4.2(manuelino e) renascimento classicismo arquitectura chã

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4.2 (Manuelino e) Renascimento ; Classicismo ; arquitectura chã 23 | 060112 Sumário Francisco de Holanda, ideia e desenho. «E digo que a Pintura ou debuxo de que trato não é o que comummente se chama debuxar ou pintar dos que pouco sabem qual é o ofício dos que debuxam lavores e folhagens, ou dos que pintam com tintas vermelhas e azuis...porque deste debuxar e pintar eu aqui não falo. Mas escrevo daquela ciência não só aprendida por ensino doutros pintores mas naturalmente dada por o sumo Mestre Deus gratuita no entendimento. Procedida de sua Eterna Ciência a qual se chama DESEGNO e não debuxo, nem pintura.» (Francisco de Holanda, A Sciencia do Desegno, ii, f. 36v-37. Segurado, Francisco d’Ollanda, 1970: 139) O Censor: «...Em outra obra que aqui vai do mesmo Autor em louvor da pintura se ha-de advertir principalmente no 2. Capítulo que para estar bem definida a pintura, se ha- de declarar que a dita arte ou ciência é natural e adquirida por meio natural e indústria humana e não é dom infuso e sobrenatural, e o mesmo que aqui o autor diz da ideia e desenho da pintura...13 de Abril de 1576 fr bartolomeu ferreira» Da pintura antiga (1548) ; parte II, Diálogos de Roma; De quanto serve a ciência do desenho e entendimento da arte da pintura, na república christâ assim na paz como na guerra (1571). Alberti, Da arte edificatória, IX.x. Com efeito, edificar é próprio da necessidade; edificar para haver comodidade derivou tanto da necessidade como da utilidade; mas edificar de modo que os amigos da sumptuosidade aprovem e os da sobriedade não rejeitem não procederá senão da perícia de um artifice douto, reflectido e muito ponderado.* *Leon Battista Alberti, Da arte edificatória, tradução do latim de ARnaldo Monteiro do Espírito Santo, introdução e notas e revisão disciplinar de Mário Julio Teixeira Krüger, 2011: 616. **Alberti, L’Architettura. De re aedificatoria, 1966, tomo II : 855|854. *** Alberti, On the Art of Building in Ten Books, 1988: 315. Arquitectura chã (’Estilo’ chão), maneirismo. Significado e debate de conceitos. Jorge Henrique Pais da Silva, George Kubler, José Eduardo Horta Correia, Rafael Moreira. Modo simples, desorna(menta)do, chão, severo, austero. Introdução “período estudado inicia-se com a grande alteração do gosto artístico português na década de 1520-1530, de que resultou o abandona da decoração manuelina, e que concluiu com o regresso à exuberante ornamentação por volta de 1700. (...) “O estilo chão português é como que uma arquitectura vernácula, mais relacionada com as tradições de um dialecto vivo do que com os grandes autores da Antiguidade Clássica, e que surgiu numa geração antes do “estilo desornamentado” ter aparecido em Espanha e lhe sobreviver durante várias gerações. (...) no reinado de D. João III, após a exuberância ornamental da época de D. Manuel I. Este regresso a formas arquitectónicas austeras talvez deva a sua origem a sugestões fornecidas por arquitectos militares italianos, mas o seu desenvolvimento posterior aproveitou muitas outras possibilidades construtivas do Norte da Europa bem como as que eram peculiares da tradição portuguesa anterior ao século e meia abrangido por este estudo. Os interiores deste edifício, enriquecidos somente pelo requinte de proporções, e os seus exteriores, friamente racionais subsistiram sem outra ornamentação por cerca de um século, como se preservados de mudança pela peculiar interrupção temporal sob domínio espanhol, quando o tempo histórico parece haver parado em Portugal de 1580 a 1640.(...)” No século XV: linguagem natural; uma «geral maneira de falar» (D. Duarte); a formosura, como deve ser (Infante D. Pedro). O debate e a crítica dos modos do manuelino; D. João III, o traje natural português. O reinado de D. Sebastião. Um tempo crítico de integrismo político ; identidade nacional. [Não foi referido: no século XVI

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Page 1: 4.2(Manuelino e) Renascimento Classicismo arquitectura chã

4.2 (Manuelino e) Renascimento ; Classicismo ; arquitectura chã 23 | 060112 Sumário Francisco de Holanda, ideia e desenho. «E digo que a Pintura ou debuxo de que trato não é o que comummente se chama debuxar ou pintar dos que pouco sabem qual é o ofício dos que debuxam lavores e folhagens, ou dos que pintam com tintas vermelhas e azuis...porque deste debuxar e pintar eu aqui não falo. Mas escrevo daquela ciência não só aprendida por ensino doutros pintores mas naturalmente dada por o sumo Mestre Deus gratuita no entendimento. Procedida de sua Eterna Ciência a qual se chama DESEGNO e não debuxo, nem pintura.» (Francisco de Holanda, A Sciencia do Desegno, ii, f. 36v-37. Segurado, Francisco d’Ollanda, 1970: 139) ● O Censor: «...Em outra obra que aqui vai do mesmo Autor em louvor da pintura se ha-de advertir principalmente no 2. Capítulo que para estar bem definida a pintura, se ha-de declarar que a dita arte ou ciência é natural e adquirida por meio natural e indústria humana e não é dom infuso e sobrenatural, e o mesmo que aqui o autor diz da ideia e desenho da pintura...13 de Abril de 1576 fr bartolomeu ferreira»

Da pintura antiga (1548) ; parte II, Diálogos de Roma; De quanto serve a ciência do desenho e entendimento da arte da pintura, na república christâ assim na paz como na guerra (1571).

