meu corpo minha casa

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Copyright © Rupi Kaur, 2020Copyright © Editora Planeta do Brasil, 2020Todos os direitos reservados.Título original: Home Body

Preparação: Thais RimkusRevisão: Renata Lopes Del NeroDiagramação: Marcela BadolattoCapa: Rupi KaurAdaptação para eBook: Hondana

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Kaur, RupiMeu corpo minha casa [livro eletrônico] / Rupi Kaur. -- São Paulo :

Planeta, 2020.208 p.

ISBN 978-65-5535-208-5 (e-book)

1. Poesia I. Título II. Guadalupe, Ana

20-3662 CDD C811

Índice para catálogo sistemático:1. Poesia

Este livro foi composto em Times New Roman e impresso pelaGráfica Santa Marta para a Editora Planeta do Brasil em outubrode 2020.

2020Todos os direitos desta edição reservados àEditora Planeta do Brasil Ltda.Rua Bela Cintra, 986 – 4o andar – Consolação01415-002 – São Paulo-SPwww.planetadelivros.com.brfaleconosco@editoraplaneta.com.br

depois de tanto tempo separadosminha mente e meu corpo enfim

voltam a se encontrar

- meu corpo minha casa

sumário

mente

coração

repouso

despertar

mente

nunca estive num lugar tão sombrio quanto este

talvez eu tenha saído assim do úteroserá que é possível ter nascidocom um espírito tão melancólicotalvez ele tenha me recebido no aeroportose enfiado no meu passaportee ficado comigomuito depois de termos pousadonum país em que éramos indesejadostalvez estivesse no rosto do meu paiquando ele nos encontrou na esteira de bagageme eu não fazia ideia de quem ele eratalvez o estuprador tenha esquecido quando foi emboraou será que foi o criminoso que eu chamava denamoradotalvez ele tenha me dado como se fosse um socotalvez eu tenha conhecidoa pessoa certa e a perdidotalvez tenha sido o presente de despedidado amor da minha vidaou talveztenha sido tudo isso de uma vez

- de onde veio a depressão

por que deixo meu pensamentome embrulhar o estômagoeu sou tão sensível

minha mente se perde pelos lugares mais sombriose sempre volta cheia de argumentospara provar que eu não sou o suficiente

por meio do sexo as pessoassaem de si mesmas e se misturam às outrase depois se separam satisfeitasuma expressão tão mundana e bonitamas eupor meio do sexo vi minha infânciaassassinadaele diziaque era hora de brincarmas sempre trancava a portasempre ditava as regrasquando eu pedia para ele pararele dizia que eu gostavamas eu não sabia nadasobre orgasmos involuntáriose agênciae consentimentoaos 7. 8. 9. 10 anos.

eu vou ficar quieta na horaem que dissermos abuso sexuale os outros pararemde gritar mentirosa

a depressão é silenciosaela chega quando você menos escutae de repente se tornaa voz que fala mais alto na sua cabeça

minha mentemeu corpoe eumoramos no mesmo lugarmas às vezes pareceque somos três pessoas diferentes

- desconexão

enquanto todo mundolevava a vida ao vivo e em coresa depressão congelou minha imagem

nada dura para sempredeixe que seja esse seu motivo para ficarnem mesmo essa imensa tristeza doloridavai durar

- esperança

eu nunca tinha visto nada que anunciasseum estrondo tão silencioso quanto a ansiedade

se você aceitasseque a perfeição é inatingívelde que insegurança você abriria mão

você está solitáriamas não está sozinha

- é diferente

parece que eu estou vendo minha vida aconteceratravés de uma tela de TV com chuvisco. eu mesinto tão distante deste mundo. quase estrangeiraneste corpo. como se tivessem esvaziado todasas lembranças felizes do interior da minha mente.fecho os olhos e já não me lembro mais de comoé ficar feliz. o peso no peito vai parar dentro dabarriga porque sei que preciso levantar de manhãe fingir que não voltei a desaparecer pouco a pouco.eu quero esticar o braço e encostar nas coisas.quero sentir quando as coisas encostam em mim.eu quero viver. eu quero de volta minhavontade de viver.

não é só nas relações românticasque o abuso aconteceo abuso também pode morarna amizade

desci do palcono fim do eventorezando para aquela tristeza profundaparar de me comer vivaeu estava doentemas fingia que não estavaao menos trabalhar me motivavavoltar no fim do diapara um apartamento vazio era piorsem trabalho eu não tinha nada a almejareu passava meses entregue à depressãoquase desmaiada de mágoaolhos abertospensamento perdido em outra dimensãoescreva o livro me diziamvolte ao seu caminhopor que tanta demora

- vazia

eu quero vivereu só tenho medo denão corresponder às expectativasque as pessoas têm a meu respeitoeu tenho medo de envelhecerpavor de nunca mais escreveralgo que valha a penade decepcionar as pessoasque esperam o melhor de mimde nunca aprender a ser felizde um dia voltar a ficar sem dinheirode os meus pais morrereme eu ficar sozinha no fim

ser vítima de abuso na infância foi a experiência maisconfusa da minha vida. aprender o que era sexo semter nenhuma referência ferrou com a minha cabeça deformas que eu mal consigo entender. ter um orgasmotão cedo. ter a vida colocada em risco. ser aberta àforça. ferida. levar mordidas. cuspidas. virar mulheraos quatro anos de idade. conhecer o medo de perto.sentir o medo fungar no pescoço. ficar anestesiada.imóvel. inerte. de repente ter em mim toda avergonha do mundo.

