inovaÇÕes tecnolÓgicas em canteiros de obras na …
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INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS EM
CANTEIROS DE OBRAS NA REGIÃO DE
JUIZ DE FORA
Maria Aparecida Steinherz Hippert
(UFJF)
Mariana Barros Coutinho
(UFJF)
Resumo Este artigo apresenta um diagnóstico sobre a utilização de inovações
tecnológicas simples pelas empresas construtoras de edificações, para
a melhoria da qualidade e produtividade dos processos nelas
desenvolvidos. Apresenta uma revisão biblliográfica seguida de um
levantamento in-loco em canteiros de obras de edificações na cidade
de Juiz de Fora/MG. A metodologia da pesquisa baseou-se numa
abordagem qualitativa, com a aplicação da listagem proposta por
Pozzobon et al (1999) contendo 240 itens sobre inovações. Estes itens
se distribuem em: apoio e dignificação da mão-de-obra, organização
do canteiro, movimentação de materiais e deslocamentos internos,
utilização de ferramentas, máquinas e técnicas especiais, segurança do
trabalho e comunicações internas. Os resultados obtidos indicam uma
consolidação da implantação de inovações simples em canteiros de
obra da cidade. Além disto, confirmam os dados obtidos em pesquisas
realizadas em várias outras cidades do país, demonstrando que a
introdução de inovações tecnológicas, através de ações simples e de
baixo custo pode contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente,
do processo e da organização do trabalho. O trabalho contribui para
uma maior divulgação do tema qualidade e produtividade
especialmente em cidades situadas fora dos grandes centros urbanos.
Palavras-chaves: Inovações tecnológicas, canteiro de obras, qualidade
8 e 9 de junho de 2012
ISSN 1984-9354
VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 8 e 9 de junho de 2012
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1. INTRODUÇÃO
No cenário atual termos como “qualidade” e “produtividade” tem despertado nas
empresas construtoras de edificações uma maior consciência da necessidade de mudanças a
fim de se adaptarem a este novo mercado que se apresenta.
A aplicação de inovações tecnológicas na construção de edifícios mostra-se como
fator essencial para o desenvolvimento desse setor. O atual mundo globalizado acirra cada vez
mais a competitividade entre as empresas. Desta forma, se torna necessário que as empresas
saiam na frente na busca de desenvolvimento e aplicação de melhorias e inovações, para que
assim, se mantenham lucrativas ou mesmo adaptadas às transformações que ocorrem a uma
velocidade cada vez mais elevada. A adoção de inovações tecnológicas pelas empresas pode
se caracterizar como uma vantagem competitiva na medida em que a empresa seja capaz de
oferecer produtos que satisfaçam as necessidades dos seus clientes ao mesmo tempo em que
mantém uma estrutura organizacional eficiente. No caso das pequenas e médias empresas
presentes em centros não metropolitanos esta questão se torna ainda mais importante.
O setor da construção civil é considerado na literatura como sendo tradicional e
portanto lento na adoção de inovações. Entretanto, muitas das vezes, os benefícios auferidos
pela adoção das inovações acabam sendo determinantes para a melhoria da qualidade e
produtividade do processo de produção das empresas.
Este trabalho analisa a questão das inovações tecnológicas em empresas construtoras
de edificações da cidade de Juiz de Fora/MG. Tem por objetivo apresentar um diagnóstico
sobre a utilização de inovações tecnológicas simples por empresas construtoras de edificações
para a melhoria da qualidade e produtividade dos processos nelas desenvolvidos.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Inovação tecnológica
A questão da inovação tecnológica é tratada na indústria seriada desde o início do
século onde se destaca o trabalho de Joseph Schumpeter que realçava importância das
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inovações e dos avanços tecnológicos como fundamentais para o desenvolvimento
econômico. Dosi (apud Lemos, 1999) define inovação como a busca, a descoberta, a
experimentação, o desenvolvimento, a imitação e a adoção de novos produtos, processos e
novas técnicas organizacionais.
Para Paulinyi apud Costa (1992), a inovação tecnológica pode ser entendida como um
processo que vai desde a concepção, isto é, o trabalho intelectual e exploratório que cerca uma
idéia técnica, até ao uso industrial ou comercial de um novo produto ou processo produtivo.
