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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
MARCADORES FISIOLÓGICOS DO ESTRESSE E PERFIL
METABÓLICO DE BOVINOS DAS RAÇAS CURRALEIRO PÉ-
DURO, PANTANEIRO E NELORE EM CONFINAMENTO
EXPERIMENTAL
Liliane Aparecida Tanus Benatti
Orientadora: Maria Clorinda Soares Fioravanti
GOIÂNIA
2013
ii
iii
LILIANE APARECIDA TANUS BENATTI
MARCADORES FISIOLÓGICOS DO ESTRESSE E PERFIL
METABÓLICO DE BOVINOS DAS RAÇAS CURRALEIRO PÉ-
DURO, PANTANEIRO E NELORE EM CONFINAMENTO
EXPERIMENTAL
Tese apresentada para obtenção
do grau de Doutor em Ciência
Animal junto à Escola de
Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás
Área de Concentração:
Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
Orientador:
Prof.ª Dr.ª Maria Clorinda Soares Fioravanti – UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno – UFG
Prof. Dr. José Jurandir Fagliari – UNESP/Jaboticabal
GOIÂNIA
2013
iv
Dados Internacionais de Catalogação da Publicação (CIP)
(Sistema de Bibliotecas PUC Goiás)
Benatti, Liliane Aparecida Tanus.
B456m Marcadores fisiológicos do estresse e perfil metabólico de
bovinos das raças Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e Nelore em
confinamento experimental [manuscrito] / Liliane Aparecida
Tanus Benatti. – 2013.
110 f.; 30 cm.
“Orientadora: Profa. Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti”.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de
Veterinária e Zootecnia, 2013.
Bibliografia.
1. Animais - Proteção. 2. Bovinos - Confinamento. 3.
Bovinos – Metabolismo. 4. Stress (Fisiologia). I. Título.
CDU 636.2(043)
v
DEDICATÓRIA
Ofereço, dedico e agradeço:
A família
Alicerce da minha vida!
Aos pais maravilhosos Bom Filho e Cláudia
A Angélica, irmã querida, ao Bernardo, cunhado e irmão verdadeiro
Aos meus sobrinhos, Pedro, Gabriel e Henrique
Amados como filhos!
A Emília, irmã de coração.
A minha orientadora Profa. Maria Clorinda Soares Fioravanti
Pela confiança e apoio sempre presentes...e amizade...
e
Ao saudoso amigo, mestre e orientador Wanderley Pereira de Araújo...
Pelo carinho e amizade eterna!
Dedico
Aos animais:
Aos bovinos do experimento, meu carinho, respeito e gratidão...
vi
AGRADECIMENTOS
À Maria... Mãe Santíssima que sempre foi à frente abrindo as porteiras
da minha vida! A Santíssima Trindade, por ter me iluminado e guiado até nos
momentos em que fraquejei e duvidei... Dedico e Agradeço!
A querida orientadora, amiga e confidente Profa. Maria Clorinda Soares
Fioravanti por tantas e muitas horas a mim dedicadas, pelos ensinamentos,
competência e ética com que orientou este trabalho... Gracias!
Aos Co-orientadores Prof. Adilson Donizeti Damasceno e Prof. José
Jurandir Fagliari pela atenção dispensada na hora exata, por tudo.
À banca de qualificação pelas sugestões e contribuições valiosas para
a confecção desta Tese: Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira, Pesquisadora Dra
Flávia Contijo de Lima, Pesquisador Dr. Marcos Fernando Oliveira e Costa, Prof.
Dr. Adilson Donizeti Damasceno e Profa. Dra.Maria Clorinda Soares Fioravanti.
À Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFG e em especial ao
Ilustre Diretor Prof. Marcos Barcellos Café e a coordenadora da Pós Graduação
Profa. Cintia Silva Minafra e Rezende sempre dispostos e solícitos!
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão da bolsa de doutorado.
Ao Prof. Helder Louvandini, a Dra. Regina Peçanha e sua equipe pela
orientação a respeito do cortisol e processamento deste.
À Profa. Ana Paula Santin, sempre atenciosa, pela ajuda na leitura do
histopatológico.
Ao Pesquisador Marcos Fernando Oliveira e Costa por gentilmente ter
me cedido parte do seu projeto de pós-doutorado, e pelas horas dispensadas para
sanar minhas intermináveis dúvidas.
Ao amigo Gustavo Lage Costa...sem você este trabalho ficaria muito
difícil de ser realizado! Obrigada!
Aos queridos bolsistas de iniciação científica: Neryssa Alencar de
Oliveira, Daniela Cardoso, Romário Gonçalves Vaz Junior e Kamilla Malta
Laudares, obrigada!!!
vii
Aos funcionários da Fazenda Escola Tomé Pinto da EVZ-UFG. Ao Pós-
Graduando Leonardo Ferreira Cardoso, que com muito carinho, paciência e
dedicação tratou diariamente dos bovinos do experimento.
Aos laboratoristas do HOVET-EVZ-UFG Wesley Francisco Neves,
Helton Freires Oliveira e residente Ashbel Schnaider da Silva.
Aos amigos da Pós- Graduação:
- De Uberlândia: Jussara de Souza Carneiro, Suzana Akemi Tsuruta, Flavia
Martins Costa Resende, Liria Queiroz Luz Hirano, Benner Geraldo Alves e Kelly
Amaral Alves, pelas inúmeras idas e vindas, amizade e companheirismo!!!
- Em especial aos amigos de todas as horas em Goiânia: Danilo Ferreira
Rodrigues e Fernanda Figueiredo Mendes, Gisele Felix, Ivan Salamanca, Juliana
Job Serodio, Laura Marcon, Letícia Furtado, Marcelo Corrêa Canhota, Maria Ivete
de Moura, Thaís Miranda e Yandra Prado.
- Aos demais colegas pós-graduandos pela amizade e convívio sempre agradável!
À Profa. Eliandra Bianchinni pelas horas incontáveis gastas comigo
para entendimento e elaboração do SAS e ao Prof. Fernando Brito pelo auxílio
impagável no desenvolvimento da estatística.
Aos funcionários da pós-graduação Gerson Luiz Barros e Andréia
Oliveira de Santana, pela atenção em todos os momentos. Ao funcionário do
laboratório de Patologia, Antônio S. Silva pelo auxílio na confecção dos blocos de
parafina. À Neide Cardoso dos Santos, funcionária da secretaria da graduação.
Ao Sr Inácio dos Reis, Sr. José Vieira, Sr. Antero Pereira da Fonseca e
ao Sr. Donizeti R. de Lima seguranças atenciosos, de tantas horas do dia ou da
noite empreendidas nesta missão! Obrigada!
A querida D. Levita de Menezes Soares Fioravanti, pelo carinho
maternal com que me acolheu! A Profa e amiga Elisabeth Gonzales!
Aos amigos Gabriela de Godoy Cravo Arduíno, Susana Rieck, Rodrigo
Queiroz, Jaider Mazzio e Walkyria da Silva pelo apoio incondicional!
viii
“Não há diferenças fundamentais entre
o homem e os animais nas suas
faculdades mentais... os animais, como
os homens, demonstram sentir prazer,
dor, felicidade e sofrimento”
Charles Darwin
ix
SUMÁRIO
Capitulo 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS ...................................................... 1 1.1 Introdução.................................................................................................. 1 1.2 Revisão de literatura.................................................................................. 2 1.2.1 Raça Curraleiro Pé-Duro........................................................................ 3 1.2.2 Raça Pantaneiro..................................................................................... 5 1.2.3 Raça Nelore............................................................................................ 7 1.2.4 Confinamento de bovinos de corte......................................................... 8 1.2.5 Bem estar animal.................................................................................... 10 1.2.6 Estresse................................................................................................. 12 1.2.7 Proteínas de fase aguda......................................................................... 17 1.2.8 Perfil hematológico e metabólico............................................................ 27 1.2.9 Alterações patológicas de bovinos em confinamento............................. 28 1.3 Justificativa................................................................................................ 29 1.4 Objetivos.................................................................................................... 30 Referências...................................................................................................... 31 CAPÍTULO 2 – CORTISOL, HEMOGRAMA, E CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE PROTEÍNAS DE FASE AGUDA EM BOVINOS DAS RAÇAS CURRALEIRO PÉ-DURO, PANTANEIRO E NELORE TERMINADOS EM CONFINAMENTO
46
Resumo............................................................................................................ 46 Abstract............................................................................................................ 46 2.1 Introdução.................................................................................................. 47 2.2 Material e Métodos.................................................................................... 49 2.3 Resultados................................................................................................. 53 2.4 Discussão.................................................................................................. 58 2.5 Conclusão.................................................................................................. 63 Referências...................................................................................................... 64 CAPÍTULO 3 – PERFIL METABÓLICO, DESEMPENHO E MORFOLOGIA HEPÁTICA E DE LINFONODOS DE BOVINOS DAS RAÇAS CURRALEIRO PÉ-DURO, PANTANEIRO E NELORE TERMINADOS EM CONFINAMENTO............................................................................................
71
Resumo............................................................................................................ 71 Abstract............................................................................................................ 71 3.1 Introdução.................................................................................................. 72 3.2 Material e Métodos.................................................................................... 75 3.3 Resultados................................................................................................. 79 3.4 Discussão.................................................................................................. 87 3.5 Conclusão.................................................................................................. 92 Referências...................................................................................................... 92 CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................... 99 Anexos............................................................................................................. 102
x
LISTA DE ABREVIATURAS
ABCCurraleiro Brasileira de Criadores de Curraleiro
ABCPD Associação Brasileira de criadores de Bovinos Curraleiro Pé-
Duro
ACTH Hormônio adrenocorticotrófico
CENA Centro de Energia Nuclear na Agricultura
Cp Ceruloplasmina
CPR Proteína C-reativa
Gcur Grupo Curraleiros Pé-Duro
Gpan Grupo Pantaneiro
Gnel Grupo Nelore
DP Desvio padrão
IC Intervalo de confiança
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
N.D.T Valor energético
N.N.P Nitrogênio não proteico
NRC National Research Council
PFAs Proteínas de fase aguda
P:F Proteína: fibrinogênio
PM Peso molecular
PT Proteínas totais
Relação A:G Relação Albumina: globulina
SAA Amilóide sérica A
SAS Statistical Analysis System
SBCAL Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório
SDS-PAGE Dodecil sulfato de sódio- gel de poliacrilamida
Transf Transferrina
α1-GPA α1-glicoproteína ácida
xi
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
FIGURA 1
Bovinos da raça Curraleiro Pé-Duro.............................................. 03
FIGURA 2
Bovinos da raça Pantaneiro.......................................................... 05
FIGURA 3
Bovinos da raça Nelore................................................................. 07
FIGURA 4 Eixo hipotálamo (CRH)- Hipófise (hormônio adrenocorticotrófico - ACTH) – adrenal (Glicocorticóides)............................................. 14
FIGURA 5
Mediadores inflamatórios.............................................................. 16
FIGURA 6
Representação esquemática de eletroforese em gel de agarose e fracionamento eletroforético...................................................... 24
FIGURA 7
Gel de eletroforese- SDS- PAGE.................................................. 25
xii
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
TABELA 1 - Valores do eritrograma realizado em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento.......................... 54
TABELA 2
Valores do leucograma realizado em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento......................... 55
TABELA 3
-
Valores da dosagem sérica das proteínas de fase aguda (PFAs), haptoglobina (Hp), ceruloplasmina (Ceru), α1-glicoproteína ácida (GPA), transferrina (Transf), imunoglobulina A (IgA), imunoglobulina G (IgG), proteína não-identificada (PM23) realizada em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento...................................... 56
TABELA 4
-
Valores da dosagem sérica de proteínas séricas, albumina (A), globulina (G), relação A:G, fibrinogênio, relação P:F e cortisol realizada em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento............................................... 57
xiii
CAPÍTULO 3
TABELA 1 Pesos médios (kg) dos grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento...................................................................................... 80
TABELA 2
Ganho médio diário em peso (kg/dia) dos Grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento.............................................................. 80
TABELA 3
Ganho acumulado em peso (kg) nos Grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento................................................................................. 80
TABELA 4
Ganho relativo em peso (% /peso inicial) nos grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento............................................................ 81
TABELA 5
Ganho diário relativo em peso (%/ peso inicial) nos grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento.............................................. 81
TABELA 6
Valores das enzimas ALP, AST e GGT em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento.................................................... 82
TABELA 7
Valores das proteínas séricas, albumina, ureia e creatinina em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento........................................................................................ 83
TABELA 8 Valores glicose e colesterol em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento ...................................................................... 84
TABELA 9
Frequência de macrófagos espumosos no fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento...................................................... 85
TABELA 10
Frequência de degeneração microvacuolar no fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento..................................................... 85
TABELA 11
Frequência de infiltrado de células mononucleares no fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento............................................. 85
TABELA 12
Frequência de fibrose no fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento........................................................................................ 86
TABELA 13
Frequência de necrose fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel).durante o período do confinamento........................................................................................ 86
TABELA 14
Frequência de macrófagos espumosos nos linfonodos mesentéricos de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento............................................. 87
TABELA 15 Frequência de hipoplasia e hiperplasia em linfonodos mesentéricos de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento............................................ 87
xiv
LISTA DE QUADROS
CAPÍTULO 2
QUADRO 1
Planejamento experimental......................................................... 50
CAPÍTULO 3
QUADRO 1
Níveis de garantia por quilograma da ração usada no confinamento...............................................................................
76
QUADRO 2
Composição percentual dos elementos usados na ração do confinamento...............................................................................
76 QUADRO 3
Planejamento experimental......................................................... 77
xv
RESUMO
Com este estudo propôs-se avaliar o desempenho e os marcadores fisiológicos de estresse de bovinos de diferentes raças. Foram avaliados 45 bovinos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) terminados em confinamento. Analisaram-se os índices cortisol, proteínas de fase aguda, hemograma, perfil proteico, energético e a avaliação enzimática em três momentos, M0, M56 e M103; o desempenho ponderal e o exame histopatológico de fragmentos de fígado e linfonodos. Os valores de cortisol em Gnel no M0 foram maiores em relação ao M103. Nos três grupos, os valores do volume globular, hemoglobina, albumina e α-1 glicoproteína ácida foram mais elevados em M103 quando comparados ao M0 e o mesmo ocorreu com a transferrina em Gpan e Gnel. A IgG foi maior em M0 nos três grupos. O fibrinogênio no Gpan e Gnel foi menor em M103 em relação ao M0. O ganho em peso foi satisfatório em todos os grupos. Os valores séricos da ALP e a GGT foram menores em M0 e da AST em M103. Os perfis proteico e energético (colesterol) aumentaram ao longo do experimento. A análise histopatológica do fígado e linfonodos mesentéricos revelou presença de colangio hepatite. O sistema de confinamento para bovinos da raça Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e Nelore ocasiona discretas alterações no eritrograma e na proteína de fase aguda (α1- glicoproteína ácida). Os perfis metabólico e enzimático, a avaliação histopatológica hepática e de linfonodos indicaram presença de colangiohepatite, e essas alterações aparentemente não comprometeram o desempenho produtivo. Palavras-chave: bem-estar animal, raças locais, perfil metabólico, perfil proteico, cortisol, proteínas de fase aguda.
xvi
STRESS PHYSIOLOGICAL MARKERS AND METABOLIC PROFILE OF CURRALEIRO PE-DURO, PANTANEIRO AND NELLORE CATTLE IN FEEDLOT
ABSTRACT
This study aimed at evaluating the productive performance and physiological markers of stress of bovines from different breeds. We evaluated 45 bovines, Curraleiro Pe-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) and Nellore (Gnel), finished in feedlot. We analyzed cortisol and acute phase proteins levels, hemogram, protein and energetic profiles and enzymatic evaluation at three moments, M0, M56 and M103, we also carried out the histopathological examination of liver and lymph nodes fragments. Cortisol values in Gnel were higher at M0 than at M103. In all groups, the values of globular volume, hemoglobin, albumin and α-1-acid glycoprotein were higher at M0 than at M103, the same occurred to transferrin in Gpan and Gnel. IgG showed higher concentrations at M0 in all three groups. Fibrinogen in Gpan and Gnel was lower at M103 than in M0. Weight gain was satisfactory in all groups. The ALP and GGT serum values were lower at M0 and AST was lower at M103. The protein and the energetic profile (cholesterol) increased throughout the experiment. Histopathological analysis of liver and mesenteric lymph nodes showed cholangiohepatitis. Feedlot system for Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro and Nellore bovines causes discrete alterations in eritrogram and acute phase protein (α-1-acid glycoprotein). Metabolic and enzymatic profiles as well as hepatic and lymph nodes histopathological evaluation showed presence of cholangiohepatitis; however such alterations did not affect productive performance. Keywords: animal welfare, local breeds, metabolic profile, protein profile, cortisol, acute phase proteins.
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1 Introdução
Parte do rebanho brasileiro é criado em sistema intensivo
(confinamento) e tem sua carne destinada tanto para exportação quanto para o
consumo interno. Porém, neste tipo de criação os animais ficam expostos a
situações que inevitavelmente desencadeiam estresse. A exposição ao estresse
pode prejudicar a saúde, pois altera o perfil hematológico e metabólico, além de
afetar negativamente o ganho em peso dos animais. A redução dos efeitos do
estresse tem sido amplamente discutida, principalmente quanto à questão do
bem-estar animal.
A crescente preocupação com o “Bem-estar animal” vem a cada ano
desenvolvendo-se e ganhando notariedade na sociedade e em fevereiro de 2013,
durante a 6ª Cúpula Brasil União Europeia, foi firmado um acordo visando à
criação de animais com o mínimo de estresse, especialmente quando o produto
final é destinado à exportação. Esse acordo favorece, além dos animais, os
próprios criadores, pois a Europa atribui melhores preços a carne de animais com
menores quantidades circulantes de marcadores biológicos relacionados ao
estresse, tais como certas proteínas de fase aguda positivas e o cortisol.
A maior parte do rebanho nacional destinada à produção de carne
bovina é de origem zebuína (Bos indicus) e a raça Nelore e seus cruzamentos é a
mais representativa. Esses animais se adaptaram com sucesso ao Brasil devido
às semelhanças entre clima e solo com o seu país de origem, a Índia. Porém, é
importante lembrar que as raças brasileiras locais, Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro,
Caracu, Mocho Nacional e Crioulo Lageano, descendentes dos bovinos da
Península Ibérica, chegaram ao Brasil muito antes do gado indiano, adaptaram-se
as diferentes condições edafoclimáticas do país, multiplicaram-se sem a
interferência do homem e formaram a base materna do atual rebanho de corte
brasileiro. Portanto, a excelência do Nelore do Brasil é resultado da junção das
características intrínsecas da raça exótica aliada à rusticidade das raças
maternas, que foram otimizadas pelos programas de melhoramento genético.
2
Assim como a raça Nelore, as raças Pantaneiro e Curraleiro Pé-Duro
podem contribuir consideravelmente para a produção de carne nacional, em
especial para os pequenos produtores, por serem economicamente viáveis, pois a
rusticidade dessas raças proporciona a redução no seu custo de criação.
Considerando a importância do sistema intensivo na cadeia de
produção da carne bovina brasileira, bem como o potencial de produção das raças
Nelore, Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro, torna-se necessária a realização de
estudos que determinem aspectos de saúde e produção dessas raças submetidas
ao estresse do confinamento.
1.2 Revisão de literatura
Durante a colonização do Brasil começaram a chegar os primeiros
bovinos da Península Ibérica e aportaram em três locais: São Vicente (São
Paulo), Pernambuco e Bahia e, a partir daí se espalharam no Território Nacional
(PRIMO, 2004). Assim sendo, os deslocamentos desses bovinos pelas diferentes
regiões determinaram processos de seleção natural de populações distintas e
adaptadas às condições locais. Cada raça ou população é o produto de evoluções
e adaptações através dos séculos, com diferentes pressões de seleção impostas
pelo clima, parasitas, doenças, disponibilidade de alimento e critérios impostos
pelo homem (MARIANTE & EGITO, 2002).
O rebanho de raças locais começou a entrar em processo de extinção
após a introdução do gado de origem indiana (Bos indicus) no Brasil. Os
produtores pecuários, deslumbrados com os novos animais, passaram a enfatizar
sua criação, pois estes bovinos com cupim proeminente e porte elegante geravam
descendentes com vigor híbrido superior aos bovinos europeus. A busca
constante e intensa pelo melhoramento animal aumentou de forma incontrolável o
número desses animais, que atualmente compõem grande parte do rebanho
nacional (MARIANTE & EGITO, 2002).
3
1.2.1 Raça Curraleiro Pé-Duro
O Curraleiro Pé-Duro (Figura 1) é a raça local típica dos sertões do
Brasil e provém da união de raças portuguesas e espanholas. Segundo
ATHANASSOF (1957), o Curraleiro Pé-Duro é o descendente direto do gado da
raça Mirandesa e mais particularmente da variedade Beiroa. Entretanto, parece
pouco provável que apenas bovinos Mirandeses tenham dado origem ao gado
Curraleiro Pé-Duro, mas sim um conjunto de animais de diferentes grupos
genéticos, àquela época, ainda não estabelecidas como raças (CARVALHO &
GIRÃO, 1999; CARVALHO et al., 2001).
FIGURA 1 - Bovinos da raça Curraleiro Pé-Duro Fonte: Rede Centro-Oeste Curraleiro e Pantaneiro
Adaptada ao semiárido do Nordeste brasileiro e a região Centro-Oeste
do país, a raça recebeu o nome Pé-Duro devido à capacidade de caminhar em
solo pedregoso, típico da caatinga, onde animais de casco mais sensíveis não
resistiriam (CARVALHO et al., 2001; CARVALHO et al., 2010). As características
de prolificidade e adaptabilidade levaram a raça a apresentar melhor relação custo
4
benefício para a região nordeste e em ambientes de pastagens naturais com
áreas desfavoráveis para a criação de bovinos (CARVALHO, 1997; EGITO, 2007).
Os animais dessa raça apresentam porte pequeno, pouco longilíneo,
cabeça média ou grande, retilínea e moderada ou pesada, chanfro reto, focinho
preto e amplo, bucal branco, olhos médios com óculos completos ao seu redor,
orelha média com presença de pelos, garupa retilínea, anca larga, osso sacral não
proeminente, cauda fina e longa com a vassoura preta, membros proporcionais ao
corpo, cascos médios e preto, pele preta e pelagem variando do vermelho claro
ao amarelo avermelhado, pelos finos e temperamento ativo e dócil. O peso adulto
dos bovinos Curraleiros Pé-Duro é em torno de 250 kg para fêmeas e 374 kg para
machos (FERRO, 2013). A carne desses animais é saborosa, possuem maior
resistência a ecto e endoparasitas, o que reduz a utilização de insumos químicos
como carrapaticidas e medicamentos, fato que tem sido cada vez mais valorizado
por consumidores de carne em todo o mundo e pode ser usado como um
diferencial no mercado (CARVALHO, 2002; FIORAVANTI et al., 2008).
