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Revista E-Psi, 2015, 5 (2) Published Online http://www.revistaepsi .com Revista E-Psi
Como citar/How to cite this paper : Ol ivei ra , M., Coimbra, V. & Perei ra , A. (2015). Complicações na gravidez adolescente em si tuação de risco social . Revista E-Psi, 5(2), 35-50.
Complicações na gravidez adolescente em situação de risco social
Maria Oliveira1, Vânia Coimbra2 & Ana Pereira3
Copyright © 2015. This work is licensed under the Creative Commons Attribution International Li cense 3.0 (CC BY-NC-ND).
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/
1 Técnica superior de educação social, Projeto Direi tos & Desafios – Casa dos Choupos, Cooperativa Multissectorial de Solidariedade Social , CRL. Santa Maria da Fei ra, Portugal. E-mail : mariajoaoliveira@gmail .com 2 Técnica superior de enfermagem, UCC Santa Maria da Feira do ACES Entre o Douro e Vouga I Fei ra – Arouca . Santa Maria
da Fei ra , Portugal . 3 Mestranda em Psicologia Clínica e da Saúde pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal .
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Resumo
Com o presente estudo pretende-se aceder à realidade da gravidez adolescente, com enfoque nas complicações
na gravidez enquanto tema de saúde comunitária, e tendo como base empírica um programa de apoio a
grávidas adolescentes, jovens mães e pais, em situação de risco social, residentes no concelho de Santa Maria
da Feira, denominado Cegonha & Companhia. Neste contexto, observou-se que um grande número de grávidas
adolescentes desenvolve, ao longo da gestação, um ou mais tipos de complicação, além das repercussões gerais
que a gravidez adolescente acarreta, especialmente quando vivida em ambientes sociais e económicos
fragilizados. Procedeu-se à caraterização sociodemográfica das beneficiárias do programa, através da análise
descritiva de dados estatísticos, e recolheu-se a sua perceção quanto às complicações na gravidez, através de
um grupo de discussão focalizada. Os resultados indicam que as grávidas adolescentes identificam as
complicações que atingem as próprias, porém não identificam outras, o que pressupõe que o grau de
conhecimento relativo às complicações na gravidez é reduzido. Não obstante, atribuem importância ao
conhecimento, revelando motivação para programas de educação para a saúde. Concluiu -se que, para este
grupo de adolescentes, o programa Cegonha & Companhia contribuiu para a promoção de saúde, consoante as
recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Palavras-Chave
Gravidez adolescente, saúde comunitária, promoção de saúde, complicações na gravidez.
Revis ta E-Psi (2015), 5(2), 35-50
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Introdução
Na última década, a gravidez na adolescência tem sido alvo de diversas reflexões e
estudos, sendo “realçada no relatório sobre o estado de saúde dos jovens na União
Europeia, dado que implica um significativo aumento do risco para problemas sociais,
económicos e de saúde da mãe e do bebé” (Figueiredo, Pacheco & Magarinho, 2004, p. 551).
Algumas das complicações mais comuns, no que concerne à gestação consistem numa
maior incidência de anemia materna, doença hipertensiva associada à gravidez, parto
pré-termo, infeção urinária, baixo peso à nascença, desproporção feto-pélvica, placenta
prévia, sofrimento fetal agudo intraparto, complicações no parto e puerpério (Ribeiro et al.,
2000; Jolly et al., 2000; Nogueira et al., 2001 cit. por Yazlle, 2006).
A gravidez precoce acarreta igualmente repercussões psicossociais, nomeadamente
abandono escolar, agravamento das condições de vida, conflitos com o companheiro e
família (Rocha, Simões & Guedes, 1991; Stevens-Simon & Lowy, 1995 cit. in por Yazle, 2006).
Paralelamente, e de acordo com dados do ACS (2009) e INE (2011), mencionados por
Canavarro & Pedrosa (2012), Portugal continua a ser um dos países da União Europeia com
taxas mais elevadas de gravidezes adolescentes, atingindo os 4.2% em 2008.
A análise destes aspetos torna evidente que, a gravidez na adolescência encerra
potencialidades para o desenvolvimento de complicações acrescidas neste tipo de
população. Porém, são escassos os estudos que colocam as perceções das grávidas
adolescentes sobre as complicações associadas à sua gravidez no centro da investigação,
perspetivando-as como risco potenciador de repercussões negativas quer para o binómio
mãe/bebé, quer para o surgimento de problemas psicossociais e económicos.
