nº 15 - julho | agosto | setembro 2015
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… e donos responsáveis!
Departamento de Formação do:
Características do Curso
Objectivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre Criação Canina, todos os criadores, ou que pretendam vir a sê-lo, na medida em que, este Curso abarca toda esta temática, desde os conceitos de Genética Canina até à entrega do cachorro ao futuro dono.
Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 6 meses ou 500 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do formando). A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Criadores Caninos que sintam algumas lacunas no seu conhecimento acerca dos Temas propostos no mesmo. É igualmente dirigido a todos aqueles que pretendam iniciar esta apaixonante e nobre atividade que é a Cria-ção Canina. Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de Criação Canina. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, Criar cães, uma vez que está na posse de formação técnica e científica específica necessária para o fazer.
Estrutura Programática (Resumida)
Tema 1 - A Genética Canina Tema 2 - O Período Reprodutivo Tema 3 - A Reprodução Tema 4 - A Gestação Tema 5 - A Patologia da Reprodução Tema 6 - A Alimentação da Cadela gestante Tema 7 - O Parto Tema 8 - A Amamentação Tema 9 - O Desmame Tema 10 - Primeiras etapas do desenvolvimento do Cachorro Tema 11 - Enfermidades do Período neonatal Tema 12 - O Crescimento do cachorro Tema 13 - Desparasitação e Vacinação dos Cachorros Tema 14 - A entrega dos Cachorros Tema 15 - Identificação e Registo dos Cachorros
Curso destinado a todos os criadores, ou potenciais criadores caninos.
http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html
Formamos:
Profissionais competentes...
Grupo Lobo Uma revista que trata de assuntos sobre cães e lobos não podia dei-
xar de contar com a colaboração da entidade que neste país mais
percebe de lobos: o Grupo Lobo. Nesse sentido, decidimos convidar
esta entidade a colaborar em todos os números com um artigo e
com belas fotos dos lobos que estão ao seu cuidado no Centro de
Recuperação do Lobo Ibérico, imediatamente aceitaram o nosso
convite e cá está, o primeiro artigo.
Para comemorar essa entrada, pedimos ao Grupo Lobo que nos
enviasse uma boa foto para inserir na capa e, como já devem ter
visto, o resultado é magnífico.
Com a finalidade de tornarmos a nossa revista o mais atrativa e
diversificada possível, iniciámos também neste número uma rubrica
a que demos o nome de “Histórias (antigas) de Cães”, convidamos
todos a deliciarem-se com narrativas muito divertidas contadas há
mais de 100 anos.
Os nossos colaboradores voltaram a esmerar-se criando um conjun-
to de artigos de inegável interesse e actualidade. Realçamos um arti-
go muito interessante e actual da autoria o Ricardo Duarte sobre o
corte de orelhas (ototomia), e os relatos verídicos de dois casos de
sucesso na recuperação de dois cães conseguidos pelos adestrado-
res Nídia Rodrigues e Bruno Pereira.
A personalidade em destaque desta vez é a prestigiada Karen Pryor.
O APP também não foi esquecido e tem o seu habitual espaço reser-
vado.
Boas leituras e até Outubro!
A Redação
Navegue connosco nas ondas da web
Centro Canino de Vale de Lobos
www.ccvlonline.com
Departamento de Formação do CCVL
http://formacaoccvl.weebly.com
Departamento de Divulgação do CCVL
Blogue: http://comportamento-canino.blospot.com
Fórum: http://comportamento-canino.forumotion.net
www.facebook.com/ccvlobos
Revista Cães & Lobos
www.facebook.com/
revistacaeselobos
2
Treinar ou Educar?
(Vanda Botelho)
9
Ototomia.
(Ricardo Duarte)
14
Manifesto da Essência de Ser Cão.
(Marta Wadsworth)
20
Pseudociese.
(Karin Medeiros)
22
Instintos Básicos dos Cachorros.
(Sílvio Pereira)
28
A História do Nanú.
(Nídia Rodrigues)
34
Hiperapego e Ansiedade por
Separação.
(Bruno Pereira)
39
Capacidades Sensoriais dos Cães.
(Sílvio Pereira)
41
Bull Terrier - a Raça.
(Vanessa Correia)
13 - Personalidade em destaque.
Karen Pryor
27 - Livro Recomendado.
47 - Histórias (antigas) de Cães.
51 - Espaço Lobo
57 - Espaço Adestramento Positivo
Project
71 - Espaço APP Solidário
Foto de capa:
Joaquim Pedro Ferreira (Grupo Lobo)
Autoria: Vanda Botelho
“...Se pretende educar o
seu cão, escolha um pro-
fissional que o ajude
não só a treina-lo, mas
acima de tudo, que o
ajude a educá-lo, usan-
do como base da apren-
dizagem “ferramentas”
e técnicas básicas de
psicologia canina com
enfâse no reforço positi-
vo…”
Imagine um dia normal da sua vida, após a rotina mati-
nal, antes de sair para o emprego, leva o seu cão a dar
um passeio, o tempo está agradável e a temperatura
amena, um dia perfeito para passear com o seu cão! Hoje
até acordou uma hora mais cedo para aproveitar e cami-
nhar um pouco com o seu fiel companheiro, leva o seu
brinquedo preferido, uns biscoitos e pensa para si: – hoje
nada poderá correr mal!
Assim que sai do seu apartamento encontra-se com o seu
vizinho da frente, este que até gosta de cães, cumprimen-
ta o seu cão de um modo entusiástico ora, o Bobi que até
é um cão brincalhão e muito sociável com humanos, salta
para cima do seu vizinho deixa a sua face marcada com
uma valente cabeçada no maxilar, como se não bastasse
a baba do Bobi suja-lhe o fato e a gravata. Por mais que
repetisse a palavra – “não” e mesmo segurando e puxan-
do a trela, o Bobi saiu vencedor e cumprimentou o seu
vizinho da melhor maneira que ele sabe! Como o seu vizi-
nho até é simpático, diz: – não faz mal, ele está só a brin-
car, mas vou ter que mudar de gravata, já vou atrasar-me!
Você entra no elevador e tenta não dar muita importância
ao caso, dizendo a si mesmo: – são coisas que aconte-
cem! Desce até à rua e assim que sai do prédio o Bobi dá-
lhe um esticão deixando-o com uma pequena dor no pul-
so, por mais que lhe diga para ir devagar, ele parece nem
ouvir e segue em frente farejando tudo o que encontra,
marcando qualquer objecto e local com a sua urina, des-
de carros, motas, postes, portas de outras casas etc…
finalmente chegou a um local relvado onde pode deixar o
seu cão mais confortável dando-lhe mais trela para ele
fazer as suas necessidades fisiológicas porém, pensa: –
ah! Não está aqui ninguém, vou soltá-lo para ele correr
um pouco! E assim que o solta, o Bobi, que já estava de
olho no cão do outro lado da estrada que você não tinha
visto, atravessa a estrada a correr e por um triz não é atro-
pelado pelo autocarro que passava na altura. Você grita o
seu nome em vão, mostra os biscoitos, o brinquedo,
mas… o Bobi… não quer saber dos biscoitos, do brinquedo
e nem de si! Está muito mais interessado no outro cão. O
problema maior é quando se apercebe de que o Bobi não
ia com intenções de brincar mas sim, de impor-se perante
aquilo que ele achava ser uma ameaça! Sem qualquer
aviso, o Bobi morde o outro cão e os dois iniciam uma
luta desenfreada com latidos e rosnadelas audíveis do
outro lado da estrada. A senhora que acompanhava o seu
cão à trela, fica nervosa e é incapaz de agarrar qualquer
um dos cães, você, sem pensar duas vezes desata a cor-
rer e lá consegue agarrar o seu cão colocando-lhe a trela.
Quando tudo acalma, acaba por reparar que o outro cão
está com ferimentos consideráveis. A senhora, indignada
e nervosa, chama a
policia para tomar con-
ta da ocorrência pois
considera-o responsá-
vel pelo sucedido. A
sua identificação é ano-
tada pelo agente de
serviço que se deslocou
ao local. Finalmente
pode levar o seu Bobi
para casa e continuar o
seu dia da forma que
tinha planeando, espe-
rando que não surjam
mais imprevistos desa-
gradáveis.
Chega a casa comple-
tamente transtornado,
aborrecido e frustrado
com a sua impotência
face ao comportamen-
to do seu cão. Um sim-
ples passeio numa manhã soalheira e agradável transfor-
mou-se num verdadeiro pesadelo:
Seja um dono responsável e escolha com cons-
ciência. Lembre-se que um cão treinado, nem sem-
pre é um cão educado!!
O que é que eu pretendo do meu cão?
◾Quero que o meu cão seja treinado ou educado?
◾O meu cão é um típico cão de companhia? Familiar?
◾Ou é um cão que vai participar em provas desportivas
caninas?
◾Pretendo realizar actividades desportivas caninas com
o meu cão ao fim de semana em grupo?
◾Ou apenas pretendo que o meu cão se insira na socie-
dade humana, frequentando espaços públicos como
cafés, esplanadas, praias etc…
◾Quero que o meu cão ingresse numa equipa de busca
de salvamento?
◾Ou pretendo que o meu cão permaneça no quintal
para guarda e defesa?
Identifica-se com esta história? Normalmente, o destino
destes cães acaba sempre em associações de adopção,
se tiverem sorte! Na grande maioria dos casos, nos canis
onde serão abatidos após um determinado período de
permanência. Pensa que o problema é do cão? Não pode-
ria estar mais equivocado. O problema é do dono/
educador do cão!
Se foi honesto consigo próprio e reconheceu que o proble-
ma é seu, então deverá ter decidido pedir ajuda profissio-
nal! Mas antes de escolher um profissional para o ajudar,
terá que levar em consideração o seguinte:
Definir com precisão o objectivo final, irá determinar a
escolha do tipo de profissional para o ajudar. Neste
momento, em Portugal, temos imensas ofertas na área
dos serviços de adestramento e treino canino. Temos pro-
fissionais com mais, ou menos experiência prática, temos
profissionais com mais, ou menos conhecimento teórico,
temos profissionais que se especializam somente em
determinadas áreas específicas, tais como problemas
comportamentais, ou disciplinas bem definidas e indica-
das somente para provas desportivas, temos profissionais
que prestam os seus serviços somente em escolas de trei-
no e campos de treino, e temos profissionais que prestam
os seus serviços ao domicilio ou em qualquer outro local
da preferência do dono/educador.
◾Sentiu-se responsá-
vel pelo atraso do seu
vizinho;
◾Magoou-se no pulso
quando o Bobi lhe deu
um puxão pela trela;
◾O Bobi ia sendo
atropelado por não
obedecer à sua cha-
mada;
◾Sentiu-se responsá-
vel pelos ferimentos
que o Bobi provocou
no outro cão;
◾Foi identificado por
um agente policial
que lhe levantou um
auto de contra-
ordenação com coima
por não cumprir a
obrigação de usar
trela em locais públicos;
◾Vai ser responsável pelo pagamento do tratamento e
consultas veterinárias do outro cão;
◾E como se não bastasse, após esta ocorrência ter fica-
do registada por um órgão de policia criminal, a Junta de
Freguesia local será informada, alterando o registo do seu
cão para “cão perigoso” apesar de não pertencer a nenhu-
ma das raças potencialmente perigosas, e consequente-
mente a legislação em vigor irá obrigá-lo a tomar todas as
medidas previstas para raças potencialmente perigosas e
para cães considerados perigosos.
Os biscoitos não ajudaram e o brinquedo também não!
Porque simplesmente a sua relação com o seu cão é pra-
ticamente inexistente, neste momento você é incapaz de
comunicar eficazmente com o seu cão!
“Se já definiu claramente o que pretende que o seu cão aprenda e
qual o comportamento que deseja que o seu cão manifeste, é o
momento ideal para visitar algumas escolas de treino e trocar
impressões com treinadores/adestradores a título individual que pos-
sam treinar e/ou educar o seu cão ao domicilio.”
Imagine que se encontra nesta situação e que falou com
vários profissionais, avaliou a forma como interagiram
com o seu cão durante um primeiro contacto, questionou
sobre os seus métodos de treino e até pesquisou sobre
estes métodos para poder estar ao corrente dos seus
benefícios. Finalmente, decidiu optar por uma escola de
treino onde o seu cão teria a oportunidade de iniciar
aulas individuais de obediência e mais tarde, na altura
certa, seria integrado em aulas de grupo com outros
cães.
Ao fim de uns meses de treino apercebe-se que o seu cão
mostra-se motivado durante as aulas, responde à chama-
da e obedece a vários comandos durantes as sessões de
treino no campo de treino. É integrado nas aulas de gru-
po e mostra-se focado em si e nos seus comandos. Exce-
lente! Temos um cão treinado. Mas… algo não está bem!
Ele faz tudo o que deve fazer no campo de treino mas…
em casa continua a roer sapatos na sua ausência, conti-
nua a saltar para cima do seu vizinho, e apesar de profe-
rir o comando “senta” e o seu cão obedecer, assim que
lhe dá o comando “livre” ele continua a não saber como
cumprimentar pessoas e continua a considerar os outros
cães na rua como ameaças. Na esplanada quer ir ter
com todas as pessoas que passam, salta para cima de
crianças e atira-as ao chão, etc… que se passa? Porque
não está a resultar em casa e nos locais públicos em
geral?