Em 1998, a Associação Brasileira de Criadores de Curraleiro (ABC
Curraleiro), com sede em Mara Rosa, iniciou o levantamento dos plantéis da raça
Curraleiro Pé-Duro, em 2005 a Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás EVZ/UFG promoveu a atualização e expansão deste
levantamento. Foram identificados e registrados 49 criatórios em cinco Estados
brasileiros: Goiás, Tocantins, Bahia, Pará e Piauí, com o total de 3.692 animais
(FIORAVANTI et al., 2011).
Graças ao incansável e insistente trabalho de pesquisadores, criadores
e colaboradores, em dezembro de 2012 a Raça Curraleiro Pé-Duro foi
reconhecida oficialmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). A portaria de nº 1.150 foi assinada pelo Ministro Mendes Ribeiro Filho e
publicada em 17 de dezembro de 2012. Além de reconhecer a raça, concedeu
também a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Curraleiro Pé-Duro
(ABCPD), com sede em Teresina-PI, autorização para efetuar trabalhos de
registro genealógico desses animais sob o número de Registro no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento 69/BR (BRASIL, 2012).
Com o reconhecimento da raça e a realização de estudos sobre a
qualidade da carcaça e da carne de Curraleiro Pé-Duro, espera-se viabilizar uma
5
modalidade de exploração sustentável para os criadores desses bovinos,
auxiliando na sua conservação trazendo benefícios para a região, mantendo a
tradição pecuária, com melhoria na disponibilidade de alimento, incremento da
renda familiar, melhoria na segurança alimentar, na qualidade de vida e no bem-
estar da população (NEIVA et al., 2011).
1.2.2 Raça Pantaneiro
O Pantanal ocupa parte do território dos Estados do Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul e é caracterizado por sua topografia plana em geral, com
solos inundáveis durante uma grande parte do ano. O bovino Pantaneiro, também
conhecido como Tucura ou Cuiabano (Figura 2) habita essas regiões alagadiças e
descendem do rebanho trazido da Península Ibérica para o Brasil pelos
portugueses e espanhóis (MAZZA et al., 1994).
FIGURA 2 - Bovinos da raça Pantaneiro Fonte: Rede Centro-Oeste Curraleiro e Pantaneiro
6
Quando estes animais chegaram ao solo brasileiro, se depararam a
condições edafoclimáticas diferentes daquelas a que estavam habituados e o
processo de adaptação ao novo ambiente gerou mudanças comportamentais e
fisiológicas nestes bovinos europeus. A somatória de processos migratórios de
ocupação do continente sul-americano permitiu a troca de material genético entre
as raças e tipos já formados. As características do solo do Pantanal em geral
plano e alegadiço durante boa parte do ano, somados ao processo de adaptação
destes bovinos que ali viviam, as grandes distâncias e a falta de cercas permitiram
que estes animais se espalhassem e se reproduzissem livremente, adquirindo
características de rusticidade e adaptação ao ambiente em questão, dando origem
aos animais da raça Pantaneiro (PRIMO, 1992; MAZZA et al.,1994).
O gado Pantaneiro possui porte pequeno a médio, com linha dorso
lombar geralmente retilínea; o perfil predominante é subconvexo, com alguns
casos de retilíneo; o focinho é negro e a maioria possui um anel branco ao redor
deste; os chifres possuem forma arredondada saindo lateralmente para cima e
para frente, as orelhas são pequenas com pelos na parte interna; a pelagem
predominante é a de cor amarelo-avermelhada com presença de cor mais escura
nas extremidades e pelos brancos na porção ventral; são dóceis e calmos quando
manejados constantemente e bravios quando criados isoladamente sem contato
com o homem. (MAZZA et al., 1992). O peso adulto é em torno de 324 kg para
fêmeas e 441 kg para macho (MAZZA, 1992). É dotado de admirável resistência
ao ambiente do Pantanal, visto que a raça suporta fortes e prolongadas
inundações permanecendo muitas horas na água para conseguir a forragem
necessária para sua subsistência, bem como os períodos de seca quando
também estão escassos o pasto e a água (PRIMO, 1992).
Com o risco de extinção da raça Pantaneiro surgiu à necessidade de
sua preservação e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) a
incluiu como uma das raças participantes do Programa de Conservação de
Recursos Genéticos Animais – RGA (EGITO et al., 2002; EGITO, 2007).
A vasta extensão do Pantanal e a falta de um trabalho efetivo de
identificação e registro, como o desenvolvido para a raça Curraleiro Pé- Duro,
dificulta a mensuração correta do número de bovinos pantaneiros no Brasil.
Atualmente existem quatro núcleos de conservação in situ desta raça, que
7
totalizam números inferiores a 500 animais, localizados nos municípios de
Corumbá, Aquidauana e Rochedo no Mato Grosso do Sul e Poconé no Mato
Grosso (ROMANI, 2012). Esses núcleos de conservação foram criados com o
objetivo de garantir a continuação do patrimônio genético das raças em extinção,
como a Pantaneiro, contando com a viabilidade de projetos de pesquisa que
englobam a caracterização e o uso, com agregação de valor, ao sistema de
produção local, por meio do aumento na produtividade do rebanho e do
desenvolvimento de manejo sustentável (JULIANO et al., 2007).
1.2.3 Raça Nelore
A raça Nelore (Figura 3) teve origem mil anos antes de Cristo, quando
os Arianos (Tribos do Afeganistão e Irã) encaminhavam tais animais para a Índia,
onde eram conhecidos como Ongole, e no Brasil como Nelore, em homenagem
ao local de onde originaram os primeiros animais, da região Nelore, da antiga
Província de Madras, Estado de Andra, situada na costa oriental da Índia
(SANTOS, 1998).
FIGURA 3 - Bovinos da raça Nelore Fonte: Rede Centro-Oeste Curraleiro e Pantaneiro
8
A história que transformou o Ongole indiano no Nelore brasileiro teve
início em meados do século XIX, quando datam os primeiros registros da entrada
no país de bovinos zebuínos advindos da Índia. Um destes registros data de 1868,
quando um navio que se destinava à Inglaterra ancorou em Salvador e um casal
de reprodutores acabou sendo comercializado (SANTIAGO, 1987).
Em meados de 1874, o Barão do Paraná adquiriu um casal do gado
Ongole em um zoológico de Londres, repetindo a compra em 1877. Em 1878, um
criador suíço com propriedade no Rio de Janeiro, o Sr. Manoel Ubelhart
Lembgruber comprou um casal no jardim zoológico de Hamburgo (Alemanha) e,
anos mais tarde, realizou novas aquisições aumentando seu rebanho. Dessa
maneira, o Ongole ou Nelore como a raça é conhecida, foi descoberto pelos
brasileiros e foi amplamente difundido no país, com destaque na área reprodutiva,
no cruzamento industrial e na pecuária de corte, tornando o Brasil, um dos
principais países exportadores de carne do mundo (COSTA, 1988).
Os animais desta raça possuem os pelos curtos, finos e lisos, tal
conformação auxilia na eliminação do calor; a pelagem é branco-cinza, e a pele
preta, características físicas importantes que os tornam capazes de refletir,
absorver, irradiar e filtrar as diversas radiações solares dos trópicos. Possuem
bons aprumos, cascos e ligamentos firmes, umbigo curto, vergalho bem
direcionado, com testículos largos, bem conformados e curtos (SARCINELLI et al.,
2007). Os machos adultos chegam a pesar 1.200 kg e as fêmeas entre 500 e 600
kg (SANTOS, 1995). A raça Nelore compõe parte do rebanho criado em
confinamento e é amplamente pesquisada, principalmente em relação ao
melhoramento genético com o objetivo de produzir animais mais produtivos
(FARIA et al., 2002).
1.2.4 Bovinos de corte em confinamento
As exportações de carne bovina do Brasil somaram US$ 5,77 bilhões em
2012, alta de 6,8% em relação ao resultado de 2008, que até então era considerada a
maior exportação registrada, de US$ 5,4 bilhões. Em relação a 2011, o crescimento
foi de 7,3% com a receita de US$ 5,375 bilhões registrada em 2011 (IBGE, 2012).
9
O confinamento de gado de corte começou a ser expandido a partir da
década de 80 para a adequada manutenção do rebanho durante o período seco,
fornecendo água e alimentos, pois nesta época ocorria redução na produção de
forragem (entressafra) e, consequentemente, redução de peso dos animais. O
número anual de bovinos confinados e a maior concentração destes são
crescentes, principalmente na região Centro Oeste, devido à logística de produção
de alimentos, menor custo da terra e oferta de mão de obra mais acessível
(LOPES & MAGALHÃES, 2005; MOREIRA et al., 2009).
O investimento no sistema intensivo de criação é alto, mas as
vantagens econômicas compensam gerando retorno rápido do capital investido,
pelo aumento da produtividade por área, maior ganho de peso em períodos
menores, melhor controle sanitário e uso de mão de obra qualificada. O
confinamento pode ser aplicado em pequenas propriedades abrangendo as
categorias bovinas como bezerros desmamados, novilhos e novilhas, e vacas de
descarte até atingirem peso de abate, além de racionalizar o uso da terra,
evitando desmatamentos ou exploração inadequada do solo (PEIXOTO et al.,
1993).
Uma das principais variáveis para o pecuarista avaliar os resultados do
sistema de engorda em confinamentos é o ganho de peso, o que influencia
diretamente na tomada de decisões desse sistema. Pois, os animais em
confinamento atingem o peso ideal para abate com espessura mínima de gordura
em menor tempo, o que os torna mais lucrativos (SOUZA et al., 2009).
Em contrapartida, os bovinos criados em confinamento estão expostos
a fatores estressantes como a superpopulação no piquete, poeira, exposição a
altas temperaturas e outras condições climáticas, como excesso ou falta de
umidade, que são prejudiciais à saúde e ao ganho de peso (MOBERG, 1987).
Um exemplo da influência de fatores estressantes sobre o ganho de
peso dos animais em confinamento é o estresse térmico, pois muitas vezes a
umidade relativa do ar e a temperatura ambiente ultrapassam a zona de conforto
térmico, dificultando a dissipação de calor, consequentemente aumentando a
temperatura corporal levando a um efeito negativo sobre o desempenho desses
bovinos (PEREIRA et al., 2008). O estresse pode também elevar o número de
eritrócitos circulantes, a concentração de hemoglobina e o volume globular;
10
interferir nas concentrações séricas das proteínas, ureia, creatinina, sódio,
potássio, cloretos, cortisol sérico, pH, densidade urinária e matéria seca das fezes
(FERREIRA et al., 2009).
As alterações provocadas não somente pelo estresse térmico, mas
também em outras situações estressantes, podem ser observadas pela
diminuição do apetite (MULLER et al., 1994) e por alterações fisiológicas que
abrangem a frequência cardíaca (PAES et al., 2003; PEREIRA et al., 2008), os
constituintes sanguíneos (BIRGEL JÚNIOR et al., 2001; PEREIRA et al., 2008),
temperatura retal, frequência respiratória e as concentrações hormonais
(FERREIRA et al., 2009).
1.2.5 Bem-estar animal
“O bem-estar de um indivíduo é seu estado em relação às suas
tentativas de se adaptar ao seu ambiente” (BROOM, 1986).
É uma combinação de bem-estar físico e mental advindo de uma dieta
equilibrada e água, em quantidades suficientes para evitar o sofrimento físico e
psicológico de fome e sede e deve ser relacionado às condições de qualidade de
vida, pois interfere positivamente na qualidade da carne, quando há redução do
estresse e instalação do conforto do animal (PARANHOS DA COSTA, 2002).
Alguns aspéctos são importantes para que os bovinos estejam em condições de
bem-estar, como: o espaço em si, permitindo que os animais se locomovam
livremente e mantenham suas atividades em um contexto social equilibrado; os
abrigos, para que possam se proteger dos rigores do clima; os alimentos,
incluindo as forragens, a água e os suplementos (QUINTILIANO & PARANHOS
DA COSTA, 2006). Diante deste contexto, a alimentação correta é fundamental
para o melhor desempenho e ganho de peso e, até o presente momento, pouca
atenção tem sido dada para se entender a ligação entre nutrição e bem-estar
animal (BERTONI et al., 2013). Na prática, o bem-estar é determinado, pelo
sistema de criação e manejo praticado pelos pecuaristas, que são altamente
influenciáveis pelos sinais econômicos recebem do mercado (TREVOR, 2013).
11
O código de bem-estar animal, da Inglaterra, Farm Animal Welfare
Council (FAWC), estabelecido para animais de produção, define bem os fatores
que envolvem o bem-estar animal, os princípios básicos das “Cinco Liberdades”
(CHEVILLON, 2001), em que o primeiro princípio diz respeito à liberdade
fisiológica em que há ausência de fome e sede; o segundo refere-se à liberdade
ambiental, em que o ambiente não seja excessivamente quente ou frio, nem
impeça o descanso e atividades normais, assim sendo, deve-se ter ausência de
desconforto térmico ou físico; o terceiro refere-se à liberdade sanitária, em que os
animais devem ser livres de injúrias e doenças; o quarto princípio diz respeito à
liberdade comportamental, dando aos animais a possibilidade para expressar
padrões de comportamento normais e o ambiente deve permitir esse
comportamento de acordo com a espécie e, finalmente, o quinto princípio, a
liberdade psicológica, em que se tem a ausência de medo e ansiedade. O animal
não deve ser exposto a situações que lhe provoquem angústia, ansiedade, medo
ou dor (FRASER & BROOM, 1997; FAO, 2013).
Os indicadores do bem-estar animal podem ser determinados pelas
características biológicas do animal como produtividade, sucesso reprodutivo,
taxa de mortalidade, comportamentos anômalos, atividade da adrenal, grau de
imunossupressão e incidência ou severidade de sofrimentos e doenças (BROOM
& MOLENTO, 2004).
Segundo PARANHOS DA COSTA & PINTO (2006) os comportamentos
anormais podem ser agrupados em categorias que caracterizam indicadores de
problemas de bem-estar, destacando-se: 1) Esteriotipias: pacing (animais
andando de um lado para o outro, sem razão aparente), abanar a cabeça: de
forma exagerada e repetitiva (restrição de espaço/animal), mastigação constante,
enrolar a língua; 2) comportamentos auto-destrutivos: auto-mutilação, lamber e
comer o seu próprio pelo, apetite depravado, hiperfagia e polidipsia; 3)
agressividade exagerada: dirigida a outros animais do próprio grupo; 4) falhas em
funções comportamentais: impotência sexual nos machos, desorientação durante
a cópula, rejeição do neonato, canibalismo maternal, dificuldades para deitar,
levantar e para se locomover; 5) reatividade anormal: apatia, inatividade
prolongada, hiperatividade e histeria; 6) comportamentos no vácuo: atividade
sexual dirigida a estímulos inadequados.
12
A espécie bovina, além de produzir alimentos para o consumo humano,
também é dotada de sentimentos, como medo, angústia, pavor, sofrimento,
ansiedade, além de curiosidade (PETERS et al., 2007). São animais que estão
acostumados a conviver em rebanho e quando isolados são predispostos ao
estresse e temem, instintivamente, ambientes estranhos (PARANHOS & COSTA,
2007).
Prevê-se que estudos possam abrir caminho para o desenvolvimento
de diretrizes e políticas capazes de incentivar pesquisadores e agências que
trabalham neste movimento a demonstrar o impacto dessas intervenções em
rendimentos para os agricultores, uma área que tem sido negligenciada até os
dias atuais (FAO, 2013). A manutenção de animais saudáveis é um componente
chave do bem-estar animal, assim como a alimentação sustentável, que aumenta
a sua produtividade e a rentabilidade para o produtor (TREVOR, 2013).
1.2.6 Estresse
Hans Selye (renomado médico austríaco), em julho de 1936, na revista
Nature, se referiu ao estresse entre homens e mulheres, definindo-o como
síndrome de adaptação geral ou síndrome produzida por vários fatores nocivos,
que logo após a exposição, o organismo reage com um determinado padrão
estereotipado de sinais e sintomas, que incluem hipertrofia das adrenais, atrofia
dos órgãos linfóides, transudação pleural e peritonial (KIELING, 2009).
Segundo SELYE (1976) ao estresse pode ser atribuído três fases:
1) Fase de reação de alarme: primeira reação ao fator estresse, sua resistência
diminui e se este for intenso, a morte poderá ocorrer;
2) Fase de resistência: ocorre após a fase do alarme, o animal se adapta e sua
resistência aumenta;
3) Fase de exaustão: o estresse persistente afeta o organismo, que havia se
ajustado, esgotando a energia de adaptação e, consequentemente, ressurge os
sinais de alarme, porém de forma irreversível, ocasionando a morte do animal.
O termo estresse descreve a parte do bem-estar animal deficiente a
qual se refere à falência nas tentativas de enfrentar as dificuldades (BROOM &
13
MOLENTO, 2004), ainda, podendo ser definido como um fator nocivo ambiental
sobre um indivíduo que sobrecarrega seus sistemas de controle na tentativa de
adaptação e retorno da homeostase (BROOM, 1993).
Segundo MORBERG (2000), estresse é a manifestação da interação
entre o estressor e a resposta ao estímulo, na qual o organismo tenta evitar ou
reduzir os efeitos do estressor. Os agentes exógenos, como calor, frio, umidade,
fome, sede, infecções, esforços corporais, infestações parasitárias, dor, poluição
sonora, elevada densidade populacional, isolamento, medo, ansiedade, entre
outras, que provocam estresse são denominados estressores. O estresse interfere
na homeostase dos seres vivos e estes desenvolvem uma resposta
comportamental e fisiológica contra o estímulo nocivo ou condição adversa do
ambiente (MAZIERO et al., 2012; PAES, et al., 2012).
Segundos após o estímulo, o eixo simpato-adrenal é ativado
(MORBERG, 1997) resultando na liberação de neurotransmissores adrenérgicos,
adrenalina e noradrenalina, a partir dos nervos simpáticos e da zona medular das
glândulas supra-renais e, dentro de minutos ocorre a liberação de glicocorticóides
pelo córtex da adrenal (Figura 4) aumentando a concentração sérica de cortisol
que pode durar horas na corrente sanguínea (HICKEY et al., 2003). A somatória
do cortisol com a liberação das catecolaminas da medula adrenal induz lipólise,
glicólise e catabolismo proteico, visando reestabelecer o equilíbrio orgânico
(LEFCOURT & ELSASSER, 1995).
O animal estressado constantemente, ao longo do tempo, poderá
desenvolver imunossupressão, pois os glicocorticóides são considerados
imunossupressores endógenos que atuam inibindo a produção de citocinas e
suprimindo a proliferação de linfócitos, ocasionando também redução da produção
e ação de diversos mediadores celulares, incluindo a atividade macrofágica
(CAMPOS et al., 2008).
O cortisol, considerado o hormônio do estresse, aumenta
consideravelmente em situações, como o confinamento, o transporte, ambientes
com temperaturas extremas. A avaliação do cortisol vem se tornando de grande
valia, para estabelecer o bem-estar animal e, consequentemente, auxiliando na
manutenção da homeostase (MARQUES FILHO et al., 2009).
14
FIGURA 4 - Eixo hipotálamo (CRH) - Hipófise (hormônio adrenocorticotrófico - ACTH) - adrenal (Glicocorticóides)
Fonte: http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/texto13.htm
O cortisol pode ser quantificado pela técnica de radioimunoensaio de
fase sólida mensurada por reagentes comerciais, por meio de uma avaliação
quantitativa, valendo-se do isótopo de iodo radioativo (I125) emissor de radiação
gama. Este método usa o antígeno marcado radioativamente e anticorpos para
determinar a concentração de antígenos de precisão, sendo muito usado para a
determinação da concentração de hormônios. A concentração do cortisol é
determinada por meio da comparação com uma curva de calibração e os valores
obtidos são inversamente proporcionais à quantidade de hormônio presente na
amostra (RODRIGUES, 2006).
15
A concentração plasmática média de cortisol oscila entre 2 e 12 µg/dL e
nos bovinos e esta aumenta cerca de 20 minutos após a exposição ao estresse
agudo, chegando ao seu pico máximo em até duas horas (SILANIVOKE, 2000).
A resposta do animal ao estresse pode ser resumida a partir de três
estágios: 1) reconhecimento de um estímulo estressante; 2) defesa biológica
contra o estímulo estressante; 3) consequências da resposta ao estresse;
portanto, o estresse é causador de efeitos negativos que também afetam a
produtividade devido a atrasos no crescimento e desenvolvimento (MORBERG,
2000).
Nas reações iniciais ocasionadas pelo estresse há influencia do
cortisol, assim como ocorre na injúria tecidual ou infecção levando o fígado a
sintetizar componentes que iniciam uma série de reações complexas, ditas de
fase aguda e a primeira reação durante a fase aguda envolve a resposta
inflamatória local (BAUMANN & GAULDIE, 1994). A inflamação local aciona
diretamente um sistema complexo iniciado por uma rede de proteínas e vários
tipos celulares para ampliar, manter, controlar e eventualmente resolver a reação
inflamatória, reestabecendo o equilíbrio do organismo; estes eventos são
coletivamente referidos como reação de fase aguda ou reação sistêmica da
inflamação, pois acompanham tanto quadros agudos como crônicos. Essas
alterações, distantes do sítio de inflamação, envolvem muitos órgãos e incluem
um grande número de reações comportamentais, fisiológicas, bioquímicas e
nutricionais (CECILIANI et al., 2012).
Dentre essa complexa resposta de fase aguda destaca-se a síntese e a
liberação de mediadores inflamatórios com efeitos agudos sobre a vascularização
como proteínas de fase aguda, cortisol, adrenalina, glicose entre outros
(PERTESEN et al., 2004), demostrados na figura 5, e também liberam os
mediadores inflamatórios sistêmicos advindos dos macrófagos teciduais, dos
quais as citocinas, o fator de necrose tumoral α (TNF-α) e as interleucinas (IL) 1 e
IL-6 são as principais mediadoras da síntese das proteínas de fase aguda [PFAs]
(KOGIKA et al., 2003).
As citocinas são proteínas solúveis e atuam como sinalizadores
moleculares intra e extracelulares envolvidos na regulação do sistema imune,
ativadas em casos de inflamação, respostas sistêmicas a injúria tecidual e na
16
hematopoiese. Suas funções incluem ativação da proliferação e migração celular,
e iniciação da apoptose (KANEKO et al., 2008).
A interleucina-3 (IL-3) é uma das citocinas fundamentais para
hematopoiese, e tem sua produção inibida em situações de estresse,
demonstrando a ligação existente entre sistema nervoso e sistema imune
(BESSLER et al., 2000). As IL-1 e IL-6 e TNF-α induzem efeitos locais como a
expressão de moléculas de adesão e de quimiocinas, facilitando a migração de
leucócitos, e efeitos sistêmicos onde ocorre a síntese de proteínas de fase aguda
(PFAs) (GRUYS et al., 2005; KRZYSZTOF et al., 2008).