Alberti, Da arte edificatória, IX.x. Com efeito, edificar é próprio da necessidade; edificar para haver comodidade derivou tanto da necessidade como da utilidade; mas edificar de modo que os amigos da sumptuosidade aprovem e os da sobriedade não rejeitem não procederá senão da perícia de um artifice douto, reflectido e muito ponderado.* *Leon Battista Alberti, Da arte edificatória, tradução do latim de ARnaldo Monteiro do Espírito Santo, introdução e notas e revisão disciplinar de Mário Julio Teixeira Krüger, 2011: 616. **Alberti, L’Architettura. De re aedificatoria, 1966, tomo II : 855|854. *** Alberti, On the Art of Building in Ten Books, 1988: 315.

Arquitectura chã (’Estilo’ chão), maneirismo. Significado e debate de conceitos. Jorge Henrique Pais da Silva, George Kubler, José Eduardo Horta Correia, Rafael Moreira. Modo simples, desorna(menta)do, chão, severo, austero. Introdução “período estudado inicia-se com a grande alteração do gosto artístico português na década de 1520-1530, de que resultou o abandona da decoração manuelina, e que concluiu com o regresso à exuberante ornamentação por volta de 1700. (...) “O estilo chão português é como que uma arquitectura vernácula, mais relacionada com as tradições de um dialecto vivo do que com os grandes autores da Antiguidade Clássica, e que surgiu numa geração antes do “estilo desornamentado” ter aparecido em Espanha e lhe sobreviver durante várias gerações. (...) no reinado de D. João III, após a exuberância ornamental da época de D. Manuel I. Este regresso a formas arquitectónicas austeras talvez deva a sua origem a sugestões fornecidas por arquitectos militares italianos, mas o seu desenvolvimento posterior aproveitou muitas outras possibilidades construtivas do Norte da Europa bem como as que eram peculiares da tradição portuguesa anterior ao século e meia abrangido por este estudo. Os interiores deste edifício, enriquecidos somente pelo requinte de proporções, e os seus exteriores, friamente racionais subsistiram sem outra ornamentação por cerca de um século, como se preservados de mudança pela peculiar interrupção temporal sob domínio espanhol, quando o tempo histórico parece haver parado em Portugal de 1580 a 1640.(...)” No século XV: linguagem natural; uma «geral maneira de falar» (D. Duarte); a formosura, como deve ser (Infante D. Pedro). O debate e a crítica dos modos do manuelino; D. João III, o traje natural português. O reinado de D. Sebastião. Um tempo crítico de integrismo político ; identidade nacional. [Não foi referido: no século XVI

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(segunda metade), o momento em que se compreende um modo desornado (Francisco de Holanda)]. Dois géneros da arte da oratória (simples, eloquente). Encontrar a formosura na ’minoranza’; sentido de ’mediocritas’. O estilo chão com um sentido ético; uma noção de «estilo chão, puro e grave». Os géneros de colunas: de um modo ornamentado (ordem coríntia, ...) a um modo desornado (ordem toscana e dórica). A Companhia de Jesus em Portugal. As primeiras igrejas de colégio / casa professa: a formação do modelo, características.

*

Estudo de casos Ainda algumas obras de experimentação do classicismo. Tomar, Ermida de Nossa Senhora da Conceição[não está escrito no sumário, mas na apresentação ela compara com a de Salvaterra] - Construída durante o priorado de Frei António Moniz, encarregado da

reogranização conventual da Ordem de Cristo desde 1529.

- Projecto da autoria de João de Castilho e concluída por Diogo Torralva e Flipe

Tergio

-3 naves

- transepto ligeiramente saliente e capela-mor ___

- coberturas diferenciadas em telhados de duas águas nas naves

-cúpula no cruzeiro, apresentando no fecho um pináculo

- capela-mor coberta por um terraço

- platibanda da capela-mor ___ c/acrotérios nos cunhais, encimados por pináculos

- fachadas em cantaria, percorridas por embasamento, flanqueadas por cunhais

apilastrados e remates em friso e cornija

- fachada principal de um pano, encimada por embasamento

- portal rectangular, ladeado por dois janelões de perfil igual, com frontão.