Já Rogers (1995) considera inovação como uma idéia, prática ou objeto que é
percebido como nova por alguém, sem se importar se ela é objetivamente nova, tendo em
conta o espaço de tempo decorrido desde o seu descobrimento ou primeiro uso. Este aspecto
de novidade é também considerado pelo Relatório do Projeto Inovação Tecnológico (2008).
Este documento define três conceitos: novo para a empresa, novo para o mercado e novo para
o mundo. No primeiro caso, a inovação já foi implementada por outras empresas, mas se ela
for nova ou significativamente melhorada então se trata de uma inovação para essa empresa.
Já uma inovação é nova para o mercado, quando a empresa é a primeira a implementá-la
dentro do seu mercado, sendo este definido segundo o ponto de vista da própria empresa
sobre a sua área de atuação e seus concorrentes.
Já quanto ao impacto sobre o sistema econômico as inovações podem ser classificadas
segundo Castro (1999) em:
Sistêmica - decorrente de sistemas complexos com efeitos tão amplos que afetam a
economia como um todo;
Radical – constituída de eventos descontínuos, resultado de trabalhos dirigidos e de
pesquisa e desenvolvimento;
Incremental – caracterizada por aperfeiçoamentos contínuos que ocorrem internamente à
empresa, decorrente de trabalho de P&D, dos departamentos de engenharia ou mesmo
sugestão dos clientes.
Esta classificação é também adotada pelo Relatório do Projeto de Inovação
Tecnológica (2008): uma inovação pode consistir na implementação de uma única mudança
significativa (radical), ou em uma série de pequenas mudanças incrementais que juntas podem
constituir uma mudança significativa. Enquanto as primeiras se caracterizam pela busca de
novas tecnologias e novos modelos de negócio, rompendo com os padrões anteriores, as
inovações incrementais procuram melhorar continuamente os sistemas existentes, tornando-os
mais baratos, melhores e mais rápidos.
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Ainda segundo Castro (1999) as inovações podem ser consideradas de produto ou
processo. A primeira ocorre a nível de produto agregando valor ao mesmo ou com a
introdução de novos produtos podendo levar a conquista de novos clientes. Esta pode ainda
ser classificada em: autônoma (pode ser introduzida independentemente de outras) e sistêmica
(exige reajustes em outros produtos do sistema).
Na inovação de processo, as alterações são feitas nos processos desenvolvidos pela
empresa ou a partir da introdução de novos processos com objetivo de aumento de
produtividade e redução de custos e melhoria da qualidade. Portanto, inovação tecnológica
pode ser entendida como um processo que se inicia a partir de uma idéia técnica e se
consolida quando gera um novo produto ou processo produtivo.
Esta é a classificação adotada pelo Projeto de Inovação Tecnológica (2008) que ainda
considera as inovações organizacionais e de marketing conforme as seguintes definições:
inovações de produto: inovações no produto do edifício ou em um ou mais de seus
subsistemas, componentes ou materiais;
inovações de processo: inovações no processo de produção dos edifícios, que podem ser
obtidas a partir de inovações em produtos intermediários como tipos de subsistemas,
componentes ou materiais que tem impacto no processo;
inovações organizacionais: afetam a organização das empresas do setor e seus processos
não diretamente relacionados à produção como implementação de softwares, criação de
novos métodos para processos como planejamento, orçamento e projeto.
inovações de marketing: as que se referem a novas formas de relacionamento com os
clientes, promoção dos produtos, comunicação com o mercado.
Finalmente, citamos Barros (1996) que ao propor diretrizes para a implantação de
inovações tecnológicas na produção de edifícios discute o conceito de inovação apresentado
por vários autores, propondo um entendimento para Inovação Tecnológica no Processo de
Produção como: “um aperfeiçoamento tecnológico, resultado de atividades de pesquisa e
desenvolvimento internas ou externas à empresa, incorporado à cultura da empresa e aplicado
efetivamente ao processo de produção do edifício, objetivando a melhoria de desempenho,
qualidade ou custo do edifício ou uma sua parte”.
