nº 15 - julho | agosto | setembro 2015

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Revista de Cães e Lobos propriedade do Centro Canino Vale de Lobos

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Page 2: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

Características do Curso

Objectivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre Criação Canina, todos os criadores, ou que pretendam vir a sê-lo, na medida em que, este Curso abarca toda esta temática, desde os conceitos de Genética Canina até à entrega do cachorro ao futuro dono.

Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 6 meses ou 500 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do formando). A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Criadores Caninos que sintam algumas lacunas no seu conhecimento acerca dos Temas propostos no mesmo. É igualmente dirigido a todos aqueles que pretendam iniciar esta apaixonante e nobre atividade que é a Cria-ção Canina. Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de Criação Canina. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, Criar cães, uma vez que está na posse de formação técnica e científica específica necessária para o fazer.

Estrutura Programática (Resumida)

Tema 1 - A Genética Canina Tema 2 - O Período Reprodutivo Tema 3 - A Reprodução Tema 4 - A Gestação Tema 5 - A Patologia da Reprodução Tema 6 - A Alimentação da Cadela gestante Tema 7 - O Parto Tema 8 - A Amamentação Tema 9 - O Desmame Tema 10 - Primeiras etapas do desenvolvimento do Cachorro Tema 11 - Enfermidades do Período neonatal Tema 12 - O Crescimento do cachorro Tema 13 - Desparasitação e Vacinação dos Cachorros Tema 14 - A entrega dos Cachorros Tema 15 - Identificação e Registo dos Cachorros

Curso destinado a todos os criadores, ou potenciais criadores caninos.

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html

Formamos:

Profissionais competentes...

Page 3: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Grupo Lobo Uma revista que trata de assuntos sobre cães e lobos não podia dei-

xar de contar com a colaboração da entidade que neste país mais

percebe de lobos: o Grupo Lobo. Nesse sentido, decidimos convidar

esta entidade a colaborar em todos os números com um artigo e

com belas fotos dos lobos que estão ao seu cuidado no Centro de

Recuperação do Lobo Ibérico, imediatamente aceitaram o nosso

convite e cá está, o primeiro artigo.

Para comemorar essa entrada, pedimos ao Grupo Lobo que nos

enviasse uma boa foto para inserir na capa e, como já devem ter

visto, o resultado é magnífico.

Com a finalidade de tornarmos a nossa revista o mais atrativa e

diversificada possível, iniciámos também neste número uma rubrica

a que demos o nome de “Histórias (antigas) de Cães”, convidamos

todos a deliciarem-se com narrativas muito divertidas contadas há

mais de 100 anos.

Os nossos colaboradores voltaram a esmerar-se criando um conjun-

to de artigos de inegável interesse e actualidade. Realçamos um arti-

go muito interessante e actual da autoria o Ricardo Duarte sobre o

corte de orelhas (ototomia), e os relatos verídicos de dois casos de

sucesso na recuperação de dois cães conseguidos pelos adestrado-

res Nídia Rodrigues e Bruno Pereira.

A personalidade em destaque desta vez é a prestigiada Karen Pryor.

O APP também não foi esquecido e tem o seu habitual espaço reser-

vado.

Boas leituras e até Outubro!

A Redação

Navegue connosco nas ondas da web

Centro Canino de Vale de Lobos

www.ccvlonline.com

Departamento de Formação do CCVL

http://formacaoccvl.weebly.com

Departamento de Divulgação do CCVL

Blogue: http://comportamento-canino.blospot.com

Fórum: http://comportamento-canino.forumotion.net

www.facebook.com/ccvlobos

Revista Cães & Lobos

www.facebook.com/

revistacaeselobos

2

Treinar ou Educar?

(Vanda Botelho)

9

Ototomia.

(Ricardo Duarte)

14

Manifesto da Essência de Ser Cão.

(Marta Wadsworth)

20

Pseudociese.

(Karin Medeiros)

22

Instintos Básicos dos Cachorros.

(Sílvio Pereira)

28

A História do Nanú.

(Nídia Rodrigues)

34

Hiperapego e Ansiedade por

Separação.

(Bruno Pereira)

39

Capacidades Sensoriais dos Cães.

(Sílvio Pereira)

41

Bull Terrier - a Raça.

(Vanessa Correia)

13 - Personalidade em destaque.

Karen Pryor

27 - Livro Recomendado.

47 - Histórias (antigas) de Cães.

51 - Espaço Lobo

57 - Espaço Adestramento Positivo

Project

71 - Espaço APP Solidário

Foto de capa:

Joaquim Pedro Ferreira (Grupo Lobo)

Page 4: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Autoria: Vanda Botelho

Page 5: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

“...Se pretende educar o

seu cão, escolha um pro-

fissional que o ajude

não só a treina-lo, mas

acima de tudo, que o

ajude a educá-lo, usan-

do como base da apren-

dizagem “ferramentas”

e técnicas básicas de

psicologia canina com

enfâse no reforço positi-

vo…”

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Imagine um dia normal da sua vida, após a rotina mati-

nal, antes de sair para o emprego, leva o seu cão a dar

um passeio, o tempo está agradável e a temperatura

amena, um dia perfeito para passear com o seu cão! Hoje

até acordou uma hora mais cedo para aproveitar e cami-

nhar um pouco com o seu fiel companheiro, leva o seu

brinquedo preferido, uns biscoitos e pensa para si: – hoje

nada poderá correr mal!

Assim que sai do seu apartamento encontra-se com o seu

vizinho da frente, este que até gosta de cães, cumprimen-

ta o seu cão de um modo entusiástico ora, o Bobi que até

é um cão brincalhão e muito sociável com humanos, salta

para cima do seu vizinho deixa a sua face marcada com

uma valente cabeçada no maxilar, como se não bastasse

a baba do Bobi suja-lhe o fato e a gravata. Por mais que

repetisse a palavra – “não” e mesmo segurando e puxan-

do a trela, o Bobi saiu vencedor e cumprimentou o seu

vizinho da melhor maneira que ele sabe! Como o seu vizi-

nho até é simpático, diz: – não faz mal, ele está só a brin-

car, mas vou ter que mudar de gravata, já vou atrasar-me!

Você entra no elevador e tenta não dar muita importância

ao caso, dizendo a si mesmo: – são coisas que aconte-

cem! Desce até à rua e assim que sai do prédio o Bobi dá-

lhe um esticão deixando-o com uma pequena dor no pul-

so, por mais que lhe diga para ir devagar, ele parece nem

ouvir e segue em frente farejando tudo o que encontra,

marcando qualquer objecto e local com a sua urina, des-

de carros, motas, postes, portas de outras casas etc…

finalmente chegou a um local relvado onde pode deixar o

seu cão mais confortável dando-lhe mais trela para ele

fazer as suas necessidades fisiológicas porém, pensa: –

ah! Não está aqui ninguém, vou soltá-lo para ele correr

um pouco! E assim que o solta, o Bobi, que já estava de

olho no cão do outro lado da estrada que você não tinha

visto, atravessa a estrada a correr e por um triz não é atro-

pelado pelo autocarro que passava na altura. Você grita o

seu nome em vão, mostra os biscoitos, o brinquedo,

mas… o Bobi… não quer saber dos biscoitos, do brinquedo

e nem de si! Está muito mais interessado no outro cão. O

problema maior é quando se apercebe de que o Bobi não

ia com intenções de brincar mas sim, de impor-se perante

aquilo que ele achava ser uma ameaça! Sem qualquer

aviso, o Bobi morde o outro cão e os dois iniciam uma

luta desenfreada com latidos e rosnadelas audíveis do

outro lado da estrada. A senhora que acompanhava o seu

cão à trela, fica nervosa e é incapaz de agarrar qualquer

um dos cães, você, sem pensar duas vezes desata a cor-

rer e lá consegue agarrar o seu cão colocando-lhe a trela.

Quando tudo acalma, acaba por reparar que o outro cão

está com ferimentos consideráveis. A senhora, indignada

e nervosa, chama a

policia para tomar con-

ta da ocorrência pois

considera-o responsá-

vel pelo sucedido. A

sua identificação é ano-

tada pelo agente de

serviço que se deslocou

ao local. Finalmente

pode levar o seu Bobi

para casa e continuar o

seu dia da forma que

tinha planeando, espe-

rando que não surjam

mais imprevistos desa-

gradáveis.

Chega a casa comple-

tamente transtornado,

aborrecido e frustrado

com a sua impotência

face ao comportamen-

to do seu cão. Um sim-

ples passeio numa manhã soalheira e agradável transfor-

mou-se num verdadeiro pesadelo:

Seja um dono responsável e escolha com cons-

ciência. Lembre-se que um cão treinado, nem sem-

pre é um cão educado!!

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O que é que eu pretendo do meu cão?

◾Quero que o meu cão seja treinado ou educado?

◾O meu cão é um típico cão de companhia? Familiar?

◾Ou é um cão que vai participar em provas desportivas

caninas?

◾Pretendo realizar actividades desportivas caninas com

o meu cão ao fim de semana em grupo?

◾Ou apenas pretendo que o meu cão se insira na socie-

dade humana, frequentando espaços públicos como

cafés, esplanadas, praias etc…

◾Quero que o meu cão ingresse numa equipa de busca

de salvamento?

◾Ou pretendo que o meu cão permaneça no quintal

para guarda e defesa?

Identifica-se com esta história? Normalmente, o destino

destes cães acaba sempre em associações de adopção,

se tiverem sorte! Na grande maioria dos casos, nos canis

onde serão abatidos após um determinado período de

permanência. Pensa que o problema é do cão? Não pode-

ria estar mais equivocado. O problema é do dono/

educador do cão!

Se foi honesto consigo próprio e reconheceu que o proble-

ma é seu, então deverá ter decidido pedir ajuda profissio-

nal! Mas antes de escolher um profissional para o ajudar,

terá que levar em consideração o seguinte:

Definir com precisão o objectivo final, irá determinar a

escolha do tipo de profissional para o ajudar. Neste

momento, em Portugal, temos imensas ofertas na área

dos serviços de adestramento e treino canino. Temos pro-

fissionais com mais, ou menos experiência prática, temos

profissionais com mais, ou menos conhecimento teórico,

temos profissionais que se especializam somente em

determinadas áreas específicas, tais como problemas

comportamentais, ou disciplinas bem definidas e indica-

das somente para provas desportivas, temos profissionais

que prestam os seus serviços somente em escolas de trei-

no e campos de treino, e temos profissionais que prestam

os seus serviços ao domicilio ou em qualquer outro local

da preferência do dono/educador.

◾Sentiu-se responsá-

vel pelo atraso do seu

vizinho;

◾Magoou-se no pulso

quando o Bobi lhe deu

um puxão pela trela;

◾O Bobi ia sendo

atropelado por não

obedecer à sua cha-

mada;

◾Sentiu-se responsá-

vel pelos ferimentos

que o Bobi provocou

no outro cão;

◾Foi identificado por

um agente policial

que lhe levantou um

auto de contra-

ordenação com coima

por não cumprir a

obrigação de usar

trela em locais públicos;

◾Vai ser responsável pelo pagamento do tratamento e

consultas veterinárias do outro cão;

◾E como se não bastasse, após esta ocorrência ter fica-

do registada por um órgão de policia criminal, a Junta de

Freguesia local será informada, alterando o registo do seu

cão para “cão perigoso” apesar de não pertencer a nenhu-

ma das raças potencialmente perigosas, e consequente-

mente a legislação em vigor irá obrigá-lo a tomar todas as

medidas previstas para raças potencialmente perigosas e

para cães considerados perigosos.

Os biscoitos não ajudaram e o brinquedo também não!

Porque simplesmente a sua relação com o seu cão é pra-

ticamente inexistente, neste momento você é incapaz de

comunicar eficazmente com o seu cão!

“Se já definiu claramente o que pretende que o seu cão aprenda e

qual o comportamento que deseja que o seu cão manifeste, é o

momento ideal para visitar algumas escolas de treino e trocar

impressões com treinadores/adestradores a título individual que pos-

sam treinar e/ou educar o seu cão ao domicilio.”

Page 8: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Imagine que se encontra nesta situação e que falou com

vários profissionais, avaliou a forma como interagiram

com o seu cão durante um primeiro contacto, questionou

sobre os seus métodos de treino e até pesquisou sobre

estes métodos para poder estar ao corrente dos seus

benefícios. Finalmente, decidiu optar por uma escola de

treino onde o seu cão teria a oportunidade de iniciar

aulas individuais de obediência e mais tarde, na altura

certa, seria integrado em aulas de grupo com outros

cães.

Ao fim de uns meses de treino apercebe-se que o seu cão

mostra-se motivado durante as aulas, responde à chama-

da e obedece a vários comandos durantes as sessões de

treino no campo de treino. É integrado nas aulas de gru-

po e mostra-se focado em si e nos seus comandos. Exce-

lente! Temos um cão treinado. Mas… algo não está bem!