o instinto de sobrevivênciasurgiu em mim como um incêndio

eu quero me partirme quebrarser moldada à forçaeu quero abrir onde sou fechadaencontrar a porta secretame deixar sair de mimeu quero alguma coisaque me segure pelo pescoçome abra ao meioquero me sentir viva de novo

- não quero mais viver anestesiada

decidi confiar na incertezae acreditar que vouchegar a um lugarcerto e bom

não há nada de errado com vocêisso é crescimentoisso é transformaçãodecidir se protegerse perder na multidãotentar se resolversentir que alguém te usoue não teve consideraçãoperder a esperançaficar sem energiaisso é medoisso é reflexãoisso é sobrevivênciaisso faz parte da vida

- jornada

você põe tudo a perderquando não ama primeiro você

- e ganha tudo quando se ama

eu não sou minhas fases ruinseu não sou o que me aconteceu

- lembrete

já não tenho nenhuma lembrançade alguns anos que viviminha terapeuta fala que a mente apaga o traumapara nos ajudar a seguir em frentemas todas as experiências que tiveestão memorizadas em minha pelemesmo quando a mente esquecemeu corpo lembrameu corpo é o mapa de minha vidameu corpo veste tudo o que viveumeu corpo aciona o alarmequando sente o perigo chegare de súbitoos demoniozinhos do passadosaem do meu corpo num saltoe gritamnão se esqueça da gentenunca mais pense em tentardeixar a gente pra trás

ou eu romantizo o passadoou perco tempo me preocupando com o futuronão é à toaque eu não me sinto vivaeu não estou vivendono único momento que existe

- presente

ter ansiedade é como estar penduradano topo de um prédioe saber que minha mão está prestesa escorregar

como eu sou capazde ser tão cruel comigomesmo sabendo que faço o melhor que posso

- seja gentil

1)

2)

3)4)5)6)7)8)9)

10)11)

uma lista de coisas que vão te acalmar os ânimos:

chore. ande. escreva. grite. dance atébotar esse sentimento pra fora.se depois de tudo issovocê ainda sentirque está perdendo o controlepare pra pensar se vale a pena chegar ao fundo do poçoa resposta é nãoa resposta é respiretome um chá e espere até se acalmarvocê é a heroina de sua vidaesse sentimento não tem poder sobre vocêo universo te preparou para lidar com issomesmo que a escuridão se alastrea luz sempre chegavocê é a luzlevante-se e volte para o lugar onde mora o amor

eu não estou perdidapor causa da depressãoeu não sou uma versão piorada de mim mesmapor causa da ansiedadeeu sou uma pessoa inteiracompletae complexa

- plena

é me amando que vou sair da escuridão

eu continuo respirando olha sóisso só pode ser sinal de queo universo está do meu ladose eu já cheguei até aquieu posso ir até o fim

imagine só o que conquistaríamos senão tivéssemos que nos esforçar tantopara nos proteger desseproblema social chamado estupro

passei a maior parte da vidaencostada em vocêpele com pelenossas noites compartilhadase às vezes nossos diasvocê me dava apoio quando meus membros fraquejavamquando eu estava tão doente que não conseguia me mexervocê nunca se cansou do meu pesovocê não reclamou nem uma vezvocê testemunhou meus sonhosmeu sexominha escritaminhas lágrimastodos os momentos de vulnerabilidade da minha vidaaconteceram com vocêentre uma e outra gargalhadae quando errei em confiar na pessoa erradafoi em cima de você que eu fiz amordesaparecia por diassó para voltar com as mãos vaziasvocê sempre me aceitava de voltaquando o sono me abandonavaficávamos deitadas juntasvocê é o melhor abraço da minha vidameu confessionário

meu altareu deixei de ser menina e virei mulher em cima de vocêe no fimserá você – velha amigaque me entregará tranquila à morte

- não há lugar mais íntimo que uma cama

você não a perdeua felicidade estava aqui desde sempre

- você só a perdeu de vista

as experiências a que sobrevivemosvivem dentro de nós

eu não sou vítima da minha vidaas experiências a que sobrevivirevelaram a guerreira que existe em mime ser assim é a minha maior honra

pelo amor da minha vidatenho feito de tudo para ser otimistacontinuo cumprimentando cada manhãcom um eu vou conseguirquando parece que não voueu voueu voueu vouchegar ao dia que vai me desfazereu vou andar e a tristeza vaiescorrer pelas minhas costase abrir espaço para a alegriaeu vou ficar toda coloridaeu vou voltar a tocar o céu

eu quero uma passeataeu quero músicaeu quero confeteeu quero uma fanfarrapara quem sobrevive em silêncioeu quero que aplaudam de pécada pessoa queacorda e procura o solquando há uma sombraque a puxa de volta para dentro

a angústia é a passagem que leva à alegria

cansei de ficar decepcionadacom a casa que me mantém vivaestou exausta de tanto gastar energiaodiando a mim mesma

- chega de ódio

coração

às vezeseu te amo quer dizereu quero te amar

às vezeseu te amo quer dizervou ficar um pouco mais

às vezeseu te amo quer dizernão sei ir embora

às vezeseu te amo quer dizernão tenho aonde ir

acho difícil separaras relações abusivasdas saudáveisnão sei qual é a diferençaentre amor e violência

