movimento modernista e a semana da arte moferna de 1922

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MOVIMENTO MODERNISTA E MOVIMENTO MODERNISTA E SEMANA DE ARTE MODERNA DE SEMANA DE ARTE MODERNA DE

19221922

Brasil: Modernismo e arte Contemporânea

• O Brasil historicamente se colocou, no campo da arte e do pensamento, na dependência de movimentos externos que, depois de se consolidarem nos países de origem, foram adotados como expressões significativas para o entendimento de nossa realidade. Contudo, tais concepções exógenas adquiriram uma “cor” local, ou seja, foram adaptadas às circunstâncias históricas do país e, em muitos casos, foram até subvertidas. Entretanto, esse estado de coisas foi rompido quando tratamos do século XX, em especial, ao estudarmos o modernismo e a arte contemporânea no Brasil. O país foi protagonista e dialogou com várias correntes do pensamento mundial em uma condição até então imaginada.

O movimento modernista e a 1. Semana de Arte Moderna de 22 • O ano era 1922. Um momento de

muitas turbulências sociais, políticas, econômicas e culturais que marcaram a maioria dos artistas e intelectuais que buscavam novos caminhos.

•Aqui, existia um cenário: a cidade de São Paulo e a sociedade paulista, cuja elite, composta de membros das oligarquias cafeeiras, sustentava a política do “café com leite”.

• Esta elite ainda cultuava o tradicionalismo dos padrões estéticos europeus, mostrando-se desinteressada pela arte produzida no Brasil e também por seus artistas. Muito embora, já em 1913, tivessem acontecido, no Brasil, a exposição expressionista de Lasar Segall e em 1914, a primeira exposição de Anita Malfatti, elas não tiveram a repercussão esperada.

• Mas a segunda exposição de Anita Malfatti, carregada de influências do cubismo, do expressionismo e do futurismo, em dezembro de 1917, foi alvo de duras críticas de Monteiro Lobato, em seu artigo Paranoia ou Mistificação, publicado no “Estadinho”, órgão do jornal O Estado de S. Paulo. Estas críticas fizeram com que Oswald e Mário de Andrade se unissem a Anita Malfatti, a qual foi defendida de imediato por Oswald na imprensa. Di Cavalcanti, o artista considerado o verdadeiro idealizador e articulador do evento, em companhia de Guilherme de Almeida, também correu em defesa de Anita.

• Paralelamente a esses fatos, percebia-se grande inquietação no cenário artístico nacional, por parte de jovens artistas e intelectuais que, além de quererem propagar seus ideais modernistas, sentiam-se, naquele momento, contagiados e motivados pelo clima das festas do Centenário da Independência, preparadas pelo governo de Epitácio Pessoa, que, em grande estilo, exaltaria o Brasil.

• Estes artistas e intelectuais sentiram que aquele seria o momento para suas ideias eclodirem num movimento de contestação, de derrubada de velhos cânones que legitimavam a criação artística em nosso país.

• Sentiram que era também o momento de atualizar a linguagem brasileira com a do mundo contemporâneo, atualizar nossa inteligência artística e estabelecer uma consciência criadora nacional e ainda garantir nosso direito permanente à pesquisa estética, sem influências externas.

• Com essa iniciativa, uma das mais importantes páginas da história da arte brasileira foi escrita no período de 11 a 18 de fevereiro de 1922. Foi preciso apenas uma semana para que acontecesse o grande marco do movimento modernista no Brasil, o qual não foi bem entendido em sua época: “A Semana de Arte Moderna de 1922”.

Cartaz da Semana de Arte Moderna, anunciando apresentação do maestro Villa-Lobos.

• A Semana de Arte Moderna aconteceu no Teatro Municipal, na cidade de São Paulo, e foi um evento artístico que, embora com curto período de duração, deixou marcas indeléveis e mudou os rumos da história da arte brasileira.

• Durante os sete dias da Semana, uma exposição modernista, também chamada de Manifesto, ocupou o Teatro e, na noite dos dias 13, 15 e 17, ocorreram festivais de música, poesia e palestras sobre os ideais modernos.