Ele faz tudo o que deve fazer no campo de treino mas…

em casa continua a roer sapatos na sua ausência, conti-

nua a saltar para cima do seu vizinho, e apesar de profe-

rir o comando “senta” e o seu cão obedecer, assim que

lhe dá o comando “livre” ele continua a não saber como

cumprimentar pessoas e continua a considerar os outros

cães na rua como ameaças. Na esplanada quer ir ter

com todas as pessoas que passam, salta para cima de

crianças e atira-as ao chão, etc… que se passa? Porque

não está a resultar em casa e nos locais públicos em

geral?

É simples! O treino levado a cabo num campo de treino é

uma boa base para iniciar o treino de obediência e para

trabalhar o foco do cão no seu dono/educador. É ideal

para cães na área do desporto cuja performance será

avaliada sempre num campo de treino e com algumas

distracções previsíveis. Mas sejamos sinceros, os donos

de cães de companhia, que vivem o seu dia-a-dia em

vários locais públicos onde se cruzarão não só com pes-

soas estranhas de diferentes idades, raças, géneros e

estatura, mas também com animais de diferentes espé-

cies, não podem ser treinados somente num campo de

treino! As aulas de grupo e individuais em campos de

treino para cães de companhia são uma boa base, mas

têm de ir mais além! O treino tem de passar para o dia-a-

dia, para a sua casa, para o café que frequenta, para o

parque junto ao recinto das crianças, para os transportes

públicos que frequenta, etc…

Veja-se o caso dos cães de assistência e terapia, o seu

treino não se cinge somente ao campo de treino, começa

nesses locais mas vai mais além! Ensinar o seu cão a

cumprimentar estranhos sem que lhes salte para cima,

ensinar o seu cão a permanecer calmo numa esplanada,

ensinar o seu cão a cumprimentar crianças sem as atirar

ao chão, ensinar o seu cão a passar por outros animais

sem mostrar sinais de tensão ou agressividade, é muito

mais que treinar! É educar! E na nossa sociedade quere-

mos cães educados! De nada lhe servirá que o seu cão

faça mil e um truques ou que consiga fazer uma pista

completa de obstáculos, se na verdade, partilhar a casa

com o seu cão é um verdadeiro pesadelo!

Se pretende educar o seu cão, escolha um profissional

que o ajude não só a treina-lo, mas acima de tudo, que o

ajude a educá-lo, usando como base da aprendizagem

“ferramentas” e técnicas básicas de psicologia canina

com enfâse no reforço positivo.

Não bastará mostrar-lhe como aplicar as “ferramentas”

para ensinar ao seu cão comandos básicos, terá que

mostrar-lhe como aplicar as “ferramentas” na extinção

de comportamentos indesejados e no encorajamento de

comportamentos desejados. Na maior parte dos casos

exigirá um acompanhamento ao domicílio. De nada servi-

rá internar um cão numa escola de treino durante um

determinado intervalo de tempo para mais tarde ir buscá

-lo esperando que este saiba fazer de tudo um pouco. A

sua aprendizagem foi com outro individuo, noutro local e

com outras rotinas, assim que ele voltar à sua casa consi-

go, apresentará os mesmos comportamentos que gosta-

ria de ver corrigidos.

As correcções de determinadas condutas só poderão ser

feitas com precisão e eficácia no local onde estas se

manifestam e na presença das pessoas que eventual-

mente poderão ser causa destas. O dono/educador do

cão terá que aprender a aplicar as “ferramentas” práticas

fornecidas pelo adestrador/treinador para controlar futu-

ros comportamentos indesejados perante os mais varia-

dos cenários.

Ao iniciar um plano de treino com o seu cão estará a dar

o primeiro passo para prevenir acontecimentos desastro-

sos que podem colocar em causa a integridade física do

seu cão, de outros cães e/ou de outras pessoas. No

entanto, mantenha sempre presente que as aulas sema-

nais de obediência na escolinha de cães, por si só, não

são suficientes! o treino deve prolonga-se para lá da

escola e deve ser aplicado no seu dia-a-dia.

Um cão educado: ◾Permite o seu manuseamento em qualquer parte do seu corpo, verificando ferimentos, sinais de doença ou simplesmente para a administração de medica-

ção;

◾Demonstra boas maneiras, sendo capaz de passar a maior parte do seu tempo dentro de uma habitação juntamente com a sua famíl ia humana cumprindo

os limites estabelecidos por esta;

◾Gosta de manter-se perto de si, mostra-se focado e atendo, disponível para receber comandos e recompensas;

◾É capaz de andar ou correr ao seu lado sem puxar a trela;

◾Reconhece o comando “larga”;

◾Mostra motivação e entusiamo ao executar o comando “senta” ou outro qualquer comando independentemente do local e /ou situação;

◾Entende e cumpre os limites estabelecidos por si. Entende o que é esperado dele e demonstra poucos ou nenhuns sinais de ansiedade/excitação.

Page 9: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Um cão educado: ◾Permite o seu manuseamento em qualquer parte do seu corpo, verificando ferimentos, sinais de doença ou simplesmente para a administração de medica-

ção;

◾Demonstra boas maneiras, sendo capaz de passar a maior parte do seu tempo dentro de uma habitação juntamente com a sua famíl ia humana cumprindo

os limites estabelecidos por esta;

◾Gosta de manter-se perto de si, mostra-se focado e atendo, disponível para receber comandos e recompensas;

◾É capaz de andar ou correr ao seu lado sem puxar a trela;

◾Reconhece o comando “larga”;

◾Mostra motivação e entusiamo ao executar o comando “senta” ou outro qualquer comando independentemente do local e /ou situação;

◾Entende e cumpre os limites estabelecidos por si. Entende o que é esperado dele e demonstra poucos ou nenhuns sinais de ansiedade/excitação.

Ao escolher um profissional na área do adestra-

mento/treino canino tenha em consideração:

◾Adestradores/treinadores caninos de qualidade devem

mostrar conhecimentos sobre vários métodos de treino e

várias técnicas de modificação comportamental, sendo

capazes de aplicar o método e/ou técnica que melhor se

adequa para o seu cão.

◾Os métodos de treino de eleição devem focar-se essen-

cialmente no reforço positivo, usando castigos somente

quando estritamente necessário e da forma mais humana

possível;

◾Adestradores/treinadores caninos de qualidade devem

demonstrar capacidade de comunicação com pessoas e

cães. Lembre-se que irão instruí-lo sobre como comunicar

com o seu cão;

◾Se o seu cão apresenta problemas de comportamento

específicos e muito particulares, as aulas de grupo ou

aulas em campos de treino poderão não ser a melhor

opção. Problemas comportamentais devem ser tratados

por profissionais que apresentem uma especialização

nessa área, possuindo um profundo conhecimento em

psicologia canina e técnicas de modificação comporta-

mental para cães, por vezes é necessário a colaboração

entre o adestrador/treinador e o veterinário;

◾Antes de se inscrever em aulas de treino ou de aceitar

ajuda de um profissional que se desloca ao domicílio,

peça para observar uma aula/sessão ou peça uma aula/

sessão experimental;

◾Evite qualquer profissional que garanta a 100% que o

seu cão sairá do local de treino “a falar todas as línguas”.

Lembre-se que por mais experiência que o profissional

tenha nesta área, cada caso é um caso e nunca existem

garantias a 100%, dependerá não só das técnicas e méto-

dos aplicados pelo treinador/adestrador, mas também do

temperamento e carácter do cão, e essencialmente, da

personalidade e empenho do dono/educador;

◾Evite profissionais que pretendam resolver todas as

questões de comportamento e aprendizagem somente

com métodos aversivos;

◾Evite profissionais que pretendam treinar o seu cão

sem incluí-lo a si em qualquer fase do treino. A educação

e treino do seu cão deverá incluir o dono/educador sem-

pre, nem que seja na fase final. Lembre-se que o objectivo

é melhorar a comunicação e relacionamento entre si e o

seu cão!

“...Ao iniciar um plano de treino com o

seu cão estará a dar o primeiro passo

para prevenir acontecimentos desastro-

sos que podem colocar em causa a inte-

gridade física do seu cão, de outros

cães e/ou de outras pessoas. No entan-

to, mantenha sempre presente que as

aulas semanais de obediência na esco-

linha de cães, por si só, não são sufi-

cientes! o treino deve prolonga-se para

lá da escola e deve ser aplicado no seu

dia-a-dia…”

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A ototomia, ou vulgarmente

conhecida como “corte das

orelhas” é uma operação

cirurgico-estética onde se

faz a remoção de parte das

orelhas caninas de forma a

deixá-las eretas.

Autoria:

Ricardo Duarte

Page 12: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Embora bastante popular em diversas raças como os

Dobermann, Boxer, Pit-Bull, Cane Corso, Mastim Napolita-

no, entre outros, esta operação sempre gerou muita con-

trovérsia, tendo até mesmo sido proibida em diversos

paises como Portugal, França ou Brasil.

No entanto, qual é o motivo desta cirurgia? Quais as van-

tagens? Quais os riscos? Deveremos submeter os nossos

patudos a esta cirurgia “estética”?

A ototomia teve como origem a necessidade de proteger

e de minimizar eventuais lesões em cães de guarda e de

caça durante o desempenho das suas funções. Uma vez

que as orelhas são membros bastante irrigados, um

pequeno corte poder-lhes-ia causar um sangramento

intenso e também bastante difícil de cicatrizar.

Desta forma o objectivo seria de os tornar menos vulne-

ráveis a eventuais riscos, mas também como forma de

intimidação visual a um possível opositor. Os defensores

desta cirurgia acreditavam que a silhueta de umas ore-

lhas erectas e afiadas dariam ao cão um ar mais feroz e

distinto (apenas em termos de aparência, claro) e, por

isso, seria uma excelente estratégia de defesa. No entan-

to, é importante sublinhar que o comportamento do cão

em nada é influenciado pelo corte das orelhas. Para se

criar um verdadeiro cão de guarda, este deverá ser trei-

nado para desempenhar tais funções.

Nos primórdios da realização desta cirurgia, os seus pio-

neiros também se basearam na observação de cães pri-

mitivos como forma de a justificar. Estes cães apresenta-

vam o pavilhão auricular ereto e em forma de concha, o

que os beneficiava na sua sobrevivência, uma vez que

potenciava a sua audição.

Hoje em dia existem diversas posições em relação a esta

cirurgia, os defensores dos cortes das orelhas por um

lado e os defensores de manter as orelhas como elas são

por outro, apresentando cada um deles um conjunto de

vantagens e desvantagens.

Procedimento cirúrgico:

Cada raça apresenta diferentes estilos de ototomia de

acordo com a sua finalidade, com a densidade e dureza

do couro da orelha, com o formato do crânio e finalmen-

te, com o tipo de expressão corporal que os donos quise-

rem transmitir após o corte.

Normalmente a ototomia é realizada entre os 2 e os 4

meses de idade, uma vez que nessa fase do crescimento

do cachorro a cartilagem da orelha é mais macia e fácil

de cortar. No entanto, após esta idade e antes de se pro-

ceder à cirurgia, deve-se fazer uma avaliação da cartila-

gem do cachorro. Em alguns casos, esta já se encontra

“partida” e como tal a cirurgia seria desnecessária e inefi-

caz, não permitindo que a orelha se mantivesse ereta.

Antes de se proceder à cirurgia deve-se também verificar

possíveis casos de anemia ou dificuldades de coagulação

do sangue. Para tal é necessário realizar uma bateria de

exames que atestem a boa saúde do cachorro.

“Embora bastante popular em diversas

raças como os Dobermann, Boxer, Pit-Bull,

Cane Corso, Mastim Napolitano, entre

outros, esta operação sempre gerou muita

controvérsia, tendo até mesmo sido proibi-

da em diversos paises como Portugal,”

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Esta técnica, ao ser realizada, deve ser feita numa sala

de cirurgia esterilizada e com o animal sedado (anestesia

tópica ou geral). A anestesia é administrada para garantir

que o cachorro não sente qualquer tipo de dor. Nos casos

em que se opta por uma anestesia local é frequente ser

administrado também um sedativo para ajudar a acal-

mar o cachorro e facilitar assim a cirurgia.

Antes de proceder ao corte, com uma tesoura, bisturi ou

laser, o veterinário deve-se assegurar da região do corte,

tendo para isso que realizar uma marcação na orelha,

para o guiar. Após o corte deve-se proceder à sutura da

orelha. Finalmente, são colocadas talas de forma a man-

ter as orelhas numa posição vertical e envoltas numa

ligadura (que deve ser trocada regularmente), podendo a

recuperação durar até cerca de 3/4 meses.

Pós-operatório:

Como já foi referido, o pós-operatório é um processo lon-

go, podendo chegar até aos quatro meses. Durante esse

período, o cachorro terá que utilizar uma tala para man-

ter as orelhas na posição desejada.

À parte do longo período de recuperação, é necessário

pensar também nos cuidados que os tutores terão que

ter para evitar eventuais infeções e garantirem uma boa

recuperação. Sendo uma cirurgia incómoda, e tendo o

cachorro que portar algo exterior ao seu corpo, é natural

que este sinta comichão e tenha o instinto de coçar. Os

tutores terão como responsabilidade não permitir que o

cachorro se coce e também o dever de prestar os curati-

vos diários, bem como a toma dos medicamentos recei-

tados pelo veterinário, que regra geral serão antibióticos

e analgésicos.