- A fachada é rematada por um frontão

triangularrematado por um friso. Aberto no timpano

por um óculo semo-circular

-janelas com vãos regulares com frontões e

parapeitos

- 3 naves separadas por

- colunas coríntias, encimadas por entablamento

- cobertura das naves com abóbadas de berço   -3 tramos separados por arcos torais -transepto inscrito e assinalado pelo entablamento e abobadas de berço transversais. - capela-mor com abside em nicho semi cilíndrico, rematado por uma concha em quarto de esfera, antecedida por tramo abobadado. (...) - As pilastras apresentam estrias entrelaçadas (cruzetas) como as dos corredores dos dormitório do Convento, que Castilho construiu cerca de 1540. - A cúpula de caixotões quadrados lembra também a do cruzamento dos corredores do mosteiro, datado de 1533, diferindo deste essencialmente pela ausência de nervuras. O interior da igreja recorda as primitivas basilicas cristãs, no que respeita ao alçado da nave arquitravado, enquanto que as naves com abóbada de berço se assemelham às igrejas românicas do Sudoeste de França (...) Tal como na Igreja da Graça, em Évora, a Conceição de Tomar apresenta traços perspectivados nas mísulas das janelas. Estas mísulas alargam-se exteriormente para acentuar o relevo das próprias molduras. Tais pormenores são

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mais de origem espanhola do que italiana, e provêm mais dos ornatos platerescos do que da arquitectura da Roma papal. A proporção dupla ou biquadrada da planta e o alçado dos frontões do transepto, que lembram formas platerescas, como as do Palácio Mendoza, em Guadalajara, são também de influências espanholas. (...) A Conceição de Tomar não é uma igreja-salão como as que estudaremos mais adiante. Permanece isolada e à parte, como “ermida”. Faz lembrar tantas outras espécies de construções que deve ter sido imaginada como experiência arquitectónica ou peça de ensaio, nunca mais repetida, deixada mesmo para ficar como curiosidade, tal como certos navios ou comboios experimentais, que só necessitam de ser construídos uma vez. Um desenho experimental dos finais da década de 1530, com a intenção de desviar uma tendência da herança manuelina, ecnomicamente impossível de prosseguir, e de conduzir à forma subsequente da igreja-salão. Esta intenção é mais evidente no aspecto exteior: trata-se de um bloco inteiramente desenhado em que cada fachada aparece coerentemente composta. A conjunção de uma espécie de caixa coroada de frontão ou de uma forma de templo com naves abobadadas foi repedita nas igrejas-salões portuguesas posteriormente a 1550. As abóbadas de berço arquitravadas só voltam a aparecer em claustros, como em Grijó, e na igreja da serra do Pilar, em Gaia. Salvaterra de Magos, a capela do paço real; - Variação complicada sobre o tema da composição celular (…)Começada em 1555 pelo infante D. Luís(…) P- rojecto vagamente atribuído a Miguel de Arruda.(…) - O plano é bastante original. Combina uma zona de entrada hexagonal com uma nave estreita e uma capela-mor de três naves. Cada um destes elementos é inesperado e sem precedentes. A capela-mor lembra uma nave e a zona da entrada parece uma capela-mor. O tema palladiano que separa a entrada da capela-mor serve de vedação transversal entre os dois recintos. - Desnível entre os três pavimentos de um degrau: um dos degraus bissecciona o hexágono, outro marca a entrada da capela-mor e um terceiro define a plataforma do altar. A sua utilização como capela do palácio deve ter provocado esta divisão surpreendente. (…) - A traça destas formas ricas constitui uma simples planta em duplo quadrado. Apresenta colunas toscanas, mais colunas, arcos, abóbadas de berço e uma cúpula sobre trompas, como um exercício arquitectónico elaborado para atingir a maior complexidade espacial possível, com mudanças de nível tanto nas abóbadas como nos pavimentos. Como em santo Antão, a planta é dupla, mas a separação entre a nave e o altar é uma importante parede diafragma celular com dois corredores arquitravados ladeando a nave coberta, de abóboda de berço.

Alcácer do Sal, capela das Onze Mil Virgens; [como o livro é de 60’s e tais, deve ter sido censurada esta parte =D] Tomar, convento de Cristo, o claustro principal (o claustro de João de Castilho, demolido; o claustro de Diogo de Torralva, terminado por Filipe Terzi;

