manual de investigação em psicologia
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INVESTIGAO EM PSICOLOGIA
QUANTITATIVO-EXPERIMENTAL - Objectivo: Predizer e explicar fenmenos atravs da
aplicao do mtodo (teste de teorias e de hipteses).
QUANTITATIVO-CORRELACIONAL Objectivo: Compreender e predizer fenmenos atravs
da anlise de correlao entre criveis ou construtos ou de variveis externas dos
sujeitos (formulao de hiptesescativas existncia de relaes entre...).
QUALITATIVA Objectivo: Compreender e descrever os fenmenos na sua globalidade, com
base numa perspectiva naturalista e/ou etnogrfica, i.e. preocupa-se mais em analisar
de uma forma ampla do que com a quantificao e manipulao dos fenmenos, (inclui a
nvestigao-aco - psicologia crtica).
O MODELO DE ARNAU
Arnau prope trs nveis para o processo de investigao cientfica:
1 - Torico-conceptual - Neste nvel predomina a actividade racional. Numa primeira
fase procede-se delimitao da rea de investigao e pesquisa sobre as teorias e
modelos existentes. Posteriormente, procede-se elaborao das hipteses
empricas.Numa fase final da investigao, este nvel implica a discusso e generalizao
dos resultados.
2 - Tcnico-metodolgico - Este nvel implica a anlise dos problemas prticos e
compreende o plano de investigao e a definio e implementao da estratgia de
recolha de dados.
3 - Estatstico-analtico - Consiste na fase de elaborao e reunio dos dados e do
ajustamento e tratamento dos mesmos luz de modelos estatsticos existentes. Estes
trs nveis concretizam-se em trs fase operativas:
1) Planificao da investigao
2) Execuo propriamente dita
3) "Papper" - artigo
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O PROCESSO DE INVESTIGAO CIENTFICA
O processo de investigao cientfica contempla vrias fase, que seguidamente sero
descritas de forma sinttica:
1 - Determinao do problema - O problema a questo que o investigador coloca e
quer resolver. A identificao dos termos empricos que surgem quando se coloca uma
problema, por sua vez, vo determinar a natureza da investigao:
1.1.Investigao de carcter experimental - Os factores so susceptveis de
manipulao restrita, tal permite estabelecer diferentes nveis dos mesmos por induo
de diferenas (ex. A varivel independente com valores diferentes produzir efeitos
diferentes na varivel dependente).
1.2 Investigao de carcter no experimental - A identificao permite concretizar o
nmero de factores susceptveis de manipulao activa (ex. verificar que o consumo de
lcool pode estar relacionado com o rendimento escolar). Posteriormente, passa-se a
uma manipulao mais restrita, mas nesta fase verifica-se apenas a existncia de uma
relao entre os dois factores.
2 - Reviso de antecedentes - Consiste na procura de informao relativa rea/tema
que queremos investigar. Deve ser exaustiva e debruar-se no objecto de estudo que o
problema coloca. Em funo da documentao e/ou produo cientfica existente a
nossa investigao poder ser denominada de original ou de rplica.
As hipteses de investigao so enunciados que antecipam a soluo do problema
descrevendo a eventual relao funcional existente entre duas ou mais variveis, mas
cuja veracidade ainda no foi comprovada.
3- Mtodo- O mtodo de uma investigao cientfica compreende trs fases:
1. - Seleco dos sujeitos que vo constituir a amostra e vo proporcionar a medida da
varivel de resposta e consequentemente os resultados da investigao.
2. - Determinao do instrumento e materiais a utilizar.
3. - Definio e operacionalizao das variveis e a forma como estas vo ser medidas e
avaliadas.
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5) Escolha do Desgn - Esta escolha deriva, em muito, das decises tomadas nas fases
anteriores,nomeadamente, no que diz respeito ao nmero de variveis a
manipular/controlar e acolha das tcnicas de controlo experimental.
Mediante uma determinada situao experimental podemos escolher diferentes designs
em funo dos elementos materiais disponveis e das vantagens / desvantagens que
podemos ter em termos de validade da investigao .
6) Implementao de procedimentos - Nesta fase esto implicadas as decises relativas
ao sistema de registo / recolha de respostas / resultados, redaco de instrues, etc..