• Entretanto, não estavam ali apenas artistas e intelectuais ligados ao mundo das artes. Educadores, trabalhadores, empresários, políticos e várias outras pessoas representantes dos diversos segmentos da sociedade se faziam presentes. Foram ao Teatro Municipal com o propósito de participar das discussões sobre a identidade nacional, os rumos do Brasil e outras questões sociais, e, agora, ainda mais motivados pelo centenário da Independência, que se aproximava.

• Embora a verdadeira intenção dos artistas e organizadores da exposição fosse romper com as regras clássicas ensinadas nas escolas de Belas-Artes, para legitimar a hegemonia dos padrões europeus na arte, muitas outras questões de cunho político e social foram abordadas, como, por exemplo, denunciar a apatia das classes cultas e dominantes em relação à nossa estagnação cultural e em relação às desigualdades sociais, tema que, aliás, permanece atual até os dias de hoje.

• Os objetivos da Semana de Arte Moderna não foram atingidos de imediato, mas sua importância cresceu à medida que sua rejeição pelo passado permeava outros movimentos político-sociais que eclodiriam no país a partir de 1922, como: em julho desse mesmo ano, a sublevação do Forte de Copacabana e dois anos depois, em São Paulo, a Revolução de 1924, além da luta contra o paternalismo da I República. Também, nesses movimentos, muitos modernistas estavam envolvidos.

• Essas manifestações desembocariam na Revolução de 30, que marcaria o aparecimento de uma nova era para o Brasil. Todas estavam impregnadas dos ideais da Semana de 22, que antecipou, com sua ideologia, seu repúdio e a insatisfação que assumiria, anos depois, perante o tradicionalismo e o aristocratismo.

• No entanto, os eventos da semana não foram cercados apenas de aplausos. Houve muitas vaias e críticas, especialmente por parte dos adeptos do academicismo e daqueles que não entendiam as propostas apresentadas.

• Embora a literatura encabeçasse a lista dos descontentes com a ordem estética estabelecida, a pintura, a escultura, a arquitetura e a música também se faziam presentes, tentando alargar seus horizontes.

• Nas artes plásticas, três nomes se destacaram: Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Victor Brecheret.

• Na escultura, a grande presença foi Brecheret, com um conjunto de doze peças escultóricas. Brecheret, mais que seus colegas, foi alvo de exaltação por parte de Oswald de Andrade e de Menotti Del Pichia.

• As artes plásticas contribuíram em muito para que a Semana acontecesse com noções menos abstratas e puramente verbais e para que os problemas estéticos fossem tratados com uma compreensão mais direta e concreta para o espectador. Sem a contribuição direta das artes plásticas, o movimento modernista dificilmente teria o sucesso e a repercussão que teve na evolução intelectual e artística de nosso país.

• A São Paulo de 1922 nada ou quase nada tinha de moderno. De novo, na música, apenas a obra de Villa-Lobos, e na poesia, a Pauliceia Desvairada, de Mario de Andrade, além das obras apresentadas no saguão do Teatro Municipal, que estavam ainda muito distantes do que poderia ser chamado de “vanguarda”.

• O grupo que contestava o ranço do passado era vitorioso em sua tentativa de destruição. Embora não tivesse ainda uma proposta pronta e madura para substituir os padrões vigentes, plantou sementes que germinam até hoje.

• Seus frutos foram sendo colhidos, ao longo dos anos, e resultando numa grande irradiação cultural, que, podemos afirmar, beneficia-nos até os dias de hoje.

Alguns dos principais participantes da Semana de Arte Moderna de 1922:

• Na literatura:• Mário de Andrade• • Oswald de Andrade• • Menotti Del Pichia• • Na arquitetura:• Antonio Moya • • Georg Prsirembel•

• Na escultura:• Victorio (Victor) Brecheret • • Wilhelm Haerberg• • Na pintura: • Anita Malfatti• • Emiliano Di Cavalcanti• • John Graz• • Martins Ribeiro• Zina Aita• • J. F. de Almeida Prado• • Ferrignac• • Vicente Rego Monteiro.•

• Conheça agora algumas das principais obras dos participantes da Semana de 1922, já impregnadas dos traços do modernismo que emergia no Brasil.

Mural do artista plástico Di Calvalcanti, no Hotel Jaraguá, em São Paulo

Victor Brecheret. Monumento às Bandeiras, 1954. Conjunto escultórico situado no Parque do Ibirapuera. São Paulo - SP.

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