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2.2. Inovação tecnológica na construção civil
A indústria da construção civil apresenta uma série de peculiaridades que a distingue
das demais indústrias, as chamadas indústrias seriadas e já foi, inclusive, chamada de uma
“indústria de protótipos” (GALLON apud AMORIM, 1995). Este conceito sugere a idéia de
um processo aberto a inovações, que entretanto não é a situação observada na prática. No caso
brasileiro encontramos uma grande semelhança entre os canteiros de obra, baseados numa
mesma estrutura organizacional e com pequena variabilidade das soluções técnicas adotadas
com pequena variedade de insumos e soluções de projeto facilitando o seu controle
(AMORIM,1995). Desta forma, as inovações acabam sendo inseridas a partir de tecnologias
anteriormente já utilizadas e testadas por projetistas e construtores. Não há uma mudança
drástica nos processos, caracterizando-se por conseguinte em inovações incrementais.
Outra peculiaridade desta indústria é que ela se apresenta como uma indústria de
produtos únicos e sendo variável a produção, os ganhos de produtividade estão atrelados a
intensidade de trabalho e portanto existe uma maior preocupação das empresas quanto aos
aspectos organizacionais e de gestão.
Além disto, é fundamental reconhecer que um processo de mudança varia de formas
alternadas entre os diferentes tipos e porte de empresas. Para Farah (1992) as mudanças
implementadas não se dão de forma homogênea em todo o setor, variando segundo o
segmento de mercado, o regime de construção adotado e o perfil da empresa. Cada uma
enfrentará os seus próprios fatores locais responsáveis pelo seu desenvolvimento, estando
entre eles a legislação da cidade em que está inserida, a exigência dos consumidores, a cultura
dos mesmos e o estímulo a competitividade. No caso de pequenas e médias empresas
construtoras, por exemplo, existem muitas dificuldades em adotarem a inovação, pois em sua
maioria são empresas com um caráter tímido, com poucos investimentos e que não podem
correr o risco de adotarem uma solução inovadora que venha a falhar posteriormente.
Isto justifica o pequeno empenho das empresas em desenvolvimento de produtos,
sendo as inovações tecnológicas de produtos e processos restritos aos fornecedores de
equipamentos e materiais. A escala de produção alcançada por alguns destes fabricantes
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permite que os mesmos disponham de esforços de pesquisa e desenvolvimento de forma
autônoma, conforme apontado por Prochnk.
Por outro lado, não basta a simples adoção de um “novo produto” para se caracterizar
uma inovação tecnológica. A inovação repercute em mudanças nos processos ou nas
estruturas organizacionais e portanto precisa ser corretamente aplicado seja através das
empresas especializadas ou pela adoção pela própria empresa construtora. Neste caso, a
empresa precisa estabelecer uma metodologia para implantação das inovações de maneira que
a mesma seja incorporada a sua cultura técnica (BARROS, 1996).
Barros (1996) propõe no seu trabalho uma série de diretrizes a serem seguidas pelas
empresas interessadas na adoção de inovações no seu processo produtivo de construção de
edifícios onde destacamos: a necessidade das inovações serem implantadas no início do
processo de produção, ou seja, na etapa de projeto de maneira que a mesma passe a ser
inserida na cultura da empresa e o desenvolvimento de recursos humanos voltados à
incorporação da inovação. Este deverá considerar a motivação e o treinamento em todos os
níveis hierárquicos, sejam administrativos ou da produção.
2.2.1. Pesquisas sobre inovação tecnológica na construção civil nacional
Nos anos 50 e 60, O Brasil realizou grandes obras de infra-estrutura, impulsionando
um crescimento no setor da Construção Civil. Porém, a partir da década de 70, os
investimentos em grande escala foram diminuindo. Segundo Aro e Amorim (2004), as
mudanças socioeconômicas significativas se iniciaram novamente a partir do final da década
de 80, em que o pais apresentava uma nova estrutura no âmbito social e econômico. Entre
essas transformações estão o controle da inflação, a promulgação do Código de Defesa do
consumidor, a possibilidade de importação de produtos e tecnologias, e alterações legais
trabalhistas.