Esta fase pressupe, portanto, a operacionalizao das variveis, a aplicao de provas,
a recolha e o tratamento de dados.
PROCESSOS DA INVESTIGAO SEGUNDO BUNGE
Segundo Bunge, a investigao pressupe trs tipos de processos, sendo eles:
O processo metodolgico - Isto , a investigao constituda por um conjunto de passos
a seguir para obter a soluo do problema.
O processo lgico - A investigao constitui-se com uma conjunto de elementos
conceptuais que intervm com toda a lgica que lhes deve estar associada. Este processo
paralelo ao processo metodolgico.
O processo expositivo - No qual esto inerentes a elaborao e redaco dos resultados
da investigao. A investigao contempla, ainda, dois subprocessos que ocorrem em
sentido inverso:
O subprocesso de verificao - Este subprocesso dedutivo e provatrio. O seu
carcter dedutivo advm do facto de partir da teoria existente para a realidade, no
sentido de verificar a aplicabilidade da primeira na segunda, seguindo a seguinte
sequncia:
TEORIA MODELOS IDEIAS FACTOS
Verificao das ideias cientficas
0 subprocesso de teorizao - Este subprocesso indutivo, pois partindo de uma
realidade observada, elaboram-se proposies empricas que, se confirmadas, podem dar
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origem a leis cientficas, que por sua vez, aps agrupadas e interrelacionadas podem
resultar na elaborao de uma teoria. Este subprocesso comea onde termina o
subprocesso de verificao. Em sntese, segue a seguinte sequncia:
REALIDADE OBSERVADA PROPOSIES EMPRICAS LEIS CIENTFICAS TEORIAS
DETERMINAO DE UM PROBLEMA EM INVESTIGAO CIENTFICA
A determinao de um problema em investigao consiste na aco mediante a qual se
especfica de modo concreto o tema que se pretende investigar. O tipo de questes
nerentes a uma investigao podem relacionar-se com algo que se procura conhecer
estudo descritivo) ou com algo que se pretende explorar no sentido de obter respostas
estudo explicativo).
O problema pode ser formulado como:
Questo - a investigao estar, ento, voltada para a compreenso ou explicao de
um determinado fenmeno. Ou Resposta - a investigao procura uma resoluo ou
forma de melhoria para determinada questo, ou seja, como aplicar determinada
metodologia ou tratamento, ou agir sobre determinada situao. Consideraes a ter na
determinao de um problema0Para efectuar uma determinao adequada de um
problema a investigar necessrio t er em conta determinados aspectos relevantes:
1 - Se a investigao psicossocial, ento o problema deve assumir o mesmo carcter.
2- O problema deve ser concreto e real, assim como deve ser formulado de forma clara e
precisa.
3 - Deve dedicar-se especial ateno influncia dos juzos de valor no sentido de, na
medida do possvel, ser controlada.
4) O problema deve ser observvel e susceptvel de experimentao, ou de algum modo
contrastvel ou verificvel por comparao realidade.
5) O problema deve ser representativo e susceptvel de generalizao, isto , no nos
deve remeter para casos nicos ou isolados.
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6) O problema deve representar alguma novidade ou mais valia para a cincia em
estudo e/ou para a realidade em que se insere. Se a investigao no implicar algo que
possa significar um avano ou desenvolvimento em relao aos conhecimentos j
existentes de nada serve repetir a anlise dos fenmenos ou a reviso de questes j
resolvidas.
PASSOS NA DEFINIO DE UM PROBLEMA
1) Identificao O primeiro passo, como bvio, consiste na identificao do problema.
Ainda nesta fase, devemos descrev-lo e relacion-lo. Na identificao importante que
o investigador tenha conhecimentos tericos, competncias, interesses (para alm das
caractersticas que j foram referidas) e experincias que lhe possam servir de suporte.
Este conjunto de atributos ir permitir orientar as observaes e contactos de
aprofundamento de uma forma mais ajuda.
Assim o investigador poder considerar:
1.1 teorias j existentes;
1.2.observao de comportamentos/fenmenos;
1.3 problemas prticos, cuja resoluo seria til (investigao aplicada, problem
oriented search- propostas e/ti pistas decorrentes de outras investigaes.