Prós e contras:

Alguns defensores desta cirurgia defendem que as ore-

lhas cortadas permitem uma maior liberdade de movi-

mentos da orelha e como tal, acabam também por prote-

gê-la de eventuais picadas de insetos, mordidas e infe-

ções

Há quem defenda que o corte das orelhas permite reduzir

a probabilidade de otites, disseminação de fungos, deslo-

camentos de cartilagem por hemorragia, surdez e derma-

tites. Ora, é verdade que os cães com as orelhas caídas,

em regra, apresentam maiores probabilidades de desen-

volver otites, uma vez que existe uma maior acumulação

de sujidade e, visto ser uma “orelha fechada”, apresenta

uma temperatura mais elevada no seu interior, tornando-

se um ambiente propício ao desenvolvimento de fungos

e bactérias.

No entanto, existem no mercado diversos produtos de

limpeza auricular especialmente desenvolvidos e que se

forem utilizados com regularidade previnem a ocorrência

destes problemas.

Page 14: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Por outro lado, uma das principais desvantagens é o fac-

to de ser necessário administrar uma anestesia. Embora

este procedimento possa ser realizado com anestesia

local, muitos veterinários adotam por uma anestesia

geral, de forma a poderem realizar todo o procedimento

mais tranquilamente, o que à partida representaria um

maior sucesso em termos de resultado final. Contudo, a

anestesia geral nos cães, tal como nos humanos, apre-

senta os seus riscos e, em diversos casos, pode até levar

ao falecimento do animal.

É também necessário ter em conta que as orelhas, tal

como a cauda, são veículos de expressão dos cães. Senti-

mentos de medo, de agressividade, de submissão e de

alegria são expressos de forma bastante evidente através

das orelhas e da cauda. Ora se as cortarmos, estamos a

reduzir a comunicação entre cães e humanos mas, e

mais importante ainda, estamos também a reduzir a

comunicação entre membros da própria espécie.

Outra questão que leva ao corte das orelhas é a possibili-

dade de participação em concursos de beleza canina.

Muitos participantes creem que para participarem em

concursos de beleza têm que apresentar o seu cão con-

forme os critérios da prova e, muitas vezes, pensam que

os critérios obrigam a que o animal apresente as orelhas

cortadas. No entanto esta regra foi alterada, e nos dias

de hoje não existe qualquer obrigação nesse sentido.

É relevante ponderar também acerca da fase de desen-

volvimento do cachorro que passa por este procedimen-

to, pois sendo um procedimento cirúrgico que se realiza

quando o patudo é ainda um cachorrito, temos que ter

em conta que este se encontra numa fase durante a qual

necessita de estímulos e de partir à descoberta do meio

que o rodeia, para que possa crescer confiante e equili-

brado. No entanto, o período de recobro acaba por não o

permitir. Isto faz com que o cachorro passe por essa fase

de desenvolvimento de forma menos adequada do que

deveria, podendo este défice vir a manifestar-se mais

tarde.

Existe ainda outro fator que leva a que os defensores da

integridade das orelhas do cão se oponham a esta práti-

ca: o mau procedimento “cirúrgico”. Certo “criadores

autodidatas” preferem ser eles próprios realizar a cirur-

gia. Recorrendo-se de material completamente inadequa-

do, como tesouras artesanais e facas, sem o recurso a

anestesia e sem especiais cuidados de esterilização, o

resultado final pode ser desastroso. Infeções, hemorra-

gias que podem levar à morte e um resultado estético

final completamente aquém do que seria esperado.

O que realmente importa?

Em suma, se é verdade que a imponência do porte de

algumas raças, como o Doberman ou o Dogo Alemão,

com as orelhas bem cortadas é evidente, conferindo-lhes

um ar elegante e ao mesmo tempo portentoso, também

é verdade que o bem-estar do animal deve sempre vir em

primeiro lugar. Como em qualquer cirurgia, o tempo de

recuperação é sempre doloroso e pode acarretar alguns

imprevistos e problemas mais complicados. Por isso jul-

go que deve ser considerada a necessidade real de optar

por esta intervenção.

Muitas vezes, a necessidade do homem de interferir

sobre o meio onde está inserido, sem critério nem justifi-

cação, pode levar a graves problemas nas espécies alvo.

Porque deveremos nós moldar quem de nós depende,

conforme a nossa vontade e os nossos padrões de estéti-

ca e beleza? Devemo-nos lembrar que os nossos cachor-

ros confiam e dependem de nós, e que temos portanto a

responsabilidade de não os desiludir!

Page 15: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Personalidade

Karen Pryor

Karen Pryor,

autora e cientis-

ta com reputa-

ção internacional

nos domínios da

biologia dos

mamíferos mari-

nhos e psicologia

comportamental.

Através dos seu

trabalho com os

golfinhos na

década de 60,

foi pioneira nos

modernos méto-

dos de treino de

animais sem

recorrer à força e

tornou-se uma

autoridade no Condicionamento Operante - a arte e a

ciência da mudança do comportamento com reforço

positivo. É a fundadora e principal responsável pela cria-

ção do ensino animal com clicker, movimento mundial

que envolve novas formas de comunicar de forma positi-

va com animais de estimação e outros animais. É autora

de vários livros, incluindo amamentando o seu bebé, um

clássico para as mães que já vendeu mais de um milhão

de cópias e mais de 50 artigos científicos sobre aprendi-

zagem e comportamento.

Karen Pryor licenciou-se na Universidade de Cornell e fez

pós-graduação em zoologia e biologia comportamental

nas Universidades do Havai, Nova York e Rutgers. Foi

uma das fundadoras do Instituto Sea Life Park do Havai,

onde foi presidente e pioneira no treino de golfinhos. Tra-

balhou para o governo dos Estados Unidos como Comis-

sária dos Mamíferos Marinhos e foi consultora da indus-

tria privada sobre o comportamento e treino. É presiden-

te do Cambridge Center para estudos comportamentais e

membro do Conselho da Fundação B.F. Skinner.

Muitos treinadores de cães usam actualmente uma

pequena caixa de plástico com uma lâmina dentro que

ao ser pressionada produz um som único e característico

a que se deu o nome de “clicker”, que irá servir como

marcador de um comportamento desejável em relação

ao qual irá receber uma recompensa. Em 1987 Pryor

começou a dar seminários e teve oportunidade de comu-

nicar com centenas e milhares de treinadores de cães

que estavam ansiosos por experimentar um sistema de

ensino não coercivo em vez do ensino com castigos.

O método do condicionamento operante aplicado já se

espalhou por todo o mundo, auxiliado principalmente pela

internet. O treino com reforço positivo é agora amplamen-

te utilizado em zoos na manipulação e cuidados médicos

de animais selvagens e com outros animais domésticos,

como gatos, cavalos, papagaios, etc.

Karen Pryor é fundadora, editora e directora executiva da

Karen Pryor Clickertraining (KPCT) e da Sun Light Books,

Inc., editora de livros e vídeos sobre trabalho com clicker

e da ciência do condicionamento operante com reforço

positivo. É também uma das fundadoras da TAG Teach

International, organização que ensina treinadores a apli-

car os princípios da modelagem (shaping) para desporto e

dança.

Karen Pryor tem três filhos e sete netos. Actualmente vive

em Boston com dois cães e um gato.

Acerca do seu livro “Introdução ao adestramento com

clicker” Karen disse o seguinte:

“Este livro tem o objectivo de te introduzir na técnica, dar-

te as competências necessárias para que obtenhas os

primeiros comportamentos utilizando o clicker. Uma vez

que tenhas conseguido algumas respostas com esta técni-

ca, verás que os livros e vídeos que existem sobre o condi-

cionamento operante, incluído neste livro, fará mais e

mais sentido para ti”

Page 16: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Autoria: Marta Wadsworth

Manifesto da essência de Ser Cão

Page 17: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Autoria: Marta Wadsworth

Manifesto da essência de Ser Cão

Page 18: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Todos os verdadeiros amantes de cães, e tenho a certeza

que és um deles, caso contrário nem estarias a ler este

artigo, têm em comum algo muito especial – a capacida-

de e interesse de cuidar e proteger um ser que embora

possa não ser necessariamente indefeso, depende incon-

dicionalmente dos cuidados do seu dono para o seu bem-

estar.

Nos dias agitados que vivemos, cuidar de um cão é para

muitos uma tarefa árdua, que envolve muita “perda de

tempo” e que culmina muitas vezes em abandonos

cruéis dos seus cães, simplesmente porque não

“encaixaram” no estilo de vida de quem os acolheu na

sua família.

Falamos disto porque é verdade que ter um cão, como

membro da família, implica sim tempo, implica que os

donos tenham consciência das suas necessidades, que

“percam tempo” em conhecê-lo, em brincar com ele, esti-

mulá-lo física e mentalmente, que se riam das suas aven-

turas e não se afastem um segundo dele quando algo

não está bem.

Cuidar de um cão, um ser de outra espécie, que não pen-

sa da mesma forma que nós, é um desafio mas que pode

rapidamente tornar-se o ponto alto da vida de uma famí-

lia, um elemento unificador, que traz harmonia e equilí-

brio para os nossos dias. Que nos faz companhia, traz

alegria e ajuda até a trazer uma nova esperança para

quem têm andado mais em baixo.

Um cão, é um amigo, o melhor amigo, mas é também

um cão. É também ele um ser vivo, irracional, cujas ori-

gens remontam às montanhas e planícies onde o seu

ancestral costumava correr, livremente. Um cão tanto

tem em si a capacidade de viver na sua caminha, em

frente à lareira, como de correr quilómetros em busca de

um coelho saltitante ou de um cheiro interessante. Um

cão tanto afoga o seu dono em lambidelas como pode

apresentar sinais de agressividade quando vê algo que

não gosta.

“...Um cão tanto afoga o seu dono em lam-

bidelas como pode apresentar sinais de

agressividade quando vê algo que não

gosta…”

Page 19: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015
Page 20: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Os cães são inteligentes, à

sua maneira. Os cães apren-

dem por associação, a cada

experiência, a cada lugar, a

cada comportamento, a cada

reação, a cada objeto ou pes-

soa associam um resultado.

No futuro, o seu comporta-

mento ou atitude vai ser deter-

minado pelo que aconteceu

da última vez. Eles sempre

vão procurar o seu bem-estar,

tentar minimizar confrontos

ou desconforto por isso o que

quer que tenham de fazer

para o conseguir, vão fazê-lo. Se da última vez o dono

veio quando estavam a fazer uma grande asneira e lhe

deu muita atenção... então é porque fazer asneiras é um

bom comportamento que lhes dá o que procuram!

Os cães criam vínculos verdadeiros com os seus donos.

Não é por acaso que nas últimas décadas, com a altera-

ção significativa do estilo de vida das sociedades (que

deixaram a vida do campo e em casa, próxima dos seus

animais de companhia para um estilo de vida industrial,

onde passam maior parte das horas do dia fora de casa)

O cão, como talvez já saibas, tem personalidade própria.

É produto do que os seus genes ditam, do que acumulou

com a sua experiência e do que a educação o ensinou. O

cão tem emoções básicas, sim é verdade, o cão pode

estar ansioso, feliz, com medo ou até curiosidade e inte-

resse. Agora não penses que o teu cão é capaz de ter

grande consciência acerca das suas ações, que ele medi-

ta ou faz qualquer tipo de “introspeção”, de facto isso

não acontece. O cão vive o momento, responde de acor-

do com o contexto. O cão não sente culpa, o cão não tem

ciúmes, o cão não tem segundas intenções

(esta tem muito que se lhe diga, mas vamos

manter as coisas simples) no que faz..

Desde os seus primeiros dias de vida, que qual-

quer cão começa a construir o seu mundo a par-

tir do que cheira. Um mundo de cheiros, um

mapa de tudo o que conhece é feito através do

seu nariz. O teu cão cheira 40 vezes melhor que

tu, coisas que tu nem imaginas. Ele reconhece

todos os cães do teu bairro pelo cheiro, mesmo

que nunca os tenha visto “em pessoa”. E mais,

se pensares que cada cão pode alterar o odor

da urina todas as semanas (na melhor das hipó-

teses), é incrível pensar que o teu cão vai

memorizar todos esses odores de todos esses

cães, todas as vezes que sente... E para sempre!

Mas não fica por aqui; os cães ouvem 4 vezes

melhor que os humanos (podendo variar ainda

de acordo com a raça e caraterísticas morfológi-

cas de cada indivíduo) e, apesar de não terem

tanta sensibilidade à cor como nós, os cães têm

uma capacidade única de refletir a luz (muito

útil na visão noturna) e identificar movimento.

Page 21: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

se desenvolveram em grande escala patologias de com-

portamento relacionadas com ansiedades por separação

dos donos. Os cães gostam e precisam da sua família, de

companhia, de atenção.

Algo muito diferente disto é a crença de que os cães que-

rem continuamente dominar a sua família, tornar-se os

líderes da matilha, os Alfas lá de casa. Esta é uma ideia

totalmente ultrapassada, sem qualquer base científica,

muito pelo contrário, que contradiz tudo aquilo que tem

vindo a ser estudado acerca do que é Ser cão. Os cães

podem sim lutar pela dominância no seio de uma família

com mais cães, mas desenganem-se os que pensam que

os cães nos vêm ao mesmo nível. Os cães sabem que

não somos cães e por isso não precisamos de nos apoiar

em quatro pernas, fazer grunhidos, ou tentar beliscá-los

simulando as interações entre cães... Isso para eles, não

faz sentido nenhum!

