metáfora a metáfora consiste em descontextualizar uma palavra do seu sentido dicionarizado...
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Metáfora
A metáfora consiste em descontextualizar uma palavra do seu sentido dicionarizado (denotativo) e resignificá-la num novo contexto (conotativa), através de uma comparação implícita, de uma
similaridade existente entre as duas. Sem usar os termos comparativos, como, tal como, assim
como, etc.
Exemplos de Metáfora• Aquele papagaio não para de falar. • Comparação: Fala como um papagaio.
• No jogo de ontem, o Cruzeiro não foi uma raposa.• Comparação: No jogo de ontem, o Cruzeiro não foi esperto
como uma raposa.
• Roberto é um burro mesmo.• Comparação: Roberto tem dificuldades para executar as
atividades tal como um burro.
. Trecho de O carteiro e o poeta, de Antônio Skármeta, em que o
personagem Dom Pablo tenta conceituar metáfora. Neruda soltou o trinco do portão e acariciou o queixo.
– Mário Jiménez, afora as odes elementares, tenho livros muito melhores. É indigno que você fique me submetendo a todos os tipos de comparações e metáforas.
– Como é, Dom Pablo?!– Metáforas, homem!
– Que são essas coisas?O poeta colocou a mão sobre o ombro do rapaz. – Para esclarecer mais ou menos de maneira imprecisa, são modos de dizer uma coisa comparando com outra. – Dê-me um exemplo...Neruda olhou o relógio e suspirou.
– Bem, quando você diz que o céu está chorando, o que é que você quer dizer com isto?
– Ora, fácil! Que está chovendo, ué!– Bem, isso é metáfora. – E por que se chama tão complicado, se é uma coisa tão fácil?– Porque os nomes não têm nada a ver com a simplicidade ou a
complexidade das coisas. Pela sua teoria, uma coisa pequena que voa não deveria ter um nome tão grande como mariposa. Elefante tem a mesma quantidade de letras que mariposa, é muito maior e não voa – Concluiu Neruda exausto.
– Puxa, eu bem que gostaria de ser poeta!
SKÁRMETA, Antônio. O carteiro e o poeta. Tradução de Beatriz Sidou.
Rio de Janeiro: Record, 1996.
Exemplos de metonímia:1) Parte / Todo: “O bonde passa cheio de pernas...” (pessoas) “As velas do Mucuripe vão sair para pescar” (barcos/ pescadores) Um decote caminha em minha direção. (mulher)
Preciso de um teto para morar. (casa)
2) Marca / Produto: Usa-se com frequência os nomes das seguintes marcas: Maizena, Omo, Chicletes, Cotonete, Bombril; em vez de se utilizar o nome dos produtos: amido de milho, sabão em pó, goma de mascar, hastes flexíveis com pontas de algodão, esponja de aço.
3) Artista / Obra: Aquele estudante é apaixonado pelo impressionismo, há horas que está aqui no museu diante de um Monet. Leio Guimarães Rosa todas as noites.
4) Continente / Conteúdo: Ela tomou oito taças de vinho. Ele comeu três pratos de feijoada e dois engradados de cerveja.
O Bento caiu como um touroNo terreiroE o médico veio de ChevroléTrazendo o prognósticoE toda a minha infância nos olhos.
Oswald de Andrade
A laçada
Função metalinguística, o código em questão
“A função metalinguística pode ser percebida quando, numa mensagem, é o fator código que se faz referente, que é apontado.
Segundo Jakobson, a lógica moderna aponta para uma linguagem-objeto, que se refere à nomeação das coisas, e a uma metalinguagem, cujo objeto é a linguagem-objeto.
Quando o emissor e o receptor precisam verificar se o código que utilizam é o mesmo, o discurso está desempenhando a função de se auto-referencializar.
Exemplos de metalinguagem:
A METALINGUAGEM NA MÚSICA
Essa é pra tocar no rádioEssa é pra tocar no rádioEssa é pra tocar no rádioEssa é pra vencer o tédioQuando pintarEssa é um santo remédioPro mau humorEssa é pro chofer de táxiNão cochilarEssa é pro querido ouvinteDo interior
Essa é pra tocar no rádioEssa é pra tocar no rádio
Essa é pra sair de casaPra trabalharEssa é pro rapaz da lojaTransar melhorEssa é pra depois do almoçoMoço do barEssa é pra moça dengosaFazer amor
Essa é pra tocar no rádioEssa é pra tocar no rádio
A METALINGUAGEM NA POESIA
CATAR FEIJÃO Catar feijão se limita com escrever: jogam-se os grãos na água do alguidar e as palavras na da folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente.Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a com o risco.
MELO NETO, João Cabral. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1994.
O último poema
Assim eu queriria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfumeA pureza da chama em que se consomem os diamantes mais
límpidosA paixão dos suicidas que se matem sem explicação
Manuel Bandeira
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