2) Avaliao da pertinncia e qualidade do problema Para alm das consideraes a
ter na determinao de um problema,anteriormente referidas, ao avaliar a pertinncia do
problema devemos verificar se:
2.2 H condies para estud-lo: rheios tcnicos, meios materiais,disponibilidade e
receptividade do contexto e seus actores;
2.3 operacionalizvel luz de uma hiptese cientfica;
2.4 relevante para a teoria e/ou prtica, ao nvel dos custos (materiais e humanos)
sem ultrapassar os interesses dos envolvidos. Os resultados e aplicaes da investigao
devem ser relevantes e trazer alguma vantagem ao nvel da produo cientfica e/ou dos
contextos em estudo e seus intervenientes;
2.5 Deve permitir a expresso clara de uma relao entre duas ou mais variveis;
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2.6 Deve ser expresso de forma clara de modo a no dar lugar a imprecises;
2.7. Deve ser susceptvel de verificao cientfica.
Reviso de Antecedentes
A reviso de antecedentes relativos a uma determinada rea sobre a qual recai o
problema de investigao definido importante pois permite-nos:
1- aceder ao estado de conhecimentos no domnio do nosso estudo;
2- conhecer as teorias existentes que podem contribuir para a explicao do fenmeno e
posteriormente equacionar o modelo de anlise a seguir;
3- conhecer a(s) metodologia(s) mais frequentemente usada(s) no estudo do problema em
causa e/ou metodologias a evitar ou menos adequadas;
4- aceder a questes levantadas por outros investigadores e/ou sugestes relevantes
dadas plos mesmos (assim como erros ou outras dificuldades que possam surgir na
nvestigao). Fontes para reviso de antecedentes: pesquisa bibliogrfica, consulta de
bases de dados, contactos com outros investigadores, conferncias e congressos, etc..
A FORMULAO DE HIPTESES
"hiptese uma proposio testvel, que pode vir a ser soluo do problema"
McGuigan (1976)Uma hiptese bsica numa investigao, na medida em que orienta
todo o processo subsequente e pode mesmo contribuir para a determinao do carcter
da investigao.
Traos essenciais de uma hiptese
1- Representa um possvel soluo para o problema de investigao;
2- Estabelece uma relao funcional entre duas ou mais variveis;
3- A sua veracidade ainda no foi comprovada; Estabelece uma possvel orientao a
seguir no decorrer da investigao.
Princpios a considerar na formulao de uma hiptese
Segundo McGuigan (1976), uma hiptese deve:
1- ser testvel;
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2- ser justificvel, requerendo-se para tal o seu enquadramento no mbito das
hipteses j existentes na rea de estudo;
3 - ser relevante para o problema em estudo;
4- obedecer aos princpios da lgica;
5- ser quantificvel;
6- reunir generalidade explicativa.
Segundo Freire e Almeida (1997):
1- as variveis, relaes e condies que se pretendem estudar e testar devem ser
passveis de avaliao;
2 - a relao estabelecida no deve ter inerentes juzos de valor;
3 - a formulao da hiptese deve deixar em aberto ou fixar de imediato um determinado
sentido para a relao entre variveis ou para as diferenas entre grupos.
REQUISITOS DE UMA HIPTESE
Wolman (1960)
Segundo Wolman, uma hiptese deve ser:
1- livre de contradies internas;
2- susceptvel de comprovao;
3- a sua contrastao deve implicar utilidade;
4- deve antecipar ("saber prever");
5- o seu enunciado deve ser claro e concreto.
TIPOS DE HIPTESES
Os tipos de hipteses existentes decorrem de dois factores: o processo deformulao que
esteve na sua origem e o seu nvel de concretizao.Assim, elas podem decorrer de um
determinado campo terico, no sentido de comprovar as teorias - dedutivas - ou podem
decorrer da observao de umarealidade concreta - indutivas.
Quanto ao nvel de concretizao , elas podem ser:
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1- conceptuais quando estabelecem uma relao entre variveis ou relativa a uma ou
vrias teorias;
2 - operativas - quando indicam as operaes necessrias sua observao; estatsticas
-quando expressam uma relao esperada (em termos quantitativos).
Hipteses Estatsticas
AS HIPTESES ESTATSTICAS PODEM FORMULAR-SE ATRAVS DE UMA:
1- implicao condicional - se...ento - ou seja, tendo carcter dedutivo-experimental;
ou - proposio relacional - as pessoas que...tambm - ou seja, tendo carcter indutivo-
correlacional.