- parece tudo a mesma coisa

primeiro tentei transformá-lo na pessoa certadepois demorei três anos para aceitarque não é assim que o amor funciona

homens como ele são especialistasem reconhecer uma menina como eu pelo cheiroaquela que é invisívelque acha que é feiaporque o pai não a amavaele disse meu nomee eu nunca tinha ouvido meu nomesair rodopiando da boca de um homemé só dar um pouquinho de atençãopara quem nunca teve nadaque a pessoa fica toda derretidae agradecidaincapaz de esconder a alegriade ser desejadao alívio de ser descobertaele me aliciou e me convenceude que eu não era capaz de viver sem eleé assim que homens como elecapturam meninas como eu

- predador

não me pergunte por que não fui emboraele reduziu meu mundo a nadae eu não via a saída

- ter ido embora já me surpreende

se alguém não tem coraçãonão adianta você sair por aíoferecendo o seu

sempre que eu te levava ao paraísoera um avisocada passeio que a gente faziapelo jardim da minha vidatoda flor que se abria para vocêcada pavão que cantava o seu nomeera um sinalmasdepois de presenciar a minha magiavocê perdeu a cabeça e não achou maisresolveu dar um pouco de si para a cidade inteirapensou que depois da sorte de sentir o meu gostovocê merecia coisa melhormas nada se comparavaagora você voltouse derramando pelo chão da minha casame implorandopara te enlaçar com as pernaste puxar com as coxaste levar aos céus com a minha bucetaeu te ofereci a maior viagem da sua vidaeu te deixei delirandosempre que eu te mostrava o paraísocada passeio que a gente fazia pelo jardim da minha vidatoda flor que se abria para você

cada pavão que cantava o seu nomeanunciava tudo o que você iria perderse me traísse

- consequências

se você for esperar que os outroste façam acreditar que você é o bastantevocê vai ficar esperando

vou emboraporque não estou feliz aquinão quero chegar ao fim da vidaainda tendo dúvidas a respeitodo homem com quem estoudesde os vinte e poucos

por que tudopassa a ser menos bonitoquando se torna nosso

precisei viver uma relação saudávelpara descobrir que não devo ter medoda pessoa que eu amo

eu choravaporque não encontravaum homem bom pra minha vidaagora eu encontrei eele não é suficienteos outros sempreestavam de saída

- por isso eram tão interessantes

por que eu pisoem quem quer me ver beme venero quem me diminui

- como foi que fiquei assim

eu não sei o que fazer com um homemque quer me dar a mãopelo resto da vida

tenho medo de nunca encontrar a pessoa que me vejae venha correndo me receber em um só fôlegotenho receio de parecer apressadame assusta pensar em ser trocadapor uma mulher mais inteligentedona de uma beleza mais impressionantetenho pavor de que isso confirme o que eu sempre soubeque não sou o suficiente para que alguém queira ficarcadê o match que vai fazer tudo mudare se eu já tiver cruzado com a pessoa certanuma esquina qualquere se eu já tiver estado com a pessoa certae estragado tudoquem vai me amar o suficientepara perder tempo se aproximandode alguém tão inconstantee se a pessoa que eu querofor alguém que me toca e vai emborae se a pessoa que não vai emborafor aquela cujo toque eu não suportoserá que sempre vai ser a hora erradaserá que eu vou ter certezaserá que eu vou me decidirserá que eu vou ficar sozinha para o resto da vida

a pessoa com quem você se relacionadeve tornar sua vida mais ricanão sugar sua energiaficar quando dói não é amor

gosto demais da minha vidapara ficar toda derretidapelo próximo homemque me deixar com frio na barrigaquando eu posso me olhar no espelhoe me tirar o fôlego

o amor da famíliados amigos e da comunidadetem tanta potênciaquanto o amorde uma relação romântica

nada pode substituiro que as mulheres da minha vidame fazem sentir

uma pessoa sónão podete preencherde todas as formasque você precisaa pessoa com quem você se relacionanão pode ser tudo o que você tem

eu vivo bem sem amor românticomas não sobrevivosem as mulheres que escolhi como amigaselas sabem exatamente do que eu precisoantes mesmo que eu saibao apoio que oferecemosumas às outras é ímpar

não há nada que um homem possa fazer por mimque eu não possa fazer por mim mesma

- coisas que eu queria dizer à minha versão mais jovem

masturbaçãoé meditação

em um mundo que pensaque meu corpo não me pertencedar prazer a mim mesma é um atode amor-próprioquando me sinto desconectadaeu me conecto com meu cerneum toque por vezeu retorno a mim mesmana hora do orgasmo

eu não vou fingirque sou menos inteligentepara que um homem fiquemais à vontade ao meu ladoa pessoa que eu mereçovai ver o meu talentoe vai enaltecê-lo

eu quero que você apaguetudo o que aprendeu sobre o amore comece com uma só palavragentilezaofereça à outra pessoadeixe que ela ofereça a vocêsejam duas colunasiguais em seu amore assim vão carregar impérios nas costas

eu ponho a sua cabeça cansadano meio das minhas pernas santase com a língua ele nadarumo à salvação

- batismo

eu quero alguémque veja minha inteligência como inspiraçãoe não como ameaça

me olhe no olhoquando estiver lá embaixose alimentando de mim com toda a vontade do mundo