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“- obra notável na arquitectura no séc. XVI em Portugal. (...) O desenho foi começado em 1554, ainda no renado de D. João III. Uma grande parte foi construída antes de 1556 e só algumas secções incompletas do andar superior foram concluídas depois de 1580, altura em que se deu início ao reinado de Filipe II de Espanha em Portugal. - O Claustro de Torralva é uma esplêndida colgadura feita para cobrir as paredes partidas e superfícies deterioradas, obras de gerações anterores. A norte, encosta à parede manuelina da Igreja dos Templários; os muros nascente e poente cobrem a escadaria construída por Castilho e, no primeiro piso, nos tramos angulares, existem oito cavidades de abóbada de nervuras com base e florões platerescos, como se fossem capelas góticas sobreviventes na traça palladiana das galerias do claustro. (...) Diogo de Torralva casou com a filha de um arquitecto português, Francisco de Arruda (falecido em 1547), a quem sucedeu em 1548 no cargo de “mestre de todas as obras da comarca do Alentejo e dos Paços de Évora” (...) Em 1514, Diogo Torralva (ou um seu homólogo) aparece em Mazagão, no litoral de Marrocos, provavelmente encarregado de trabalhos militares. Em 1545, o rei nomeava-o mestre de minhas obras e foi-lhe permitida a aquisição de algumas terras, outrora pertencentes a João de Castilho, em Algés. (...) O Claustro de Torralva é apenas um sector do conjunto de numerosos claustros traçados e construídos por João de Castilho entre 1533 e 1553. [Enumeração dos outros espaços] (...) Diogo de Torralva foi nomeado seu sucessor [de João de Castilho] em 1554, e em 1557 verificou-se que o claustro de João de Castilho, “destapado e perigoso”, deveria ser imediatamente demolido e substituído. (...) - Os arcos duplos em quatro séries, de Castilho, totalizando 32 em cada piso, seriam demolidos e substituídos, no risco de Torralva, por três arcos de cada lado alternado com portais rectangulares, que também surgem nos ângulos do claustro, o que totaliza doze arcos e doze portais no primeiro piso. No andar superior, or arcos mais estreitos são flanqueados por aberturas arquitravadas, o que faz duplicar o número de aberturas e evita a monotonia de repetição do mesmo tema, que se observa em ambos os pisos da Basílica de Vicenza, obra de Palladio. Torralva alterou ainda as dimensões verticais de Castilho, abandonando a proporção 35:20 em favor da proporção 34:27. (...)

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[Torralva Morrre (1566) – fica parada a construção] Em 22 de Janeiro de 1584, Filipe Terzi foi nomeado “mestre” e o contrato respeitante aos novos trabalhos foi assinado em 1587. (...) - desenhos de Terzi para a pavimentação das galerias, para as escadarias e para o lavabo junto ao refeitório, Devem-se ainda a Terzi alguns obeliscos, cruzes e cotas de armas espanholas. Dos três lanços de escadas propostos por Terzi, apenas dois foram construídos, o que liga o refeitório ao dormitório, a poente e o que se eleva À entrada do coro, a nascente. Foi eliminado um terceiro, que articularia o segundo piso ao terraço. O desenho do claustro é complexo. Dois pisos são variações contrastantes do tema palladiano – Em cada um deles, dois planos actuam mutuamente: o plano médio e o da frente, correspondendo aos vãos dos arcos no plano médio e aos vãos dos pares de colunas no plano da frente. Observam-se outros contrastes emparelhados nas aberturas rectangulares e redondas ou nos arcos e portais. - Nos ângulos nordeste e sudoeste, a galeria inferior apresenta segmentos planos de parede, enquanto que a galeria superior adopta segmentos convexos que se repetem nas torres das escadas no terraço. Estas torres exteriores mostram-se simultaneamente arcaizantes e proféticas, pois lembram ao mesmo tempo as dos pátios dos castelos das cortes medievais e as dos cours d’honneur rococó em França, a partir de 1720. Da mesma maneira que os ângulos curcos rococó valorizam o agrupamento tripo dos arcos em cada fachada. (...) - A originalidade de Torralva na combinação dos temas de Palladio, de Bramante e de Serlio torna-se mais evidante quando se compara o claustro de Tomar com uma ilustração para uma traça semelhante de Serlio(...) -Comparação com pallazo della Ragione. Palladio Lisboa, mosteiro dos Jerónimos, capela-mor. Acrescentada à Igreja dos Jerónimos, em Belém, em 1571. Foi executada rapidamente por Jerónimo de Ruão e acabado num ano para a rainha D. Catarina, em Março de 1572. O seu estilo faz lembrar, no interior e no exterior, os trabalhos de Diogo de Torralva, que falecera em 1566. No exterior, a pesada cornija sobre mísulas lembra a da nave de S. Roque e também do Claustro de Torralva, em Tomar.(…) Jerónimo de Ruão apenas executou, possivelmente, um risco deixado por Torralva, ou talvez a tendência prista do estilo de Torralva se tenha tornado uma moda mais generalizada em 1571. (…) Exemplo mais precoce do presbitério português em abóbada de berço, semelhante a um túnel. Inúmeras variações sobre este tema preenchem a história posterior da construção lusitana, na qual existiu a necessidade de uma forte distinção entre a nave e capela-mor. À medida que as naves se tornavam cada vez mais como que salas, a capela-mor carecia de diferenciação como espaço sagrado. O esquema tradicional de nave e capela-mor tornou-se uma antítese entre uma sala e um túnel. A capela-mor túnel era simultaneamente visível e proibitiva, acessível e metafisicamente diferente dos espaços da vida quotidiana, solicitante e terrivelmente solene. A antitese não tinha aindo sido enunciada na Igreja do Espírito Santo de Évora, nem na de S. Roque de Lisboa, mas está completamente explícita nos Jerónimos de Belém, entre 1571 e 1572. (…)[não se o que vem a seguir importa] Nos Jerónimos entendeu o reticulado da abside até à própria abóbada de berço, onde se duplicam e intersectam num padrão que elimina as ordens clássicas e que produz