As variveis
A formulao de hiptese tem implcita a identificao das variveis e das
relaes existentes entre elas. Em Psicologia os modelos tradicionais de investigao so
o experimental e o correlacionai, da deriva o sentido atribudo s variveis nesta rea
do conhecimento:
Experimental: A investigao experimental entende a varivel como quantificao de
comportamentos, tendo, para alm disso uma funo explicativa dos mesmos. A varivel
vista como um factor determinante/determinado ou interveniente.
Correlacional :A investigao correlacionai pressupe que a varivel tem por objectivo
expressar e quantificar relaes entre dimenses (nomeadamente psicolgicas). A
varivel est relacionada com as dimenses do comportamento avaliadas ou com
construtos - conceitos mais amplos - (ex. inteligncia). Neste tipo de investigao a
varivel assume, portanto, um carcter mais descritivo do que explicativo.
Construtos: Entende-se por construto uma dimenso latente do comportamento
humano, de carcter abstracto, ex.: inteligncia, personalidade, etc.. Uma investigao
que se debruce sobre um destes conceitos no poder operacionaliz-los seno atravs
de variveis que os traduzam, visto que eles no so mensurveis de forma directa.
Assim, as variveis sero indicadores dos construtos. As perspectivas comportamental e
ecolgica em Psicologia tem desenvolvido, por sua vez, um trabalho considervel no
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sentido de conseguir A medir os comportamentos de forma directa (ex. registo de
frequncia, durao e intensidade de comportamentos; quantificao de estmulos,
dimenses pessoais e respostas).
O processo pelo qual se traduz um construto em variveis designa-se como
operacionalizao das dimenses que segundo Bravo (1985) se desenvolve em 4 fases:-
>enunciao da varivel; deduo das principais dimenseSr^procura de indicadores
concretos;e construo de ndices que possibilitem a medida.
Estatuto das Variveis
As variveis podem assumir diferentes papis em investigao, em funo do impacto
que geram ou sofrem. Seguidamente so apresentados os diferentes tipos de variveis
em funo do estatuto que podem assumir num processo de inve stigao:
Varivel Independente, experimental ou de tratamento a varivel, dimenso ou
caracterstica que manipulamos intencionalmente, o objectivo de conhecer o impacto
que o seu valor pode produzir na varivel dependente. Poder ser considerada activa (se
houver uma manipulao efectiva) ou atributiva (se considerarmos as caractersticas
naturais dos sujeitos).
Varivel Dependente ou critrio
a varivel, dimenso ou caracterstica cujo valor, condio ou presena varia em
funo das manipulaes que efectuamos na varivel independente.
Varivel Interveniente, moderadora ou intermdia - a varivel que apesar de alheia
ao experimento pode influenciar os resultados e desvirtu-los, diz-se moderadora pois
pode interferir no comportamento, assumindo-se como intermdia entre as outras
variveis. O seu controlo difcil de efectuar devido ao seu carcter interactivo.
Varivel Parasita - a varivel que apesar de alheia ao experimento afecta a varivel
dependente e seus resultados atravs da associao varivel independente.
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Procedimentos de Controlo - O controlo destas variveis em estudos experimentais
pode ser efectuado atravs de procedimentos tais como: a identificao, a eliminao; a
manuteno da constncia das condies; o balanceamento das condies; o
contrabalanceamento dos sujeitos, e a aleatorizao dos grupos de sujeitos nas vrias
condies. Seguidamente, explica-se cada um dos procedimentos de controlo das
varaveis :
1-Identificao - Efectua-se a anlise, distino e identificao das variveis parasitas.
2-Eliminao - Sempre que possvel, aps identificar as variveis parasitas estas devem
ser eliminadas.
3-Manuteno da constncia das condies - Quando as variveis parasitas no podem
ser eliminadas uma das alternativas possveis mante-las constantes.
Ex. Se a forma como o profissional que aplica uma prova d as instruesn interfere na
VD, ento devemos manter o mesmo profissional para todos os sujeitos.