Um cão, de qualquer raça, origem ou criação é um ser

único, individual. A criação seletiva (para quem não sabe,

implica cruzar cães da mesma raça, com as mesmas

caraterísticas para que se prolongue a linhagem e se

atinja um desejado estalão) é um processo que tem vin-

do a ser desenvolvido com base nas preferências dos

donos, nas modas... Não necessariamente nos interesses

dos cães, para quem a contribuição genética variada era

uma mais-valia. Cães

de pedigree, cães de

passerelle, são por

muitas vezes (por falta

de conhecimento e

interesse do criador)

cães pouco saudáveis,

frutos de sucessivas

linhagens de consan-

guinidade – que irá

sofrer as consequên-

cias disso toda a sua

vida. Antes de adquirir

um cão perca tempo a

conhecer o criador, as

suas escolhas e princí-

pios.

Um cão não é um brin-

quedo, não é um pre-

sente de Natal. Um cão

não é uma paixão de

momento. Um cão não

é para uma estação.

Um cão vai ver-te como o seu protetor, o recurso de

sobrevivência, a companhia de brincadeira, toda a sua

vida será centrada em ti. Vai conhecer-te como ninguém,

antecipar os teus movimentos e saber como reagir quan-

do te vê triste. Ele pensa diferente, reage diferente,

aprende diferente mas no fundo, tal como tu, vai deixar a

sua marca neste mundo, no teu mundo.

“Um cão é uma vida, vai estar na tua vida

parte da vida, e ser parte dela, durante toda

a vida!”

Page 22: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

A expressão é utilizada para indicar mudanças

comportamentais, mas a fêmea com “gravidez

psicológica” não está realmente grávida e sim sofrendo

de alterações hormonais, relacionadas ao aumento da

prolactina e diminuição da progesterona.

Autoria: Karin Medeiros

Pseudociese, fenômeno também

conhecido como “gravidez

psicológica”, manifesta-se em

cadelas inteiras através de

comportamentos anormais como

irritação, falta de apetite,

diminuição de interação social,

proteção com objetos e brinquedos

e, em alguns casos até

agressividade.

Para os lobos a pseudociese teve uma

função evolutiva, pois mesmo as fêmeas

não fecundadas, que não ficariam

grávidas, podiam apresentar

comportamentos maternais, como o

instinto de proteção e a produção de leite,

por exemplo, o que permitia que os filhotes

nascidos pudessem receber cuidados de

várias fêmeas, assegurando seu

crescimento, mesmo se a fêmea alfa não

estivesse por perto.

Page 23: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Para os cães domésticos essa função não é mais

necessária, mas, provavelmente, permanece na sua

herança genética, já que não existe um padrão de raça,

idade ou localização geográfica para a ocorrência desse

fenômeno natural. Mesmo cadelas que já tiveram

filhotes podem apresentar gravidez psicológica em

outros cios.

Outros sintomas físicos podem surgir, também

associados á pseudociese, como aumento das glândulas

mamárias, produzindo secreção fluida ou leite, secreção

vaginal e distensão do abdômen. Esses sintomas devem

ser avaliados por médico veterinário para não serem

confundidos com outros distúrbios como a piometra,

infecção uterina grave, a mastite, inflamação das

glândulas mamárias ou tumores de mamas.

As alterações hormonais preparam o corpo da cadela

para a chegada de um “pseudo” filhote, surgindo,

geralmente, por volta de dois meses após o cio, com

duração de 30 a 60 dias. Mas, apesar disso, não interfere

na capacidade reprodutiva da fêmea em outros cios nos

quais não se manifeste a pseudociese.

Na maioria dos casos, não é necessária a intervenção

com medicamentos, cessando os sintomas em algumas

semanas. Em outros, a cadela mama nela mesma, sendo

necessário desestimular esse comportamento, sem

punições, utilizando roupa cirúrgica ou colar Elizabetano

para impedir o acesso às mamas e evitar a produção de

leite.

Mas, se a cadela estiver produzindo muita secreção,

demonstrar dor nas mamas e prostração, pode ser

preciso utilizar medicação específica para secar o leite.

A esterilização é o tratamento indicado nesses casos, e

mesmo não eliminando os sinais durante o quadro de

pseudociese, previne que ele ocorra novamente.

Page 24: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Autoria: Sílvio Pereira

Page 25: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

INSTINTOS BÁSICOS

DOS CACHORROS

A solidez de carácter do cão adulto é consequência directa do adequado

equilíbrio dos seus instintos naturais. A criação permite seleccionar os

exemplares melhor dotados para o trabalho e para o desporto. O adestra-

mento dá forma ao “todo” e, neste sentido, o papel exercido pelo adestra-

dor desde as primeiras semanas de vida é imprescindível.

Page 26: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

O cão, animal de matilha como o seu ancestral o Lobo,

prefere viver no seio de uma comunidade. O medo atávi-

co que o Lobo tem das pessoas foi vencido pelo cão há

16 000 anos com a sua domesticação.

O cão não considera o homem como pertencente à sua

espécie, mas aceita-o no seio da sua comunidade e

aprendeu a integrar-se também na humana. Esta circuns-

tância faz com que o cão encontre facilmente o seu lugar

na escala hierárquica da família humana que o acolhe e

é esta a base da relação com o seu dono ou adestrador.

Mas o facto de o cão não temer os humanos tem como

consequência que a conduta de os morder se encontre

desinibida, em maior ou menor grau. Por esse motivo é

possível que os exemplares adultos, em determinadas

situações, sejam capazes de defender-se do homem ou,

i n c l u s i v a m e n t e , a t a c á - l o .

O fenómeno baptizado por Konrad Lorenz Imprinting

(anglicismo do termo alemão Prägung, e já abordado por

nós em artigos anteriores), que significa impressão, tem

lugar a partir da altura em que o cachorro abre os olhos e

começa a ter noção do meio envolvente, nas terceira e

quarta semanas de idade. Durante esta fase, diferentes

estímulos e comportamentos adquirem um significado

concreto que fica gravado para sempre.

Instinto gregário É neste período que convém manipular o cachorro diaria-

mente, pois é-lhe oferecida a oportunidade de reconhecer

o homem como membro do seu grupo social. De facto,

está provado cientificamente que os cachorros que, nes-

ta idade, são pesados diariamente são mais seguros e

sociáveis que aqueles que não têm tanta atenção por

parte do homem. Quero com isto dizer que é obrigação

do criador tratar cuidadosamente os cachorros e evitar

que todas as situações desagradáveis possam deteriorar

o futuro carácter do cão definitiva e irreparavelmente.

A partir da quinta semana começam a aparecer vestígios

de comportamento de defesa do alimento, mas é depois

da sexta semana que se evidenciam claros comporta-

mentos agonísticos à volta do comedouro, com grande

profusão de sinais: eriçamento dos pelos dorsais, rosna-

delas, ladridos e autenticas lutas. Através deste tipo de

condutas começa a estabelecer-se a escala hierárquica

no grupo e um dos cachorros, geralmente o mais desen-

volvido, começará a destacar-se dos restantes. Come

primeiro, não deixa os irmãos acercar-se até que se

sacie, colocará as patas sobre quem ouse disputar a sua

primazia… em definitivo, converte-se num líder.

O criador não deve intervir neste processo, mas quando

já estiver claramente estabelecida a dominância de um

dos cachorros, chegou o momento de o separar dos

outros para evitar que o seu carácter se construa à custa

da deterioração do dos demais. Assim dá-se a oportuni-

dade a outro de se converter em líder, repetindo-se assim

Page 27: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Livro Recomendado

o processo anterior até que fique só um que será o seu

próprio líder.

Para a maturação do comportamento social é tão impor-

tante dominar como, em certas ocasiões, aceitar ser

dominado. Uma atenta observação à ninhada oferecerá

ao criador, nestas alturas, suficiente informação para que

possa ter uma ideia clara das características psicológicas

de cada exemplar: do carácter (capacidade de excitação),

do temperamento (grau de dureza perante estímulos

adversos), da inteligência adaptativa (facilidade de resolu-

ção perante situações novas), da capacidade de recupera-

ção (facilidade de superação de situações desagradáveis),

etc.

O segundo dominante é, de momento, o cachorro que

demonstrou ser o melhor, pois foi dominado, recuperou-

se e soube dominar os outros. O primeiro dominante só

mostrou capacidade de dominar não passando pela expe-

riência de ser dominado. Poderá ser este o melhor mas

poderá dar-se o caso de não ser. Terá de demonstrar a

sua capacidade de recuperação e, para isso o criador terá

que intervir, submetendo-o e facilitando o seu restabeleci-

mento.

O criador deve ser aceite como fazendo parte da comuni-

dade. Para ele, ainda que os cachorros vivam separados,

é conveniente que nalgumas ocasiões os juntem todos,

mãe incluída, permanecendo debaixo da sua atenta

supervisão. O criador deverá ser aceite como o elemento

super-alfa. A sua experiência, sensibilidade, tolerância,

doçura e firmeza permitirão que os cachorros aprendam a

aceitar os diferentes estímulos, tanto positivos como

negativos, com toda a naturalidade e sem inibições.

Através do jogo o cachorro aceita sem traumas a autori-

dade do homem. Brincar com o dono facilita a relação

entre ambos, melhora a comunicação e facilita que o cão

reconheça a hierarquia, que desenvolva a sua capacidade de aprendizagem e que adquira, em suma, a disposição

necessária para o trabalho futuro.

Durante todo o período de socialização (das 5 às 12

semanas), o criador deve iniciar as primeiras fases de

fomento do instinto de caça, aproveitando as alturas em

que se encontra reunida toda a ninhada – sem a mãe.

Para evitar que os cachorros se cansem, estas sessões

devem ser curtas, intensas e espaçadas no tempo.

Assim, utiliza-se um trapo velho, que servirá de presa, que

devemos mover rápida, e entrecortadamente e que, rapi-

damente, deve afastar-se dos cachorros. Com este proce-

dimento iremos estimular o comportamento de caça e

desenvolver a conduta inata de perseguir uma peça de

caça que corre e se afasta. Finalmente, permite-se que a

mordam para dar por encerrado este ciclo e poder dar-

lhes liberdade ao seu comportamento de presa (isto não é

mais do que o que as mães lobas fazem para ensinar à

s u a p r o l e a s t é c n i c a s d e c a ç a ) .

Agora, podemos observar a capacidade expressiva da

conduta persecutória, as características da mordida

(tranquila ou nervosa, dura ou branda, ambiciosa ou tími-

da, duradoura ou breve) e o grau de possessibilidade.

Da análise do conjunto das características psicológicas

dos cachorros, se obterá informação suficiente para os

classificar no que diz respeito à força da sua carga instin-

tiva e em relação ao equilíbrio entre os seus diferentes

instintos. Seleccionam-se os exemplares mais aptos para

o Trabalho Desportivo (RCI ou SchH, por exemplo) e esta-

belecem-se em cada caso a estratégia adequada onde

irão assentar as bases do futuro adestramento.

Instinto predatório

Page 28: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Quando o cachorro atinge as 12 / 14 semanas e já apre-

senta algumas sessões de trabalho relativas ao desenvol-

vimento do instinto de caça, pode-se aproveitar, ainda

que leve e brevemente, o momento em que o acto de

persegui a presa apresente a sua máxima expressão

para, quase simultaneamente, permitir-lhe captura-la e

assim restaurar a sua segurança e tranquilidade.

Instinto de protecção

Com a apresentação de estímulos adversos de intensida-

de inferior ao impulso predatório, o cachorro aprende que

a mordida – de escape, tem um efeito benéfico, pois faz

com que cesse a pressão. Assim, agora acede à presa

através do Instinto de Sobrevivência e não, como antes,

através do Instinto de Caça. O resultado é que o animal

descobre que a forma de canalizar as suas inseguranças

é através da mordida – mordida de escape.

Desta maneira, estabelecem-se solidamente as bases

para o que no futuro será a pressão activa (pressão em

direcção ao instinto).

Page 29: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Livro Recomendado

Editora: Booksmile (www.booksmile.pt)

Ano de lançamento: 2007

1ª Edição em Portugal: Fevereiro 2011

Prefácio: Karen L. Overall - Prestigiada investigadora norte americana de comportamento canino

Page 30: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Autoria: Nídia Rodrigues

Page 31: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

A história do

Um caso especial

Page 32: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

A profissão de adestrador tem a grande vantagem de

nunca ser um trabalho monótono. Todos os cães são dife-

rentes e todos os donos têm necessidades diferentes em

relação aos seus cães. Desde o adestramento em obe-

diência básica, à resolução de problemas comportamen-

tais e socialização, cada caso tem a sua complexidade e

as suas peculiaridades. Daí ser fundamental adaptarmos

o nosso trabalho e os métodos utilizados a cada situação.

