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Literatura
ClassicismoEduardo Batista
Classicismo
Definição: é o nome dado ao período literário que surgiu na época do Renascimento (Europa séc. XV a XVI). Um período de grandes transformações culturais, políticas e econômicas.
Contexto histórico – Séc. XV e XVI• A crise religiosa (era a época da Reforma Protestante, liderada por Lutero);• As grandes navegações (onde o homem foi além dos limites da sua terra);
1. A terra era redonda (o mar não havia abismos nem monstros);2. Crescimento do comércio e das cidades;
• A invenção da Imprensa que contribuiu muito para a divulgação das obras de vários autores gregos e latinos (cultura clássica) proporcionando mais conhecimento para todos.
• A ciência passou a questionar os dogmas da igreja.• Foi na arte renascentista que o antropocentrismo atingiu a sua plenitude,
agora, era o homem que passava a ser evidenciado, e não mais Deus.• A arte renascentista se inspirava no mundo greco-romano (Antiguidade
Clássica) já que estes também eram antropocêntricos.
Características• Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, a
expressão dos sentimentos era controlada pela razão.• Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades
universais (de preocupação universal) passaram a ser privilegiadas.• Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo isso
passa a ser motivo de atenção e preocupação.• Presença da mitologia greco-latina • Humanismo: o homem dessa época se liberta dos dogmas da
Igreja e passa a se preocupar com si próprio, valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua capacidade de produzir e conquistar. Porém, a religiosidade não desapareceu por completo.
• Idealização amorosa• Paganismo, nacionalismo, • Gosto pelo soneto, busca do equilíbrio formal.
Principais Autores e Obras• Luís Vaz de Camões
Um dos maiores nomes da Literatura Universal, e certamente, o maior nome da Literatura Portuguesa.
Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a epopeia “Os Lusíadas” considerada uma obra-prima.
Essa obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos distribuídos em 1120 estrofes e narra a viagem de Vasco da Gama às Índias enfatizando alguns momentos importantes da história de Portugal.
Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto destaque quanto Camões, são eles: Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e Antonio Ferreira.
O Classicismo terminou em 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e também com a morte de Camões.
• Características de uma epopeia
- É escrita em versos.- O tema é sempre grandioso e heróico e refere-se à história de um povo.- É composta de proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.
Formas clássicas
• Écloga: poema dialogado pastoril• Elegia: poema melancólico• Ode: poema de exaltação a determinada
pessoa• Epístola: carta em verso• Epitalâmio: poema de congratulação a
noivos recém-casados• Epopeia: exaltação de um herói
O Classicismo em Portugal
• A importância de Portugal devido a Expansão marítima e comercial;
• Havia um amadurecimento das terras lusitanas que foi registrada por Luís de Camões em seu poema épico “Os Lusíadas”;
• O movimento criado pelos humanistas chegou em Portugal por Sá de Miranda vindo da Itália;
• Devido o contexto histórico de grandes descobertas que exaltavam o nacionalismo, a valorização do povo português e os feitos heroicos buscava-se imortalizar a partir do escrito.
Produções literárias da época
• Poesia1. Lírica: Camões e Sá de Miranda2. Épica: Camões – Os Lusíadas
• Teatro: Antônio Ferreira – Tragédia “Castro”• Prosa
1. Novela sentimental: Bernardim Ribeiro – Menina e moça;2. Novelas de cavalaria: João de Barros – Crônica do imperador Clarimundo; Francisco Morais – Palmeirim da Inglaterra;3. Crônica histórica: João de Barros;4. Literatura de viagens: Fernão Mendes Pinto – Peregrinação.
CAMÕES – Os lusíadas
• Narra os feitos da chegada ao oriente pela África com Vasco da Gama como líder;
• O herói: quase um deus centralizador de poder;• O herói não é Vasco da Gama, mas todos os
portugueses liderados por ele destacando o espírito nacionalista;
• Divulga o cristianismo, apesar de mencionar deuses do olimpo (baseado na Odisseia , na Ilíada e na Eneida);
• Conciliou o maravilhoso pagão com o maravilhoso cristão;
Estrutura
• 1102 estrofes, em oitava-rima e com 10 cantos;• Partes principais
1. Introdução a) Proposição: apresenta o que será cantado – os
feitos heroicos dos barões de Portugal (1 – 3);b) Invocação das ninfas pedindo inspiração para os
poemas (4,5);c) Dedicatória do poema a D. Sebastião (6 – 18)
2. Narração (canto I est. 19 – canto X est. 144)3. Epílogo (145 – 156)
TRECHOS DA OBRAAs armas e os barões assinalados,Que da ocidental praia Lusitana,Por mares nunca de antes navegados,Passaram ainda além da Taprobana,Em perigos e guerras esforçados,Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaramNovo Reino, que tanto sublimaram;...
E vós, Tágides minhas, pois criadoTendes em mim um novo engenho ardente,Se sempre em verso humilde celebradoFoi de mim vosso rio alegremente,Dai-me agora um som alto e sublimado,Um estilo grandíloquo e corrente,...
E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,Tomai as rédeas vós do Reino vosso:Dareis matéria a nunca ouvido canto.Comecem a sentir o peso grosso(Que pelo mundo todo faça espanto)De exércitos e feitos singulares,De África as terras, e do Oriente os marços,...