FIGURA 5 – Mediadores inflamatórios. As setas azuis representam estimulação, enquanto as setas vermelhas apontam efeito inibitório
Fonte: Adaptação de PETERSEN et al. (2004)
17
1.2.7 Proteínas de fase aguda
As PFAs são classificadas de acordo com a intensidade de sua síntese
durante a resposta de fase aguda, sendo denominadas como positivas aquelas
que têm sua produção aumentada, e negativas as que têm sua produção
diminuída (GRUYS et al., 2005). E ainda, de acordo com sua expressão durante o
evento agudo, as negativas (albumina e transferrina), as fortemente aumentadas
(haptoglobina [Hp] e amilóide sérica A [SAA]), as moderadas (α1-glicoproteína
ácida [α1-GPA]) e as fracas (ceruloplasmina, proteína C-reativa [PCR] e
fibrinogênio) (PETERSEN et al., 2004; CRAY et al., 2009; ECKERSALL & BELL,
2010). Há uma controvérsia na literatura em relação a classificação do
fibrinogênio, onde este é considerado excelente marcador de inflamação em
bovinos (JAIN, 1993; MURATA et al., 2004; ECKERSALL et al., 2006; NAZIFI, et
al., 2009).
As citocinas pró-inflamatórias produzidas durante a resposta de fase
aguda sofrem um efeito inibitório decorrente de uma retroalimentação negativa
das PFAs, as quais acabam por regular sua própria síntese. Se o processo
continua, a ação da IL-1 inibe a produção das PFAs (ECKERSALL et al., 2006)
que possuem a capacidade de regular a produção de citocinas pró-inflamatórias e
a atividade de células mononucleares, produzindo assim, uma retroalimentação
negativa (feedback negativo), inibindo a produção de mais citocinas e
consequentemente de mais PFAs (ALMEIDA, 2006).
Durante a resposta inflamatória, a ligação das citocinas aos seus
respectivos receptores nos hepatócitos induz a produção do fator de transcrição
específico do fígado, que promove a transcrição dos genes que codificam diversas
PFAs (KRZYSZTOF et al., 2008). Coincidentemente, os níveis do fator de
transcrição nos hepatócitos que acarretam na transcrição da albumina e
transferrina, diminuem e consequentemente suas concentrações sanguíneas
também (KOGIKA et al., 2003; KANEKO et al., 2008). Desse modo, o fígado do
animal reage ao estresse produzindo as PFAs: proteína C-reativa (CPR),
fibrinogênio, ceruloplasmina, transferrina e alfa1-antitripsina, fundamentais para
coagulação, opsonização, inibição de proteases e outros fenômenos defensivos e
18
inflamatórios como a produção das gamaglobulinas (SGANGA et al., 1985; JAIN,
1993; GRUYS et al., 1994).
Com o aumento crescente do conhecimento na utilização de PFAs
como biomarcadores das condições inflamatórias de animais domésticos, é
provável que estes analitos sejam cada vez mais utilizados no diagnóstico e
prognóstico de desordens imunes, físicas e psicológicas nos animais de produção
(ECKERSALL & BELL, 2010).
a) Albumina
A albumina é a proteína encontrada em maior quantidade no
organismo, perfazendo um total de 35% a 50% das proteínas séricas nos animais.
Sintetizada e secretada pelos hepatócitos, com peso molecular de 66,4 kda, é
uma proteína não glicosilada de 583 aminoácidos e pH 5,6 (ECKERSALL & BELL,
2010).
A concentração da albumina pode ser indicador do conteúdo de
proteína na alimentação, apesar de que suas mudanças no sangue ocorrem
lentamente. PAYNE & PAYNE (1987) sugerem que para detectar mudanças
significativas na concentração sérica da albumina é necessário um período de um
mês, devido à baixa velocidade de síntese e de degradação desta proteína nos
ruminantes. Para KANEKO et al. (2008), em processos agudos, esta proteína se
torna uma das PFAs que estão diminuídas na circulação devido ao seu alto
aproveitamento pelos hepatócitos para síntese das PFAs positivas.
A diminuição da concentração sérica da albumina também pode ser
atribuída à absorção diminuída de proteínas, síntese deficiente de albumina,
excessiva degeneração proteica, ou perda de albumina, na inanição, na
desnutrição e em doenças gastrintestinais crônicas, nas quais há interferência na
digestão e na absorção proteica, e também nas hepatopatias crônicas (COLES,
1986).
Em casos de estresse, a concentração sérica desta proteína diminue,
dando suporte ao descrito por pesquisadores que a albumina é uma PFA negativa
(ECKERSALL & BELL, 2010).
19
b) Transferrina
Considerada uma glicoproteína responsável pelo transporte sanguíneo
de ferro a transferrina ou siderofilina está presente na fração β1- globulina e é
composta pela ligação de dois átomos de Fe3+. Atua no controle da absorção do
ferro intestinal bem como na sua distribuição no organismo (ECKERSALL &
BELL, 2010).
A oxidação do Fe2+ a Fe3+ é catalisada pela enzima ferroxidase. A
transferrina libera, para o metabolismo, somente um dos dois átomos de Fe3+ que,
então, se reduz a Fe2+ para as reações de formação de hemoglobina, ferritina
(nos órgãos hematopoiéticos), mioglobina (músculos), de enzimas heme (todas as
células) e para excreção no suor e na bile. O ferro é estocado sob a forma de
ferritina (ferro absorvível) e/ou hemossiderina (forma inabsorvível). Possui efeito
bactericida, pois indisponibiliza o Fe3+ para bactérias quando ocorre um processo
inflamatório (JAIN et al., 2011).
Com vida média em torno de 10 dias, essa proteína responde com
rapidez a mudanças no estado nutricional. A diminuição de sua concentração
sérica pode ser consequência da produção inadequada de transferrina por danos
nos hepatócitos, doença renal, leucemias, resposta de fase aguda e crônica
(ECKERSALL & BELL, 2010). As concentrações séricas elevadas podem indicar
deficiência grave de ferro, desnutrição ou gestação (JAIN, 1993; FUHRMAN et al.,
2004) processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos (ECKERSALL & BELL,
2010).
c) Haptoglobina (Hp)
A Hp é uma glicoproteína composta por duas subunidades alfa (α) e
duas beta (β), sendo que a α possui peso molecular entre 16 e 23 KDa e a β
possui 40KDa e se combinam na forma de cadeia β-α-α-β. Nos ruminantes, os
tetrâmeros de Hp formam polímeros com outros tetrâmeros de Hp e um complexo
macromolecular com peso de 1000 a 2000 KDa. Esta proteína foi descrita pela
primeira vez em 1938 como glicoproteína (α-1) capaz de aumentar a estabilidade
da enzima peroxidase da hemoglobina, quando ocorresse uma diminuição do pH
sanguíneo e, posteriormente, foram descritas funções como ligante de
hemoglobina, com efeito bacteriostático na defesa contra patógenos, por meio do
20
complexo Hp-Hb que é reconhecido pelo CD163, presente na superfície dos
macrófagos (PETERSEN et al., 2004). É também considerada estimuladora da
angiogênese, proteína participante no metabolismo de lipídios, no
desenvolvimento de fígado gorduroso em bovinos (PETERSEN et al., 2004) e
efeito imunomodulatório, por inibição na atividade dos granulócitos (CORAZZA et
al.,1997).
Altamente sensível como marcador positivo de inflamação e infecção
nos bovinos (HORADAGODA et al., 1999; ECKERSALL et al., 2006), a Hp tem a
sua concentração sérica aumentada em condições estressantes como o
transporte, o desmame, mudança de ambiente e infestação por parasitos
(FAGLIARI et al., 2007; GANHEIM et al., 2007; QIU et al., 2007; CARVALHO et
al., 2008; NAZIFI et al., 2009).
A diferença entre a Hp nos ruminantes e outras espécies é que essa
pode não estar presente no soro de animais saudáveis, aparecendo somente em
respostas de fase aguda, como descrito por ECKERSALL & BELL (2010), em que
ruminantes hígidos apresentam a concentração sérica de Hp menor que 20 mg/L,
mas pode aumentar para valores maiores que 2 g/L dentro de dois dias após a
infecção retornando a normal, duas semanas após a cura (ECKERSALL et al.,
2007). A Hp é a mais importante PFA em animais de produção e companhia
(CONNER et al., 1988), sendo considerada uma ferramenta útil em confinamento
e abatedouros, no momento de decisão sobre o descarte de animais suspeitos de
enfermidades, inflamação e estresse (TOURLOMOUSSIS et al., 2004).
d) Ceruloplasmina (Cp)
A Cp é uma glicoproteína (α-1GPA) com peso molecular em torno de
115.000 daltons (FAGLIARI et al., 2007). É descrita como uma PFA
transportadora, com importante papel no metabolismo e transporte do cobre,
essencial à eritropoiese, com funções imunológicas e removedoras de espécies
reativas de oxigênio produzidas na inflamação (GRUYS et al., 1994). Apresenta
concentração sanguínea aumentada em casos de processos inflamatórios,
infecciosos virais e parasitários (CECILIANI et al., 2012). Sua diminuição é
relatada ao nascimento, em casos de desnutrição, deficiência de absorção de
nutrientes, doenças renal e hepática, especialmente quando associada à
21
intoxicação por cobre (JAIN, 1993).
Embora o fígado a sintetize, outros tipos de células podem sintetizá-la
incluindo monócitos, astrócitos e células de Sertoli e em humanos tem sido uma
ferramenta chave para diagnosticar a Doença de Wilson, que é uma degeneração
hepatolenticular, cuja principal característica é o acúmulo de cobre em níveis
tóxicos (YAPUR et al., 2007).
Sua concentração sérica aumenta em condições estressantes como o
transporte, o desmame, a mudança de ambiente, em parasitoses (FAGLIARI et
al., 2007; QIU et al., 2007; NAZIFI et al., 2009).
e) Amilóide sérica A (SAA)
A SAA recebeu essa nomenclatura devido ao seu envolvimento com a
amiloidose reativa, pois, há relatos que um aumento de SAA na concentração
sanguínea e nos tecidos deva ser um pré-requisito para a precipitação da forma
insolúvel de SAA, sob a forma de fibrilas AA amiloidótica (CECILIANI et al., 2012).
Foram encontrados no genoma humano, três genes e um pseudo-gene que a
codificam, classificados em dois grupos: o de fase aguda e o SAA constitutiva. O
grupo de fase aguda é sintetizado pelo fígado, e também pelos tecidos extra-
hepáticos em bovinos (NGURE et al., 2008).
A SAA é uma proteína de fase aguda pequena, hidrofóbica de peso
molecular em torno de 9 a 14 kda, atua como apolipoproteína constituinte da
lipoproteína de alta densidade (HDL) e que na forma não associada com HDL é
capaz de induzir a produção de citocinas pró-inflamatórias por leucócitos
(ECKERSALL et al., 2001). Considerada uma apoproteína que se liga ao HDL
após a sua síntese, a SAA influencia o metabolismo do colesterol durante as
inflamações causando adesão e quimiotaxia de macrófagos espumosos,
carregados de colesterol no local da inflamação, impedindo assim seu acúmulo e
a formação de placas ateroscleróticas (CECILIANI et al., 2012).
É considerada como marcador positivo altamente sensível de
inflamação e infecção nos bovinos (HORADAGODA et al., 1999; ECKERSALL et
al., 2006) e seus valores sanguíneos aumentam em condições estressantes como
o transporte, o desmame, a mudança de ambiente, em parasitoses (PETERSEN
22
et al., 2004, FAGLIARI et al., 2007; GANHEIM et al., 2007; QIU et al., 2007;
CARVALHO et al. 2008; NAZIFI et al., 2009).
f) Alfa-1 glicoproteína ácida (α1-GPA)
Conhecida também como proteína orosomucóide, a α1-GPA, em
bovinos é constituída de 219 resíduos de aminoácidos e tem o seu pH em torno
de 3,5, com peso molecular em torno de 20,5 kda e um alto teor de carboidrato
(45%), com iguais proporções de hexose, hexosamina e ácido siálico, o que a
torna muito estável e muito solúvel, passando pelo filtro glomerular em larga
extensão, resultando em uma meia vida, de apenas cinco dias na circulação
sanguínea em humanos (PICHETH et al., 2002).
Sintetizada pelo fígado, granulócitos e monócitos, possui atividade
tanto pró como antinflamatória e entre suas funções estão: a inibição da resposta
quimiotática e da produção de superóxidos por neutrófilos, a inibição da
agregação plaquetária e a indução da liberação de citocinas de monócitos (IL-1β,
IL-6, IL-12, TNF-α, IL-1Ra e receptor de TNF-α solúvel) (CECILIANI et al., 2012).
A α1-GPA na fase aguda possui propriedades imunomoduladoras, de
reparo e de cicatrização, se liga a fármacos e sua resposta segue de moderada à
relativamente baixa em resposta à injúria tecidual em bovinos (CONNER et al.,
1988). Sua mensuração é indicada no monitoramento do tratamento de doenças,
como a fotossensibilização hepatógena (FAGLIARI et al., 2007).
g) Fibrinogênio
O fibrinogênio é uma glicoproteína hexamérica, com peso molecular em
torno de 340 kda, produzida no fígado e que compoe em média 5% das proteínas
plasmáticas nos mamíferos. Envolvido nas etapas finais da coagulação com
função importante na homeostase e coagulação, além de ser um bom indicador
de resposta a uma infecção aguda nos bovinos (JAIN, 1993; ECKERSALL et al.,
2006).
O fibrinogênio eleva sua concentração sanguínea rapidamente em
resposta a processos inflamatórios e em condições estressantes como transporte,
desmame, troca de habitat, infestações parasitárias (FAGLIARI et al., 2007;
23
GANHEIM et al., 2007; QIU et al., 2007; CARVALHO et al. 2008; NAZIFI et al.,
2009), processos infecciosos e neoplásicos (CARREPETO et al., 2006).
h) Proteína C-reativa (CRP)
A CRP foi descrita pela primeira vez em 1930, por Tillet e Francis em
uma reação C de polissacarídeos somáticos do Streptococcus pneumonae em
pacientes cardiopatas e a partir daí, tem sido largamente usada como proteína de
fase aguda em paciente com riscos coronários. Essa proteína possui estrutura
pentamérica com peso molecular de 62 kda, sendo sintetizada no fígado e
liberada no sistema circulatório em resposta a um estímulo inflamatório, sendo
que o mais potente deles é induzido pela IL-6 e a sua concentração sanguínea
eleva-se nas primeiras 24 a 48 horas do início do processo inflamatório (DU
CLOS, 2000).
Essa proteína é utilizada principalmente como um marcador de
inflamação e infecção, pois o mapeamento de seus valores pode ser útil em
determinar a evolução do processo infeccioso ou tratamento (JAIN et al., 2011).
Seus níveis séricos encontram-se aumentados em processos
bacterianos agudos e tendem a valores diminuídos em caso de processos virais
(SCHROEDL et al., 2003; JAIN et al., 2011).
i) Determinação de proteínas de fase aguda
Um dos métodos mais confiáveis para a identificação das PFAs é o
fracionamento eletroforético, seja por meio de separação de cargas elétricas ou
pelo próprio peso molecular das proteínas (KANEKO et al., 2008).
Segundo KANEKO et al. (2008), a eletroforese, em gel de agarose,
evidencia as proteínas separadas de acordo com suas respectivas cargas
elétricas, por meio de forças eletroforéticas e eletroendosmóticas presentes no
sistema que tem os fragmentos proteicos visualizados por meio de um corante
sensível a proteínas, porém, apresenta a desvantagem de permitir o
fracionamento de cinco a sete grupos de proteínas. Em relação as técnicas
envolvendo o suporte em agarose e acetato de celulose com a elaboração de
materiais com alta sensibilidade de fracionamento, foram agrupados três níveis de
qualidade técnica: o nível 1 é a tradicional separação “microzonal”, adequado à
24
determinação quantitativa por densitometria das cinco zonas classificadas por
albumina, alfa 1, alfa 2, beta e gama-globulina, as vezes se evidencia a presença
da pré-albumina (Figura 6) (KANEKO et al., 2008); o nível 2 com maior
capacidade resolutiva, por meio da projeção televisiva de imagens bidimensionais,
permite evidenciar diversas proteínas que fazem parte das cinco zonas
eletroforéticas (NAOUM, 1999) e o por fim, o nível 3 é obtido por tecnologia
altamente desenvolvida, o sistema Hi-Phore, o qual possibilita a identificação de
doze proteínas plasmáticas: pré-albumina, albumina, alfa-lipoproteína, alfa-1-
antitripsina, alfa-1-antiquimiotripsina, alfa-2-macroglobulina, haptoglobina,
globulina insolúvel, transferrina, complemento C-3, fibrinogênio e imunoglobulina.
O nível 3 é usado exclusivamente nas interpretações qualitativa e semi-
quantitativa conjuntamente, e deve ser associado aos métodos específicos de
imunoquímica para as dosagens quantitativas (NAOUM, 1999).
FIGURA 6 - Representação esquemática de eletroforese em gel de agarose e fracionamento eletroforético Fonte: BOTTINI (2007)
FAGLIARI et al. (1998), baseados na técnica desenvolvida por
LAEMMILI (1970), descreveram que o dodecil sulfato de sódio (SDS) é um
detergente anfipático cuja função é desnaturar as proteínas e convertê-las numa
estrutura linear, pois, sua forma nativa geralmente é globosa; conferindo-lhes
25
assim, densidade uniforme. O SDS as torna carregadas negativamente, para que
quando submetidas ao gel de poliacrilamida, migrem para o polo positivo e, a
velocidade desta migração depende do seu peso molecular, de modo que
proteínas mais pesadas migram mais lentamente e as mais leves mais
rapidamente (Figura 7).
FIGURA 7 - Gel de eletroforese, SDS-PAGE, corado pelo azul de coomassie
Após fracionamento o gel é submetido à coloração, durante 10 minutos,
em solução de azul de coomassie, constituída por 50,0% metanol, 40,0% de
água, 9,75% de ácido acético glacial e 0,25% de azul de coomassie. Em seguida,
o gel passa por solução de ácido acético a 7,0% para retirada do excesso de
corante, até que as frações proteicas se apresentassem nítidas. As concentrações
dessas proteínas são determinadas em densitômetro computadorizado. Como
referência é utilizada uma solução marcadora com pesos moleculares 29.000,
45.000, 66.000, 97.400, 116.000 e 205.000 dáltons (Da) e também proteínas
26
purificadas transferrina, haptoglobina, ceruloplasmina, alfa 1-antitripsina e IgG. A
quantificação das PFAs pela técnica SDS-PAGE auxilia na avaliação, em grupo,
da cinética das proteínas de fase aguda durante a resposta inflamatória,
facilitando o estabelecimento do diagnóstico das doenças animais (FAGLIARI &
SILVA, 2002; FAGLIARI et al., 2006).
Com o avanço tecnológico foram desenvolvidas técnicas mais precisas
de mensuração das PFAS, baseadas na formação do complexo antígeno-
anticorpo e que a partir de reagentes comerciais, quantificam isoladamente cada
PFA. São elas: a turbidimetria e a nefelometria. A nefelometria mede a luz
difundida a 90º (prisma) a partir de uma fonte policromática (lâmpada de mercúrio,
laser, tungsténio, silício ou xénon) emitindo vários comprimentos de onda (400 a
800nm), tornando-os mais ou menos sensíveis a partículas com diferentes
tamanhos. Esta técnica é particularmente sensível a partículas relativamente
pequenas (raio menor que 440nm) que seletivamente dispersam pequenos
comprimentos de onda. É altamente sensível na medição de substâncias com
fraca turbidez (OLIVEIRA, 2001).
A turbidimetria baseia-se na intensidade diminuída da luz transmitida
(turbidez) ao atravessar uma amostra em que ocorreu a reação antígeno-
anticorpo, utilizada em equipamentos de grande porte na rotina bioquímica, para
otimização do processo. É uma técnica altamente específica determinando com
exatidão o nível de ligação antígeno-anticorpo insolúvel, ocasionando uma
turbidez cuja intensidade é proporcional à quantidade de antígeno determinado no
espectrofotômetro (THOMAS, 1996).
A eleição entre um de ambos os métodos reside na irradiação da luz
(turbidez da amostra), se extensa é apropriado aplicar a turbidimetria; se é mínima
é apropriado a nefelometria. No caso das PFAs, a nefelometria revela-se melhor,
porque determina a concentração de poucas partes por milhão (ppm), com uma
precisão de 1% ao 5% (KANEKO et al., 2008).
27
1.2.8 Perfil hematológico e metabólico
a) Hemograma
Composto pelo eritrograma, integrado pela contagem do número de
hemácias (He), dosagem do teor de hemoglobina (Hb), determinação do volume
globular (VG), determinação dos índices hematimétricos absolutos: volume
corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração
da hemoglobina corpuscular média (CHCM); pelo leucograma que é exame da
série branca, e do plaquetograma (GARCIA NAVARRO, 2005), o hemograma
além fornecer várias informações para avaliação do estado de saúde, também é
utilizado para indicação do estado de estresse dos animais. Em bovinos, a
variação nos índices hematológicos devido ao estresse é menor do que nas
outras espécies (PAES et al., 2000).
A série branca sanguínea dos bovinos reage de forma diferente à
injúria tecidual nestes animais quando comparada a de outras espécies. Enquanto
espécies canina e felina possuem compartimento de reserva leucocitária e que, ao
menor sinal de infecção ou estresse libera um pool de neutrófilos segmentados
aptos à defesa do organismo na corrente sanguínea, porém, os ruminantes
possuem limitações, tendo uma resposta mais tardia a agressão tecidual e
liberando na circulação neutrófilos jovens (THRALL et al., 2007).
Devido a essa particularidade leucocitária nos ruminantes a associação
à investigação de parâmetros proteicos (albumina, globulina e fibrinogênio) é de
grande auxílio na averiguação de enfermidades agudas, do que a interpretação
isolada dos valores leucocitários (SILVA et al., 2008).
Em casos de estresse, os leucócitos são ativados, deflagrando a
produção de novas citocinas, num ciclo de realimentação positiva, só cessando
após a eliminação do agente agressor pelo sistema imune inato e adaptativo,
quando os eventos flogísticos são revertidos por mecanismos homeostáticos
antinflamatórios (RHEN & CIDLOWSKI, 2005).
b) Perfil metabólico
O termo perfil metabólico foi empregado por PAYNE et al. (1970)
referindo-se ao estudo de componentes hemato-bioquímicos, com o intuito de
28
avaliar, diagnosticar e prevenir transtornos metabólicos e servindo também como
indicador do estado nutricional.
A utilização do perfil metabólico em bovinos perfaz um método auxiliar
na avaliação de rebanhos com diferentes índices produtivos e reprodutivos, além
de atuar como uma importante ferramenta no diagnóstico clínico de doenças do
metabolismo e atuar como indicador do estresse nestes animais (CONTRERAS,
2000; PEIXOTO & OSORIO, 2007).
Os componentes bioquímicos sanguíneos mais comumente
determinados no perfil metabólico representam as principais vias metabólicas do
organismo (GONZALEZ, 2000). De acordo com SCHELLING (1984), os animais
podem ser avaliados segundo seu perfil energético e proteico. O perfil energético
é representado pela quantificação da glicose, ácidos graxos livres e β-
hidroxibutirato, além da determinação do escore corporal. Segundo PAYNE &
PAYNE (1987), o perfil proteico é representado pela quantificação da albumina e a
ureia, que indicam o estado proteico, respectivamente, em longo e curto prazo.