- quero ver o que você faz comigo

eu escolho com cuidadoas pessoas com quem perco tempo

- eu me valorizo

eu te quero tanto que o meu corpo já derreteue quando enfim tiramos a roupa eu transbordoeu quero um amor que seja capazde transcender o meu eue me levar a outra dimensãoeu quero você tão fundoque chegamos ao plano espiritualno começo de leve e depois nem tantoeu quero olho no olhopernas abertas que apontampara lados opostos do quartome olha com os dedoseu quero sentir a ponta da minha almaencostando na suaeu quero chegar aoutro lugar e que saiamos desse quartotransformados

- será que você consegue

repouso

dentro de mim existem anosque não dormiram

deixo que a produtividadeseja a medida da minha autoestimamas mesmo queeu me esforce ao máximocontinuo sentindo que não sou o bastante

- produtividade e culpa

tenho medo de queminha melhor fase já tenha passadoe que nada faça diferença daqui em diante

eu me cobro demaisacho que todo mundo se esforça mais que eue que vou acabar ficando para trásporque não trabalho tão rápidonem com tanta disposiçãoe que é tudo em vão

eu não tomo café da manhã com calmaeu vou comendo no caminhoeu ligo para a minha mãe quando dá tempo – se nãoqualquer conversa me atrasa

deixo para depois todas as coisasque não me ajudem a realizar meus sonhoscomo se o que deixo para depoisnão fossem os próprios sonhos

afinal o sonho é ou não éter uma mãe com quem conversare uma mesa para o café da manhã

eu me perco numa paranoiade otimizar todas as horas do diapara ser uma pessoa mais preparadapara dar um jeito de ganhar dinheiropara de alguma forma subir na carreiraporque esse é o preçodo sucessonão é mesmo

eu desenterro minha vidaponho numa embalagemvendo para o mundoe quando pedem maiseu me vejo revirando ossospara tentar escrever poesia

o capitalismo me invadiu a cabeçae me fez pensar que meu único valoré o que consigo produzirpara o público consumiro capitalismo me invadiu a cabeçae me fez pensar

que eu só valhose tiver trabalho

foi assim que aprendi a ficar impacientefoi assim que aprendi a duvidar de mimaprendi a plantar sementese esperar flores no dia seguinte

mas o que é mágiconão funciona assima magia não aconteceporque aprendi afazer o trabalho render maisa magia é regidapelas leis da naturezae a natureza tem outro tempoa magia acontecequando nós brincamosquando nós fugimose sonhamos acordadosé aí que todas as coisasque têm o poder de nos preencherestão de joelhos à nossa espera

- ansiedade de produtividade

cada um pode trabalharno seu ritmoe ser bem-sucedidomesmo assim

quando eu era pequenameu pai trabalhava seis dias por semanacruzando o continentenum caminhão

ele voltava para casadepois de uma semana na estradaenquanto eu e meus irmãos estávamos dormindoo barulho da porta sempre me acordavanosso apartamento no subsolo era pequenoeu ouvia minha mãe na cozinhafazendo dal e roti fresquinhos

meu pai comiatomava banhoia para a camamas logo que ele pregava os olhoso chefe ligava e dizia

volta pra estrada agorae de repentevíamos de relance nosso pai indo embora

quando você é imigrantevocê abaixa a cabeça e continua o trabalhoquando você é refugiadoe não tem documentosquando te chamam de clandestinomarginalterroristaessa gente de turbantevocê trabalha até ficar pele e ossovocê só pode confiar em si mesmo

toda vez que entrava numa empresa novaele passava meses trabalhando de graçadurante o período obrigatório de “treinamento”é curioso que quisessem treinar um homemque tinha habilitaçãoqualificaçãoe experiência

depois de três mesessem levar um tostão para casameu pai exigia alguma remuneração

e eles ofereciamcinco cents por quilômetro percorrido

anos atrás enquanto transportava uma cargade montreal para a flóridaele foi parar no hospital

em algum lugar nos estados unidoscom o apêndicequase estourando

quando a médica disseque teriam que fazer a cirurgia de imediatoele olhou para ela e faloueu não tenho como pagarserá que dá pra esperar eu voltar pro canadá

quando você volta a médica perguntoudaqui a três dias ele respondeue ela olhou para ele como seele tivesse enlouquecido

por sorteela não era o tipo de pessoaque o deixaria arriscar a própria vidanaquela noite ela fez a cirurgia sem cobrar nadae adivinha o que meu pai fezlogo depois de fecharem o corteele saiu andando do hospitalsubiu na carretaterminou a entregae dirigiu três dias para voltar para casa

por que você se sujeitou a isso tudo eu perguntoele encolhe os ombros e me dizmeu chefe não quis me pagar a passagem de aviãoonde é que eu ia deixar meu caminhão

eu não podia voltar com a cargade peças de carro que não tinham sido entreguese correr o risco de perder o emprego

enquanto ouviaeu só conseguia pensarque ninguém devia ser obrigado a se matarde trabalharparte meu coração ouviras histórias das pessoas que dão tudo de sipor muito menos do que merecemcomo é que nós dormimos à noitesabendo que os sistemas que apoiamostratam os alicerces da sociedadecomo cidadãos de classe inferiorquando é graças a essas pessoasque as engrenagens deste mundo continuam girando

eu quero dar ao meu paiuma vida inteira de pazpela vida inteira que ele passouna estrada para nos dar de comereu quero que ele saibao que é confortoeu quero que ele vejaque o que ele fez bastou