Tendo em conta estas realidades, interessa aprofundar e investigar as complicações na
gravidez adolescente, em situação de risco social. Deste modo, o estudo pretende aceder à
realidade da gravidez adolescente, com enfoque nas perceções sobre as suas complicações,
tendo como base empírica um programa de apoio a grávidas adolescentes, jovens mães e
pais, em situação de risco social, residentes no concelho de Santa Maria da Feira,
denominado Cegonha & Companhia.
O artigo encontra-se estruturado em duas partes distintas. A primeira parte diz
respeito ao enquadramento teórico; a segunda parte corresponde ao estudo empírico. Por
último, são apresentadas as principais conclusões.
Enquadramento teórico
A gravidez e as complicações associadas na adolescência
Segundo Tavares e Barros (1996) tem sido descrita uma maior prevalência de doenças
associadas à gravidez em adolescentes por comparação com grávidas mais velhas, o que leva
a classificar a gravidez na adolescência por si só, como uma gravidez de risco. Também a
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WHO (2006) refere que existem riscos para a saúde associados à gravidez na adolescência,
que estão intimamente ligados ao facto de a maioria das adolescentes serem primíparas, de
terem maior probabilidade de parto pré-termo, maior probabilidade de mortalidade no
parto e ainda a elevada taxa de mortalidade de recém-nascidos filhos de mães adolescentes.
Outros estudos apresentam como principais intercorrências clínicas as infeções urinárias,
anemia, pré-eclâmpsia (Magalhães et al., 2006); doença hipertensiva associada à gravidez,
parto pré-termo, baixo peso à nascença, desproporção feto-pélvica, placenta prévia,
sofrimento fetal agudo intraparto, complicações no parto e puerpério (Ribeiro et al., 2000;
Jolly et al., 2000; Nogueira et al., 2001 cit. por Yazlle, 2006); desnutrição, sobrepeso,
hipertensão e depressão pós-parto (Belarmino et al., 2009; Freitas & Botega, 2002; Furlan et
al., 2003, Michelazzo et al., 2004; Silveira et al., 2004; Yazle et al., 2002 cit. por Dias &
Teixeira, 2010).
O consumo de substâncias nocivas, nomeadamente o tabaco e o álcool também
contribuem para a ocorrência de complicações na gravidez adolescente (Magalhães et al.,
2006).Apesar disso, as diferenças de saúde observadas entre jovens e mães mais velhas, têm
sido menos evidenciadas em estudos recentes, o que se pensa ser devido à melhoria nos
cuidados de saúde dirigidos a jovens mães. De facto, alguns autores referem que as
complicações podem ser reduzidas se as adolescentes iniciarem precocemente a vigilância
pré-natal e receberem acompanhamento adequado durante o período da gestação, o que
nem sempre acontece devido essencialmente à dificuldade em reconhecer e aceitar a
gravidez (Yazle, 2006).
Também Coley e Chase-Lansdale (1998) se encontram em consonância com os estudos
de Yazle (2006) ao considerarem que os problemas de saúde diagnosticados nas grávidas
adolescentes se encontram, muitas vezes, mais associados à pobreza e à ausência de
cuidados pré-natais do que à idade per se. De facto, a gravidez na adolescência é muitas
vezes acompanhada por percursos pautados pela pobreza e exclusão social, ocorrendo
sobretudo junto das adolescentes que vivem nas situações mais desfavorecidas do ponto de
vista social, económico, pessoal e cultural (Figueiredo, Pacheco & Magarinho, 2004).
Diferentes estudos têm apresentado o baixo estatuto socioeconómico dos pais, baixas
qualificações académicas, más condições de habitação, a exclusão do sistema escolar e
profissional, o desconhecimento da contraceção e planeamento familiar e a pobreza, co mo
características prevalentes na gravidez adolescente (Figueiredo, Pacheco & Magarinho,
2004; Grande, 1997; Tavares & Barros, 1996). Para a Associação para o Planeamento da
Família (2007) a maternidade adolescente é um fator de reprodução da pobreza,
dificultando o empoderamento, a inclusão social e reduzindo as oportunidades das raparigas
em quebrar o ciclo da pobreza.
Segundo a WHO (2006) não se tem priorizado ao mesmo nível a necessidade de
programas preventivos de gravidez adolescente e os programas de apoio a mães
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adolescentes e seus filhos. Em especial, as grávidas adolescentes necessitam de cuidado
contínuo por parte do Sistema de Saúde, informação e apoio para projetarem um plano de
parto, assim como as famílias e as comunidades necessitam de informação para que possam
apoiar as adolescentes.
