ainda não consigo acreditar no que aconteceu.
(T) Preciso ir à polícia esclarecer tudo. Eles
precisam prender o Remo pelo que fez contra o
pobre Bastião...
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 25/PRAIA/CALÇADÃO/INT/DIA
REMO CAMINHA NO SENTINDO OPOSTO AO DE RÔMULO.
REMO — (VOZ) Eu preciso tirar o Rômulo do meu
caminho. Agora ou é eu ou é ele!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 26/PRAIA/AREIA/EXT/DIA
RÔMULO CONTINUA CAMINHANDO, ATÉ QUE ENCONTRA COM
MARMITA INDO EMBORA.
RÔMULO — Marmita?
MARMITA VIRA E VOLTA-SE SURPRESO AO VER RÔMULO.
MARMITA — Rômulo?!
OS DOIS SE ABRAÇAM.
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 21
RÔMULO — Sou eu mesmo.
MARMITA — Que bom te ver. Ver que você está bem.
Aconteceu tanta coisa...
RÔMULO — Agora tudo está no seu devido lugar, meu
amigo. Mas pra ficar perfeito, preciso de um
grande favor seu.
MARMITA — (ESTRANHA) Favor?
RÔMULO — Que você vá comigo até a polícia contar que
foi o Remo quem matou o Bastião e não eu.
MARMITA — Não vai sobrar pra mim?
RÔMULO — É claro que não. O Remo precisa pagar pelo
que fez, matando uma pessoa tão boa como era o
Bastião.
MARMITA — Tudo bem. Você tem razão. O Remo já não é
mais o Remo que eu conheci antes.
CORTA PARA:
CENA 27/CASA CARLOS/INT/DIA
CARLOS, ADÉLIA E CLARK.
CLARK — Pra que você nos chamou até aqui, Carlos?
ADÉLIA — Não vai me dizer que você já pintou o quadro
da encomenda que te demos?
CARLOS — Chamei vocês aqui justamente pra falar desse
quadro.
CLARK — Algum problema?
ADÉLIA — Acabou seu material? Se for isso
providenciamos. É só você falar.../
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Mano a Mano Capítulo 36 Pág: 22
CARLOS — (CORTA, FIRME) Eu não vou mais pintar o
quadro.
ADÉLIA E CLARK SE OLHAM, CONFUSOS.
ADÉLIA — Como assim?
CARLOS — Eu estou fora! Não vou mais falsificar quadro
nenhum e vou até a polícia contar todo esse
esquema sujo de vocês, que eu acabei me
envolvendo e me arrependendo muito por isso.
CLARK — (SURPRESO) Você vai nos entregar pra
polícia?
CARLOS — É isso mesmo.
ADÉLIA — Ah, mas não vai mesmo...
ADÉLIA LEVANTA E SACA SUA ARMA. UMA ARMA MINI.
APONTA PRA CARLOS, QUE REAGE ASSUSTADO.
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO
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