- uma vida na estrada

quando os colegas da escola perguntavamonde minha mãe trabalhavaeu mentia e dizia na fábricaque nem todas as outras mãeseu tinha vergonha de dizerque ela não tinha um “emprego de verdade”ainda que ser mãe e dona de casa significasseque ela passava o dia todo sendo cuidadoramotoristachef de cozinhasecretáriaprofessorafaxineiramelhor amigade quatro filhose que o que era “emprego de verdade” aos olhos do mundonão chegava aos pés do que ela fazia- valor

nosso objetivo era sobreviver por mais um diae continuou sendo depois que já tínhamos sobrevivido

- costume

não consigo romperesse ciclo contínuoem que me afasto para construir minha vidae depois volto correndoporque sinto culpapor não passar mais tempo com eles

- culpa

eu pensava que meu corpo pardo de imigrantesempre tivesse que se esforçar maisque qualquer outra pessoa ao redorporque era isso que mostrava meu valor

aqueles que vieram antes de nós não são descartáveis

o solo abriu bem os braçose disse levante os pésa árvore disse vou te dar vidao ar disse me respirea terra dissecuide do que cuida de vocêe nós lhes demos as costas

- traição

nós destruímosnosso único larpor conveniência e lucromas nada disso será útilquando a terraficar sem ar

somos quem grita mais alto no parquinho da terramas isso não nos torna mais importantesque o chão em que pisamosnão somos nada além de are fogo e água e solosomos um povoque se esquece do que é feitoum povo que fala do tempocomo se fosse algo comum e não mágicocomo se os oceanosnão fossem água bentacomo se o céunão fosse uma visãocomo se os animaisnão fossem nossos irmãoscomo se a natureza não fosse deuse a chuva não fosse suas lágrimase como se nós não fôssemos seus filhose como se deus não fosse a própria terra

eu tentei me adaptar a um sistemaque me esvaziava

- capitalismo

eu pensei que fosse capazde encontrar um jeitosó meu de ser felizmas nada que existia do lado de forame preenchia da formacomo tinham prometido

a felicidade deixou de ser novidadeesperando minha chegadae eu envelheciprocurando a felicidadenos lugares onde ela não morava

nossa almanão vai encontrar calmanas nossas conquistasna nossa aparêncianem no trabalho árduomesmo se ganhássemostodo o dinheiro do mundoainda sentiríamos falta de algonossa alma busca comunidadenosso eu mais profundo busca um ao outroprecisamos viver em contatopara nos sentirmos vivos

eu fico tão distraídapensando no lugar aonde quero chegarque esqueço que o lugar onde estoujá é muito especial

sinto saudade da época em que amigos e amigassabiam dos detalhes mais banais da minha vidae eu sabia dos detalhes mais triviais da vida delesa vida adulta me privou dessa certezadesse eu e vocêsdas voltas no quarteirãodas longas conversas em queperdíamos a noção da horaquando a gente ganhava e comemoravaquando a gente perdia e comemorava mais aindaquando éramos tão jovensagora temos os nossos empregos muito importantesque ocupam as nossas agendas lotadasabrimos o calendário só para marcar um caféque um de nós sempre acaba cancelandoporque chegar à vida adulta é passar a maior parte do temposem conseguir sair de casa de tanto cansaçoeu sinto saudade de saber que pertençoa um grupo que é maior que eu mesmaesse pertencimento tornava a vida mais fácil

- saudade dos amigos

nós já temos as coisas que nos completamsó que elas não são coisaselas são pessoase conexão e riso

- insubstituíveis

talvez você já tenha feitoo trabalho externomas sua mente está precisandode atenção que vem de dentro

- ouça

não quero mais saberde nenhuma autoajuda pagacansei de comprar produtos e serviçosque não me ajudam em nada

- falsas promessas

a perfeição não me importaeu prefiro me jogar de cabeçana loucura que é a vida

pensamos que estamos perdidosenquanto nossas versõesmais plenas e completasestão em algum lugar do futuroficamos de quatropensando que buscar a perfeiçãovai nos ajudar a alcançá-lasmas esse papo de se encontraré uma merda que não acaba nuncajá cansei de deixar para aproveitar a vidaquando eu me conhecer melhoreu viro uma pessoa nova todo mêssempre me tornando e deixando de sersó para voltar a sernossas versões mais plenas não estão no futuroestão aqui mesmono único momento que existeeu não preciso de consertoeu vou procurar respostas para o resto da vidanão porque eu vim com defeitomas porque tenho a sabedoria de continuar crescendotudo o que eu preciso para levar uma vida intensajá existe aqui dentro

- eu sou completa justamente por ser imperfeita

produtividade não é a quantidadede trabalho que eu faço num diae sim como eu equilibroaquilo de que preciso para viver com saúde

- ser produtivo é saber a hora de descansar

eu preciso respeitar minha mente e meu corpose quiser chegar ao fim da jornada

- vida

não cabe a ninguém decidir quanto você valevocê acorda todos os dias e leva sua vidao que você acha de si é a única opiniãoque importa

minha querida poetaparece que quanto mais você escrevemais você se perguntase é você quem escreve essas palavrasquem disse que é você quem mandaas palavras fluíamda primeira vezbrotavam à sua reveliae agora você tentafazer com que te obedeçammas não é assim que acontece a magiaa sua pressa asfixiaas obras-primasque crescem aí dentroa sua tarefaé estar presenteser paciente e quando chegar a horao universo vai falar de novo através de você

- inspiração

se você tentoue não chegouao lugar que querianão deixa de ser crescimento

calma eu pedi pra minha cabeçaessa sua mania de pensar demaisenche a gente de tristeza

nem tudo que você faztem que melhorar cada vez maisvocê não é uma máquinavocê é um ser humanosem descansoseu trabalho não se satisfazsem diversãosua mente não se sustenta

