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JOÃO CABRAL DE JOÃO CABRAL DE MELO NETOMELO NETO

3ª Geração Modernista (1945) 3ª Geração Modernista (1945) Características Gerais do movimentoCaracterísticas Gerais do movimento:: Equilíbrio e seriedade;Equilíbrio e seriedade; Volta ao soneto, odes, decassílabos, redondilho Volta ao soneto, odes, decassílabos, redondilho

maior;maior; Símbolos, imagens, metáfora; Símbolos, imagens, metáfora; Prosa: sondagem psicológica, busca da Prosa: sondagem psicológica, busca da

literatura intimista, introspectiva, regionalista literatura intimista, introspectiva, regionalista (recria os costumes e a fala sertaneja), eterna (recria os costumes e a fala sertaneja), eterna luta entre o bem X mal, Deus X Diabo;luta entre o bem X mal, Deus X Diabo;

Poesia: opõe as inovações da 1º geração; nega Poesia: opõe as inovações da 1º geração; nega a liberdade formal, ironias, sátiras; poesias a liberdade formal, ironias, sátiras; poesias voltadas aos Parnasianos e Simbolistas;voltadas aos Parnasianos e Simbolistas;

3ª Geração Modernista3ª Geração Modernista

Principais autores: Clarice Lispector, João Principais autores: Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Ferreira Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Ferreira Gullar, Dalton Trevisan, Fernando Sabino, Mário Gullar, Dalton Trevisan, Fernando Sabino, Mário Quintana, Rubem Fonseca, Mauro Mota, Quintana, Rubem Fonseca, Mauro Mota, Ledo Ledo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geraldo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geraldo Vidigal, Domingos Carvalho da Silva, Geir de Vidigal, Domingos Carvalho da Silva, Geir de Campos e Darcy Damasceno. No fim dos anos Campos e Darcy Damasceno. No fim dos anos 40, surge um poeta singular, pois não está 40, surge um poeta singular, pois não está filiado esteticamente a nenhuma tendência: filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.João Cabral de Melo Neto.

João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto Nasceu no recife, Pernambuco, em 1920 e morreu em 1999;Nasceu no recife, Pernambuco, em 1920 e morreu em 1999; Desde cedo contagiou-se pela poesia, e não demorou muito Desde cedo contagiou-se pela poesia, e não demorou muito

para se manifestar, levando em consideração que é primo de para se manifestar, levando em consideração que é primo de Manuel Bandeira e Gilberto Freire;Manuel Bandeira e Gilberto Freire;

A infância vivida em contato com engenhos permitiu o contato A infância vivida em contato com engenhos permitiu o contato com a paisagem geográfica e humana do sertão nordestino;com a paisagem geográfica e humana do sertão nordestino;

Sua primeira esposa foi Sua primeira esposa foi Stella Maria Barbosa de Oliveira, Stella Maria Barbosa de Oliveira, com quem teve 5 filhos, e após a sua morte, casa-se com a com quem teve 5 filhos, e após a sua morte, casa-se com a poeta poeta Marly de OliveiraMarly de Oliveira ; ;

Morou no Recife, Rio de Janeiro, Londres, Barcelona, Morou no Recife, Rio de Janeiro, Londres, Barcelona, Genebra, etc.;Genebra, etc.;

Trabalhou como funcionário público, foi consul, embaixador, Trabalhou como funcionário público, foi consul, embaixador, redator de revista, etc.;redator de revista, etc.;

Nos seus últimos anos de vida, descobriu que Nos seus últimos anos de vida, descobriu que sofria de uma sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, assim, o poeta anunciou que ia desaparecer aos poucos, assim, o poeta anunciou que ia parar de escrever. parar de escrever.

João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto Características do poeta:Características do poeta: Poeta peculiar;Poeta peculiar; Para ele o sono predispõe a poesia, evoca o Para ele o sono predispõe a poesia, evoca o

sobrenatural e invisível;sobrenatural e invisível; Sua poesia é caracterizada pelo rigor estético (uso de Sua poesia é caracterizada pelo rigor estético (uso de

rimas toantes). rimas toantes). Poesia cerebral – não busca na emoção sua inspiração, Poesia cerebral – não busca na emoção sua inspiração,

mas sim na atmosfera poética, na construção elaborada mas sim na atmosfera poética, na construção elaborada e pensada da linguagem e do dizer da poesia. e pensada da linguagem e do dizer da poesia.