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o efeito de uma cobertura de compartimentação em nervuras. A tensão das molduras calmas e diagramas lineares esvoaçantes não tem precedentes na história das formas clássicas. - Abobada das naves: em rede, com nervuras muito finas e só é possível c/tramos quadrados - A cobertura descarrega directamente nos pilares, como no sistema gótico Continuidade de tipos de igrejas, séries, considerando Manuelino | Renascimento, arquitectura chã:: Hallenkirchen | Igrejas salão (igrejas paroquiais)

As igreja-salão, muitas vezes chamada Hallenkirche, segundo os exemplos germânicos medievais, é apenas um caso especial de uma estrutura mais generalizada cujo aspecto é o de uma igreja de pilares com abóbadas à mesma altura, sobre um esquema modular limitado por luminosas paredes que requerem pequenos contrafortes interiores ou exteriores e que possuem janelas apenas nos muros exteriores. Assim, esta solução difere das estrutuas das basílicas, pois estas possuem janelas rasgadas entre os níveis diferentes das coberturas da nave principal e das naves laterais. A igreja-salão definiu-se como “possuidora de naves sem luz de cima [...] derivada da igreja com pilares [...] em contraste com a basílica hierática” (...) O aparecimento destes unificados “salões de oração” é muitas vezes relacionado com a missão urbana das Ordens mendicantes entre o povo. As novas igrejas evitam os efeitos complicados; as paredes são como finas membranas que limitam os maiores espaços possíveis, os quais são simplesmente cobertos por abóbadas de nervuras sustentadas por suportes lisos. Os novos espaços gerados por estes princípios de estruturas simplificadas adaptaram-se a inúmeras funções diferentes. (...) Das igrejas-salões portuguesas começadas entre 1550-1570, existem três catedrais (Leiria, Portalegre e Miranda do Douro), cinco igrejas paroquiais (Estremoz, Monsaraz, Évora, Olivença e Veiros) e duas Misericórdias que originaram capelas de hospitais orientados por laicos (Beja, Santarém. Todas diferentes das igrejas anteriores a 1550, são pouco dispendiosas, despidas de ornamentos, funcionais, estruturalmente simples e ricas nas proporções do desenho, Os arquitector portugueses realizaram surpreendentes transformações na igreja-salão, diferenciando-a dos antecedentes espanhóis e norte-europeus e dos exemplos americanos coevos. Uma das soluções estruturais utilizada em Portugal e na Europa Setentrional nos fins da Idade Média foi a de construir planos quase laminares

Hallenkirchen !"#$%&'('&)*+,-.,/.,01"23456(1(,0.,7.,819:;<6=23456(1(,71>?@6;A:B?A3:<6(1(,81CD<EF:;(1(,8.GH.G,.GG.GI.G-1C:AD?J4A6(1(GG.GI.G-1#?A:@54B?A36(?(KJ:@@454@B6L(:;MD43?53D;: 5NO

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numa continuidade de cimos curvados de parede a parede, a toda a largura, com grupos de nervuras semelhantes a copas de palmeiras, sobre colunas espaçadas e como que libertas da cobertura em pedra. Freixo de Espada Cinta, Matriz;

Arronches, Matriz

Évora, Santo Antão; Entre as fachadas das igrejas-salões desta família, esta é a menos elegante. -As torres são baixas e recolhidas, sendo menos proeminentes que o tramo central, ladeado de elevadas pilastras. - Sobre a porta, a bissecção horizontal deste tramo nada significa. - Cinco janelas na fachada emprestam uma métrica vertigal, embora o objectivo do piso superior com três janelas seja o de iluminar o coro alto, que preenche toda a largura da fachada. - O tímido perfil do frontão recortado, entre as torres, não é incisivo nem jovial mas, tal como os campanários, trata-se de um acrescentamento inseguro de uma geração posterior, que repudiava aceitar as verticais irresolúveis de Estremoz. -O elevado interior, pelo contrário, é arrojado e elegante e nada sacrificado pelo débil desenho das gerações posteriores. As naves principal e laterais dividem-se em quatro tramos, ladeados por capelas. -A exemplo de Leiria, as abóbadas repousam em nervuras de secção quadradas, mas que arrancam de colunas jónicas. A altura destas colunas é duas vezes e meia a largura da nave axial e a altura tural interior é três vezes e meia a largura da nave axial e a altura tutal interior é três vezes a largura, do que resultam as mais

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altas proporções de todas as igrejas-salões desde a Alta Idade Média. Estremoz, Santa Maria do Castelo; - Planta consiste num rectângulo dourado, com o comprimento igual à diagonal do quadrado sobre a largura. - O sector oriental contém a capela-mor e seus anexos e o restante é constituido pelo corpo quadrado da igreja, como na Misericórdia de Beja. Esta planta quadrada tem seis colunas jónicas de que arrancam feixes de nervuras simples a sustentar as nove abóbadas. - Por trás das meias- colunas e pilastras angulares nas junções das paredes confinantes existem contrafortes maciços internos. A economia, a ordem e a elegância dominam todas as relações, de maneira que o retângulo dourado oriente a fachada, tal como orienta a planta. Continuidade do modelo de igreja de três naves com cobertura de madeira

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Tomar, Matriz (São João Baptista);

Golegão, Matriz;

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Moura, Matriz (São João Baptista, abóbadas em intervenção mais tardia, após terramoto, século XVI));

Azurara, Santa Maria;

Vila do Conde, Matriz;

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Caminha, Matriz.