4-Balanceamento das condies - Consiste em distribuir de forma equitativa os
sujeitos em funo dos valores que a varivel parasita pode assumir. Se uma varivel
parasita como a idade pode interferir nos valores da VD, ento devemos tentar distribuir
de forma equitativa sujeitos de diferentes - grupos etrios pelo grupo controlo e pelo
grupo experimental.
5-Contrabalanceamento dos sujeitos - Este procedimento tem em vista eliminar a
nterferncia do efeito de fadiga, de treino e de memorizao. Assim, os sujeitos de um
experimento (ex. realizar 3 testes) devero ser divididos em grupos no sentido de
possibilitar que todas as possibilidades de sequncia sejam esgotadas (T1- T2 - T3; T1 -
T3 - T2; T3 - T2 - T1; T3 - T1 - T2, et e.).
6-Aleatorizao dos grupos de sujeitos - Este procedimento consiste em seleccionar
aleatoriamente os sujeitos para cada um dos grupos a constituir.
7-Emparelhamento dos sujeitos - Este procedimento complementar, tem por objectivo
assegurar a aleatorizao e em simultneo uma certa equidade entre os grupos (no
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respeitante aos valores da VI).Outra alternativa consiste em agrupar os sujeitos por
ntervalos de valores relativos VI, mas este procedimento no s dispendioso como
pode limitar a generalizao dos resultados (reduo da variabilidade).
Em sntese, pode dizer-se que identificar e controlar as variveis parasitas no
simples. Contudo, o recurso literatura alusiva investigao da rea pode ser til no
reconhecimento de algumas variveis parasitas.
Anlise do comportamento - O Sistema "EORC"
As correntes behavioristas defendem que o comportamento constitui um sistema
dinmica para o qual convergem diversas variveis. O sistema "EORC" (Gonalves,
1990), por sua vez, consiste numa operacionalizao das principais variveis associadas
ao comportamento:
E - estmulo; O - Organismo; R - Resposta e C - Consequncias.
E Estmulo Consideram-se variveis estmulo as variveis ambientais ou aquelas que
ocorrem imediatamente antes da resposta, sendo desencadeadoras da mesma. Esta
conceptualizao traduz a influncia da escola de reflexologia sovitica e do
behaviorismo clssico norte-americano, que valorizavam amplamente o papel do estmulo
no comportamento. Assim, o ambiente e as aprendizagens anteriores, como estmulos
que so assumem propriedades discriminativas e de reforo dos comportamentos.
O- Organismo As variveis organsmicas so inerentes aos sujeitos e sua
ndividualidade. Consideram-se, como tal, variveis pessoais e individuais, orgnicas e
relativas histria pessoal do sujeito. Incluem-se, portanto, variveis genticas,
fisiolgicas, educacionais e ambientais. Muitas destas variveis so, muitas vezes,
representadas em construtos como a inteligncia, a personalidade, etc..
R Resposta Entende-se por varivel resposta toda a manifestao comportamental ou
conduta, de carcter motrico e/ou emocional (e respectivo significado associado). A
anlise desta varivel deve, contudo, ser ampla e atender globalidade da situao quer
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na avaliao quer na interveno. Isto , no nos devemos centrar apenas num dos
aspectos (a situao deve ser analisada como um todo, incluindo as vertentes cognitiva,
social, etc.).
C - Consequncias varivel consequncia consiste no estmulo contingente ou
concomitante, no efeito .esposta, ou seja, posterior a esta. A consequncia ter,
portanto, um papel importante na manuteno ou extino do comportamento, visto que
a forma como for percebida pelo sujeito ser importante para a determinao da
frequncia, da durao, da intensidade e da probabilidade de ocorrncia do
comportamento no futuro.
PARMETROS DE MEDIDA
A quantificao dos comportamentos, atravs da parametrizao das variveis
, sem dvida, mais simples sempre que se recorra a equipamentos e instrumentos
que permitam um nvel elevado de controlo, conforme o obtido em condies
Os seguintes parmetros de medida das variveis, operacionalizadas segundo o
Sistema "EORC", podem ser considerados em conjunto ou separadamente, mas em
qualquer dos casos servem para quantificar o comportamento em anlise.
1- FREQUNCIA de ocorrncia da resposta;
2- INTENSIDADE da resposta;
3- VELOCIDADE / qualidade da resposta;
4- PROBABILIDADE de ocorrncia da resposta;
5- DURAO da ocorrncia da resposta;
6- Intervalo de tempo entre duas ou mais ocorrncias.