Poesias sem sentimento, desprovido de qualquer Poesias sem sentimento, desprovido de qualquer adorno;adorno;

1º ESTILO: poesia de construção, comunicação 1º ESTILO: poesia de construção, comunicação restrita, elaborada, difícil consumo. restrita, elaborada, difícil consumo.

2º ESTILO: poesia social / popular, compreensão 2º ESTILO: poesia social / popular, compreensão maismais imediata.imediata.

João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto

Bibliografia: Bibliografia: Pedra do SonoPedra do Sono ( (1942), ), Os Três Mal-Os Três Mal-AmadosAmados ( (1943), ), O EngenheiroO Engenheiro ( (1945), ), Psicologia Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e da Composição com a Fábula de Anfion e AntiodeAntiode ( (1947), ), O Cão sem PlumasO Cão sem Plumas ( (1950), ), O Rio O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (Sua Nascente à Cidade do Recife (1954)), , Dois Dois ParlamentosParlamentos (1960), (1960), QuadernaQuaderna (1960), (1960), A A Educação pela PedraEducação pela Pedra (1966), (1966), Morte e Vida Morte e Vida SeverinaSeverina (1966), (1966), Museu de TudoMuseu de Tudo (1975), (1975), A A Escola das FacasEscola das Facas (1980), (1980), Auto do FradeAuto do Frade (1984), (1984), AgrestesAgrestes (1985), (1985), Crime na Calle RelatorCrime na Calle Relator (1987), (1987), Primeiros PoemasPrimeiros Poemas (1990), (1990), Sevilha AndandoSevilha Andando (1990). (1990).

João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto- - Melhores Poemas Melhores Poemas

Melhores Poemas é uma coletânea que Melhores Poemas é uma coletânea que contém as melhores poesias de João contém as melhores poesias de João Cabral de Melo Neto, formulada por Cabral de Melo Neto, formulada por Antonio Carlos Secchin. A maioria dos Antonio Carlos Secchin. A maioria dos livros citados acima compõem esta obra, e livros citados acima compõem esta obra, e mais mais Paisagens com figurasPaisagens com figuras, , Uma faca Uma faca só Lâmina, Serialsó Lâmina, Serial..

João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto- - Melhores PoemasMelhores Poemas

Catar FeijãoCatar Feijão

Catar feijão se limita com escrevCatar feijão se limita com escreveer:r:joga-se os grãos na água do alguidjoga-se os grãos na água do alguidaarre as palavras na da folha de pape as palavras na da folha de papeel;l;e depois, joga-se fora o que boie depois, joga-se fora o que boiaar.r.Certo, toda palavra boiará no papCerto, toda palavra boiará no papeel,l,água congelada, por chumbo seu vágua congelada, por chumbo seu veerbrboo::pois para catar esse feijão, soprar nelpois para catar esse feijão, soprar nelee,,e jogar fora o leve e oco, palha e e jogar fora o leve e oco, palha e eeccoo..

Ora, nesse catar feijão entra um riscOra, nesse catar feijão entra um riscoo::o de que entre os grãos pesados entro de que entre os grãos pesados entreeum grão qualquer, pedra ou indigestum grão qualquer, pedra ou indigestoo,,um grão imastigável, de quebrar dentum grão imastigável, de quebrar dentee..Certo não, quando ao catar palavrCerto não, quando ao catar palavraas:s:a pedra dá à frase seu grão mais viva pedra dá à frase seu grão mais vivoo::obstrui a leitura fluviante, flutuobstrui a leitura fluviante, flutuaal,l,açula a atenção, isca-a com o riscaçula a atenção, isca-a com o riscoo. .


Rio sem DiscursoRio sem Discurso

Quando um Quando um riorio corta, corta-se de vez corta, corta-se de vez o o discurso-riodiscurso-rio de de águaágua que ele fazia; que ele fazia; cortado, a cortado, a águaágua se quebra em pedaços, se quebra em pedaços, em poços de em poços de águaágua, em , em águaágua paralítica. paralítica. Em situação de poço, a Em situação de poço, a águaágua equivale equivale a uma a uma palavrapalavra em situação dicionária: em situação dicionária: isolada, estanque no poço dela mesma, isolada, estanque no poço dela mesma, e porque assim estanque, estancada; e porque assim estanque, estancada; e mais: porque assim estancada, muda e mais: porque assim estancada, muda e muda porque com nenhuma comunica, e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse porque cortou-se a sintaxe desse riorio, , o fio de o fio de águaágua por que ele discorria. por que ele discorria.