- equilíbrio

na hora de brincar nós fugimos do tempo

se quer ser criativovocê precisa aprendera fazer coisas que não têm motivoa arte não nascedo trabalho sem intervaloantes de tudo vocêtem que sair lá fora e viver

- logo a arte vem

dê licença para você passardê licença para você passardê licença para você passar

cansei de viver tentandoprovar para mimque eu tenho valor

eu me tornei confiantequando decidi que me divertirera muito mais importanteque meu medo de passar vergonha

- dançando em público

a gente fez de tudopara chegar até aquie agora pode se dar ao luxode admirar a paisagem

despertar

estou despertandoda noite mais longa da minha vidanão vejo o sol há anos

- desperto

ninguém pode silenciar uma mulher que nasceuamordaçada

eu saí do meio das pernas da minha mãecaí direto nas mãos deste mundoe a própria deusa me movia por dentro

- nascimento

eu dei meu sangue para estar aqui. eu paguei comuma infância marcada por monstros piores que você.neste mundo me calaram com um tapa mais vezes do queme deram um abraço. você nunca viu o que eu vi. meufundo do poço era tão fundo que eu pensei que láera o inferno. passei uma década tentando sair. fiqueicom bolhas nas mãos. meus pés incharam. minhamente dizia eu não aguento mais. eu falava para eladá um jeito. a gente veio pra ser feliz. e vamos sentirtudo o que temos direito. eu fui caçada. assassinada.e voltei para a terra. eu arranquei a cabeça de todafera que ousou me enfrentar. e você quer roubaro meu lugar. o lugar que eu conquistei com a história daminha vida. meu bem. não vai rolar. eu colecionofigurinhas do seu tipo. com idiotas feito você eufaço piada. eu já brinquei e já dormi e já dancei comdemônios mais poderosos do que você.

quando você não conseguir se ouvirdesacelere edeixe sua mente e seu corpobotarem as novidades em dia

- quietude

que alíviodescobrir queas dores que penseiserem só minhastambém eramde tanta gente

meu corpo se renova em ondas de mar e sangue

tenho um relacionamento complicadocom o país onde nascinossos homens erammassacrados pelas ruasestupravam nossas mulheresenquanto torturavam milharese a polícia sumia com outroso governo indiano nega tudomas nem bollywood nem toda a ioga do mundonos farão esquecero genocídio sikh que foi encomendado

- jamais esqueceremos 1984

eu nunca vou deixar de falarsobre o que meu povoprecisou enfrentarpara que eu vivesse livre

foi por nossas doresque comecei a escrever poesiacada palavraque escrevi na vidafoi para nos devolver a nós mesmos

eles podiam levar emboratudo o que a gente tinhaque depois a gente conjuravade novo uma vida lindacom o nosso esforçoconstruir um impériodo zeroé justamente nosso maior talento

a nossa deve seruma política de revoluçãoa liberdade só pode existirquando os menos privilegiados estiverem livres

não durma no pontodo seu potencialesperando o que pode acontecerquando você pode sero acontecimento

você é uma só pessoamas quando você avançauma comunidade inteiraanda por meio de você

- ninguém anda sozinho

porque vivemnum mundo racistapessoas que não são negrascrescem com preconceitoensinam a todos nósque o mais claro é o certo

- ruína

sua voz ativaé sua soberania

- livre

você está com cara de cansada ele dizeu viro para ele e falosem dúvida estou exaustaeu luto contra a misoginia há décadaso que é que você espera ver na minha cara

ninguém neste mundovive em negação tão profundacomo o homem brancoque mesmo tendo tantasprovas diante de siainda acha que o racismo e o machismoe toda a dor do mundo não existem

o mundo está mudandoserá que você senteele se despindo e depois vestindouma roupa desconfortávele mais justa

- mudanças

não tenho interessenum feminismo que pensaque alçar mulheres ao topode um sistema opressor é suficiente

- não contem comigo como porta-voz

o mundode nossos sonhos para o futuronão pode ser fundadona corrupção do passado

- é melhor derrubar tudo

hoje me vi pela primeira vezquando tirei a poeirado espelho da minha mentee a mulher que me encarou de voltame tirou o fôlegoafinal quem era aquela criatura tão lindaaquela terráquea extracelesteeu toquei meu rosto e meu reflexotoquei a mulher dos meus sonhostoda sua beleza me sorria nos olhosmeus joelhos se renderam à terrae eu chorei suspirando pensandoque eu tinha passado a vida inteirasendo eumas não me vendotinha passado décadas morandono meu corposem sair nem uma veze mesmo assim tinha ignoradoseus milagresé curioso como somos capazesde ocupar um espaço semestar em sintonia com elecomo eu pude demorar tantopara abrir os olhos dos meus olhos

aceitar o coração do meu coraçãobeijar os meus pés inchadose ouvi-los sussurrandoobrigadoobrigadoobrigadopor nos ver

você tem tudo a ganharao acreditar em vocêmas perde tempo duvidando de si

há um diálogoque acontece dentro de vocêouça com muito cuidadoo que seu universo internoestá tentando dizer

parei de lutar contraos sentimentos incômodose aceitei que ser feliznão tem nada a ver comse sentir bem o tempo todo