Atualmente, em Portugal, regista-se a menor taxa de fecundidade desde os últimos 50
anos. Não obstante, esta taxa em 2010 foi de 14.7%, o que evidencia a importância de
programas preventivos da gravidez adolescente e outros que atuem na capacitação destas
jovens para a maternidade.
Uma experiência de base local: Cegonha & Companhia
A proximidade entre os serviços de saúde e a comunidade, através de uma
organização que implica abordagens proactivas e de discriminação positiva de grupos
vulneráveis, constitui-se como potenciadora de sinergias para o empoderamento de todos
os envolvidos. Esta mudança de paradigma, cimentada, em 1986, com a Carta de Ottawa 4,
apresenta o conceito de promoção de saúde como um processo que visa criar condições
para que os indivíduos e as comunidades aumentem a sua capacidade de controlar fatores
determinantes da sua saúde. Neste contexto, importa referir que, segundo Rappaport (1987)
o empoderamento é, o mecanismo através do qual pessoas, organizações e comunidades
ganham mestria ou controlo sobre as suas próprias vidas e ocorre em três níveis
interdependentes: individual, organizacional e comunitário.
Neste estudo apresenta-se o exemplo de um projeto de intervenção comunitária,
resultante de uma parceria entre instituições locais, que promove o empoderamento de
grávidas adolescentes em situação de risco social. O Cegonha & Companhia é uma Ação do
Espaço Famílias (Eixo 2 – Intervenção Familiar e Parental) do Projeto Direitos & Desafios,
Contrato Local de Desenvolvimento Social. Este Projeto, com operacionalização territorial no
concelho de Santa Maria da Feira, tem como entidade promotora a Câmara Municipal de
Santa Maria da Feira, como entidade coordenadora local a Casa dos Choupos, Crl., como
entidades executoras o Centro Social de Lourosa e a Associação de Alcoólicos Recuperados
de Santa Maria da Feira, sendo cofinanciado pelo Instituto da Segurança Social. O Projeto
Direitos & Desafios tem, como objetivo geral, promover a inclusão social dos cidadãos de
forma participada e integrada, através de uma intervenção estruturada no território, com
vista ao desenvolvimento social local, combatendo a pobreza persistente e a exclusão,
recorrendo a ações executadas em parceria com atores locais. O Cegonha & Companhia, a
funcionar desde 2007 (então integrado no mesmo Projeto ao abrigo do Programa para a
Inclusão e Desenvolvimento – PROGRIDE), em parceria direta com o ACES Entre o Douro e
4 De acordo com a WHO (2009) a Carta de Ottawa é um documento apresentado na Primeira Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde, realizado em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986.
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Vouga I Feira – Arouca, constitui-se como uma resposta comunitária de apoio a grávidas
adolescentes, jovens mães e pais em situação de risco social residentes no concelho de
Santa Maria da Feira. A equipa é constituída por uma educadora social e por três
enfermeiras especialistas em saúde materna e obstetrícia, que acompanham
multidisciplinarmente as grávidas adolescentes e suas famílias desde a gestação até as
crianças completarem 24 meses de vida.
A intervenção assenta numa lógica participativa de proximidade, adequação e
flexibilidade, através de acompanhamento individualizado e intervenções grupais. A
articulação e mediação com outras instituições são privilegiadas, procurando uma
intervenção integrada com vista à efetiva reorganização familiar e construção de um projeto
de vida saudável para as beneficiárias. Tem, como objetivos, promover a qualidade de vida
na gravidez, reforçar a qualidade da interação mãe-bebé antes e após o nascimento,
promover um nascimento saudável, promover a preparação e a recuperação psicocorporal e
o ajustamento familiar pré e pós-parto, promover o autoconhecimento, a partilha e a
descoberta de competências adaptativas, cuja finalidade é a de conseguir lidar com a
mudança e a transformação que o processo de gravidez e a parentalidade desencadeiam,
promover a formação/inserção socioprofissional das jovens adolescentes e promover a
aprendizagem/ desenvolvimento de competências parentais. Estes objetivos são alcançados
através do desenvolvimento de várias atividades, entre as quais se destaca o curso de
preparação para o parto, que tem como principal objetivo transmitir conhecimentos,
dissipando dúvidas e incertezas nas gestantes, e se possível companheiros, através da
realização de ações de formação em grupo. Estas ações centram-se na preparação específica
da gestante/casal para o momento do parto, através do método psicoprofilático e na
preparação para a parentalidade, com a abordagem de temáticas diversas, nomeadamente
estilos de vida saudáveis durante a gravidez, estimulação da comunicação intrauterina,
principais desconfortos na gravidez, relação mãe-pai-bebé (aspetos psicológicos), cuidados
de higiene e conforto ao bebé, aleitamento materno, aleitamento artificial/preparação do
biberão, segurança no 1.º ano de vida, parto e analgesia epidural.