Tecto de Alfarge

Santarém, Santa Maria de Marvila;

Vila Viçosa, Nossa Senhora da Conceição (igreja com abóbada)

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Setúbal, Nossa Senhora da Graça (igreja com abóbada). -Reconstruída na década de 1570-1580 - O problema diz respeito às torres geminadas ou harmónicas e às suas relações com o nártex (chamado “galilé”em Portugal), com o coro alto e com a nave principal. - as torres mantêm a sua independência dos volumes da nave principal e ladeiam uma galilé baixa sob um janelão rectangular do coro, sobre a qual existe um terraço aberto entre as torres sineiras. - os volumes arrojados e gritantes de Setúbal nunca mais foram superados em Portugal e na intersencção da meia coluna da galilé com o cunhal da torre manifesta-se a obra de um poderoso arquitecto, bem assim como nas molduras austeras e maciças das janelas e nas proporções baixas, mas amplas de cada divisão da fachada hexapartida. - ordem colossal das torres está correctamente articulada, mas o seu efeito expressivo dirigiu-se para as qualidades arquitectónicas gravemente profundas e pesadas. -Santa Maria não é uma igreja grande, embora o terraço, as suas proporções e os seus pormenores simples, mas pesados, lhe confiram uma importância que excede em muito o seu tamanho.

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Guarda, Sé;

Viseu, Sé ; o claustro da Sé de Viseu (piso baixo), obra de Francesco da Cremona

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Olivença, Santa Maria Madalena (antiga sede do bispado de Ceuta);

Elvas, Nossa Senhora da Assunção (sede de bispado a partir de 1570); -planta centralizada e suportes clássicos é a de Nossa Senhora da Consolação, das freiras dominicanas, em Elvas. A forma da primitiva igreja local dos Templários (destruída em 1540) foi respeitada na reconstrução, iniciada em 1543 e terminada em 1557. - Os seus suportes lembram os das igrejas platerescas espanholas, na sua fragilidade e segmentação por molduras como se se tratasse de bambus. - A cúpula e as exedras evocam, da mesma maneira, a Espanha, pela sua divisão em panos de traça poligonal, em vez de superfícies esféricas continuamente arqueadas. - Os suportes recordam ainda as colunas de três tambores da sinagoga de Tomar, construída antes de 1550, e os colunelos de pretensão coríntia nas janelas da nave da Igreja da Graça, em Évora. Funchal, Sé;

Na ilha da Madeira, a primeira diocese do novo mundo, âmbito territorial. Características do modelo, referências: Sé de Braga, Sé da Guarda ; modelo mendicante ; torre.

Leiria, Sé; - planta em duplo quadrado que pertence à família dos desenhos duplos. - Os tramos da nave central são rectângulos ligeiramente mais largos que compridos. Os compridos tramos rectangulares das naves laterais têm diagonais que igualam a largura da nave principal. Assim, a soma de metade da largura da nave principal com a largura da nave lateral iguala a diagonal desta úlima, numa medida vulgar que confere à relação entre a nave principal e as naves laterais características harmónicas. - Se abstrairmos a cabeceira semicircular da planta em duplo quadrado, os restantes tramos da nave ocupam o rectângulo na proporção 3:2 no ratio sesquiáltero. Este quociente é facilmente repetido através da igreja dimensionando as larguras dos tramos da nave principal e das naves laterais (...)

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- Este tipo de proporção harmónica foi o objectivo dos arquitectos espanhóies, pelo menos desde o séc. XIII, na catedral de Toledo, e a planta dupla reaparece a partir daí em qualquer grande programa (...) - A exemplo do claustro da Catedral de Lisboa, erguida no séc. XIV, no reinado de D. Dinies, a Sé de Leiria possi um claustro articulado à cabeceira, como se fosse uma extensão do eixo principal da igreja. Tal como em Lisboa, a situação do edifício na encosta de uma colina requereu esta disposição, o que acontece também no Convento de Cristo, em Tomar, onde o Claustro de Santa Bárbara, da autoria de João de Castilho e anterior a 1551, envolve a parede da capela-mor manuelina. Mirando do Douro, Sé; Tem sido sugerido que o interior da Catedral segue a traça de Arruda e que o exterior se baseia na de Torralva. - A massa exterior, com torres harmónicas, lembra vagamente Portalegre, pois tem só dois níveis de janelas e ausência de recuo na fachada. -Os únicos elementos tectónicos são pilastras toscanas que acompanham a altura total das torres. O pesado Pórtico, ladeado de colunas duplas em dois pisos e coroado por um frontão provinciano, reflecte a proximidade de Espanha, do outro lado do Rio Douro. Tal como em Leiria, a planta apresenta três naves com tramos quadrados no transepto pronunciado e uma capela-mor em forma de túnel. - Os suportes da nave, como em Portalegre, são pilares formados por pilastras toscanas cuja altura fica muito aquém do dobro da altura da nave principal. As nervuras das abóbodas são ainda mais resistentes que em Portalegre e as da nave principal fazem lembrar a Catedral de Santo domingo, nas Caraibas (...) - Arcos torais que definem cada tramo são da mesma largura que as pilatras dos pilares. Esta continuidade projecta os pilares nas abóbodas, tal como acontece na Catedral de Cuzco e nas catedrais do Mexico (...) - Se Portalegre parece imitar Leiria, Miranda imita ambas. As três catedrais pertencem certamente à mesma família, muito embora três diferentes arquitectos, pelo menos, estejam envolvidos nas suas construções.