A interpretação de provas bioquímicas que refletem a integridade e a
função do fígado e rins é complexa, devido à grande variação que estes analitos
podem apresentar em decorrência de diversos fatores, principalmente, regime
alimentar, idade e estado fisiológico (PAYNE & PAYNE, 1987). Outros aspectos
como raça, estresse, manejo e clima, também podem desencadear alterações
bioquímicas que podem refletir-se no perfil metabólico (GONZALEZ & SHEFFER,
2002).
LIMA & FIORAVANTI (2010) preconizaram que ainda devem ser
realizadas pesquisas sobre estabelecimento de padrões de normalidade para
valores bioquímicos em bovinos, pela escassez de dados nos rebanhos
brasileiros. Ressaltam ainda que tais valores de normalidade para as raças sejam
advindos de amostras aleatórias dos indivíduos da população original, permitindo
trabalhar com faixas de variação menores que as mencionadas pela literatura.
1.2.9 Alterações patológicas de bovinos em confinamento
Os problemas no confinamento que afetam o gado de corte envolvem
fatores ou condições que contribuem para a diminuição do desempenho animal
29
com consequente prejuízo ao produtor. Dentre esses fatores, estão os que afetam
os animais individualmente, que são os distúrbios metabólicos, as doenças e
intoxicações. As mais frequentes envolvem botulismo, enterotoxemia, doenças de
pele como dermatomicose e dermatofilose, laminite, timpanismo e intoxicação por
uréia (BRANDINI, 1996). Em relação às doenças de ordem hepática, é comum a
ocorrência de abcessos, telangectasias e colangite (VASCONCELOS &
GALYEAN, 2008).
No exame histopatológico, é frequente a presença de macrófagos
espumosos no fígado de bovinos saudáveis (MOREIRA et al., 2009) e é comum a
associação desses macrófagos a presença de colangite (DREIMEIER et al., 1998;
FIORAVANTI et al., 2003; MOREIRA et al., 2009). Dentre a análise
histopatológica dos linfonodos, o linfonodo mesentérico pode apresentar
macrófagos espumosos e, segundo DRIEMEIER et al. (1999), isso ocorre,
supostamente, devido à dieta recebida por esses animais.
Os macrófagos espumosos são células de citoplasma abundante, com
inúmeros vacúolos pequenos de lipídios, aparentemente vazios, que dão ao
citoplasma aparência de espuma podendo ser encontrados em qualquer sítio de
lesão celular e reação inflamatória, como resultado da fagocitose do colesterol das
membranas das células destruídas (COTRAN et al., 1999).
1.3 Justificativa
Como as raças locais brasileiras em risco de extinção, em especial a
Curraleiro Pé-Duro e a Pantaneiro, têm perdido território para a criação de
zebuínos, é necessário à ampliação do conhecimento sobre suas características
fisiológicas e produtivas, como forma de estabelecer métodos para a elaboração
de estratégias de manejo e conservação dessas raças.
Com o crescimento do movimento “Bem-Estar Animal” no mundo e
segundo normas propostas no Brasil e na União Europeia quanto ao confinamento
de bovinos de corte, a ausência do estresse, comprovada pelas baixas
concentrações de seus indicadores bioquímicos e hormonais, é cada vez mais
30
indispensável para a valorização comercial do produto oriundo desse sistema de
criação.
Um destes indicadores de estresse envolve a mensuração de PFAs.
Essas proteínas permitem elucidar a fisiopatologia dos processos patológicos
envolvidos na resposta orgânica a infecções e quadros de estresse, e a sua
quantificação fornece informações importantes sobre a resposta inflamatória de
fase aguda e sua evolução, podendo ser utilizada para avaliar o bem-estar animal
dentro de um sistema de criação.
Neste contexto, a produção de conhecimento sobre a resposta dos
marcadores biológicos de diferentes raças frente a sistemas intensivos de criação
é fundamental para o desenvolvimento da pecuária nacional.
1.4 Objetivos
Objetivou-se com esse estudo avaliar a resposta ao estresse de
bovinos das raças Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e Nelore terminados em
confinamento.
Os objetivos específicos foram:
Determinar o perfil hematológico de bovinos de diferentes raças terminadas em
confinamento;
Determinar o padrão de resposta ao estresse do confinamento em bovinos de
diferentes raças por meio da quantificação das proteínas de fase aguda e do
cortisol;
Avaliar o perfil metabólico de bovinos de diferentes raças terminadas em
confinamento;
Estabelecer o desempenho de bovinos de diferentes raças terminados em
confinamento e verificar as alterações histopatológicas do fígado e linfonodos.
31
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findings in cattle. Foodborne Pathogens and Disease, Larchmont, v. 1, n. 4,
p. 281-290, 2004.
124. TREVOR, J. D. Reducing variability in nutrient consumption: Improving
health, welfare and profitability of dairy cows fed total mixed rations in: FAO
Enhancing animal welfare and farmer income through strategic animal
feeding - some case studies. Roma: FAO Animal Production and Health
Paper, 2013. cap. 1, p 1-6.
125. VASCONCELOS, J. T.; GALYEAN, M. L. Assas centennial paper:
contribuition in the journal of animal science to understanding cattle metabolic
and digestive disorders. Journal of Animal Science, Champaign, v.86, n.7,
p.1711-1721, 2008.
126. YAPUR, V. M.; BUSTOS, M. F.; GONZALEZ, A. S.; NEGRI, G. A.
Ceruloplasmina: determinación de su actividad ferroxidasa. Acta bioquímica
clínica latino-americana, La Plata, v. 41, n. 3, p. 347-351. 2007.
46
CAPÍTULO 2 – HEMOGRAMA, CORTISOL E CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE
PROTEÍNAS DE FASE AGUDA EM BOVINOS DAS RAÇAS CURRALEIRO PÉ-
DURO, PANTANEIRO E NELORE TERMINADOS EM CONFINAMENTO
Resumo O principal indicador de estresse é aumento do hormônio cortisol sérico e as proteínas de fase aguda são marcadores biológicos primários no caso de injúria tecidual. Foram avaliados 45 bovinos, 15 Curraleiro Pé-Duro (Gcur), 15 Pantaneiro (Gpan) and 15 Nelore (Gnel) Foram colhidas amostras de sangue para a mensuração do cortisol, proteínas de fase aguda e hemograma em três momentos, dia zero (M0), aos 56 dias (M56) e aos 103 dias (M103) de confinamento. Os valores de cortisol no Gnel foram maiores em M0 (2.97 µg/dL) em relação a M103 (2.53 µg/dL). O volume globular, a hemoglobina e a α-1 glicoproteína ácida foram mais elevados em M103 em Gcur, Cpan e Gnel em relação a M0. A concentração da ceruloplasmina em Gcur e Gpan foi menor em M56 quando comparada ao M0. A IgG apresentou maiores valores em M0 nos três grupos, em relação a M103 e as concentrações de haptoglobina, em Gnel, foram maiores em M0
e M103 em relação ao M56 (p<0,05). A albumina apresentou valores menores em M0 em Gcur, Cpan e Gnel e a transferrina apresentou maiores valores em M103 em Gpan e Gnel quando comparados a M0. O fibrinogênio no Gpan e Gnel foi menor em M103 em relação ao M0. O sistema de confinamento para bovinos da raça Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e Nelore ocasiona discretas alterações no eritrograma e na proteína de fase aguda (α1- glicoproteína ácida) Palavras-chave: estresse, perfil hematológico, raças locais, sistema intensivo, SDS-PAGE, zebuínos. HEMOGRAM, CORTISOL, AND SERUM CONCENTRATIONS OF ACUTE PHASE PROTEIN OF CURRALEIRO PE-DURO, PANTANEIRO AND NELLORE CATTLE IN FEEDLOT Abstract The main indicator of stress is the increase in serum cortisol, and the acute phase serum proteins are biological markers in case of primary tissue injury. The objective of this study was to evaluate the physiological markers of stress of bovines in feedlot system. We evaluated 45 bovines in the experiment, 15 Curraleiro Pe-Duro (Gcur), 15 Pantaneiro (Gpan) and 15 Nellore (Gnel). We collected blood samples for measurements of cortisol, acute phase proteins and hemogram at three moments: day zero (M0), at 56 days (M56) and at 103 days (M103) of feedlot. Cortisol values in Gnel were higher at M0 (2.97 µg/dL) than at M103 (2.53 µg/dL). The values of hematocrit, hemoglobin and α-1-acid glycoprotein, in Gcur, Cpan and Gnel were higher at M103 compared to M0. The concentration of
47
ceruloplasmin in Gcur and Gpan was lower at M56 compared to M0. The IgG values were higher at M0 in the three groups relative to M103 and the concentrations of haptoglobin in Gnel were higher at M0 and M103 relative to M56 (p <0.05). Albumin had lower values at M0 in Gcur, Cpan and Gnel and transferrin values ere higher at M103 in Gpan and Gnel compared to M0. Fibrinogen in Gpan and Gnel was lower at M103 relative to M0. Feedlot system for Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro and Nellore bovines causes discrete alterations in eritrogram and acute phase protein (α-1-acid glycoprotein). Keywords: stress, blood profile, local breeds, intensive system, SDS-PAGE, zebuine.
1 Introdução
Durante a colonização, os portugueses introduziram no Brasil, bovinos
oriundos da Península Ibérica com diversas finalidades, entre elas a alimentação
dos colonos. Tais animais foram submetidos a um longo período de seleção
natural, adquirindo rusticidade, prolificidade e resistência (MARIANTE & EGITO,
2002). Dentre esses bovinos, merecem destaque as raças Curraleiro Pé-Duro e
Pantaneiro, pois são animais rústicos que se adaptaram e sobreviveram em
condições adversas, em regiões com pastagens nativas, onde outras raças não
sobreviveriam (BIANCHINI et al., 2006; JULIANO et al., 2007; FIORAVANTI et al.,
2008; TEIXEIRA, 2009).
Com a introdução do Nelore no Brasil em meados do século XX, a
busca constante por melhoramento na produção de carne resultou na expansão
dessa nova raça, principalmente nas regiões Centro Oeste e Sudeste, de modo
que, o número de animais das raças Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro, ao longo
dos anos, foi diminuindo e, atualmente, estão sob o risco de extinção, tornando-se
necessária à ampliação do conhecimento sobre suas características fisiológicas e
produtivas como forma de estabelecer métodos para a elaboração de estratégias
de manejo, acompanhamento e conservação das raças (JULIANO et al., 2009).
O número anual de bovinos confinados e a quantidade de sistemas
intensivos de criação são crescentes, principalmente, na região Centro Oeste,
onde a logística de produção de alimentos e a oferta de mão de obra são mais
acessíveis e qualificadas (LOPES & MAGALHÃES, 2005; MOREIRA et al., 2009).
48
O desenvolvimento sustentável dos bovinos terminados em confinamento deve
obedecer às diretrizes de bem-estar animal propostas pelo Decreto-Lei n.º
155/2008 (BRASIL, 2008) e pela Europgap (Euro Retailer Produce Working Group
Eurep) que visam, além da proteção à saúde pública, minimizar o estresse em
animais confinados, para obtenção de produtos com maior qualidade e maior
preço comercial e, consequentemente, gerando maior rentabilidade para o
produtor (TREVOR, 2013).
Em sistemas de criação que visam alta produtividade, os bovinos até
então condicionados ao seu habitat natural, quando atingem a fase de terminação
são conduzidos ao confinamento e o estresse consequente do transporte, do novo
ambiente e mesmo do período de adaptação pode abalar o bem-estar desses
animais (PARANHOS DA COSTA et al., 2002).
Como indicador de bem-estar animal, em um primeiro momento, o
hemograma de animais submetidos a situações de desconforto apresenta
alterações como policitemia relativa (contração esplênica) e leucocitose por
neutrofilia e linfocitose (GARCIA NAVARRO, 2005). A espécie bovina, por possuir
particularidades fisiológicas quanto à série branca apresenta uma amplitude
menor quanto aos índices hematológicos quando comparada a outras espécies
(PAES et al., 2012), tornando-se necessária a associação à outros parâmetros
para melhor investigação da resposta desses animais a injúrias agudas (SILVA et
al., 2008).
O principal indicador de estresse é o aumento sérico do hormônio
cortisol. Quando o estresse ocorre, o eixo hipófise-hipotálamo, por meio da
produção e liberação do hormônio adenocorticotrófico (ACTH), induz a glândula
adrenal produzir e liberar cortisol no sangue, aumentando seus valores séricos
(GUYTON & HALL, 2011).
Outros indicadores são as proteínas de fase aguda (PFAs), que
apresentam alta sensibilidade em bovinos, atuando como marcadores biológicos
primários no caso de injúria tecidual (HORADAGODA et al., 1999). As alterações
no organismo provocadas pelo estresse podem ser identificadas pela
quantificação de glicoproteínas, produzidas principalmente pelo fígado, em
resposta a estímulos vindos das interleucina 1 (IL-1) e interleucina 6 (IL-6)
(GRUYS et al., 2005). Segundo CECILIANI et al. (2012), nos bovinos as principais
49
PFAs são a haptoglobina (Hp), a amiloide sérica A (SAA), que tem seus aumentos
considerados como fortes, a ceruloplasmina, o fibrinogênio, a α1 glicoproteína
ácida (α1-GPA) como moderado, a fetuína e a proteína C-reativa (PCR) como
fracas, a albumina e a transferrina que diminuem durante a resposta de fase
aguda (PETERSEN et al., 2004).
Assim, considerando-se a grande importância de marcadores séricos
no estudo do estresse, propõe-se com este estudo avaliar a resposta orgânica
frente a uma condição de confinamento de bovinos das raças Curraleiro Pé-Duro,
Pantaneiro e Nelore, por meio da avaliação do hemograma e da dosagem sérica
de cortisol, haptoglobina, ceruloplasmina, fibrinogênio, α1- glicoproteína ácida,
albumina, globulinas e a transferrina.
2 Material e métodos
O confinamento foi realizado na Fazenda Tomé Pinto, de propriedade
da EVZ/UFG, no Município de São Francisco de Goiás (Latitude: 15°50’ 43.44’S e
Longitude: 49° 15’ 30.86”0). O período experimental teve início em 17/12/2009 e
término em 30/03/2010. Foram utilizados 45 bovinos das raças Curraleiro Pé-
Duro, Pantaneiro e Nelore, machos, inteiros, com idade aproximada de 24 meses,
que constituíram três grupos experimentais: 15 bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur),
15 bovinos Pantaneiros (Gpan) e 15 Nelores (Gnel). Todos os procedimentos foram
realizados obedecendo aos princípios éticos da Sociedade Brasileira de Ciência
em Animais de Laboratório (SBCAL) e as diretrizes de bem-estar animal segundo
Decreto-Lei n.º 155/2008 (BRASIL, 2012).
Os nove piquetes do confinamento, acomodando cinco bovinos de
cada raça, foram compostos de cochos adequados, iluminação, piso, sombra e
área de 8x12/m², espaço suficiente para deixar os animais confortáveis
(QUINTILIANO & PARANHOS DA COSTA, 2006).
50
O resumo do planejamento experimental está exposto no quadro 1.
QUADRO 1- Planejamento experimental
Etapa do experimento Período Atividade
Período de adaptação 21 dias Adaptação nutricional e manejo
sanitário
Período experimental
M0 (dia 0)
Colheita de sangue M56 (dia 56)
M103 (dia 103)
No período de adaptação, que consistiu de 21 dias, os bovinos foram
submetidos a manejo sanitário, com vacinação contra febre aftosa e clostridioses
e tratamento com ectoparasiticidas e endoparasiticidas, a base de ivermectina,
conforme calendário profilático recomendado para a região.
O período de confinamento se estendeu aos 103 dias posteriores à
fase de adaptação. Os bovinos receberam alimentação balanceada, duas vezes
ao dia, às 8 horas e às 14 horas, sob a forma de dieta total, com 70% dos
nutrientes provenientes da ração e 30% do volumoso (silagem de sorgo),
considerando o consumo para uma sobra de 5% a 10% do fornecido. Água foi
fornecida à vontade. A ração foi balanceada de acordo com a exigência para a
espécie seguindo as recomendações do National Research Council – NRC (1996)
e os principais ingredientes da ração foram farelo de soja, milho e uréia comercial.
Com os bovinos devidamente imobilizados em brete de contenção
tradicional, foram realizadas três colheitas de sangue ao longo do experimento,
sendo que a primeira ocorreu no último dia do período de adaptação, denominado
momento zero (M0), após jejum prévio de 12 horas. As outras duas colheitas
ocorreram aos 56 dias (M56) e aos 103 dias (M103) da fase de confinamento. Após
venopunção da jugular, foram colhidos 5 ml de sangue em tubos à vácuo
contendo anticoagulante EDTA-K2 (BD Vacutainer®, Becton Dickinson, Juiz de
51
Fora, MG) para a realização do hemograma e determinação da proteína
plasmática e do fibrinogênio. Essas amostras foram conservadas e transportadas
em caixa térmica contendo gelo artificial (Gelox®).
Para as demais dosagens séricas foram colhidos 10 ml de sangue em
tubo a vácuo sem anticoagulante (BD Vacutainer®, Becton Dickinson, Juiz de
Fora, MG), que foram armazenados e transportados em temperatura ambiente
para posterior centrifugação em macrocentrífuga (Fanem®) não refrigerada, a
4.000 rotações por minuto (RPM) por 10 minutos após retração do coágulo. O
soro foi separado em alíquotas e congelado à -20°C até o momento de
processamento das amostras.
Os exames hematológicos e bioquímicos foram realizados no
Laboratório Multiusuário do Programa de Pós Graduação da EVZ/UFG. O
hemograma foi realizado em aparelho automatizado (BC 2800 Vet®, Mindray®) em
até 12 horas após a colheita. A avaliação da morfologia celular e contagem
diferencial dos leucócitos em esfregaço sanguíneo foram realizadas conforme
JAIN (1993).
A proteína plasmática foi determinada pelo uso do refratômetro. A
quantificação do fibrinogênio foi realizada por meio da técnica de precipitação no
tubo de micro-volume globular a 56ºC (JAIN, 1993).
As análises bioquímicas foram realizadas no espectrofotômetro
semiautomático (Modelo Bio-2000, Bioplus®, São Paulo, SP). A proteína total e a
albumina sérica foram determinadas com reagentes comerciais (Labtest®
Diagnóstica S.A., Lagoa Santa, MG) pelo método colorimétrico, as proteínas
séricas por reação com o biureto e a albumina pela reação do verde de
bromocresol. As globulinas foram obtidas pela subtração do valor da albumina
das proteínas totais. A relação albumina/globulina e a relação
proteína/fibrinogênio foram calculados segundo KANEKO et al. (2008).
52
O proteinograma foi processado no Laboratório de Apoio à Pesquisa do
Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da FCAV/UNESP/Campus de
Jaboticabal/SP. A separação das frações proteicas foi realizada utilizando-se
eletroforese em gel de acrilamida contendo dodecil sulfato de sódio (SDS PAGE),
conforme técnica descrita por LAEMMLI (1970). Como referência foi usada
solução marcadora (Labtest® Diagnóstica S.A., Lagoa Santa, MG) marcadores
moleculares 29.000, 45.000, 66.000, 97.400, 116.000 e 205.000 dáltons (Da),
além das proteínas purificadas transferrina, haptoglobina, ceruloplasmina, α1-
antitripsina e IgG (Sigma-Aldrich®, Saint Louis, MO).
As amostras de cortisol foram quantificadas por radioimunoensaio em
fase sólida (RIE), empregando-se do isótopo I125, por meio de reagentes
comercias no Laboratório de Nutrição Animal do Centro de Energia Nuclear na
Agricultura (CENA) da Universidade de São Paulo (USP).
Os dados foram analisados por meio do software Statistical Analysis
System (SAS) 2002-2008 Licenciado para Empresa Brasileira Pesquisa
Agropecuaria - EMBRAPA, Site 70068704, versão 9.2; pela aplicação após
verificação da normalidade dos resíduos pelo teste Shapiro-Wilk, pelo
procedimento Univariate (análise univariada) e da homogeneidade das variâncias,
pelo teste F. Para as variáveis que apresentaram normalidade, foi realizada
análise de variância com o desdobramento das interações entre os três
momentos, nas três raças. Para as variáveis que não apresentaram distribuição
normal de resíduos, foi realizado o teste de Kruskal Wallis. Em todos os
procedimentos foram adotados nível de significância de 5%.
Devido à escassez de pesquisas destinadas as raças locais submetidas
ao confinamento, somente o momento zero (M0) foi comparado com a literatura
encontrada para cada raça.
53
3 Resultados
No hemograma, a hemoglobina e o volume globular expressaram
valores mais elevados ao fim do confinamento no Gpan e Gnel, e no M56 e M103 em
Gcur (p<0,05). Os resultados referentes ao eritrograma dos bovinos do
experimento estão descritos na tabela 1.
A concentração sanguínea de leucócitos totais e a avaliação absoluta
das células brancas não apresentaram valores significativos (p<0,05) nos três
grupos. Os valores referentes ao leucograma para as três raças testadas estão
expressos na tabela 2.
No Gnel, a concentração sérica da haptoglobina (Hp) no M56 foi menor
(p<0,05) que M0 e M103 e a PFA ceruloplasmina ( Cp) em Gcur e Gpan foi menor em
M56 quando comparada ao M0. Os valores séricos da α 1-glicoproteína ácida
(GPA) nos três grupos foram menores (p<0,05) no M0 em relação a M103. A
transferrina (Transf) demonstrou valores maiores (p<0,05) no M103 em relação a
M0 no Gpan e Gnel. A IgG no Gcur e Gnel teve sua concentração diminuída no M56 e
M103, ao passo que o Gpan, apresentou seus valores diferentes (p<0,05) entre M0 e
M56. Uma proteína não identificada nominalmente com peso molecular de 23.000
Daltons foi observada nas três raças. Os valores encontrados para as proteínas
de fase aguda estão apresentados na tabela 3.
Os três grupos apresentaram valores maiores (p<0,05) no M103 em
relação ao M0 para a concentração sérica de albumina. Os valores referentes à
relação da albumina: globulina foram menores no M0 quando comparados ao M103
no Gpan e no Gnel esses valores foram menores no M56. O fibrinogênio no Gcur
apresentou valores decrescentes (p>0,05) entre M0 e M103 no Gpan e o Gnel.
A dosagem de cortisol sérico no Gnel apresentou maiores valores no M0
aos demais momentos do experimento. Os resultados das proteínas totais,
albumina, globulinas, relação albumina: globulina (A: G), fibrinogênio, relação
fibrinogênio/proteínas e cortisol estão descritos na tabela 4.
