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Jornal da Fruta 27CADERNO DO NORDESTE - NOVEMBRO/2006

Manejo e controle da cochonilha ortézia (Orthezia praelonga), em plantiosirrigados de acerola - Flávia Rabelo Barbosa INa agricultura, o controle de pragas

não precisa ser feito de forma obriga-tória ou exclusiva com o uso de produ-tos químicos. Os métodos modernos decontrole de pragas e doenças nas cultu-ras buscam o uso de medidas que com-binam várias ações e princípios quími-cos e biológicos. Muitas experiênciasrealizadas em várias partes do mundo ecom várias culturas, tendo como basea diversidade de alternativas, mostra-ram-se eficientes, inclusive nos segmen-tos agrícolas mais competitivos.

Desta forma, integrando várias me-didas de controle, é que pesquisas rea-lizadas na Embrapa Semi-Árido tem con-seguido eficiência no controle da pragaOrtézia (Orthezia praelonga)na culturada acerola. A presença desta praga empomares da fruta no Submédio SãoFrancisco, tem causado severos danose até morte de plantas. O inseto suga aseiva da planta, injeta toxinas e expeleum líquido açucarado, que caindo so-bre a planta, favorece o desenvolvimentode fungo do gênero Capnodium, queforma uma camada preta, conhecidacomo fumagina, que recobre folhas,frutos e ramos, o que dificulta a fotos-síntese e a respiração da planta. Comoconseqüência da sucção contínua daseiva e distúrbios no metabolismo, aplanta definha, havendo queda prema-tura de folhas e frutos e secamento dosgalhos. Quando em altas densidades po-pulacionais, a ortézia pode levar a plan-ta a morte.

O controle químico nessa culturadeve ser encarado com bastante caute-la, tendo em vista a presença na mes-ma, de frutos em diferentes estádios dedesenvolvimento, quase que ininterrup-tamente e o curto intervalo entre a flo-ração e a maturação dos frutos. Deve-se também ter em mente que o destinodo fruto é para consumo "in natura" ouaproveitamento imediato pela indústriade processamento de polpa, daí a preo-cupação com resíduos de agrotóxicosnos frutos. Além disso, até o momento,não há produtos registrados pelo Mi-nistério da Agricultura Pecuária e Abas-tecimento, para o controle de pragas oudoenças na aceroleira.

A Ortézia é uma cochonilha que per-tence a ordem Hemiptera, família Or-theziidae, e tem como hospedeiras asplantas cultivadas, ornamentais, medi-cinais e invasoras. As fêmea não pos-suem asas, são brancas e possuem ovis-saco, que é um prolongamento do cor-po do inseto, semelhante a uma cauda.A camada cerosa presente no ovissaco,protege dos inimigos naturais e dificul-ta o contato dos produtos aplicados noseu controle. Os machos são alados, decoloração azulada e cauda com cerdasbrancas alongadas. Ao contrário da fê-mea, não causa prejuízo à planta, suafunção é de reprodução.

O cultivo da acerola é uma impor-tante alternativa econômica para a Re-

gião Nordeste do Brasil. A fruta é utili-zada na fabricação de sucos, licores,geléias, doces, sorvetes, chicletes ebombons. No Brasil. por seu cultivocomercial relativamente recente, o co-nhecimento dos insetos-pragas e dosinimigos naturais associados aos mes-mos, ainda são escassos.

Experiência que deu certo - Os testesrealizados na pesquisa da Embrapa para ocontrole da ortézia avaliaram em condiçõesde campo o efeito de métodos de contro-le culturais e de produtos alternativos.Também foram identificados inimigos na-turais da cochonilha e plantas invasorashospedeiras da praga. Os testes foramconduzidos em uma área comercial de apro-ximadamente 2 ha do Projeto Senador NiloCoelho, em Petrolina-PE. As plantas trata-das encontravam-se altamente infestadas,estando as folhas cobertas por fumagi-na e até os troncos infestados (Fig. 1).

As medidas de controle imple-mentadas foram:

1. Poda e queima dos ramos maisinfestados e secos; 2. Identificaçãoe controle de plantas invasoras hos-pedeiras da cochonilha; 3. Utilizaçãode calda sulfocálcica (3%) + amino-ácido (JK Bioestimulante-O,5 %), emtrês pulverizações, com intervalos deIS dias, sendo as duas primeiras nosfocos de infestação e a terceira emtoda a área;

Fig. 2 - Ataque de Ortézia em troncodeacerola

4. Utilização de Óleo vegetal -Gossipol (1,5 %) + detergente neu-tro (1,0%), nos focos de infestação;5. Pulverização de cinco plantas aoredor do foco, nas fileiras circunvi-zinhas, para evitar a disseminaçãoda praga.

Constatou-se que a utilização dasmedidas culturais (poda e controle deinvasoras) associadas com o tratamen-to das plantas infestadas, com caldasulfocácica + aminoácido, resultou narecuperação das plantas severamente in-festadas. O tratamento com a calda sul-focálcica associada ao aminoácido oca-sionou a mortalidade de mais de 80%das cochonilhas, ocorrendo novas bro-rações nas plantas tratadas. Contudo, nãoocorreu o controle da praga, quando utili-

Continua na contra-capa =>

zou-se o Gossipol + detergente neutro.Foram identificadas como hospedeirase fontes de reinfestação da praga, as in-vasoras Commelina benghalensis L.(trapoeraba), Conyza sp. (voadeira), Mi-mosa pudica L. (malícia), Digitaria in-

sularis (L.) Fedde (capim-amargoso),Bidens pilosa L. (picão preto). Para queos novos focos sejam identificados eimediatamente controlados, recomenda-se o monitoramento do pomar, que deveser realizado a cada dez dias, inspecio-

nando-se I% das plantas da área plan-tada. Recomenda-se examinar um ramopor quadrante da planta, tendo-se o cui-dado de olhar a face inferior das folhasonde a cochonilha se aloja. Os troncostambém devem ser inspecionados, pois,

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as cochonilhas podem estar também aípresentes.

I Embrapa Semi-Árido, CP.:23,56302-970,Petrolina-PE. f1avia@cpatsa.embrapa.br

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