Questões e objetivos de investigação
Com o presente estudo procurou-se responder às seguintes questões de investigação:
(1) Qual o perfil das beneficiárias do Cegonha & Companhia?; (2) Qual a perceção das
grávidas adolescentes em relação às complicações na gravidez?; (3) Qual o grau de
informação relativo à prevenção de patologia que as jovens possuem?
Encontrar a resposta a estas questões contribuirá para atingir os objetivos definidos para o
estudo: (1) Conhecer o perfil das beneficiárias do Cegonha & Companhia; (2) Identificar as
representações das grávidas adolescentes em relação às complicações da gravidez, bem
como ao grau de informação relativo à prevenção das mesmas.
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Método
Recorreu-se ao método quantitativo para dar resposta ao primeiro objetivo do estudo,
e ao método qualitativo para responder ao segundo objetivo do mesmo, onde se
privilegiaram os significados das participantes relativamente às complicações na gravidez, no
sentido de aprofundar a compreensão do fenómeno e dar resposta às questões de
investigação formuladas.
Este é um estudo exploratório, com abordagem fenomenológica que permite analisar
as perceções dos participantes sobre o tema.
Participantes
Para conhecer o perfil das beneficiárias do programa procedeu-se à caracterização
sociodemográfica das mesmas, a partir de uma população composta por 94 participantes,
que usufruíram do serviço entre 2007 e 2012. As principais características sociodemográficas
encontram-se descritas na Tabela 1.
Tabela 1. Características Sociodemográficas das Beneficiárias do Cegonha & Companhia (n=94)
Beneficiárias do Cegonha & Companhia
(n=94)
Idade
M DP
18 2.22
N %
Estado Civil
Casado/UF Solteiro
Viúvo
Divorciado Não apurado
32 59 -
- 3
34 62.8
-
- 3.2
Habilitações Literárias
1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo
Ensino Secundário 2º ciclo incompleto 3º ciclo incompleto
Ensino Secundário incompleto
Não apurado
6 26 30
5 1
17 1
8
6.5 26.9 32.3
5.4 1.1
18.3 1.1
8.6
M=média. DP=desvio-padrão. UF=União de Facto
Relativamente às circunstâncias da gravidez, 12,8% afirmaram ter sido planeada,
27,7% refere não ter planeado a gravidez, 48,9% indica que a gravidez não foi planeada mas
desejada, não tendo sido possível apurar as circunstâncias de 10,6%. Observou-se que 57,4%
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das beneficiárias consideraram o relacionamento com o pai do bebé estável, 29,8% instável,
5,3% das jovens conhecia o pai do bebé mas não mantinha qualquer tipo de contacto com
ele, sendo que em relação a 7,4% não foi possível obter informação. As beneficiárias provêm
maioritariamente de contextos sociais desfavorecidos onde são transversais a ausência de
suporte familiar e problemáticas como dificuldades financeiras, alcoolismo, antecedentes de
maus-tratos, desemprego, habitações débeis em condições de segurança e salubridade.
Desde 2007 que a equipa do Projeto tem atentado às complicações na gravidez
apresentadas pelas adolescentes com preocupação. De facto, numa população de 94
adolescentes, 55,4% sofreu de uma ou várias complicações durante a gravidez, 22,7% não
registaram nenhuma complicação durante a gestação e em relação a 18,6% não foi possível
recolher informação. A complicação com maior incidência tem vindo a ser a Ameaça de
Parto Pré-termo (APPT), seguida de Parto Pré-termo e da Restrição do Crescimento
Intrauterino. Outras complicações têm sido observadas com frequência como a candidíase, o
diabetes gestacional, a obesidade, entre outros (cf. Gráfico 1).
Gráfico 1. Prevalência de complicações na gravidez das grávidas beneficiárias do programa Cegonha &
Companhia2012
De forma a responder à segunda questão de investigação e respetivo objetivo
considerou-se uma amostra da população caracterizada previamente, composta por 5
grávidas adolescentes (GA). Estas encontravam-se a frequentar o curso de preparação para o
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parto, promovido pelo Cegonha & Companhia, e por isso constituem-se como uma amostra
por conveniência. As GA1, GA2 e GA4 tinha 19 anos, a GA3 tinha 20 anos e a GA5 tinha 17
anos. Quanto ao estado civil, todas as participantes eram solteiras e uma delas, a GA4, vivia
em união de facto. Quanto à escolaridade, a GA3 completara o Ensino Secundário, a maior
parte completara o 3º ciclo do ensino básico, e a GA2 completara o 2º ciclo do ensino básico.