54
TABELA 1 - Valores do eritrograma realizado em bovinos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento
Parâmetros
Média (Desvio Padrão) Mediana (Intervalo de Confiança)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
He (10
6/µL)
M0 7,15
(0,84) 7,57
(1,70) 7,84
(0,93) 7,09
(0,43) 7,4
(0,48) 7,68
(0,39)
M56 7,18
(0,95) 7,07
(0,8)
8,04
(1,05) 7,25
(0,86) 7,10
(0,40) 7,47
(0,66)
M103 7,06
(0,78) 7,55 (1,3)
7,99 (1,63)
6,82 (0,47)
7,2 (0,53)
7,33 (0,20)
Hb (g/dL)
M0 9,54
b
(1,04) 9,58
b
(2,30)
10,86b
(1,11) 9,60
(0,53) 9,00
(1,16) 10,60
(0,56)
M56 11,17
a
(2,02) 9,76
b
(1,64) 10,93
b
(1,57) 10,40
(1,02) 9,30
(0,83) 10,20
(0,79)
M103 12,03
a
(1,48) 12,52
a
(2,71)
13,23a
(2,21) 11,90
(0,60) 12,10
(1,37) 12,70
(1,12)
VG (%)
M0 31,31
b
(3,45) 32,42
b
(7,78) 31,63
b
(3,01) 31,40
(1,75)
29,90
(3,94) 30,50
(1,52)
M56 33,86
ab
(3,50)
31,27b
(4,13) 33,12
b
(3,76) 33,50
(1,77) 30,20
(2,09) 32,50
(1,75)
M103 36,30
a
(3,42) 35,46
a
(6,84) 38,15
a
(6,27) 36,00
(1,73) 33,60
(1,90) 36,80
(3,17)
VCM (fL)
M0 43,97
b
(3,59) 42,96
b
(3,88) 40,54
b
(2,63) 44,22
(1,82) 42,71 (1,96)
40,08
(1,33)
M56 47,42
ab
(3,49) 44,31
ab
(3,92) 41,37
ab
(2,62) 47,12
(1,77) 44,56
(1,98) 41,32
(1,33)
M103 51,65
a
(4,17) 47,01
a
(3,92) 48,35
a
(5,04) 52,65
(2,11) 46,40
(1,98) 46,84
(2,55)
HCM (g/dL)
M0 13,39
b
(1,01) 12,67
b
(0,97) 13,90
b
(0,72)
13,15
(0,51) 12,68
(0,49) 13,78
(0,36)
M56 15,55
a
(1,84) 13,79
a
(1,48) 13,64
b
(1,25) 15,93
(0,93) 13,50
(0,75) 13,77
(0,63)
M103 17,08
a
(1,60) 16,62
a
(2,26) 16,75
a
(1,71) 17,00
(0,81) 16,16
(0,14) 16,67 (0,87)
CHCM (%)
M0 30,50
b
(1,51) 29,55
c
(1,22) 34,36
a
(1,93) 30,64
(0,76) 29,49
(0,62) 34,61
(0,98)
M56 32,79
ba
(3,08) 31,14
b
(1,93)
32,97b
(2,04) 31,05
(1,56) 31,21
(0,98) 33,10
(0,50)
M103 33,10
a
(2,11) 35,23
a
(2,36) 34,75
a
(2,79) 32,86
(1,07) 35,14
(1,19) 34,22
(0,91)
He=Hemácias, Hb=Hemoglobina, VG=Volume globular, VCM=Volume corpuscular médio, HCM=Hemoglobina corpuscular média, CHCM=Concentração da hemoglobina corpuscular média. Teste de Kruskall Wallis. Letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05).
55
TABELA 2 - Valores do leucograma realizado em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento
Parâmetros
Média (Desvio Padrão) Mediana (Intervalo de Confiança)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
Leuco (/ μL)
M0 10586,67 (2651,65)
10126,67 (3271,62)
8673,33 (1877,87)
9700,00 (1341,90)
9400,00 (1655,64)
8800,00 (950,32)
M56 11173,3 (2838,88)
11100,00 (2915,23)
11240,00 (3124,66)
11100,00 (1436,28)
10400,00 (1475,28)
10900,00
(1581,27)
M103 12166,67 (4590,78)
10640,00 (2809,12)
9553,33 (2598,86)
10600,00 (2323,21)
10600,00 (1421,58)
9700,00 (1315,1
8)
Basto (/ μL)
M0 50,53 (136,50)
0,00 (0,00)
0,00
(0,00) 0,00
(69,08) 0,00
(0,00) 0,00
(0,00) M56 30,80
(83,90) 14,67
(56,80) 33,47
(45,08) 0,00
(42,46) 0,00
(28,70) 0,00
(45,08)
M103 20,53
(54,19) 6,47
(25,00) 32,80
(57,53) 0,00
(27,42) 0,00
(12,70) 0,00
(57,53)
Neutro
Seg
(/ μL)
M0 4098,00 (1205,69)
3595,47 (1333,08)
3544,33 (980,45)
3956,00 (610,15)
3198,00 (674,62)
3575,00 (496,17)
M56 3947,87
(1677,49) 4400,87
(1612,50) 4275,73
(2048,01) 3744,00 (848,91)
4620,00 (816,02)
4180,00 (1036,4
2)
M103 4251,47 (1813,49)
3794,53 (1125,94)
3824,67 (1421,78)
3124,00 (917,74)
3640,00 (569,79)
3432,00 (719,51)
Linfo
(/ μL)
M0 5454,13 (1444,21)
5504,33 2070,87
4381,73 1096,01
5170,00 (1047,99)
5170,00 (1047,99)
4400,00 (554,65)
M56 6025,07 (1796,05)
5578,53 (1674,37)
5713,22 (2889,03)
6104,00 (908,91)
5355,00 (847,33)
5200,00 (1462,0
2)
M103 6508,13 (2510,42)
5779,87 (1813,97)
4848,07 (1466,94)
6695,00 (1270,42)
5454,00 (917,98)
4280,00 (742,36)
Mono
(/ μL)
M0 512,87
(332,95) 564,60
(290,79) 298,47
(163,56) 453,00
(168,49) 552,00
(147,16) 264,00 (82,77)
M56 502,53 (336,76)
538,60 (277,99)
493,47 (301,25)
444,00 (170,42)
424,00 (140,68)
498,00 (152,45)
M103 486,60
(376,18)
552,47
(237,00) 357,27
(178,59) 355,00
(190,37) 465,00
(119,94) 324,00 (90,38)
Eos
(/ μL)
M0 471,13 (448,73)
444,13 (253,91)
402,33 (203,59)
410,00 (227,08)
432,00 (128,49)
392,00 (103,03)
M56 667,07 (463,42)
480,20 (252,43)
431,20 (390,40)
486,00 (234,52)
424,00 (127,74)
267,00 (197,57)
M103 750,47
(568,75) 468,53
(346,88) 336,53
(301,43) 618,00
(287,82) 393,00
(175,54) 252,00
(152,54)
Leuco= leucócitos, Basto=neutrófilos bastonetes, neutro seg= neutrófilos segmentados, linfo= linfócitos, mono=monócitos e eos= eosinófilos.Teste de Kruskall Wallis.
56
TABELA 3 - Valores da dosagem sérica das proteínas de fase aguda (PFAs), haptoglobina (Hp), ceruloplasmina (Cp), α1-glicoproteína ácida (GPA), transferrina (Transf), imunoglobulina A (IgA), imunoglobulina G (IgG), proteína não-identificada (PM23) mensuradas em bovinos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento
PFAS
(mg/dL)
Média (Desvio Padrão) Mediana (Intervalo de Confiança)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
*Hp
M0 6,97
(1,37) 6,71
(1,44) 9,05
a
(3,45)
6,96
(0.69) 6,48
(0,73) 9,45
(1,75)
M56 5,77
(1,15) 5,89
(2,02) 6,45
b
(3,10) 5,88
(0,58) 5,76
(1,02) 6,01
(1,57)
M103 7,03
(3,06) 7,28
(2,48) 10,40
a
(3,17) 6,81
(1,55) 7,27
(1,26) 10,30 (1,26)
*Cp
M0 37,63
a
(9,72) 44,06
a
(17,16) 41,55
(20,62) 38,29 (4,92)
43,29 (8,68)
37,91 (5,20)
M56 29,94
b
(8,23) 30,08
b
(7,87) 29,70
(10,27) 27,44 (4,16)
30,41 (3,98)
29,76 (10,43)
M103 33,38
ab
(12,79) 39,23
ab
(13,12) 31,18
(13,09) 32,39 (6,47)
37,25 (6,64)
31,26 (6,62)
**GPA
M0 19,21
b
(5,82) 20,50
b
(3,92) 23,77
b
(3,86) 16,99 (2,95)
20,37 (1,98)
24,17 (1,95)
M56 30,43
a
(5,17) 33,62
a
(8,84) 32,92
b
(9,80) 30,95 (2,62)
35,42 (4,47)
33,05 (4,96)
M103 29,51
a
(6,01) 35,30
a
(8,76) 37,89
a
(11,50) 29,45 (3,04)
32,00 (4,43)
35,02
(5,82)
*Transf
M0 246,40 (93,91)
256,48b
(67,83) 304,80
b
(125,38) 263,83 (47,52)
256,30 (34,33)
309,69 (63,45)
M56 276,18
(105,90) 328,71
ab
(80,51) 316,33
ab
(113,50) 270,99 (53,59)
304,5 (40,74)
304,05 (57,44)
M103 331,65 (76,38)
374,88a
(94,57) 389,26
a
(171,40) 335,57 (38,65)
372,67 (47,86)
469,15 (86,74)
**IgA
M0 117,79 (45,77)
109,96 (38,08)
129,73 (56,96)
120,40 (23,16)
109,37 (19,27)
121,18 (28,83)
M56 109,89 (36,66)
112,18 (26,64)
111,95 (27,13)
98,64 (18,55)
103,37 (13,48)
108,62 (13,73)
M103 137,86
(89,31) 96,61
(40,28) 138,39
(51,91) 94,06
(45,20) 86,81
(20,38) 136,05 (26,27)
**IgG
M0 2364,28
a
(841,81) 2217,75
a
(350,07) 2019,6
a
(275,20) 2169,11 (426,01)
2126,08 (177,16)
1966,40 (139,27)
M56 1866,08
b
(282,39) 1926,91
b
(267,40) 1764,69
b
(228,21) 1833,83 (142,91)
1980,96 (135,32)
1793,59 (115,49)
M103 1936,79
b
(224,18) 1987,29
ab
(496,39) 1556,18
b
(146,09) 1954,04 (113,45)
1892,25 (251,20)
1578,28 (73,93)
**PM23
M0 174,19
(39,22) 184,84
b
(29,47) 250,76
a
(246,01) 171,75 (19,85)
184,42 (14,91)
42,61 (21,56)
M56 172,44
(48,68) 218,99
a
(53,27) 212,52
b
(211,28) 175,42 (24,64)
235,90 (26,96)
67,29 (34,05)
M103 150,00
(28,99) 180,97
b
(37,27) 215,85
c
(225,02) 142,44 (14,67)
179,24 (18,86)
56,70 (28,69)
Letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05).* Teste de Kruskall Wallis, ** Analise de varianças.
57
TABELA 4 - Valores da dosagem de proteína total sérca, albumina (A), globulina (G), relação A:G, fibrinogênio, relação P:F e cortisol realizada em bovinos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento
Parâmetros
Média (Desvio Padrão) Mediana (Intervalo de Confiança)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
**PT sérica (g/dL)
M0 6,87
(0,45) 7,43
(0,55) 7,35
(0,59) 6,85
(0,28) 7,46
(0,28) 7,45
(0,30)
M56 6,94
B
(0,45) 7,51
A
(0,53) 7,57
A
(0,52) 6,98
(0,23) 7,55
(0,27) 7,43
(0,26)
M103 7,37
(0,34) 7,51
(0,54) 7,48
(0,41) 7,35
(0,17) 7,60
(0,27) 7,48
(0,21)
*Albumina (g/dL)
M0 2,69
b
(0,28) 2,60
b
(0,27) 2,75
b
(0,39) 2,65
(0,14) 2,58
(0,14) 2,86
(0,20)
M56 2,93
a
(0,20) 2,95
a
(0,25) 3,13
a
(0,28) 2,91
(0,10) 2,94
(0,13) 3,13
(0,14)
M103 3,13
a
(0,17) 3,03
a
(0,23) 3,27
a
(0,18) 3,17
(0,09) 3,00
(0,12) 3,29
(0,09)
*Globulina (g/dL)
M0 4,30
(0,54) 4,22
(0,53) 4,25
(0,71) 4,10
(0,25) 5,02
(0,27) 4,62
(0,36)
M56 4,17
(0,50) 4,12
(0,51) 4,13
(0,51) 3,97
(0,27) 4,63
(0,26) 4,40
(0,26)
M103 3,95
(0,33) 3,93
(0,69) 3,88
(0,44) 4,16
(0,17) 4,53
(0,35) 4,17
(0,22)
*Relação A:G
M0 0,66
(0,13) 0,54
b
(0,09) 0,62
a
(0,15) 0,66
(0,07) 0,52
(0,05) 0,64
(0,08)
M56 0,60
(0,11) 0,59
ab
(0,11) 0,57
b
(0,12) 0,74
(0,06) 0,65
(0,06) 0,66
(0,06)
M103 0,64
(0,07) 0,62
a
(0,17) 0,61
a
(0,11) 0,75
(0,04) 0,65
(0,09) 0,78
(0,06)
**Fibrino-gênio
(mg/dL)
M0 486,67
(232,58) 666,67
a
(222,40) 586,67
a
(223,18) 600
(117,70) 600,00
(112,62) 600,00
(112,94)
M56 546,67
(206,56) 493,33
ab
(212,02) 426,67
ab
(198,09) 600
(104,53) 400
(107,29) 400
(100,25)
M103 553,33
(313,66) 420,00
b
(283,35) 413,33
b
(331,38) 400
(158,73) 400
(143,39) 200
(167,69)
*Relação F:P
M0 11,60 (4,49)
18,00 (3,95)
25,00 (7,10)
11,60 (2,30)
11,00 (2,00)
11,67 (3,60)
M56 11,80 (9,11)
18,50 (10,38)
26,50 (11,39)
11,60 (4,60)
15,00 (5,30)
18,50 (6,8)
M103 13,81
(11,73) 21,28
(11,65) 25,62
(12,59) 16,50 (5,90)
19,50 (5,90)
32,0 (6,40)
**Cortisol (ng/dL)
M0 2,97
(2,24) 2,42
(1,37) 2,97
a
(1,02) 3,40
(1,13) 2,04
(0,69) 2,73
(0,52)
M56 2,19
(1,33) 1,89
(1,10) 1,67
b
(0,61) 1,42
(0,67) 1,47
(0,56) 1,78
(0,31)
M103 2,34
(1,83) 1,66
(1,10) 2,53
b
(1,43) 1,67
(0,93) 1,41
(0,56) 2,29
(0,72)
Letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05). *Teste de Kruskall Wallis, ** Analise de varianças.
58
4 Discussão
Os valores do eritrograma no M0 obtidos no Gcur e Gpan foram similares
aos descritos em literatura, na raça Curraleiro Pé-Duro (PAULA NETO, 2004) e na
raça Pantaneiro (BORGES et al., 2011a). No Gnel, no M0, os valores da
concentração da hemoglobina foram inferiores aos descritos por FAGLIARI et al.
(1998) em adultos da raça Nelore criados em sistema extensivo (9,93 a 15,29
mg/dL).Os três grupos apresentaram aumento na concentração da Hb ao fim do
período do estudo e o mesmo ocorreu com o VG, exceto nos momentos M56 e M0
no Gpan. O aumento do VG e Hb geralmente são resultados de policitemia relativa,
por desidratação ou contração esplênica, quadros não ocorridos neste
experimento, pois os valores do número de hemácias não sofreram alterações,
exceto um leve aumento no M56 no Gnel. Assim, pode-se atribuir a elevação sérica
do VG e Hb à alimentação de qualidade e equilibrada fornecida a esses animais
no confinamento, o que é corroborado por RICHARDSON et al. (2002) ao
afirmarem que a alimentação balanceada contribui para a adequada produção de
células sanguíneas.
Em relação aos índices hematimétricos, o VCM no Gcur, Gpan e Gnel no
M103 apresentaram maiores valores (p<0,05) em relação ao M0. O aumento do
VCM assim como da HCM, por serem obtidos a partir dos valores do VG e Hb,
provavelmente foi decorrente das mesmas causas apresentadas para tais
parâmetros, que foi a alimentação.
O leucograma no M0 apresentou valores, dentro dos parâmetros de
normalidade, similares aos bovinos criados em sistema extensivo descritos para a
raça Curraleiro Pé-Duro (PAULA NETO, 2004), para a raça Pantaneiro (BORGES
et al., 2011a) e para a raça Nelore (FAGLIARI et al., 1998). Os valores
encontrados para os eosinófilos e monócitos no M0 foram similares aos descritos
para as raças Curraleiro Pé-Duro (PAULA NETO, 2004), Pantaneiro (BORGES et
al., 2011a) e Nelore (FAGLIARI et al., 1998). Devido à ausência de diferenças
(p<0,05) para os resultados do leucograma, sugere-se a não ocorrência de
estresse nos animais e também pelo fato desses não apresentarem estereotipias
comportamentais para tal. Sabe-se que aumento dos componentes da série
branca pode ser observado após alguns segundos da descarga adrenérgica e em
59
minutos após liberação de cortisol, sendo o primeiro liberado no momento da
contenção e punção venosa e o segundo durante o manejo em condições de
desconforto, o que resulta frequentemente em leucocitose por neutrofilia. O
aumento ou diminuição do número de linfócitos, eosinófilos e monócitos
dependerá do momento em que há predominância da secreção de adrenalina ou
cortisol, que resultará em linfocitose ou linfopenia, eosinofilia ou eosinopenia e
monocitose ou monocitopenia, respectivamente, além de policitemia relativa que
poderá ser observada na primeira situação (THRALL et al., 2007; SILVA et al.
2012).
A IgA no M0, teve sua concentração sérica diminuída no Gcur e no Gnel
quando comparados aos valores encontrados em literatura para a raça Curraleiro
Pé-Duro (BARINI, 2007; JULIANO et al., 2009) e para a raça Nelore (FAGLIARI et
al., 2007), respectivamente.
Os valores séricos no M0 da IgG em Gcur e em Gnel foram semelhantes
aos encontrados por JULIANO et al. (2009) para a raça Curraleiro Pé-Duro e por
FAGLIARI et al. (2006) para a raça Nelore. As maiores concentrações séricas
dessa imunoglobulina em Gcur e Gpan foram encontradas no M0 e as menores no
M56. Entretanto, no Gnel os valores foram menores no M103 (p<0,05). O sistema
imunológico dos animais, estimulado durante o manejo profilático (início do
período de adaptação) gerou aumento nos valores das gamaglobulinas nos três
grupos nos momentos iniciais e, ao longo do período experimental, ocorreu
diminuição nos valores séricos dessas proteínas. Outro fator que poderia ter
interferido seria o estresse do transporte, porém existem relatos do
reestabelecimento da homeostase em bovinos 24 horas após do transporte (PAES
et al., 2000).
Os valores referentes à haptoglobina (Hp) no M0 no Gcur foram menores
aos encontrados (7,14 mg/dL a 38,0 mg/dL) por JULIANO et al. (2009). O Gnel
também apresentou valores inferiores quando comparados aos descritos por
FAGLIARI et al. (2007) que variaram entre 32,80 mg/dL a 40,20 mg/dL. Os grupos
apresentaram valores reduzidos de Hp quando comparados aos valores descritos
por CECILIANI et al. (2012) para bovinos hígidos (15,50 mg/dL a 15,40 mg/dL).
Não existem relatos na literatura quanto à mensuração das PFAs em bovinos da
raça Pantaneiro. Embora tenha ocorrido aumento nos valores dessa PFA no Gnel
60
no M103 em relação ao M56, pode-se somente comparar o M0 aos achados de
literatura, pois tais relatos envolvem somente animais criados em sistema
extensivo e, ainda, o confinamento em questão seguiu as normas de bem-estar
animal, o que provavelmente reduziu os efeitos do estresse, conforme relatado por
ECKERSALL & CONNER (1988) e GANHEIM et al. (2007) que descreveram que
bovinos quando não estão submetidos ao estresse ou doença podem apresentar
níveis reduzidos ou ausentes desta PFA.
Os valores séricos de ceruloplasmina encontrados no Gcur foram
superiores aos observados na literatura (JULIANO et al., 2009), ocorrendo o
mesmo com o Gnel (FAGLIARI et al., 2007; SIMPLICIO, 2011). O Gcur e Gnel não
apresentaram diferenças entre M0 e M103, porém ocorreu uma oscilação destes
valores, com diminuição da Cp no M56. Sendo considerada como fraco marcador
de estresse em bovinos (PETERSEN et al., 2004), sabe-se que essa PFA possui
meia-vida em bovinos em torno de quatro dias, e que está intimamente
relacionada ao metabolismo do cobre (CECILIANI et al., 2012) e ao metabolismo
do ferro, além de atuar como anti-oxidante (ECKERSALL & CONNER, 1988).
As concentrações séricas de α1-GPA no M0 no Gcur apresentaram
resultados similares aos valores encontrados por JULIANO et al. (2009). Os
valores no Gnel foram superiores aos encontrados por FAGLIARI et al. (2007). Os
grupos Gpan e Gnel apresentaram resultados semelhantes aos valores descritos por
CECILIANI et al. (2012), que variaram entre 20 mg/dL e 45,0 mg/dL. Todos os
grupos apresentaram os maiores valores no M103 (p<0,05) em relação aos demais
momentos. A α1-GPA é considerada um marcador moderado para processos
infecciosos em bovinos (CECILIANI et al., 2012), porém não foram encontrados
relatos vinculando a α1-GPA ao estresse. Entretanto, o aumento significativo
dessa PFA nos três grupos, ao fim do experimento, sugere que possa ter ocorrido
um leve estresse durante o período de confinamento, uma vez que não foram
diagnosticadas doenças infecciosas nesses animais.
Os valores séricos de transferrina encontrados no M0 no Gcur foram
semelhantes aos valores (74,73 mg/dL a 409,31 mg/dL) descritos por JULIANO et
al. (2009) para bovinos Curraleiros Pé-Duro. Os valores encontrados no Gnel foram
muito próximos dos valores (271,1 mg/dL ± 21,7) encontrados por FAGLIARI et al.
(2007). A transferrina sérica em momentos de injúria encontra-se diminuída por
61
ser uma PFA negativa, pois nestas ocasiões, encontra-se ligada a íons de ferro
para prevenção de possíveis danos teciduais (GRUYS et al., 2005), portanto, os
resultados encontrados sugerem que tal situação não ocorreu e provavelmente a
elevação dos valores foi resultado da qualidade da alimentação empregada no
confinamento.
No M0 a proteína PM 23.000 daltons apresentou valores inferiores aos
descritos FAGLIARI et al. (2007), que variaram entre 371,6 ± 28,9 mg/ dL no Gnel.
A existência desta proteína foi também relatada por JULIANO et al. (2009) em
bovinos da raça Curraleiro Pé-Duro, porém seus valores não foram mensurados.
Nesse estudo, a PM 23.000 apresentou valores diferentes no Gnel nos três
momentos avaliados, sendo encontrado o maior valor no M0. Não se sabe ao certo
a função dessa proteína, somente que se apresenta elevada em processos
inflamatórios agudos, o que não foi o ocorrido com este grupo, visto que seus
valores diminuíram em relação a M0.