O curso de um O curso de um riorio, seu , seu discurso-riodiscurso-rio, , chega raramente a se reatar de vez; chega raramente a se reatar de vez; um um riorio precisa de muito fio de precisa de muito fio de águaágua para refazer o fio antigo que o fez. para refazer o fio antigo que o fez. Salvo a grandiloqüência de uma cheia Salvo a grandiloqüência de uma cheia lhe impondo interina outra linguagem, lhe impondo interina outra linguagem, um um riorio precisa de muita precisa de muita águaágua em fios em fios para que todos os poços se enfrasem: para que todos os poços se enfrasem: se reatando, de um para outro poço, se reatando, de um para outro poço, em frases curtas, então frase e frase, em frases curtas, então frase e frase, até a até a sentença-riosentença-rio do do discursodiscurso único único em que se tem voz a em que se tem voz a secaseca ele combate. ele combate.


Tecendo a ManhãTecendo a Manhã

"Um "Um galogalo sozinho não sozinho não tece tece a manhã: a manhã: ele precisará sempre de outros ele precisará sempre de outros galosgalos. . De um que De um que apanheapanhe esse esse gritogrito que ele (dá) que ele (dá) e o e o lancelance a outro: de um outro a outro: de um outro galogalo que que apanheapanhe o o gritogrito que um que um galogalo antes (o deu) antes (o deu) e o e o lancelance a outro; e de outros a outro; e de outros galosgalos que com muitos outros que com muitos outros galosgalos se cruzam se cruzam os fios de sol de seus os fios de sol de seus gritosgritos de de galo galo para que a manhã, desde uma para que a manhã, desde uma ttela ela ttênue, ênue, se vá se vá ttecendoecendo, en, enttre re ttodos os odos os galosgalos. .

E se encorpando em E se encorpando em ttela, enela, enttre re ttodos, odos, se erguendo se erguendo ttenda, onde enenda, onde enttrem rem ttodos, odos, se ense enttrerettendo para endo para ttodos, no odos, no ttoldo oldo (a manhã) que plana livre de armação. (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, A manhã, ttoldo de um oldo de um ttecidoecido ttão aéreo ão aéreo que, que, ttecidoecido, se eleva por si: luz balão"., se eleva por si: luz balão".


MORTE E VIDA SEVERINA:MORTE E VIDA SEVERINA:

ASSISTE AO ENTERRO DE UM ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO LEVARAM AO CEMITÉRIO —— —— Essa cova em que estás, Essa cova em que estás, com palmos medida, com palmos medida, é a cota menor é a cota menor que tiraste em vida. que tiraste em vida. —— —— é de bom tamanho, é de bom tamanho, nem largo nem fundo, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe é a parte que te cabe neste latifúndio. neste latifúndio. —— —— Não é cova grande. Não é cova grande. é cova medida, é cova medida, é a terra que querias é a terra que querias ver dividida. ver dividida.


—— —— é uma cova grande é uma cova grande para teu defunto parco, para teu defunto parco, porém mais que no mundo porém mais que no mundo te sentirás largo. te sentirás largo. —— —— é uma cova grande é uma cova grande para tua carne pouca, para tua carne pouca, mas a terra dada mas a terra dada não se abre a boca. não se abre a boca. (...)(...)—— —— Será de terra Será de terra tua derradeira camisa: tua derradeira camisa: te veste, como nunca em vida.te veste, como nunca em vida.—— —— é uma cova grande é uma cova grande para teu pouco defunto, para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho mas estarás mais ancho que estavas no mundo. que estavas no mundo.


—— —— Será de terra Será de terra e tua melhor camisa: e tua melhor camisa: te veste e ninguém cobiça. te veste e ninguém cobiça. —— —— Terás de terra Terás de terra completo agora o teu fato: completo agora o teu fato: e pela primeira vez, sapato. e pela primeira vez, sapato. —— —— Como és homem, Como és homem, a terra te dará chapéu: a terra te dará chapéu: fosses mulher, xale ou véu. fosses mulher, xale ou véu. —— —— Tua roupa melhorTua roupa melhorserá de terra e não de fazenda: será de terra e não de fazenda: não se rasga nem se remenda. não se rasga nem se remenda. —— —— Tua roupa melhor Tua roupa melhor e te ficará bem cingida: e te ficará bem cingida: como roupa feita à medida. como roupa feita à medida.