- equilíbrio

é fácil amaraquilo que temos de bommas o verdadeiro amor-próprioé abraçar aquilo que todos nóstemos de difícil

- aceitação

será que você ouve as mulheres que vieram antes de mimquinhentas mil vozesque vibram na minha gargantacomo se isso tudo fosse um palco feito para elasnão sei dizer quais partes de mim são eue quais são elasserá que você vê quando elas me invademe saem do meu corpopara fazer tudoo que não puderamquando estavam vivas

mergulho na nascente do meu corpoe chego a outro mundoeu tenho tudode que preciso aqui dentronão há motivo para procurarem outro lugar

- casa

o que não falta na buceta é coragemque jamais nos esqueçamosquanta dorela aguentaquanto prazer ela gerapara si mesma e para os outrosnão se esqueçade como ela te cuspiusem pensar duas vezese agora olha você aíusando a palavra bucetacomo se fosse ofensasendo que você não temmetade da força dela

viva com todo o orgulho que você merece vivere se oponha a essas regras de merda quetentam impor à aparência da mulher

as mulheres ficaram tanto tempo sem espaçoque quando uma de nós enfimconquista uma vaga no palcoficamos com medo de que outra mulherpossa roubar nosso lugarmas as coisas não funcionam assimolha os homens que estão no palco e se fortaleceme se multiplicam cada vez maiscom mais mulheres no palcosobra espaço para todas lá no alto

- juntas somos mais fortes

não tenho interesse num feminismoque exclui as mulheres trans

ele diz você tem opiniões fortescomo se fosse uma afrontater ideias tão grandiosasque ele chega a gaguejar

- nunca se cale

procure as mulheres ao seu redorque têm menos espaço que vocêouçaescute-ase coloque o que elas dizem em prática

- amplifique a voz das mulheres não brancas. indígenas. trans.negras. pardas.

por que fugir de sise você é tão lindaaproxime-se de seu brilho

quando eu não conseguia me mexerforam mulheresque vieram me banhar os pésaté eu voltar a ter forçaspara me levantarforam mulheresque me nutrirampara eu voltar a viver

- irmãs

faça questãode se amarcom a mesma intensidade que reserva aos outros

- compromisso

não devia ser do interesse de ninguémo que fazemos com nosso corpomuito menos de quem nuncasentiu na pele o que vivemos

podem mandar mais rugas e linhas de expressãoeu quero provas das piadas que contamosentalhem contornos no meu rosto comoraízes de árvore que ficam maisprofundas a cada anoeu quero manchas de lembrançadas praias em que tomamos soleu quero que fique na cara que eu nuncative medo de deixar o mundome puxar pela mãoe me mostrar a verdadeeu quero ir embora com a certezade que fiz com o meu corpoalgo além de tentaralcançar a perfeição

não consigo tirar os olhos de mimagora que eu me vejonão consigo parar de pensar em mimnem nas magiasque minhas mãos criamnos sermões que eu trouxe ao mundo com a voznas montanhas que destruícom os dedose nas montanhas que construícom as palavras sem sentidoque tentaram usarpara me apedrejar

- guerreira

às vezes me pego sonhando com a mulher que sereiquando sair dessa correriada insegurança dos meus vinte anose aprender a confiar em mim no caminhonão vejo a hora de deixarmeu eu de dezoito anos com invejado barulho que eu vou fazerquando chegar aos trinta e aos quarentaminha personalidade vai ficarmais potente a cada anoaos cinquenta eu vou encontraras rugas e os cabelos brancose vamos rir das aventurasque vivemos juntose falar das incontáveis outrasque nos aguardam nas décadas a seguirque privilégio imensoé poder me tornara melhor versão de mim

- envelhecer

esteja aquino que o dia de hoje pede

- é assim que você valoriza o amanhã

se o demônio não tivessete acuado num cantoe te obrigado a quebrar seu pescoçocomo é que você saberiaque tinha tanta força

em mim existem milagresque esperam sua vez de acontecereu nunca vou desistir de mim

seu lugar não é no futuro nem no passado

- seu lugar é aqui

faça um escândalofale tudo o que precisaé uma delícia retomar as rédeas da vida

a chance de darmos a volta por cimadepois de todas as tristezas da vidaé a coisa mais linda que eu já vi

você é um espírito. um mundo. um portal. uma alma.você nunca está só. você é órgãos e sanguee carne e músculo.uma colônia de milagres entrelaçados.

arrombetodas as portas que construírampara te deixar do lado de forae leve seu povo com você

- revolta

você não está sozinhasozinha estaria senão houvesse as batidas de seu coraçãoe a força de seu pulmãoe o impulso de sua respiraçãocomo você estaria sozinha sehá uma comunidade dentro de si

- você tem tudo a seu lado

eu nunca mais tereide volta esta versão de mimme deixa pegar levee passar um tempo com ela

- sempre evoluindo

sua beleza é inegávelmas o que você tem de ancestral e sagradoé ainda mais incrível

eu desperto para meu eu divino

não existe nada melhorque jogar no seu próprio time

eu não tenho medo do fracassotenho medo de fazer o mundopegar fogocom meu potencial

tem diasem que a luz tremulae então eu lembroque eu sou a luzeu entroe a acendo de novo