Instrumentos e Procedimentos
A caracterização sociodemográfica da população estudada foi realizada através da
análise dos instrumentos de identificação das beneficiárias do Programa: idade, estado civil,
escolaridade, circunstâncias da gravidez, relacionamento com o pai do bebé, contexto
sociofamiliar e complicações na gravidez.
Para aceder às perceções das participantes sobre as complicações na gravidez,
recorreu-se ao método grupo de discussão focalizada, que permite uma recolha qualitativa
de dados, através de uma entrevista focalizada (Galego & Gomes, 2005), sendo elaborado
um guião de entrevista semiestruturado. A entrevista focalizada teve lugar na Unidade de
Cuidados na Comunidade Santa Maria da Feira, onde as grávidas adolescentes se
encontravam a frequentar o curso de preparação para o parto. O grupo de discussão
focalizada foi gravado para posterior tratamento dos dados, sendo garantida a total
confidencialidade dos dados às participantes.
Análise de dados
Para proceder à caracterização sociodemográfica das grávidas adolescentes,
beneficiárias do Cegonha & Companhia, recorreu-se ao software SPSS 175.
Para aceder às representações das grávidas adolescentes no que diz respeito às
complicações na gravidez, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que, segundo Bardin
(2000, p.42), se define como “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando
obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens”.
Neste sentido, foram definidos, como unidade de contexto, os temas (por exemplo,
“Complicações na Gravidez”), os quais constituem os nós temáticos, e como unidade de
registo, as frases, as quais compõem as ideias que se relacionam com os nós. A análise de
dados procedeu-se com recurso ao software NVivo 106.
5 Statistical Package For Social Science – SPSS – Windows (versão 17).
6 QSR N10 – versão 10.0; Copyright ©2013 QSR International Pty, Ltd .
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A análise dos dados qualitativos resultou na seguinte árvore de categorias (Quadro 1).
Quadro1. Sistema de categorias e subcategorias do grupo de discussão focalizada
Categoria Subcategoria Definição
Gravidez na adolescência Descoberta Forma como as adolescentes
descobriram a gravidez
Reação perante a gravidez Impacto da gravidez e como a aceitaram inicialmente
Complicações na gravidez Natureza Que tipo de complicação da gravidez afeta as adolescentes do grupo, que impacto têm e como a
tratam
Conhecimentos O que sabem as grávidas adolescentes sobre patologias na
gravidez
Acompanhamento Como as adolescentes percecionam o acompanhamento
clínico da gravidez
Mudança comportamental Alimentação Perceção do risco e alteração de comportamentos relativo aos
hábitos alimentares
Tabaco Perceção do risco e alteração de comportamentos relativo ao
consumo tabágico
Nec essidades sentidas quanto a programas e
apoios
Perceções e sugestões das
grávidas adolescentes
Resultados e Discussão
No que diz respeito aos resultados emergentes do grupo de discussão focalizada,
concluiu-se que a descoberta da gravidez ocorreu tardiamente: “eu só descobri aos seis
meses que estava grávida” (GA4), “eu também descobri tarde”, (…) depois lá é que vi que já
estava com dois meses e tal” (GA5) o que vai ao encontro dos estudos de Leal (
06) e de Brandão e Heilborn (2006). O impacto da descoberta da gravidez levou a
diferentes reações de aceitação e rejeição, também descritas na literatura (e.g. Geraldes &
Araújo, 1998; Yazlle, 2006), como se pode observar nos relatos de algumas participantes
“Mas eu só descobri que estava grávida quando desmaiei no Porto, que eu não sabia. Eu
gostava muito de massa esparguete e depois cheguei a uma altura que não podia com
aquilo, fiz o teste e deu positivo.” (GA2); “Não me vinha a menstruação e andava a vomitar,
depois o pai quis fazer o teste e eu fiz.” (GA5). Uma das adolescentes considerou a hipótese
da interrupção voluntária da gravidez: “E eu era para abortar nessa altura mas já não dava.”
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(GA5); tendo os familiares de outra aconselhado o mesmo desfecho: “A minha mãe queria
que abortasse, a minha prima também mas não abortei”. Neste caso a adolescente optou
por continuar com a gravidez, referindo: “Dizem que uma criança que vem ao mundo que
não tem culpa.” (GA2).