ExercícioExercícioI. “O meu nome é Severino,I. “O meu nome é Severino,não tenho outro de pia. não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, Como há muitos Severinos, que é santo de romaria,que é santo de romaria,deram então de me chamarderam então de me chamarSeverino de Maria;Severino de Maria;como há muitos Severinos como há muitos Severinos com mães chamadas Maria,com mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Mariafiquei sendo o da Mariado finado Zacarias”.do finado Zacarias”.

II. “- Agora se me permiteII. “- Agora se me permiteMinha vez de perguntar:Minha vez de perguntar:Como a senhora, comadre,Como a senhora, comadre,Pode manter o seu lar?Pode manter o seu lar?- vou explicar-lhe rapidamente,- vou explicar-lhe rapidamente,Logo compreenderá:Logo compreenderá:Como aqui a morte é tanta,Como aqui a morte é tanta,Vivo de a morte ajudar.”Vivo de a morte ajudar.”

ExercícioExercício

1) Os excertos acima foram retirados de Morte e Vida 1) Os excertos acima foram retirados de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Assinale o que Severina, de João Cabral de Melo Neto. Assinale o que for correto com relação aos excertos e ao poema. for correto com relação aos excertos e ao poema.

0101) O excerto I demonstra que o poeta empresta sua voz ) O excerto I demonstra que o poeta empresta sua voz ao retirante Severino, o qual representa o retirante ao retirante Severino, o qual representa o retirante nordestino e narra sua retirada até o Recife. Os excertos nordestino e narra sua retirada até o Recife. Os excertos I e II ilustram a composição do poema que é permeada I e II ilustram a composição do poema que é permeada de monólogos e diálogos. de monólogos e diálogos.

0202) No excerto II a comadre diz que vive de ajudar a morte ) No excerto II a comadre diz que vive de ajudar a morte e no poema sabemos que a miséria da região é tanta e no poema sabemos que a miséria da região é tanta que o único ofício rentável é aquele que tem ligação que o único ofício rentável é aquele que tem ligação com a morte. com a morte.

ExercícioExercício

0404) O poema tem como subtítulo ) O poema tem como subtítulo auto de natal pernambucanoauto de natal pernambucano e por e por isso, apesar de a morte ser a figura constante no poema, no final há isso, apesar de a morte ser a figura constante no poema, no final há a confirmação da vida.a confirmação da vida.

0808) O substantivo Severino, que serve para nomear o retirante, é ) O substantivo Severino, que serve para nomear o retirante, é transformado em um adjetivo que qualifica a palavra vida e que transformado em um adjetivo que qualifica a palavra vida e que reforça a idéia de miséria do retirante a quem só resta a vida reforça a idéia de miséria do retirante a quem só resta a vida severina, que é franzina e que é mais defendida do que vivida.severina, que é franzina e que é mais defendida do que vivida.

16) O poema critica a realidade social nordestina através do retirante e 16) O poema critica a realidade social nordestina através do retirante e coloca como fator da miséria a divisão de terras centrada no coloca como fator da miséria a divisão de terras centrada no latifúndio. Isto fica claro no momento em que há o funeral de um latifúndio. Isto fica claro no momento em que há o funeral de um trabalhador de eito e nas palavras: é a parte que te cabe / deste trabalhador de eito e nas palavras: é a parte que te cabe / deste latifúndio, e a terra que querias / ver dividida.latifúndio, e a terra que querias / ver dividida.

3232) Na previsão que as ciganas fazem do futuro do menino fica ) Na previsão que as ciganas fazem do futuro do menino fica patente que a este só resta seguir o caminho dos pais: viver nas patente que a este só resta seguir o caminho dos pais: viver nas bordas lamacentas do rio.bordas lamacentas do rio.

Gabarito: 47.Gabarito: 47.

BOM VESTIBULAR ALUNOS!!BOM VESTIBULAR ALUNOS!!http://www.releituras.com/joaocabral_bio.asphttp://www.releituras.com/joaocabral_bio.asp

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