É simples! O treino levado a cabo num campo de treino é
uma boa base para iniciar o treino de obediência e para
trabalhar o foco do cão no seu dono/educador. É ideal
para cães na área do desporto cuja performance será
avaliada sempre num campo de treino e com algumas
distracções previsíveis. Mas sejamos sinceros, os donos
de cães de companhia, que vivem o seu dia-a-dia em
vários locais públicos onde se cruzarão não só com pes-
soas estranhas de diferentes idades, raças, géneros e
estatura, mas também com animais de diferentes espé-
cies, não podem ser treinados somente num campo de
treino! As aulas de grupo e individuais em campos de
treino para cães de companhia são uma boa base, mas
têm de ir mais além! O treino tem de passar para o dia-a-
dia, para a sua casa, para o café que frequenta, para o
parque junto ao recinto das crianças, para os transportes
públicos que frequenta, etc…
Veja-se o caso dos cães de assistência e terapia, o seu
treino não se cinge somente ao campo de treino, começa
nesses locais mas vai mais além! Ensinar o seu cão a
cumprimentar estranhos sem que lhes salte para cima,
ensinar o seu cão a permanecer calmo numa esplanada,
ensinar o seu cão a cumprimentar crianças sem as atirar
ao chão, ensinar o seu cão a passar por outros animais
sem mostrar sinais de tensão ou agressividade, é muito
mais que treinar! É educar! E na nossa sociedade quere-
mos cães educados! De nada lhe servirá que o seu cão
faça mil e um truques ou que consiga fazer uma pista
completa de obstáculos, se na verdade, partilhar a casa
com o seu cão é um verdadeiro pesadelo!
Se pretende educar o seu cão, escolha um profissional
que o ajude não só a treina-lo, mas acima de tudo, que o
ajude a educá-lo, usando como base da aprendizagem
“ferramentas” e técnicas básicas de psicologia canina
com enfâse no reforço positivo.
Não bastará mostrar-lhe como aplicar as “ferramentas”
para ensinar ao seu cão comandos básicos, terá que
mostrar-lhe como aplicar as “ferramentas” na extinção
de comportamentos indesejados e no encorajamento de
comportamentos desejados. Na maior parte dos casos
exigirá um acompanhamento ao domicílio. De nada servi-
rá internar um cão numa escola de treino durante um
determinado intervalo de tempo para mais tarde ir buscá
-lo esperando que este saiba fazer de tudo um pouco. A
sua aprendizagem foi com outro individuo, noutro local e
com outras rotinas, assim que ele voltar à sua casa consi-
go, apresentará os mesmos comportamentos que gosta-
ria de ver corrigidos.
As correcções de determinadas condutas só poderão ser
feitas com precisão e eficácia no local onde estas se
manifestam e na presença das pessoas que eventual-
mente poderão ser causa destas. O dono/educador do
cão terá que aprender a aplicar as “ferramentas” práticas
fornecidas pelo adestrador/treinador para controlar futu-
ros comportamentos indesejados perante os mais varia-
dos cenários.
Ao iniciar um plano de treino com o seu cão estará a dar
o primeiro passo para prevenir acontecimentos desastro-
sos que podem colocar em causa a integridade física do
seu cão, de outros cães e/ou de outras pessoas. No
entanto, mantenha sempre presente que as aulas sema-
nais de obediência na escolinha de cães, por si só, não
são suficientes! o treino deve prolonga-se para lá da
escola e deve ser aplicado no seu dia-a-dia.
Um cão educado: ◾Permite o seu manuseamento em qualquer parte do seu corpo, verificando ferimentos, sinais de doença ou simplesmente para a administração de medica-
ção;
◾Demonstra boas maneiras, sendo capaz de passar a maior parte do seu tempo dentro de uma habitação juntamente com a sua famíl ia humana cumprindo
os limites estabelecidos por esta;
◾Gosta de manter-se perto de si, mostra-se focado e atendo, disponível para receber comandos e recompensas;
◾É capaz de andar ou correr ao seu lado sem puxar a trela;
◾Reconhece o comando “larga”;
◾Mostra motivação e entusiamo ao executar o comando “senta” ou outro qualquer comando independentemente do local e /ou situação;
◾Entende e cumpre os limites estabelecidos por si. Entende o que é esperado dele e demonstra poucos ou nenhuns sinais de ansiedade/excitação.
Um cão educado: ◾Permite o seu manuseamento em qualquer parte do seu corpo, verificando ferimentos, sinais de doença ou simplesmente para a administração de medica-
ção;
◾Demonstra boas maneiras, sendo capaz de passar a maior parte do seu tempo dentro de uma habitação juntamente com a sua famíl ia humana cumprindo
os limites estabelecidos por esta;
◾Gosta de manter-se perto de si, mostra-se focado e atendo, disponível para receber comandos e recompensas;
◾É capaz de andar ou correr ao seu lado sem puxar a trela;
◾Reconhece o comando “larga”;
◾Mostra motivação e entusiamo ao executar o comando “senta” ou outro qualquer comando independentemente do local e /ou situação;
◾Entende e cumpre os limites estabelecidos por si. Entende o que é esperado dele e demonstra poucos ou nenhuns sinais de ansiedade/excitação.
Ao escolher um profissional na área do adestra-
mento/treino canino tenha em consideração:
◾Adestradores/treinadores caninos de qualidade devem
mostrar conhecimentos sobre vários métodos de treino e
várias técnicas de modificação comportamental, sendo
capazes de aplicar o método e/ou técnica que melhor se
adequa para o seu cão.
◾Os métodos de treino de eleição devem focar-se essen-
cialmente no reforço positivo, usando castigos somente
quando estritamente necessário e da forma mais humana
possível;
◾Adestradores/treinadores caninos de qualidade devem
demonstrar capacidade de comunicação com pessoas e
cães. Lembre-se que irão instruí-lo sobre como comunicar
com o seu cão;
◾Se o seu cão apresenta problemas de comportamento
específicos e muito particulares, as aulas de grupo ou
aulas em campos de treino poderão não ser a melhor
opção. Problemas comportamentais devem ser tratados
por profissionais que apresentem uma especialização
nessa área, possuindo um profundo conhecimento em
psicologia canina e técnicas de modificação comporta-
mental para cães, por vezes é necessário a colaboração
entre o adestrador/treinador e o veterinário;
◾Antes de se inscrever em aulas de treino ou de aceitar
ajuda de um profissional que se desloca ao domicílio,
peça para observar uma aula/sessão ou peça uma aula/
sessão experimental;
◾Evite qualquer profissional que garanta a 100% que o
seu cão sairá do local de treino “a falar todas as línguas”.
Lembre-se que por mais experiência que o profissional
tenha nesta área, cada caso é um caso e nunca existem
garantias a 100%, dependerá não só das técnicas e méto-
dos aplicados pelo treinador/adestrador, mas também do
temperamento e carácter do cão, e essencialmente, da
personalidade e empenho do dono/educador;
◾Evite profissionais que pretendam resolver todas as
questões de comportamento e aprendizagem somente
com métodos aversivos;
◾Evite profissionais que pretendam treinar o seu cão
sem incluí-lo a si em qualquer fase do treino. A educação
e treino do seu cão deverá incluir o dono/educador sem-
pre, nem que seja na fase final. Lembre-se que o objectivo
é melhorar a comunicação e relacionamento entre si e o
seu cão!
“...Ao iniciar um plano de treino com o
seu cão estará a dar o primeiro passo
para prevenir acontecimentos desastro-
sos que podem colocar em causa a inte-
gridade física do seu cão, de outros
cães e/ou de outras pessoas. No entan-
to, mantenha sempre presente que as
aulas semanais de obediência na esco-
linha de cães, por si só, não são sufi-
cientes! o treino deve prolonga-se para
lá da escola e deve ser aplicado no seu
dia-a-dia…”
A ototomia, ou vulgarmente
conhecida como “corte das
orelhas” é uma operação
cirurgico-estética onde se
faz a remoção de parte das
orelhas caninas de forma a
deixá-las eretas.
Autoria:
Ricardo Duarte
Embora bastante popular em diversas raças como os
Dobermann, Boxer, Pit-Bull, Cane Corso, Mastim Napolita-
no, entre outros, esta operação sempre gerou muita con-
trovérsia, tendo até mesmo sido proibida em diversos
paises como Portugal, França ou Brasil.
No entanto, qual é o motivo desta cirurgia? Quais as van-
tagens? Quais os riscos? Deveremos submeter os nossos
patudos a esta cirurgia “estética”?
A ototomia teve como origem a necessidade de proteger
e de minimizar eventuais lesões em cães de guarda e de
caça durante o desempenho das suas funções. Uma vez
que as orelhas são membros bastante irrigados, um
pequeno corte poder-lhes-ia causar um sangramento
intenso e também bastante difícil de cicatrizar.
Desta forma o objectivo seria de os tornar menos vulne-
ráveis a eventuais riscos, mas também como forma de
intimidação visual a um possível opositor. Os defensores
desta cirurgia acreditavam que a silhueta de umas ore-
lhas erectas e afiadas dariam ao cão um ar mais feroz e
distinto (apenas em termos de aparência, claro) e, por
isso, seria uma excelente estratégia de defesa. No entan-
to, é importante sublinhar que o comportamento do cão
em nada é influenciado pelo corte das orelhas. Para se
criar um verdadeiro cão de guarda, este deverá ser trei-
nado para desempenhar tais funções.
Nos primórdios da realização desta cirurgia, os seus pio-
neiros também se basearam na observação de cães pri-
mitivos como forma de a justificar. Estes cães apresenta-
vam o pavilhão auricular ereto e em forma de concha, o
que os beneficiava na sua sobrevivência, uma vez que
potenciava a sua audição.
Hoje em dia existem diversas posições em relação a esta
cirurgia, os defensores dos cortes das orelhas por um
lado e os defensores de manter as orelhas como elas são
por outro, apresentando cada um deles um conjunto de
vantagens e desvantagens.
Procedimento cirúrgico:
Cada raça apresenta diferentes estilos de ototomia de
acordo com a sua finalidade, com a densidade e dureza
do couro da orelha, com o formato do crânio e finalmen-
te, com o tipo de expressão corporal que os donos quise-
rem transmitir após o corte.
Normalmente a ototomia é realizada entre os 2 e os 4
meses de idade, uma vez que nessa fase do crescimento
do cachorro a cartilagem da orelha é mais macia e fácil
de cortar. No entanto, após esta idade e antes de se pro-
ceder à cirurgia, deve-se fazer uma avaliação da cartila-
gem do cachorro. Em alguns casos, esta já se encontra
“partida” e como tal a cirurgia seria desnecessária e inefi-
caz, não permitindo que a orelha se mantivesse ereta.
Antes de se proceder à cirurgia deve-se também verificar
possíveis casos de anemia ou dificuldades de coagulação
do sangue. Para tal é necessário realizar uma bateria de
exames que atestem a boa saúde do cachorro.
“Embora bastante popular em diversas
raças como os Dobermann, Boxer, Pit-Bull,
Cane Corso, Mastim Napolitano, entre
outros, esta operação sempre gerou muita
controvérsia, tendo até mesmo sido proibi-
da em diversos paises como Portugal,”
Esta técnica, ao ser realizada, deve ser feita numa sala
de cirurgia esterilizada e com o animal sedado (anestesia
tópica ou geral). A anestesia é administrada para garantir
que o cachorro não sente qualquer tipo de dor. Nos casos
em que se opta por uma anestesia local é frequente ser
administrado também um sedativo para ajudar a acal-
mar o cachorro e facilitar assim a cirurgia.
Antes de proceder ao corte, com uma tesoura, bisturi ou
laser, o veterinário deve-se assegurar da região do corte,
tendo para isso que realizar uma marcação na orelha,
para o guiar. Após o corte deve-se proceder à sutura da
orelha. Finalmente, são colocadas talas de forma a man-
ter as orelhas numa posição vertical e envoltas numa
ligadura (que deve ser trocada regularmente), podendo a
recuperação durar até cerca de 3/4 meses.
Pós-operatório:
Como já foi referido, o pós-operatório é um processo lon-
go, podendo chegar até aos quatro meses. Durante esse
período, o cachorro terá que utilizar uma tala para man-
ter as orelhas na posição desejada.
À parte do longo período de recuperação, é necessário
pensar também nos cuidados que os tutores terão que
ter para evitar eventuais infeções e garantirem uma boa
recuperação. Sendo uma cirurgia incómoda, e tendo o
cachorro que portar algo exterior ao seu corpo, é natural
que este sinta comichão e tenha o instinto de coçar. Os
tutores terão como responsabilidade não permitir que o
cachorro se coce e também o dever de prestar os curati-
vos diários, bem como a toma dos medicamentos recei-
tados pelo veterinário, que regra geral serão antibióticos
e analgésicos.