Uma das questões a que se procurou responder neste estudo tem que ver com a
perceção das grávidas adolescentes em relação às complicações na gravidez. Em termos da
frequência de complicações, estas encontraram-se no grupo de discussão focalizada na
proporção de 4:5: “Eu tive infeções urinárias e genitais” (GA1); “Eu também tive infeções”
(GA2); “Eu descobri que tinha diabetes gestacionais” (GA3); “(…) depois tive que estar de
repouso por causa da perda de sangue” (GA4). Pode-se concluir que as grávidas
adolescentes identificam as complicações que atingem as próprias, porém não identificam
outras, o que permite observar que o grau de conhecimento relativo a complicação da
gravidez é reduzido. Quanto ao tipo, esta proporção é coincidente com a anterior análise de
complicação na gravidez relativa às beneficiárias do Cegonha & Companhia (cf. Gráfico 1).
Procurou-se também identificar o grau de informações que possuem acerca da
prevenção de complicações na gravidez, uma vez que se afiguram importantes para tomar
consciência sobre as responsabilidades ligadas ao desenvolvimento destas. Quanto aos
conhecimentos que têm sobre a ocorrência e prevenção, foi possível apurar que estes eram
reduzidos, uma vez que apenas as adolescentes que sofriam de algum tipo de complicação
falavam sobre a mesma: “Com os diabetes ele pode nascer prematuro, nascer amarelo,
então…” (GA3) não falando, por exemplo, das complicações apresentadas pelas outras
participantes, nem comentando as que inicialmente lhes foram apresentadas pela
entrevistadora: “(…) Sabias que existiam estas complicações na gravidez?” (Entrevistadora)
Já me tinham dito, já tinha «ouvisto» falar.” (GA5). Identificaram, porém, “praticar exercício
físico como a mim” (GA3), “Não beber álcool, não fumar” (GA1), “Não ir para espaços que
tenham fumos” (GA4) e “Controlar a comida também” (GA3) como atitudes preventivas de
ocorrência de complicações na gravidez. Não obstante, não identificaram uma correta
vigilância pré-natal, os cuidados de higiene e a saúde oral, o que vai ao encontro do estudo
de Tavares e Barros (1996), que observaram que as adolescentes frequentemente
desconheciam os cuidados pré-natais, o que se correlacionava significativamente com
cuidados inadequados.
No que concerne ao acompanhamento, os serviços e profissionais de saúde surgem
com grande destaque no grupo de discussão focalizada, permitindo concluir que lhes é
atribuído um grande grau de importância na manutenção da saúde durante a gravidez.
Quando abordada a vigilância da gravidez, em particular as consultas médicas, as grávidas
adolescentes referem: “Não, isso é certo.” (GA1); “Acha? Eu vou sempre às consultas”,
“Agora vou sempre às consultas, na terça-feira vou ao hospital” (GA2) e “Eu fui logo a correr
ao médico” (GA4). No seguimento, quando questionadas sobre a importância do
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acompanhamento, das consultas e análises todas anuíram em concordância. Outras
identificaram os profissionais de saúde como recurso para a informação, referindo: “Os
livros que os médicos nos dão” (GA2) e “ (…) Olhe para mim nutricionistas e assim é
espetacular, está lá para explicar da alimentação, aquilo que nós podemos comer e tudo,
isso é bom.” (GA3).
Outra das questões presentes no grupo de discussão focalizada procurou perceber se
existia alteração comportamental em consequência de uma complicação. Tendo em conta as
perceções de risco, e associando-as à alteração comportamental, surgiram duas
subcategorias: (i) alimentação e (ii) consumo tabágico. No que concerne a (i) alimentação,
uma das adolescentes referiu poucos cuidados com a alimentação antes da gravidez: “É,
porque eu também, eu comia de tudo sabe, não ligava muito à alimentação” (GA3);
atribuindo a alteração comportamental, por exemplo, “Comer sopa, não comer muito sal,
iogurtes magros.” (GA3) à existência de patologia na gravidez: “Tem, no meu caso foi por
causa da alimentação que eu nunca tive diabetes” (GA3). Outras participantes revelaram
também, ter cuidados preventivos: “Sim, eu tenho, porque não sou imune à toxoplasmose”
(GA1) e ainda “Eu tenho, lavo bem a fruta. Porque já engordei 16 quilos.” (GA4). Por outro
lado, duas adolescentes demonstraram atitudes face à alimentação contrárias às primeiras:
“Eu faço como sempre, como tudo na mesma, quero lá saber.” (GA2); “ (…) Já me tinham
avisado para não comer muitas coisas que fazem mal, mas não ligo nenhuma.” (GA5); “Uma
pessoa mudar porque está grávida, por acaso.”, “Temos é que comer” (GA2). Concluiu-se
portanto, no que diz respeito à alimentação, que se encontravam presentes duas atitudes
distintas a primeira de atribuição de importância à alimentação por considerar ter sido
influente no desenvolvimento de complicação e a segunda, de desvalorização.