Os valores referentes à albumina no M0, nos três grupos, se
encontraram dentro dos valores de normalidade descritos para as raças Curraleiro
Pé-Duro (BARINI, 2007; JULIANO et al., 2009), Pantaneiro (BORGES et al.,
2011b), mas inferior aos encontrados por FAGLIARI et al. (1998) e FIORAVANTI
(1999) e semelhante aos descritos por SILVA et al. (2008) para a raça Nelore. A
albumina, além de ser uma proteína de fase aguda negativa que pode ter seus
valores diminuidos em condições de estresse, é considerada um marcador
nutricional, por se manter basicamente à custa da proteína da dieta. Os bovinos
receberam alimentação balanceada atendendo à demanda nutricional para a
manutenção e ganho de peso de 1 Kg/dia durante o confinamento experimental,
fato que provavelmente não ocorria antes, pois eram criados em manejo
extensivo. Portanto, às concentrações séricas crescentes da albumina podem ser
explicadas pela qualidade dos alimentos fornecidos aos bovinos (CONTRERAS,
2000).
Os valores da relação A:G no M0 no Gcur foram inferiores se comparado
com os resultados encontrados por JULIANO et al. (2009). No Gnel, os resultados
estiveram dentro do parâmetro de normalidade e semelhantes aos relatados por
SILVA et al. (2008). Ao se observar os valores maiores da albumina no M56 e M103
e a não alteração significativa das globulinas em todos os grupos, esperava-se um
62
aumento da relação A:G no decorrer do experimento, considerando os valores
médios, que aconteceu somente no Gpan. Alguns animais, quando analisados
isoladamente, apresentaram concentração sérica de globulinas mais elevada que
os demais dentro do mesmo grupo e alguns apresentaram variações nos valores
séricos da albumina, o que gerou tal situação. Quando tais valores resultaram na
média considerada, apesar de estarem dentro dos limites sugeridos por KANEKO
et al. (2008) de 0,42 a 0,76 g/dL, observaram-se valores diferentes no Gpan e Gnel.
Uma baixa relação A:G pode refletir superprodução de globulinas, produção de
albumina deficiente ou extravasamento desta da circulação e a alta relação A:G
sugere um déficit de produção de globulinas (KANEKO et al., 2008).
A concentração sérica de fibrinogênio no M0 apresentou valores dentro
dos parâmetros de normalidade no Gcur similares aos descritos por JULIANO et al.
(2009) e no Gnel semelhantes aos encontrados por FAGLIARI et al. (2006) e SILVA
et al. (2008). No Gpan, observou-se no M0 resultados superiores aos citados por
BORGES et al. (2011b), cujos valores oscilaram entre 308,70 mg/dL e 580,70
mg/dL. Os valores dessa proteína no Gpan e Gnel apresentaram decréscimo ao
longo do experimento. O fibrinogênio é considerado uma PFA e tem seus níveis
plasmáticos elevados em casos de mudanças hidro-eletrolíticas, vacinação e
estresse, além de ser excelente marcador de inflamação em bovinos (JAIN, 1993;
MURATA et al., 2004; ECKERSALL et al., 2006; NAZIFI et al., 2009).
Em casos de hiperfibrogenemia, como observado no Gpan no M0, deve-
se estabelecer a relação proteína plasmática: fibrinogênio (PP:F) para
discernimento da causa, se doença ou se desidratação, pois nesta última, devido
à hemoconcentração, todas as proteínas séricas estarão elevadas
transitoriamente e, por conseguinte, o fibrinogênio, por fazer parte deste grupo de
proteínas (SILVA et al., 2008). A relação PP: F ≥15,0 significa que o aumento do
fibrinogênio é relativo e se deve apenas a desidratação; entre 10,0 e 15,0 deve-se
a um processo inflamatório e abaixo de 10,0 significa que o aumento do
fibrinogênio é real e acentuado ocasionado por um processo inflamatório severo
(JAIN, 1993). Segundo esta relação, os animais do Gpan poderiam estar
desidratados no M0 recuperando os valores hídricos nos momentos seguintes do
experimento. Os valores encontrados para a relação PP:F foram semelhantes aos
valores descritos por JULIANO et al. (2009) para a raça Curraleiro Pé Duro,
63
criados a campo e para animais da raça Nelore criados em confinamento (SILVA
et al., 2008).
O cortisol sérico do Gnel no M0 apresentou valores inferiores aos
descritos por REIS et al. (2006) para a raça Nelore (3,68 µg/dL). GATTO (2007),
trabalhando com Nelore em confinamento e em baias individuais verificaram
valores entre 2,50 µg/dL e 2,95 µg/dL, respectivamente, que foram similares aos
observados no M0 no Gnel. Não há relatos em literatura de quantificação do cortisol
para as raças Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro. SILANIVOKE (2000) descreveu
valores entre 2,0 a 12,0 µ/dL como adequados para o cortisol bovino. O Gcur, Gpan
não apresentaram variações na concentração sérica de cortisol, entretanto, o Gnel
apresentou uma diminuição significativa desse hormônio no M56 e M103 em relação
ao M0. Os animais do Gcur, Gpan e Gnel não apresentaram, em nenhum momento,
esteriotipias características de estresse. À medida que os animais se habituam a
uma determinada situação ou manejo, em que não há desconforto na sua
homeostase, a tendência é que se tornem menos estressados (ANDRIGHETTO et
al., 1999). Os bovinos agressivos tendem a aumentar o nível de estresse em
manejo de contenção constante ao contrário dos animais mais dóceis que se
condicionam a tal situação (GRANDIN, 1988). A docilidade é uma característica
importante no confinamento, pois contribui para sua otimização e, o medo e a
ansiedade são características indesejáveis que resultam em estresse e,
consequentemente, reduzem o bem-estar animal e também o desempenho
(PARANHOS DA COSTA et al., 2002).
5 Conclusão
O sistema de confinamento para bovinos da raça Curraleiro Pé-Duro,
Pantaneiro e Nelore ocasiona discretas alterações caracterizadas por elevação no
volume globular, na quantidade de hemoglobina e na concentração sérica da
proteína de fase aguda α1-glicoproteína ácida.
64
Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) pelo
financiamento do projeto. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de doutorado.
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CAPÍTULO 3 – PERFIL METABÓLICO, AVALIAÇÃO PONDERAL E
MORFOLOGIA HEPÁTICA E DE LINFONODOS DE BOVINOS DAS RAÇAS
CURRALEIRO PÉ-DURO, PANTANEIRO E NELORE TERMINADOS EM
CONFINAMENTO
Resumo Os sistemas intensivos de produção na cadeia da carne brasileira representam parcela importante do agronegócio. Objetivou-se com este estudo comparar o desempenho produtivo, o perfil metabólico e as características histológicas do fígado e linfonodos de três raças de bovinos submetidos ao confinamento. Incluíram-se no experimento 45 bovinos, sendo 15 da raça Curraleiro Pé-Duro (Gcur), 15 Pantaneiro (Gpan) e 15 Nelore (Gnel). As amostras de sangue para a determinação do perfil metabólico foram colhidas em três momentos, dia zero (M0), aos 56 dias (M56) e aos 103 dias (M103) de confinamento e foram realizadas 8 pesagens. Após o abate, colheram-se fragmentos de fígado, linfonodos mesentérico, pré-escapular e crural para realização do exame histopatológico. O desempenho ponderal foi satisfatório em todos os grupos. A ALP e a GGT apresentaram valores maiores em M103, e a AST valores menores em M103. O perfil proteico (albumina e ureia) e energético (colesterol) revelaram valores maiores ao fim do experimento em relação ao inicio. Nos três grupos, foram encontrados infiltrados inflamatórios no parênquina hepático, macrófagos espumosos no fígado e linfonodo mesentérico, porém essas alterações não influenciaram no ganho de peso desses animais. O desempenho produtivo das três raças terminadas em confinamento foi considerado adequado, apesar das avaliações laboratoriais (bioquímicas e histológicas) indicarem presença de colangio-hepatite. Palavras-chave: Bioquímica, desempenho ponderal, macrófagos espumosos, raças locais, zebuínos. METABOLIC PROFILE, PERFORMANCE, LIVER AND LYMPH NODES MORPHOLOGY OF CURRALEIRO PÉ-DURO, PANTANEIRO AND NELLORE CATTLE IN FEEDLOT Abstract Intensive beef production systems represent an important part of the Brazilian agribusiness. The objective of this study was to compare the performance, metabolic profile and histological features of the liver and lymph nodes of three cattle breeds subjected to feedlot. We evaluated 45 bovines in the experiment, 15 Curraleiro Pe-Duro (Gcur), 15 Pantaneiro (Gpan) and 15 Nelore (Gnel). We collected blood samples to quantify the metabolic profile at three times: day zero (M0), at 56 days (M56) and at 103 days (M103) of feedlot, and carried-out 8 weighings. After slaughter, fragments of liver, mesenteric, pre-scapular and crural lymph nodes from each animal were collected for histopathological examination. The weight gain was satisfactory in all groups. The ALP and GGT were higher at M103, and AST values were higher at M0. The protein profile (albumin and urea) increased
72
throughout the experiment and the energy profile (cholesterol) showed higher values. We found foamy macrophages in the liver and mesenteric lymph nodes in all three groups, but these changes did not affect the weight gain of the animals. The metabolic and enzymatic profiles, histopathological evaluation of liver and lymph nodes in Curraleiro Pe-Duro, Pantaneiro and Nellore cattle breeds in feedlot showed cholangiohepatitis, but the changes did not affect the animals productive performance. Keywords: Biochemistry, foamy macrophages, local breeds, zebuine, weight gain.
1 Introdução
O confinamento é o sistema de criação intensiva, onde bovinos são
dispostos em lotes ou piquetes com área restrita e a alimentação e a água são
oferecidos em cochos. É aplicado a bovinos em terminação, que é a fase da
produção que precede o abate do animal (CARDOSO, 1996). Neste sistema
intensivo de criação é necessário o controle da dieta e monitoramento da resposta
animal com a vantagem de permitir o uso de alimentação estocada, a qual elimina
quase todos os contratempos causados por imprevistos climáticos, além de
permitir a utilização de subprodutos da indústria (COSTA et al., 2002), gerando
maior rentabilidade ao produtor, alavancando o agronegócio.
A avaliação do perfil metabólico foi desenvolvida na década de 70 no
intuito de investigar as doenças de produção que acometiam o rebanho bovino
(WITTWER, 2000). Essa avaliação, conjuntamente com a determinação de alguns
analitos sanguíneos, perfaz um método auxiliar no exame de rebanhos com
diferentes índices produtivos e reprodutivos, sendo também considerada essencial
no diagnóstico clínico de doenças do metabolismo (PEIXOTO & OSORIO, 2007).
Entretanto, o perfil metabólico, não deve ser tratado como exame nutricional do
rebanho, pois seus componentes não indicam a condição nutricional, apesar de
englobar indicadores sanguíneos informativos das interações provocadas pelo
excesso ou pela deficiência de nutrientes na alimentação do rebanho, e de
fornecer informações que possam ser utilizadas em avaliações de testes de
tolerância ao calor e resposta ao estresse (CONTRERAS, 2000; WITTWER,
2000). Essa avaliação do perfil metabólico, quando aplicada a animais confinados
73
pode ser associada ao ganho de peso, ao desempenho porcentual e ao ganho de
peso diário, permitindo um conhecimento prévio do tempo de terminação desses
animais, para avaliar a própria eficácia deste sistema (OLIVEIRA, 1999).
Faz parte da averiguação do perfil metabólico de um animal a avaliação
do perfil energético e proteico. Como provas avaliadoras do perfil energético
podem ser utilizadas a concentração plasmática da glicose, a concentração sérica
do colesterol e concentração sérica da enzima aspartato aminotransferase (AST)
(WITTWER, 2000), além do próprio ganho de peso (SCHELLING, 1984). Embora
a glicose plasmática seja considerada um indicador fraco do metabolismo, devido
à resposta insuficiente da glicemia a mudanças nutricionais e a sensibilidade ao
estresse (CONTRERAS, 2000; PEIXOTO & OSORIO, 2007), ainda é um dos
principais índices de energia, especialmente em casos de balanços energéticos
negativos (PAYNE & PAYNE, 1987).
Os dois principais indicadores do metabolismo proteico em ruminantes
são as concentrações séricas de ureia e albumina. A ureia demonstra o estado
proteico recente do animal, enquanto que a albumina representa a resposta de
prazo mais longo (PAYNE & PAYNE, 1987). A síntese da ureia no fígado depende
da quantidade de amônia produzida pelas bactérias ruminais e sua concentração
está diretamente relacionada com os níveis proteicos da ração e da relação
energia/proteína da dieta (WITTWER et al., 1993, GONZALES, et al., 2000). A
concentração proteica da ração com teor inferior à 10%, leva a redução das
concentrações de proteínas no sangue (KANEKO et al., 2008), inicialmente, em
maior grau, da ureia e, tardiamente, dos níveis séricos da albumina, hemoglobina
e volume globular (CONTRERAS, 2000).
Para PAYNE & PAYNE (1987), a albumina é considerada o indicador
mais sensível para se avaliar o perfil proteico de um rebanho, pois, além de ser
sintetizada no fígado e representar a maioria das proteínas séricas, é sensível a
deficiência proteica crônica, tendo seus valores persistentemente baixos, após um
mês de déficit proteico.
Por ser o sítio mais importante de síntese proteica, em especial da
albumina, o fígado em condições patológicas compromete o estado energético e
proteico do animal, promovendo alterações que afetam a atividade de várias
enzimas, o perfil metabólico e a concentração de vários hormônios que acabam
74
resultando num déficit energético com consequente perda de peso do animal e
gerando resultados negativos para o desempenho animal acarretando prejuízo
econômico no confinamento (PEREIRA et al., 2008; FERREIRA et al., 2009)
Assim, a investigação da higidez do fígado, por meio de testes enzimáticos se faz
necessária, contudo há de se ter cautela, pois a sensibilidade é baixa,
principalmente quando a lesão hepática é pequena e não há focos de necrose
(MOREIRA et al., 2012).
Ainda em relação ao fígado, animais aparentemente saudáveis podem
apresentar alterações hepáticas sub-clínicas, que são constatadas apenas post-
mortem ou por meio de biópsia hepática. Dentre as evidências que associam a
condição anormal do fígado com o desempenho produtivo, FIORAVANTI (1999) e
MOREIRA et al. (2009) descreveram uma correlação negativa entre o número de
macrófagos espumosos no fígado e o peso dos animais. Tal fato foi associado ao
comprometimento da manutenção do aporte energético do organismo, pela injúria
hepática, que, por conseguinte afeta os processos de biossíntese e
biodegradação, resultando em desempenho animal negativo (FIORAVANTI,
1999).
Assim exposto, verifica-se que a avaliação de alguns parâmetros como
os componentes do perfil proteico, energético e algumas enzimas indicadoras do
bom funcionamento hepático do animal está diretamente associada ao
desempenho produtivo de um rebanho, condição essencial para estabelecer o
comportamento metabólico de raças de produção em determinados sistema de
criação (FERREIRA et al.,2009).
Neste sentido, as raças bovinas locais Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro,
embora não tenham recebido influências do homem na sua seleção genética,
apresentam potencial de qualidade de carne semelhante aos da raça Nelore, que
compõe a maioria dos animais em sistema de produção intensiva no Brasil
(COSTA et al., 2011). Além disso, são resistentes a ecto e endoparasitas e a
ambientes de difícil sobrevivência como solo pedregoso (Curraleiro Pé-Duro) e
regiões alagadiças (Pantaneiro). São bovinos dóceis, sendo ideal para pequenos
produtores por facilitar o manejo e favorecer a redução no custo de produção
(FIORAVANTI et al., 2008; COSTA et al., 2011).
75
Propõe-se neste estudo avaliar o desempenho produtivo, por meio da
avaliação ponderal, do perfil metabólico e das alterações do fígado e linfonodos
em bovinos das raças Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e Nelore terminados em
sistema intensivo de criação.
2 Material e métodos
O confinamento foi realizado na Fazenda Tomé Pinto, de propriedade
da EVZ/UFG, no Município de São Francisco de Goiás (Latitude: 15°50’ 43.44’S e
Longitude: 49° 15’ 30.86”O). O período experimental teve início em 27/11/2009 e
término em 30/03/2010. Foram utilizados 45 bovinos das raças Curraleiro Pé-
Duro, Pantaneiro e Nelore, machos, inteiros, com idade aproximada de 24 meses,
que constituíram três grupos experimentais: 15 bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur),
15 bovinos Pantaneiros (Gpan) e 15 Nelores (Gnel). Todos os procedimentos foram
realizados obedecendo aos princípios éticos da Sociedade Brasileira de Ciência
em Animais de Laboratório (SBCAL) e as diretrizes de bem-estar animal segundo
Decreto-Lei n.º 155/2008 (BRASIL, 2008).
Os nove piquetes do confinamento, acomodando cinco bovinos de
cada raça, foram compostos de cochos adequados, iluminação, piso, sombra e
área de 8x12/m², espaço suficiente para deixar os animais confortáveis
(QUINTILIANO & PARANHOS DA COSTA, 2006).
No período de adaptação, que consistiu de 21 dias, os bovinos foram
submetidos a manejo sanitário, com vacinação contra febre aftosa e clostridioses
e tratamento com ectoparasiticidas e endoparasiticidas, a base de ivermectina,
conforme calendário profilático recomendado para a região. O período de
confinamento se estendeu aos 98 dias posteriores à fase de adaptação. Os
bovinos receberam alimentação balanceada, duas vezes ao dia, às 8 horas e às
14 horas, sob a forma de dieta total, com 70% dos nutrientes provenientes da
ração e 30% do volumoso (silagem de sorgo), considerando o consumo para uma
sobra de 5% a 10% do fornecido. Água foi fornecida à vontade. A ração foi
balanceada de acordo com a exigência para a espécie seguindo as
recomendações do National Research Council – NRC (1996). Os níveis de
garantia da ração estão no quadro 1 e a composição básica no quadro 2.
76
QUADRO 1 - Níveis de garantia por quilograma da ração usado no
confinamento
Elementos Quantidade
Butylated hydroxytoluene (B.H.T). 30,00 mg
Cálcio (máx) 0,70 % Extrato etéreo (min) 3,40 % Fibra bruta (máx) 2,20 % Fósforo (min) 0,50 % Matéria mineral (máx) 6,60 % N.D.T. (Nutrientes digestivos totais)* 74,30 % Nitrogênio não proteico (N.N.P.) Equivalente proteína (máx) 4,30 % Proteína bruta (min) 15,00 % Umidade (máx) 12,00 % Monensina sódica 37,50 mg
*WEISS (1993)
QUADRO 2 - Composição percentual dos elementos usados na ração do confinamento
Elementos Quantidade
(%)
Bicarbonato de sódio 0,00300
Anti-oxidante 0,00300
Rumensin (monensina) 0,03750
Milho grão 86,8000
Cloreto de potássio 0,48100
Oxido de magnésio 55% mg 0,64000
Sulfato de cobre - 25% cu 0,01520
Sulfato de cobalto - 20 / 21 0,00200
Sulfato ferroso - 28% Fe 0,00600
Selenito de sódio - 45% Se 0,00007
Iodato de cálcio 0,00050
Sulfato de cálcio 1,00000
Fosfato bicálcico 18% 1,20000
Calcário dolomítico 0,75262
Sulfato de manganês 31% 0,00536
Sal torrado granulado 1,02600
Cromo orgânico (Cr Org.) 0,00625
Farelo soja tostado 6,50000
Ureia pecuária - 45% 1,50000
Vitamina "E" 500 ui/g 0,00100
Vitamina "A" 1.000.000 ui/g 0,00050
Sulfato de zinco 0,02000
77
Com os bovinos devidamente imobilizados em brete de contenção
comercial, foram realizadas três colheitas de sangue ao longo do experimento,
sendo que a primeira ocorreu no último dia do período de adaptação, denominado
momento zero (M0), após jejum prévio de 12 horas. As outras duas colheitas
ocorreram aos 56 dias (M56) e aos 103 dias (M103) da fase de confinamento. Após
venopunção da jugular, foram colhidos 5 ml de sangue em tubos à vácuo
contendo anticoagulante fluoreto de sódio e EDTA-K2 (BD Vacutainer®, Becton
Dickinson, Juiz de Fora, MG) para a mensuração da glicose. Para as demais
dosagens séricas foram colhidos 10 ml de sangue em tubo à vácuo sem
anticoagulante (BD Vacutainer®, Becton Dickinson, Juiz de Fora, MG), que foram
armazenados e transportados em temperatura ambiente para posterior
centrifugação em macrocentrífuga, não refrigerada, a 10.000 rotações por minuto
(RPM) por 10 minutos após retração do coágulo. O plasma para determinação da
glicose foi separado dentro de duas horas após a colheita por centrifugação em
macrocentrífuga, não refrigerada, a 3.000 rotações por minuto (RPM) por 5
minutos. O soro foi separado em alíquotas e congelado à -20°C até o momento de
processamento das amostras.
O resumo do planejamento experimental está exposto no quadro 3.
QUADRO 3 - Planejamento experimental
Etapa do experimento
Período Data Atividade
Período de adaptação
21 dias 27/11 a 16/12/2009
Adaptação nutricional e manejo sanitário
Período experimental
M0 (dia 0) P1
17/12/2009 Colheita de sangue Pesagem
P2 31/12/2009 Pesagem
P3 14/01/2010 Pesagem
P4 28/01/2010 Pesagem
M56 (dia 56) P5
11/02/2010 Colheita de sangue Pesagem
P6 26/02/2010 Pesagem
P7 11/03/2010 Pesagem
M103 (dia 103) P8
30/03/2010 Colheita de sangue Pesagem
78
As provas bioquímicas foram executadas no Laboratório Multiusuário
do Programa de Pós Graduação da EVZ/UFG utilizando-se reagentes comerciais
padronizados (Labtest® Diagnóstica S.A., Lagoa Santa, MG) em
espectrofotômetro semiautomático (Modelo Bio-2000, Bioplus®, São Paulo, SP).
As quantificações enzimáticas e da glicose plasmática foram realizadas em até 12
horas após a colheita. A determinação da atividade sérica das enzimas aspartato
aminotransferase (AST), gama glutamiltransferase (GGT) e fosfatase alcalina
(ALP) foi executada antes do congelamento das alíquotas. A atividade sérica da
AST foi determinada pelo método ultravioleta (UV) otimizado, sem piridoxal
fosfato; a atividade sérica da GGT, pelo método cinético utilizando-se como
substrato glutamil-p-nitroanilida e a atividade sérica da ALP pelo método Roy
modificado, utilizando como substrato a timolftaleína monofosfato.
Os teores séricos de proteína foram determinados pelo método
colorimétrico, por reação com o biureto; da albumina por reação com o verde de
bromocresol; a ureia pelo método enzimático colorimétrico, por reação com a
urease e a creatinina pelo método cinético, por reação com o picrato alcalino. As
concentrações séricas do colesterol e da glicose foram determinadas pelo método
enzimático colorimétrico, em que o colesterol foi submetido a uma reação
catalisada pela enzima colesterol oxidase e a glicose pela enzima glicose oxidase.