Prós e contras:
Alguns defensores desta cirurgia defendem que as ore-
lhas cortadas permitem uma maior liberdade de movi-
mentos da orelha e como tal, acabam também por prote-
gê-la de eventuais picadas de insetos, mordidas e infe-
ções
Há quem defenda que o corte das orelhas permite reduzir
a probabilidade de otites, disseminação de fungos, deslo-
camentos de cartilagem por hemorragia, surdez e derma-
tites. Ora, é verdade que os cães com as orelhas caídas,
em regra, apresentam maiores probabilidades de desen-
volver otites, uma vez que existe uma maior acumulação
de sujidade e, visto ser uma “orelha fechada”, apresenta
uma temperatura mais elevada no seu interior, tornando-
se um ambiente propício ao desenvolvimento de fungos
e bactérias.
No entanto, existem no mercado diversos produtos de
limpeza auricular especialmente desenvolvidos e que se
forem utilizados com regularidade previnem a ocorrência
destes problemas.
Por outro lado, uma das principais desvantagens é o fac-
to de ser necessário administrar uma anestesia. Embora
este procedimento possa ser realizado com anestesia
local, muitos veterinários adotam por uma anestesia
geral, de forma a poderem realizar todo o procedimento
mais tranquilamente, o que à partida representaria um
maior sucesso em termos de resultado final. Contudo, a
anestesia geral nos cães, tal como nos humanos, apre-
senta os seus riscos e, em diversos casos, pode até levar
ao falecimento do animal.
É também necessário ter em conta que as orelhas, tal
como a cauda, são veículos de expressão dos cães. Senti-
mentos de medo, de agressividade, de submissão e de
alegria são expressos de forma bastante evidente através
das orelhas e da cauda. Ora se as cortarmos, estamos a
reduzir a comunicação entre cães e humanos mas, e
mais importante ainda, estamos também a reduzir a
comunicação entre membros da própria espécie.
Outra questão que leva ao corte das orelhas é a possibili-
dade de participação em concursos de beleza canina.
Muitos participantes creem que para participarem em
concursos de beleza têm que apresentar o seu cão con-
forme os critérios da prova e, muitas vezes, pensam que
os critérios obrigam a que o animal apresente as orelhas
cortadas. No entanto esta regra foi alterada, e nos dias
de hoje não existe qualquer obrigação nesse sentido.
É relevante ponderar também acerca da fase de desen-
volvimento do cachorro que passa por este procedimen-
to, pois sendo um procedimento cirúrgico que se realiza
quando o patudo é ainda um cachorrito, temos que ter
em conta que este se encontra numa fase durante a qual
necessita de estímulos e de partir à descoberta do meio
que o rodeia, para que possa crescer confiante e equili-
brado. No entanto, o período de recobro acaba por não o
permitir. Isto faz com que o cachorro passe por essa fase
de desenvolvimento de forma menos adequada do que
deveria, podendo este défice vir a manifestar-se mais
tarde.
Existe ainda outro fator que leva a que os defensores da
integridade das orelhas do cão se oponham a esta práti-
ca: o mau procedimento “cirúrgico”. Certo “criadores
autodidatas” preferem ser eles próprios realizar a cirur-
gia. Recorrendo-se de material completamente inadequa-
do, como tesouras artesanais e facas, sem o recurso a
anestesia e sem especiais cuidados de esterilização, o
resultado final pode ser desastroso. Infeções, hemorra-
gias que podem levar à morte e um resultado estético
final completamente aquém do que seria esperado.
O que realmente importa?
Em suma, se é verdade que a imponência do porte de
algumas raças, como o Doberman ou o Dogo Alemão,
com as orelhas bem cortadas é evidente, conferindo-lhes
um ar elegante e ao mesmo tempo portentoso, também
é verdade que o bem-estar do animal deve sempre vir em
primeiro lugar. Como em qualquer cirurgia, o tempo de
recuperação é sempre doloroso e pode acarretar alguns
imprevistos e problemas mais complicados. Por isso jul-
go que deve ser considerada a necessidade real de optar
por esta intervenção.
Muitas vezes, a necessidade do homem de interferir
sobre o meio onde está inserido, sem critério nem justifi-
cação, pode levar a graves problemas nas espécies alvo.
Porque deveremos nós moldar quem de nós depende,
conforme a nossa vontade e os nossos padrões de estéti-
ca e beleza? Devemo-nos lembrar que os nossos cachor-
ros confiam e dependem de nós, e que temos portanto a
responsabilidade de não os desiludir!
Personalidade
Karen Pryor
Karen Pryor,
autora e cientis-
ta com reputa-
ção internacional
nos domínios da
biologia dos
mamíferos mari-
nhos e psicologia
comportamental.
Através dos seu
trabalho com os
golfinhos na
década de 60,
foi pioneira nos
modernos méto-
dos de treino de
animais sem
recorrer à força e
tornou-se uma
autoridade no Condicionamento Operante - a arte e a
ciência da mudança do comportamento com reforço
positivo. É a fundadora e principal responsável pela cria-
ção do ensino animal com clicker, movimento mundial
que envolve novas formas de comunicar de forma positi-
va com animais de estimação e outros animais. É autora
de vários livros, incluindo amamentando o seu bebé, um
clássico para as mães que já vendeu mais de um milhão
de cópias e mais de 50 artigos científicos sobre aprendi-
zagem e comportamento.
Karen Pryor licenciou-se na Universidade de Cornell e fez
pós-graduação em zoologia e biologia comportamental
nas Universidades do Havai, Nova York e Rutgers. Foi
uma das fundadoras do Instituto Sea Life Park do Havai,
onde foi presidente e pioneira no treino de golfinhos. Tra-
balhou para o governo dos Estados Unidos como Comis-
sária dos Mamíferos Marinhos e foi consultora da indus-
tria privada sobre o comportamento e treino. É presiden-
te do Cambridge Center para estudos comportamentais e
membro do Conselho da Fundação B.F. Skinner.
Muitos treinadores de cães usam actualmente uma
pequena caixa de plástico com uma lâmina dentro que
ao ser pressionada produz um som único e característico
a que se deu o nome de “clicker”, que irá servir como
marcador de um comportamento desejável em relação
ao qual irá receber uma recompensa. Em 1987 Pryor
começou a dar seminários e teve oportunidade de comu-
nicar com centenas e milhares de treinadores de cães
que estavam ansiosos por experimentar um sistema de
ensino não coercivo em vez do ensino com castigos.
O método do condicionamento operante aplicado já se
espalhou por todo o mundo, auxiliado principalmente pela
internet. O treino com reforço positivo é agora amplamen-
te utilizado em zoos na manipulação e cuidados médicos
de animais selvagens e com outros animais domésticos,
como gatos, cavalos, papagaios, etc.
Karen Pryor é fundadora, editora e directora executiva da
Karen Pryor Clickertraining (KPCT) e da Sun Light Books,
Inc., editora de livros e vídeos sobre trabalho com clicker
e da ciência do condicionamento operante com reforço
positivo. É também uma das fundadoras da TAG Teach
International, organização que ensina treinadores a apli-
car os princípios da modelagem (shaping) para desporto e
dança.
Karen Pryor tem três filhos e sete netos. Actualmente vive
em Boston com dois cães e um gato.
Acerca do seu livro “Introdução ao adestramento com
clicker” Karen disse o seguinte:
“Este livro tem o objectivo de te introduzir na técnica, dar-
te as competências necessárias para que obtenhas os
primeiros comportamentos utilizando o clicker. Uma vez
que tenhas conseguido algumas respostas com esta técni-
ca, verás que os livros e vídeos que existem sobre o condi-
cionamento operante, incluído neste livro, fará mais e
mais sentido para ti”
Autoria: Marta Wadsworth
Manifesto da essência de Ser Cão
Autoria: Marta Wadsworth
Manifesto da essência de Ser Cão
Todos os verdadeiros amantes de cães, e tenho a certeza
que és um deles, caso contrário nem estarias a ler este
artigo, têm em comum algo muito especial – a capacida-
de e interesse de cuidar e proteger um ser que embora
possa não ser necessariamente indefeso, depende incon-
dicionalmente dos cuidados do seu dono para o seu bem-
estar.
Nos dias agitados que vivemos, cuidar de um cão é para
muitos uma tarefa árdua, que envolve muita “perda de
tempo” e que culmina muitas vezes em abandonos
cruéis dos seus cães, simplesmente porque não
“encaixaram” no estilo de vida de quem os acolheu na
sua família.
Falamos disto porque é verdade que ter um cão, como
membro da família, implica sim tempo, implica que os
donos tenham consciência das suas necessidades, que
“percam tempo” em conhecê-lo, em brincar com ele, esti-
mulá-lo física e mentalmente, que se riam das suas aven-
turas e não se afastem um segundo dele quando algo
não está bem.
Cuidar de um cão, um ser de outra espécie, que não pen-
sa da mesma forma que nós, é um desafio mas que pode
rapidamente tornar-se o ponto alto da vida de uma famí-
lia, um elemento unificador, que traz harmonia e equilí-
brio para os nossos dias. Que nos faz companhia, traz
alegria e ajuda até a trazer uma nova esperança para
quem têm andado mais em baixo.
Um cão, é um amigo, o melhor amigo, mas é também
um cão. É também ele um ser vivo, irracional, cujas ori-
gens remontam às montanhas e planícies onde o seu
ancestral costumava correr, livremente. Um cão tanto
tem em si a capacidade de viver na sua caminha, em
frente à lareira, como de correr quilómetros em busca de
um coelho saltitante ou de um cheiro interessante. Um
cão tanto afoga o seu dono em lambidelas como pode
apresentar sinais de agressividade quando vê algo que
não gosta.
“...Um cão tanto afoga o seu dono em lam-
bidelas como pode apresentar sinais de
agressividade quando vê algo que não
gosta…”
Os cães são inteligentes, à
sua maneira. Os cães apren-
dem por associação, a cada
experiência, a cada lugar, a
cada comportamento, a cada
reação, a cada objeto ou pes-
soa associam um resultado.
No futuro, o seu comporta-
mento ou atitude vai ser deter-
minado pelo que aconteceu
da última vez. Eles sempre
vão procurar o seu bem-estar,
tentar minimizar confrontos
ou desconforto por isso o que
quer que tenham de fazer
para o conseguir, vão fazê-lo. Se da última vez o dono
veio quando estavam a fazer uma grande asneira e lhe
deu muita atenção... então é porque fazer asneiras é um
bom comportamento que lhes dá o que procuram!
Os cães criam vínculos verdadeiros com os seus donos.
Não é por acaso que nas últimas décadas, com a altera-
ção significativa do estilo de vida das sociedades (que
deixaram a vida do campo e em casa, próxima dos seus
animais de companhia para um estilo de vida industrial,
onde passam maior parte das horas do dia fora de casa)
O cão, como talvez já saibas, tem personalidade própria.
É produto do que os seus genes ditam, do que acumulou
com a sua experiência e do que a educação o ensinou. O
cão tem emoções básicas, sim é verdade, o cão pode
estar ansioso, feliz, com medo ou até curiosidade e inte-
resse. Agora não penses que o teu cão é capaz de ter
grande consciência acerca das suas ações, que ele medi-
ta ou faz qualquer tipo de “introspeção”, de facto isso
não acontece. O cão vive o momento, responde de acor-
do com o contexto. O cão não sente culpa, o cão não tem
ciúmes, o cão não tem segundas intenções
(esta tem muito que se lhe diga, mas vamos
manter as coisas simples) no que faz..
Desde os seus primeiros dias de vida, que qual-
quer cão começa a construir o seu mundo a par-
tir do que cheira. Um mundo de cheiros, um
mapa de tudo o que conhece é feito através do
seu nariz. O teu cão cheira 40 vezes melhor que
tu, coisas que tu nem imaginas. Ele reconhece
todos os cães do teu bairro pelo cheiro, mesmo
que nunca os tenha visto “em pessoa”. E mais,
se pensares que cada cão pode alterar o odor
da urina todas as semanas (na melhor das hipó-
teses), é incrível pensar que o teu cão vai
memorizar todos esses odores de todos esses
cães, todas as vezes que sente... E para sempre!
Mas não fica por aqui; os cães ouvem 4 vezes
melhor que os humanos (podendo variar ainda
de acordo com a raça e caraterísticas morfológi-
cas de cada indivíduo) e, apesar de não terem
tanta sensibilidade à cor como nós, os cães têm
uma capacidade única de refletir a luz (muito
útil na visão noturna) e identificar movimento.
se desenvolveram em grande escala patologias de com-
portamento relacionadas com ansiedades por separação
dos donos. Os cães gostam e precisam da sua família, de
companhia, de atenção.
Algo muito diferente disto é a crença de que os cães que-
rem continuamente dominar a sua família, tornar-se os
líderes da matilha, os Alfas lá de casa. Esta é uma ideia
totalmente ultrapassada, sem qualquer base científica,
muito pelo contrário, que contradiz tudo aquilo que tem
vindo a ser estudado acerca do que é Ser cão. Os cães
podem sim lutar pela dominância no seio de uma família
com mais cães, mas desenganem-se os que pensam que
os cães nos vêm ao mesmo nível. Os cães sabem que
não somos cães e por isso não precisamos de nos apoiar
em quatro pernas, fazer grunhidos, ou tentar beliscá-los
simulando as interações entre cães... Isso para eles, não
faz sentido nenhum!