Quanto a (ii) consumo tabágico verificou-se que duas grávidas deixaram de fumar: “Eu
antes fumava, agora já não.” (GA3) e “Eu agora não posso com o cheiro do tabaco” (GA1);
atribuindo esta mudança à gravidez: “Quando descobri que estava grávida. Ultimamente
incomodava-me bastante o fumo mas nem sabia, quando descobri deixei logo de fumar.”
(GA3). Outra adolescente permaneceu fumadora, embora manifestasse conhecimento dos
riscos inerentes: “Eu não consegui. Com muita pena minha, mas…Eu tento, às vezes acordo
de manhã…passo o pequeno-almoço, o almoço e digo para mim: não vou fumar hoje. Então
vou lavar a louça, ando ali de volta…mas a vontade é tanta! Às vezes só dou uma passa e já
fico satisfeita, não preciso fumar mais, vai o cigarro todo para o lixo, mas tenho que ter
aquela coisa para ficar bem. Eu sei que faz mal, mas…não consigo, não posso fazer nada. Não
me vou matar, não é?” (GA4). Uma das participantes referiu ainda ter começado a fumar
depois da gravidez, revelando, contudo, perceção do risco: “O tabaco faz mal…então de
manhã ou à tarde ou à noite. Mas claro eu jurei, eu prometi que quando a menina nascesse
que não fumava e não se pode fumar naquele quarto. Eu costumo dizer: quando a bebé
nascer ninguém fuma aqui.” (GA2) Olha mas quando descobriste que estavas grávida
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fumavas? (Entrevistadora) “Não, não fumava”. (GA2) “Então começaste a fumar depois de
estares grávida?” (Entrevistadora) “Foi, deu-me ansiedade, por isso.” (GA2) “Mas tu achas
que fumar pode prejudicar a gravidez ou não?” (Entrevistadora) “Sim, eu tenho problemas
dos pulmões e claro.” (GA2) “E o que fizeste para mudar?” “Tento não fumar.” (GA2). Neste
domínio e à semelhança do estudo de Figueiredo, Pacheco e Magarinho (2004), o consumo
tabágico verificou-se um hábito comum entre as participantes do presente estudo,
concluindo-se que todas têm perceção do risco, embora algumas tenham conseguido alterar
o seu comportamento e outras não.
Foi importante ainda perceber quais as perceções das grávidas adolescentes no que
concerne a programas e medidas de apoio, tendo também sido abordada a frequência com
que acontecem as consultas de gravidez. Estas foram identificadas como uma necessidade
sentida: “As consultas mais a miúde.” (GA3); “Eu acho que uma consulta por mês é pouco.
Ainda pra mais pra quem é gravidez de risco, que a qualquer momento pode ter, deviam ser
mais acompanhadas e não podem porque só há uma consulta por mês.” (GA4). As
participantes apresentaram também sugestões no âmbito do curso de preparação para o
parto: “Eu penso que para prevenir doenças e tudo e pra mais como nós somos todas a
primeira vez e jovens e isso devia haver assim mais rotinas, tipo num mês haver três aulas,
ou quê, pra falar de cada doença, porque para cada doença há sempre uma prevenção
diferente.” (GA2). Apontaram, como temáticas, as complicações na gravidez “Sim, por
exemplo, os diabetes e a alimentação, de casa e da alimentação e dos outros porque há
sempre uma causa. Então falar um bocado de cada porque as mães e tudo já se vão prevenir
mais. E adolescentes como nós que é a primeira vez e tudo há muita coisa para falar.” (GA3)
o que sugere que, para as mesmas, é importante criar momentos de educação para a saúde
no âmbito da prevenção das complicações da gravidez já que atribuem um grau de
importância considerável ao conhecimento e revelam motivação para a prevenção. O
mesmo vai ao encontro das conclusões de Figueiredo (2001) quanto à pertinência do
desenvolvimento de programas de intervenção para grávidas e mães adolescente.