Este cenário é confirmado por Pozzobon et al. (2004) ao afirmar que as inovações
tecnológicas começaram a ser mais observadas no Brasil após as iniciativas de racionalização
da construção, por volta de 1984. Dez anos depois Scardoelli et al. (1994) apresentaram uma
relação de inovações de baixo custo em canteiros de obras. Essas inovações estavam
relacionadas especialmente a melhorias dos processos construtivos em termos de ferramentas
e equipamentos, bem como melhorias organizacionais e de segurança do trabalho. Segundo os
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autores a grande maioria dos problemas relativos à falta de qualidade dos serviços, tem sido
atribuídos a falta de mão-de-obra qualificada, mas ocorrem em empresas que não oferecem
condições adequadas de trabalho, instruções e equipamentos necessários à execução. Para os
autores, os procedimentos e equipamentos implantados, após um momento inicial de
adaptação apresentam melhores resultados tanto quanto à qualidade do produto quanto à
produtividade.
Outros autores realizaram levantamentos quantitativos das inovações na realidade dos
canteiros de obras nacionais dos quais podem ser citados, como exemplos, sem a intenção de
limitar a pesquisa:
Pozzobon et al. (1999) - apresentaram uma listagem com duzentos e quarenta itens sobre
melhorias e inovações tecnológicas simples encontradas em canteiros de obra do país. Os
itens estavam agrupados de maneira a facilitar a pesquisa em seis categorias: apoio e
dignificação da mão-de-obra, organização do canteiro, movimentação de materiais e
deslocamentos internos, utilização de ferramentas, máquinas e técnicas especiais,
segurança do trabalho e comunicações internas;
Freitas et al. (1999) - a partir da listagem anterior os autores levantaram os dados de
cinqüenta e oito canteiros de obras convencionais e de alvenaria estrutural de quinze
cidades brasileiras distribuídas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Bahia, Maceió e Ceará;
Oliveira et al.(2000) e Santos et al. (2000) - aplicaram a listagem sugerida por Pozzobon
et al. (1999) em quinze canteiros de obra distribuídos por São Paulo, Santa Catarina,
Maranhão e Sergipe;
Mendes Jr. et al. (2002) - adotaram a listagem anteriormente citada e aplicaram em trinta
canteiros de obra da cidade de Curitiba;
Oliveira e Freitas (2008) – apresentaram um diagnóstico da implantação e uso de
inovações tecnológicas e organizacionais em empresas construtoras que realizam obras
públicas no Paraná.
Segundo Pozzobon et al (2004) a aplicação da listagem citada e a posterior análise dos
resultados permite, ainda hoje, o estabelecimento de intervenções e adoção de novas
estratégias. Além disto, serve como uma compilação de sugestões de inovações tecnológicas a
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serem implantadas na busca pela melhoria do desempenho, qualidade e custo do edifício ou
de suas partes.
3. METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa baseou-se em uma abordagem
qualitativa considerando uma revisão bibliográfica seguida da
análise de dados extraídos de levantamento realizado junto aos
canteiros de obras de empresas de edificações sediadas na
cidade de Juiz de Fora/MG.
Os dados foram obtidos pela aplicação, no canteiro de obras, da listagem proposta por
Pozzobon et al (1999) composta de 240 itens divididos em seis categorias e que dizem
respeito às inovações e melhorias simples aplicadas à construção de edifícios. As categorias
se subdividem em: apoio e dignificação da mão-de-obra (43 itens), organização do canteiro
(73 itens), movimentação de materiais e deslocamentos internos (15 itens) , utilização de
ferramentas, máquinas e técnicas especiais (51 itens), segurança do trabalho (30 itens) e
comunicações internas (28 itens). As respostas para cada item foram registradas para
inovações existentes (S), em fase de implantação (EI) ou ausência (N) das mesmas no canteiro
analisado. Foram analisados nove canteiros de obras correspondendo a nove empresas
construtoras de edificações que possuem um caráter aberto às inovações seguindo um critério
de acessibilidade que permitisse o acesso do pesquisador às informações necessárias. As
visitas a cada canteiro ocorreram em um só dia durante o mês de Abril de 2011 a fim de evitar
divergências de respostas.
4. RESULTADOS
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As empresas atuam na cidade e região e executavam a época do levantamento nos
canteiros, as tipologias de obras conforme apresentado na tabela 1.