Um cão, de qualquer raça, origem ou criação é um ser
único, individual. A criação seletiva (para quem não sabe,
implica cruzar cães da mesma raça, com as mesmas
caraterísticas para que se prolongue a linhagem e se
atinja um desejado estalão) é um processo que tem vin-
do a ser desenvolvido com base nas preferências dos
donos, nas modas... Não necessariamente nos interesses
dos cães, para quem a contribuição genética variada era
uma mais-valia. Cães
de pedigree, cães de
passerelle, são por
muitas vezes (por falta
de conhecimento e
interesse do criador)
cães pouco saudáveis,
frutos de sucessivas
linhagens de consan-
guinidade – que irá
sofrer as consequên-
cias disso toda a sua
vida. Antes de adquirir
um cão perca tempo a
conhecer o criador, as
suas escolhas e princí-
pios.
Um cão não é um brin-
quedo, não é um pre-
sente de Natal. Um cão
não é uma paixão de
momento. Um cão não
é para uma estação.
Um cão vai ver-te como o seu protetor, o recurso de
sobrevivência, a companhia de brincadeira, toda a sua
vida será centrada em ti. Vai conhecer-te como ninguém,
antecipar os teus movimentos e saber como reagir quan-
do te vê triste. Ele pensa diferente, reage diferente,
aprende diferente mas no fundo, tal como tu, vai deixar a
sua marca neste mundo, no teu mundo.
“Um cão é uma vida, vai estar na tua vida
parte da vida, e ser parte dela, durante toda
a vida!”
A expressão é utilizada para indicar mudanças
comportamentais, mas a fêmea com “gravidez
psicológica” não está realmente grávida e sim sofrendo
de alterações hormonais, relacionadas ao aumento da
prolactina e diminuição da progesterona.
Autoria: Karin Medeiros
Pseudociese, fenômeno também
conhecido como “gravidez
psicológica”, manifesta-se em
cadelas inteiras através de
comportamentos anormais como
irritação, falta de apetite,
diminuição de interação social,
proteção com objetos e brinquedos
e, em alguns casos até
agressividade.
Para os lobos a pseudociese teve uma
função evolutiva, pois mesmo as fêmeas
não fecundadas, que não ficariam
grávidas, podiam apresentar
comportamentos maternais, como o
instinto de proteção e a produção de leite,
por exemplo, o que permitia que os filhotes
nascidos pudessem receber cuidados de
várias fêmeas, assegurando seu
crescimento, mesmo se a fêmea alfa não
estivesse por perto.
Para os cães domésticos essa função não é mais
necessária, mas, provavelmente, permanece na sua
herança genética, já que não existe um padrão de raça,
idade ou localização geográfica para a ocorrência desse
fenômeno natural. Mesmo cadelas que já tiveram
filhotes podem apresentar gravidez psicológica em
outros cios.
Outros sintomas físicos podem surgir, também
associados á pseudociese, como aumento das glândulas
mamárias, produzindo secreção fluida ou leite, secreção
vaginal e distensão do abdômen. Esses sintomas devem
ser avaliados por médico veterinário para não serem
confundidos com outros distúrbios como a piometra,
infecção uterina grave, a mastite, inflamação das
glândulas mamárias ou tumores de mamas.
As alterações hormonais preparam o corpo da cadela
para a chegada de um “pseudo” filhote, surgindo,
geralmente, por volta de dois meses após o cio, com
duração de 30 a 60 dias. Mas, apesar disso, não interfere
na capacidade reprodutiva da fêmea em outros cios nos
quais não se manifeste a pseudociese.
Na maioria dos casos, não é necessária a intervenção
com medicamentos, cessando os sintomas em algumas
semanas. Em outros, a cadela mama nela mesma, sendo
necessário desestimular esse comportamento, sem
punições, utilizando roupa cirúrgica ou colar Elizabetano
para impedir o acesso às mamas e evitar a produção de
leite.
Mas, se a cadela estiver produzindo muita secreção,
demonstrar dor nas mamas e prostração, pode ser
preciso utilizar medicação específica para secar o leite.
A esterilização é o tratamento indicado nesses casos, e
mesmo não eliminando os sinais durante o quadro de
pseudociese, previne que ele ocorra novamente.
Autoria: Sílvio Pereira
INSTINTOS BÁSICOS
DOS CACHORROS
A solidez de carácter do cão adulto é consequência directa do adequado
equilíbrio dos seus instintos naturais. A criação permite seleccionar os
exemplares melhor dotados para o trabalho e para o desporto. O adestra-
mento dá forma ao “todo” e, neste sentido, o papel exercido pelo adestra-
dor desde as primeiras semanas de vida é imprescindível.
O cão, animal de matilha como o seu ancestral o Lobo,
prefere viver no seio de uma comunidade. O medo atávi-
co que o Lobo tem das pessoas foi vencido pelo cão há
16 000 anos com a sua domesticação.
O cão não considera o homem como pertencente à sua
espécie, mas aceita-o no seio da sua comunidade e
aprendeu a integrar-se também na humana. Esta circuns-
tância faz com que o cão encontre facilmente o seu lugar
na escala hierárquica da família humana que o acolhe e
é esta a base da relação com o seu dono ou adestrador.
Mas o facto de o cão não temer os humanos tem como
consequência que a conduta de os morder se encontre
desinibida, em maior ou menor grau. Por esse motivo é
possível que os exemplares adultos, em determinadas
situações, sejam capazes de defender-se do homem ou,
i n c l u s i v a m e n t e , a t a c á - l o .
O fenómeno baptizado por Konrad Lorenz Imprinting
(anglicismo do termo alemão Prägung, e já abordado por
nós em artigos anteriores), que significa impressão, tem
lugar a partir da altura em que o cachorro abre os olhos e
começa a ter noção do meio envolvente, nas terceira e
quarta semanas de idade. Durante esta fase, diferentes
estímulos e comportamentos adquirem um significado
concreto que fica gravado para sempre.
Instinto gregário É neste período que convém manipular o cachorro diaria-
mente, pois é-lhe oferecida a oportunidade de reconhecer
o homem como membro do seu grupo social. De facto,
está provado cientificamente que os cachorros que, nes-
ta idade, são pesados diariamente são mais seguros e
sociáveis que aqueles que não têm tanta atenção por
parte do homem. Quero com isto dizer que é obrigação
do criador tratar cuidadosamente os cachorros e evitar
que todas as situações desagradáveis possam deteriorar
o futuro carácter do cão definitiva e irreparavelmente.
A partir da quinta semana começam a aparecer vestígios
de comportamento de defesa do alimento, mas é depois
da sexta semana que se evidenciam claros comporta-
mentos agonísticos à volta do comedouro, com grande
profusão de sinais: eriçamento dos pelos dorsais, rosna-
delas, ladridos e autenticas lutas. Através deste tipo de
condutas começa a estabelecer-se a escala hierárquica
no grupo e um dos cachorros, geralmente o mais desen-
volvido, começará a destacar-se dos restantes. Come
primeiro, não deixa os irmãos acercar-se até que se
sacie, colocará as patas sobre quem ouse disputar a sua
primazia… em definitivo, converte-se num líder.
O criador não deve intervir neste processo, mas quando
já estiver claramente estabelecida a dominância de um
dos cachorros, chegou o momento de o separar dos
outros para evitar que o seu carácter se construa à custa
da deterioração do dos demais. Assim dá-se a oportuni-
dade a outro de se converter em líder, repetindo-se assim
Livro Recomendado
o processo anterior até que fique só um que será o seu
próprio líder.
Para a maturação do comportamento social é tão impor-
tante dominar como, em certas ocasiões, aceitar ser
dominado. Uma atenta observação à ninhada oferecerá
ao criador, nestas alturas, suficiente informação para que
possa ter uma ideia clara das características psicológicas
de cada exemplar: do carácter (capacidade de excitação),
do temperamento (grau de dureza perante estímulos
adversos), da inteligência adaptativa (facilidade de resolu-
ção perante situações novas), da capacidade de recupera-
ção (facilidade de superação de situações desagradáveis),
etc.
O segundo dominante é, de momento, o cachorro que
demonstrou ser o melhor, pois foi dominado, recuperou-
se e soube dominar os outros. O primeiro dominante só
mostrou capacidade de dominar não passando pela expe-
riência de ser dominado. Poderá ser este o melhor mas
poderá dar-se o caso de não ser. Terá de demonstrar a
sua capacidade de recuperação e, para isso o criador terá
que intervir, submetendo-o e facilitando o seu restabeleci-
mento.
O criador deve ser aceite como fazendo parte da comuni-
dade. Para ele, ainda que os cachorros vivam separados,
é conveniente que nalgumas ocasiões os juntem todos,
mãe incluída, permanecendo debaixo da sua atenta
supervisão. O criador deverá ser aceite como o elemento
super-alfa. A sua experiência, sensibilidade, tolerância,
doçura e firmeza permitirão que os cachorros aprendam a
aceitar os diferentes estímulos, tanto positivos como
negativos, com toda a naturalidade e sem inibições.
Através do jogo o cachorro aceita sem traumas a autori-
dade do homem. Brincar com o dono facilita a relação
entre ambos, melhora a comunicação e facilita que o cão
reconheça a hierarquia, que desenvolva a sua capacidade de aprendizagem e que adquira, em suma, a disposição
necessária para o trabalho futuro.
Durante todo o período de socialização (das 5 às 12
semanas), o criador deve iniciar as primeiras fases de
fomento do instinto de caça, aproveitando as alturas em
que se encontra reunida toda a ninhada – sem a mãe.
Para evitar que os cachorros se cansem, estas sessões
devem ser curtas, intensas e espaçadas no tempo.
Assim, utiliza-se um trapo velho, que servirá de presa, que
devemos mover rápida, e entrecortadamente e que, rapi-
damente, deve afastar-se dos cachorros. Com este proce-
dimento iremos estimular o comportamento de caça e
desenvolver a conduta inata de perseguir uma peça de
caça que corre e se afasta. Finalmente, permite-se que a
mordam para dar por encerrado este ciclo e poder dar-
lhes liberdade ao seu comportamento de presa (isto não é
mais do que o que as mães lobas fazem para ensinar à
s u a p r o l e a s t é c n i c a s d e c a ç a ) .
Agora, podemos observar a capacidade expressiva da
conduta persecutória, as características da mordida
(tranquila ou nervosa, dura ou branda, ambiciosa ou tími-
da, duradoura ou breve) e o grau de possessibilidade.
Da análise do conjunto das características psicológicas
dos cachorros, se obterá informação suficiente para os
classificar no que diz respeito à força da sua carga instin-
tiva e em relação ao equilíbrio entre os seus diferentes
instintos. Seleccionam-se os exemplares mais aptos para
o Trabalho Desportivo (RCI ou SchH, por exemplo) e esta-
belecem-se em cada caso a estratégia adequada onde
irão assentar as bases do futuro adestramento.
Instinto predatório
Quando o cachorro atinge as 12 / 14 semanas e já apre-
senta algumas sessões de trabalho relativas ao desenvol-
vimento do instinto de caça, pode-se aproveitar, ainda
que leve e brevemente, o momento em que o acto de
persegui a presa apresente a sua máxima expressão
para, quase simultaneamente, permitir-lhe captura-la e
assim restaurar a sua segurança e tranquilidade.
Instinto de protecção
Com a apresentação de estímulos adversos de intensida-
de inferior ao impulso predatório, o cachorro aprende que
a mordida – de escape, tem um efeito benéfico, pois faz
com que cesse a pressão. Assim, agora acede à presa
através do Instinto de Sobrevivência e não, como antes,
através do Instinto de Caça. O resultado é que o animal
descobre que a forma de canalizar as suas inseguranças
é através da mordida – mordida de escape.
Desta maneira, estabelecem-se solidamente as bases
para o que no futuro será a pressão activa (pressão em
direcção ao instinto).
Livro Recomendado
Editora: Booksmile (www.booksmile.pt)
Ano de lançamento: 2007
1ª Edição em Portugal: Fevereiro 2011
Prefácio: Karen L. Overall - Prestigiada investigadora norte americana de comportamento canino
Autoria: Nídia Rodrigues
A história do
Um caso especial
A profissão de adestrador tem a grande vantagem de
nunca ser um trabalho monótono. Todos os cães são dife-
rentes e todos os donos têm necessidades diferentes em
relação aos seus cães. Desde o adestramento em obe-
diência básica, à resolução de problemas comportamen-
tais e socialização, cada caso tem a sua complexidade e
as suas peculiaridades. Daí ser fundamental adaptarmos
o nosso trabalho e os métodos utilizados a cada situação.
Mas há casos que deixam marcas, quando sabemos que
ajudámos a mudar a vida de um cão e de uma família de
forma bastante significativa. Claro que, nada se faria
sem a colaboração da própria família, sem o empenho
dos donos. E aqui está a grande diferença entre um caso
perdido, ou um caso de sucesso como o do Nanú.