NATUREZA DA MEDIDA DAS VARIVEIS
As variveis podem ser apreciadas em funo da sua natureza e do tipo de apreciao
quantitativa das suas manifestaes.
Quanto natureza podemos distinguir variveis QUALITATIVAS e variveis
QUANTITATIVAS, conforme seguidamente descrito.
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O PLANO DE INVESTIGAO
O plano de investigao assume uma grande importncia no processo na
medida em que constitui um elemento organizativo e orientado r. A sua definio ,
portanto, imprescindvel, e comporta a resposta a questes como: O que fazer ? Quando
? Como ? Junto de quem ? Por quem ? Com que recursos ? Como sero avaliados os
efeitos ?
Destas questes decorrem decises relativas a vrios aspectos, como:
- A amostra - qual o efectivo necessrio, quais as suas caractersticas e qual a
representatividade inerente a esse efectivo.
- Os momentos de avaliao - Como sero manipuladas e medidas as variveis.
- Os procedimentos - Como sero recolhidos os dados, com que meios e recursos.
- O experimentador - Qual o seu papel e interveno no contexto de investigao.
PLANO / DESIGN DE INVESTIGAO
O plano / design de investigao consiste no conjunto de procedimentos e orientaes
que deveremos seguir de forma a assegurar o rigor e o valor prtico da informao
recolhida. Assim, importa definir:
1) O alvo -junto de quem vamos intervir/experimentar/observar;
2) O agente - quem vai intervir/avaliar;
3) O timing - por exemplo, quando vamos introduzir a condio experimental e/ou
efectuar avaliaes;
4) A sequncia e o controlo - qual a sequncia de implementao das condies, como
vamos emparelhar os grupos, como vamos controlar as variveis parasitas, etc..
5) O objecto de avaliao -- o que vai ser avaliado e com que meios (comportamentos,
situaes, etc.).
A definio destes aspectos vai ser determinante para: as margens de erro; a
segurana dos resultados; a relao entre resultados e as condies experimentais; a
oossibilidade de generalizao dos resultados.
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8) Regresso estatstica - Em investigao no havendo "certezas absolutas" possvel
que o acaso e a probabilidade nos remetam para situaes em que os efeitos observados
na V.D. resultem apenas das leis probabilsticas e no da manipulao da V.L
9) Difuso ou imitao da varivel tratamento - Este tipo de interferncia deve-se,
muitas vezes, a "fuga de informao entre sujeitos". Assim, por exemplo,a passagem de
nformao, relativa ao tratamento aplicado a um grupo, para outro grupo condicionar
o comportamento deste. O segundo grupo tender a exibir comportamentos que
considera desejveis. Este tipo de interferncia mais frequente quando h uma
aplicao sequencial da varivel tratamento aos diferentes grupos.
GRUPOS E MOMENTOS NUM PLANO DE INVESTIGAO
No desenvolvimento do processo de investigao importa, tambm, definir o processo de
seleco dos sujeitos e os momentos em que vai decorrer a recolha dos dados.
PLANOS EXPERIMENTAIS
Os planos experimentais caracterizam-se por contemplar 2 ou mais grupos, em que cada
um deles corresponde a uma condio, assim, na maior parte das mestigaes temos:
- o grupo EXPERIMENTAL - que ser alvo da condio experimental - V.L;
- o grupo CONTROLO -que no ser alvo da V. l.;e/ou
o grupo PLACEBO - que ser alvo de uma condio ou tratamento de efeito neutro , tendo
associada a vantagem de reduzir a curiosidade associada ausncia de condio e
respectivas consequncias, conforme acontece no grupo controlo.
Validade externa
Definio - A validade externa reporta s condies que podem afectar a
representatividade dos procedimentos e resultados e consequentemente a possibilidade
de generalizao populao, a outras amostras ou a outras situaes.
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FACTORES QUE PODEM AFECTAR A VALIDADE EXTERNA
1) Reactividade experimental - O simples facto de os sujeitos participarem na
nvestigao pode alterar os seus padres comportamentais.
2) Interaco tratamento - atributos - Este efeito tem a ver com aspectos relativos
seleco dos sujeitos. Por exemplo, se a nossa amostra for constituda por estudantes
universitrios ou por uma minoria tnica teremos dificuldades em generalizar os
resultados populao em geral.