4.1. Apoio e dignificação da mão de obra
Nesse grupo estão as inovações relacionadas ao cumprimento das exigências de ordem
legal. Entre essas estão as que oferecem condições básicas para os trabalhadores cumprirem
suas funções. Itens relacionados à alimentação e higiene tais como, café da manhã, refeitórios
limpos, água potável, banheiros limpos foram encontrados em todos os canteiros analisados.
Entretanto, consultório médico e dentário, banheiros volantes, crachá, eliminação da hora
extra, técnicos de edificações não foram encontrados na maioria dos canteiros.
Tabela 1 – Empresas e Obras sendo executadas
EMPRESA TIPO DE OBRA Observação
A Hospital Público
B Edifício Multifamiliar Padrão médio a alto
C Edifício Multifamiliar Minha Casa Minha Vida
D Industrial Construção e Reforma de galpões
E Escola Novos prédios na UFJF
F Edifício comercial Centro médico
G Edifício Multifamiliar Minha Casa Minha Vida
H Edifício Multifamiliar Minha Casa Minha Vida
I Edifício Multifamiliar Minha Casa Minha Vida
De maneira geral, esta categoria apresentou uma média de 62% de utilização variando
de 40% a 81% (tabela 2) o que mostra que ainda existem inovações a serem utilizadas.
Tabela 2 – Apoio e dignificação da mão de obra
Empresas A B C D E F G H I Total
% % % % % % % % % %
SIM 81 81 63 58 51 53 63 65 40 62
NÃO 16 19 37 42 49 47 37 35 58 38
EI 2 0 0 0 0 0 0 0 2 1
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4.2. Organização do canteiro
Essa categoria visa a análise da implantação, organização e administração dos
canteiros de obra. Itens como portão para pedestres, capacetes para visitantes, salas
organizadas, barraco de obra confortável, reaproveitamento de madeira, almoxarifado foram
encontrados em todos os canteiros. Por outro lado, a maioria destes locais não apresentou
aluguel de terreno próximo ao canteiro, uso de kanban para as massadas e manual do usuário
em vídeo.
No geral, esta categoria apresentou um percentual de utilização de inovações quase
igual às não utilizadas indicando um bom campo para estudo de novas inovações a serem
implantadas (tabela 3).
Tabela 3 – Organização do canteiro
Empresas A B C D E F G H I Total
% % % % % % % % % %
SIM 77 67 63 55 52 30 62 55 51 57
NÃO 11 33 37 45 48 70 38 45 44 41
EI 12 0 0 0 0 0 0 0 5 2
4.3. Movimentação de materiais e deslocamentos internos
Nessa categoria se encontram tecnologias que visam a agilização na execução dos
serviços através movimentação das pessoas, dos materiais e equipamentos dentro de um
canteiro de obra. Compactação do canteiro e área de recebimento de materiais com piso firme
foram encontrados na maioria dos canteiros visitados. Já itens como delimitação dos fluxos de
transporte, proteção de caminhos para circulação de material e uso de dumper não foram
verificados na maioria dos canteiros.
Da mesma forma que na categoria anterior a relação entre inovações utilizadas e não
utilizadas se mostra muito próxima indicando campo fértil para novas tecnologias (tabela 4).
Tabela 4 – Movimentação de materiais e deslocamentos internos
Empresas A B C D E F G H I Total
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% % % % % % % % % %
SIM 47 60 53 53 47 40 47 33 33 46
NÃO 20 40 47 47 53 60 53 67 67 50
EI 33 0 0 0 0 0 0 0 0 4
4.4. Ferramentas, máquinas e deslocamentos internos
A intenção desta categoria é verificar o que está ocorrendo em canteiros em termos de
improvisação, característica marcante nas obras de construção civil devido ao caráter
temporário que este setor apresenta.
Limpeza de carrinhos e ferramentas, régua de alumínio, controle no empréstimo de
ferramentas foram itens encontrados em todos os canteiros de obras. Itens como carrinho de
mão com motor, com fundo reto e desmontável e triturador de argamassa, fio de prumo
imerso em água ou óleo e balança não foram encontrados em nenhum dos canteiros.