Conclusão
O presente estudo permite aprofundar a compreensão sobre o fenómeno da gravidez
na adolescência, nomeadamente quanto aos fatores contextuais da ocorrência de
complicações na gravidez. De uma forma geral, os dados são coerentes com os estudos que
demonstram que a idade não se revela condição sine qua non para a ocorrência de
complicações na gravidez adolescente. De acordo com Metello, Torgal, Viana, Martins, Maia,
Casal, e Hermida (2008, p. 621) “Um estilo de vida incorreto, uma dieta pobre e o facto do
crescimento durante a adolescência poder competir com a nutrição adequada do feto, o
tabagismo e o uso de drogas têm sido os argumentos utilizados para explicar os problemas
fetais” no que diz respeito à gravidez adolescente.
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Os dados sugerem que o desenvolvimento de complicações na gravidez parece
acontecer, com maior incidência, quando relacionado com determinados comportamentos
de risco, como o consumo de substâncias psicoativas, erros alimentares, vigilância pré-natal
tardia, entre outros, bem como fatores de risco, como a pobreza, a ausência de suporte
familiar e social, limitações cognitivas, etc., como também foi observado noutros estudos
(e.g. Figueiredo, 2000; Tavares & Barros, 1996). Assim, estes fatores e comportamentos de
risco para a ocorrência de complicações na gravidez adolescente, estariam na base das
perceções face a estas complicações, nomeadamente o reduzido grau de conhecimento
sobre a sua ocorrência e prevenção. De facto, este conhecimento revela-se de grande
importância para tomar consciência sobre as responsabilidades ligadas ao desenvolvimento
das complicações. Neste sentido, tal como foi referido, o estudo também dá relevo às
necessidades das participantes, nomeadamente para a importância atribuída ao
investimento em medidas preventivas. Também para a WHO (2006) é de extrema
importância a existência de programas que promovam não só a segurança e as necessidades
sociais, mas sobretudo a saúde das adolescentes. Estes programas devem ter como missão
empoderar as jovens para que sejam capazes de auto-cuidarem da sua saúde. Os serviços de
saúde devem ser mais Adolescent Friendly, de forma a facilitar a aproximação dos jovens aos
serviços e assim potenciar o início da vigilância pré-natal o mais atempadamente possível.
Em Portugal, podem identificar-se as Unidades de Cuidados à Comunidade dos
Agrupamentos de Centros de Saúde como uma mais-valia. De facto, cada vez mais
observamos a criação de parcerias com organizações não-governamentais, autarquias locais,
projetos de desenvolvimento comunitário, entre outros, que resultam em programas de
Promoção de Saúde. Neste sentido, consideramos que as ações desenvolvidas no âmbito do
Cegonha & Companhia contribuem para a promoção de saúde na gravidez adolescente visto
que pretendem capacitar as jovens para que possam ter controlo sobre a sua vida, em
particular sobre a sua saúde, indo ao encontro das recomendações proteladas pela WHO.
Considerando a investigação futura, julga-se que esta seria enriquecida seguindo o
modelo ecológico, ou seja, analisando quais são as perceções dos profissionais de saúde em
relação à importância de programas e procedimentos específicos destinados às grávidas
adolescentes. O reduzido número de elementos do grupo de discussão focalizada é visto
como uma limitação deste estudo, pelo que, para aumentar quantitativa e qualitativamente
a recolha de informação, esta técnica de recolha de informação deveria ser aplicada com um
número maior de participantes.
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Teen pregnancy pathologies in social risk
Abstract
The present study attempts to access the reality of teen pregnancy, focusing on pregnancy pathologies as an
issue of community health. This empirically study is based on a program named Cegonha & Companhia, which
targeted pregnant teenagers and young parents residing in the municipality of Santa Maria da Feira, in a
situation of social risk. It was observed that a substantial number of pregnant teenagers develop, during the
gestation period, one or more types of pathologies besides the general reper cussions and consequences that a
pregnant teenager incur, mainly when living in socially and economically poor environments. The
socio-demographic analysis was made using a descriptive analysis of the statistical data. Perceptions of
pregnancy pathologies were collected through a focus group. The results showed that pregnant teenagers tend
to only have the perception of pathologies that are experienced by themselves during their gestation period,
ignoring other complications that can occur, which is the result of a poor knowledge of the pregnancy process.
Nevertheless, they realized the importance of the referred knowledge, demonstrating considerable motivation
levels to participate in health-focused educational programs. In conclusion, this study shows that, for this group
of pregnant teenagers, Cegonha & Companhia comprised a strong support in the health promotion during teen
pregnancy, in accordance with the World Health Organization (WHO).
Keywords
Teen pregnancy, community health, health promotion, pregnancy complications.
Received:11.4.2014 Revision received: 4.6.2015
Accepted: 5.6.2015
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