3) Efeito reactivo do pr-teste - Se os sujeitos for submetidos a um pr-teste estamos a
aumentar a probabilidade de se verificarem as mudanas pretendidas, nomeadamente
atravs do seu efeito de treino.
4) Tratamentos MLTIPLOS - Considerando que tratamentos anteriores interferem
sempre em tratamentos posteriores a validade externa ser afectada, na medida em que
ser difcil distinguir os efeitos e o "peso" de cada tratamento.
5) Novidade do TRATAMENTO - A novidade inerente participao interfere nos
resultados, na medida em que lhe esto sempre associadas a curiosidade e a motivao,
aspectos que sem dvida alteram o comportamento dos sujeitos.
Na seleco dos grupos, para assegurar a significncia dos resultados,
poderemos recorrer a uma das seguintes alternativas:
- efectuar uma seleco aleatria dos sujeitos;
- proceder ao emparelhamento dos sujeitos;
- implementar os procedimentos de modo que todos os sujeitos/g rupos
passem por todas as condies possveis.
Momentos da avaliao Os momentos da avaliao numa investigao servem, na
globalidade, para apreciar os efeitos, as mudanas ou ganhos obtidos.
O PR-TESTE - Efectua-se antes da aplicao da condio experimental ou tratamento,
no sentido de conhecer o estado que a precede. Na sua aplicao deve considerar-se o
efeito da reactividade ao mesmo.
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O PS-TESTE - Efectua-se aps a aplicao da condio experimental ou A
tratamento, no sentido de verificar o impacto da mesma.
O FOLLOW-UP - Efectua-se decorrido um perodo tempo aps o final da investigao. O
seu principal objectivo consiste em verificar se o efeito se mantm no tempo.
particularmente usado em intervenes que visam a modificao de comportamentos.
Em todos os momentos de avaliao, atrs referidos, o objectivo f inal verificar
se a varivel independente produziu efeitos na varivel dependente. A opo por
determinado(s) grupo(s) e por determinados momentos para efectuarmos a avaliao
estaremos a obter uma combinao que nos pode remeter para um tipo de estudo em
detrimento de outros. Assim podemos optar por um dos trs tipos de estudos que
seguidamente so descritos:
ESTUDO TRANSVERSAL:
- H avaliao comparativa de grupos etrios diferentes;
- H comparao dos resultados obtidos num mesmo momento;
- Permite observar diferenas relativas evoluo global em funo do escalo etrio;
- Tem a desvantagem de se poder verificar o "efeito de gerao" (as diferenas podem
estar relacionadas com variveis associadas gerao-valores, atitudes, etc.).
ESTUDO LONGITUDINAL
- Os mesmos sujeitos so observados em vrios momentos ao longo dotempo;
- Permite evitar o "efeito de gerao";
- Tem as seguintes desvantagens: moroso; dispendioso; est sujeito ao efeito
nteractivo das testagens sucessivas; contempla taxas mais elevadas de mortalidade
experimental.
ESTUDO SEQUENCIAL
- Vrios grupos de sujeitos so observados em vrios momentos ao longo do tempo;
- Permite avaliar diferenas inter e intra individua is;
- Tem as mesmas desvantagens que o estudo longitudinal.
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de investigao tendem a ser mais flexveis e adaptados progressivamente adaptados
as diferentes fases do processo. A recolha de dados efectuada de forma mais
diversificada, em funo do tempo e do espao. Os mtodos de avaliao so mais
nformais e menos quantitativos e contemplam, por exemplo:
1) a entrevista;
2) o registo directo;
3) a observao participante;
4) a anlise de documentos, etc..
Obviamente, com estas caractersticas metodolgicas, mais difcil garantir a
objectividade e validade dos resultados. Contudo, mtodos como a triangulao e a
contrastao subjectiva podem auxiliar a contornar estas questes.
POPULAO E AMOSTRAS
Uma das formas de assegurar a significncia dos resultados de uma nvestigao
garantir que as amostras utilizadas sejam vlidas, isto , que tenham qualidade.