Quando os Deuses no Olimpo luminoso,Onde o governo está da humana gente,Se ajuntam em concílio gloriosoSobre as cousas futuras do Oriente.Pisando o cristalino Céu formoso,Vêm pela Via-Láctea juntamente,Convocados da parte do Tonante,Pelo neto gentil do velho Atlante...
E vós, ó bem nascida segurançaDa Lusitana antígua liberdade, E não menos certíssima esperançaDe aumento da pequena Cristandade;Vós, ó novo temor da Maura lança,Maravilha fatal da nossa idade,Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,Para do mundo a Deus dar parte grande;
Vasco da Gama, o forte capitão, Que a tamanhas empresas se oferece, De soberbo e de altivo coração, A quem Fortuna sempre favorece, Para se aqui deter não vê razão, Que inabitada a terra lhe parece: Por diante passar determinava; Mas não lhe sucedeu como cuidava.
A LÍRICA1. Influenciado pela medida velha (inspirada na
tradição medieval): Estrutura de poesia palacianaa. Versos em redondilha maior e menor;b. Estrutura formada por um mote seguidos de glosas ou voltas;c. Conteúdo: partida do namorado, solidão, confidência e sofrimento amoroso, ambiente rural, mulher inacessível.
2. Influenciado pela medida nova (inspirado no humanismo e no renascimento italianos):a. Emprego de decassílabo;b. Composições preferidas: o soneto, a écloga, a ode, a oitava, a elegia.c. Temas comuns: o amor neoplatônico, o sofrimento amoroso, a natureza, reflexão sobre o desconcerto do mundo ou sobre a passagem do tempo e a instabilidade dos sentimentos e das coisas.
Tipos de lírica
• Amorosa• Filosófica
Lírica amorosa
1. Apresenta-se com dupla perspectiva: a do amor sensual e a do amor neoplatônico (amor idealizado e inacessível).
2. Marca da poesia lírica de Camões: sentimentos contraditórios e pessimismo existencial – prenúncio do Barroco.
Lírica filosófica1. Tema: reflexão sobre a vida, o homem e o
mundo;2. Destaque: consciência da incessante
mudança e da força implacável do tempo cuja ação nem sempre é positiva;
3. Eu lírico desencontrado com a realidade;4. Lírica que retrata o desengano do homem;5. Expresso tanto na medida velha quanto na
nova.
Poema lírico de CamõesAmor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
Questões 1. (PUC-SP)
Tu só, tu, puro amor, com força cruaQue os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue humano.
Estavas, linda Inês, posta em sossegoDe teus anos colhendo doce fruito,Naquele engano da alma ledo e cego,Que a fortuna não deixa durar muito,Nos saudosos campos do Mondego,De teus fermosos olhos nunca enxuito,Aos montes ensinando e às ervinhas,O nome que no peito escrito tinhas.
Os Lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O episódio de Inês de Castro, do qual o trecho acima faz parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central:
a) personifica e exalta o Amor, mais forte que as conveniências e causa da tragédia de Inês.b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos.c) tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no peito escrito tinha.e) relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono português.
2. (FUVEST) Considere as seguintes afirmações do crítico Hernâni Cidade, a respeito do discurso feito por Inês de Castro em Os Lusíadas:
“O discurso é uma bela peça oratória, concebida por quem possui todos os segredos do gênero. (...) Nele a inteligência sonctrutiva do clássico superou, no poeta, o sentimento da verdade psicológica. A idéia fundamental - põe-me em triste desterro, mas poupa-me a vida em respeito de teus netos - alonga-se por toda uma eloqüente oração ciceroneana, em que não faltam as alusões mitológicas apropriadas.“
Sobre as palavras do crítico e o conteúdo do episódio de Inês de Castro, é correto afirmar que:
a) pode-se considerar a fala de Inês de Castro um exemplo de peça oratória graças à intensa expressão lírica que o discurso apresenta;b) uma das alusões mitológicas presentes no episódio relaciona-se a Vênus, deusa do Amor, responsável pela paixão trágica de Inês de Castro;c) o tom oratório presente no discurso da personagem vem somar à expressão lírica a organização lógica das idéias, conferindo à enunciação um caráter argumentativo;d) segundo o crítico, verificam-se elementos da oratória no episódio de Inês de Castro, os quais são resultado da capacidade do poeta de revelar a verdade psicológica dos personagens;e) a idéia fundamental do discurso da personagem relaciona-se à tristeza em relação aos amores dos quais ela reconhecia não ter culpa, já que o verdadeiro culpado é Amor.
3. (FUVEST) Texto para a questão.
Estavas, linda Inês, posta em sossego,De teus anos colhendo doce fruito (fruto)Naquele engano da alma, ledo e cego, (alegre)Que a Fortuna não deixa durar muito, (Destino)Nos saudosos campos do Mondego, (rio de Coimbra)De teus fermosos olhos nunca enxuito, (enxuto)Aos montes insinando e às ervinhas (ensinando)O nome que no peito escrito tinhas.
(Camões, Os Lusíadas, III, 120)
O trecho acima inicia o episódio de Inês de Castro, aquela que 'depois de ser morta foi rainha'. Sobre ele, aponte a alternativa incorreta:
a) Os versos correspondem à chamada 'medida nova' (decassílabos).b) Os versos transcritos formam uma oitava-rima, que é a estrofe utilizada no poema.c) Camões narra o fato como um episódio guerreiro dentro de Os Lusíadas.d) Os três atributos destacados em Inês são a beleza, a juventude e a paixão.e) A natureza é apresentada como solidária de Inês em seu amor por D. Pedro.
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