Mas há casos que deixam marcas, quando sabemos que

ajudámos a mudar a vida de um cão e de uma família de

forma bastante significativa. Claro que, nada se faria

sem a colaboração da própria família, sem o empenho

dos donos. E aqui está a grande diferença entre um caso

perdido, ou um caso de sucesso como o do Nanú.

O Nanú (ex-Charcoal) foi resgatado pelo Refúgio Animal

Angels em Outubro de 2014. Estava escondido num

armazém há mais de 1 mês, muito fraco e cheio de

medo. Voluntários da associação conseguiram apanhá-lo

e foi um choque o que encontraram. Petrificado de

medo, num sofrimento inacreditável, o Nanú estava a

caminho de uma morte lenta e dolorosa. O pêlo estava

enorme e num estado lastimável, cheio de nós e de lixo.

Numa magreza extrema e muito fraco, o Nanú tinha um

cheiro nauseabundo e indescritível. O horror surgiu quan-

do se aperceberam que tinha um cabo de aço amarrado

ao pescoço, de tal forma, que estava cravado na carne.

Alguém o tinha deixado assim para morrer, ou poderá ter

conseguido soltar-se e fugido do sítio onde estivera preso.

Foi tosquiado e o cabo de aço removido, que por pouco

cortava os vasos sanguíneos vitais, tendo que ser sedado

porque as dores eram insuportáveis para o pobre bichi-

nho. Com uma ferida muito profunda no pescoço, o Nanú

demorou a recuperar.

Em Fevereiro finalmente estava bem para ser adoptado e

encontrou uma família humana e canina para o acolher,

com a salvaguarda de que este era um cãozinho espe-

cial, que iria necessitar de muita atenção e paciência dos

donos. Os medos que apresentava eram tremendos e só

queria fugir de tudo, principalmente do contacto com os

humanos.

Os novos donos fizeram um trabalho excelente, estando

já habituados a cães especiais, pois têm uma pequena

matilha de cães adoptados. O Nanú tornou-se um pouco

mais confiante com as pessoas, mas ainda receoso.

Este caso chegou-nos através da mãe humana do Nanú,

que nos contactou a pedir ajuda. Houve muitos progres-

sos, mas o Nanú ainda tinha um grande caminho pela

frente e os seus donos queriam que pudesse desfrutar da

boa vida de cão que todos os seus manos têm lá em

casa.

O grande medo do Nanú agora era a trela. Só podemos

especular sobre o que terá sido a vida do Nanú até ser

resgatado, mas pelo estado em que foi encontrado, com

um arame cravado no pescoço, o mais natural é que o

pobrezinho não queira ver trelas ou correntes, ou tudo o

que se lhe assemelhe, como aconteceu com uma fita

métrica, em que o Nanú fugiu a correr com medo.

“...há casos que deixam marcas, quando sabemos que ajudámos a mudar a vida de um

cão e de uma família de forma bastante significativa. Claro que, nada se faria sem a

colaboração da própria família, sem o empenho dos donos. E aqui está a grande dife-

rença entre um caso perdido, ou um caso de sucesso como o do Nanú.”

Page 33: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

O trabalho teve que começar por ganhar a confiança do

Nanú, para que me deixasse aproximar dele e fazer-lhe

festas. O fiambre e o frango desfiado foram os meus

melhores aliados, porque os biscoitos não eram o sufi-

ciente para que ele se quisesse aproximar e trabalhar

comigo.

Visto que o Nanú não podia sequer ver uma trela, então

primeiro tive que fazer um trabalho de contra-

condicionamento, para que associasse a trela a algo bom

e que visse a sua presença como uma experiência positi-

va. Colocámos a trela no chão, meio enrolada, com mui-

tos bocadinhos de fiambre à volta e no meio. Primeiro, o

Nanú comeu os que estavam mais afastados da trela

mas estava muito receoso em avançar para comer o res-

to. Para o deixar mais confortável, deixámo-lo sozinho e

fomos para outra divisão onde o podíamos ver. A pouco e

pouco o Nanú foi-se aproximando e acabou por comer

todos os bocados de fiambre que estavam no meio da

trela, tendo mesmo que lhe tocar para chegar aos pré-

mios.

Este trabalho foi repetido diariamente pela dona, que

passou a dar-lhe a alimentação desta forma, colocando o

comedouro no meio da trela. Ao fim de uma semana, a

presença da trela já era indiferente para o Nanú.

Começámos então a colocar-lhe a trela, utilizando o mes-

mo método, com o objectivo de dessensibilizá-lo para

aquele objecto, para que não o considerasse como algo

penoso para ele, mas sim, um objecto normal e comum.

Com a ajuda do fiambre e do frango desfiado, lentamen-

te colocámos a trela em contacto com o corpo do Nanú,

para depois a colocar presa à sua coleira. Inicialmente o

Nanú quis fugir, mas depois acalmou-se e demos um

pequeno passeio para trás e para a frente no pátio,

recompensando sempre que ficava mais tranquilo, até

que deixou de tentar fugir. A dona continuou este traba-

lho nos dias seguintes e o Nanú evoluiu imenso.

O próximo passo seria então sair de casa com trela e um

passeio na rua. Estando já a aceitar a trela num espaço

que conhece bem e em que se sente seguro, avançámos

mais um pouco na sua recuperação e fomos passear

para a rua, primeiro muito próximo de casa. O Nanú mos-

trou-nos mais um dos seus medos, portas e passagens

estreitas. Com algumas repetições, a entrar e sair, ao

longo do tempo foi perdendo esse receio.

Este trabalho foi repetido diariamente pela

dona, que passou a dar-lhe a alimentação

desta forma, colocando o comedouro no

meio da trela. Ao fim de uma semana, a

presença da trela já era indiferente para o

Nanú.

Page 34: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

O primeiro passeio do Nanú depois de começarmos a

reabilitação foi extremamente gratificante, para mim,

para a dona, mas acima de tudo para ele. Finalmente

vimos o Nanú descontrair e levantar a cauda, abanando-a

e a mostrar a sua felicidade a passear, sem medo da

trela. Queria correr e dava saltinhos de contente.

Começamos então uma série de passeios com o Nanú,

afastando-nos mais de casa, para que pudesse conhecer

o pequeno mundo à sua volta. Apercebemo-nos então de

outro medo, os carros em andamento. Quanto maiores

fossem, mais barulho faziam e pior era para o Nanú.

Ficava em pânico, a querer fugir e a tentar soltar-se.

Com a ajuda da sua mana canina, a Clô, que é muito con-

fiante e sempre foi muito prestável a ajudar o Nanú, pas-

sámos a fazer passeios em locais movimentados, evo-

luindo gradualmente. Primeiro em ruas paralelas com

pouco movimento e depois na estrada principal onde

estão sempre a passar carros e camiões.

Outro problema que o Nanú apresentava, era o facto de

se afastar quando o chamavam ou quando o tentavam

agarrar. No entanto, o Nanú com a sua força de vontade

e vivacidade, está determinado a ultrapassar os seus

medos e a deixar para trás todos os traumas e não pára

de nos surpreender. Apesar de ter ainda algum receio, a

sua evolução foi notável após algumas sessões em que

treinámos a chamada, com uma trela extensível e a dona

afastada a chamar por ele com muitas recompensas.

Lentamente o Nanú foi evoluindo. Deixou de ter aquela

reacção de pânico aos carros e começou a descontrair

ligeiramente. Avançámos mais um passo na sua recupe-

ração e fizemos alguns passeios numa estrada com mui-

to movimento, perto da praia. Por fim, na companhia da

Clô e da Juka, duas das suas manas peludas, o Nanú des-

contraiu, levantou a cauda e desfrutou de um passeio,

contente e tranquilo, apesar de estar de trela e de passa-

rem carros constantemente ao seu lado. Escusado será

dizer que o trabalho de reabilitação do Nanú terminou

em grande, com umas corridas na praia e umas banho-

cas no rio!

Page 35: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Entretanto, foi de férias com a sua nova família, numa

grande viagem de caravana! O Nanú portou-se lindamen-

te e a família está radiante de ver o seu menino especial,

que lhes foi entregue quase como um caso perdido, ago-

ra tão feliz! Está praticamente reabilitado, apesar de ain-

da recear um pouco os carros, o que na opinião da dona

até é desejável, mas já corre e brinca sem medos e vem

logo quando o chamam, sem receios.

Com a continuação do excelente trabalho que a dona

tem realizado, o Nanú está a aprender a ser cão nova-

mente e a recuperar o tempo perdido. Quando o vemos a

brincar, a sua alegria é contagiante porque parece um

cachorro nas suas primeiras corridas.

É fundamental não desistirmos dos nossos cães, mesmo

quando o futuro possa não se apresentar risonho. Eles

são mais fortes e resilientes do que nós pensamos. Com

o caso do Nanú, temos a prova de que com esforço e per-

severança tudo se consegue, utilizando as técnicas ade-

quadas a cada caso e evoluindo ao ritmo do próprio cão.

Quando um cão tem medo, é ansioso ou mesmo agressi-

vo, significa que está em sofrimento. E é nosso dever,

enquanto donos, fazer o que estiver ao nosso alcance

para o retirarmos desse estado e dar-lhe uma vida, verda-

deiramente, de cão!

Gostaria de deixar um agradecimento muito especial à

dona do Nanú, a Sr.ª Rita Santos, não só pelo trabalho

fantástico que fez com ele, sem a sua ajuda nada disto

seria possível, mas também pela disponibilidade que

teve em ajudar-me na construção deste artigo e enviar-

me algumas das fotos.

Page 36: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015
Page 37: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Autoria: Bruno Pereira

Page 38: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Ansiedade por separação é uma das patologias mais

graves experienciadas pelos cães. Podemos definir Ansie-

dade por Separação como todos os eventos relacionados

com o comportamento de alguns cães quando separados

dos respectivos donos. É uma patologia que pode aconte-

cer a todos os tipos de cães (sexo, idade, raça) levando

tanto os donos como o cão a viver em constante stress

que geralmente resultam em constantes punições para o

animal e, em casos extremos, ao abandono! Uma vez que

existem muitas causas que não estão relacionadas com

a ansiedade, podemos mencionar este problema como

“Distúrbios relacionados com a separação do dono”.

Sendo o Cão um animal com elevado instinto gregário é,

para ele, contra natura ser deixado sozinho pelos donos

e, na maioria das vezes, são os respectivos donos a criar

situações para estimular essa ansiedade como por exem-

plo demonstrarem, de uma forma bastante enfática,

pena porque o seu companheiro vai ficar sozinho em

casa, despedindo-se dele antes de sair. Para além disso,

todos temos rotinas antes de sairmos de casa como por

exemplo vestir o casaco, pegar na mala, na chave de

casa ou do carro etc, sinais esses que são detectados

pelo cão e que faz com que a ansiedade aumente até à

saída do dono, momento em que aumenta bastante a

sua frustração por não poder controlar a situação. Frus-

tração essa que o levará a apresentar vocalizações exces-

sivas, eliminação inadequada, comportamentos destruti-

vos, entre outros comportamentos inadequados.

Para além dos acima referidos, passamos a enumerar

outros factores de risco que podem levar ao desenvolvi-

mento desta patologia:

Cães adoptados;

Desmame prematuro;

Disfunção cognitiva;

Cães que passam longos períodos em canis;

Experiências traumáticas quando cachorros;

Longos períodos sem separação dos donos;

Cães deixados sozinhos muito tempo quando

jovens;

Mudança de rotinas.

Uma vez que a Ansiedade por Separação se pode mani-

festar de diferentes maneiras, é importante efectuar um

diagnóstico diferencial aos cães que apresentem os

seguintes sintomas:

Vocalizações excessivas;

Comportamentos destrutivos;

Cães que apresentem sinais de automutila-

ção;

Salivação excessiva;

Eliminação inadequada;

Anorexia e letargia;

Dermatite acral por lamber;

Vestígios de humidade (suor) nas almofadas.

Por vezes os cachorros são separados da sua mãe e

irmãos cedo demais e, no seu “novo mundo”, em que

tudo é novo e desconhecido, passando muito tempo sozi-

nhos, a ansiedade e o stress aumentam. Com o passar

do tempo, e após a sua integração no seio familiar, o cão

consegue diferenciar quem é a sua figura de apego. A

domesticação trouxe este problema, produziu uma gran-

de dependência do cão pelo dono criando potencial sufi-

ciente para que se produza um Hiperapego (como já foi

referido nos parágrafos anteriores, os donos muitas das

vezes, por desconhecimento ou não, reforçam esse ape-

go levando os cães a sofrer de Hiperapego).