O Nanú (ex-Charcoal) foi resgatado pelo Refúgio Animal
Angels em Outubro de 2014. Estava escondido num
armazém há mais de 1 mês, muito fraco e cheio de
medo. Voluntários da associação conseguiram apanhá-lo
e foi um choque o que encontraram. Petrificado de
medo, num sofrimento inacreditável, o Nanú estava a
caminho de uma morte lenta e dolorosa. O pêlo estava
enorme e num estado lastimável, cheio de nós e de lixo.
Numa magreza extrema e muito fraco, o Nanú tinha um
cheiro nauseabundo e indescritível. O horror surgiu quan-
do se aperceberam que tinha um cabo de aço amarrado
ao pescoço, de tal forma, que estava cravado na carne.
Alguém o tinha deixado assim para morrer, ou poderá ter
conseguido soltar-se e fugido do sítio onde estivera preso.
Foi tosquiado e o cabo de aço removido, que por pouco
cortava os vasos sanguíneos vitais, tendo que ser sedado
porque as dores eram insuportáveis para o pobre bichi-
nho. Com uma ferida muito profunda no pescoço, o Nanú
demorou a recuperar.
Em Fevereiro finalmente estava bem para ser adoptado e
encontrou uma família humana e canina para o acolher,
com a salvaguarda de que este era um cãozinho espe-
cial, que iria necessitar de muita atenção e paciência dos
donos. Os medos que apresentava eram tremendos e só
queria fugir de tudo, principalmente do contacto com os
humanos.
Os novos donos fizeram um trabalho excelente, estando
já habituados a cães especiais, pois têm uma pequena
matilha de cães adoptados. O Nanú tornou-se um pouco
mais confiante com as pessoas, mas ainda receoso.
Este caso chegou-nos através da mãe humana do Nanú,
que nos contactou a pedir ajuda. Houve muitos progres-
sos, mas o Nanú ainda tinha um grande caminho pela
frente e os seus donos queriam que pudesse desfrutar da
boa vida de cão que todos os seus manos têm lá em
casa.
O grande medo do Nanú agora era a trela. Só podemos
especular sobre o que terá sido a vida do Nanú até ser
resgatado, mas pelo estado em que foi encontrado, com
um arame cravado no pescoço, o mais natural é que o
pobrezinho não queira ver trelas ou correntes, ou tudo o
que se lhe assemelhe, como aconteceu com uma fita
métrica, em que o Nanú fugiu a correr com medo.
“...há casos que deixam marcas, quando sabemos que ajudámos a mudar a vida de um
cão e de uma família de forma bastante significativa. Claro que, nada se faria sem a
colaboração da própria família, sem o empenho dos donos. E aqui está a grande dife-
rença entre um caso perdido, ou um caso de sucesso como o do Nanú.”
O trabalho teve que começar por ganhar a confiança do
Nanú, para que me deixasse aproximar dele e fazer-lhe
festas. O fiambre e o frango desfiado foram os meus
melhores aliados, porque os biscoitos não eram o sufi-
ciente para que ele se quisesse aproximar e trabalhar
comigo.
Visto que o Nanú não podia sequer ver uma trela, então
primeiro tive que fazer um trabalho de contra-
condicionamento, para que associasse a trela a algo bom
e que visse a sua presença como uma experiência positi-
va. Colocámos a trela no chão, meio enrolada, com mui-
tos bocadinhos de fiambre à volta e no meio. Primeiro, o
Nanú comeu os que estavam mais afastados da trela
mas estava muito receoso em avançar para comer o res-
to. Para o deixar mais confortável, deixámo-lo sozinho e
fomos para outra divisão onde o podíamos ver. A pouco e
pouco o Nanú foi-se aproximando e acabou por comer
todos os bocados de fiambre que estavam no meio da
trela, tendo mesmo que lhe tocar para chegar aos pré-
mios.
Este trabalho foi repetido diariamente pela dona, que
passou a dar-lhe a alimentação desta forma, colocando o
comedouro no meio da trela. Ao fim de uma semana, a
presença da trela já era indiferente para o Nanú.
Começámos então a colocar-lhe a trela, utilizando o mes-
mo método, com o objectivo de dessensibilizá-lo para
aquele objecto, para que não o considerasse como algo
penoso para ele, mas sim, um objecto normal e comum.
Com a ajuda do fiambre e do frango desfiado, lentamen-
te colocámos a trela em contacto com o corpo do Nanú,
para depois a colocar presa à sua coleira. Inicialmente o
Nanú quis fugir, mas depois acalmou-se e demos um
pequeno passeio para trás e para a frente no pátio,
recompensando sempre que ficava mais tranquilo, até
que deixou de tentar fugir. A dona continuou este traba-
lho nos dias seguintes e o Nanú evoluiu imenso.
O próximo passo seria então sair de casa com trela e um
passeio na rua. Estando já a aceitar a trela num espaço
que conhece bem e em que se sente seguro, avançámos
mais um pouco na sua recuperação e fomos passear
para a rua, primeiro muito próximo de casa. O Nanú mos-
trou-nos mais um dos seus medos, portas e passagens
estreitas. Com algumas repetições, a entrar e sair, ao
longo do tempo foi perdendo esse receio.
Este trabalho foi repetido diariamente pela
dona, que passou a dar-lhe a alimentação
desta forma, colocando o comedouro no
meio da trela. Ao fim de uma semana, a
presença da trela já era indiferente para o
Nanú.
O primeiro passeio do Nanú depois de começarmos a
reabilitação foi extremamente gratificante, para mim,
para a dona, mas acima de tudo para ele. Finalmente
vimos o Nanú descontrair e levantar a cauda, abanando-a
e a mostrar a sua felicidade a passear, sem medo da
trela. Queria correr e dava saltinhos de contente.
Começamos então uma série de passeios com o Nanú,
afastando-nos mais de casa, para que pudesse conhecer
o pequeno mundo à sua volta. Apercebemo-nos então de
outro medo, os carros em andamento. Quanto maiores
fossem, mais barulho faziam e pior era para o Nanú.
Ficava em pânico, a querer fugir e a tentar soltar-se.
Com a ajuda da sua mana canina, a Clô, que é muito con-
fiante e sempre foi muito prestável a ajudar o Nanú, pas-
sámos a fazer passeios em locais movimentados, evo-
luindo gradualmente. Primeiro em ruas paralelas com
pouco movimento e depois na estrada principal onde
estão sempre a passar carros e camiões.
Outro problema que o Nanú apresentava, era o facto de
se afastar quando o chamavam ou quando o tentavam
agarrar. No entanto, o Nanú com a sua força de vontade
e vivacidade, está determinado a ultrapassar os seus
medos e a deixar para trás todos os traumas e não pára
de nos surpreender. Apesar de ter ainda algum receio, a
sua evolução foi notável após algumas sessões em que
treinámos a chamada, com uma trela extensível e a dona
afastada a chamar por ele com muitas recompensas.
Lentamente o Nanú foi evoluindo. Deixou de ter aquela
reacção de pânico aos carros e começou a descontrair
ligeiramente. Avançámos mais um passo na sua recupe-
ração e fizemos alguns passeios numa estrada com mui-
to movimento, perto da praia. Por fim, na companhia da
Clô e da Juka, duas das suas manas peludas, o Nanú des-
contraiu, levantou a cauda e desfrutou de um passeio,
contente e tranquilo, apesar de estar de trela e de passa-
rem carros constantemente ao seu lado. Escusado será
dizer que o trabalho de reabilitação do Nanú terminou
em grande, com umas corridas na praia e umas banho-
cas no rio!
Entretanto, foi de férias com a sua nova família, numa
grande viagem de caravana! O Nanú portou-se lindamen-
te e a família está radiante de ver o seu menino especial,
que lhes foi entregue quase como um caso perdido, ago-
ra tão feliz! Está praticamente reabilitado, apesar de ain-
da recear um pouco os carros, o que na opinião da dona
até é desejável, mas já corre e brinca sem medos e vem
logo quando o chamam, sem receios.
Com a continuação do excelente trabalho que a dona
tem realizado, o Nanú está a aprender a ser cão nova-
mente e a recuperar o tempo perdido. Quando o vemos a
brincar, a sua alegria é contagiante porque parece um
cachorro nas suas primeiras corridas.
É fundamental não desistirmos dos nossos cães, mesmo
quando o futuro possa não se apresentar risonho. Eles
são mais fortes e resilientes do que nós pensamos. Com
o caso do Nanú, temos a prova de que com esforço e per-
severança tudo se consegue, utilizando as técnicas ade-
quadas a cada caso e evoluindo ao ritmo do próprio cão.
Quando um cão tem medo, é ansioso ou mesmo agressi-
vo, significa que está em sofrimento. E é nosso dever,
enquanto donos, fazer o que estiver ao nosso alcance
para o retirarmos desse estado e dar-lhe uma vida, verda-
deiramente, de cão!
Gostaria de deixar um agradecimento muito especial à
dona do Nanú, a Sr.ª Rita Santos, não só pelo trabalho
fantástico que fez com ele, sem a sua ajuda nada disto
seria possível, mas também pela disponibilidade que
teve em ajudar-me na construção deste artigo e enviar-
me algumas das fotos.
Autoria: Bruno Pereira
Ansiedade por separação é uma das patologias mais
graves experienciadas pelos cães. Podemos definir Ansie-
dade por Separação como todos os eventos relacionados
com o comportamento de alguns cães quando separados
dos respectivos donos. É uma patologia que pode aconte-
cer a todos os tipos de cães (sexo, idade, raça) levando
tanto os donos como o cão a viver em constante stress
que geralmente resultam em constantes punições para o
animal e, em casos extremos, ao abandono! Uma vez que
existem muitas causas que não estão relacionadas com
a ansiedade, podemos mencionar este problema como
“Distúrbios relacionados com a separação do dono”.
Sendo o Cão um animal com elevado instinto gregário é,
para ele, contra natura ser deixado sozinho pelos donos
e, na maioria das vezes, são os respectivos donos a criar
situações para estimular essa ansiedade como por exem-
plo demonstrarem, de uma forma bastante enfática,
pena porque o seu companheiro vai ficar sozinho em
casa, despedindo-se dele antes de sair. Para além disso,
todos temos rotinas antes de sairmos de casa como por
exemplo vestir o casaco, pegar na mala, na chave de
casa ou do carro etc, sinais esses que são detectados
pelo cão e que faz com que a ansiedade aumente até à
saída do dono, momento em que aumenta bastante a
sua frustração por não poder controlar a situação. Frus-
tração essa que o levará a apresentar vocalizações exces-
sivas, eliminação inadequada, comportamentos destruti-
vos, entre outros comportamentos inadequados.
Para além dos acima referidos, passamos a enumerar
outros factores de risco que podem levar ao desenvolvi-
mento desta patologia:
Cães adoptados;
Desmame prematuro;
Disfunção cognitiva;
Cães que passam longos períodos em canis;
Experiências traumáticas quando cachorros;
Longos períodos sem separação dos donos;
Cães deixados sozinhos muito tempo quando
jovens;
Mudança de rotinas.
Uma vez que a Ansiedade por Separação se pode mani-
festar de diferentes maneiras, é importante efectuar um
diagnóstico diferencial aos cães que apresentem os
seguintes sintomas:
Vocalizações excessivas;
Comportamentos destrutivos;
Cães que apresentem sinais de automutila-
ção;
Salivação excessiva;
Eliminação inadequada;
Anorexia e letargia;
Dermatite acral por lamber;
Vestígios de humidade (suor) nas almofadas.
Por vezes os cachorros são separados da sua mãe e
irmãos cedo demais e, no seu “novo mundo”, em que
tudo é novo e desconhecido, passando muito tempo sozi-
nhos, a ansiedade e o stress aumentam. Com o passar
do tempo, e após a sua integração no seio familiar, o cão
consegue diferenciar quem é a sua figura de apego. A
domesticação trouxe este problema, produziu uma gran-
de dependência do cão pelo dono criando potencial sufi-
ciente para que se produza um Hiperapego (como já foi
referido nos parágrafos anteriores, os donos muitas das
vezes, por desconhecimento ou não, reforçam esse ape-
go levando os cães a sofrer de Hiperapego).
É de extrema importância ensinarmos os nossos cães
desde cachorros a ter a sua independência e a ficarem
sozinhos em casa para evitar o desenvolvimento desta
patologia que, infelizmente, grande parte dos cães
sofrem e para lhes ensinar que o facto de os donos saí-
rem e eles ficarem sozinhos em casa não é um problema
e que esses mesmos donos irão voltar. Assim, quando
vamos buscar um cachorro/cão adulto, é “obrigatório”:
Começar a criar regras e rotinas diárias como
por exemplo determinar um local seguro para
passarem algumas horas do seu dia (a caixa
transportadora – com um possível e pequeno
espaço cercado à sua frente – é a melhor
maneira de dar o descanso que eles preci-
sam);
Ter horas e locais certos para as refeições
(NUNCA deixar a comida à descrição durante
todo o dia);
Moderar, em quantidade e frequência, a aten-
ção dada ao cão para que não se crie um ape-
go exagerado;
Mesmo em casa deixar o cão separado do
dono (sem o contacto visual), numa divisão ou
na caixa transportadora, durante alguns perío-
dos de tempo (ir aumentando gradualmente
consoante a resposta do cão – Nunca voltar ao
cão quando este estiver a mostrar comporta-
mentos ansiosos como ladrar, ganir, etc) ;
Sair por alguns momentos de casa sem se
despedir do cão e sem lhe dar qualquer sinal
que vai sair para não estimular a ansiedade
que possa surgir, e quando voltar não lhe dar a
atenção que ele lhe vai exigir. Agir natural-
mente como se o cão não estivesse lá e dar-
lhe atenção quando ele estiver calmo e des-
contraído (Ir aumentado os períodos de tempo
consoante a resposta do cão).