Para a quantificação do desempenho ponderal, os animais foram
pesados a cada duas semanas (17 e 31/12/2009; 14 e 28/01/2010; 11 e
26/02/2010 e 11 e 30/03/2010) perfazendo um total de oito pesagens (P1 a P8).
Ao término do confinamento, os bovinos foram abatidos no Frigorífico Minerva
(SIF 431), situado no município de Palmeiras (GO), seguindo os protocolos
preconizados para abate comercial.
Após o abate foram colhidos fragmentos de fígado, linfonodos
mesentérico, pré- escapular e crural de cada animal para posterior realização do
exame histopatológico. Os fragmentos foram fixados em formalina tamponada a
10%.
Após 24 horas da colheita, os fragmentos foram recortados e o fixador
foi trocado e os fragmentos permaneceram nesta solução por mais 24 horas. Em
seguida, após lavagem em água corrente, os fragmentos foram transferidos para
unicassetes e imersos em álcool 70%. Este material foi processado de acordo com
79
métodos convencionais de histopatologia e corado pela técnica da hematoxilina e
eosina, descrita por LUNA (1968).
Após a coloração, as lâminas tiveram os cortes histológicos fixados em
solução de tolueno (Enthelan®, Merck, Darmstadt). A leitura das lâminas foi
realizada segundo a definição proposta por RAPAPPORT (1973), em que o ácino
hepático é dividido em três zonas: centroacinar ou zona 1, mediozonal ou zona 2 e
periacinar ou zona 3 e as lesões localizadas foram caracterizadas quanto ao tipo
de alteração (degenerativa e inflamatória) e classificadas quanto à extensão (focal,
multifocal e difusa). Verificou-se a frequência dos macrófagos espumosos no
fígado e linfonodos dos bovinos considerando-se sua localização no órgão.
Os dados foram analisados por meio do software Statistical Analysis
System (SAS) 2002-2008 Licenciado para Empresa Brasileira Pesquisa
Agropecuaria- EMBRAPA, Site 70068704, versão 9.2; pela aplicação após
verificação da normalidade dos resíduos pelo teste Shapiro-Wilk, pelo
procedimento Univariate (análise univariada) e da homogeneidade das variâncias,
pelo teste F. Para as variáveis que apresentaram normalidade, foi realizada
análise de variância com o desdobramento das interações entre os três
momentos, nas três raças. Para as variáveis que não apresentaram distribuição
normal de resíduos, foi realizado o teste de Kruskal Wallis. Em todos os
procedimentos foram adotados nível de significância de 5%.
Devido à escassez de pesquisas destinadas as raças locais submetidas
ao confinamento, somente o momento zero (M0) foi comparado com a literatura
encontrada para cada raça.
3 Resultados
Os três grupos apresentaram aumento no peso (tabela 1) no
decorrer do confinamento experimental com ganho médio diário (tabela 2) de 1,48
kg/dia Gcur, 1,45 kg/dia para Gpan e 1,73 kg/dia para o Gnel e um ganho em peso de
54,1 % para o Gcur, 44,42% para o Gpan e 48,25% para o Gnel (tabela 3).
Todos os grupos apresentaram aumento no ganho relativo em peso
(% do peso inicial) nos três primeiros intervalos entre as pesagens e redução nos
80
dois últimos intervalos (p<0,05) e o mesmo ocorreu em relação ao ganho diário
relativo em peso (% peso inicial). Os respectivos valores estão descritos nas
Tabelas 4 e 5.
TABELA 1- Pesos médios (kg) dos grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro
(Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento
Grupo Ganho
de Peso P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Gcur
(n=15) Média (DP)*
264,80c
(50,62) 280,87
c
(66,87) 303,67
b
(71,92) 330,80
b
(78,90) 350,07
b
(83,95) 367,067
a
(87,68) 407,60
a
(86,13) 408,07
a
(84,29)
Gpan
(n=15) Média (DP)*
316,20c
(83,87) 321,07
c
(83,00) 343,60
b
(86,04) 367,93
b
(87,75) 389,33
b
(85,23) 416,80
a
(93,51) 440,67
a
(93,54) 456,67
a
(83,72)
Gnel
(n=15) Média (DP)*
346,80c
(37,18) 346,07
c
(28,06) 369,47
b
(27,08) 401,87
b
(34,34) 428,40
b
(33,31) 468,87
a
(36,78) 489,47
a
(42,99) 508,53
a
(40,83)
*DP= Desvio padrão;Teste: Análise de Variância. Letras minúsculas na mesma linha indicam diferença significativa
(p<0,05)
TABELA 2- Ganho médio diário em peso (kg/dia) dos Grupos Curraleiro Pé-Duro
(Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do
confinamento
PESO (KG) P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 P6-P7 P7-P8
Gcur (n=15) 1,28c 1,72
a 1,92
a 1,39
c 1,30
c 1,57
b 1,35
c
*Dpcur 2,16 0,61 0,86 0,70 0,57 0,81 0,94
Gpan (n=15) 0,35c 1,61
b 1,74
a 1,53
b 1,96
a 1,70
a 1,14
c
*Dppan 0,65 0,47 0,55 0,71 0,80 0,77 1,29
Gnel (n=15) 0,53c 1,67
b 2,31
a 1,90
b 2,89
a 1,47
c 1,36
c
*Dpnel 0,73 0,48 1,08 0,71 1,19 1,73 1,41 *DP= Desvio padrão;Teste: Análise de Variância. Letras minúsculas na mesma linha indicam diferença significativa
(p<0,05)
TABELA 3– Ganho acumulado em peso (kg) nos Grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur),
Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento
Grupo Ganho
de Peso P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 P6-P7 P7-P8
Gcur
(n=15)
Média (DP)*
16,06 (29,91)
38,87 (32,77)
66,00 (40,04)
85,27 (44,16)
102,26 (46,99)
142,80 (72,61)
143,27 (43,15)
Gpan
(n=15)
Média (DP)*
4,87 (9,05)
27,40 (10,86)
51,73 (13,29)
73,13 (15,51)
100,60 (20,66)
124,47 (18,51)
140,47 (22,57)
Gnel
(n=15)
Média (DP)*
6,88
(10,13) 29,38 (9,81)
62,54 (17,09)
87,91 (16,23)
129,34 (20,66)
150,18
(26,91) 167,35 (48,18)
*DP= Desvio padrão.
81
TABELA 4- Ganho relativo em peso (% /peso inicial) nos grupos Curraleiro Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento
Grupo Ganho
de Peso P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 P6-P7 P7-P8
Gcur
(n=15) Média (DP)*
5,50b
(11,32) 8,09
a
(3,42) 8,96ª (4,05)
5,81b
(2,79) 4,93
b
(3,34) 5,6
b
(3,24) 1,63
c
(14,50)
Gpan
(n=15) Média (DP)*
1,71c
(2,96) 7,20
b
(2,29) 7,42
a
(2,83) 6,18
b
(3,01) 6,31
b
(1,95) 6,01
b
(3,11) 4,19
c
(4,72)
Gnel
(n=15) Média (DP)*
2,12c
(3,01) 6,50
b
(1,57) 8,93ª (3,98)
6,35b
(2,27) 9,73
b
(3,95) 4,48
c
(5,38) 4,06
c
(11,04)
*DP= Desvio padrão; Teste: Análise de Variância
TABELA 5- Ganho diário relativo em peso (%/ peso inicial) nos grupos Curraleiro
Pé-Duro (Gcur), Pantaneiro (Gpan) e Nelore (Gnel) durante o período do confinamento
Grupo
Ganho
de Peso
Diário
(%)
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 P6-P7 P7-P8
Gcur
(n=15) Média (DP)*
0,39b
(0,29) 0,58
b
(0,20) 0,64
a
(0,22) 0,42
b
(0,23) 0,33
b
(1,12) 0,45
b
(0,44) 0,13
c
(0,13)
Gpan
(n=15) Média (DP)*
0,12c
(0,21) 0,50
a
(0,20) 0,53
a
(0,20) 0,44
b
(0,22) 0,50
a
(0,14) 0,43
b
(0,22) 0,30
c
(0,34)
Gnel
(n=15) Média (DP)*
0,15c
(0,22) 0,46
b
(0,11) 0,64
a
(0,28) 0,45
b
(0,16) 0,65ª (0,26)
0,34b
(0,41) 0,29
c
(0,79)
*DP= Desvio padrão;Teste: Análise de Variância. Letras minúsculas na mesma linha indicam diferença significativa (p<0,05)
Os três grupos apresentaram valores maiores no M103 quando
comparados ao M0 em relação às concentrações séricas da ALP, AST e GGT,
exceto o Gcur que apresentou maiores valores da AST no M56 em relação ao M0 e
M103 Os valores obtidos para as concentrações séricas enzimáticas estão
expressos na tabela 6.
82
TABELA 6- Valores das enzimas ALP, AST e GGT em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento.
Enzimas
Média * (desvio padrão)
Mediana (intervalo de confiança)
Gcur
(n=15) Gpan
(n=15) Gnel
(n=15) Gcur
(n=15) Gpan
(n=15) Gnel
(n=15)
ALP
(U/L)
M0 87,27 b
(45,61)
57,47b
(35,21)
98,87 b
(43,86)
76,00
(23,08)
50,00
(12,76)
84,00
(22,20)
M56 157,33a
(57,53)
81,13a
(28,15)
180,27a
(40,31)
133,00
(29,11)
81,00
(14,25)
185,00
(20,40)
M103 203,27a
(90,88)
95,00a
(38,38)
157,40a
(85,28)
177,00
(45,99)
81,00
(19,42)
136,00
(43,16)
AST
(U/L)
M0 56,20b
(10,22)
67,53a
(14,44)
66,53a
(17.80)
56,00
(5,17)
69,00
(7,31)
68,00
(9,01)
M56 70,51a
(16,74)
76,84a
(9,68)
79,87a
(8.80)
65,00
(8,47)
75,00
(4,90)
82,00
(4,45)
M103 48,47c
(13,20)
47,20 b
(12,79)
44,87b
(12.59)
45,00
(6,68)
42,00
(6,47)
39,00
(6,37)
GGT
(U/L)
M0 24,48b
(4,80)
21,08c
(3,26)
21,71b
(5,90)
25,50
(2,43)
20,40
(1,65)
20,40
(2,99)
M56 26,33ab
(2,85)
25,85b
(3,97)
25,82a
(4,87)
26,40
(1,44)
26,20
(2,01)
26,20
(2,46)
M103 32,91a
(13,20)
36,33a
(7,21)
34,21a
(8,91)
30,60
(6,68)
35,70
(3,65)
30,70
(4,51)
ALP= fosfatase alcalina; GGT= gama glutamiltransferase; AST= aspartato aminotransferase. * Teste de Kruskall Wallis, letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05).
Os valores das concentrações séricas da albumina e da ureia foram
menores no M0 quando comparados ao M56 e M103 nos três grupos ao longo do
experimento. Os valores referentes ao perfil proteico estão descritos na tabela 7.
83
TABELA 7 - Valores das proteínas séricas, albumina, ureia e creatinina em
bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero
(M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento
Parâmetros
Média*
(Desvio Padrão)
Mediana
(Intervalo de confiança)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
PT
(g/dL)
M0 6,87
(0,45)
7,43
(0,55)
7,35
(0,59)
6,85
(0,28)
7,46
(0,28)
7,45
(0,30)
M56 6,94
(0,45)
7,51
(0,53)
7,57
(0,52)
6,98
(0,23)
7,55
(0,27)
7,43
(0,26)
M103
7,37
(0,34)
7,51
(0,54)
7,48
(0,41)
7,35
(0,17)
7,60
(0,27)
7,48
(0,21)
Alb
(g/dL)
M0 2,69
b
(0,28) 2,60
b
(0,27) 2,75
b
(0,39) 2,65
(0,14) 2,58
(0,14) 2,86
(0,20)
M56 2,93
a
(0,20) 2,95
a
(0,25) 3,13
a
(0,28) 2,91
(0,10) 2,94
(0,13) 3,13
(0,14)
M103 3,13
a
(0,17) 3,03
a
(0,23) 3,27
a
(0,18) 3,17
(0,09) 3,00
(0,12) 3,29
(0,09)
Ureia
(mg/dL)
M0 23,80
b
(2,48)
22,60b
(3,76)
25,00b
(2,42)
24,00
(1.26)
22,00
(1,75)
24,00
(1,22)
M56 25,87
b
(4,05)
26,07b
(3,33)
27,93b
(3,22)
26,00
(2.05)
26,00
(1,69)
28,00
(1,63)
M103 30,73
a
(3,79)
30,07a
(2,69)
33,00a
(2,90)
29,00
(1.92)
30,00
(1,36)
34,00
(1,47)
Creat
(mg/dL)
M0 1,38
(0,21)
1,39
(0,18)
1,66
(0,22)
1,35
(0,11)
1,33
(0,09)
1,65
(0,11)
M56 1,40
(0,20)
1,48
(0,20)
1,68
(0,21)
1,40
(0,10)
1,44
(0,10)
1,75
(0,11)
M103 1,41
(0,19)
1,49
(0,16)
1,63
(0,25)
1,40
(0,10)
1,46
(0,08)
1,78
(0,13)
PT sérica= proteínas totais séricas, Alb= albumina, Creat= creatinina. *Teste: Análise de varianças. Letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05).
84
O perfil da glicose plasmática variou nas três raças ao longo do período
experimental, apresentado valores crescentes apenas para a raça Curraleiro Pé-
Duro. O colesterol sérico apresentou concentrações mais elevadas no M103 em
relação ao M0 no Gcur e Gpan. Os valores encontrados para o perfil energético
estão descritos na tabela 8.
TABELA 8- Valores glicose e colesterol em bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) no dia zero (M0), 56 (M56) e 103 (M103) de confinamento
Parâmetros
Média **
(Desvio Padrão)
Mediana
(Intervalo de confiança)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
Gcur
(n=15)
Gpan
(n=15)
Gnel
(n=15)
*Glicose
(mg/dL)
M0 62,33
c
(17,55)
99,20a
(45,40)
135,07a
(54,83)
58,00
(8,88)
85,00
(22,98)
134,00
(27,75)
M56 71,67
b
(11,63)
71,33b
(14,43)
94,53b
(14,50)
70,00
(5,89)
73,00
(7,30)
98,00
(7,34)
M103 100,53
a
(11,03)
99,53a
(15,35)
125,80ab
(24,29)
100,00
(5,58)
96,00
(7,77)
118,00
(12,30)
*Colesterol
(mg/dL)
M0 77,80
c
(8,07)
99,13b
(25,20)
135,73
(21,89)
79,00
(4,08)
90,00
(12,75)
140,00
(11,08)
M56 85,13
b
(6,20)
106,80ab
(22,95)
140,00
(21,05)
8700
(3,14)
97,00
(11,61)
142,00
(10,65)
M103 90,93
a
(5,35)
115,13a
(21,31)
140,00
(14,47)
90,00
(0,70)
109,00
(10,78)_
142,00
(7,32)
*Teste: Analise de varianças. **Letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05).
Em relação ao exame histológico nos três grupos raciais houve a
presença de macrófagos espumosos, tanto no fígado quanto no linfonodo
mesentérico. A fibrose hepática foi restrita ao espaço porta. As frequências de
macrófagos espumosos, degeneração, infiltrados de células mononucleares,
fibrose e necrose no fígado estão descritos nas tabelas 9, 10, 11, 12 e 13,
respectivamente; incluindo em cada item, a distribuição e localização destas
alterações.
85
TABELA 9- Frequência de macrófagos espumosos no fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento.
Grupo
MACRÓFAGOS ESPUMOSOS
Quantidade Distribuição Localização
Ausente Presente Focal Multifocal Z1 Z2 Z3 EP
Gcur
(n=15) 11 4 2 2 1 1 2 0
Gpan
(n=15) 8 7 3 4 0 0 6 1
Gnel
(n=15) 10 5 5 0 0 1 3 1
Total 29 16 10 6 1 2 11 2 *Z1= zona 1; Z2= zona 2; Z3= zona 3 e EP=espaço porta
TABELA 10 - Frequência de degeneração microvacuolar no fígado de bovinos
Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento
Grupo Degeneração Distribuição Localização
Ausente Presente Focal Multifocal Z1 Z2 Z3 EP Gcur
(n=15) 6 9 2 7 1 0 8 0
Gpan
(n=15) 6 9 2 7 0 3 6 0
Gnel
(n=15) 7 8 2 6 0 1 7 0
Total 19 26 6 20 1 4 21 0 *Z1= zona 1; Z2= zona 2; Z3= zona 3 e EP=espaço porta
TABELA 11- Frequência de infiltrado de células mononucleares no fígado de
bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento.
Grupo Infiltrado inflamatório Distribuição Localização *
Ausente Presente Focal Multifocal Z1 Z2 Z3 EP
Gcur
(n=15) 3 12 2 10 2 0 0 10
Gpan
(n=15) 3 12 4 8 2 0 0 10
Gnel
(n=15) 2 13 8 5 4 0 0 9
Total 8 37 14 23 8 0 0 29 *Z1= zona 1; Z2= zona 2; Z3= zona 3 e EP=espaço porta
86
TABELA 12- Frequência de fibrose no fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento
Grupo Frequência Fibrose Distribuição Localização *
Ausente Presente Focal Multifocal Z1 Z2 Z3 EP Gcur
(n=15) 10 5 2 3 0 0 0 5
Gpan
(n=15) 14 1 1 0 0 0 0 1
Gnel
(n=15) 11 4 4 0 0 0 0 4
Total 35 10 7 3 0 0 0 10 *Z1= zona 1; Z2= zona 2; Z3= zona 3 e EP=espaço porta
TABELA 13- Frequência de necrose fígado de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento
Grupo Frequência Necrose Distribuição Localização*
Ausente Presente Focal Multifocal Z1 Z2 Z3 EP
Gcur
(n=15) 13 2 1 1 0 0 0 2
Gpan
(n=15) 15 0 0 0 0 0 0 0
Gnel
(n=15) 12 3 3 0 0 0 0 3
Total 40 5 4 1 0 0 0 5
*Z1= zona1; Z2= zona 2; Z3= zona 3 e EP=espaço porta
Os resultados histológicos dos linfonodos mesentéricos dos animais do
Gcur, Gpan e Gnel, em relação à frequência de células espumantes estão descrito na
tabela 14. A frequência de linfonodos mesentéricos hipoplásicos e hiperplásicos,
estão descritos na tabela 15. Os linfonodos pré-escapular e crural dos animais
deste estudo não apresentaram alterações significativas.
87
TABELA 14 - Frequência de macrófagos espumosos nos linfonodos mesentéricos de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento.
Grupo Macrófagos espumosos Distribuição Localização
Ausente Presente Focal Multifocal Cortical Medular Gcur
(n=15) 7 8 1 7 6 2
Gpan
(n=15) 7 8 3 5 7 1
Gnel
(n=15) 10 5 1 4 4 1
Total 24 21 5 16 17 4
TABELA 15 - Frequência de hipoplasia e hiperplasia em linfonodos mesentéricos de bovinos Curraleiros Pé-Duro (Gcur), Pantaneiros (Gpan) e Nelores (Gnel) durante o período do confinamento
Grupos Sem alterações Hipoplasia Reativos Gcur
(n=15) 12 0 3
Gpan
(n=15) 8 6 1
Gnel
(n=15) 15 0 0
Total 35 6 4
4 Discussão
Os bovinos do Gcur ,Gpan e Gnel apresentam características fenotípicas
diferentes, principalmente as relacionadas ao tamanho e ao peso. Todos os
grupos apresentaram uma curva de crescimento em ganho de peso satisfatória e
semelhante ao demonstrado por LOPES et al. (2008), que ressaltaram que o
ganho em peso diário acima de 1,3 kg representa uma maior rentabilidade ao
produtor e seu peso ao abate deve ser em torno de 500 kg. O peso médio final
dos bovinos do Gcur foi de 408,67 kg, superior ao peso esperado para adultos
criados extensivamente que é de 374 kg (FERRO, 2013). No Gpan o resultado foi
semelhante, o peso ao final do confinamento foi de 456,67 e o peso esperado para
adultos criados extensivamente é de 441 kg (MAZZA, 1992). O Gnel apresentou
88
peso médio de 508,53 kg, valor semelhante ao preconizado por LOPES et al.
(2008), como rentável para animais confinados.
Os valores encontrados para a ALP em M0 foram superiores quando
comparados aos valores da literatura para a raça Curraleiro Pé-Duro (17,99 U/L a
37,57 U/L) descritos por BARINI (2007) e semelhantes aos valores (45,60 U/L a
127,96 U/L) descritos por BORGES et al. (2011) para a raça Pantaneiro. O Gnel
apresentou valores séricos para a ALP no M0 similares aos descritos por
FAGLIARI et al. (1988) (90,14 U/L -100,88 U/L) para a raça Nelore. Em todos os
grupos, a ALP apresentou valores maiores a partir de M56 (p<0,05).
Provavelmente, esse aumento da atividade sérica da ALP foi decorrente da
colangio-hepatite observada na histopatologia.
A atividade sérica da enzima AST apresentou no M0 valores
semelhantes aos da literatura para a raça Curraleiro Pé-Duro em que variaram
entre 37,24 U/L a 70,20 U/L (BARINI, 2007) e na raça Pantaneiro entre 61,71 U/L
a 91,53 U/L (BORGES et al., 2011). No grupo Nelore, os valores de AST foram
similares aos descritos por FIORAVANTI (1999), AMORIM et al. (2003) BRUM
(2006) e MOREIRA et al. (2012) que variaram de 34,50 U/I a 98,60 U/L. Apesar
das lesões detectadas na histopatologia hepática, as concentrações séricas da
AST ao término do confinamento experimental foram menores que os valores
basais. Esta situação é corroborada por MOREIRA et al. (2012) ao afirmarem que
a sensibilidade das provas enzimáticas é baixa, principalmente quando a lesão
hepática é pequena e não há focos extensos de necrose.
Os valores da atividade sérica da GGT no M0 no Gcur foram
semelhantes aos relatados na literatura, que variam de 12,41 U/L a 31,15 U/L
(BARINI, 2007). No Gpan os valores foram ligeiramente superiores a referência que
está entre 12,76 U/L e 20,46 U/L (BORGES et al., 2011). O Gnel apresentou
valores da concentração sérica da GGT semelhantes aos descritos por FAGLIARI
et al (1998), BRUM (2006) e MOREIRA et al. (2012), que estão entre 10,50 U/L e
43,51 U/L. A atividade sérica da GGT apresentou valores progressivamente
crescentes ao longo do experimento nos três grupos, demonstrando um
comportamento semelhante à ALP, provavelmente também em decorrência da
colangio-hepatite. A GGT é considerada o melhor marcador de hepatopatias
89
crônicas em ruminantes, pois esta enzima é altamente sensível a alterações no
ducto biliar e a colestase (MOREIRA et al., 2012).