Page 39: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

É de extrema importância ensinarmos os nossos cães

desde cachorros a ter a sua independência e a ficarem

sozinhos em casa para evitar o desenvolvimento desta

patologia que, infelizmente, grande parte dos cães

sofrem e para lhes ensinar que o facto de os donos saí-

rem e eles ficarem sozinhos em casa não é um problema

e que esses mesmos donos irão voltar. Assim, quando

vamos buscar um cachorro/cão adulto, é “obrigatório”:

Começar a criar regras e rotinas diárias como

por exemplo determinar um local seguro para

passarem algumas horas do seu dia (a caixa

transportadora – com um possível e pequeno

espaço cercado à sua frente – é a melhor

maneira de dar o descanso que eles preci-

sam);

Ter horas e locais certos para as refeições

(NUNCA deixar a comida à descrição durante

todo o dia);

Moderar, em quantidade e frequência, a aten-

ção dada ao cão para que não se crie um ape-

go exagerado;

Mesmo em casa deixar o cão separado do

dono (sem o contacto visual), numa divisão ou

na caixa transportadora, durante alguns perío-

dos de tempo (ir aumentando gradualmente

consoante a resposta do cão – Nunca voltar ao

cão quando este estiver a mostrar comporta-

mentos ansiosos como ladrar, ganir, etc) ;

Sair por alguns momentos de casa sem se

despedir do cão e sem lhe dar qualquer sinal

que vai sair para não estimular a ansiedade

que possa surgir, e quando voltar não lhe dar a

atenção que ele lhe vai exigir. Agir natural-

mente como se o cão não estivesse lá e dar-

lhe atenção quando ele estiver calmo e des-

contraído (Ir aumentado os períodos de tempo

consoante a resposta do cão).

Quando não consigamos passar a devida mensagem, ou

no caso do cão que formos buscar já vir a sofrer dessa

patologia é muito importante fazer o diagnóstico correcto

e passarmos ao respectivo tratamento. O tratamento é

composto por 3 fases combinados entre si conforme

segue:

- Efectuando algumas alterações ambientais:

* Minimizar ao máximo a intensidade dos estí-

mulos externos

* Oferecer-lhe um lugar seguro onde não possa

causar nenhum dano

* Ir mudando de vez em quando os brinquedos

que tem à sua disposição que não devem ser mais que 2

ou 3 .

- Modificação comportamental:

* Rotina diária

* Controlo do cão

* Trabalhar com o cão

* Estimulação mental e física

* Brinquedos interactivos (por exemplo o KONG)

* Ligar rádio ou televisão

- Terapêutica farmacológica

* Antidepressivos para auxilio da modificação comporta-

mental – De salientar que os medicamentos têm que ser

prescritos pelo veterinário sempre que o animal tenha

necessidade disso e a medicação sozinha não é a solu-

ção para o problema servindo, apenas, como auxilio de

modificação de comportamento.

Posto isto, é igualmente importante relembrar que NUN-

CA SE DEVE CASTIGAR O CÃO por reincidências ou com-

portamentos realizados na ausência dos donos, pois ele

nunca compreenderia o motivo de estar a ser castigado

para além de que só iria aumentar muito mais a sua

ansiedade.

Page 40: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

O caso

que apre-

sentamos

e que aju-

dámos a

r e s o l v e r

centra-se

e x a c t a -

m e n t e

n e s t a

patologia

que não era boa nem para o cão nem para o dono por-

que, no fundo, todos nós queremos ter um cão equilibra-

do e que consiga (con)viver com todas as situações do

dia a dia.

Neste caso, a Magali, uma Golden Retriever com quase 4

anos, super meiga e sociável tanto com cães como com

pessoas, sofria de hiperapego devido ao facto da sua

dona trabalhar em casa e estar 24 sobre 24h com ela. O

Amor mutuo e a felicidade da constante companhia uma

da outra levava-as a ir juntas para qualquer lado que fos-

se. Com tudo isto, o hiperapego estava a ser muito refor-

çado pela dona sem que ela desse por isso.

Sempre que o trabalho aumentava, os passeios da Maga-

li iam sendo reduzidos, tanto em tempo como em fre-

quência, e para a compensar a sua dona falou connosco

(Dog’s Fit) para irmos dar uns passeios maiores com a

sua companheira. Foi quando chegámos e nos depará-

mos com a situação do Hiperapego, num estado muito

avançado. A Magali saía connosco de casa e não passava

da porta do prédio. De frisar que nós já conhecíamos a

Magali desde pequenina e nem assim ela vinha passear

connosco. Falámos com a dona, explicámos a situação e

fizemos com que percebesse quão importante e funda-

mental seria a resolução deste problema.

Para a resolução de qualquer patologia é fundamental a

vontade e empenho dos donos e, neste caso, a dona da

Magali seguiu todo o programa para a “reabilitar” e, pas-

sado cerca de um mês, a Magali já dava grandes pas-

seios connosco. Desde então, e até aos dias de hoje, já

nos vem receber à porta com grande alegria porque já

sabe que é hora do “passeio maior e mais mexido”!

Esperamos que este artigo ajude na resolução desta

patologia, contudo é muito importante fazer um diagnós-

tico correcto para que o tratamento a fazer seja o indica-

do pelo que recorrer a alguém especializado é fundamen-

tal.

Como “dona” de animal de

companhia de primeira viagem

e sendo a Magali um animal

super meigo, social e submissa,

não foi para mim fácil perceber

os primeiros sinais do híper-

apego que ela tinha por mim.

Como trabalho em casa e a

levava sempre comigo quase para todo o lado, as situações

de ansiedade dela geradas pelo apego a mim eram inicial-

mente levadas como amor de Dono/Cão.

A o n d e E u i a , M a g a l i i a .

Ela não saia de ao pé de mim, nunca.

Mas conforme ela foi crescendo e sobretudo a partir dos 2

anos e meio, comecei a ficar preocupada com o seu sofri-

mento em ficar sozinha.

Ela não passeava com ninguém quando se apercebia que eu

não a acompanhava, e, chegou a fugir em direcção a casa

uma das vezes que passeava com o meu irmão.

Os vizinhos referiam que ela chorava e gania o tempo todo,

não comia, ficava o tempo todo à janela, e, quando íamos a

casa de amigos ela ficava muito ansiosa com medo de que

a abandonasse.

Tentei que ela ficasse com amigos, mas a ansiedade de

ambas era grande.

Pesquisei sobre o assunto, até que um dia falei com o Bruno

Costa Pereira da Dog’s Fit para me ajudar com os passeios

dela devido á minha vida profissional, e, num dos “nossos”

primeiros passeios começámos a falar sobre que passos a

tomar, tais como:

- Enquanto trabalho não estarmos ambas na mesma divi-

são;

- Aumentar gradualmente o tempo de separação;

- Não me despedir quando saia;

- Deixá-la acalmar quando chegava e recompensando-a por

“bom comportamento” quando ficava sozinha.

Em pouco tempo os resultados foram visíveis e a Magali foi

se apercebendo que estarmos separadas não é sinal de que

eu a abandone.

É muito gratificante ver que o seu sofrimento é cada vez

menor.

A sua felicidade é também a minha felicidade.

É ainda um processo em curso na qual a ajuda da Dog’s Fit

é inestimável.

Page 41: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Visão: Pode discriminar cores. Vê o mundo numa cor atenuada

e distingue bem o vermelho, o azul e o amarelo, cores pri-

márias;

Muito sensível aos objectos móveis;

Visão pobre para o detalhe;

Boa visão nocturna.

Audição:

Quatro vezes mais agudo que o homem;

Pode ouvir uma frequência mais alta;

Percebe ruídos ultra sónicos.

Olfacto:

Sentido predominante;

40 vezes maior que no homem;

Pode discriminar entre milhares de diversos odores;

Pode detectar concentrações muito baixas de substân-

cias com odor.

Gosto:

A sacarose é altamente aceitável;

O sabor agradável está baseado no odor;

Prefere a carne de vaca > porco > cordeiro;

Prefere a carne aos cereais;

Prefere o alimento conservado > cozinhado > picado >

cru;

Come durante o dia.

Tacto:

Pouco desenvolvido;

Está ligado a manifestações de amizade.

Page 42: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015
Page 43: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Nome original English

Bull Terrier

País de origem Grã-

Bretanha

F.C.I. Grupo 3 Secção

3 – Terriers de tipo

Bull

Estalão 11 – 2 de

Fevereiro de 1998

Variedades 2 Bull Ter-

rier Standard / Bull

Terrier Miniatura

Autoria: Vanessa Correia

Page 44: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

História do Bull Terrier (factos))

A raça está baseada em cães do tipo Bull e Terrier criados para o combate durante o século XIX.

James Hinks com anos de experiências com cruzamentos apresentou a raça na década de 1850.

Os traços da raça são baseados no actualmente extinto English White Terrier.

Hinks tinha o intuito de criar um Bulldog que fosse utilizado tanto em ringues de luta como em exposições cani-

nas.

James utilizou o Pointer Espanhol para conferir maior tamanho e Dalmata para conseguir cães totalmente

brancos.

Em cerca de 1860 os juízes das exposições caninas mostraram parcialidade a favor dos Bull Terriers completa-

mente brancos.

Hinks propôs-se a criar uma raça completamente branca eliminando os cães com manchas e tigrados.

Os homens de classes altas andavam com os seus Bull Terriers como moda chamando-os de Cavaleiros Bran-

cos.

A raça fez muito exito nos concursos caninos e passou a ser conhecida como cão de companhia e não cão para

lutas, ao que deu resultado ao actual pacífico e harmonioso Bull Terrier.

1 - Trufa

2 - Focinho

3 - Stop

4 - Crânio

5 - Occipital

6 - Cernelha

7 - Dorso

8 - Lombo

9 - Garupa

10 - Raiz da cauda

11 - Ísquio

12 - Coxa

13 - Perna

14 - Jarrete

15 - Metatarso

16 - Patas

17 - Joelho

18 - Linha inferior

19 - Cotovelo

20 - Linha do solo

21 - Metacarpo

22 - Carpo

23 - Antebraço

24 - Nível do esterno

25 - Braço

26 - Ponta do esterno

27 - Ponta do ombro

a - profundidade do peito

b - altura do cotovelo

a + b = altura do cão na cernelha

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1 - Trufa

2 - Focinho

3 - Stop

4 - Crânio

5 - Occipital

6 - Cernelha

7 - Dorso

8 - Lombo

9 - Garupa

10 - Raiz da cauda

11 - Ísquio

12 - Coxa

13 - Perna

14 - Jarrete

15 - Metatarso

16 - Patas

17 - Joelho

18 - Linha inferior

19 - Cotovelo

20 - Linha do solo

21 - Metacarpo

22 - Carpo

23 - Antebraço

24 - Nível do esterno

25 - Braço

26 - Ponta do esterno

27 - Ponta do ombro

a - profundidade do peito

b - altura do cotovelo

a + b = altura do cão na cernelha

Page 46: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Estalão da raça

Aspecto Geral: De constituição forte, musculoso, proporcional e activo com uma expressão viva, pers-

picaz, determinada e inteligente.

Características: O Bull Terrier é o gladiador do mundo canino, cheio de entusiasmo e coragem. Uma

característica única é a cabeça, com a frente descendente e de forma ovóide. Independentemente do

seu tamanho, os machos deverão ter um aspecto masculino, e as fêmeas, feminino.

Temperamento: De um temperamento equilibrado e aberto á disciplina. Embora obstinado é particu-

larmente amável com as pessoas.

Cabeça e crâneo: Cabeça longa, forte e profunda até á ponta do focinho, mas não grosseira. Observa-

da de frente tem a forma de ovo e está completamente cheia, a sua superficíe está livre de cavidades

ou recortes. A parte superior do crâneo é quase plana de orelha a orelha. O perfil curva-se suavemen-

te para abaixo desde a parte superior do crâneo até á ponta da trufa, que deverá ser negra e estar

dobrada até abaixo á ponta. Orifícios nasais bem desenvolvidos. A zona cituada debaixo da mandíbu-

la é profunda e forte.

Olhos: De aspecto estreito, oblíquamente colocados e triangulares, profundos e de cor preta ou de um

marron o mais escuro possível, de maneira a parecer quase preto e com um brilho penetrante. A dis-

tancia desde a ponta da trufa até aos olhos é perceptivelmente maior que a existente entre os olhos e

a parte superior do crâneo. A côr azul ou parcialmente azul é indesejável.

Orelhas: Pequenas, finas e bastante juntas entre si. O cão deverá portá-las muito rijas e erectas quan-

do apontam para cima.

Boca: Dentes saudáveis, limpos, fortes, de um bom tamanho e com uma perfeita mordedura em

tesoura, regular e completa (os incisivos superiores ficam justos á frente em contacto estreito com os

incisivos inferiores que estão inseridos perpendicularmente aos respectivos maxilares). Lábios limpos

e apertados.

Pescoço: Muito musculoso, longo, arqueado, afinando desde os ombros até á cabeça. Isento de papa-

da.

Extremidades Anteriores: Ombros fortes e musculados, sem estarem carregados. Os omoplatas lar-

gos, planos, portados perto da caixa toráxica e com uma caída profunda até atrás da face frontal,

desde a parte inferior á superior da extremidade anterior. Os cotovelos são rectos e fortes e os meta-

carpos estão perpendiculares ao chão. As patas anteriores têm uma ossada muito forte, redondeada

e de qualidade, o cão deverá estar firmemente assente sobre elas e devem ser perfeitamente parale-

las. Nos cães adultos, a longitude das extremidades anteriores, da cruz ao chão, específica do esta-

lão, deverá ser aproximadamente igual á profundidade do tórax.