Quando não consigamos passar a devida mensagem, ou
no caso do cão que formos buscar já vir a sofrer dessa
patologia é muito importante fazer o diagnóstico correcto
e passarmos ao respectivo tratamento. O tratamento é
composto por 3 fases combinados entre si conforme
segue:
- Efectuando algumas alterações ambientais:
* Minimizar ao máximo a intensidade dos estí-
mulos externos
* Oferecer-lhe um lugar seguro onde não possa
causar nenhum dano
* Ir mudando de vez em quando os brinquedos
que tem à sua disposição que não devem ser mais que 2
ou 3 .
- Modificação comportamental:
* Rotina diária
* Controlo do cão
* Trabalhar com o cão
* Estimulação mental e física
* Brinquedos interactivos (por exemplo o KONG)
* Ligar rádio ou televisão
- Terapêutica farmacológica
* Antidepressivos para auxilio da modificação comporta-
mental – De salientar que os medicamentos têm que ser
prescritos pelo veterinário sempre que o animal tenha
necessidade disso e a medicação sozinha não é a solu-
ção para o problema servindo, apenas, como auxilio de
modificação de comportamento.
Posto isto, é igualmente importante relembrar que NUN-
CA SE DEVE CASTIGAR O CÃO por reincidências ou com-
portamentos realizados na ausência dos donos, pois ele
nunca compreenderia o motivo de estar a ser castigado
para além de que só iria aumentar muito mais a sua
ansiedade.
O caso
que apre-
sentamos
e que aju-
dámos a
r e s o l v e r
centra-se
e x a c t a -
m e n t e
n e s t a
patologia
que não era boa nem para o cão nem para o dono por-
que, no fundo, todos nós queremos ter um cão equilibra-
do e que consiga (con)viver com todas as situações do
dia a dia.
Neste caso, a Magali, uma Golden Retriever com quase 4
anos, super meiga e sociável tanto com cães como com
pessoas, sofria de hiperapego devido ao facto da sua
dona trabalhar em casa e estar 24 sobre 24h com ela. O
Amor mutuo e a felicidade da constante companhia uma
da outra levava-as a ir juntas para qualquer lado que fos-
se. Com tudo isto, o hiperapego estava a ser muito refor-
çado pela dona sem que ela desse por isso.
Sempre que o trabalho aumentava, os passeios da Maga-
li iam sendo reduzidos, tanto em tempo como em fre-
quência, e para a compensar a sua dona falou connosco
(Dog’s Fit) para irmos dar uns passeios maiores com a
sua companheira. Foi quando chegámos e nos depará-
mos com a situação do Hiperapego, num estado muito
avançado. A Magali saía connosco de casa e não passava
da porta do prédio. De frisar que nós já conhecíamos a
Magali desde pequenina e nem assim ela vinha passear
connosco. Falámos com a dona, explicámos a situação e
fizemos com que percebesse quão importante e funda-
mental seria a resolução deste problema.
Para a resolução de qualquer patologia é fundamental a
vontade e empenho dos donos e, neste caso, a dona da
Magali seguiu todo o programa para a “reabilitar” e, pas-
sado cerca de um mês, a Magali já dava grandes pas-
seios connosco. Desde então, e até aos dias de hoje, já
nos vem receber à porta com grande alegria porque já
sabe que é hora do “passeio maior e mais mexido”!
Esperamos que este artigo ajude na resolução desta
patologia, contudo é muito importante fazer um diagnós-
tico correcto para que o tratamento a fazer seja o indica-
do pelo que recorrer a alguém especializado é fundamen-
tal.
Como “dona” de animal de
companhia de primeira viagem
e sendo a Magali um animal
super meigo, social e submissa,
não foi para mim fácil perceber
os primeiros sinais do híper-
apego que ela tinha por mim.
Como trabalho em casa e a
levava sempre comigo quase para todo o lado, as situações
de ansiedade dela geradas pelo apego a mim eram inicial-
mente levadas como amor de Dono/Cão.
A o n d e E u i a , M a g a l i i a .
Ela não saia de ao pé de mim, nunca.
Mas conforme ela foi crescendo e sobretudo a partir dos 2
anos e meio, comecei a ficar preocupada com o seu sofri-
mento em ficar sozinha.
Ela não passeava com ninguém quando se apercebia que eu
não a acompanhava, e, chegou a fugir em direcção a casa
uma das vezes que passeava com o meu irmão.
Os vizinhos referiam que ela chorava e gania o tempo todo,
não comia, ficava o tempo todo à janela, e, quando íamos a
casa de amigos ela ficava muito ansiosa com medo de que
a abandonasse.
Tentei que ela ficasse com amigos, mas a ansiedade de
ambas era grande.
Pesquisei sobre o assunto, até que um dia falei com o Bruno
Costa Pereira da Dog’s Fit para me ajudar com os passeios
dela devido á minha vida profissional, e, num dos “nossos”
primeiros passeios começámos a falar sobre que passos a
tomar, tais como:
- Enquanto trabalho não estarmos ambas na mesma divi-
são;
- Aumentar gradualmente o tempo de separação;
- Não me despedir quando saia;
- Deixá-la acalmar quando chegava e recompensando-a por
“bom comportamento” quando ficava sozinha.
Em pouco tempo os resultados foram visíveis e a Magali foi
se apercebendo que estarmos separadas não é sinal de que
eu a abandone.
É muito gratificante ver que o seu sofrimento é cada vez
menor.
A sua felicidade é também a minha felicidade.
É ainda um processo em curso na qual a ajuda da Dog’s Fit
é inestimável.
Visão: Pode discriminar cores. Vê o mundo numa cor atenuada
e distingue bem o vermelho, o azul e o amarelo, cores pri-
márias;
Muito sensível aos objectos móveis;
Visão pobre para o detalhe;
Boa visão nocturna.
Audição:
Quatro vezes mais agudo que o homem;
Pode ouvir uma frequência mais alta;
Percebe ruídos ultra sónicos.
Olfacto:
Sentido predominante;
40 vezes maior que no homem;
Pode discriminar entre milhares de diversos odores;
Pode detectar concentrações muito baixas de substân-
cias com odor.
Gosto:
A sacarose é altamente aceitável;
O sabor agradável está baseado no odor;
Prefere a carne de vaca > porco > cordeiro;
Prefere a carne aos cereais;
Prefere o alimento conservado > cozinhado > picado >
cru;
Come durante o dia.
Tacto:
Pouco desenvolvido;
Está ligado a manifestações de amizade.
Nome original English
Bull Terrier
País de origem Grã-
Bretanha
F.C.I. Grupo 3 Secção
3 – Terriers de tipo
Bull
Estalão 11 – 2 de
Fevereiro de 1998
Variedades 2 Bull Ter-
rier Standard / Bull
Terrier Miniatura
Autoria: Vanessa Correia
História do Bull Terrier (factos))
A raça está baseada em cães do tipo Bull e Terrier criados para o combate durante o século XIX.
James Hinks com anos de experiências com cruzamentos apresentou a raça na década de 1850.
Os traços da raça são baseados no actualmente extinto English White Terrier.
Hinks tinha o intuito de criar um Bulldog que fosse utilizado tanto em ringues de luta como em exposições cani-
nas.
James utilizou o Pointer Espanhol para conferir maior tamanho e Dalmata para conseguir cães totalmente
brancos.
Em cerca de 1860 os juízes das exposições caninas mostraram parcialidade a favor dos Bull Terriers completa-
mente brancos.
Hinks propôs-se a criar uma raça completamente branca eliminando os cães com manchas e tigrados.
Os homens de classes altas andavam com os seus Bull Terriers como moda chamando-os de Cavaleiros Bran-
cos.
A raça fez muito exito nos concursos caninos e passou a ser conhecida como cão de companhia e não cão para
lutas, ao que deu resultado ao actual pacífico e harmonioso Bull Terrier.
1 - Trufa
2 - Focinho
3 - Stop
4 - Crânio
5 - Occipital
6 - Cernelha
7 - Dorso
8 - Lombo
9 - Garupa
10 - Raiz da cauda
11 - Ísquio
12 - Coxa
13 - Perna
14 - Jarrete
15 - Metatarso
16 - Patas
17 - Joelho
18 - Linha inferior
19 - Cotovelo
20 - Linha do solo
21 - Metacarpo
22 - Carpo
23 - Antebraço
24 - Nível do esterno
25 - Braço
26 - Ponta do esterno
27 - Ponta do ombro
a - profundidade do peito
b - altura do cotovelo
a + b = altura do cão na cernelha
1 - Trufa
2 - Focinho
3 - Stop
4 - Crânio
5 - Occipital
6 - Cernelha
7 - Dorso
8 - Lombo
9 - Garupa
10 - Raiz da cauda
11 - Ísquio
12 - Coxa
13 - Perna
14 - Jarrete
15 - Metatarso
16 - Patas
17 - Joelho
18 - Linha inferior
19 - Cotovelo
20 - Linha do solo
21 - Metacarpo
22 - Carpo
23 - Antebraço
24 - Nível do esterno
25 - Braço
26 - Ponta do esterno
27 - Ponta do ombro
a - profundidade do peito
b - altura do cotovelo
a + b = altura do cão na cernelha
Estalão da raça
Aspecto Geral: De constituição forte, musculoso, proporcional e activo com uma expressão viva, pers-
picaz, determinada e inteligente.
Características: O Bull Terrier é o gladiador do mundo canino, cheio de entusiasmo e coragem. Uma
característica única é a cabeça, com a frente descendente e de forma ovóide. Independentemente do
seu tamanho, os machos deverão ter um aspecto masculino, e as fêmeas, feminino.
Temperamento: De um temperamento equilibrado e aberto á disciplina. Embora obstinado é particu-
larmente amável com as pessoas.
Cabeça e crâneo: Cabeça longa, forte e profunda até á ponta do focinho, mas não grosseira. Observa-
da de frente tem a forma de ovo e está completamente cheia, a sua superficíe está livre de cavidades
ou recortes. A parte superior do crâneo é quase plana de orelha a orelha. O perfil curva-se suavemen-
te para abaixo desde a parte superior do crâneo até á ponta da trufa, que deverá ser negra e estar
dobrada até abaixo á ponta. Orifícios nasais bem desenvolvidos. A zona cituada debaixo da mandíbu-
la é profunda e forte.
Olhos: De aspecto estreito, oblíquamente colocados e triangulares, profundos e de cor preta ou de um
marron o mais escuro possível, de maneira a parecer quase preto e com um brilho penetrante. A dis-
tancia desde a ponta da trufa até aos olhos é perceptivelmente maior que a existente entre os olhos e
a parte superior do crâneo. A côr azul ou parcialmente azul é indesejável.
Orelhas: Pequenas, finas e bastante juntas entre si. O cão deverá portá-las muito rijas e erectas quan-
do apontam para cima.
Boca: Dentes saudáveis, limpos, fortes, de um bom tamanho e com uma perfeita mordedura em
tesoura, regular e completa (os incisivos superiores ficam justos á frente em contacto estreito com os
incisivos inferiores que estão inseridos perpendicularmente aos respectivos maxilares). Lábios limpos
e apertados.
Pescoço: Muito musculoso, longo, arqueado, afinando desde os ombros até á cabeça. Isento de papa-
da.
Extremidades Anteriores: Ombros fortes e musculados, sem estarem carregados. Os omoplatas lar-
gos, planos, portados perto da caixa toráxica e com uma caída profunda até atrás da face frontal,
desde a parte inferior á superior da extremidade anterior. Os cotovelos são rectos e fortes e os meta-
carpos estão perpendiculares ao chão. As patas anteriores têm uma ossada muito forte, redondeada
e de qualidade, o cão deverá estar firmemente assente sobre elas e devem ser perfeitamente parale-
las. Nos cães adultos, a longitude das extremidades anteriores, da cruz ao chão, específica do esta-
lão, deverá ser aproximadamente igual á profundidade do tórax.
Tronco: Bem arredondado, com umas costelas muito arqueadas e uma grande profundidade desde a
cernelha até á musculatura peitoral, de maneira que este fique mais próximo do solo que o abdómen.
Dorso curto, forte, queda por baixo do nível da cernelha, arqueando-se formando uma ligeira concavi-
dade á altura dos rins, largos e musculosos. O contorno inferior, desde a musculatura peitoral até ao
abdómen, forma uma elegante curva até acima. Visto de trás, o tórax é largo.
Extremidades Posteriores: Paralelas quando as observamos de trás. Musculos e segundos musculos
bem desenvolvidos. Articulação do joelho bem angulada com a ossada que chega até ao pé curto e
forte.