Portalegre, Sé

A igreja mais semelhante a Leiria é a Catedral de Portalegre - Estrutura de cinco naves tendo como suportes pilares de secção cruciforme. - A nave e o transepto em Portalegre assentam num plano de proporções 3:2, diferente do duplo quadrado de Leiria. A sua altura total interior é menor, com pilares de proporções mais pequenas e mais compactas, ainda que idênticas em perfil e secção aos de Leiria. Em Portalegre, os suportes têm de altura menos de duas vezes a largura da nave central: em Leiria duplicam-na. - Os perfis toscanos são idênticos aos de Leiria. As abóbadas são mais ornamentadas e de maior feição medieval, com nervuras curvas nas naves laterais e de secções mais complexas. Em Portalegre, as nervuras têm a secção quadrada mas a face de cada uma delas apresenta uma moldura em cada aresta, produzindo uma impressão completamente oposta à austeridade sem compromissos das nervuras da Sé de Leiria. - O cruzeiro do transepto é coroado por uma cúpula em berço cruciforme, o que não acontece em Leiria, cujos braços do transepto ultrapassam as naves laterais. O plano da fachada é recuado entre torres e o tramo de entrada está dividido em dois níveis com um coro alto que ocupa toda a largura da fachada. Estes elementos – a cúpula, o transepto, a fachada harmónica e o coro – tornam a Catedral de Portalegre mais pretensiosa e diocesana que a de Leiria, que, todavia, pela sua clareza e consonância de proporções, é muito mais impressionante.

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-Fachada muito mais elaborada que a de Leiria, apresentando pilastras colossais toscanas de granito, que emolduram as dez divisões dos dois pisos. O piso inferior é dividido por uma ordem colossal e o andar superior é um compromisso entre um segundo piso e um ático, mas o conjunto anuncia as fachadas civis do Séc. XVII, com frontões curvados sobre as janelas e surpreeendente largura nos vãos das janelas das torres. Uma remodelação feita no séc. XVIII substituiu estas aberturas e portais no piso inferior mas o efeito geral continua a recordar Roma. Por outro lado, a Sé de Leiria é sui generis, atingindo, embora incompleta e mutilada, certa distinção, por evitar compromissos de convenção diocesana e por procurar a maior simplicidade e pureza de formas possíveis. As primeiras igrejas da Companhia de Jesus, a formação do modelo jesuita nacional. Évora, Espírito Santo; Iniciada em 4 de Outubro de 1566 pelo novo “mestre de obras” indigitado para o Alentejo , Manuel Pires, e inaugurada em 22 de Março de 1574 Risco simples e tenso| rápida construção e materiais sóbriso - - reflexo do Escorial, que se ergia nesta época sob a orientação de Juan Bautista de Toledo e, depois de Juan de Herrera. Funções religiosas da igreja transferidas para a nova igreja em 1574, cujo programa, por conseguinte, incluiu os servições tanto para os Jesuítas como para as congregações leigas. A Igreja do Espírito Santo, tal como a de S. Francisco, possui três naves, mas as naves laterais são construídas por capelas entre as quais a comunicação é restringida ao clero, no sentido criptolateral que caracterizou muitas plantas do fim da Idade Média e dos Jesuítas. O culto dos leigos fazia-se na nave e a sua atenção dirigia-se axialmente mais para o altar-mor do que para os espaços auxiliares das naves laterais. Tal como a igreja franciscana, abre para o exterior por um nártex amplo ou “galilé”, com cinco tramos, anexo à fachada. O nártex está ligado a uma estrutura mais antiga, o que não acontece com a “galilé” jesuíta, que foi desenhada integralmente com o resto da igreja. - Edifício exprime as aspirações da arquitectura portuguesa e, simultaneamente, as tradições construtivas do Alentejo, torna pouco provável que directrizes de Roma(...) - Trouxe, definitivamente, para Portugal, a arquitectura “desornamentada”, muito mais influenciada pelo Escorial do que pelo maneirismo italiano, o que nos leva a supor que Manuel Pires visitou aquele projecto espanhol. - Pela primeira vez em Portugal, a nava principal foi tratada como uma sala, unificada por uma abóbada de berço. A abóbada assenta numa cornija contínua em redor dos quatro lados dessa câmara. - Uma outra cornija ininterrupta separa, mais abaixo, as arcadas da nave dos coretti, que abrem sobre esta como se fossem janelas. O efeito produzido lembra um pátio abobadado e rodeado por fachadas de rua com arcadas e janelas nos andares superiores. Aparece a distinção entre a nave como sala e as paredes celulares circundantes, numa fórmula daqui em diante característca da maioria das igrejas portuguesas. - Unidade da nave principal, como sala, foi também obtida pela redução das capelas laterais. Suportes entre os arcos de 3m das capelas têm a largura de 2,40m cada. Cada capela parece um arco triunfal de três vão, repetindo a composição tripartida da parede testeira da capela-mor, porque a entrada da capela é ladeada de arcadas mais pequenas que penetram os suportes e que criam acessos secundários. - Fórmula já utilizada em 1472, por Alberti, em S. Andrea de Mantua. Reaparece no Hospital Úbeda, da antoria de Andrés Vandelvira, e está presente no esquema de Torralva para o claustro de Tomar. -Dentro e fora – desenho orientado por objectivos opostos que procuram abundante iluminação interior, evitando a utilização de janelas exteriores. - O interior é constituído por uma ampla sala com abóbada de berço, rodeada por paredes celulares que contêm capelas e tribunas. Iluminação é abundante e provém de fontes directas invisíveis exteriormente e de fontes indirectas nas tribunas, que não são visíveis do interior. Assim, a traça esconde exteriormente a iluminação directa