Tronco: Bem arredondado, com umas costelas muito arqueadas e uma grande profundidade desde a

cernelha até á musculatura peitoral, de maneira que este fique mais próximo do solo que o abdómen.

Dorso curto, forte, queda por baixo do nível da cernelha, arqueando-se formando uma ligeira concavi-

dade á altura dos rins, largos e musculosos. O contorno inferior, desde a musculatura peitoral até ao

abdómen, forma uma elegante curva até acima. Visto de trás, o tórax é largo.

Extremidades Posteriores: Paralelas quando as observamos de trás. Musculos e segundos musculos

bem desenvolvidos. Articulação do joelho bem angulada com a ossada que chega até ao pé curto e

forte.

Patas: Redondas, compactas e com os dedos bem arqueados.

Cauda: Curta, de implantação baixa e portada horizontalmente. Grossa na base, estreita até acabar

numa ponta fina.

Marcha/Movimento: Quando o movimento é bom, cobre o terreno com uns passos regulares, soltos

com um ar alegre típico. A trote, o movimento será paralelo á frente e atrás, convergendo unicamente

até ao centro a velocidades mais altas, com um bom alcance das patas anteriores e um movimento

das extremidades posteriores de forma fluída á altura da anca, com uma grande força de impulsão.

Pelagem: Curta, lisa, homogénea, densa, aspera ao toque e com um brilho fino. A pele bem aderente.

Pode fazer uma subpelagem de textura fina no Inverno.

Cor: Para os brancos, pelagem de cor branco puro. A pigmentação da pele e as manchas na cabeça

não constituem defeitos. Para os cães coloridos, a cor deve predominar sobre o branco. Em igualda-

des de circusntâncias, deve preferir-se a cor tigrada. O tigrado, o preto, o avermelhado, o dourado e o

tricolor admitem-se. Pequenas marcas na pelagem branca são indesejáveis. A cor azulada e cor de

fígado não são desejáveis.

Tamanho: Não há limites de peso nem altura, no entanto deveremos ter a impressão de que o cão

tem a máxima substância respectiva ao seu tamanho, tendo em conta as suas qualidades e o sexo.

Faltas: Qualquer desvio nos pontos anteriormente mensionados deverá ser considerado como defeito,

e será penalizado em função da sua gravidade.

Nota: *Os machos devem ter os dois testículos aparentemente normais, apresentam-se descidos por

completo e acomodados na bolsa escrotal.

Bull Terrier Miniatura

Quando criados no início do século XIX a partir do

cruzamento de Bulldogues com Terriers, os Bull Ter-

riers pequenos como a miniatura dos dias de hoje

eram comuns, se não a regra.

Em 1861 na exposição de Islongtom, devido à

grande variedade de tamanho e peso existente na

altura, foi aceite uma nova classe (Bull Terrier Miniatu-

ra).

Com a I Guerra Mundial esta variedade esteve a

ponto de desaparecer, para resolver este problema o

Kennel Club aceitou que o estalão da raça fosse alte-

rado, dando origem em definitivo ao Bull Terrier Minia-

tura (o seu peso foi aumentado para os 18 Kg).

Assim o estalão do Bull Terrier Miniatura é o mes-

mo do Bull Terrier Standart, excepto no seu peso e

altura do garrote que não poderá passar de 35,5 cm.

Page 47: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Bull Terrier Miniatura

Quando criados no início do século XIX a partir do

cruzamento de Bulldogues com Terriers, os Bull Ter-

riers pequenos como a miniatura dos dias de hoje

eram comuns, se não a regra.

Em 1861 na exposição de Islongtom, devido à

grande variedade de tamanho e peso existente na

altura, foi aceite uma nova classe (Bull Terrier Miniatu-

ra).

Com a I Guerra Mundial esta variedade esteve a

ponto de desaparecer, para resolver este problema o

Kennel Club aceitou que o estalão da raça fosse alte-

rado, dando origem em definitivo ao Bull Terrier Minia-

tura (o seu peso foi aumentado para os 18 Kg).

Assim o estalão do Bull Terrier Miniatura é o mes-

mo do Bull Terrier Standart, excepto no seu peso e

altura do garrote que não poderá passar de 35,5 cm.

Doenças e patologias mais frequentes na raça Geralmente saúdável e resistente com alguns problemas de pele

e alergias e normalmente vive até aos 11, 12 anos

Bloqueio Gastro-intestinal – Devido á raça ser forte ás vezes só passado dias é que se

nota o aspecto de deprimido e é provável que tenha vómitos, a ajuda tardia pode ser

fatal.

Doença Renal – Rins pequenos ou disfunção dos filtro microscópicos dos rins, reco-

menda-se análise de urina anual deve-se começar por volta dos 2 anos.

Epilepsia – Pode ser hereditário e os ataques controlados, mas geralmente os Bull Ter-

riers afectados só sobrevivem 1 ou dois anos depois do surgimento da doença.

Doença Cardíaca – Podem ser hereditários, e os Bull Terriers afectados podem viver

alguns anos com sopros cardíacos que são pontuados do grau 1 ao grau 6. Recomenda

-se testes e ultrasons cardíacos.

Surdez – É hereditária através dos cruzamentos com Dálmatas e com o actualmente

extinto English White Terrier, é devido a um gene recessivo, e podem ser surdos de 1 só

ouvido ou dos 2, recomenda-se provas desde cachorro.

Problemas de pele / Alergias – podem ser hereditários, pode ser uma deficiência imu-

nitária, pode ser derivado de alergias á picada de parasitas, pode também derivar de

alergias transmitidas pela ingestão, contacto ou pelo ar.

Manifestam-se através de peladas e borbulhas com ou sem prurido, no caso das aler-

gias pode ocorrer espirros e ou

vómitos.

Page 48: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015
Page 49: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Nesta nova secção, criada precisa-

mente neste número da revista,

vamos publicar algumas histórias,

muito interessantes, engraçadas,

por vezes hilariantes, mas tam-

bém, nalguns casos, relatos puros

de bravura e heroísmo, que se pas-

saram durante os séculos XIX e

primeira metade do século XX.

Mas iremos igualmente publicar

nesta secção muitas outras curio-

sidades acerca da forma como os

cães eram encarados na socieda-

de de então, fotos da morfologia

de algumas raças para as poder-

mos comparar com as de agora, a

educação e o ensino, a legislação,

a saúde e a reprodução a higiene,

etc.

São preciosidades, pela sua rarida-

de, que só são possíveis de as dar

a conhecer ao público, pelo esfor-

ço que o Centro Canino Vale de

Lobos tem vindo a levar a efeito na

procura e aquisição dos poucos

livros que foram publicados sobre

este tema antes do 2º terço do

século XX .

Esperamos que a sua leitura vos

dê tanto prazer como nos deu a

nós.

Page 50: Nº 15 - Julho | Agosto | Setembro 2015

Decidimos iniciar esta nova rubrica com algumas

histórias que vêm descritas no livro

A Intelligencia dos Animaes

De Ernesto Menault

Publicado no ano de:

1876

Nas histórias que vamos reproduzir decidimos man-

ter a grafia original da época, não só para sermos

fieis ao realismo das narrações mas também, para

quem se interessa por esta área, e agora que tanto

se fala no novo acordo ortográfico, se deliciar com a

forma como o português era escrito naquele tem-

po.

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Life Med-Wolf – Pela coexistência com o lobo ibérico

“A minha serra, pedregal, lobos e vento”. Assim descrevia Aquilino Ribeiro, em 1947, as serranias que acolhe-

ram tantas das suas narrativas. O lobo era então parte integrante da paisagem, das vidas da Serra.

Mas já então este predador muito sofrera, graças a uma fama muitas vezes injusta. Visto como ameaça à vida

humana, portador de doenças míticas como a “lobagueira”, espírito daninho, cúmplice de “fadas dos lobos”.

Sem esquecer as crendices acerca de lobisomens – sétimos filhos varões ou criados por enganos dos padres no

baptismo, figurantes habituais nos medos e nas histórias sussurradas à beira de fogueiras, entre nevoeiros e

urzes.

Mas não era bicho inocente, o lobo. Entre perseguir um bravo javali ou atacar uma vitela, claro que o instinto

do bicho não hesita. Por isso, desde há séculos que quem tem gado tem inimizade pelo lobo, organizando bati-

das, construindo fojos, por vezes até espalhando venenos que acabam por matar muitos outros animais. Assim,

o lobo tem desaparecido, recuando para domínios cada vez mais escondidos, contando hoje com menos de

300 exemplares. Isto porque o Homem sempre foi conquistando mais e mais território, expulsando os outros

predadores.

Mas a História começou a fazer marcha-atrás; com a diminuição da população do interior, mais terras ficam à

mercê dos animais e melhores condições ganham estes para se multiplicarem. O lobo intensifica a sua presen-

ça em distritos onde pouco se dava por ele, como na Guarda. Noutras paragens, como Bragança e o Gerês,

nunca chegou a desaparecer, perto de gentes sempre afeitas à vizinhança do predador.

Assim chegamos aos dias de hoje. E aos ataques a rebanhos que têm trazido os lobos para as parangonas dos

jornais, a par de muitas queixas de quem vê o seu ganha-pão ameaçado.

Como vimos, o lobo não está “de volta”; pois nunca daqui saiu por completo. E muito menos anda a ser “solto”

nas serras sabe-se lá por quem – tal seria até ilegal, face à legislação que protege este animal desde 1988. Certo

é que a sua presença se faz hoje sentir com mais intensidade. E torna-se necessário (re)aprender a conviver

com o lobo, a diminuir a dimensão dos prejuízos que ele causa.

É precisamente esse o objectivo do projecto LIFE MED-WOLF – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em

Regiões Mediterrânicas. Uma iniciativa financiada pela União Europeia que vai minimizar os conflitos entre o

lobo e as populações locais, em regiões onde os hábitos culturais de coexistência se têm vindo a perder. Com

uma duração total de quase cinco anos, está já a fornecer apoio a criadores de gado para que possam instalar

as medidas de protecção que há muito são comuns noutras paragens de Portugal, como bons cães de gado ou

vedações. Partilhando experiências, ensinando os mais novos, explicando o acesso a indemnizações, etc.

Um projecto que não é “a favor” do lobo, ou “contra” os criadores de gado. Ambiciona sim contribuir para que

todos possam conviver, com um mínimo de atritos, rodeados por uma Natureza em equilíbrio.

Quer saber mais, ou dar-nos sugestões? Está convidado a usar o mail [email protected].

Grupo Lobo

Grupo Lobo

Gonçalo Costa

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Life Med-Wolf – Pela coexistência com o lobo ibérico

“A minha serra, pedregal, lobos e vento”. Assim descrevia Aquilino Ribeiro, em 1947, as serranias que acolhe-

ram tantas das suas narrativas. O lobo era então parte integrante da paisagem, das vidas da Serra.

Mas já então este predador muito sofrera, graças a uma fama muitas vezes injusta. Visto como ameaça à vida

humana, portador de doenças míticas como a “lobagueira”, espírito daninho, cúmplice de “fadas dos lobos”.

Sem esquecer as crendices acerca de lobisomens – sétimos filhos varões ou criados por enganos dos padres no

baptismo, figurantes habituais nos medos e nas histórias sussurradas à beira de fogueiras, entre nevoeiros e

urzes.

Mas não era bicho inocente, o lobo. Entre perseguir um bravo javali ou atacar uma vitela, claro que o instinto

do bicho não hesita. Por isso, desde há séculos que quem tem gado tem inimizade pelo lobo, organizando bati-

das, construindo fojos, por vezes até espalhando venenos que acabam por matar muitos outros animais. Assim,

o lobo tem desaparecido, recuando para domínios cada vez mais escondidos, contando hoje com menos de

300 exemplares. Isto porque o Homem sempre foi conquistando mais e mais território, expulsando os outros

predadores.

Mas a História começou a fazer marcha-atrás; com a diminuição da população do interior, mais terras ficam à

mercê dos animais e melhores condições ganham estes para se multiplicarem. O lobo intensifica a sua presen-

ça em distritos onde pouco se dava por ele, como na Guarda. Noutras paragens, como Bragança e o Gerês,

nunca chegou a desaparecer, perto de gentes sempre afeitas à vizinhança do predador.

Assim chegamos aos dias de hoje. E aos ataques a rebanhos que têm trazido os lobos para as parangonas dos

jornais, a par de muitas queixas de quem vê o seu ganha-pão ameaçado.

Como vimos, o lobo não está “de volta”; pois nunca daqui saiu por completo. E muito menos anda a ser “solto”

nas serras sabe-se lá por quem – tal seria até ilegal, face à legislação que protege este animal desde 1988. Certo

é que a sua presença se faz hoje sentir com mais intensidade. E torna-se necessário (re)aprender a conviver

com o lobo, a diminuir a dimensão dos prejuízos que ele causa.

É precisamente esse o objectivo do projecto LIFE MED-WOLF – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em

Regiões Mediterrânicas. Uma iniciativa financiada pela União Europeia que vai minimizar os conflitos entre o

lobo e as populações locais, em regiões onde os hábitos culturais de coexistência se têm vindo a perder. Com

uma duração total de quase cinco anos, está já a fornecer apoio a criadores de gado para que possam instalar

as medidas de protecção que há muito são comuns noutras paragens de Portugal, como bons cães de gado ou

vedações. Partilhando experiências, ensinando os mais novos, explicando o acesso a indemnizações, etc.