Patas: Redondas, compactas e com os dedos bem arqueados.
Cauda: Curta, de implantação baixa e portada horizontalmente. Grossa na base, estreita até acabar
numa ponta fina.
Marcha/Movimento: Quando o movimento é bom, cobre o terreno com uns passos regulares, soltos
com um ar alegre típico. A trote, o movimento será paralelo á frente e atrás, convergendo unicamente
até ao centro a velocidades mais altas, com um bom alcance das patas anteriores e um movimento
das extremidades posteriores de forma fluída á altura da anca, com uma grande força de impulsão.
Pelagem: Curta, lisa, homogénea, densa, aspera ao toque e com um brilho fino. A pele bem aderente.
Pode fazer uma subpelagem de textura fina no Inverno.
Cor: Para os brancos, pelagem de cor branco puro. A pigmentação da pele e as manchas na cabeça
não constituem defeitos. Para os cães coloridos, a cor deve predominar sobre o branco. Em igualda-
des de circusntâncias, deve preferir-se a cor tigrada. O tigrado, o preto, o avermelhado, o dourado e o
tricolor admitem-se. Pequenas marcas na pelagem branca são indesejáveis. A cor azulada e cor de
fígado não são desejáveis.
Tamanho: Não há limites de peso nem altura, no entanto deveremos ter a impressão de que o cão
tem a máxima substância respectiva ao seu tamanho, tendo em conta as suas qualidades e o sexo.
Faltas: Qualquer desvio nos pontos anteriormente mensionados deverá ser considerado como defeito,
e será penalizado em função da sua gravidade.
Nota: *Os machos devem ter os dois testículos aparentemente normais, apresentam-se descidos por
completo e acomodados na bolsa escrotal.
Bull Terrier Miniatura
Quando criados no início do século XIX a partir do
cruzamento de Bulldogues com Terriers, os Bull Ter-
riers pequenos como a miniatura dos dias de hoje
eram comuns, se não a regra.
Em 1861 na exposição de Islongtom, devido à
grande variedade de tamanho e peso existente na
altura, foi aceite uma nova classe (Bull Terrier Miniatu-
ra).
Com a I Guerra Mundial esta variedade esteve a
ponto de desaparecer, para resolver este problema o
Kennel Club aceitou que o estalão da raça fosse alte-
rado, dando origem em definitivo ao Bull Terrier Minia-
tura (o seu peso foi aumentado para os 18 Kg).
Assim o estalão do Bull Terrier Miniatura é o mes-
mo do Bull Terrier Standart, excepto no seu peso e
altura do garrote que não poderá passar de 35,5 cm.
Bull Terrier Miniatura
Quando criados no início do século XIX a partir do
cruzamento de Bulldogues com Terriers, os Bull Ter-
riers pequenos como a miniatura dos dias de hoje
eram comuns, se não a regra.
Em 1861 na exposição de Islongtom, devido à
grande variedade de tamanho e peso existente na
altura, foi aceite uma nova classe (Bull Terrier Miniatu-
ra).
Com a I Guerra Mundial esta variedade esteve a
ponto de desaparecer, para resolver este problema o
Kennel Club aceitou que o estalão da raça fosse alte-
rado, dando origem em definitivo ao Bull Terrier Minia-
tura (o seu peso foi aumentado para os 18 Kg).
Assim o estalão do Bull Terrier Miniatura é o mes-
mo do Bull Terrier Standart, excepto no seu peso e
altura do garrote que não poderá passar de 35,5 cm.
Doenças e patologias mais frequentes na raça Geralmente saúdável e resistente com alguns problemas de pele
e alergias e normalmente vive até aos 11, 12 anos
Bloqueio Gastro-intestinal – Devido á raça ser forte ás vezes só passado dias é que se
nota o aspecto de deprimido e é provável que tenha vómitos, a ajuda tardia pode ser
fatal.
Doença Renal – Rins pequenos ou disfunção dos filtro microscópicos dos rins, reco-
menda-se análise de urina anual deve-se começar por volta dos 2 anos.
Epilepsia – Pode ser hereditário e os ataques controlados, mas geralmente os Bull Ter-
riers afectados só sobrevivem 1 ou dois anos depois do surgimento da doença.
Doença Cardíaca – Podem ser hereditários, e os Bull Terriers afectados podem viver
alguns anos com sopros cardíacos que são pontuados do grau 1 ao grau 6. Recomenda
-se testes e ultrasons cardíacos.
Surdez – É hereditária através dos cruzamentos com Dálmatas e com o actualmente
extinto English White Terrier, é devido a um gene recessivo, e podem ser surdos de 1 só
ouvido ou dos 2, recomenda-se provas desde cachorro.
Problemas de pele / Alergias – podem ser hereditários, pode ser uma deficiência imu-
nitária, pode ser derivado de alergias á picada de parasitas, pode também derivar de
alergias transmitidas pela ingestão, contacto ou pelo ar.
Manifestam-se através de peladas e borbulhas com ou sem prurido, no caso das aler-
gias pode ocorrer espirros e ou
vómitos.
Nesta nova secção, criada precisa-
mente neste número da revista,
vamos publicar algumas histórias,
muito interessantes, engraçadas,
por vezes hilariantes, mas tam-
bém, nalguns casos, relatos puros
de bravura e heroísmo, que se pas-
saram durante os séculos XIX e
primeira metade do século XX.
Mas iremos igualmente publicar
nesta secção muitas outras curio-
sidades acerca da forma como os
cães eram encarados na socieda-
de de então, fotos da morfologia
de algumas raças para as poder-
mos comparar com as de agora, a
educação e o ensino, a legislação,
a saúde e a reprodução a higiene,
etc.
São preciosidades, pela sua rarida-
de, que só são possíveis de as dar
a conhecer ao público, pelo esfor-
ço que o Centro Canino Vale de
Lobos tem vindo a levar a efeito na
procura e aquisição dos poucos
livros que foram publicados sobre
este tema antes do 2º terço do
século XX .
Esperamos que a sua leitura vos
dê tanto prazer como nos deu a
nós.
Decidimos iniciar esta nova rubrica com algumas
histórias que vêm descritas no livro
A Intelligencia dos Animaes
De Ernesto Menault
Publicado no ano de:
1876
Nas histórias que vamos reproduzir decidimos man-
ter a grafia original da época, não só para sermos
fieis ao realismo das narrações mas também, para
quem se interessa por esta área, e agora que tanto
se fala no novo acordo ortográfico, se deliciar com a
forma como o português era escrito naquele tem-
po.
Life Med-Wolf – Pela coexistência com o lobo ibérico
“A minha serra, pedregal, lobos e vento”. Assim descrevia Aquilino Ribeiro, em 1947, as serranias que acolhe-
ram tantas das suas narrativas. O lobo era então parte integrante da paisagem, das vidas da Serra.
Mas já então este predador muito sofrera, graças a uma fama muitas vezes injusta. Visto como ameaça à vida
humana, portador de doenças míticas como a “lobagueira”, espírito daninho, cúmplice de “fadas dos lobos”.
Sem esquecer as crendices acerca de lobisomens – sétimos filhos varões ou criados por enganos dos padres no
baptismo, figurantes habituais nos medos e nas histórias sussurradas à beira de fogueiras, entre nevoeiros e
urzes.
Mas não era bicho inocente, o lobo. Entre perseguir um bravo javali ou atacar uma vitela, claro que o instinto
do bicho não hesita. Por isso, desde há séculos que quem tem gado tem inimizade pelo lobo, organizando bati-
das, construindo fojos, por vezes até espalhando venenos que acabam por matar muitos outros animais. Assim,
o lobo tem desaparecido, recuando para domínios cada vez mais escondidos, contando hoje com menos de
300 exemplares. Isto porque o Homem sempre foi conquistando mais e mais território, expulsando os outros
predadores.
Mas a História começou a fazer marcha-atrás; com a diminuição da população do interior, mais terras ficam à
mercê dos animais e melhores condições ganham estes para se multiplicarem. O lobo intensifica a sua presen-
ça em distritos onde pouco se dava por ele, como na Guarda. Noutras paragens, como Bragança e o Gerês,
nunca chegou a desaparecer, perto de gentes sempre afeitas à vizinhança do predador.
Assim chegamos aos dias de hoje. E aos ataques a rebanhos que têm trazido os lobos para as parangonas dos
jornais, a par de muitas queixas de quem vê o seu ganha-pão ameaçado.
Como vimos, o lobo não está “de volta”; pois nunca daqui saiu por completo. E muito menos anda a ser “solto”
nas serras sabe-se lá por quem – tal seria até ilegal, face à legislação que protege este animal desde 1988. Certo
é que a sua presença se faz hoje sentir com mais intensidade. E torna-se necessário (re)aprender a conviver
com o lobo, a diminuir a dimensão dos prejuízos que ele causa.
É precisamente esse o objectivo do projecto LIFE MED-WOLF – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em
Regiões Mediterrânicas. Uma iniciativa financiada pela União Europeia que vai minimizar os conflitos entre o
lobo e as populações locais, em regiões onde os hábitos culturais de coexistência se têm vindo a perder. Com
uma duração total de quase cinco anos, está já a fornecer apoio a criadores de gado para que possam instalar
as medidas de protecção que há muito são comuns noutras paragens de Portugal, como bons cães de gado ou
vedações. Partilhando experiências, ensinando os mais novos, explicando o acesso a indemnizações, etc.
Um projecto que não é “a favor” do lobo, ou “contra” os criadores de gado. Ambiciona sim contribuir para que
todos possam conviver, com um mínimo de atritos, rodeados por uma Natureza em equilíbrio.
Quer saber mais, ou dar-nos sugestões? Está convidado a usar o mail lifemedwolf@fc.ul.pt.
Grupo Lobo
Grupo Lobo
Gonçalo Costa
Life Med-Wolf – Pela coexistência com o lobo ibérico
“A minha serra, pedregal, lobos e vento”. Assim descrevia Aquilino Ribeiro, em 1947, as serranias que acolhe-
ram tantas das suas narrativas. O lobo era então parte integrante da paisagem, das vidas da Serra.
Mas já então este predador muito sofrera, graças a uma fama muitas vezes injusta. Visto como ameaça à vida
humana, portador de doenças míticas como a “lobagueira”, espírito daninho, cúmplice de “fadas dos lobos”.
Sem esquecer as crendices acerca de lobisomens – sétimos filhos varões ou criados por enganos dos padres no
baptismo, figurantes habituais nos medos e nas histórias sussurradas à beira de fogueiras, entre nevoeiros e
urzes.
Mas não era bicho inocente, o lobo. Entre perseguir um bravo javali ou atacar uma vitela, claro que o instinto
do bicho não hesita. Por isso, desde há séculos que quem tem gado tem inimizade pelo lobo, organizando bati-
das, construindo fojos, por vezes até espalhando venenos que acabam por matar muitos outros animais. Assim,
o lobo tem desaparecido, recuando para domínios cada vez mais escondidos, contando hoje com menos de
300 exemplares. Isto porque o Homem sempre foi conquistando mais e mais território, expulsando os outros
predadores.
Mas a História começou a fazer marcha-atrás; com a diminuição da população do interior, mais terras ficam à
mercê dos animais e melhores condições ganham estes para se multiplicarem. O lobo intensifica a sua presen-
ça em distritos onde pouco se dava por ele, como na Guarda. Noutras paragens, como Bragança e o Gerês,
nunca chegou a desaparecer, perto de gentes sempre afeitas à vizinhança do predador.
Assim chegamos aos dias de hoje. E aos ataques a rebanhos que têm trazido os lobos para as parangonas dos
jornais, a par de muitas queixas de quem vê o seu ganha-pão ameaçado.
Como vimos, o lobo não está “de volta”; pois nunca daqui saiu por completo. E muito menos anda a ser “solto”
nas serras sabe-se lá por quem – tal seria até ilegal, face à legislação que protege este animal desde 1988. Certo
é que a sua presença se faz hoje sentir com mais intensidade. E torna-se necessário (re)aprender a conviver
com o lobo, a diminuir a dimensão dos prejuízos que ele causa.
É precisamente esse o objectivo do projecto LIFE MED-WOLF – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em
Regiões Mediterrânicas. Uma iniciativa financiada pela União Europeia que vai minimizar os conflitos entre o
lobo e as populações locais, em regiões onde os hábitos culturais de coexistência se têm vindo a perder. Com
uma duração total de quase cinco anos, está já a fornecer apoio a criadores de gado para que possam instalar
as medidas de protecção que há muito são comuns noutras paragens de Portugal, como bons cães de gado ou
vedações. Partilhando experiências, ensinando os mais novos, explicando o acesso a indemnizações, etc.
Um projecto que não é “a favor” do lobo, ou “contra” os criadores de gado. Ambiciona sim contribuir para que
todos possam conviver, com um mínimo de atritos, rodeados por uma Natureza em equilíbrio.
Quer saber mais, ou dar-nos sugestões? Está convidado a usar o mail lifemedwolf@fc.ul.pt.