Os valores das proteínas séricas foram similares ao descritos em
literatura para as raças Curraleiro Pé-Duro (BARINI, 2007), Pantaneiro (BORGES,
et al., 2011) e Nelore (FAGLIARI, et al., 1998; FIORAVANTI, 1999; AMORIM, et
al., 2003; BRUM, 2006 e SANDRINI, 2006), significando que tanto no
confinamento como no sistema a campo, esses animais são eficazes na
conversão das proteínas encontradas no volumoso e concentrado pelos
organismos ruminais em aminoácidos, depois em amônia e em ácidos graxos de
cadeia ramificada, e em decorrência dessa cadeia bioquímica o animal apresenta
um perfil proteico satisfatório. A concentração sérica da albumina foi similar ao
descrito na literatura para as raças Curraleiro Pé-Duro (BARINI, 2007; JULIANO et
al., 2009), Pantaneiro (BORGES et al., 2011) e Nelore (BARROS FILHO, 1995;
SANDRINI, 2006; SILVA et al, 2008). Os três grupos analisados apresentaram
concentrações séricas maiores no M56 e M103 para a albumina. Tais valores
podem ser explicados pela dieta balanceada aplicada no confinamento, diferente
da alimentação do sistema extensivo. A albumina, além de ser uma importante
reserva protéica, atua nos transportes de aminoácidos, ácidos graxos livres,
metais e bilirrubina, sendo também considerada um bom marcador nutricional
(CONTRERAS, 2000).
A concentração sérica da ureia apresentou valores similares aos
encontrados em literatura para o Gcur (BARINI, 2007; JULIANO et al., 2009), Gpan
(BORGES et al., 2011) e Gnel (FIORAVANTI, 1999; AMORIM et al., 2007). O
animais do Gnel apresentaram valores no M0 superiores aos observados por
FAGLIARI et al. (1998) (12,43 a 23,91 mg/dL) e inferiores aos encontrados por
SANDRINI (2006) (26,70 a 31,17 mg/dL). Essa divergência entre valores
demonstrados na literatura deve-se a alimentação, provavelmente com diferentes
concentrações proteicas nas dietas desses animais, a maioria criada a campo. Os
valores de ureia encontrados no Gcur, Gpan e Gnel foram maiores (p <0,05) ao fim do
confinamento experimental. Ocorrem picos oscilatórios nas concentrações séricas
diárias da ureia, principalmente no período pós-prandial, devido à rápida
fermentação seguida da absorção da amônia, elevando assim, as taxas de ureia
(PEIXOTO & OSORIO et al., 2007). A elevação sérica ureia denota uma resposta
90
positiva ao adequado aporte proteico da dieta empregada no confinamento
associada ao crescente ganho de peso, reforçando as observações de PEIXOTO
et al. (2010).
As concentrações de creatinina sérica apresentaram valores
semelhantes aos descritos para as raças Curraleiro Pé-Duro (BARINI, 2007),
Pantaneiro (BORGES et al., 2011) e Nelore (FAGLIARI et al., 1998) demonstrando
que esses animais não possuíam lesões renais capazes de alterar a taxa de
filtração glomerular (THRALL et al., 2007).
Os teores plasmáticos de glicose foram parecidos aos descritos para as
raças Curraleiro Pé–Duro (BARINI, 2007), Pantaneiro (BORGES et al., 2011) e
Nelore (AMORIM et al., 2007). O Gcur apresentou flutuação nos valores da glicose
ao longo dos momentos. No Gpan e Gnel as concentrações séricas de glicose foram
menores em M56, porém em M103, tornaram a aumentar. Em animais bem nutridos,
as concentrações normoglicêmicas são constantes e um quadro hipoglicêmico
pode ocorrer em casos de deficiência hormonal ou um déficit energético muito
severo, o que não foi o caso nos animais deste estudo (PEIXOTO & OSÓRIO,
2007).
O colesterol apresentou valores similares aos expostos na literatura em
M0 no Gcur (73,50 a 123,14 mg/dL) descritos por BARINI (2007) e no Gpan (83,68 a
192,08 mg;dL) relatados por BORGES et al. (2011). No Gnel houve semelhança
entre os valores descritos por FIORAVANTI et al. (1999) (92,54 a 144,42 mg/dL) e
AMORIM et al. (2007) (63,25 a 155,08 mg/dL). O Gcur apresentou valores séricos
de colesterol crescentes ao longo do experimento e no Gpan essas concentrações
foram maiores no M103 em relação ao M0. As oscilações nos valores séricos de
colesterol podem ser decorrentes da dieta empregada no rebanho (AMORIM et al.,
2007) e seu aumento indica excesso de gordura na dieta (WITTWER, 2000,
GONZALES & SCHEFFER, 2003).
Na análise histopatológica hepática desses animais, a presença de
macrófagos espumosos, isolados ou aglomerados foi maior no Gpan, seguido de
Gcur e Gnel, porém não houve diferença significativa entre os grupos. Esses
macrófagos apresentaram sua localização predominante na zona 3, que é
composta por hepatócitos próximos da veia hepática terminal, provavelmente
estas células foram formadas antes da entrada desses animais no confinamento,
91
devido ao tipo de alimentação recebida previamente, uma vez que eram bovinos
criados extensivamente e alimentados com gramíneas do gênero Brachiaria.
Esses achados histológicos coincidem com os descritos por FIORAVANTI (1999)
e MOREIRA et al. (2009). Para DRIEMEIER et al. (1998) a presença de
macrófagos espumosos está relacionada à absorção entero-hepática de
substâncias presentes na alimentação.
Nos três grupos, os linfonodos mesentéricos apresentaram macrófagos
espumosos, a maioria na região cortical. Neste estudo, a frequência de
macrófagos espumosos foi maior no linfonodo mesentérico no Gcur e Gpan quando
comparados com a frequência destes no fígado. Para o Gnel as frequências foram
semelhantes no fígado e linfonodo mesentérico. A estreita relação entre a
quantidade de macrófagos espumosos no fígado e linfonodos mesentérios
também foi descrita por DRIEMEIER et al. (1998) e MOREIRA et al. (2009).
Nos linfonodos crural e pré-escapular, em todos os grupos, não foram
observadas alterações significativas, inclusive houve a ausência de macrófagos
espumosos, confirmando a hipótese de DRIEMEIER et al. (1998) da influência da
absorção no intestino de substâncias junto aos nutrientes sobre a presença dos
macrófagos espumosos no fígado e nos linfonodos próximos aos intestinos.
O Gcur, Gpan e Gnel apresentaram infiltrado de células mononucleares com
predomínio no espaço porta, semelhante ao relatado por MOREIRA et al. (2009).
A presença de infiltrado inflamatório mononuclear com predomínio no espaço
porta acompanhado de fibrose sugere um quadro de colângio-hepatite, alterações
que também foram demonstradas pelo aumento da atividade enzimática da ALP e
GGT descritos anteriormente.
Apesar das alterações histopatológicas e do aumento das atividades das
enzimas ALP e GGT, os animais do confinamento experimental desse estudo não
apresentaram sinais clínicos de enfermidade hepática nem lesões macroscópicas.
Já foi demonstrada a correlação negativa entre o número de macrófagos
espumosos no fígado e o ganho de peso (FIORAVANTI, 1999), desse modo pode-
se supor que caso as lesões histopatológicas do fígado não estivessem presentes,
o desempenho dos bovinos dos três grupos teria sido ainda melhor.
92
5. Conclusão
O desempenho produtivo das três raças terminadas em
confinamento foi considerado adequado, apesar das avaliações laboratoriais
(bioquímicas e histológicas) indicarem presença de colangio-hepatite.
Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) pelo
financiamento do projeto. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de doutorado.
Referências
1. AMORIM, R. M.; BORGES, A. S.; KUCHEMBUCK, M. R. G.; TAKAHIRA, R.
K.; ALENCAR, N. Bioquímica sérica e hemograma de bovinos antes e após a
técnica de biópsia hepática. Ciência Rural, Santa Maria, v. 33, n. 3, p. 19-253,
2003.
2. AMORIM, R. M.; TORRES, C. A. A., MORAES, E. A.; SILVA FILHO, J. M.;
GUIMARAES, J. D. Perfil metabólico de touros da raça Nelore (Bos taurus
indicus) confinados e tratados com somatotrofina bovina recombinante (r-bst).
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.
59, n. 2, p. 34-442, 2007.
3. BARINI, A.C. Bioquímica sérica de bovinos (Bos taurus) sadios da raça
Curraleiro de diferentes idades. 2007. 104f. Dissertação (Mestrado) - Escola
de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.
4. BARROS FILHO, I. R. Contribuição ao estudo da bioquímica clínica em
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99
CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os bovinos das raças consideradas locais, Curraleiro Pé-Duro e
Pantaneiros, introduzidos à época da colonização do Brasil pelos Portugueses,
vêm decrescendo em número, desde a expansão de criação de outras raças,
como a Nelore, entretanto, essas raças demandam alto custo de criação. Nesse
ínterim, os Curraleiros Pé-Duro e os Pantaneiros, relegados a um segundo plano,
passaram por seleções genéticas naturais que permitiram se adaptar a condições
mais inóspitas, como em solos pedregosos e inundados, o que lhes conferiu
rusticidade e, em consequência, maior resistência às afecções físicas ou
biológicas e menor gasto para sua manutenção, em virtude da baixa exigência
para sobreviver.
A despeito dessa evolução, as raças locais estão em risco de extinção.
A sua aptidão tanto para produção de leite e de carne, certamente é bem vinda
para os produtores desprovidos de grandes recursos para a criação de bovinos
mais exigentes. Contudo, tal realidade não está à janela em virtude inicialmente do
encantamento dos produtores pelo desempenho do Nelore no Brasil e em
segundo, pela falta de dados científicos que comprovem que as raças locais, além
de melhor adaptadas às condições edafoclimáticas brasileiras, apresentam
também, desempenho produtivo semelhante ao apresentado pelos bovinos da
raça Nelore.
Para contribuição com informações referentes à fisiologia das raças
locais e melhor entender os aspectos sobre a relação de alguns marcadores
biológicos de estresse relacionados à produtividade em sistema de confinamento,
em conjunto com uma raça já bem estudada, o Nelore, foi proposto este estudo,
que apresentou as seguintes considerações:
O sistema de confinamento, quando obedece às diretrizes de bem-estar animal,
em que se valoriza o espaço, áreas de sombreamentos, a dieta empregada, a
iluminação, o piso e o fornecimento de água, consiste em um meio adequado
para a criação de bovinos das raças Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e Nelore,
pois esses animais apresentaram valores de parâmetros de produtividade
adequados;
100
As características temperamentais dos animais das raças Curraleiro Pé-Duro e
Pantaneiro contribuem para boa produtividade destes animais, semelhante à
raça Nelore.
O confinamento experimental não ocasiona estresse, pois não houve aumento
das concentrações séricas do cortisol nos três grupos e, nos bovinos da raça
Nelore esses valores foram maiores no inicio do período experimental quando
comparados aos valores dos M56 e M103.
Embora o estresse não tenha se caracterizado, os valores encontrados para a
PFA α1-glicoproteína ácida sugerem que esta proteína pode ser melhor
indicadora de estresse ou marcador precoce desse, quando comparada a
haptoglobina, até então considerada um excelente marcador de estresse em
bovinos.
Estudos futuros deverão ser realizados para melhor elucidação a respeito dos
valores encontrados para os marcadores de estresse em animais criados em
confinamentos adequados ao bem-estar dos bovinos.
Supõe-se que a alimentação empregada no confinamento interferiu
positivamente no desempenho produtivo, nos níveis séricos de albumina,
transferrina, ureia, glicose, colesterol, além de influenciar na síntese de
hemoglobina, ceruloplasmina e na concentração de volume nos diferentes
momentos de colheita de sangue.
Os bovinos das raças Curraleiro Pé- Duro, Pantaneiro e Nelore, apesar de não
apresentarem sinais clínicos de afecções hepáticas, apresentaram macrófagos
espumosos no fígado e nos linfonodos mesentéricos.
Mesmo com a presença de macrófagos espumosos e alterações hepáticas
sugestivas de colangio-hepatite, confirmada pelo aumento das atividades
enzimáticas da ALP e GGT, os animais das raças Curraleiro Pé-Duro,
Pantaneiro e Nelore apresentaram desmpenho produtivo satisfatório.
Provavelmente, o ganho em peso desses animais poderia ser maior se não
houvesse alterações hepáticas, devendo ser realizados mais estudos para
averiguação do desempenho produtivo dos animais das raças Curraleiro Pé-
Duro, Pantaneiro e Nelore sem alterações hepáticas.
Baseado no exposto, os bovinos das raças Curraleiro Pé-Duro,
Pantaneiro e Nelore avaliados neste estudo responderam positivamente ao
101
confinamento mesmo apresentando alterações de algumas variáveis do
hemograma, da proteína de fase aguda (α1-glicoproteína ácida) e um provável
quadro de colangio-hepatite. Os animais das raças locais mostraram-se aptos ao
confinamento e apresentaram índices produtivos semelhantes aos animais da raça
Nelore.
102
ANEXO 1
X25’
X15’
X35’
AA5’
AA5’
H. HARRIS2”-1 ½’
AA 5’
ÁGUA TORNEIRA
8’
AA5’
AA5’
AA5’
DIFERENCIALHCL5%
MERGULHO RÁPIDO
ÁGUA TORNEIRA 8’
HIDRATAÇÃO
A 901’
A-801’
A- 701’
X15’
X25’
X35’
ÁGUA TORNEIRA 8’
Eosina AMARELA
+- 1 ½’
A 701’
A-801’
A-901’
DESIDRATAÇÃO
PROTOCOLO DE COLORAÇÃO HEMATOXILINA
.Corresponde a minutos׳ *
Fonte: Esquema de coloração hematoxilina adaptado de LUNA, 1968
103
ANEXO 2
SOLUÇÕES EMPREGADAS NA ELETROFORESE (SDS-PAGE)
GEL DE SEPARAÇÃO A 10% 11,9 mL de água deionizada
5,9 mL de Tris HCl 2 M, pH 8,8 ± 0,1
10,5 mL de Acrilamida/Bis (30% T / 1,87 C)
1,7 mL de glicerol
0,63 mL de EDTA 0,5 M, pH 8,3 ± 0,1
0,63 mL de lauril sulfato de sódio (SDS) a 10%
242 L de persulfato de amônio a 10% preparado no dia do uso
27 L de TEMED
GEL DE EMPILHAMENTO A 4% 3,95 mL de água deionizada
0,6 mL de Tris HCl 0,617 M, pH 6,8 ± 0,1
1 mL de Acrilamida/Bis (30% T / 1,87% C)
300 L de glicerol
123 L de EDTA 0,5 M, pH 8,3 ± 0,1
123 L de lauril sulfato de sódio (SDS) a 10%
60 L de persulfato de amônio a 10% preparado no dia do uso
13 L de TEMED
TRIS HCl – 2 M – pH 8,9 (GEL DE CORRIDA) Tris Base (PM: 121,1) - 121,1g
Completar para 500 mL com água deionizada.
Acertar para pH 8,9;
Filtrar a solução e guardar em geladeira.
104
TRIS HCl 0,617 M (GEL EMPILHADOR) Tris Base (PM: 121,1) - 7,475g
Completar para 100 mL com água deionizada.
Acertar para pH 6,8;
Filtrar a solução e guardar em geladeira.
ACRILAMIDA/BIS (30% T / 1,87% C) Acrilamida para eletroforese Sigma (PM: 71,08) - 73,6g
N,N metileno bisacrilamida para eletrofose - 1,4g
Completar para 250 mL com água deionizada;
Aquecer se necessário.
EDTA 0,5 M
(Etilenodinitrilo) ácido tetracético tetrassódico (PM: 380,2) - 19,01g
Completar para 100 mL com água deionizada.
Acertar para pH 8,3.
LAURIL SULFATO DE SÓDIO (SDS) 10%
Lauril sulfato de sódio Sigma (PM: 288,4) -. 10,0g
Completar para 100 mL com água deionizada.
COOMASSIE BLUE 0,2% (BRILLIANT BLUE R – 250)
Metanol …....………………………………………………………....... 500 mL
Ácido acético ................................................................................. 100 mL
Água bi destilada ............................................................................ 400 mL
Coomassie blue (Brilliant blue R) ................................................... 2,0 g
Deixar em repouso durante duas horas e filtrar.
GEL MIX (TAMPÃO DA AMOSTRA PARA PROTEÍNAS DESNATURADAS) Lauril sulfato de sódio 10% ............................................................. 10,0 mL
EDTA 0,5 M ..................................................................................... 4,0 mL
Tris fosfato 0,617 M, pH 6,8 ............................................................ 5,0mL
Mercaptoetanol ................................................................................ 3,0 mL
105
Glicerol ............................................................................................. 10,0 mL
Água deionizada ............................................................................. 18,0 mL
Azul de bromofenol (Bromphenol Blue)............................................ 5,0 mg
Separar em frações de uso (450 ou 900 L) – manter no freezer até o
momento do uso.
PERSULFATO DE AMÔNIA 10% Persulfato de amônia ................................................................................ 0,1g
Água deionizada .....................................................................................1,0 mL
(Preparar no momento da confecção do gel).
DESCORANTE
Metanol................................................................................................250,0 mL
Ácido acético ......................................................................................100,0 mL
Completar para 1.000 mL com água deionizada.
Para acelerar o processo de descoloração, os géis podem ser colocados em
estufa a 40°C.
TAMPÃO DE CORRIDA CONCENTRADO (10X) Trizma Base ................................................................................. 63,2g
Glicina............................................................................................... 39,9g
SDS.................................................................................................. 10,0g
Completar para 1.000 mL com água deionizada.
Obs: para o uso na corrida usar o tampão de corrida diluído.
TAMPÃO DE CORRIDA DILUÍDO (tampão de uso na cuba) Medir 100 mL do tampão de corrida concentrado (10X) e completar o volume
para 1.000 mL.
106
PREPARAÇÃO DAS ALÍQUOTAS DO MARKER E DAS PROTEÍNAS
PURIFICADAS
8 L de marker
2 L de gel mix
Congelar até o momento do fracionamento ou preparar na hora do uso.
PBS – CÁLCIO FREE (TAMPÃO FOSFATO SALINA)
NaCl ................................................................................................. 2,0g
KCl ................................................................................................... 0,0625g
Na2HPO4 .......................................................................................... 12 g
H2O .................................................................................................. 0,2875g
KH2PO4........................................................................................................................................... 0,05g
53
107
ANEXO 3
TÉCNICA DE ELETROFORESE – SDS-PAGE
ATENÇÃO: Fazer de usar luvas (Acrilamida e Bis – produtos neurotôxicos).
Preparação das placas
Lavar com água corrente, enxaguar com água destilada e limpar com álcool
ABS,
Passar vaselina em ambos os lados dos espaçadores,
Cuba nova – colocar no suporte e apertar as tarraxas,
Cuba antiga - Prender as placas com clips (7) sendo 2 em cada lado da placa e
3 na parte inferior,
Fixar ou manter a placa na posição vertical (em pé),
Marcar 2 pontos de referência 1,0 a 1,5 centímetros abaixo do comprimento do
pente (marca para o gel de separação).
Preenchimento das Placas
Preencher com o gel de separação “Separating Gel” até a marca dos 2 pontos
de referência anteriormente anotados,
Adicionar algumas gotas de álcool absoluto (etanol), suficientes para formar uma
película no topo do gel (± 0,6 mL),
Aguardar a polimerização (aproximadamente 10 a 60 minutos). Caso não
solidifique em 1 hora, fazer nova solução aumentando a quantidade de TEMED
ou de persulfato de amônio,
Remover o etanol da placa e aguardar até secar,
Adicionar o gel de empilhamento “Stacking Gel” até preencher totalmente a
placa,
Colocar os pentes,
Aguardar 1 hora para polimerizar. A partir daí pode ser recoberta por plástico e
guardada em geladeira por 1 ou 2 dias.
108
Preparação do Stacking Gel 4%
STACKING GEL 4%
1 gel 2 géis 3 géis 4 géis 5
géis
Água deionizada 3,95 mL 7,9 mL 11,85 mL
15,8 mL
19,75 mL
Tris HCl 0,617 M, pH 6,8 ± 0,1
0,60 mL 1,2 mL 1,80 mL
2,4 mL 3,0 mL
Acrilamida/Bis (30% T/ 2,67% C)
1,0 mL 2,0 mL 3,0 mL 4,0 mL 5,0 mL
Glicerol (cortar a ponta da ponteira
para pipetar) 300 µL 600 µL 900 µL
1200 µL
1500 µL
EDTA 0,5 M, pH 8,3
123 µL 246 µL 369 µL 492 µL 615 µL
SDS a 10% 123 µL 246 µL 369 µL 492 µL 615 µL
Persulfato de amônio a 10%
54 µL 108 µL 162 µL 216 µL 270 µL
TEMED 11 µL 22 µL 33 µL 44 µL 55 µL
Fixação das Placas na Cuba
Retirar 3 clips da parte inferior da placa e o espaçador correspondente,
Retirar os demais clips ou o suporte,
Retirar o pente,
Colocar a placa na cuba e fixar com 4 clips (2 de cada lado),
Adicionar solução tampão de corrida na parte superior da cuba até cobrir o gel
com os espaços onde receberão as amostras (± 1 cm acima do gel)
Observar se existe vazamento,
Colocar 5 µL de cada amostra (pipeta de Hamilton).
Preparação das Amostras e Corrida Eletroforética
Identificar os eppendorfs e adicionar:
30 µL de PBS
10 µL da amostra de soro a ser analisada (ou de acordo com a quantidade de
proteína),
20 µL de gel mix (no momento da corrida),
Aquecer sobre água em ebulição por 10 minutos,
Retirar 5 µL da amostra e colocar na placa contendo o gel e o tampão de corrida.
Não se esquecer de usar a amostra referência (Padrão),
109
Adicionar tampão na parte inferior da cuba (no mínimo 1 cm acima do final do
gel), evitando o excesso de espuma. Retirar as bolhas de ar que se formam no
local onde existia o separador, com o auxílio de uma seringa e agulha,
Conectar a cuba à fonte de energia, regulando para 90 volts. Após a passagem
da amostra para o gel de separação “separating gel” (aproximadamente 90
minutos), aumentar em torno de 20%,
Terminar a corrida e desligar a fonte,
Retirar o gel da placa cuidadosamente e colocá-lo para corar e fixar em
Coomassie blue 0,2% durante aproximadamente 2 horas,
Retirar o excesso de corante (fazer a descoloração) até que o gel fique
transparente,
Fazer leitura em densitômetro,
Fazer os gráficos com as proteínas.
CURVA DE REGRESSÃO DO PADRÃO
1. Abrir o programa “marcar pontos”;
2. Selecionar a amostra “7” de cada gel. Ex: LIL 8-7 ou CAJ14-7;
3. Após aberto, coloque no radar (Radar Auto-scale);
4. Clique em P-calib => make P-curve;
5. Coloque a linha sobre o 1º pico verdadeiro e de um clique com o mouse;
6. Digite no quadro “Value” o valor “200” e de OK;
7. Repetir o passo anterior e digitar os valores: 116, 97, 66, 55, 45, 36, 29, 24 e
20. Quando chegar ao valor de número 20, não clique em “OK”, clique em
“Last”;
8. Depois clique em Curve, Value axis “Log” Order Line e OK.
9. Depois salve com o mesmo nome da amostra, Ex: LIL8-7 ou CAJ13-7.
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