Um projecto que não é “a favor” do lobo, ou “contra” os criadores de gado. Ambiciona sim contribuir para que

todos possam conviver, com um mínimo de atritos, rodeados por uma Natureza em equilíbrio.

Quer saber mais, ou dar-nos sugestões? Está convidado a usar o mail [email protected].

Alfredo Rocha

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Espaço dedicado à divulgação das actividades do “Adestramento Positivo

Project” iniciativa criada e dinamizada pelo Dep. de Divulgação, em estreita

colaboração com Dep. de Formação do CCVL, com o objectivo de divulgar e

difundir o ensino animal sem castigos, cujo lema é:

O Projecto A convite do CCVL, três adestradores formados pelo Dep. de Formação do Centro Canino Vale de Lobos: Tânia

Carvalho da TC-Treino Canino, Ana Bártolo e Ana Camacho da Good Dog, decidiram unir-se para criar o presente

"Adestramento Positivo Project”, porque acharam que o panorama do ensino canino em Portugal não reflectia o que

já se fazia nesta área por essa Europa fora. As suas formações tiveram como suporte o adestramento científico

baseado no condicionamento operante com a apresentação de um estímulo agradável e o que acontece é que os

métodos tradicionais da obrigação, da subjugação e dos castigos físicos e psíquicos ainda é o mais utilizado no nos-

so país o que é totalmente errado e retrógrado. A ciência já nos permite ensinar animais sem recorrer a esses méto-

dos, e são essas evoluções da ciência da aprendizagem que este projecto pretende divulgar e difundir. Neste

momento fazem parte do projecto a Andreia Lauro da Dog Instinct, Bruno Pereira da Dog’s Fit, Francisco Barata da

Oficina dos Cães, Marta Wadsworth da Dog Lovers Portugal, Nídia Rodrigues da Psicanis e Tânia Carvalho da TC-

Treino Canino, com o apoio técnico e logístico do Centro Canino de Vale de Lobos,

A particularidade deste projecto está em que todos os profissionais que o compõem terem feito a sua formação cino-

técnica no Centro Canino de Vale de Lobos - Cursos de Formação Canina

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Durante os últimos 3 meses foram estabelecidas uma série de

parcerias com diversas entidades do universo canino

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Desde o início do projecto, há apenas 14 meses, que um dos propósitos dos seus membros fun-dadores seria, um dia, mais tarde, ajudar, com os nossos recursos, quem realmente vive com dificuldades nesta área. Estamos a falar, evidentemente, das Associações de protecção dos ani-mais. O APP é actualmente um projecto consolidado, assente em estruturas sólidas, e já com um extenso portefólio de cães, e seus donos, que está a acompanhar e a ajudar a uma melhor con-vivência mútua.

Nesse sentido, decidimos avançar, mais cedo que o previsto, para o APP SOLIDÁRIO. No primeiro mês, Março 2015 ajudámos a Associação "O Cantinho da Milu". Durante o mês de Março, um Euro de cada aula de adestramento ou consulta de comportamento de cada um dos nossos técnicos reverterá para esta instituição. Nos meses de Abril, Maio e Junho ajudámos a ASPA de Santarém, a APA de Torres Vedras e a Adoro Mimos de Mafra, respectivamente. Mas o APP SOLIDÁRIO não irá ficar por aqui. Em breve daremos notícias de novas iniciativas neste nosso propósito de ajudar quem mais precisa. Obrigado a todos por nos terem ajudado a fazer com que esta nossa vontade se pudesse mate-rializar mais depressa do que tínhamos planeado, e esperamos que com esta nossa humilde ajuda consigamos dar uma melhor qualidade de vida àqueles que por qualquer motivo não tive-ram ainda a sorte de encontrarem uma família que os trate com a dignidade que merecem. Bem hajam a todos!

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Cães & Lobos Edição Nº 1

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Cães & Lobos Edição Nº 1

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Estrutura Programática do Curso

Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos

que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores

caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles

que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como

profissionalmente.

Primeiro curso administrado em Portugal com base nas últimas investigações

Presencial

Módulo 1 (teórico)

1.1 CONHECER O CÃO

1.1.1 Conhecer como funciona um cão

1.1.2 O Carácter num cão

1.1.3 O Temperamento num cão

1.1.4 A Comunicação canina

1.1.5 Os Instintos Básicos caninos

1.1.6 Conhecer o cão que se vai adestrar

1.2 MÉTODOS DE ADESTRAMENTO

1.2.1 Métodos de Adestramento

1.2.2 Traçar objetivos

1.2.3 Escolher o melhor método de Adestramento

1.2.3.1 Em função do cão

1.2.3.2 Em função do dono

1.2.3.3 Em função dos objetivos

1.2.4 As várias fases do Adestramento

1.3 CONDICIONAMENTO OPERANTE

1.3.1 Definição

1.3.2 O que é o Clicker

1.3.3 O treino com Clicker

Módulo 2 (prático)

2.1 O ADESTRAMENTO EM OBEDIÊNCIA SOCIAL

2.1.1 Material de adestramento

2.1.1.1 Material de contenção

2.1.1.2 Material de assistência

2.1.1.3 Material didático

2.1.2 Postura corporal do adestrador

2.1.3 Desenvolvimento da motivação do cão

2.1.4 Condicionamento e aquisição de hábito

2.1.5 Exercícios de Obediência Básica

2.1.5.1 Exercício de andar ao lado

2.1.5.2 Exercício de sentar

2.1.5.3 Exercício de deitar

2.1.5.4 Exercício de deitar e ficar quieto

2.1.5.5 Exercício de chamada

2.2 SOCIABILIZAÇÃO

2.2.1 Sociabilização intraespecífica

2.2.2 Sociabilização interespecífica

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Cães & Lobos Edição Nº 4

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Entrevista Cães & Lobos Edição Nº 1

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Cães & Lobos Edição Nº 1

Página 1

Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Módulo 3 (prático)

3.1 ADESTRAMENTO EM GUARDA E DEFESA

3.1.1 Determinar as aptidões do cão

3.1.2 O Figurante (Homem de ataque)

3.1.2.1 Vestuário

3.1.2.2 Equipamento

3.1.2.3 Formação

3.1.3 O trabalho de motivação

3.1.4 O treino técnico das mordidas

3.1.5 O treino da inibição da mordida (larga)

3.1.6 O treino da fuga do figurante

3.1.7 O treino da busca do figurante

3.1.8 O treino do ataque surpresa ao guia

3.1.9 O treino do ataque longo

Módulo 4 (teórico)

4.1 COMPORTAMENTOS ANÓMALOS E DESVIANTES

4.1.1 Agressividades

4.1.1.1 Definição e tipologias

4.1.2 Micção ou defecação inadequadas 4.1.2.1 Definição

4.1.2.2 Tratamento

4.1.3 Ansiedade por separação

4.1.3.1 Definição

4.1.3.2 Tratamento

4.1.4 Fobias

4.1.4.1 Definição

4.1.4.2 Tratamento

4.1.5 Manias Maternais

4.1.5.1 Definição

4.1.5.2 Tratamento

4.1.6 Hiperatividade e hiperexceptibilidade

4.1.6.1 Definição

4.1.6.2 Tratamento

4.1.7 Comportamentos estereotipados

4.1.7.1 Definição

4.1.7.2 Tratamento

4.1.8 Ingestão Inadequada

4.1.8.1 Alimentação Estranha

4.1.8.2 Coprofagia

4.1.8.3 Objetos

4.1.9 Síndrome de Disfunção Cognitiva

Curso intensivo de formação de monitores de

adestramento científico canino (presencial)

Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente

Características do Curso

Tipo de Curso: Curso presencial ministrado em sistema intensivo de 15 dias de duração, com uma carga horária lectiva diária de 4 horas, incluindo as componentes prática e teórica. Início do Curso: A combinar com o formando Local das Aulas: Campo de Trabalho do Centro Canino de Vale Lobos – Vale de Lobos - Sintra Método de Ensino: Científico Quantidade de Alunos por Curso: 1 Documento fim de Curso: Certificado com informação detalhada sobre as avaliações intercalares e finais e matéria leccionada

Estrutura Programática do Curso Módulo 1 (teórico)

Módulo 2 (prático) Do Curso de duração normal

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Propriedade:

Centro Canino de Vale de Lobos

www.ccvlonline.com

[email protected]

Edição:

Dep. Divulgação do CCVL

http://Comportamento-

canino.blogspot.com

Revista Digital de Cães e Lobos

Editor:

Sílvio Pereira

[email protected]

Colaboraram nesta Edição:

Bruno Pereira, Grupo Lobo, Karin

Medeiros, Marta Wadsworth,

Nídia Rodrigues, Ricardo Duar-

te, Sílvio Pereira, Vanda Botelho,

Vanessa Correia

Paginação e execução gráfica:

Sílvio Pereira

Nota:

Todo o material publicado nesta

edição é da exclusiva responsa-

bilidade dos seus autores.

_________________________

Página web: http://revistacaeselobos.weebly.com

[email protected]

Cães & Lobos Nº 15

Colaboradoraram nesta edição:

Bruno Pereira

[email protected]

https://www.facebook.com/DOGSFIT

Grupo Lobo

[email protected]

http://lobo.fc.ul.pt/

Karin Medeiros

[email protected]

www.adestramentoresponsavel.com

Marta Wadsworth

[email protected]

http://www.dogloversportugal.com/

Nídia Rodrigues

[email protected]

http://www.psicanis.com/

Ricardo Duarte

[email protected]

Vanda Botelho

[email protected]

www.ativanimal.com

Vanessa Correia

[email protected]

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Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

Curso destinado a todos os proprietários que queiram adestrar os seus cães em casa

(portanto, no seu território) evitando assim as sempre stressantes e por vezes

traumatizantes idas às escolas de treino canino.

Características do Curso Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: De 2 a 4 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do aluno).

A quem é dirigido este Curso: Com este Curso o dono dispensa as sempre angustiantes e traumáticas idas às escolas de trei-no, uma vez que o cão aprende no seu próprio território, portanto, qualquer pessoa está em condições de frequentar este curso, a única limitação prende-se com a obrigatoriedade de possuir um cão (seja ele de que raça for) uma vez que numa das fases do Curso terá que aplicar na prática, as técnicas que vão sendo estudadas.

Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/teórica e conhecimento profundo do aspeto funcional do cão, assim como uma identificação da interação dos mecanismos da aprendizagem com os vários tipos de condicionamento. No aspeto prático adquire-se um conhecimento básico dos princípios gerais do Condicionamento Operante assim como a utiliza-ção do clicker como instrumento fundamental no moderno treino científico canino. Resumindo, o formando fica perfeitamente preparado não só para poder treinar o seu cão positivamente mas também para com-preender a sua linguagem, o seu carácter, a sua personalidade e o seu temperamento.

Módulo 1 (teórico)

1ª Parte - Conhecer o Aspeto Funcional do Cão

2ª Parte - O Carácter e o Temperamento num Cão

3ª Parte - A Comunicação Canina

4ª parte - Os Instintos

5ª Parte - Condicionamento Operante

6ª parte - Descobrir o Clicker

Estrutura Programática (resumida)

Módulo 2 (prático)

7ª Parte - O Adestramento em Obediência Social

8ª Parte - Motivar e Condicionar o Cão

9ª parte - Exercícios de Obediência Básica

10ª Parte - Sociabilização

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-on-line-de-adestramento-positivo-canino.html

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Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do: CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Características do Curso

Objetivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre a identificação, diagnóstico, tratamento e prevenção dos Comportamentos anómalos, desviantes e patológicos dos cães que vivem integrados na sociedade humana. É um Curso abrangente uma vez que é transversal a todos os Problemas Comportamentais dos canídeos domésticos.

Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 3 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do for-mando).

A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Adestradores Caninos que sentem dificuldades na interpretação e tratamento destas patologias cada vez mais presentes na interação dos cães com os seus donos e o meio envolvente. Mas tam-bém a todos os interessados na temática do Comportamento Canino e nas alterações causadas por via da domesticação.

Perspetival de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de interpretação, diagnóstico, tratamento e prevenção das Patologias do Comporta-mento. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, resolver todos os problemas ligados à área Com-portamental.

Tema 1 - Como Funciona um Cão

Tema 2 - O Carácter

Tema 3 - O Temperamento

Tema 4 - A Comunicação Canina

Tema 5 - Os Instintos Básicos de Sobrevivência

Tema 6 - Os Condicionamentos Tema 7 - As Agressividades

Tema 8 - Ansiedade por Separação

http://formacaoccvl.weebly.com/curso-de-psicologia-canina.html

Estrutura Programática do Curso (Resumido)

Tema 9 - Síndrome de Disfunção Cognitiva

Tema 10 - Fobias

Tema 11 - Manias Maternais

Tema 12 - Hiperatividade e Hiperexcitabilidade

Tema 13 - Comportamentos estereotipados

Tema 14 - Ingestão Inadequada

Tema 15 - Eliminação Inadequada