Alfredo Rocha
Espaço dedicado à divulgação das actividades do “Adestramento Positivo
Project” iniciativa criada e dinamizada pelo Dep. de Divulgação, em estreita
colaboração com Dep. de Formação do CCVL, com o objectivo de divulgar e
difundir o ensino animal sem castigos, cujo lema é:
O Projecto A convite do CCVL, três adestradores formados pelo Dep. de Formação do Centro Canino Vale de Lobos: Tânia
Carvalho da TC-Treino Canino, Ana Bártolo e Ana Camacho da Good Dog, decidiram unir-se para criar o presente
"Adestramento Positivo Project”, porque acharam que o panorama do ensino canino em Portugal não reflectia o que
já se fazia nesta área por essa Europa fora. As suas formações tiveram como suporte o adestramento científico
baseado no condicionamento operante com a apresentação de um estímulo agradável e o que acontece é que os
métodos tradicionais da obrigação, da subjugação e dos castigos físicos e psíquicos ainda é o mais utilizado no nos-
so país o que é totalmente errado e retrógrado. A ciência já nos permite ensinar animais sem recorrer a esses méto-
dos, e são essas evoluções da ciência da aprendizagem que este projecto pretende divulgar e difundir. Neste
momento fazem parte do projecto a Andreia Lauro da Dog Instinct, Bruno Pereira da Dog’s Fit, Francisco Barata da
Oficina dos Cães, Marta Wadsworth da Dog Lovers Portugal, Nídia Rodrigues da Psicanis e Tânia Carvalho da TC-
Treino Canino, com o apoio técnico e logístico do Centro Canino de Vale de Lobos,
A particularidade deste projecto está em que todos os profissionais que o compõem terem feito a sua formação cino-
técnica no Centro Canino de Vale de Lobos - Cursos de Formação Canina
Durante os últimos 3 meses foram estabelecidas uma série de
parcerias com diversas entidades do universo canino
Desde o início do projecto, há apenas 14 meses, que um dos propósitos dos seus membros fun-dadores seria, um dia, mais tarde, ajudar, com os nossos recursos, quem realmente vive com dificuldades nesta área. Estamos a falar, evidentemente, das Associações de protecção dos ani-mais. O APP é actualmente um projecto consolidado, assente em estruturas sólidas, e já com um extenso portefólio de cães, e seus donos, que está a acompanhar e a ajudar a uma melhor con-vivência mútua.
Nesse sentido, decidimos avançar, mais cedo que o previsto, para o APP SOLIDÁRIO. No primeiro mês, Março 2015 ajudámos a Associação "O Cantinho da Milu". Durante o mês de Março, um Euro de cada aula de adestramento ou consulta de comportamento de cada um dos nossos técnicos reverterá para esta instituição. Nos meses de Abril, Maio e Junho ajudámos a ASPA de Santarém, a APA de Torres Vedras e a Adoro Mimos de Mafra, respectivamente. Mas o APP SOLIDÁRIO não irá ficar por aqui. Em breve daremos notícias de novas iniciativas neste nosso propósito de ajudar quem mais precisa. Obrigado a todos por nos terem ajudado a fazer com que esta nossa vontade se pudesse mate-rializar mais depressa do que tínhamos planeado, e esperamos que com esta nossa humilde ajuda consigamos dar uma melhor qualidade de vida àqueles que por qualquer motivo não tive-ram ainda a sorte de encontrarem uma família que os trate com a dignidade que merecem. Bem hajam a todos!
Cães & Lobos Edição Nº 1
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Cães & Lobos Edição Nº 1
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Estrutura Programática do Curso
Formamos:
Profissionais competentes...
… e donos responsáveis!
Departamento de Formação do:
CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS
Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos
que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores
caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles
que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como
profissionalmente.
Primeiro curso administrado em Portugal com base nas últimas investigações
Presencial
Módulo 1 (teórico)
1.1 CONHECER O CÃO
1.1.1 Conhecer como funciona um cão
1.1.2 O Carácter num cão
1.1.3 O Temperamento num cão
1.1.4 A Comunicação canina
1.1.5 Os Instintos Básicos caninos
1.1.6 Conhecer o cão que se vai adestrar
1.2 MÉTODOS DE ADESTRAMENTO
1.2.1 Métodos de Adestramento
1.2.2 Traçar objetivos
1.2.3 Escolher o melhor método de Adestramento
1.2.3.1 Em função do cão
1.2.3.2 Em função do dono
1.2.3.3 Em função dos objetivos
1.2.4 As várias fases do Adestramento
1.3 CONDICIONAMENTO OPERANTE
1.3.1 Definição
1.3.2 O que é o Clicker
1.3.3 O treino com Clicker
Módulo 2 (prático)
2.1 O ADESTRAMENTO EM OBEDIÊNCIA SOCIAL
2.1.1 Material de adestramento
2.1.1.1 Material de contenção
2.1.1.2 Material de assistência
2.1.1.3 Material didático
2.1.2 Postura corporal do adestrador
2.1.3 Desenvolvimento da motivação do cão
2.1.4 Condicionamento e aquisição de hábito
2.1.5 Exercícios de Obediência Básica
2.1.5.1 Exercício de andar ao lado
2.1.5.2 Exercício de sentar
2.1.5.3 Exercício de deitar
2.1.5.4 Exercício de deitar e ficar quieto
2.1.5.5 Exercício de chamada
2.2 SOCIABILIZAÇÃO
2.2.1 Sociabilização intraespecífica
2.2.2 Sociabilização interespecífica
Cães & Lobos Edição Nº 4
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Entrevista Cães & Lobos Edição Nº 1
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Cães & Lobos Edição Nº 1
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Formamos:
Profissionais competentes...
… e donos responsáveis!
Departamento de Formação do:
CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS
Módulo 3 (prático)
3.1 ADESTRAMENTO EM GUARDA E DEFESA
3.1.1 Determinar as aptidões do cão
3.1.2 O Figurante (Homem de ataque)
3.1.2.1 Vestuário
3.1.2.2 Equipamento
3.1.2.3 Formação
3.1.3 O trabalho de motivação
3.1.4 O treino técnico das mordidas
3.1.5 O treino da inibição da mordida (larga)
3.1.6 O treino da fuga do figurante
3.1.7 O treino da busca do figurante
3.1.8 O treino do ataque surpresa ao guia
3.1.9 O treino do ataque longo
Módulo 4 (teórico)
4.1 COMPORTAMENTOS ANÓMALOS E DESVIANTES
4.1.1 Agressividades
4.1.1.1 Definição e tipologias
4.1.2 Micção ou defecação inadequadas 4.1.2.1 Definição
4.1.2.2 Tratamento
4.1.3 Ansiedade por separação
4.1.3.1 Definição
4.1.3.2 Tratamento
4.1.4 Fobias
4.1.4.1 Definição
4.1.4.2 Tratamento
4.1.5 Manias Maternais
4.1.5.1 Definição
4.1.5.2 Tratamento
4.1.6 Hiperatividade e hiperexceptibilidade
4.1.6.1 Definição
4.1.6.2 Tratamento
4.1.7 Comportamentos estereotipados
4.1.7.1 Definição
4.1.7.2 Tratamento
4.1.8 Ingestão Inadequada
4.1.8.1 Alimentação Estranha
4.1.8.2 Coprofagia
4.1.8.3 Objetos
4.1.9 Síndrome de Disfunção Cognitiva
Curso intensivo de formação de monitores de
adestramento científico canino (presencial)
Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente
Características do Curso
Tipo de Curso: Curso presencial ministrado em sistema intensivo de 15 dias de duração, com uma carga horária lectiva diária de 4 horas, incluindo as componentes prática e teórica. Início do Curso: A combinar com o formando Local das Aulas: Campo de Trabalho do Centro Canino de Vale Lobos – Vale de Lobos - Sintra Método de Ensino: Científico Quantidade de Alunos por Curso: 1 Documento fim de Curso: Certificado com informação detalhada sobre as avaliações intercalares e finais e matéria leccionada
Estrutura Programática do Curso Módulo 1 (teórico)
Módulo 2 (prático) Do Curso de duração normal
Propriedade:
Centro Canino de Vale de Lobos
www.ccvlonline.com
contacto@ccvlonline.com
Edição:
Dep. Divulgação do CCVL
http://Comportamento-
canino.blogspot.com
Revista Digital de Cães e Lobos
Editor:
Sílvio Pereira
sp@ccvlonline.com
Colaboraram nesta Edição:
Bruno Pereira, Grupo Lobo, Karin
Medeiros, Marta Wadsworth,
Nídia Rodrigues, Ricardo Duar-
te, Sílvio Pereira, Vanda Botelho,
Vanessa Correia
Paginação e execução gráfica:
Sílvio Pereira
Nota:
Todo o material publicado nesta
edição é da exclusiva responsa-
bilidade dos seus autores.
_________________________
Página web: http://revistacaeselobos.weebly.com
revista.caeselobos@ccvlonline.com
Cães & Lobos Nº 15
Colaboradoraram nesta edição:
Bruno Pereira
bmcp83@gmail.com
https://www.facebook.com/DOGSFIT
Grupo Lobo
globo@ciencias.ulisboa.pt
http://lobo.fc.ul.pt/
Karin Medeiros
pirakarin@gmail.com
www.adestramentoresponsavel.com
Marta Wadsworth
marta.wadsworth@gmail.com
http://www.dogloversportugal.com/
Nídia Rodrigues
nidiaaprodrigues@hotmail.com
http://www.psicanis.com/
Ricardo Duarte
r_duarte_9@hotmail.com
Vanda Botelho
vandabotelho80@gmail.com
www.ativanimal.com
Vanessa Correia
vanessa_correia_sb@hotmail.com
Formamos:
Profissionais competentes...
… e donos responsáveis!
Departamento de Formação do:
Curso destinado a todos os proprietários que queiram adestrar os seus cães em casa
(portanto, no seu território) evitando assim as sempre stressantes e por vezes
traumatizantes idas às escolas de treino canino.
Características do Curso Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: De 2 a 4 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do aluno).
A quem é dirigido este Curso: Com este Curso o dono dispensa as sempre angustiantes e traumáticas idas às escolas de trei-no, uma vez que o cão aprende no seu próprio território, portanto, qualquer pessoa está em condições de frequentar este curso, a única limitação prende-se com a obrigatoriedade de possuir um cão (seja ele de que raça for) uma vez que numa das fases do Curso terá que aplicar na prática, as técnicas que vão sendo estudadas.
Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/teórica e conhecimento profundo do aspeto funcional do cão, assim como uma identificação da interação dos mecanismos da aprendizagem com os vários tipos de condicionamento. No aspeto prático adquire-se um conhecimento básico dos princípios gerais do Condicionamento Operante assim como a utiliza-ção do clicker como instrumento fundamental no moderno treino científico canino. Resumindo, o formando fica perfeitamente preparado não só para poder treinar o seu cão positivamente mas também para com-preender a sua linguagem, o seu carácter, a sua personalidade e o seu temperamento.
Módulo 1 (teórico)
1ª Parte - Conhecer o Aspeto Funcional do Cão
2ª Parte - O Carácter e o Temperamento num Cão
3ª Parte - A Comunicação Canina
4ª parte - Os Instintos
5ª Parte - Condicionamento Operante
6ª parte - Descobrir o Clicker
Estrutura Programática (resumida)
Módulo 2 (prático)
7ª Parte - O Adestramento em Obediência Social
8ª Parte - Motivar e Condicionar o Cão
9ª parte - Exercícios de Obediência Básica
10ª Parte - Sociabilização
http://formacaoccvl.weebly.com/curso-on-line-de-adestramento-positivo-canino.html
Formamos:
Profissionais competentes...
… e donos responsáveis!
Departamento de Formação do: CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS
Características do Curso
Objetivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre a identificação, diagnóstico, tratamento e prevenção dos Comportamentos anómalos, desviantes e patológicos dos cães que vivem integrados na sociedade humana. É um Curso abrangente uma vez que é transversal a todos os Problemas Comportamentais dos canídeos domésticos.
Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 3 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do for-mando).
A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Adestradores Caninos que sentem dificuldades na interpretação e tratamento destas patologias cada vez mais presentes na interação dos cães com os seus donos e o meio envolvente. Mas tam-bém a todos os interessados na temática do Comportamento Canino e nas alterações causadas por via da domesticação.
Perspetival de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de interpretação, diagnóstico, tratamento e prevenção das Patologias do Comporta-mento. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, resolver todos os problemas ligados à área Com-portamental.
Tema 1 - Como Funciona um Cão
Tema 2 - O Carácter
Tema 3 - O Temperamento
Tema 4 - A Comunicação Canina
Tema 5 - Os Instintos Básicos de Sobrevivência
Tema 6 - Os Condicionamentos Tema 7 - As Agressividades
Tema 8 - Ansiedade por Separação
http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html
Estrutura Programática do Curso (Resumido)
Tema 9 - Síndrome de Disfunção Cognitiva
Tema 10 - Fobias
Tema 11 - Manias Maternais
Tema 12 - Hiperatividade e Hiperexcitabilidade
Tema 13 - Comportamentos estereotipados
Tema 14 - Ingestão Inadequada
Tema 15 - Eliminação Inadequada
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