Os resultados devero, portanto, ser independente dos sujeitos tomados e estar
ssociados condio experimental e sua manipulao. Assim, convm considerar, que
na seleco dos sujeitos no tem qualquer iteresse incluir todos os sujeitos de uma
populao (devido ao tempo, ao custo, acessibilidade e ao desinteresse estatstico que
tal implica), contudo, mesmo no considerando todos os sujeitos devemos assegurar a
possibilidade de generalizar os resultados.
UNIVERSO: Consiste na t otalidade dos sujeitos/fenmenos/observaes que podem
ser reunidos por obedecerem a uma determinada caracterstica.
POPULAO: Consiste num conjunto de indivduos/casos/observaes onde se quer
estudar determinado fenmeno.
AMOSTRA: um conjunto de sujeitos/casos/observaes extrados de uma populao. A
amostra deve representar a populao de que proveniente.
SUJEITO: Cada um dos indivduos/elementos que constitui a amostra.
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Amostragem: Processo de seleco de parte de uma populao em que os
sujeitos/situaes/observaes informam sobre as caractersticas da populao.
A amostragem orienta-se por requisitos que visam garantir a validade dos resultados e a
possibilidade de serem generalizados. Se a amostragem for orientada por princpios
probabilsticos permite obter as amostras ditas "verdadeiras". Se for orientada por
princpios no probabilsticos permitir obter grupos.
^ Entre os diversos mtodos de amostragem temos:
amostragem aleatria simples;/ estratificada;/ sistemtica; por grupos;/ polietpica.
Entre estes processos de amostragem os mais frequentemente utilizados em psicologia
so a amostragem aleatria simples e a amostragem estratificada.
Fluidamente apresentada uma sntese explicativa de cada uma deles.
Amostragem aleatria simples Este o tipo de amostragem mais conhecido e tambm
aquele que permite uma aior rigor cientfico. Uma amostra obtida desta forma
caracteriza-se por:
1) Ser obtida totalmente ao acaso;
2) Evitar enviesamentos (amostras viciadas);
3) Todos os sujeitos tm a mesma probabilidade de a integrar;
4) A seleco de um sujeito no interfere com a seleco de outro;
5) Permitir uma elevada probabilidade de generalizao dos resultados.
A possibilidade de generalizao dos resultados ser tanto maior quanto maior forem:
- a proximidade entre o nmero de sujeitos da amostra e o nmero de
elementos da populao;
- o nmero de sujeitos da amostra em funo dos estratos da populao;
- a possibilidade de manter a aleatoriedade na escolha dos sujeitos e ao
ongo da investigao.
Entre as vantagens do mtodo de amostragem aleatrio simples, contam-se:
1) O baixo custo;
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3) A apreciao da eficcia e qualidade das vrias alternativas de resposta;
4) A identificao de alguns aspectos peculiares / dificuldades acrescidas de um
determinado item;
5) A possibilidade de conhecer as atitudes gerais dos sujeitos face aos itens e prova;
6) A verificao da existncia de padres especficos por grupos de sujeitos e posterior
eliminao de fontes de enviesamento.
7) A deteco de itens mal construdos;
8) O conhecimento, num primeiro nvel, das dificuldades dos sujeitos e da interferncia
de estratgias mais ou menos eficazes;
9) O conhecimento do grau de dificuldade dos itens, da suficincia das instrues e do
tempo necessrio para a realizao da prova.
Entre as DESVANTAGENS da utilizao desta tcnica podem enumerar-se:
1) A capacidade de registo limitada
O investigador tem, obviamente, uma capacidade de registo limitada e, por outro lado, o
recurso a equipamentos que facilitem esta tarefa pode interferir nas respostas e
consequentemente enviesar os resultados.
2) Requer elevada capacidade de interiorizao dos sujeitos Para que esta tcnica seja
eficaz os sujeitos devem ter uma elevada capacidade de interiorizao, de expresso e de
verbalizao, o que nem sempre possvel com determinados grupos (ex. crianas,
pessoas com baixo nvel de escolaridade).
3) A dificuldade de a verbalizao acompanhar o processo mental Mesmo com treino, os
sujeitos dificilmente conseguem verbalizar o que sentem no momento em que se d o
processo mental. Por outro lado, natural que se verifique a tendncia dos sujeitos para
generalizarem o procedimento de resposta aos primeiros itens para os itens seguintes.
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