No geral, o percentual de utilização e não utilização de inovações se manteve muito
próximo e perto dos 50% (tabela 5) indicando, como na categoria anterior, campo para
implantação de novas inovações.
Tabela 5 – Ferramentas, máquinas e deslocamentos internos
Empresas A B C D E F G H I Total
% % % % % % % % % %
SIM 59 49 45 43 47 33 63 49 41 48
NÃO 27 51 55 55 53 67 37 51 59 51
EI 14 0 0 2 0 0 0 0 0 2
4.5. Segurança do trabalho
Esta categoria se baseia na análise nas normas de segurança.
Manual de uso de EPI´s, estojo com material de primeiros socorros, extintores de
incêndio, uso de botinas e capacetes, uso de cinto de segurança foram itens identificados em
todos os canteiros. Por outro lado, pneus para amortecimento da plataforma do elevador no
térreo bem como a sinalização de descida do elevador não foram encontrados na maioria dos
casos.
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No geral, esta categoria apresentou um índice de utilização bem maior que o de não
utilização de inovações, o que pode ser explicado pela existência de itens exigidos pelas
normas (tabela 6).
Tabela 6 – Segurança do trabalho
Empresas A B C D E F G H I Total
% % % % % % % % % %
SIM 60 70 37 40 57 60 63 67 43 55
NÃO 0 30 60 60 43 40 30 33 57 39
EI 40 0 3 0 0 0 7 0 0 6
4.6. Comunicações internas
Métodos e técnicas que visam melhorar o relacionamento entre os trabalhadores além
de facilitar e agilizar o fluxo de informações dentro do canteiro de obras é o objetivo de
análise desta categoria.
Itens como telefone, computador e acompanhamento visual do andamento da
execução foram encontrados na maioria dos canteiros de obra. Por outro lado, alto falante e
biblioteca não foram encontrados em nenhum destes canteiros.
No geral, esta categoria foi a que apresentou uma menor taxa de utilização de
inovações quando comparada com as demais categorias analisadas. Isto indica um maior
número de inovações existentes e que poderão a vir a ser utilizadas pelas empresas (tabela 7).
Tabela 7 – Comunicações internas
Empresas A B C D E F G H I Total
% % % % % % % % % %
SIM 79 46 46 32 32 39 46 39 25 43
NÃO 14 54 54 68 68 61 54 61 75 56
EI 7 0 0 0 0 0 0 0 0 1
4.7. Análise geral dos canteiros analisados
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De todos os canteiros analisados, os referentes às empresas A e B é que apresentaram
as melhores taxas de aplicação de inovações, seguidas dos canteiros das empresas G e C. As
empresas D e H apresentaram índices próximos ao maiores identificados em somente duas
categorias. Finalmente os canteiros das empresas E, F e I apresentaram indicadores mais
distantes do máximo observado.
Estes dados podem sugerir que a adoção de inovações independe do tipo de obra e
estaria mais relacionada à característica da empresa. Os canteiros C, G, H e I referem-se à
construção de prédios do Programa Minha Casa Minha Vida mas, apresentam resultados
díspares quanto à aplicação de inovações.
Mesmo com o quadro ainda distante do ideal, a utilização de inovações em canteiros
de obras de Juiz de Fora vem confirmar os dados obtidos há mais de dez anos em pesquisa
anteriormente realizada (CINTRA e PESSANHA, 2001). Esta pesquisa teve por objetivo a
análise das inovações, com ênfase nos processos utilizados para a produção de edifícios e
constatou que as empresas já buscavam naquela época utilizar inovações com o objetivo de
obter maior produtividade nos seus processos de trabalho.