- potência

essa é só a ponta do icebergde tudo o que você consegueainda há décadasde vitórias que te esperam

menina bobaanjinhadiabinhavai pensandoque não é você a milagreiravocê é a mãea magaa mestra da sua vida

agora que você se libertoue a única obrigação que tem

é com os seus sonhos os de mais ninguémo que vai fazer

da sua vida

rupi kaur é poeta. artista. e performer. quando estudanteuniversitária de vinte e um anos rupi escreveu. ilustrou. epublicou de maneira independente seu primeiro livro depoesia, outros jeitos de usar a boca. depois veio o irmão o que osol faz com as flores. essas coletâneas venderam mais de oitomilhões de cópias e foram traduzidas para mais de vinteidiomas. meu corpo minha casaé sua terceira coletânea depoesia. os poemas de rupi falam de amor. perda. trauma.cura. feminilidade. e imigração. ela se sente em casa quandoproduz arte ou declama seus poemas num palco. saiba mais:www.rupikaur.com

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e arte da capa:

rupi kaur

outros livros de rupi kaur:

outros jeitos de usar a boca

o que o sol faz com as flores

© amrita singh

rupi kaur é poeta. artista. e performer. quandoestudante universitária de vinte e um anos rupiescreveu. ilustrou. e publicou de maneiraindependente seu primeiro livro de poesia, outrosjeitos de usar a boca. depois veio o irmão o que o sol fazcom as flores. essas coletâneas venderam mais de oitomilhões de cópias e foram traduzidas para mais devinte idiomas. meu corpo minha casa é sua terceiracoletânea de poesia. os poemas de rupi falam deamor. perda. trauma. cura. feminilidade. e imigração.

ela se sente em casa quando produz arte ou declamaseus poemas num palco. saiba mais:www.rupikaur.com

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Outros Jeitos de Usar a BocaKaur, Rupi978854220942633 páginas

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Maior fenômeno de poesia dos EUA na última década,há mais de 40 semanas no topo das listas de best-sellers Outros jeitos de usar a boca é um livro de poemas sobre asobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, oamor, a perda e a feminilidade. O volume – publicado nosEUA como "milk and honey" – é dividido em quatro partes, ecada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com umtipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outrosjeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornadapelos momentos mais amargos da vida e encontra umamaneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente deforma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica eperformer canadense nascida na Índia – e que tambémassina as ilustrações presentes neste volume –, o livro setornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos

Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplaresvendidos.

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o que o sol faz com as floresKaur, Rupi9788542212679256 páginas

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"O que o sol faz com as flores" é uma coletânea de poemassobre crescimento e cura. Ancestralidade e honrar as raízes.Expatriação e o amadurecimento até encontrar um lar dentrode você. Organizado em cinco capítulos e ilustrado por RupiKaur, o livro percorre uma jornada dividida em murchar, cair,enraizar, crescer, florescer. Uma celebração do amor emtodas as suas formas.

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Tudo Nela Brilha E QueimaLeão, Ryane9788542212198189 páginas

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Livro de estreia de Ryane Leão, mulher negra, poeta eprofessora, criadora do projeto onde jazz meu coração, commais de 150 mil seguidores nas redes. "a poesia é minhachance de ser eu mesma diante de um mundo que tanto mesilencia. é minha vez de ser crua. minha arma de combate. nossa vozecoada. nossa dor transformada. nela eu falo sobreamor,desapego, rotina, as cidades que nos atravessam, ossocos no estômago que a vida dá, o coração desenfreado, apulsação que guia as estradas, os recomeços, os dias, asnoites, as madrugadas, os fins, os jeitos que a gente dá, astransições,os discos, os tropeços, as partidas, ascontrapartidas, os pés firmes que insistem em voar, e tudoisso que é maluco e lindo e nos faz ser quem somos."

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Jamais peço desculpas por mederramarLeão, Ryane9788542218008160 páginas

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Segundo livro de Ryane Leão, mulher preta, poeta eprofessora, criadora da página onde jazz meu coração, commais de 600 mil seguidores nas redes sociais. Seu primeirolivro, Tudo nela brilha e queima, já vendeu mais de 40 milexemplares. >> "mesmo na correria, eu sigo em busca dassutilezas. não posso deixar as distrações passarem batidas.o peso do mundo não vai tomar conta de minha pele se eume atentar às brechas, às margens. anteontem eu vi o mar.recebi abraços apertados que me agradeceram pelospoemas que escrevo com o coração na ponta dos dedos.hoje de manhã as folhas das árvores balançaram com ovento e o barulho foi tão bonito. daqui a pouco começo acozinhar porque vou receber em casa as pessoas que amo.quero saber de cor o que me traz paz, embora não sejampermanentes as belezas. o caos também não é. e eu estou

mudando a cada minuto, então tudo bem. há algo queresiste por entre os escudos, que me relembra que existeuma coisa essencial em ser uma mulher que se reconstróidiariamente: eu sou profunda demais pra acabar." – RYANELEÃO <<

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A voz da sereia volta neste livroLovelace, Amanda9788542217629208 páginas

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A sereia é conhecida por seu canto misterioso capaz deatrair marinheiros curiosos para a sua morte. No entanto, portrás desses mitos equivocados estão contos de escapismo ecura que Lovelace tece ao longo desta poderosa coletâneade poemas. Eles tentaram silenciá-la de uma vez por todas,mas a voz da sereia volta neste livro. A voz da sereia voltaneste livro é o terceiro e último volume da série as mulherestêm uma espécie de magia, da autora best-seller AmandaLovelace. O livro conta com prefácio da escritoraneozelandesa Lang Leav e treze poemas de autoras querepresentam as principais vozes contemporâneas da poesia,como Nikita Gill e KY Robinson.

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