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e no interior a iluminação indirecta. – Sempre que possível, as janelas são escondidas ou tornadas pouco importantes. - “Galilé” possui cinco tramos coroados por sólido parapeito que disfarça três grandes janelas do coro alto. Mias três janelas se escondem sobre portas, dentro do pórtico. - Fachada principal tem seis grandes janelas que não são visíveis do exterior, onde o observador apenas vê o pórtico romano e um óculo. -Esquema visual da estrutura – fustes de pedra de proporções esguias e amplamente espaçados. Suportes de pedra são como mastros escuros que seguram finas paredes-cortinas. Estas paredes estendem-se de um lado ao outro das ilhargas da igreja, apenas quebradas por cinco janelas pequenas e baixas, ao nível das tribunas. - Tribunas utilizadas pelas pessoas que queriam assistir às muitas procissões que começavam ou terminavam na igreja. Quando os Jesuítas terminavam os seus cursos universitários, as tribunas enchiam-se de elementos de outras comunidades religiosas, que funcionavam como testemunhas. Além disso, permitiam ainda a completa circulação em caso de incêndio, bem como albergar grandes congregações. - Abóbada de berço sobre a nave principal recebe luz dos óculos, rasgados nas paredes dos extremos, e está coberta de telhas que assentam em vigas sobre a abóbada, dando o efeito do templo clássico, que termina em frontão. - Fachada noroeste lembras as fachadas poentes carolíngias ou românicas das igrejas do Norte da Europa na Alta Idade Média, com torres sineiras geminadas que ladeiam a capela-mor, mas subordinada ao frontão. - Campanários repetem os perfis toscanos dos suportes em pedra, que se elevam sobre as coberturas das tribunas. - As seis paredes cegas perfuradas de frestas de ventilação estendem-se entre estes suportes, dando aos perfis superiores dos telhados um efeito pontillé.

Lisboa, São Roque; D. João III – encomendou uma igreja-salão do tipo referido no capítulo II para os Jesuítas, em S. Roque de Lisboa – “ao seu mays estimado arquitecto” (que era Torralva ou Afonso Álvares)

|projecto modificado em 1567 e as valas alteradas na altura de D. Henrique e de Afonso Álvares em favor da planta de uma só nave, ladeada por capelas. --esta mudança assinala provavelmente um desvio do gosto arquitectónico português, que prefere agora as igrejas criptolaterais às igrejas-salões.

-naves salienta (mt mais que em Évora) o programa jesuíta de um auditório concebido para sermões. - capelas laterais comportam tribunas que dão para a anave através de altas janelas formais. - dois púlpitos, um em frente do outro, de cada um dos lados da nave, aos quais se sobre por uma escada inserida na parede que separa as capelas centrais. – púlpitos em sacada determinam uma cruz axial de maneira muito mais evidente que o transepto, que apenas repete o ritmo determinado pelas capelas. – sugestão de uma existência funcional interna das paredes, já marcada pelas tribunas, através da presença de vozes e olhares em passagens ocultas, como se congregação estivesse sob estudo, tal como acontece nas modernas clínicas de estudo das

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crianças, que possuam vidros cuja transparência só existe numa das faces, o que permite a observação sem que as crianças compreendam que estão a ser observadas. - compartimentação das paredes dos topos salienta mais profundamente a divisão em dois pisos nas fachadas, como as de ruas urbanas, com elementos verticais dominantes que ladeiam o altar-mor e que aparecem na prumada dos púlpitos. - aspecto de fachada de rua também é dado pela forte cornija que coroa as paredes da nave e pelos seus pesados modilhões, semelhantes aos do Claustro de Torralva.

Braga, São Paulo.

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