Tabela 8 – Resumo das inovações em canteiros
Categorias de Inovações
A B C D E F G H I Total
% % % % % % % % % %
Apoio e dignificação da mão-de-
obra
SIM 81 81 63 58 51 53 63 65 40 62
NÃO 16 19 37 42 49 47 37 35 58 38
EI 2 0 0 0 0 0 0 0 2 1
Organização do canteiro
SIM 77 67 63 55 52 30 62 55 51 57
NÃO 11 33 37 45 48 70 38 45 44 41
EI 12 0 0 0 0 0 0 0 5 2
Movimentação de materiais e
deslocamentos internos
SIM 47 60 53 53 47 40 47 33 33 46
NÃO 20 40 47 47 53 60 53 67 67 50
EI 33 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Ferramentas, máquinas e
técnicas especiais
SIM 59 49 45 43 47 33 63 49 41 48
NÃO 27 51 55 55 53 67 37 51 59 51
EI 14 0 0 2 0 0 0 0 0 2
Segurança do trabalho
SIM 60 70 37 40 57 60 63 67 43 55
NÃO 0 30 60 60 43 40 30 33 57 39
EI 40 0 3 0 0 0 7 0 0 6
Comunicações internas
SIM 79 46 46 32 32 39 46 39 25 43
NÃO 14 54 54 68 68 61 54 61 75 56
EI 7 0 0 0 0 0 0 0 0 1
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4.8. Comparativo com pesquisas realizadas em outras regiões do país
Conforme apresentado na revisão bibliográfica existem alguns autores que já
aplicaram a mesma listagem, utilizada neste trabalho, em outras regiões do país. Este item
apresenta um comparativo dos resultados encontrados na pesquisa atual com aqueles
encontrados por Freitas et al (1999), Oliveira et al (2000), Mendes Jr. et al (2002) e Oliveira e
Freitas (2008).
A análise dos dados obtidos quando comparados com aqueles anteriormente obtidos
apresenta um resultado bem satisfatório (tabela 8). Em metade das seis categorias estudadas
os valores encontrados na cidade foram superiores aos já existentes. Em uma categoria os
valores foram muito próximos do maior valor existente. Entretanto, as categorias de
Segurança do Trabalho e Comunicações internas ainda podem ser melhor trabalhadas pelas
empresas de maneira a buscar melhores índices tais como aqueles já obtidos em outras regiões
do país.
Entretanto, em todas as categorias ainda encontramos itens que podem ser utilizados
pelas empresas na busca pela melhoria da qualidade e produtividade em seus canteiros de
obras. Desta forma, este trabalho poderá ser utilizado como uma fonte para busca de
inovações a serem implantadas pelas empresas de construção civil.
Tabela 8 – Comparativo com outras pesquisas
INOVAÇÕES SIM NÃO
Em
implantação
Freitas
et al
(1999)
Oliveira
et al
(2000)
Mendes
Jr. et al
(2002)
Oliveira e
Freitas
(2008)
% % % % % % %
Apoio e dignificação da
mão de obra 62 38 1 52 63 53 24,4
Organização do canteiro 57 41 2 49 53 52 27,4
Movimento de materiais e
deslocamentos internos 46 50 4 43 46 41 23,4
Ferramentas, máquinas e
técnicas especiais 48 51 2 37 45 39 35,5
Segurança do trabalho 55 39 6 58 65 62 26,8
Comunicações internas 43 56 1 32 62 35 22,5
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo apresentou um diagnóstico sobre a utilização de inovações simples em
canteiros de obras de edificações situados fora dos grandes centros urbanos. Partiu de uma
revisão bibliográfica contemplando inclusive alguns trabalhos quantitativos já realizados em
outras regiões do país.
A maioria das inovações identificadas pode ser enquadrada como inovações
incrementais na medida em que visam resolver problemas do dia a dia da construção. O setor,
conforme visto, embora historicamente lento e contrário à adoção de inovações começa a
mudar apresentando percentual de utilização de inovações acima de 50% para algumas das
categorias pesquisadas como, por exemplo, apoio e dignificação da mão-de-obra, organização
do canteiro e segurança do trabalho.
As empresas construtoras de edificações, principalmente as de pequeno e médio porte
apresentam algumas características próprias que dificultam a adoção de inovações pois na
maioria são empresas conservadoras, com poucos investimentos e que não podem correr o
risco de adotarem uma solução inovadora que venha a falhar posteriormente ou que ainda não
seja familiar para o seu cliente final, o usuário.
Sem a intenção de esgotar o assunto, acredita-se que este trabalho possa servir para
fomentar a discussão sobre a utilização de inovações tecnológicas simples por pequenas e
médias empresas construtoras de edificações com vistas à melhoria da sua produtividade e da
qualidade dos seus produtos.
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